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FORMAÇÃO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE URBANO SANTOS-MA

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Academic year: 2021

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FORMAÇÃO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE URBANO SANTOS-MA EdmarCorreaPedrosaE dmar-231@hotmail.com

Adagones Ferreira Nascimento

nascimentoadagones@gmail.com

Zulimar MáritaRibeiroRodrigues

Zulimar.marita@ufma.br

INTRODUÇÃO

Considera-se território uma categoria eminentemente interdisciplinar, portanto pode ser compreendido sob diversas concepções, dependendo das áreas de conhecimento que a utilizam como categoria de análise, tais como Sociologia, Antropologia, Ciência Política, Comunicação, dentre outros. Para a Geografia, o território é considerado um conceito-chave, pois vem sendo discutido desde os primórdios da sua sistematização na chamada “Geografia Clássica”, através do alemão Frederico Ratzel, no final do século XIX. E é através da trajetória histórica que surgiu uma das suas concepções mais estreita para o uso da categoria, o território como base física e política da formação dos Estados Nacionais. A delimitação física e jurídica do território é o reconhecimento dos limites geográficos e político das mais diversas divisões territoriais, como os países, estados e municípios, como no caso brasileiro.

A partir de vários debates acadêmicos e políticos, o conceito de território é reconhecidamente entendido a partir de sua acepção de dominação ou projeção do poder, exercido por um determinado grupo social, sobre um determinado espaço. Assim, o “poder político” ou o “poder simbólico” podem definir os limites concretos ou imaginários, demonstrando as mais variadas concepções de território. Para melhor compreensão, das antigas e novas dinâmicas, para além do território físico e político, há de se considerar também as derivações de territorialidade e territorialização. Entende-se territorialidade, como sendo um território individual ou coletivo, de caráter simbólico e imaterial, sem expressões concretas sobre o espaço, ou seja, apesar de um determinado espaço ser um território idealizado de alguém ou de um grupo a dimensão material pode

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não existir. A Territorialização, que é basicamente o processo que origina o território, também pode ser entendida como um processo de reorganização social.

Outra questão importante na compreensão da formação territorial dos lugares é a racionalização da mesma. Antônio Carlos Robert de Moraes, em uma palestra proferida no evento “Pensamento Geográfico e Formação Territorial do Brasil” ocorrida no Auditório do Centro de Artes da Universidade Federal do Espírito Santo no ano de 2000, nos desmistificou esse processo revelando que a formação territorial possui três dimensões, a saber, uma construção bélica/militar; uma construção jurídica e uma construção ideológica. Estas por suas vezes ocorrem de maneira arbitrária, sem uma ordem definida. Podendo ocorrer primeiramente a ideológica, seguida das outras – sem ordem definida -, ou vice eversa.

OBJETIVO

O objetivo central do presente artigo foi discutir o processo de formação territorial do município de Urbano Santos-MA com foco na construção das dimensões territoriais. METODOLOGIA

A pesquisa foi bibliográfica, com levantamento documental e dados secundários dos sites do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, do Instituto Maranhense de Estudos Socioeconômicos e Cartográficos – IMESC e da Prefeitura Municipal de Urbano Santos. E adotado um método descritivo-analítico para compreendermos como se deu o processo de territorialização com o passar do tempo. DIMENSÃO, LOCALIZAÇÃO E ASPECTOS FÍSICOS E HUMANOS DO MUNICÍPIO DE URBANO SANTOS

Segundo IBGE (2017), Urbano Santos em 2016 possuía uma área territorial de 1705,773 km². O município está localizado na região leste maranhense; pertence à microrregião de Chapadinha e está georeferenciado pelas coordenadas 03º 12' 28" latitude sul e 43º 24' 13" longitude oeste. A cidade está a 41 metros de altitude e a 267 km da capital – São Luís. O município possuía em 2017 uma população estimada de 33.038 habitantes; a densidade demográfica em 2010 era de 20,35 hab/km². O bioma predominante é o serrado e é cortado por dois rios: Boa Hora e Mocambo, afluentes do Rio Preto.

