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Mercados. informação global. Moçambique Ficha de Mercado

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Mercados

informação global

Moçambique

Ficha de Mercado

Agosto 2011

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Índice

1. País em Ficha 03

2. Economia 04

2.1. Situação Económica e Perspectivas 04

2.2. Comércio Internacional 07

2.3. Investimento Estrangeiro 10

2.4. Turismo 11

3. Relações Económicas com Portugal 12

3.1. Comércio 12

3.2. Serviços 15

3.3. Investimento 16

3.4. Turismo 18

4. Relações Internacionais e Regionais 18

5. Condições Legais de Acesso ao Mercado 20

5.1. Regime de Importação 20

5.2. Regime de Investimento Estrangeiro 23

5.3. Quadro Legal 26

6. Informações Úteis 30

7. Endereços Diversos 32

8. Fontes de Informação 35

8.1. Informação Online aicep Portugal Global 35

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1. País em Ficha

Área: 799 380 km2

População: 23,4 milhões de habitantes (estimativa 2010 - EIU) Densidade populacional: 29 hab./km2 (estimativa 2010 - EIU)

Designação oficial: República de Moçambique

Chefe do Estado e do Governo: Armando Emílio Guebuza (reeleito em Outubro de 2009) Primeiro-Ministro: Aires Bonifácio Ali

Data da actual Constituição: 30 de Novembro de 1990; foi alterada em 1996 e 2004 Principais Partidos Políticos: Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), no Governo;

Resistência Nacional de Moçambique (Renamo), principal partido da oposição; Movimento Democrático de Moçambique (MDM); Partido Humanitário de Moçambique (Pahumo). As últimas eleições legislativas e presidenciais realizaram-se em 28 de Outubro de 2009; as próximas eleições (presidenciais, legislativas e provinciais) deverão ter lugar, em simultâneo, no final de 2014

Capital: Maputo (1.888 mil habitantes, incluindo Matola e a Província de Maputo - World Gazetteer)

Outras cidades importantes: Nampula (535 mil); Beira (440 mil); Chimoio (259 mil); Nacala (221 mil); Quelimane (205 mil); Tete (170 mil) e Pemba (161 mil)

Religião: Cerca de 50% da população professa religiões tradicionais africanas. As outras religiões representadas são principalmente a cristã (sobretudo a católica), com cerca de 5 milhões de

aderentes, e a muçulmana, com 4 milhões

Língua: A língua oficial é o português, mas são falados diversos dialectos africanos (Makua-Lomwe, Tsonga e Sena-Nyanja)

Unidade monetária: Metical (MZN) 1 EUR = 39,79 MZN

(Banco de Portugal – final de Julho 2011)

Risco País: Risco geral - B (AAA = risco menor; D = risco maior) Risco Político - BB

(EIU – Julho 2011)

Risco de crédito: 6 (1 = risco menor; 7 = risco maior) (COSEC – Julho 2011)

Grau da abertura e dimensão relativa do mercado (2010): Exp. + Imp. / PIB = 75,3% Imp. / PIB = 43,2%

Imp. / Imp. Mundial = 0,03%

Fontes: The Economist Intelligence Unit (EIU) – Viewswire July 2011; Country Report July 2011 Organização Mundial de Comércio (OMC)

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2. Economia

2.1. Situação Económica e Perspectivas

Beneficiando de uma localização estratégica, Moçambique é considerado uma plataforma de entrada nos mercados do universo da SADC1 (Southern African Development Community), que agrega cerca de 250 milhões de consumidores. O país é encarado como um caso de sucesso entre as economias africanas e tem assumido um papel cada vez mais determinante no contexto da África Austral, atendendo, nomeadamente, ao seu potencial como fornecedor de energia para a região.

Moçambique dispõe de abundantes recursos naturais, entre os quais se destacam o potencial hidroeléctrico, reservas de gás natural, carvão e minerais (ouro, pedras preciosas, titânio e bauxite, entre outros). Possui ainda mais de 2.500 Km de costa com numerosos recursos pesqueiros que constituíam a principal fonte de exportação até ao desenvolvimento da indústria do alumínio.

A distribuição sectorial da economia moçambicana é relativamente diversificada. O sector agrícola tem um peso preponderante, contribuindo com 27,7% para o PIB em 2009 (é responsável por cerca de 80% do emprego) e poderá ver a sua importância reforçada a curto/médio prazo devido ao empenhamento das autoridades e ao seu enorme potencial de desenvolvimento. Seguem-se o comércio (16,1%), a indústria transformadora2 (14,2%), os transportes e comunicações (10,2%), as actividades imobiliárias (5,8%), a electricidade e água (4,7%) e as actividades financeiras (4,3%).

Com uma dependência ainda muito expressiva da ajuda internacional, através de apoio directo ao orçamento de Estado3 ou investimento em projectos específicos, Moçambique tem apresentado melhorias na qualidade de vida das populações e uma menor dependência da actividade económica relativamente ao sector público.

De salientar que ao longo dos últimos anos, a economia moçambicana tem revelado uma robustez digna de realce, com a manutenção de elevados índices de crescimento económico (taxa média anual de 8% entre 1996 e 2007, que compara com 5,5% em toda a região da África Subsaariana), sinalizando o ritmo de convergência do país em direcção a padrões de vida mais elevados4. Em 2008, e apesar dos efeitos da evolução em alta dos preços internacionais do petróleo e dos produtos alimentares, bem como do impacto da crise internacional, o crescimento do produto interno bruto (PIB) atingiu 6,7%. As repercussões da crise económica global conduziram a um abradamento económico em 2009, tendo-se verificado uma taxa de crescimento de 6,3%.

1

Constituída por 15 membros: África do Sul; Angola; Botswana; Ilhas Maurícias; Lesoto; Madagáscar; Malawi; Moçambique; Namíbia; República Democrática do Congo; Seicheles (que retomou a sua ligação); Suazilândia; Tanzânia; Zâmbia; e Zimbabwe.

2 Constituída sobretudo por metais não ferrosos (71,8%), alimentação e bebidas (7,6%) e petróleo/gás natural (6,1%).

3 Mais de metade do orçamento do país é financiado pelo G-19, como são conhecidos os 19 países e instituições internacionais

que apoiam Moçambique, de onde se destaca o Banco Mundial.

4

De uma forma geral, os indicadores de desenvolvimento melhoraram nos últimos anos (a taxa de pobreza caíu de 69% em 1997 para 45% em 2009), mas ainda continuam a existir desafios básicos, como a melhoria da qualidade dos serviços de educação e de saúde e a luta contra o HIV/SIDA.

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Segundo as estimativas da Economist Intelligence Unit (EIU), em 2010 ter-se-á registado uma recuperação da economia da ordem de 6,5%5, apoiada pelo investimento estrangeiro (destacando-se os mega-projectos de extracção de carvão de Moatize6 e de Benga e a construção do segundo pipeline para a África do Sul), pelo crescimento do sector agrícola (beneficiando de condições climatéricas favoráveis e da ênfase que tem sido dada ao investimento e à reorganização do sector) e pela ajuda financeira internacional (bilateral e multilateral).

Entretanto, o Governo continuou a implementar o Plano de Acção para a Redução da Pobreza Absoluta (PARPA) 2006-2010, centrado na melhoria das infra-estruturas do país. Não se antecipam alterações ao padrão de evolução da economia moçambicana ao longo dos próximos anos, sendo de prever que o ritmo de crescimento da actividade continue a ser bastante favorável, impulsionado pela entrada em funcionamento de diversos projectos, sobretudo nos sectores energético e exploração mineira, e por novos investimentos em infra-estruturas. Refira-se que a EIU projecta uma taxa de expansão da actividade económica de 7,3% em 2011 (7,5% em 2012), enquanto o FMI aponta para 7,5%. Por outro lado, o Orçamento do Estado para o corrente ano assume como pressuposto um crescimento do PIB de 7,2%.

De acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), o desempenho económico de Moçambique deverá suplantar o da região ao longo dos próximos anos, já que as previsões do crescimento económico do país, entre 2012 e 2015, apontam para valores da ordem de 8%, enquanto que a região deverá apresentar um crescimento médio em torno de 5,5%.

Em 2009, fruto da descida do preço das commodities, da queda da procura e dos subsídios aos preços dos combustíveis7, a taxa de inflação não foi além de 3%, a mais baixa da década. No entanto, o aumento dos preços das commodities, particularmente do petróleo, a depreciação cambial do metical face ao dólar norte-americano, ao rand sul-africano e ao euro, e a retirada de subsídios aos preços de alguns bens e serviços de primeira necessidade (pão, combustíveis, entre outros), provocaram nova pressão inflacionista, que se traduziu numa taxa de inflação de 13% em 2010. A reintrodução de alguns dos subsídios, a maior estabilidade cambial do metical e a previsão de uma evolução mais estável dos preços dos produtos energéticos e alimentares nos mercados internacionais, deixa antever uma desacelaração do índice de preços para o corrente ano (7,5% segundo a EIU e 8% de acordo com as autoridades locais), devendo chegar a valores da ordem de 5% em 2012.

O défice do sector público sofreu um agravamento nos últimos dois anos - atingindo 5,6% e 6,7% do PIB em 2009 e 2010, respectivamente - devido à adopção de uma política orçamental expansionista como forma de combater os efeitos da crise internacional e dinamizar a economia. O défice orçamental deverá registar uma redução em 2011 e 2012 (6% e 5% do PIB respectivamente), fruto de um aumento das

5

De acordo com o FMI, em 2010 o crescimento económico de Moçambique e da África Subsaariana terá sido de 6,6% e de 4,7%, respectivamente.

6

Com reservas superiores a 2,4 mil milhões de toneladas, representa a última grande reserva de carvão inexplorada do mundo.

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receitas do Estado (através do alargamento da base fiscal, da adopção de medidas que permitam uma maior eficiência da cobrança de impostos e do aumento do investimento) e de uma redução das despesas, particularmente dos empréstimos concedidos a empresas públicas.

Para materializar os objectivos constantes do Plano Económico e Social (PES) para 2011, a despesa pública deverá continuar a ser orientada para acções que promovam o crescimento económico, com incidência na área do desenvolvimento rural, combate à pobreza, provisão de serviços sociais básicos e infra-estruturas, criação de oportunidades de emprego e de um ambiente de negócios que permita atrair mais investimentos internos e externos. A política de reformas dará especial ênfase ao sistema tributário, à dinamização do sector privado, à gestão dos recursos naturais e à administração pública.

No que diz respeito à ajuda externa, é de salientar que o valor dos donativos deverá atingir 9,5% do PIB em 2011 (10,7% do PIB em 2010), dividindo-se entre donativos ao orçamento (3,1% do PIB), donativos para projectos de investimento (4,1%) e donativos para projectos especiais (2,3%). Segundo estimativas do FMI, os donativos deverão decrescer gradualmente até 2015, ano em que não deverão ultrapassar 8,3% do PIB.

Principais Indicadores Macroeconómicos

Unidade 2007 a

2008 a 2009 a 2010 b 2011 c 2012 c

População Milhões 21,8 22,3 22,9 23,4 23,9 24,5

PIB a preços de mercado 109 MZN 207,6 239,8 263,3 288,4 306,5 363,4 PIB a preços de mercado 109 USD 8,0 9,9 9,6 8,5 9,6 11,7

PIB per capita (em PPP) USD 789 842 888 933 992 1.070

Crescimento real do PIB % 7,3 6,7 6,3 6,5 7,3 7,5

Consumo privado Var. % 6,4 6,3 0,4 5,1 5,0 6,3

Consumo público Var. % 17,2 7,5 18,1 3,6 4,2 4,8

Formação bruta de capital fixo Var. % 5,8 11,3 51,0 15,0 15,0 12,0

Taxa de inflação (média) % 8,2 10,3 3,0 13,0a 7,5 5,0

Saldo do sector público % do PIB -2,9 -2,5 -5,6 -6,7 -6,0 -5,0 Balança corrente 106 USD -785 -1.179 -1.171 -1.210 -1.518 -1.392 Balança corrente % do PIB -9,9 -11,9 -12,3 -14,3 -15,8 -11,9

Dívida pública % do PIB 34,1 32,2 38,8b 47,5 47,8 45,3

Dívida externa 106 USD 2.966 3.450 4.169 4.893 5.486 5.599 Taxa de juro activa (média) % 19,5 18,3 15,7 16,3a 16,5 17,5 Taxa de câmbio – final do período 1USD=xMZN 23,80 25,50 29,20 32,60a 31,50 31,0 Taxa de câmbio - final do período 1EUR=xMZN 34,76 35,45 41,85 44,27a 41,58 37,82

Fonte: The Economist Intelligence Unit (EIU) Notas: (a) Valores actuais

(b) Estimativas (c) Previsões MZN – Metical

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2.2. Comércio Internacional

No que se refere às transacções comerciais, Moçambique assume um papel pouco relevante a nível mundial, ocupando, em 2010, a 117ª posição do ranking de exportadores e a 120ª enquanto importador.

A balança comercial é tradicionalmente deficitária, sendo esta a componente que mais pesa sobre o défice externo do país. Em termos anualizados, o défice comercial correspondeu a 11,2% do PIB em 2010, traduzindo-se numa redução face a 14,5% verificado no ano anterior.

Estima-se que as exportações tenham atingido cerca de USD 2,7 mil milhões em 2010 (+47% em relação ao ano anterior), beneficiando da tendência de crescimento de alguns produtos exportados, nomeadamente do alumínio (produto preponderante no conjunto de bens exportados por Moçambique), que beneficiou do aumento do preço nos mercados internacionais e do maior volume de produção da Mozal, do gás e da energia eléctrica, todos eles relacionados com os grandes projectos de investimento no país. Segundo as previsões da EIU, em 2011 as exportações deverão registar um crescimento da ordem dos 32%, em consequência, fundamentalmente, de uma recuperação dos preços das matérias-primas nos mercados internacionais, nomeadamente do alumínio, mas também das exportações tradicionais (algodão, açúcar, tabaco e castanha de caju) e do aumento das exportações de carvão, gás e energia eléctrica.

No que diz respeito às importações, que ascenderam a aproximadamente USD 3,7 mil milhões em 2010, verificou-se um aumento de 13,4% face a 2009, em linha com a subida dos preços das commodities e o início da construção de vários projectos no sector mineiro. As projecções da EIU para o corrente ano apontam para uma subida das importações da ordem de 30,5%, impulsionada pelo aumento dos preços do petróleo e pela procura resultante dos grandes projectos de investimento no sector mineiro e nas infra-estruturas.

Evolução da balança comercial

(106 USD) 2006 2007 2008 2009 2010 a

Exportação fob 2.381 2.412 2.653 1.853 2.723

Importação fob 2.649 2.811 3.643 3.243 3.677

Saldo -268 -399 -990 -1.391 -954

Coeficiente de cobertura (%) 89,9 85,8 72,8 57,1 74,1

Posição no “ranking” mundial

Como exportador 117ª 118ª 119ª 120ª 117ª

Como importador 120ª 127ª 126ª 122ª 120ª

Fontes: The Economist Intelligence Unit (EIU); Organização Mundial de Comércio (OMC) Nota: (a) Estimativas

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A África do Sul e os Países Baixos representam, tradicionalmente, os mais importantes parceiros comerciais de Moçambique, destacando-se o primeiro como principal fornecedor, enquanto o segundo se assume como principal cliente.

