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CARACTERIZAÇÃO DO PERFIL DOS ALUNOS DE UMA UNIVERSIDADE FEDERAL MINEIRA

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FEDERAL MINEIRA

Sabrina Ferreira Lopes (UFOP)

sabrinaferreiralopes@live.com

Claudiana de Azevedo Silva (UFOP)

clau_azevedo91@hotmail.com

Luciana Paula Reis (UFOP)

lpaula_reis@yahoo.com.br

O ensino superior público brasileiro tem passado por diversas mudanças ao longo dos anos e com ele, o perfil dos estudantes também vem mudando. Diante do cenário de desconhecimento do perfil dos alunos de uma universidade federal mineira, o objetivo deste artigo é qualificar o perfil dos estudantes do curso de engenharia de produção desta universidade. Este estudo propiciará entender as principais características do curso, as maiores dificuldades dos estudantes, as taxas de evasão, retenção e reprovação. Como estratégia metodológica foi utilizada a pesquisa survey. Os resultados alcançados apontam que os alunos do curso são caracterizados como uma população jovem que não possuem hábito de estudo e consequentemente são irregulares no curso.

Palavras-chave: Ensino superior no Brasil, ensino-aprendizagem em engenharia, taxa de evasão, indicadores de qualidade do ensino

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2 superior

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3 1. Introdução

Sabe-se que o Ministério da Educação adota metodologias para avaliar o ensino superior brasileiro. O Sistema de Avaliação Nacional de Avaliação da Educação do Ensino Superior (SINAES) é o setor responsável por analisar as instituições, os cursos e o desempenho dos estudantes. O método de avaliação vigente consiste no resultado obtido na prova do ENADE, considerações institucionais e dos cursos. Assim, essa avaliação se tornou sinônimo de qualidade para uma parcela da sociedade e para o governo.

É de fundamental importância monitorar a qualidade do ensino público brasileiro. Para tanto é válido destacar que com o monitoramento contínuo da qualidade do ensino é possível analisar ao longo dos anos o progresso/regresso da educação brasileira. O ensino de qualidade que as intuições públicas oferecem ao aluno é refletido para a sociedade, a qual é beneficiada com a mão de obra qualificada.

No âmbito de uma universidade federal mineira, ações vêm sendo tomadas com o intuito de analisar e entender os indicadores de qualidade (taxa de evasão, retenção, aprovação e diplomação/egressos), melhorar o desempenho dos cursos e dos alunos, e como uma moeda de troca por indicadores positivos, gerar um aumento significativo dos recursos para investimento em ensino, pesquisa e extensão, melhoria dos laboratórios, aumento do acervo da biblioteca e estruturação do corpo docente.

Para tanto, torna-se necessário conhecer a fundo o perfil dos estudantes do curso a ser analisado, a fim de entender as taxas desses indicadores negativos e tentar intervir para reduzi-los, e em decorrência dessa intervenção melhorar a qualidade do curso. Conhecer o perfil dos estudantes é de suma importância tanto para a universidade quanto para os docentes, visto que esses podem explorar as dificuldades e desenvolver as habilidades dos discentes, de modo que o aumento da taxa de aprovação, a obtenção de melhores notas no ENADE e a formação de excelentes engenheiros seja a meta a ser alcançada dia após dia. Diante do desconhecimento do perfil dos estudantes do curso de EP da UFOP-ICEA campus

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4 de João Monlevade, fez-se necessário a realização deste trabalho.

Assim, utilizando-se do método de pesquisa survey, aplicou-se um questionário dividido em três módulos - perfil do egresso, perfil dos estudantes e condições de permanência na cidade (João Monlevade) - almejando mapear o perfil dos alunos, já que essas características interferem diretamente nas taxas dos indicadores do curso e consequentemente na nota do ENADE. É válido ressaltar que esta pesquisa está restrita a uma amostra de 182 futuros engenheiros de produção do ICEA.

