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CAPACIDADE DE INFILTRAÇÃO DO SOLO EM ÁREAS DE RISCO A VOÇOROCAMENTO NOVA VITÓRIA (MANAUS AM)

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CAPACIDADE DE INFILTRAÇÃO DO SOLO EM ÁREAS DE RISCO A VOÇOROCAMENTO – NOVA VITÓRIA (MANAUS – AM)

Anne Carolina Marinho Dirane

Graduanda em Geografia pela Universidade do Estado do Amazonas – Manaus (AM) annedirane@ig.com.br

Deivison Carvalho Molinari

Doutorando em Geografia (USP) Professor da Universidade do Estado do Amazonas – Manaus (AM) dcmolinari@uea.edu.br

Amarílis Rodrigues Donald

Graduanda em Geografia pela Universidade do Estado do Amazonas – Manaus (AM) ard.geo@uea.com.br

Raimundo Saturnino de Andrade

Graduando em Geografia pela Universidade do Estado do Amazonas – Manaus (AM) satur.rsa@ig.com.br

RESUMO

A infiltração de água no solo constitui-se num dos principais elementos da dinâmica hidrológica responsável pela deflagração de processos erosivos, assoreamento de canais e movimentações de massa. O objetivo deste artigo é analisar as taxas de infiltração de água e sua correlação com a evolução de canais incisos lineares (voçorocas) responsáveis pela formação de áreas de risco ambiental no bairro Nova Vitória, localizado na zona leste da cidade de Manaus (AM). Par isso realizou-se testes de infiltração nas bordas e cabeceiras das voçorocas e identificaram as seguintes características superficiais (declividade, grau de cobertura vegetal e de encrostamento superficial). Para realização dos testes utilizou-se a seguinte metodologia: com o auxílio de um martelo ou marreta, o infiltrômetro de Hills (cilindro metálico de 15 cm de altura por 10 de diâmetro) foi colocado 5cm no solo e afixado uma régua graduada nos 10cm internos restantes do instrumento. Em seguida, despejou-se água dentro do infiltrômetro, marcando o tempo com um cronômetro e anotando a profundidade da água, a cada minuto na régua até chegar aos 30 minutos de experimento (GUERRA, 1996). Por outro lado, as características superficiais foram obtidas por meio de observações, enquanto que a declividade foi obtida por meio do clinômetro. Os resultados permitem afirmar que a maior taxa de infiltração ocorre na superfície coberta pela vegetação, com valor médio de infiltração de 1035 ml/min, diferente da área encrostada, onde a absorção do solo não é expressiva, demonstrando uma média de água infiltrada de 6,33 ml/min, já o solo em fase de encrostamento permite uma média de infiltração de 36 ml/min. Diante disto, pode-se dizer que a presença de cobertura vegetal e ausência de encrostamento superficial reduz e/ou evita a formação de escoamento superficial, consequentemente, retardando, portanto, a evolução de feições erosivas responsáveis pelo surgimento de áreas de risco.

Palavras-chave: Infiltração – Solo - Manaus (AM) ABSTRACT

The water infiltration in the soil it is one of the principal elements of the dynamic hydrologic responsible by the explosion of erosive processes, silting-up of channels and movements of mass. The objective of this article is to analyze the taxes water infiltration and its correlation with the evolution of incised linear channels (gullies) responsible for the formation of areas of environmental risk in the district Nova Vitória, located in the eastern zone of the city of Manaus (AM). For that, tests of infiltration in the edges and heads of the gullies were made and they identified the following superficial characteristics (declivity, degree of vegetable covering and of crust superficial). For the tests the following methodology was used: with the help of a hammer, the infiltrômeter of Hills (metal cylinder of 15 cm of height by 10 of diameter) was placed 5cm in the soil and a ruler was stuck in the 10cm left of the instrument. Next, water was poured inside the infiltrômeter, marking time with a stopwatch and writing down the depth of the water, to each minute in the ruler up to arriving to 30 minutes of experiment (GUERRA, 1996). On the other side, the superficial characteristics were obtained through observations, whereas the declivity was obtained through the clinômetro. The results allow to affirm that the biggest tax of infiltration takes place in the surface covered by the vegetation, with middle value of 1035 ml/min, differently from the crusted area, where the absorption of the soil is not expressive, demonstrating an average of permeated

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water of 6,33 ml/min, and the soil in phase of crust allows an average of infiltration of 36 ml/min. In front of this, it is possible to say that the presence of vegetable covering and absence of crust superficial reduces and / or avoids the formation of superficial drainage, consequently, delaying, so, the evolution of erosive forms responsible for the appearance of areas of risk.

