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TÍTULO: A FORMAÇÃO DO JOVEM LEITOR E OS CONTOS DE FADA ÁREA TEMÁTICA: Educação

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Academic year: 2021

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TÍTULO: A FORMAÇÃO DO JOVEM LEITOR E OS CONTOS DE FADA ÁREA TEMÁTICA: Educação

O objetivo deste painel é expor as observações do processo de desenvolvimento da primeira etapa do projeto de extensão universitária da FUNREI "encontro com a literatura". Este projeto está sendo desenvolvido no Centro Comunitário São Geraldo, em São João del-Rei, com crianças de 7 a 10 anos que cursam de 1a a 4a séries em escola pública. Acontecem dois encontros semanais com duração de duas horas, e são duas turmas com 15 crianças cada. O início das atividades foi 06 de maio do presente ano.O objetivo deste projeto é desenvolver uma relação de interesse das crianças pela leitura e literatura, estabelecendo uma relação prazerosa entre texto e leitor, proporcionando a formação de um grupo de leitores capazes de interpretar, entender e criticar, levando em consideração que o domínio da leitura é o instrumento básico para a aquisição de novos conhecimentos.A literatura infantil, neste trabalho, foi dividida em quatro vertentes: contos fadas e maravilhosos, lendas do folclore brasileiro e sãojoanense, narrativas contemporâneas e textos poéticos. Num primeiro momento que teve duração de dois meses (maio e junho), foram apresentados os contos de fadas e maravilhosos, e num segundo momento está sendo apresentado lendas do folclore brasileiro e sãojoanense, mas para esta comunicação vamos nos ater na primeira vertente trabalhada e "concluída".A formação do leitor através dos contos de fadas e maravilhosos é extremamente interessante, pois essa vertente fala ao inconsciente da criança proporcionando o apaziguamento do seu caos interno. Através destas estórias vieram à tona, em algumas crianças, conflitos de relacionamentos (que naturalmente eram relatados entre elas) e a discussão do mundo "fantástico" (as questões que eram levantadas pelas crianças geraram discussões onde se entrelaçavam realidade e fantasia). O poder de imaginação e de crença das crianças são fatores que devem ser levado em consideração principalmente quando a proposta é de trabalhar literatura. Os jovens leitores interpretam e compreendem as estórias de modo peculiar e inerente às crianças. Cabe a nós não buscarmos as mesmas respostas que de um adulto, mas também não subestima-los: estes são princípios básicos para melhor desenvolvimento do trabalho.Foram

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desenvolvidas com as crianças atividades de interpretação, plásticas, lúdicas e jogos variados, que abarcam a totalidade das habilidades que devem ser construídas com (e pelos) alunos, para que tomem gosto e familiaridade com a literatura em geral e com a língua portuguesa. Trabalhar o indivíduo como um todo facilita a compreensão dos textos e de si mesmo.No nosso primeiro encontro pedi para que as crianças se apresentassem, dissessem os nomes, o que mais gostavam de fazer, e perguntei a elas se gostavam de histórias, a maioria disse que não. Naquele momento pensei o quanto seria árdua aquela tarefa. É conveniente dizer que as crianças não sabiam o que estavam fazendo ali ou o que iria acontecer, nada foi informado a elas ou a seus pais, o que eles sabiam era que iria acontecer alguma atividade para crianças, no Centro Comunitário, e mais nada. Até hoje a grande maioria dos pais não sabe do que se trata nossos encontros, eles não incentivam as crianças e estas se comparecem é porque gostam e se lembram. De certa forma é assumido um compromisso direto entre mim e eles.Ainda no nosso primeiro encontro lhes contei a estória da "Branca de Neve e os sete anões", e percebi que eles gostaram daquela estória, então perguntei-lhes se tinham gostado e eles responderam afirmativamente, eu indaguei o motivo deles não gostarem de estórias e terem gostado daquela. Fui bombardeada por relatos sofríveis do quanto era penoso este processo nas escolas. A estória na escola estava sempre ligada a escrita, este era um ponto e o outro, é que a estória era lida tediosamente e não contada, e que desta forma ela ficava mais bonita, além de ser um outro tipo de estória as que eram trabalhadas nas escolas. Foi a partir daí que eu decidi começar este trabalho com a contação dos encantadores contos de fadas e maravilhosos.Acreditava que os contos de fadas seriam conhecidos pelas crianças, mas na prática vi que não tinham conhecimento dessas estórias. Pude perceber o fascínio que essas estórias causavam nelas, às vezes o riso, a tristeza, a ansiedade emergiam, como se fosse uma estória real. Segundo Bruno Bettelheim, autor do livro psicanálise dos contos de fadas, isso acontece porque o conto de fadas é a imagem que fala diretamente ao inconsciente da criança e os exageros fantásticos dessas estórias dão a ela o toque de veracidade psicológica. Os contos de fadas e maravilhosos nunca confrontam diretamente ou dizem o que deve ser escolhido. Em vez disso, ajudam as crianças a desenvolverem o desejo de uma consciência mais elevada, apelando à imaginação e ao resultado atraente dos acontecimentos, que seduz (os finais felizes) e dirigi a criança para a descoberta de sua identidade e comunicação, sugerindo