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URBANO SANTOS: OCUPAÇÃO, POVOAMENTO, PRIMEIRA TOPONÍMIA E FORMAÇÃO TERRITORIALIDEOLÓGICO

O processo de formação territorial do município de Urbano Santos iniciou com a ocupação do espaço em que hoje o município está localizado. Esta ocupação iniciou com a corrente de povoamento do litoral, pelos portugueses, seguindo a bacia do Rio Munim no sentidonote-sul.

Sobre essa corrente de povoamento Lima (1997, p. 29) diz: “A corrente depovoamento do litoral iniciou-se com a expulsão dos franceses e a conseqüente necessidade de ocupar o litoral tomando posse de terra e expandindo o domínio português”.

Salientamos que essa corrente só intensificou-se com a criação do estado do Maranhão em 1621. O estado que outrora era uma capitania da colônia do Brasil, passou ao status de estado, econômico e administrativamente, independente do centro administrativo do Brasil, situado em Salvador.

Sampaio (2008, p. 29) falou sobre as conquistas realizadas pelos portugueses com a instalação do governo noMaranhão:

Com o governo instalado em São Luís, os portugueses conseguiram ocupar as terras das margens dos rios Mearim, Grajaú, Pindaré e Itapecuru, plantando cana-de-açúcar, arroz e algodão, produtos que tinham grande importância na economia daquelaépoca.

Esclarecemos que essa ocupação foi gradativa, os portugueses adentravam o continente por meio dos rios, principal via de transporte da época, ocupavam uma região e tempos depois adentravam novamente procurando conhecê-lo e em busca de mão-de-obra para as lavouras. Essa simples forma de ocupação, também caracterizava uma estratégia do estado português, pois conhecendo e dominando os rios as autoridades reduziam drasticamente a porcentagem dos problemas impostos pelaregião.

Neste contexto de conquista das margens dos principais rios maranhenses estava inclusa as margens do Rio Munim, de acordo com Cabral (1992, p. 73),

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Os passos da colonização chegaram à Bacia do Munim, cuja ocupação se fez mais ainda necessária, visto este rio, bem como seu afluente Iguará, permitirem o acesso ao Piauí e através destes sertões, a região das minas.

O advogado e professor Lima (1997, p. 30) relata como esse fenômeno chegou à região do rio, que posteriormente receberia o nome de Mocambo.

As guerras justas os índios serviram para aumentar a área de ocupação e assim espalhar a presença do colonizador por toda a região do Munim e seus afluentes, Preto e Iguará, bem como pelos afluentes destes. Neste último caso destacava-se o rio Mocambo, que banha a cidade e parte do atual município de Urbano Santos.

Analisando esse histórico compreendemos como a corrente de povoamento do litoral chegou e ocupou o espaço urbano-santense.

Outro fator de ocupação e povoamento do espaço urbano-santense foi a expansão da fronteira pecuária, no sentido Leste-Oeste, mais exatamente, partindo das capitanias de Pernambuco e Bahia, passando pelo Piauí e chegando aoMaranhão.

O início do processo ocorreu nas primeiras décadas do século XVIII, quando o gado começou a ser retirado da grande propriedade canavieira. [...] Os criadores se encontravam instalados, juntamente com seus gados, na região do rio São Francisco, de onde começavam a expandir seus currais ruma aos vales dos rios Canindé, Gurgueia, Paraim e Parnaíba, no Piauí. Posteriormente, este fluxo chegou aos rios Itapecuru, Mearim e Balsas, em território maranhense (BRANDÃO in: COSTA, 20024. p.53).