O elevado peso dos Países Baixos na estrutura das exportações moçambicanas (52,7% do total em 2010, segundo dados do International Trade Centre), deverá reflectir o chamado efeito Roterdão, porto onde desembarca uma parte considerável das mercadorias destinadas à União Europeia (UE). Por outro lado, a proximidade, o desenvolvimento do país e a posição dominante na Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC)8 explicam o facto da África do Sul ser também um importante cliente de Moçambique (20,8% em 2010).

De salientar que estes dois países representaram 73,5% das exportações totais de Moçambique em 2010 (63% no ano anterior). Portugal representou 4,8% no total das exportações moçambicanas ocupando a 3ª posição no ranking de clientes (8ª posição em 2008 e 2009). Outros clientes importantes são a China (3,5%), o Zimbabwe (3,2%) e a Espanha (1,4%).

Principais Clientes

2008 2009 2010 Mercado

Quota % Posição Quota % Posição Quota % Posição

Países Baixos 55,6 1ª 41,6 1ª 52,7 1ª África do Sul 10,0 2ª 21,4 2ª 20,8 2ª Portugal 1,0 8ª 1,5 8ª 4,8 3ª China 1,9 4ª 3,5 3ª 3,5 4ª Zimbabwe 3,1 3ª 3,4 4ª 3,2 5ª Espanha 1,9 5ª 1,5 9ª 1,4 6ª

Fonte: ITC – International Trade Centre

A África do Sul e os Países Baixos constituem os principais fornecedores de Moçambique, tendo representado, respectivamente, 34,4% e 18% do total das importações em 2010. No mesmo ano, seguiram-se a Índia (6,5%), Portugal (4,3%), a China (3,6%) e o Japão (3,5%).

De salientar que Portugal tem vindo a ganhar quota de mercado enquanto fornecedor, tendo passado de 2,9% das importações moçambicanas em 2008 (8ª posição no ranking) para 4,3% em 2010 (4ª posição).

8

Entrou em vigor, em 1 de Janeiro de 2008 a Zona de Comércio Livre, que engloba 15 países da região, que eliminaram as tarifas aduaneiras e outras barreiras não aduaneiras no comércio entre si, mantendo cada um dos estados-membros tarifas próprias relativamente a outros países.

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Principais Fornecedores

2008 2009 2010 Mercado

Quota % Posição Quota % Posição Quota % Posição

África do Sul 29,1 1ª 35,4 1ª 34,4 1 1ª Países Baixos 17,4 2ª 13,0 2ª 18,0 2ª Índia 3,6 6ª 6,5 3ª 5,7 3ª Portugal 2,9 8ª 3,8 5ª 4,3 4ª China 3,9 5ª 4,6 4ª 3,6 1 5ª Japão 3,2 7ª 3,8 6ª 3,5 6ª

Fonte: ITC – International Trade Centre

Nota: Valores reportados pelos parceiros comerciais (mirror statistics)

Se até ao início da última década os produtos agrícolas e da pesca dominavam as exportações moçambicanas, a partir de 2001 assistiu-se a uma substancial alteração do seu perfil e a um assinalável crescimento do valor exportado. De acordo com os dados oficiais moçambicanos, as exportações duplicaram de 2000 para 2001, com os mega-projectos (Mozal, Sasol e Cahora-Bassa) a contribuir com 65% para esse aumento.

Em 2010, as principais exportações moçambicanas foram constituídas pelo alumínio9 (51,7% do total) e por combustíveis (20%) que, em conjunto, representaram perto de 72% dos produtos vendidos ao exterior. Os grandes projectos foram responsáveis pela maior parte das exportações totais.

Por outro lado, as importações moçambicanas são constituídas fundamentalmente por combustíveis (20% em 2010), máquinas e aparelhos (14,4%), veículos automóveis (10,3%) e cereais (4,2%). Os produtos relacionados com os mega-projectos representam uma componente considerável das importações totais (20% em 2009).

Principais Produtos Transaccionados – 2010

Exportações Peso

% Importações*

Peso

%

76-Alumínio e suas obras 51,7 27-Combustíveis e óleos minerais 20,0 27-Combustíveis e óleos minerais 20,0 99-Códigos especiais de classificação 17,3 24-Tabaco e seus sucedâneos manufacturados 6,4 87-Veículos automóveis e partes 10,3 99-Códigos especiais de classificação 3,7 84-Máquinas e aparelhos mecânicos 10,1 03-Peixes, crustáceos e moluscos 2,5 85-Máquinas, apar. e materiais eléctricos 4,3

44-Madeira e carvão vegetal 2,5 10-Cereais 4,2

Fonte: ITC – International Trade Centre

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A produção de alumínio, fruto de um importante investimento australiano e sul-africano, coloca Moçambique entre os maiores exportadores mundiais deste produto.

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2.3. Investimento Estrangeiro

O investimento directo estrangeiro (IDE) tem vindo a desempenhar um papel cada vez mais importante na economia moçambicana. De acordo com o World Investment Report publicado pela UNCTAD em 2011, Moçambique recebeu valores significativos de investimento directo estrangeiro (IDE) ao longo da última década, particularmente nos anos mais recentes. Em 2010 as entradas de IDE alcançaram 789 milhões de USD (-12% relativamente ao ano anterior), posicionando o país em 94º lugar do ranking mundial enquanto receptor de IDE.

Estes fluxos têm-se destinado maioritariamente aos designados mega-projectos10 (a fundição de alumínio Mozal, o gás natural da Sazol, Areias pesadas de Moma, Areias pesadas de Chibuto, carvão de Moatize e de Benga e Hidroeléctrica de Cahora-Bassa), mas nos últimos anos têm ganho expressão as entradas de capital com destino a outros sectores, nomeadamente agricultura e agro-indústria, construção e materiais de construção, transportes e comunicações, pescas e aquacultura, banca, turismo e hotelaria, entre outros.

Investimento Directo

(106 USD) 2006 2007 2008 2009 2010

Investimento estrangeiro em Moçambique 154 427 592 893 789

Investimento de Moçambique no estrangeiro 0 0 0 -3 1

Posição no “ranking” mundial

Como receptor 139ª 120ª 116ª 88ª 94ª Como emissor 130ª 168ª 166ª 164ª 132ª

Fonte: UN Conference on Trade and Development (UNCTAD)

De acordo com os dados publicados pelo Banco de Moçambique, em 2009 o Brasil foi o país de origem da maioria do investimento estrangeiro (43%), seguido das Maurícias (22%), Portugal (11%), Suíça (5%), África do Sul (5%) e Irlanda (4%).

Um estudo da responsabilidade do Banco Mundial e da International Finance Corporation (IFC) indica que Moçambique progrediu quatro posições no índice Doing Business de 2011, situando-se actualmente em 126º lugar (130º em 2010) entre 183 países acompanhados, o que coloca Moçambique como o melhor país lusófono para fazer negócios, a seguir a Portugal (31º). Os progressos alcançados na facilidade de abertura de um negócio, designadamente o menor número de procedimentos e tempo necessário e a eliminação de capital mínimo para abertura de uma empresa, justificam esta melhoria. Porém, a rigidez das leis laborais e o código de uso da terra, impõem ainda grandes constrangimentos.

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Projectos que envolvem investimento superior a 500 milhões USD, intensivos em capital e geralmente concentrados em áreas energéticas e de mineração.