Em relação ao exposto, o objetivo deste artigo é caracterizar o perfil dos estudantes para então, analisar e entender os indicadores do curso. A partir dessa pesquisa, como desdobramentos futuros, poderão ser estudadas ações para minimizar a taxa de evasão, de retenção, qualificar e quantificar o índice de reprovação e seus principais motivos.

Este trabalho está organizado na seguinte forma: na próxima seção será abordado o referencial teórico. Na seção 3, encontra-se a metodologia de pesquisa desenvolvida. Posteriormente, abordará a descrição do caso prático, enfatizando o contexto da pesquisa e a apresentação dos dados. E por fim, discutirá os resultados e conclusões.

2. Referencial teórico

Esta seção apresentará um panorama dos cursos de ensino superior no Brasil e as principais taxas que regem a análise da qualidade dos cursos do país (taxa de evasão, retenção, aprovação e ENADE), aplicadas ao curso de EP do ICEA. Logo, há que se passar por um estudo das teorias que conduzem o estudo destas relações.

2.1. Cursos de ensino superior no Brasil

Analisando as ideias propostas por Schwartzman (2005) é possível ter uma noção dos caminhos percorridos pela educação superior no Brasil, sua expansão e evolução até os patamares atuais, passando do ensino básico nas décadas de 30 e 40, aos cursos técnicos agrícolas e industriais (seguindo modelos de países europeus já industrializados), até chegar

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5 ao ponto em que os cursos superiores passaram a ser mais acessíveis.

As faculdades públicas e cursos tradicionais eram compostos por estudantes oriundos de famílias abastadas, os quais, provavelmente, estudaram em escolas privadas e as faculdades particulares e cursos recentes, por estudantes de classe média/baixa, buscando ascensão social através da educação superior (DURHAM at al, 1993).

Com relação à metodologia de ensino, há uma forte conexão entre a educação contextual e o método tradicional de ensino, gerando a chamada aprendizagem cognitiva, que de acordo com Maricato (2013) “[...] é um instrumento educacional que leva em consideração o conhecimento prévio do aluno e tem como pressuposto fundamental o respeito pelo seu ritmo e perfil cognitivo.” Favorecendo os estudantes a conseguirem a autonomia necessária para o mercado de trabalho e associar os conhecimentos teóricos para continuar aprendendo e se aprimorando.

Porém, o que é oferecido na faculdade e o que é cobrado do egresso, estão em patamares bem distantes. Os estudantes, após a conclusão da graduação, reconheceram a importância de atividades extracurriculares como auxiliares na conexão com o mercado de trabalho, já que a faculdade não prepara de maneira plena. (TEIXEIRA, 2002).

A ciência, tecnologia e engenharia merecem alta prioridade na política de desenvolvimento de conhecimento tecnológico através do apoio à atividade de pesquisa e assimilação de conhecimentos técnicos. Esse tripé representa para o país um dos pilares do desenvolvimento econômico e social e a fim entender a realidade e a importância do ensino de qualidade para esta área, a análise está limitada ao curso de engenharia de produção (PINTO, 2008).

De acordo com Colenci (2000), a expressiva a efemeridade da tecnologia dificulta a sua implementação no meio educacional, que por diversos motivos não consegue acompanhar e absorver tudo de novo que surge. Mas mesmo diante desse impasse, a sociedade cobra um engenheiro com técnicas e métodos, apto a resolver novos e desafiadores problemas, que saiba liderar pessoas, tenha criatividade e flexibilidade.

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6 cada vez mais claramente que o ensino de massa não tem tido resultados satisfatórios. Carvalho (2003) apresenta um protótipo moderno e tecnológico que satisfaça as necessidades e dificuldades dos estudantes, deslocando o foco do ensinar para o aprender, para que a aprendizagem seja voltada para a nova realidade, buscando resolver os problemas existentes e propor mudanças que beneficiem os estudantes, num primeiro momento e a sociedade, em segundo.