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experiências que são necessárias para desenvolver ainda mais o caráter da criança. Os contos de fadas satisfazem as exigências conscientes e inconscientes, e por isso as crianças ouvem com interesse e pede para recontá-los. Cada criança se identifica mais com determinada estória e ela própria sente onde a estória lhe fornece uma forma de poder enfrentar um problema difícil. E por isso, na hora da interpretação da estória, cada criança se detém numa determinada parte, a que mais lhe toca e lhe desperta interesse consciente ou inconsciente."Quando todos os pensamentos mágicos da criança estão personificados num bom conto de fadas então a criança pode finalmente começar a ordenar essas tendências contraditórias. Isto começado, a criança ficará cada vez menos engolfada pelo caos não manejável". (BETTELHEIM, Bruno. Psicanálise dos contos de fadas)A visão psicanalítica nos mostra um ponto de vista que não pode ser descartado no que se refere ao fascínio que esses contos causam nas crianças. Logicamente uma outra análise deve ser considerada, a literária. Os contos sempre trazem representada a família, de forma diversificada e com seus problemas que continuam sendo atuais. Como por exemplo: pais que vivem felizes com a chegada do filho como em Rapunzel, pai viúvo que se casa novamente para dar uma mãe para seus filhos como em Branca de Neve, pais que passam por difícil situação financeira e resolvem abandonar os filhos para evitar que morram de fome como em João e Maria, mãe viúva que cria com dificuldade e muito mimo a filha como em tiquinho de carvão e João e o pé de feijão, a família que é quase toda assassinada pelo bandido como em O lobo e os sete cabritinhos. Existem outras questões de ordem familiar como a má convivência entre irmãs e com a própria madrasta como em Cinderela, ou o pai que trabalha muito e não percebe que a filha está sendo vítima de maus tratos como em a Branca de Neve e os sete anões. Também é comum nessas estórias a questão da morte, não só como punição pelo mal que o vilão causou, mas também como uma questão comum da vida cotidiana. Vários são os protagonistas que tem pai ou mãe mortos, como por exemplo nas estórias João e o pé de feijão, Branca de Neve, Branca de Neve e Rosa Vermelha, João e Maria.Elementos comuns da vida real e acontecimentos fantásticos, talvez seja esse o grande segredo do encantamento que exerce os contos de fadas e maravilhosos nas crianças e até mesmo nos adultos. E é esta mescla de realidade e fantasia que permite ao leitor se deparar com um problema e soluciona-lo, porque os contos de fadas não deixam questões abertas.A fantasia ameniza o choque que a estória poderia causar se fosse dita de forma

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direta, alguns trechos destas estórias chegam a ser cruéis, mas em compensação o clima de nobreza, reis, rainhas, príncipes, princesas, fadas, piratas, duendes, bruxas, castelos e os finais felizes apaziguam o que de outra forma poderia ser cruel. Também os inícios das estórias permitem ao leitor uma certa distância, podendo ele se certificar que a estória aconteceu há muitos anos atrás em um lugar muito distante.O final destas estórias sempre caminha para a solução dos problemas com a punição dos maus e a gratificação dos bons, seja através de ouro, casamento, reencontro. Os contos de fadas apresentam certas questões morais e éticas, dando o mesmo valor ao reencontro com os pais e a um saco de ouro, e que mesmo depois de tanta discriminação resta lugar para o perdão como em Cinderela. A identificação das crianças, o fascínio e o não conhecimento dessas estórias tão comuns a toda a humanidade fizeram com que este primeiro momento do projeto se prorrogasse.As duas primeiras estórias que contei para as crianças foram adaptadas dos originais e eram privilegiadas as ilustrações, acreditei que desta forma despertaria o interesse delas, haja vista o ocorrido no primeiro encontro. Mas a partir do terceiro encontro as estórias contadas eram traduzidas dos originais, e nesta coleção quase não há desenhos, desta forma as abstrações provenientes do imaginário da criança foram trabalhadas e os seus desenhos foram o reflexo imediato desta mudança. Alguns partiram para o tridimensional.Sempre depois das estórias vem a compreensão oral do texto, esta é estimulada através de perguntas e tem como objetivo que eles recontem a estória mostrando assim que ela foi compreendida. A partir da recontagem, ou seja, da releitura vamos atentando o leitor para pontos chaves da estória e da leitura. São destacados os personagens, protagonistas e antagonistas, tempo, espaço, e às vezes é pedido que se faça comparações com outras estórias. Essas comparações podem ser do tipo de adaptação, por exemplo: li duas estórias dos três porquinhos e eles me disseram que uma era menor, mais fácil de ler, de entender, que era para criancinhas pequenas e que a outra era melhor para eles porque era maior, mais completa, era a estória toda. Outra comparação é de uma estória com a outra e até mesmo de vertentes literárias, eles compararam os contos de fadas com as lendas e as suas afirmações foram surpreendentes relacionaram os personagens, os lugares e a proximidade com nosso mundo contemporâneo.Esta atividade de compreensão oral, com o decorrer do tempo, já se dá naturalmente, terminada a estória as próprias crianças a recontam salientando cada um o que mais lhe tocou. Isso mostra que elas leram a estórias mesmo