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A atracção dos investidores estrangeiros por Moçambique deve-se sobretudo às riquezas existentes em recursos naturais (energia e minérios), à política de incentivos ao investimento e à existência de numerosas oportunidades decorrentes do clima de estabilidade e crescimento sustentável em que vive o país, após duas décadas de guerra e instabilidade. De salientar que, sendo Moçambique um exemplo bem sucedido de estabilização política e social no período pós guerra, continuará a beneficiar de apoio externo através de donativos internacionais, o que se traduz num garante de estabilidade para os investidores.

2.4. Turismo

O turismo em Moçambique está a assumir gradualmente o seu potencial na economia nacional, fruto do crescimento dos investimentos ao longo dos últimos anos e dos serviços inerentes ao turismo. O país tem vindo a apostar num turismo sobretudo voltado para a biodiversidade e projectos de conservação da natureza e para o desenvolvimento económico sustentável.

O Plano Estratégico para o Desenvolvimento do Turismo 2004-2013 e a publicação da Lei do Turismo – dois instrumentos fundamentais para o estabelecimento das bases da política e da estratégia do turismo no país – vêm confirmar a importância atribuída pelo Governo moçambicano a esta actividade.

Através dos chamados “projectos âncora” estão previstos importantes investimentos no sector. Estes projectos têm como objectivo estimular o crescimento e investimento no sector do turismo, nomeadamente no Inhassoro (província de Inhambane), reserva de Gilé (província da Zambézia), Ilhas Epidendron e Casuarina (província da Zambézia), Ilhas Crusse e Jamali (província de Nampula) e Reserva Especial de Maputo (província de Maputo).

A localização geográfica e a beleza natural do país colocam-no numa situação privilegiada e competitiva no mercado turístico africano. No entanto, o pleno desenvolvimento deste sector enfrenta alguns entraves, designadamente a deficiência ao nível de infra-estruturas de transportes, sanitárias e abastecimento de água, para além dos elevados preços das viagens, tornando o país pouco acessível aos mercados da Europa e do Ocidente.

Indicadores do Turismo 2005 2006 2007 2008 2009 Visitantesa (103) 954 1.095 1.259 2.617 3.110 Turistas (103) 578 664 771 1.815 2.224 Dormidasb (103) 389 518 479 456 424 Receitasc (106 USD) 130 140 163 190 196

Fonte: World Tourism Organization (UNWTO)

Notas: (a) Chegadas de visitantes não residentes (inclui turistas + excursionistas) (b) Inclui apenas o número de dormidas na hotelaria global

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Como se pode observar pelos dados disponibilizados pela World Tourism Organization, em 2009 Moçambique recebeu 2.224 mil turistas, o que correspondeu a um crescimento de 12,3% relativamente a 2008, sendo que cerca de 82% do total são oriundos do Continente Africano (destacando-se a África do Sul e o Zimbabwe como principais países emissores) e 6% da Europa (particularmente de Portugal e do Reino Unido).

No mesmo ano, as receitas geradas pela actividade turística atingiram USD 196 milhões, traduzindo-se num aumento de 3,2% face a 2008.

3. Relações Económicas com Portugal

3.1. Comércio

Moçambique tem vindo a assumir uma maior relevância enquanto cliente de Portugal tendo ocupado, em 2010, a 28ª posição no ranking (com uma quota de 0,41% das exportações portuguesas), quando em anos recentes (2006 a 2008) se situava no 35º lugar. Como fornecedor o seu posicionamento é pouco relevante, não indo além do 66º lugar no último ano (0,05% das importações), o mesmo que ocupava em 2006.

No contexto dos países africanos de língua oficial portuguesa, Moçambique surge, em 2010, como 3º cliente, a seguir a Angola e a Cabo Verde e como 2º fornecedor, depois de Angola.

De acordo com dados do International Trade Center (ITC), a quota de mercado de Portugal no contexto das importações moçambicanas, fixou-se em 4,3% em 2010 (a mais elevada dos últimos anos), posicionando-se no 4º lugar enquanto fornecedor. Por outro lado, Portugal representou 4,8% no total das exportações moçambicanas, ocupando a 3ª posição no ranking de clientes.

Importância de Moçambique nos Fluxos Comerciais de Portugal

2006 2007 2008 2009 2010 Posição 35ª 35ª 35ª 27ª 28ª Como cliente % Saídas 0,21 0,23 0,24 0,38 0,41 Posição 66ª 71ª 63ª 59ª 66ª Como fornecedor % Chegadas 0,05 0,04 0,05 0,08 0,05

Fonte: INE – Instituto Nacional de Estatística

Nota: Os termos Saídas e Entradas correspondem aos agregados (Expedições+Exportações) e (Chegadas+Importações), cujas designações se referem às trocas comerciais IntraUE e ExtraUE, respectivamente.

As transacções comerciais entre os dois países têm vindo a crescer ao longo dos anos mais recentes, graças sobretudo ao bom desempenho das exportações portuguesas, que aumentaram a uma taxa média anual de 20,1%, entre 2006 e 2010, enquanto que as importações cresceram a uma média anual de 4% no mesmo período.

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No último ano, e à semelhança dos anos anteriores, continuou a registar-se uma tendência de crescimento das exportações portuguesas para o mercado moçambicano, tendo atingido cerca de 160 milhões de euros (+29% face a 2009), verificando-se, por outro lado, uma acentuada diminuição das importações (-32%), que não foram além de 29,2 milhões de euros.

No primeiro semestre de 2011, o montante das exportações portuguesas para Moçambique teve um aumento de 55,9% em termos homólogos e as importações registaram um acréscimo de 17,8%.

Evolução da Balança Comercial Bilateral

(103 EUR) 2006 2007 2008 2009 2010 Var.a 2010 Jan/Jun 2011 Jan/Jun Var.b 10/11 Exportações 73.720 89.408 92.358 120.883 150.939 20,1 66.519 103.678 55,9 Importações 28.685 25.641 33.687 42.800 29.184 4,0 5.278 6.217 17,8 Saldo 45.035 63.767 58.671 78.083 121.755 -- 61.241 97.461 -- Coef. de Cobertura (%) 257,0% 348,7% 274,2% 282,4% 517,2% -- 1260,3% 1667,6% --

Fonte: INE - Instituto Nacional de Estatística

Notas: (a) Média aritmética das taxas de crescimento anuais no período 2006-2010 (b) Taxa de variação homóloga 2010-2011

2006 a 2009 - resultados definitivos; 2010 e 2011 - resultados preliminares

De um padrão de especialização sectorial das exportações assente, principalmente, em produtos industriais transformados (cerca de 98%), o grupo das máquinas e aparelhos tem sido dominante nas exportações portuguesas para Moçambique (33% do total em 2010) e registou, no último ano, um crescimento de 41% face a 2009. O grupo dos metais comuns ocupa a segunda posição no ranking das exportações (11% do total em 2010), seguindo-se as pastas celulósicas e papel (onde se incluem os livros como principal produto), os produtos alimentares, os produtos químicos e os plásticos e borracha. O conjunto formado pelos seis principais grupos de produtos representa 74,4% das exportações para Moçambique.

À excepção dos produtos alimentares, todos os restantes principais grupos de produtos registaram aumentos assinaláveis no último ano relativamente a 2009, com particular destaque para as exportações de metais comuns (+97,6%), máquinas e aparelhos (+41,4%), plásticos e borracha (+30,3%) e produtos químicos (+20,4%),

Dados relativos a 2010 indicam que 37,4% das exportações para Moçambique de produtos industriais transformados incidiram em produtos classificados como de média-alta tecnologia. Seguiram-se os produtos de baixa intensidade tecnológica (28,3%), de média-baixa tecnologia (21,3%) e de alta intensidade tecnológica (12,9%).