Key-words: Infiltration – Soil - Manaus (AM)

INTRODUÇÃO

A cidade de Manaus apresenta em sua área urbana, diversas feições erosivas, neste sentido o Bairro Distrito Industrial II é o que apresenta maior incidência de voçorocas (VIEIRRA e MOLINARI, 2004), em decorrência disto foi escolhido para o trabalho de campo da disciplina de geomorfologia do curso de geografia da Universidade do Estado do Amazonas (UEA).

O presente artigo tem como objetivo analisar os testes de infiltração realizados em três condições superficiais diferentes: solo encrostado, em fase de encrostamento e solo com cobertura vegetal, correlacionado as taxas de infiltração as características superficiais de vegetação, declividade, e encrostamento, fundamentais condicionantes ao surgimento de feições erosivas, em especial as voçorocas.

A compreensão da infiltração de água no solo permite entender a atuação dos processos e mecanismos de erosão, que tem sua origem no desequilíbrio hidrológico ocasionado pela ocupação do solo, quase sempre acompanhado pela remoção da cobertura vegetal.

A infiltração é o movimento de água dentro da superfície, resultado das relações de interdependência dos mecanismos de entrada na superfície, de estocagem e de transmissão de umidade do solo (COELHO NETO, 1998).

A capacidade do solo em absorver água está ligada ao escoamento superficial e como conseqüência a formação de pequenas incisões erosivas. As superfícies com declividades acentuadas favorecem a concentração de escoamentos de fluxos de água e a forma da encosta (côncava, convexa ou retilínea) exerce um papel importante na erodibilidade dos solos, retendo maior volume de água ou aumentando a velocidade do fluxo, propiciando a concentração de escoamento em pontos específicos da encosta.

O escoamento superficial concentrado propicia a formação de voçorocas, que são incisões erosivas relativamente permanente nas encostas, possuindo paredes laterais íngremes e em geral, fundo chato (GUERRA, 1998), podem ter diferentes formas (BIGARELLA e MAZUCHOWSKI, 1985) e de acordo com Oliveira (2006) seguem três modelos de evolução (integrada, conectada e desconectada).

As voçorocas originam-se de um desequilíbrio hidrológico, causado principalmente pela ocupação das terras com remoção generalizada da cobertura vegetal (BIGARELLA e MAZUCHOWSKI, 1985).

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ÁREA DE ESTUDO

O bairro Distrito Industrial II (figura 1), pertence a uma área que foi adquirida pela Superintendência da Zona Franca de Manaus - SUFRAMA na década de 70, com o intuito de atender a instalação de grandes empresas, pois a área do Distrito Industrial de Manaus destinada a esse fim não comportava a demanda de investidores (VIEIRA e MOLINARI, 2006). O crescimento populacional da cidade se concentrou com maior intensidade na zona leste, nesse sentido o bairro Distrito Industrial II sofreu forte ocupação irregular1, que originou a Comunidade Nova Vitória no ano de 2003.

(A)

(B) (C)

Figura 01: Área de estudo antes (B) e depois da ocupação (C).

Fonte: A) e C) Imagem Ikonos (2006) capturada em 05/12/ 2008 do Google Earth; B): Imagem Ikonos (2002) apud

VIEIRA (2008).

No que se refere aos aspectos físico-naturais, a área situa-se no Planalto da Amazônia Oriental e apresenta um relevo bastante erodido, caracterizado por platôs com extensões que variam de 200m a 1200m terminando em encostas com alto grau de declividade e grande parte convexa (VIEIRA e MOLINARI 2006).

Inserida na Formação Geológica Alter do Chão, apresenta sedimentos vermelhos consolidados, como argilitos, siltitos, arenitos e folhelhos em sua composição. O arenito Manaus aflora em vários

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pontos da área, possui coloração vermelhas a tons róseos, com mosqueados, composto também por concreções lateríticas (CARVALHO et al 2003 apud VIEIRA e MOLINARI, 2005). O tipo de solo apresentado é o latossolo amarelo, tendo baixo teor de Fe2O3 (<7%); sendo geralmente álico (alumínio). Definido por uma textura argilosa ou muito argilosa, que teoricamente estaria menos propenso a erosão, o que acaba incidindo em relevos planos ou ondulados (MOLINARI e VIEIRA, 2004).