No percurso dessas rotas originavam-se os povoamentos, assim como estradas. A ocupação na região do Mocambo por essa corrente, segundo Lima (1991), foi influenciada mediante uma estada que partia de Campo Maior, comarca do Piauí, passava por Brejo, no Maranhão e chegava a Vila da Manga, hoje Nina Rodrigues.

A povoação, de futuro nome Mocambo, estava localizada no trecho situado entre a Comarca de Brejo e Vila da manga, dentro do territórioBrejense.

Marques (1970, p. 483) discorreu sobre esta estrada em um de seus trabalhos: É conhecido por este nome o lugar, onde a estrada que vem da Comarca de Campo Maior do Piauí e do Brejo, atravessa o rio Mocambo no ponto em que a expensas do governo foi construída uma ponte em 1849, a qual, apesar de ter sido feita com fortes madeiras, já reclama pronto conserto ou nova construção, pois por aí é que os negociantes da Comarca do Brejo e Campo Maior conduzem todas as suas fazendas secas, e passam muitas boiadas, vindas do Piauí para a Feira de Resfriado e Vargem Grande.

“Sendo o lugar, o local de travessia constante e usual de rio, logo formou-se umapequena povoação, que mais tarde transformou-se na sede do município de Urbano Santos” (LIMA, 1997, p. 31).

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O terceiro fator de ocupação e povoamento do município de Urbano Santos, que inclusive influenciou na primeira toponímia do povoado que daria origem à cidade, foi a Balaiada.

A Balaiada foi a mais importante rebelião do Maranhão, ocorrida no final do período regencial de 1838 a 1841. Podemos considerar esse movimento como sendo um dos mais importantes para a historiografia do lugar, pois até mesmo o primeiro nome dado à povoação existente, na época, no espaço em que hoje está localizada cidade de Urbano Santos, foi devido os insurretos balaios, que se amocambaram as margens do rio ali existente. A partir de então a povoação recebeu o nome de Mocambo, nome este que se estendeu ao rio.

Lima (1997, p. 32) esclarece como foi a passagem dos balaios pelo povoado. [...] sendo a origem do movimento na Vila da Manga, muito próxima do território do futuro município de Urbano Santos, quando seu líder, Raimundo Gomes, após a saída da Manga, rumou para Chapadinha e mais tarde para Icatu, no caminho parou na pequena povoação para reorganizar seu bando. Lá permaneceu por algum tempo montando estratégias para dá prosseguimento ao movimento.

Essa viagem de Raimundo Gomes se deu para firmar aliança com Cosme Bento das Chagas, mais conhecido como Negro Cosme, líder do maior quilombo do Maranhão, Lagoa Amarela, situada no atual município de Chapadinha. O mesmo chegou a abrigar 3 mil escravos, segundo Sampaio(2008).

Conforme Lima (1981, p.1335) em seu trabalho intitulado História do Maranhão, a passagem de Raimundo Gomes por Mocambo se deu da seguinte forma: “Raimundo Gomes [...] refugiou-se em Mocambo, não longe da Manga, assumiuintegralmente seu papel de chefe e atraiu outros bandos, formados como oseu”. Lima (1997) reforça que após Raimundo Gomes deixar o povoado, em direção a Lagoa Amarela, muitos dos que com ele chegaram desistiram de seguir-lhe e permaneceram no povoado, projetando estarem livres das perseguições do Governo, que já se articulava para dar fim à rebelião.

Com a passagem dos insurretos balaios pelo povoado, passou-se a denominar este como Mocambo. Esse fato concretizou a construção ideológica do território do povoado, desenvolvendo assim, nos moradores, uma identidade, um sentimento de pertencimento, características peculiares na formação dosterritórios.

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Um dos últimos fatores de povoamento do espaço urbano-santense ocorreu no início século XX: a corrente de povoamento dos migrantes da seca, que chegou em 1910 ao Maranhão. Vinda da região do semiárido nordestino alcançou o espaço urbano- santense em 1920 segundo Feitosa eTrovão.