Segundo Machado e Pinheiro (2009), o ensino da engenharia passa por modificações estruturais para se adequar às demandas da sociedade e as novas diretrizes trazem para a metodologia de ensino em engenharia um novo conceito que não se baseia mais somente em técnicas e teorias abstratas, mas também em aplicações práticas, formação humanística e cidadã, para que o perfil do engenheiro seja cada vez mais completo e flexível às mudanças.

2.2. Indicadores de desempenho dos cursos: taxa de evasão, retenção, reprovação, aprovação e ENADE

Existem vários estilos distintos de aprendizagem, já que cada indivíduo possui uma maneira de aprender e processar as informações ao seu redor (AMARAL, 2007). Portanto, conhecer os perfis de aprendizagem pode ser a porta de entrada para um ensino em engenharia de forma mais assertiva e moldar profissionais mais capacitados às exigências do mercado de trabalho. Segundo Belhot, Freitas e Dornelas (2005), uma utopia no ensino de engenharia seria um ensino individualizado, respeitando as diferenças e habilidades. Porém na impossibilidade disso ocorrer, uma análise do perfil dos alunos e aproveitamento de seus potenciais já fariam uma enorme diferença na formação e qualidade do egresso.

Um indicador importante da qualidade do curso é a taxa de evasão. Embora haja fatores exógenos e pessoais dos estudantes, sua análise é de extrema importância, pois a educação superior no Brasil tem um custo elevado - no percentual de recursos direcionados à educação de forma geral - (PEREIRA, 2003).

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7 e trazem diversos prejuízos à sociedade que, mesmo tendo investido, não verá o retorno desse investimento em forma de trabalho e contribuições; para a faculdade ofertante das vagas que ficarão ociosas e para o próprio estudante que demorará um tempo maior para conseguir o diploma de ensino superior (SILVA, 2016).

Rissi e Marcondes (2011) observam que, embora a procura pelo curso e a demanda pelo profissional esteja alta, há em muitos cursos uma elevada taxa de reprovação/retenção e em cursos com menos prestígio social e concorrência, como nas licenciaturas, a taxa de evasão está cada vez mais acentuada.

Segundo Pereira (2015), características pessoais e fatores anteriores ao ingresso, contexto familiar e financeiro, ambiente institucional e desempenho acadêmico do estudante, são os principais fatores que refletem nas taxas de reprovação/retenção. Já as principais causas da taxa de evasão estão ligadas à falta de maturidade, inadaptação do ingressante ao estilo do ensino superior, dificuldade financeira, decepção com a pouca motivação e atenção dos professores, mudança de curso (LOBO, 2012).

Conforme o censo do IBGE 2009, de 2008 para 2009, 896.455 estudantes abandonaram a universidade. Nas instituições públicas, o percentual dos alunos que se evadiram dos cursos foi de 10,5%, já nas particulares, o percentual sobe para 24,5%. Cada estudante custa por volta de R$ 15 mil ao ano na universidade pública e em média R$ 9 mil ao ano na instituição privada. As perdas financeiras do país com a evasão chegam a R$ 9 bilhões, sendo este considerado um problema crônico.

Soares (2006) recomenda que para minimizar esses índices, um passo importante seria o acompanhamento acadêmico obrigatório por parte dos docentes, a análise dos alunos em situação de vulnerabilidade acadêmica ou repetentes. Ter órgãos como o colegiado do curso e coordenadores atentos a vários indicadores para tentar reverter essas taxas e obter cada vez mais diplomados, que é o objetivo primordial da universidade.

Neste contexto é importante discorrer sobre a qualidade das intuições de ensino superior do Brasil, pois para o governo e muitos brasileiros o resultado do ENADE é sinônimo de

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8 qualidade (BERTOLIN e MARCON, 2014). Para esses autores, qualidade dos cursos e instituições está diretamente relacionada ao desempenho dos alunos, estrutura física da instituição, laboratórios e biblioteca.