O clima é Equatorial quente úmido com temperatura média de 26° e uma média de precipitação 2100 mm/ano, com períodos chuvosos que se estendem de dezembro a junho (HORBE et al, 2005). Grande parte da área se encontra desprovida de vegetação, que outrora era de Floresta Ombrófila Densa (VIEIRA e MOLINARI, 2006), que apesar das alterações, ainda preserva em seu entorno e interior espécies pertencentes à vegetação nativa da região.

MATERIAIS E MÉTODOS

Os testes de infiltração foram aplicados em três áreas distintas: solo encrostado, em fase de encrostamento e com cobertura vegetal, tais características foram identificadas através de observações da superfície. A utilização do infiltrômetro de Hills e da metodologia proposta por Guerra (1996) propiciou o acompanhamento da dinâmica hidrológica da infiltração e sua relação com os processos erosivos.

Figura 02: Fixação do infiltrômetro de Hills na superfície.

03: Utilização do clinômetro para verificação da declividade do terreno.

Fonte: Anne Dirane, 2008.

Para a realização dos testes foram necessários os seguintes materiais: infiltrômetro de Hills (10 cm de diâmetro e 15 cm de altura) (figura 2), martelo para fixar o infiltrômetro no solo; cronômetro para calcular o tempo; régua para leitura da altura infiltrada; proveta usada para mensurar o volume de água utilizada; trena para medir a distância entre a voçoroca e o local de realização do teste e clinômetro para identificação da declividade da superfície (figura 3).

A metodologia de Guerra (1996) sugere que com o auxílio de um martelo, o cilindro metálico de 15 cm de altura por 10 de diâmetro seja fixado 5cm no solo, em seguida coloca-se uma régua

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graduada dentro do cilindro fincado na superfície. Despeja-se água e observa-se o tempo cronometrado para absorção de água a cada minuto ate atingir os 30 minutos do ensaio.

De acordo com Molinari e Vieira (2004) os dados obtidos são: a altura infiltrada (mm) que é resultado da subtração entre os valores seqüenciais lidos na régua. Por outro lado, o volume total de água utilizada (ml) possui importância para os cálculos de volume infiltrado (%), que é conhecido a partir da associação com a altura infiltrada (ml) em função do total (100). Para obtenção desse valor é necessária a seguinte operação:

Volume infiltrado (%) = {Altura infiltrada (mm) X Volume total (ml)} / 100

A partir deste valor chega-se ao volume infiltrado acumulado (%) que é resultado da adição entre os valores seqüenciais lidos na coluna volume infiltrado (%).

O volume infiltrado (ml) é alcançado a partir da associação com o volume infiltrado (%) em função do total (100). Desta maneira, obtém-se este valor como conseqüência da seguinte operação:

Volume Infiltrado (ml) = {Volume infiltrado (%) X Volume total (ml)} / 100

A partir deste valor obteremos o volume infiltrado acumulado (ml) que é resultado da adição entre os valores seqüenciais lidos na coluna volume infiltrado (%). Este valor constitui-se no mais importante visto que juntamente com o tempo fornecerá os valores para a obtenção da taxa de infiltração.

Portanto, de posse do valor infiltrado acumulado (ml), podemos encontrar a taxa de infiltração, dividindo este valor pelo tempo total do teste, que é de 30 minutos. Na tabela encontramos a taxa de infiltração após o último valor de volume infiltrado acumulado (ml). Desta forma, obtém-se este valor como conseqüência da seguinte operação:

Taxa de Infiltração (ml) = Volume infiltrado acumulado (ml) / Tempo total (min)

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Os testes consideraram a permeabilidade do terreno sob diferentes características superficiais e a inclinação da superfície.

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Teste de infiltração – Nova Vitória /Distrito Industrial II Solo sem vegetação e em fase de encrostamento