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tendo sido ela contada por outra pessoa.Algumas atividades foram desenvolvidas devido à necessidade do grupo, pois se o individuo é considerado como um todo, precisam ser trabalhados aspectos mais amplos, como a espontaneidade, a imaginação, a observação, a percepção, a linguagem, a criatividade, a coordenação motora, a sociabilização, tendo como objetivo exteriorizar os sentimentos e as observações pessoais, orientando e ampliando as possibilidades de expressar.Outro processo de compreensão é através de atividades artísticas, com a utilização de diversas técnicas. Os materiais são escassos e por causa disto existe um apelo para a reutilização e reciclagem de materiais. Os desenhos com o passar do tempo preencheram mais o espaço da folha, ganharam mais cor, enfim os trabalhos passaram a ter uma riqueza maior de detalhes e maior criatividade, assim como a parte de compreensão oral e as outras atividades. O vocabulário está mais rico, as crianças estão se expressando de forma mais clara e objetiva, estão menos ansiosos com as atividades, se concentrando mais nelas.Dentro do contexto no qual as crianças estão inseridas, incentivar a leitura e a formação do leitor passam a ser pretextos para proporcionar às crianças o contato com histórias, livros e atividades que contribuem para o desenvolvimento das potencialidades, possibilitando um maior conhecimento do mundo que as rodeia e delas próprias. Incentivando-as a se expressarem de diversas formas. Para a formação não somente de um leitor, mas de um leitor crítico.

Bibliografia

ANDERSEN, Hans Christian. O valente soldadinho de chumbo. Coleção O mundo da criança v.3, histórias de fadas - Rio de Janeiro:Delta S.A., 1949.

ANDERSEN, Hans Christian. A princesa real. Coleção O mundo da criança v.3, histórias de fadas - Rio de Janeiro:Delta S.A., 1949.

ANDERSEN, Hans Christian. O patinho feio. Coleção O mundo da criança v.3, histórias de fadas - Rio de Janeiro:Delta S.A., 1949.

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Autor desconhecido. Aladim e a lâmpada mágica. Coleção O mundo da criança v.3, histórias de fadas - Rio de Janeiro:Delta S.A., 1949.

CRAIK, Dinah M. Mulock. João e o pé de feijão. Coleção O mundo da criança v.3, histórias de fadas - Rio de Janeiro:Delta S.A., 1949.

GRIMM, Wilhelm e GRIMM, Jakob. João e Maria. Coleção O mundo da criança v.3, histórias de fadas - Rio de Janeiro:Delta S.A., 1949.

GRIMM, Wilhelm e GRIMM, Jakob. Rapunzel. Coleção O mundo da criança v.3, histórias de fadas - Rio de Janeiro:Delta S.A., 1949.

GRIMM, Wilhelm e GRIMM, Jakob. Branca de Neve e Rosa Vermelha. Coleção O mundo da criança v.3, histórias de fadas - Rio de Janeiro:Delta S.A., 1949.

GRIMM, Wilhelm e GRIMM, Jakob. Os músicos de Bremem. Coleção O mundo da criança v.3, histórias de fadas - Rio de Janeiro:Delta S.A., 1949.

GRIMM, Wilhelm e GRIMM, Jakob. O lobo e os sete cabritinhos. Coleção O mundo da criança v.3, histórias de fadas - Rio de Janeiro:Delta S.A., 1949.

JACOBS, Joseph. Tiquinho de carvão. Coleção O mundo da criança v.3, histórias de fadas - Rio de Janeiro:Delta S.A., 1949.

JACOBS, Joseph. Os três porquinhos. Coleção O mundo da criança v.3, histórias de fadas -Rio de Janeiro:Delta S.A., 1949.

RISCINO, Helena trad.. Branca de Neve. Coleção Fábulas de Sempre - São Paulo:Maltese, 1995.

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ABRAMOVICH, Fanny. Lieratura Infantil: gostosuras e bobices. Série:pensamento e ação no magistério. São Paulo:scipione, 1989.

BETTELHEIM, Bruno. A psicanálise dos contos de fadas. 3ed. Rio de Janeiro:Paz e terra,1979.

CARAM, Cecília Andres e MATOS, Gyslaine Matos. Caderno de textos - Belo Horizonte: projeto convivendo com arte, 2000.

REVERBEL, Olga. Jogos teatrais na escola. São Paulo:Scipione, 1989.

Referências

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