URBANO SANTOS: FORMAÇÃO TERRITORIAL JURÍDICO-POLITICA E NOVAS TOPONÍMIAS

O povoado Mocambo estava localizado no território de Brejo, que foi elevado a categoria de município. No entanto, devido à distância entre a sede municipal e o povoado, 20 léguas – 120 km -, a região era pouco assistida, mas com o fluxo econômico, logo o povoado se desenvolveu (LIMA, 1997). Esse desenvolvimento se deu por conta de uma ponte construída pelo comerciante Paulo Fortes sobre o rio Mocambo.

Devido o aumento do fluxo de mercadorias e animais, o governo do estado construiu uma ponte nova, em 1849, com uma estrutura melhor que a antiga. Mediante esse acontecido o povoado passou a chamar-se Ponte Nova. Segundo o IBGE (2016) o distrito foi criado com essa denominação pela Lei provincial nº 1235, de 30 de abril de 1881, e permaneceu com este nome até ser elevado a categoria de Vila pela lei estadual n° 1139 de 10 de abril de 1924. Cabe salientar que na época da mudança de categoria do povoado, o Brasil já havia adotado o regime republicano.

Esta lei foi sancionada pelo então presidente do Maranhão Godofredo Mendes Viana:

O Doutor Godofredo Mendes Vianna, Presidente do Estado do Maranhão, faço saber a todos os seus habitantes que o Congresso decreta e eu sanciono a lei seguinte:

[...]

Art. 2° - Ficam, também, elevadas à cathegoria de Villa, as actuaes povoações Urbano Santos, São Bento de Bacuritiba e Primeira Cruz, pertencentes, respectivamente aos municípios de Brejo, de Cajapió e de Miritiba (MARANHÃO apud LIMA, 1997, f. 47).

Mediante este decreto, a nova vila ganha não apenas um novo nome, mas também uma nova dimensão territorial, a saber, um território jurídico-político, ou seja, antes o território da nova vila era meramente ideológico, não havia juridicamente e politicamente um reconhecimento do mesmo, apenas dos moradores e do senso comum das pessoas. Situação que mudou com a lei estadual n° 1139 de 1924.

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É importante salientarmos que, se o lugar foi elevado á uma nova categoria, ele já havia ampliando seu espaço territorial, assim também como as dinâmicas econômicas eculturais.

O nome Urbano Santos, nome atribuído à vila, foi uma homenagem ao grande político maranhense Urbano Santos da Costa Araújo, nascido em Guimarães, que chegou à vice-presidência do Brasil durante a vice-presidência de Venceslau Brás, entre 1914 a1918.

Cinco anos depois a Vila foi elevada à categoria de município, em um contexto político peculiar do período. Na primeira república os partidos, basicamente, eram utilizados apenas para formalidades, o que realmente acontecia eram disputas políticas travadas entre chefes de partidos onde quem ganhava era quem possuía mais capital e influência política.

Lima (1997, p. 35) ao discorrer sobre esse assunto, afirma:

As disputas eram de chefe para chefe ganhando quem tivesse maior poder político e econômico. No meio de uma dessas refregas pelo poder travada entre Marcelino Machado, genro de Benedito Leite, outro grande chefe maranhense e Magalhães de Almeida, genro de Urbano Santos, que disputavam a chefia do Partido Federalista, efetuou-se a emancipação do município, pois Chagas Araújo, deputado estadual, e natural do lugar, condicionou seu apoio a Magalhães de Almeida em troca da emancipação politica de Urbano Santos, fato este concretizado em 1929, quando o último chegou ao governo doestado. Observou-se que o município de Urbano Santos recebeu sua emancipação política em meio uma disputa política entre dois grandes políticos, Benedito Leite e Magalhães de Almeida. Chagas Araújo, deputado estadual na época, ofereceu apoio a Magalhães de Almeida que elevou à categoria de município a Vila de Urbano Santos, após tornar-se governador.