Valor da régua: 13cm Declividade: 4° Tempo (min) Régua (mm) Altura infiltração (mm) Volume infiltrado (%) Volume acumulado (%) Volume infiltrado (ml) Vol. infiltrado acumulado (ml) Litros (ml) 1 11,3 1,7 17 17 170 170 1000 2 10,5 0,8 8 25 80 250 3 9,9 0,6 6 31 60 310 4 9,3 0,6 6 37 60 370 5 9 0,3 3 40 30 400 6 8,5 0,5 5 45 50 450 7 8,2 0,3 3 48 30 480 8 7,9 0,3 3 51 30 510 9 7,6 0,6 6 57 60 570 10 7,2 0,4 4 61 40 610 11 6,8 0,4 4 65 40 650 12 6,5 0,3 3 68 30 680 13 6,3 0,2 2 70 20 700 14 5,8 0,5 5 75 50 750 15 5,5 0,3 3 78 30 780 16 5,3 0,2 2 80 20 800 17 5,1 0,2 2 82 20 820 18 4,9 0,2 2 84 20 840 19 4,7 0,2 2 86 20 860 20 4,5 0,2 2 88 20 880 21 4,3 0,2 2 90 20 900 22 4,1 0,2 2 92 20 920 23 4 0,1 1 93 10 930 24 3,8 0,2 2 95 20 950 25 3,5 0,3 3 98 30 980 26 3,3 0,2 2 100 20 1000 27 3 0,3 3 103 30 1030 28 2,8 0,2 2 105 20 1050 29 2,6 0,2 2 107 20 1070 30 2,5 0,1 1 108 10 1080 10,8 21790 1l

Tabela 01: Teste de infiltração realizado em superfície em fase de encrostamento. Fonte: Trabalho de Campo de geomorfologia – UEA, 2008.

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6,7m

O primeiro teste (figura 4; tabela 1; gráfico 1) foi realizado na borda da voçoroca sem vegetação e cujo solo estava em fase de encrostamento. A distância da borda da incisão para o local de realização do teste foi de 6,7 m com 4° de inclinação.

Figura 4: Realização do teste com infiltrômetro de Hills na borda da voçoroca. Fonte: Amarílis Donald, 2008.

A superfície do terreno encontra-se em fase de encrostamento, à medida que as gotas de chuvas caiam sobre a superfície, os agregados se rompiam, destacando partículas menores, aumentando a superfície coberta pelos sólidos.

Gráfico 01: Taxa de infiltração em solo sem cobertura vegetal e em fase de encrostamento. Autora: Anne Dirane, 2009.

O gráfico revela uma rápida absorção do 1° ao 5° minuto do teste, fato que ocorre pelo solo está seco e não apresentar muita coesão, uma vez que é proveniente de aterro.

A partir dos 15 minutos de ensaio, os espaços entre as partículas vão sendo preenchidos, resultando na redução do volume infiltrado.

Observa-se que o volume acumulado infiltrado não atinge 1200 ml, o que representa uma taxa média de infiltração na superfície em fase de encrostamento (gráfico 1) de 36 ml/min.

6,

7

(8)

O segundo teste foi realizado a dois metros de distância da borda de uma voçoroca em terreno com 1° de inclinação, com superfície altamente encrostada (figura 5), em subseqüente fase de ressecamento.

Figura 5: Superfície encrostada da borda de uma voçoroca. Fonte: Amarílis Donald, 2008.

Teste de infiltração - Nova Vitória/Distrito Industrial II Teste 2 - Solo com alto grau de encrostamento

Altura inicial da régua: 13 cm Declividade: 1° Tempo (min) Régua (mm) Altura infiltração (mm) Volume infiltrado (%) Volume acumulado (%) Volume infiltrado (ml) Vol. infiltrado acumulado (ml) Litros (ml) 1 10,9 2,1 1 1 10 10 1000 2 10,7 0,5 5 6 50 60 3 10,6 0,1 1 7 10 70 4 10,6 0 0 7 0 70 5 10,4 0,2 2 9 20 90 6 10,3 0,1 1 10 10 100 7 10,2 0,1 1 11 10 110 8 10 0,2 2 12 20 130 9 10 0 0 12 0 130 10 10 0 0 12 0 130 11 9,9 0,1 1 13 10 140 12 9,9 0 0 13 0 140 13 9,9 0 0 13 0 140 14 9,8 0,1 1 14 10 150 15 9,8 0 0 14 0 150 16 9,8 0 0 14 0 150 17 9,7 0,1 1 15 10 160 18 9,7 0 0 15 0 160 19 9,7 0 0 15 0 160 20 9,7 0 0 15 0 160 21 9,6 0,1 1 16 10 170 2 m

(9)

22 9,6 0 0 16 0 170 23 9,6 0 0 16 0 170 24 9,5 0,1 1 17 10 180 25 9,5 0 0 17 0 180 26 9,5 0 0 17 0 180 27 9,4 0,1 1 18 10 190 28 9,4 0 0 18 0 190 29 9,4 0 0 18 0 190 30 9,4 0 0 18 0 190 3,9 4220 1l

Tabela 02: Teste realizado em superfície encrostada. Fonte: Trabalho de Campo de geomorfologia – UEA, 2008.