Vasconcelos (2012) em sua defesa de mestrado explica como funciona esse atual método de avaliação. Em síntese, pode-se dizer que consiste nos seguintes componentes: avaliação institucional, avaliação de curso e avaliação do desempenho dos estudantes ingressantes e concluintes. Há dois métodos de avaliação: o in loco, isto é, visita no local e avaliação por meio de uma prova aplicada aos alunos ingressantes e formandos (ENADE). Assim, calcula-se a média ponderada dessas etapas e o resultado é a nota do curso.

Em relação ao exposto, nota-se que devem ocorrer mudanças na forma de ensino-aprendizagem de engenharia, almejando melhor aproveitamento dos alunos e maior empenho dos professores, objetivando formar profissionais qualificados e proporcionar crescimento econômico do país utilizando as ferramentas disponíveis.

3. Metodologia de pesquisa

Segundo Tanur apud Pinsonneault & Kraemer (1993), a pesquisa do tipo survey pode ser caracterizada como a obtenção de dados ou informações sobre características, ações ou opiniões de algum grupo de pessoas, representantes da população-alvo. A coleta de dados foi feita por meio de um questionário.

O método Survey se baseia em levantamento de dados e pode ser definido pela interrogação direta das pessoas por meio de questionários para se conhecer o perfil ou característica dessas. Ainda, pode-se caracterizá-lo como uma pesquisa de caráter descritivo e qualitativo. O público alvo deste estudo são os estudantes do curso de EP.

É importante destacar que esse método de pesquisa foi escolhido como o melhor caminho para se alcançar o objetivo, porque obtém, por meio das respostas, conhecimento direto da realidade e posteriormente os dados podem ser tabulados com auxílio de algum software,

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9 possibilitando a análise estatística. Dessa maneira, é possível que as interpretações se tornem livres do subjetivismo dos pesquisadores, além de conhecer a margem de erro dos resultados obtidos. Ademais, percebe-se que essa pesquisa pode apresentar dados distorcidos, já que algumas pessoas não são leais ao responder a um questionário, isso significa, de acordo com Gil (1999), que há uma grande diferença entre o que as pessoas fazem ou sentem e o que elas dizem a esse respeito.

Como parte integrante da disciplina de metodologia de pesquisa, os alunos do primeiro período do semestre 2016.2 foram divididos em nove grupos para aplicar um questionário pré-definido nos demais períodos. Vale ressaltar que o questionário também foi aplicado, posteriormente, na turma do primeiro período, para obter uma amostra mais realista. O universo amostral é de 182 alunos do curso de engenharia de produção de uma universidade federal mineira.

Conseguinte, os dados obtidos foram tabulados com o auxílio do software Excel e as conclusões a partir desse universo amostral são refletidas a todos os graduandos do curso.

4. Caso prático

4.1. Descrição do contexto da pesquisa

Em 22 de setembro de 2002 na cidade de João Monlevade, Minas Gerais a Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), inaugurou mais um campus. O qual é denominado Instituto de Ciências Exatas e Aplicadas (ICEA). O curso de Engenharia de Produção (EP) da UFOP/ICEA foi avaliado no ano de 2014 pelo MEC com nota igual a três, correspondente a 60% da nota máxima, que é de cinco.

Os alunos desse curso são beneficiados com 25 professores especialistas, mestres e doutores em áreas da EP. Vale destacar que há dois laboratórios especializados na área de Ergonomia e Pesquisa Operacional. Ademais, existe a Empresa Júnior, Inova.

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10 disciplinas do ciclo profissional, percebe-se um maior engajamento por parte dos alunos e maior índice de aprovações. Já as matérias do ciclo básico são consideradas críticas pelo alto índice de reprovações e pela retenção que elas causam no andamento do curso. Contratempos que também ocorrem são as vagas disponíveis para a realização dessas disciplinas no período subsequente, que pelo grande índice de reprovação se tornam limitadas.