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Exportações por Grupos de Produtos (103 EUR) 2006 % Total 2006 2009 % Total 2009 2010 % Total 2010 Var. % 09/10 Máquinas e aparelhos 20.488 27,8 35.245 29,2 49.828 33,0 41,4 Metais comuns 8.136 11,0 8.544 7,1 16.883 11,2 97,6

Pastas celulósicas e papel 8.698 11,8 12.775 10,6 13.481 8,9 5,5 Produtos alimentares 7.272 9,9 13.784 11,4 13.103 8,7 -4,9 Produtos químicos 7.049 9,6 8.926 7,4 10.748 7,1 20,4 Plásticos e borracha 3.565 4,8 6.409 5,3 8.351 5,5 30,3 Minerais e minérios 2.273 3,1 3.777 3,1 6.037 4,0 59,8 Instrumentos de óptica e precisão 1.361 1,8 4.038 3,3 5.727 3,8 41,8 Veículos e outro mat. transporte 3.232 4,4 9.533 7,9 5.017 3,3 -47,4 Produtos agrícolas 2.869 3,9 4.010 3,3 4.885 3,2 21,8 Combustíveis minerais 1.464 2,0 2.062 1,7 2.098 1,4 1,8 Matérias têxteis 873 1,2 1.350 1,1 1.711 1,1 26,7 Vestuário 1.151 1,6 1.553 1,3 1.378 0,9 -11,3 Madeira e cortiça 487 0,7 418 0,3 997 0,7 138,5 Calçado 679 0,9 1.033 0,9 834 0,6 -19,3 Peles e couros 317 0,4 350 0,3 310 0,2 -11,6 Outros produtos 3.362 4,6 5.916 4,9 7.850 5,2 32,7 Valores confidenciais 444 0,6 1.160 1,0 1.703 1,1 46,8 TOTAL 73.720 100,0 120.883 100,0 150.939 100,0 24,9

Fonte: INE – Instituto Nacional de Estatística

As importações originárias de Moçambique são claramente mais concentradas do que as exportações portuguesas para o mercado, com os grupos dos produtos alimentares e agrícolas a representarem, em conjunto, cerca de 92% do total importado em 2010 (97% no ano anterior). Estes dois grupos trocaram de posição entre si nos últimos anos e têm apresentado tendências de evolução diferentes, com os produtos alimentares a crescer de forma acentuada até 2009 (sofreram uma forte queda em 2010) e os agrícolas a registar uma diminuição brusca em 2008, tendo-se verificado uma recuperação nos anos seguintes.

Numa análise mais detalhada, verifica-se que os principais produtos importados, em 2010, foram os seguintes: açúcares (53,6%), crustáceos (36,7%) e alumínio em formas brutas (4,8%).

Cerca de 94% das importações portuguesas de produtos industriais transformados provenientes de Moçambique (que representam 97% das importações totais) corresponde a produtos de baixa intensidade tecnológica.

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Importações por Grupos de Produtos (103 EUR) 2006 % Total 06 2009 % Total 09 2010 % Total 10 Var. % 09/10 Produtos alimentares 3.639 12,7 30.831 72,0 15.640 53,6 -49,3 Produtos agrícolas 18.604 64,9 10.560 24,7 11.129 38,1 5,4 Metais comuns 32 0,1 89 0,2 1.398 4,8 § Matérias têxteis 4.299 15,0 852 2,0 340 1,2 -60,1 Máquinas e aparelhos 110 0,4 144 0,3 300 1,0 108,9 Madeira e cortiça 355 1,2 52 0,1 86 0,3 66,3 Produtos químicos 35 0,1 1 0,0 61 0,2 § Minerais e minérios 15 0,1 22 0,1 49 0,2 126,4 Peles e couros 152 0,5 110 0,3 42 0,1 -62,2

Instrumentos de óptica e precisão 5 0,0 18 0,0 40 0,1 124,8

Vestuário 5 0,0 21 0,0 29 0,1 40,7

Plásticos e borracha 15 0,1 36 0,1 12 0,0 -67,3

Calçado 0 0,0 4 0,0 6 0,0 52,9

Combustíveis minerais 0 0,0 0 0,0 3 0,0 §

Pastas celulósicas e papel 3 0,0 2 0,0 2 0,0 11,0

Veículos e outro mat. transporte 0 0,0 0 0,0 0 0,0 -45,8

Outros produtos 1.415 4,9 59 0,1 47 0,2 -21,4

Valores confidenciais 0 0,0 0 0,0 0 0,0 §

TOTAL 28.685 100,0 42.800 100,0 29.184 100,0 -31,8

Fonte: INE – Instituto Nacional de Estatística

Nota: § - Coeficiente de variação >= 1000% ou valor zero no período anterior

De acordo com os dados do INE, o número de empresas portuguesas que têm exportado produtos para Moçambique tem vindo a aumentar de forma contínua, passando de 1.151 em 2006 para 1.520 em 2010. Pelo contrário, o número de empresas portuguesas que adquiriram produtos no mercado moçambicano desceu de 115 em 2006 para 66 em 2010.

3.2. Serviços

No âmbito dos serviços, e segundo dados do Banco de Portugal, constata-se que Moçambique é mais importante como cliente do que como fornecedor de Portugal. Apesar dos seus valores apresentarem uma tendência geral de crescimento ao longo dos últimos anos (a média anual de crescimento das exportações e importações, no período 2006-2010, foi de 16,7% e 8,7%, respectivamente), as trocas de serviços entre os dois países não assumem uma importância relevante, já que correspondem a quotas que se têm situado em torno de 0,2% e 0,3%, qualquer que seja o fluxo considerado.

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Importância de Moçambique nos Fluxos do Comércio de Serviços de Portugal 2006 2007 2008 2009 2010 Posiçãoa 25ª 26ª 25ª 25ª 25ª Como cliente % Expor.b 0,24 0,25 0,25 0,26 0,35 Posiçãoa 30ª 33ª 33ª 32ª 29ª Como fornecedor % Impor.b 0,21 0,21 0,22 0,22 0,26

Fonte: INE – Instituto Nacional de Estatística Notas: (a) – Posição num conjunto de 55 mercados

(b) Quota do mercado nas exportações e importações totais de Portugal

Tal como acontece no comércio de mercadorias, na área dos serviços a balança bilateral também tem registado saldos amplamente favoráveis a Portugal. Entre 2006 e 2010, o excedente aumentou 130%, tendo atingido 33,8 milhões de euros no último ano, contra 14,7 milhões em 2006.

Balança de Serviços Bilateral

(103 EUR) 2006 2007 2008 2009 2010 Var. % a 06/10 Exportações 35.175 43.042 45.517 42.876 61.962 16,7 Importações 20.500 22.011 24.325 23.095 28.153 8,7 Saldo 14.675 21.031 21.192 19.781 33.809 -- Coef. Cobertura (%) 171,6% 195,5% 187,1% 185,7% 220,1% --

Fonte: Banco de Portugal

Nota: (a) Média aritmética das taxas de crescimento anuais no período 2006-2010

Em termos da estrutura das exportações portuguesas de serviços para Moçambique, os transportes constituem a componente mais representativa, seguindo-se as viagens e turismo e os serviços financeiros.

No que se refere às importações, as viagens e turismo e os transportes são claramente dominantes, com as operações governamentais a ocuparem tradicionalmente a terceira posição.

3.3. Investimento

Segundo dados do Banco de Portugal, apuramos que o investimento português em Moçambique é muito superior ao investimento moçambicano em Portugal. Em 2010, Moçambique situou-se no 17º lugar da tabela dos destinos do investimento português no exterior (10º lugar no ano anterior), com uma quota de 0,8% do total, enquanto que na qualidade de emissor de investimento para o nosso país a sua posição tem sido pouco relevante (35ª em 2010).