A Lei n° 1234 de 9 de março de 1929 legalizou e delimitou o território do novo município:

J. Magalhães de Almeida, Presidente do estado do Maranhão. Faço saber a todos os seus habitantes que o Congresso decreta e eu sanciono a lei seguinte: Art. 1° - Fica elevada a cathegoria de Município a Villa de Urbano Santos, com os seguintes limites; - partindo do lugar Bomfin em direção a Bom Socego, Município do Brejo, até encontrar a linha divisória de Chapadinha, no lugar Barra Velha, ficando todas essas localidades pertencendo ao novo Município; pelo lado de Vargem Grande, partindo da Barra do Rio Preto, no lugar Marçal, em direção à Sapucaia Torta, Olha D’Água de Francisco Diniz, Morro do Verdiano até Burityzinho do Souza, ficando todas essas localidades

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pertencentes ao novo Município; e partindo desta localidade aos lugares Préazinho, Soledade, Brandura, e Centro Velho atualmente pertencentes ao Município de Miritiba, que passarão a fazer parte do novo Município; e pelo Município de Barreirinhas, partindo de Centro Velho em direção a Gonçalo, Guaribas de Domingos Lopes, Boa união, até Bom jesus que passa a fazer parte do novo Município (MARANHÃO apud LIMA, 1997, f.48).

Analisando este documento podemos perceberqueo novo município, Urbano Santos, ganhou novas dimensões territoriais e sua área foi ampliada. Mas dimensão territorial não foi a única coisa que o município ganhou com a emancipação. Esse fato tornou o município independente politicamente, juridicamente, economicamente etc., ou seja, o território urbano-santense passou a possuir uma identidade, uma dinâmica própria de produção econômica e organização social, fenômenos que originam novas culturas erelações.

A eleição para os cargos de vereadores, prefeito e sub-prefeito do Município de Urbano Santos foi realizada no dia 21 de abril de 1929 e a instalação do novo município foi realizada em 10 de junho de 1929, segundo o Decreto n° 1242 de 18 de março de 1929, tendo como primeiro prefeito eleito, Dr. Francisco Chagas Araújo.

Art. 1° - Fica marcado o dia 21 de Abril vindouro para a eleição dos cargos de vereadores, prefeitos e sub-prefeito do município de Urbano Santos creado pela lei N° 1324, de 9 deste mez.

Art. 2° - A installação do novo município deverá ser feita no dia 10 de junho do corrente anno.

Art. 3° - Revogam-se as disposições em contrário (MARANHÃO apud LIMA, 1997, f. 49).

Dois anos após sua emancipação, Urbano Santos teve seu território político extinto pelo decreto N° 75, de 22 de abril de 1931, assinado pelo Interventor do Maranhão, o Padre Astolfo Serra.

O Interventor Federal no Estado de Maranhão, no uso de suas atribuições legais, atendendo a que se impõe a necessidade de alterar a atual distribuição dos municípios de estado, muitos dos quais não têm elementos de vida própria, acontecendo ainda que vários dentre êles resultam de desmembramento que em nada os beneficiou, tendo, entretanto, prejudicado aqueles de que eram parte componente (MARANHÃO apud LIMA, 1997, f. 50).

Este decreto incorporou ao Município de Brejo o território de Urbano Santos:Art. 2° - É feita do seguinte modo a incorporação dos municípios suprimidos: ficaincorporado ao de Alcântara, o de Bequimão; ao de Brejo, o de Urbano Santos [...]

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(MARANHÃO apud LIMA, 1997, f. 51). Essa situação perdurou por quatro anos, terminando com um novo decreto que recriou o município de Urbano Santos.