Outra grande dificuldade é a intercalação dos turnos do curso de EP, pois se o aluno reprovou em uma matéria, só vai conseguir refazê-la no mesmo turno, um ano após a reprovação. Onerando para ambas as partes, sendo para o aluno a maior demora em se graduar e para a universidade que tem aumentada suas taxas de retenção e consequente maior gasto de recursos públicos.

A alta taxa de evasão observada nos primeiros períodos pode ser explicada por fatores inerentes à cidade de João Monlevade, fatores pessoais dos alunos e relacionados à UFOP, como dificuldade das matérias por metodologia de ensino não condizente e falta/demora da assistência estudantil.

Em termos de monitorias e tutorias de diversas matérias consideradas críticas, há uma boa oferta, monitores e tutores dedicados e empenhados em ensinar, porém os horários não são acessíveis para os estudantes do turno da noite.

4.2. Apresentação dos dados

Os itens avaliadores e os comentários referentes ao questionário serão apresentados em tabelas divididas desta forma: perfil do aluno, perfil do estudante (dedicação ao curso) e permanência na cidade (João Monlevade).

4.2.1. Perfil do aluno

A tabela 1 apresenta os resultados obtidos para o perfil do aluno. Foram avaliados diversos itens, com o intuito de entender sua realidade antes do ingresso no curso de EP.

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Fonte: As autoras

A partir das análises, percebe-se que aproximadamente 50% possui aptidão para a área de exatas, 60% dos alunos tiveram o curso e o campus de JM, como primeira opção no SISU. A grande maioria dos estudantes, 78% estão cursando EP como primeira graduação.

4.2.2. Perfil do estudante

A tabela 2 apresenta o perfil dos estudantes enquanto graduando de EP, seus hábitos de estudo, participação em projetos, principais dificuldades e satisfação com o curso.

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75% dos estudantes participam de monitorias e tutorias, poucos participam de projetos de pesquisa. Somente 35% são regulares no curso. 30% já pensaram, em algum momento, em desistir do curso.

4.2.3. Permanência

A tabela 3 apresenta a situação de permanência na cidade de João Monlevade, o tipo de moradia mais frequente, a influência dos colegas de casa no hábito de estudo, o nível de satisfação com a cidade e se foram ou não apoiados pela família na decisão de estudar na UFOP em João Monlevade.

Tabela 3 – Permanência

Item Avaliado Comentário

Moradia após ingressar UFOP

Quase 60% da amostra mora atualmente em moradia coletiva, principalmente em repúblicas. Grande parte dos estudantes do ICEA moravam em cidades distantes de João Monlevade, assim, a maioria não possui família nessa cidade, portanto optam por morar em repúblicas por diversas razões. Muitos preferem moradia coletiva para fazer amizade com mais pessoas em um curto período, conhecer locais e a própria dinâmica da cidade. Ademais o custo do aluguel é inferior, se comparado com outros tipos de moradas.

As pessoas com quem você mora têm o hábito de

estudo?

Os moradores da casa podem se auxiliar e/ou influenciar uns aos outros a estudar, participar das monitorias/tutoria quando tem dificuldades, caso tenham hábito de estudar. O contrário também acontece, isto é, quando se desestimulam a estudar. 73% dos alunos responderam que as pessoas com quem moram tem esse costume de estudar.

Nível de satisfação com a

cidade

João Monlevade é uma cidade de aproximadamente 74.000 mil habitantes de acordo com dados do censo IBGE de 2011, não possui muitos atrativos para os estudantes como shoppings e cinema, constantemente tem assaltos nas proximidades do campus, o policiamento na cidade não é vistoso, a segurança pública em si, deixa a desejar. Segue abaixo o nível de satisfação com a cidade: 32% baixo, 60% médio, 12% alto.