No período entre 2006 e 2010, o valor médio anual do investimento directo português em Moçambique ascendeu a 89 milhões de euros, enquanto que o desinvestimento se elevou a cerca de 50 milhões de

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euros. No último ano, o investimento português não foi além de 45,9 milhões de euros, o que representou um decréscimo de 71,6% relativamente a 2009.

Evolução do Investimento Directo de Portugal em Moçambique

(103 EUR) 2006 2007 2008 2009 2010 Var. % c 06/10 Investimento 40.591 113.243 83.445 161.805 45.903 43,7 Desinvestimento 31.498 32.610 38.832 116.347 30.993 37,2 Líquido.ª 9.093 80.633 44.613 45.458 14.910 -- % do IDPE Totala 0,41 0,76 0,73 2,08 0,80 -- Posição ab 18ª 13ª 15ª 10ª 17ª --

Fonte: Banco de Portugal Notas: (a) Com base no IDPE bruto

(b) Posição de Moçambique enquanto destino do IDPE total de Portugal, num conjunto de 55 mercados (c) Média aritmética das taxas de crescimento anuais no período 2006-2010

Embora Moçambique não se encontre entre os principais destinos do investimento português no exterior, verifica-se um elevado número de empresas portuguesas instaladas no mercado. A importância da presença portuguesa pode ser avaliada pelo facto de 28 das 100 maiores empresas moçambicanas terem capital português. As principais aplicações do investimento português ao longo dos últimos anos têm recaído nas actividades financeiras e no sector da construção.

Segundo as autoridades locais, Moçambique oferece oportunidades em diversas áreas, mas necessita sobretudo de investimentos nos sectores ligados ao desenvolvimento das infra-estruturas - cimento, materiais de construção e produtos em aço -, têxtil e transformação de produtos agrícolas.

Relativamente ao investimento directo moçambicano em Portugal, registou-se uma evolução muito irregular ao longo dos últimos cinco anos, tendo atingido um valor médio anual da ordem dos 1.036,6 mil euros. Os montantes de desinvestimento foram mais elevados, alcançando 1.156,6 mil euros (média anual).

Evolução do Investimento Directo de Moçambique em Portugal

(103 EUR) 2006 2007 2008 2009 2010 Var. % c 06/10 Investimento 1.895 175 23 1.564 1.526 1.630,0 Desinvestimento 609 85 2.765 204 2.120 978,4 Líquido.ª 1.286 90 -2.742 1.360 -594 -- % do IDE Totala 0,01 0,00 0,00 0,00 0,00 -- Posição ab 30ª 44ª 48ª 30ª 35ª --

Fonte: Banco de Portugal Notas: (a) Com base no IDE bruto

(b) Posição de Moçambique enquanto origem do IDE bruto total em Portugal, num conjunto de 55 mercados (c) Média aritmética das taxas de crescimento anuais no período 2006-2010

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3.4. Turismo

Segundo os dados disponibilizados pelo Banco de Portugal referentes às receitas geradas na hotelaria global por turistas moçambicanos (o único indicador disponível) verifica-se um crescimento médio anual de 8,4% no período entre 2006 e 2010. Neste contexto, Moçambique ocupou, no último ano, a 29ª posição no ranking das receitas provenientes dos países emissores de turistas para Portugal, com uma quota de 0,1%.

Turismo de Moçambique em Portugal

2006 2007 2008 2009 2010 Var.a

Receitasb (103 EUR) 7.141 7.835 8.938 8.833 9.809 8,4

% totalc 0,11 0,11 0,12 0,13 0,13 --

Posiçãod 31ª 32ª 32ª 30ª 29ª --

Fonte: Banco de Portugal

Notas: (a) Média aritmética das taxas de crescimento anuais no período 2006-2010 (b) Inclui apenas a hotelaria global

(c) Refere-se ao total de estrangeiros (d) Num conjunto de 55 mercados

4. Relações Internacionais e Regionais

A República de Moçambique é membro da União Africana (UA), do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), do Banco Islâmico de Desenvolvimento, da Câmara de Comércio Internacional (CCI) e da Organização das Nações Unidas (ONU) e seus organismos especializados, destacando-se, entre eles, o Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD). Integra a Organização Mundial do Comércio (OMC) desde 26 de Agosto de 1995 e foi admitido como membro de pleno direito da Commonwealth em Novembro de 1995.

A nível regional, Moçambique faz parte da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (mais conhecida pela sigla em inglês - SADC - Southern African Development Community) e da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

A SADC (instituída inicialmente como “Conferência de Coordenação para o Desenvolvimento da África Austral - SADCC”, em 1 de Abril de 1980) foi criada em 17 de Julho de 1992, com a assinatura do Tratado de Windhoek, e consiste numa organização sub-regional de integração económica dos países da África Austral. Actualmente, fazem parte da SADC (http://www.sadc.int/) 15 membros: África do Sul; Angola; Botswana; Ilhas Maurícias; Lesoto; Madagáscar; Malawi; Moçambique; Namíbia; República Democrática do Congo; Seicheles (que retomou a sua ligação); Suazilândia; Tanzânia; Zâmbia; e Zimbabwe.

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Entre os principais objectivos encontram-se a promoção do crescimento económico e o desenvolvimento sócio-económico sustentável e equitativo que garantam o alívio da pobreza, com o objectivo final da sua erradicação, melhorar o padrão e a qualidade de vida dos povos da África Austral e apoiar os socialmente desfavorecidos, através da integração regional.

A nível comercial foi criada uma Zona de Comércio Livre em Setembro de 2000 (presentemente já existe uma redução de 85% das tarifas aduaneiras internas), estando em preparação a concretização de uma União Aduaneira, um mercado Comum e uma União Monetária, segundo o modelo da União Europeia (UE). A SADC surge como um dos projectos de integração económica mais sólidos do continente africano.

Por sua vez, a CPLP (http://www.cplp.org/) apresenta como objectivos gerais a concertação político-diplomática em matéria de relações internacionais, nomeadamente na defesa e promoção de interesses comuns ou questões específicas, a cooperação, particularmente nos domínios económico, social, cultural, jurídico e técnico-científico, e a materialização de projectos de promoção e difusão da língua portuguesa. Aderiram a esta comunidade os seguintes países: Angola; Brasil; Cabo Verde; Guiné-Bissau; Moçambique; Portugal; São Tomé e Príncipe; e Timor-Leste.

Ao nível das relações com a UE, foi assinado, a 13 de Junho de 2000, o Acordo Cotonou, o qual entrou em vigor a 1 de Abril de 2003, e que vem substituir as Convenções de Lomé que durante décadas enquadraram as relações de cooperação entre os Estados-membros da UE e os países de África, Caraíbas e Pacífico (ACP).

Com um período de vigência de 20 anos, este Acordo estabelece um novo quadro jurídico regulador da cooperação entre as partes, cujo principal objectivo consiste na redução da pobreza e, a longo prazo, a sua erradicação, o desenvolvimento sustentável e a integração progressiva e faseada dos países ACP (atendendo às especificidades de cada um) na economia mundial. Moçambique ratificou o Acordo em 12 de Dezembro de 2001.

No âmbito da parceria UE/Países ACP as partes acordaram em concluir novos convénios comerciais compatíveis com as regras da OMC (Acordos de Parceria Económica - APE) eliminando progressivamente os obstáculos às trocas comerciais e reforçando a cooperação em domínios conexos como a normalização, a certificação e o controlo da qualidade, a política da concorrência, a política do consumidor, entre outros.