Gráfico 02: Taxa de infiltração da superfície com alto grau de encrostamento. Autora: Anne Dirane, 2009.

O gráfico nos mostra nos primeiros 3° minutos de ensaio um valor considerável de volume infiltrado acumulado para um solo selado, do 5° ao 8° minuto percebe-se que o volume vai diminuindo até que nos minutos seguintes de ensaio o volume infiltrado se torna insignificante.

A taxa média de infiltração na superfície encrostada foi de 6,33 ml/min, muito baixa se comparada ao primeiro teste. Ressalta-se que a textura argilosa do latossolo-amarelo quando seco, é essencialmente composto de caolinita muito bem cristalizada, o que representa, portanto, consistência dura a muito dura. Esta característica favorece o aumento da densidade aparente, refletindo numa porosidade total mais baixa e maior coesão dos elementos estruturais do que em outros latossolos (PALMIERI e LARACH, 2006).

O terceiro teste (figura 6) foi realizado em uma área coberta pela vegetação e com alto teor de matéria orgânica no solo, reduzindo a possibilidade de formação de crostas. O local de realização do teste possui 17° de inclinação e não se verificou incisões erosivas.

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Figura 6: Realização do teste de infiltração em superfície com predominância de serrapilheira. Fonte: Amarílis Donald, 2008.

Teste de infiltração - Nova Vitória/Distrito Industrial II Solo com cobertura vegetal

Altura inicial da régua: 13 cm Declividade: 17° Tempo (min) Régua (mm) Altura infiltração (mm) Volume infiltrado (%) Volume acumulado (%) Volume infiltrado (ml) Vol. infiltrado acumulado (ml) Litros (ml) 1 9 4 120 120 3600 3600 1000 2 7,5 1,5 45 165 1350 4950 3 6 1,5 45 210 1350 6300 4 5 1 30 240 900 7200 5 3,5 1,5 45 285 1350 8550 6 2,8 0,7 21 306 630 9180 7 2 0,8 24 330 720 9900 8 12,5 1,5 45 375 1350 11250 1000 9 10,5 2,5 75 450 2250 13500 10 9,5 1 30 480 900 14400 11 8 1,5 45 525 1350 15750 12 7,5 0,5 15 540 450 16200 13 6,5 1 30 570 900 17100 14 5,5 1 30 600 900 18000 15 5 0,5 15 615 450 18450 16 4 1 30 645 900 19350 17 3 1 30 675 900 20250 18 13 2 60 735 1800 22050 1000 19 11,5 1,5 45 780 1350 23400 20 10,5 1 30 810 900 24300 21 9,5 1 30 840 900 25200 22 9 0,5 15 855 450 25650 23 8 1 30 885 900 26550 24 7,5 0,5 15 900 450 27000 25 7 0,5 15 915 450 27450 26 6 1 30 945 900 28350

(11)

27 5,5 0,5 15 960 450 28800

28 4 1,5 45 1005 1350 30150

29 3,5 0,5 15 1020 450 30600

30 3 0,5 15 1035 450 31050

34,5 564480 3l

Tabela 03: Teste realizado em superfície coberta pela vegetação. Fonte: Trabalho de Campo de geomorfologia – UEA, 2008.

Gráfico 03: Taxa de infiltração do teste realizado em superfície coberta pela vegetação. Autora: Anne Dirane, 2009.

Observa-se que no 1° minuto o volume infiltrado é bastante expressivo em relação aos testes anteriores revelando maior facilidade do solo em receber água. A quantidade de água despejada no ensaio foi muito superior a utilizada nos testes em outras superfícies, do 1° ao 8° minuto despejou-se 1000 ml de água, nos dez minutos decorrentes mais 1000 ml e nos próximos 12 minutos restantes do teste mais 1000 ml, totalizando 3000 ml de água.

A taxa média de infiltração obtida em meio à vegetação foi de 1035 ml/min, revelando a importância da cobertura como fator controlador da erodibilidade.

A cobertura vegetal tende a aumentar a capacidade de infiltração, solos recobertos por florestas geralmente apresentam os maiores valores de capacidade de infiltração, especialmente por influência da serrapilheira2 (COELHO NETTO, 1998).