Apoio emocional e/ou financeiro

da família

Ao analisar as repostas 170 dos alunos assinalaram que a família deu apoio financeiro e emocional ao ingressar no ICEA, o restante, 12 alunos não tiveram apoio financeiro e ou emocional.

Fonte: As autoras

A maioria dos alunos, 60% dos alunos reside em moradias coletivas. 60% dos alunos responderam que o nível com a cidade de João Monlevade é médio. 93% dos alunos mencionaram ter apoio financeiro e emocional dos familiares na decisão de estudar em JM.

5. Resultados e conclusões

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16 UFOP-ICEA, conclui-se que a taxa de evasão tem um grau mais elevado nos períodos iniciais, devido a não adaptação ao ritmo do curso ou por ter conseguido aprovação em outro curso na edição seguinte do SISU. Mas ainda há muitos fatores que não podem ser qualificados por serem inerentes a cada aluno evadido e também por que o contato após o desligamento com a instituição torna-se inexistente.

Através da análise dos resultados dos questionários aplicados aos estudantes de EP, podemos conhecer o perfil dos mesmos, sua participação em monitorias e tutorias (que é mais intensa nas matérias críticas do ciclo básico), dificuldade nas disciplinas, dedicação aos estudos extraclasse que o tempo mais frequente foi o de 2-3h/semana, que numa primeira vista é insuficiente pela quantidade das disciplinas cursadas. O ideal seria 1h de estudo extraclasse para cada hora aula, aumentando de acordo com o grau de dificuldade da disciplina. Desses indicadores pode-se perceber que há uma falta de comprometimento do estudante com o curso e com sua própria formação.

A respeito do índice de reprovação, no curso de EP, ele é mais intenso nos períodos iniciais, nas matérias do ciclo básico, consideradas críticas (Prog1, cálculo 1, gaal, química, física 1 e 2) e mais suave nos períodos mais avançados e nas matérias do ciclo profissional. Os principais motivos constatados são a falta de didática do professor e método de avaliação ineficiente, e inerente aos estudantes, falta de conhecimento prévio para acompanhar a disciplina e falta de dedicação à disciplina.

Levando-se em conta o que foi observado, a taxa de retenção ocorre principalmente pela oferta das disciplinas serem em turnos alternados entre vespertino e noturno, restando ao reprovado cursar a matéria novamente um ano após, caso não possa em outro turno. Outra causa observada é a falta de vagas nas disciplinas práticas e críticas do ciclo básico.

As principais soluções encontradas para redução das taxas de reprovação e retenção, seriam implementar uma mudança na forma de distribuição dos pontos, sendo 40% destinados a trabalhos/listas de exercícios e 60% para provas. Com relação ao ensino, percebe-se que a didática dos professores não condiz com o estilo de aprendizagem da maioria dos estudantes e

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17 que existe um “gap” entre quem ensina e quem aprende e que uma maneira de tentar reduzir/anular esse “gap” seria aulas mais práticas e se houver possibilidade, mais visuais, como por exemplo, a utilização de modelos táteis de vetores/planos na disciplina de GAAL para reduzir o grau de abstração e melhorar a compreensão da mesma. Abertura e oferta de turmas extras nas disciplinas com maior demanda e nos dois turnos, para possibilitar uma maior adesão dos alunos que não podem mudar de turno.

Constata-se também a necessidade de um maior comprometimento do estudante com o curso, dedicando mais horas de estudo extraclasse às disciplinas de acordo com seu grau de dificuldade percebido, sendo variável caso a caso.

É imprescindível que todos os envolvidos se conscientizem da importância do comprometimento pessoal e coletivo para a construção de um curso com indicadores cada vez mais positivos, estudantes satisfeitos e egressos competentes e com a certeza que fizeram a escolha certa da profissão e da faculdade.

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Referências

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