Os novos regimes comerciais deviam ser introduzidos de forma gradual e pragmática, tendo sido necessário estabelecer um período preparatório (temporário) que terminou em 31 de Dezembro de 2007. Dadas as dificuldades que acompanharam o processo de negociação entre as partes (apenas alguns Acordos transitórios foram assinados) houve necessidade de continuar o diálogo com vista a alcançar uma maior abertura no futuro.

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Actualmente, a UE e quatro (4) dos oito (8) Estados do APE SADC (Botswana, Lesoto, Moçambique e Suazilândia) já assinaram o Acordo de Parceria Económica interino (Junho-Julho de 2009), que assegura o acesso das mercadorias originárias destes países africanos ao mercado comunitário até que se alcance um memorando definitivo entre a África Austral e a UE. A Namíbia reiniciou negociações sobre várias matérias e a Tanzânia abandonou o grupo SADC para continuar as negociações com vista à celebração de Acordo APE no grupo sudeste africano (ESA - East and Southern Africa). Finalmente, aguarda-se que Angola e a África do Sul assinem o referido Acordo interino.

Os interessados podem consultar informação sobre o Acordo Cotonou no Portal Europa, em:

http://europa.eu/legislation_summaries/development/african_caribbean_pacific_states/r12101_pt.htm e

sobre a evolução das negociações entre a UE e a SADC, com vista à celebração do respectivo APE, na página ACP-EU Trade: http://www.acp-eu-trade.org/index.php?loc=epa/ (seleccionar, na coluna do lado esquerdo, o capítulo SADC).

No que respeita ao relacionamento bilateral entre a União Europeia e Moçambique o Site da Comissão Europeia, no tema European External Action Service, disponibiliza informação actualizada –

http://eeas.europa.eu/mozambique/index_en.htm.

De referir, ainda, a estratégia de cooperação UE/Moçambique para 2008-2013, assinada em Dezembro de 2007, que apresenta as seguintes prioridades: apoiar as reformas macroeconómicas em curso; promover as infra-estruturas de transporte e a integração económica regional; e incentivar o desenvolvimento rural e agrícola.

5. Condições Legais de Acesso ao Mercado

5.1. Regime de Importação

Nos últimos anos o Governo moçambicano tem adoptado medidas legislativas com vista à simplificação de todo o processo burocrático inerente às operações de comércio externo, nomeadamente a abolição do regime de licenciamento das exportações.

Em sua substituição, foi introduzido o Documento Único (DU), que constitui, desde 1 de Dezembro de 1998, a fórmula de despacho alfandegário de todas as mercadorias que entram ou saem de Moçambique, independentemente do regime aduaneiro que lhes é aplicável.

Alguns dos produtos exportados para este mercado estão sujeitos a “Inspecção de Pré- -Embarque”, procedimento a realizar pela empresa Intertek Group, para verificação do preço, classificação pautal e respectivos direitos aduaneiros.

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De acordo com a Ordem de Serviço n.º 43/GD/DGA/2006, em vigor a 1 de Julho de 2006, foi actualizada a lista de mercadorias sujeitas a Inspecção de Pré-Embarque de mercadorias (aprovada pelo Diploma Ministerial n.º 19/2003, de 19 de Fevereiro). Assim, os produtos abrangidos por esta medida são:

• Carnes, das posições pautais 0207.12, 0207.14, 0207.25, 0207.27, 0207.33, 0207.36; • Farinhas, da posição pautal 1102;

• Óleos alimentares, das posições pautais 1507, 1508, 1511, 1512, 1513 e 1515; • Açúcares, da posição pautal 1701;

• Cimento, da posição pautal 2523; • Produtos químicos (Capítulos 28 e 29); • Medicamentos (Capítulo 30);

• Sabões, da posição pautal 3401; • Fósforos, da posição pautal 3605;

• Pneus novos e usados, das posições pautais 4011 e 4012, respectivamente; • Tecidos de seda, da posição pautal 5007;

• Tecidos de algodão, das posições pautais 5208, 5209, 5210, 5211 e 5212;

• Tecidos de fios de filamento sintéticos, das posições pautais 5407 (com excepção da posição pautal 5407.42.10) e 5408;

• Tecidos de fibras sintéticas descontínuas, das posições pautais 5512, 5513, 5514, 5515 e 5516; • Roupa e calçado usado, da posição pautal 6309;

• Máquinas e aparelhos de ar condicionado, da posição pautal 8415 e refrigerantes e congeladores, da posição pautal 8418;

• Pilhas secas e baterias, das posições pautais 8506 e 8507, respectivamente; • Veículos, das posições pautais 8701 a 8705 e 8711.

De referir que no contexto destes produtos existem excepções, pelo que os exportadores deverão consultar sempre a informação disponibilizada no Site da Intertek (http://www.intertek.com/).

No caso da importação a efectuar incluir alguns dos produtos referenciados, os importadores deverão preencher o Pre-Advice Form (PAF), remetê-lo à Intertek que, por sua vez, contactará o exportador, enviando-lhe um documento denominado Request for Information (RFI), solicitando as informações pertinentes para a realização da inspecção.

Em resposta, o exportador deverá requerer por escrito a realização da inspecção, com um pré-aviso de, pelo menos, 3 dias úteis. No final de todas as verificações a Intertek emitirá o Documento Único. No caso da factura pró-forma conter mercadorias isentas e sujeitas a inspecção, todos os produtos serão inspeccionados.

Em Portugal os processos de Inspecção de Pré-Embarque são tratados pelo Escritório da Intertek em Inglaterra (não há número de pedidos suficientes para a abertura de um escritório no nosso país).

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As empresas interessadas deverão entrar em contacto com o Sr. Libânio Conceição (Tel.: 213929110; Fax: 213929119; Telemóvel: 933389551; E-mail: libanio.conceicao@intertek.com;

Operations.cbe-sines@intertek.com), para o esclarecimento de dúvidas e obtenção de informações necessárias.

Relativamente às mercadorias não sujeitas a Inspecção de Pré-Embarque, o importador deverá submeter directamente às Alfândegas o Documento Único, para efeitos de desembaraço aduaneiro.

Os direitos aduaneiros calculados numa base ad valorem sobre o valor CIF das mercadorias, variam entre 2,5% (matérias-primas) e 20% (bens de consumo não essenciais). De facto, a Lei n.º 3/2007, de 7 de Fevereiro, reduz em 5% a taxa geral de direitos alfandegários incidentes sobre os bens de consumo constantes da Pauta Aduaneira.

Para além dos direitos aduaneiros, os produtos importados estão ainda sujeitos ao Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA) e ao Imposto sobre Consumos Específicos (ICE), cujo regime legal (nomeadamente as taxas) sofreu uma alteração com a publicação da Lei n.º 17/2009, de 10 de Setembro (em vigor desde 1 de Janeiro de 2010).

No que respeita ao primeiro, estão submetidas a IVA as transmissões de bens e as prestações de serviços efectuadas em território nacional e as importações de mercadorias, tendo sido fixada uma taxa única no valor de 17%.

Quanto ao segundo, trata-se de um imposto aplicável a um conjunto diversificado de bens, com taxas a variar entre os 15% (ex.: flores, folhagens e frutos artificiais; champôs; bijutarias; moeda sem curso legal; veículos concebidos para se deslocarem na neve, reboque e semi-reboques para habitação ou para acampar e outros veículos de diversa cilindrada) e os 75% (charutos, cigarrilhas e cigarros de tabaco e dos seus sucedâneos).

Entre os produtos sujeitos a taxas intermédias encontram-se: preparações dos tipos utilizados na alimentação de animais; vestuário, acessórios e artefactos de peles com pêlo; produtos de beleza ou de maquilhagem; armas de fogo; e antiguidades (30%); veículos automóveis para transporte de 10 pessoas ou mais (35%); cervejas de malte (40%); pedras preciosas e artefactos de ourivesaria, ouro, platina e obras de metais preciosos (50%); vinho e outras bebidas alcoólicas (55%); aguardentes, licores e outras bebidas espirituosas (65%).