Em 1935 Urbano Santos recuperou sua autonomia territorial e política através do decreto N° 919, de 30 de setembro de 1935, assinado pelo governador Achilles Lisboa. Este decreto também criou o termo judiciário de Urbano Santos, pertencente a comarca de Brejo. As palavras que restabeleceram a autonomia do município foram essas:Art.1 – São restabelecidos os municípios de Benedito Leite, Urbano Santos, Burity Bravo, Monção e Santa Helena, suprimidos o primeiro e o segundo pelo decreto 75 de 22 de Abril de 1931[...] (MARANHÃO apud LIMA, 1997, f. 51).

Após restabelecimento de município, Urbano Santos é elevado à categoria de cidade, segundo Lima (1997), pelo decreto-lei N° 45, de 29 de marco de 1938.

A partir de então o município de Urbano Santos permaneceu em constante processo de divisão territorial pouco significativa, até o ano de 1994, quando ocorreu uma quebra em seu território, causada pela emancipação do município de Belágua.

Esse fato diminuiu a área de controle do governo urbano-santense, perdendo, dessa forma, o domínio do espaço que passou a ser independente.

A divisão territorial com o município de Belágua só aumentou os problemas com as definições territoriais de Urbano Santos, pois havia um novo município limítrofe para definir o território. Urbano Santos desde sua emancipação, sempre teve problemas com as definições territoriais, isso porque, segundo o IMESC ( 2011, p. 5), “A cadaprocesso de emancipação o município que cedia parte do seu território deveria ter os seus limites e divisas atualizados, o que não aconteceu com nenhum dos 136 municípios existentes até1993”.

Os problemas com as definições territoriais vieram sanar no período entre 2013 e 2016 com as políticas de atualização de território realizado pelo IMESC em parceria com oMunicípio.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Detectamos que os fatores de grande importância na territorialização urbano- santense foram as Correntes de Povoamentos: do litoral do Maranhão, dos criadores de gado e dos migrantes da seca. Essas correntes tiveram grande participação no processo de ocupação e povoamento do espaço que deu origem ao território urbano-santense. A corrente de povoamento do litoral chegou ao espaço do atual município através do Rio

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Mocambo. A corrente de povoamento de criadores de gado chegou ao território pela estrada que partia da Comarca de Campo Maior, no Piauí, à Vila da Manga – atual cidade de Nina Rodrigues, no Maranhão e a Corrente de Povoamento dos Migrantes da Seca alcançou o espaço urbano-santense em 1920. Destacamos ainda, que a rebelião conhecida como Balaiada também teve grande participação na ocupação do atual território de Urbano Santos e na primeira toponímia do município. Esses fatos contribuíram para a origem do povoado Mocambo dando início à formação ideológica do território urbano-santense. Urbano Santos possuiu duas toponímias, enquanto povoado: Mocambo e Ponte Nova; com a elevação para a categoria de vila passou a ser chamado Urbano Santos, nome que permaneceu após ser elevado a categoria de município através da Lei n° 1234 de 09 de Março de 1929, concluindo dessa forma o território jurídico-político do lugar.

BIBLIOGRAFIA

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IMESC (Instituto Maranhense de Estudos Socioeconômicos e Cartográficos).Redefinição dos limites e divisas dos municípios do estado do maranhão.São Luís: IMESC, 201. 2° Edição.

LIMA, Carlos de.História do Maranhão. Brasília, Senado Federal, Centro Gráfico, 1981.

LIMA, Hérlon Costa.Formação histórica de Urbano Santos: de povoado a cidade. Monografia. São Luís: UFMA, 1997.

MARQUES, Cesar Augusto.Dicionário Histórico e geográfico da província do Maranhão.Rio de Janeiro: Fon-Fon e Selena, 1970.

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SAMPAIO, Francisco Coelho.História do Maranhão, 4° ano ou 5°: Ensino fundamental.1. Ed. São Paulo: Scipione, 2008.

SAMPAIO, Francisco Coelho; VIANNA, Maria.Estado do Maranhão, 4° ou 5°: vol. único: livro regional.1. ed. São Paulo: Scipione, 2014. 1ª impr.

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