2

Desenvolvem-se mais em solos florestados e pode ser composta de duas camadas que forma o horizonte O¹ e O² do solo. A camada superior engloba os detritos recém-caídos que ainda não sofreram decomposição, e a camada inferior é constituída por todos os materiais parcialmente decompostos (COELHO NETTO, 1998).

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os resultados revelam que a maior quantidade de volume infiltrado ocorre na superfície onde há predominância de cobertura vegetal (tabela 4), e que as diferentes taxas de infiltração são decorrentes das características morfológicas do solo, teor de matéria orgânica e declividade do terreno.

TESTE DE INFILTRAÇÃO – NOVA VITÓRIA

Inclinação 4° 1° 17°

Superfície Teste 1 - Em fase de encrostamento

Teste 2 - Encrostada Teste 3 - Com cobertura vegetal

Tempo (min) Régua (mm) Altura infiltração (mm) Vol. infiltrado acumulado (ml) Régua (mm) Altura infiltração (mm) Vol. infiltrado acumulado (ml) Régua (mm) Altura infiltração (mm) Vol. infiltrado acumulado (ml) 1 11,3 1,7 170 10,2 2,8 10 9 4 3600 2 10,5 0,8 250 10,7 0,5 60 7,5 1,5 4950 3 9,9 0,6 310 10,6 0,1 70 6 1,5 6300 4 9,3 0,6 370 10,6 0 70 5 1 7200 5 9 0,3 400 10,4 0,2 90 3,5 1,5 8550 6 8,5 0,5 450 10,3 0,1 100 2,8 0,7 9180 7 8,2 0,3 480 10,2 0,1 110 2 0,8 9900 8 7,9 0,3 510 10 0,2 130 12,5 1,5 11250 9 7,6 0,6 570 10 0 130 10,5 2,5 13500 10 7,2 0,4 610 10 0 130 9,5 1 14400 11 6,8 0,4 650 9,9 0,1 140 8 1,5 15750 12 6,5 0,3 680 9,9 0 140 7,5 0,5 16200 13 6,3 0,2 700 9,9 0 140 6,5 1 17100 14 5,8 0,5 750 9,8 0,1 150 5,5 1 18000 15 5,5 0,3 780 9,8 0 150 5 0,5 18450 16 5,3 0,2 800 9,8 0 150 4 1 19350 17 5,1 0,2 820 9,7 0,1 160 3 1 20250 18 4,9 0,2 840 9,7 0 160 13 2 22050 19 4,7 0,2 860 9,7 0 160 11,5 1,5 23400 20 4,5 0,2 880 9,7 0 160 10,5 1 24300 21 4,3 0,2 900 9,6 0,1 170 9,5 1 25200 22 4,1 0,2 920 9,6 0 170 9 0,5 25650 23 4 0,1 930 9,6 0 170 8 1 26550 24 3,8 0,2 950 9,5 0,1 180 7,5 0,5 27000 25 3,5 0,3 980 9,5 0 180 7 0,5 27450 26 3,3 0,2 1000 9,5 0 180 6 1 28350 27 3 0,3 1030 9,4 0,1 190 5,5 0,5 28800 28 2,8 0,2 1050 9,4 0 190 4 1,5 30150 29 2,6 0,2 1070 9,4 0 190 3,5 0,5 30600 30 2,5 0,1 1080 9,4 0 190 3 0,5 31050 Taxa de infiltração

36 ml/min 6,33 ml/min 1035 ml/min

(13)

Fonte: Trabalho de Campo de geomorfologia – UEA, 2008.

Gráfico 04: Taxa de infiltração dos testes realizados no Distrito Industrial II. Autora: Anne Dirane, 2009.

O gráfico 4 deixa bem claro que a maior taxa de infiltração acontece na superfície coberta pela vegetação, com o valor de 1035 ml/min, o que já não ocorre na superfície encrostada, onde a absorção não se faz expressiva, demonstrando uma taxa média de 6,33 ml/min e o solo em fase de encrostamento consente uma média de 36 ml/min.

A intensidade com que as chuvas caem na superfície encrostada gera escoamento superficial, uma vez que a capacidade de infiltração se torna pequena e água não consegue penetrar no solo. A camada encrostada do solo não só impede a infiltração de água, mas também afeta o crescimento de vegetação.

Os resultados dos testes de infiltração nos permitem afirmar que a presença de cobertura vegetal e a falta de encrostamento superficial evitam a formação de escoamento superficial, impedindo a evolução de feições erosivas, mesmo em uma superfície com 17° de inclinação.

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