Os direitos aduaneiros e outras taxas incidentes na importação das mercadorias em Moçambique podem ser consultados, por produto e de forma actualizada, quanto ao momento da exportação, na página web da responsabilidade da União Europeia – “Market Access Database / Applied Tariffs Database” –

(23)

5.2. Regime de Investimento Estrangeiro

O investidor estrangeiro depara-se, actualmente em Moçambique, com um cenário mais atractivo e propiciador de vários benefícios nas áreas que apresentam maiores potencialidades para a realização de negócios.

De facto, o país tem vindo a empreender importantes reformas legislativas ao nível do enquadramento empresarial e do investimento a que estão sujeitos os agentes económicos, de entre as quais se destacam:

• Definição de novas regras para o pagamento de dívidas tributárias em prestações, bem como os procedimentos a observar (em vigor a 1 de Janeiro de 2011);

• Alteração do Regulamento da Lei de Investimento (através da aprovação do Decreto n.º 43/2009, de 21 de Agosto), que procura promover a melhoria do ambiente de investimento em Moçambique. Entre as novidades destacam-se: a eliminação da exigência do valor mínimo do investimento directo nacional; a supressão do registo criminal do investidor nos documentos exigidos para a tramitação; o estabelecimento de valor mínimo de investimento directo estrangeiro (2.500.000,00 MZN), para efeitos específicos da transferência de lucros e exportação do capital investido; a supressão das áreas reservadas ao exercício da actividade económica, com excepção das previstas por lei; a transmissão da posição do investidor, desde que ocorra em Moçambique e seja notificada a entidade que a autorizou; a descentralização de competências na autorização de investimentos; a regulamentação dos investimentos levados a cabo em regime de Zonas Económicas Especiais (ZEE) e Zonas Francas Industriais (ZFI);

• Regulamentação sobre as ZEE e as ZFI por forma a racionalizar o funcionamento e o estabelecimento do quadro jurídico específico aplicável à concessão de benefícios fiscais e isenções de direitos aduaneiros a empresas que aí operem;

• Aprovação da Lei Cambial que visa eliminar restrições relativas a pagamentos e transferências relacionados com transacções internacionais correntes (ex.: pagamentos relativos ao comércio externo, entre outras obrigações correntes entre residentes e não-residentes cambiais). Não obstante o intuito de liberalização, o conceito de transacções correntes está ainda sujeito a futura concretização pelo Conselho de Ministros (através de regulamentação específica), pelo que o grau da flexibilidade das regras cambiais ainda não é perceptível. Com base neste novo quadro legal existem operações sujeitas a autorização (ex.: pagamento de dividendos ou lucros a não residentes);

• Aprovação do Código dos Benefícios Fiscais que prevê, nomeadamente, benefícios genéricos (ex.: isenção de direitos de importação e IVA sobre bens de equipamento; crédito fiscal de 5% por investimento; amortização acelerada de imóveis novos ou reabilitados; dedução à matéria colectável de IRPC e IRPS dos custos com novas tecnologias e formação profissional de moçambicanos) e

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específicos (isenções de direitos de importação e IVA e reduções das taxas de IRPS e IRPC nas seguintes situações: investimentos realizados na criação de infra-estruturas; no exercício de actividades de comércio e indústria em zonas rurais; nas áreas das indústrias transformadoras e de montagem; na agricultura e pescas; nos parques de ciência e tecnologia; nos projectos de grande dimensão; e nas zonas Francas Industriais e Zonas Económicas Especiais);

• Criação do Imposto Simplificado para Pequenos Contribuintes, com o objectivo de reduzir os custos de cumprimento das obrigações tributárias e os encargos de fiscalização e controlo através da simplificação de procedimentos. Trata-se de um imposto directo e aplica-se às pessoas singulares e colectivas que exercem no território nacional actividades agrícolas, industriais ou comerciais de pequena dimensão, incluindo prestação de serviços. Consideram-se actividades de pequena dimensão as definidas na lei cujo volume de negócios anual seja igual ou inferior a 2.500.000,00 MZN;

• Alteração do Código Comercial, com vista a simplificar procedimentos e a melhorar o ambiente de negócios no país (ex.: supressão da exigência do capital social mínimo no acto da constituição de sociedades comerciais; revisão da matéria respeitante às acções das sociedades anónimas; alargamento do regime jurídico dos suprimentos e prestações acessórias aos vários tipos societários; consagração da possibilidade das sociedades adoptarem um exercício distinto do ano civil por forma a corresponder ao período anual para efeitos fiscais);

• Criação do Registo das Entidades Legais e simplificação dos procedimentos de constituição de pessoas colectivas e da celebração de contratos de arrendamento para o comércio e indústria;

• Aprovação de Código Laboral que tornou mais flexíveis as regras de contratação de estrangeiros;

• Alteração do Código de Notariado (adoptando procedimentos mais céleres e simples).

Não obstante as reformas enunciadas existem alguns entraves importantes no acesso ao mercado moçambicano, nomeadamente: elevado nível de tributação que recai sobre as importações, o que encarece as instalações de unidades industriais; restrições na concessão de crédito em moeda estrangeira; limites na contratação de trabalhadores estrangeiros; sistema jurídico deficiente; e problemas de saúde pública.

De acordo com o quadro legal aplicável os projectos de investimento deverão ser apresentados ao Centro de Promoção de Investimentos (CPI) para aprovação. Ao Ministro que superintende a área da Planificação e Desenvolvimento compete assegurar a coordenação de todos os processos neste domínio.

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No que respeita à tramitação as propostas dos projectos de investimento (submetidas em língua portuguesa ou inglesa) devem ser apresentadas em formulário próprio (devidamente preenchido) acompanhadas dos documentos a seguir mencionados para sua apreciação, e em 4 exemplares, ao CPI, que procede ao respectivo registo, depois de verificada a sua conformidade.

• Cópia do documento de identificação do investidor proponente;

• Certidão do registo comercial ou da reserva da denominação social da empresa responsável pela implementação do projecto;

• Planta topográfica ou esboço da localização onde se pretende implantar o projecto.

A decisão dos projectos de investimento compete a diferentes entidades consoante o respectivo valor. Cabe ao CPI proceder à notificação aos proponentes dos projectos sobre a decisão que tenha recaído sobre os mesmos no prazo máximo de 48 horas, após a data da decisão. Por sua vez, o início de implementação dos projectos deverá verificar-se no prazo de 120 dias (se não tiver sido fixado outro prazo na autorização), contados a partir da data da notificação aos proponentes.

Finalmente, o investidor estrangeiro deve efectuar o registo do investimento directo estrangeiro junto do Banco de Moçambique no período de 90 dias após a autorização do projecto.

O Regulamento da Lei de Investimento estabelece, também, o quadro legal, os mecanismos de integração e coordenação, planeamento e monitorização do funcionamento das ZZE e das ZFI; Cabe ao GAZEDA (Gabinete das Zonas Económicas de Desenvolvimento Acelerado) a coordenação de todas as acções relacionadas com a criação, desenvolvimento e gestão das mesmas. Neste contexto, importa ainda referir que o legislador equipara às ZEE as Zonas de Estâncias de Turismo Integradas (ZETI), definidas em legislação própria e nas quais a principal actividade económica desenvolvida é a prestação de serviços de turismo.

No sentido de favorecer o clima de investimento, por forma a torná-lo mais atractivo à recepção de capitais estrangeiros, o Governo moçambicano procedeu à revisão legal dos incentivos a conceder aos investidores nacionais e estrangeiros. A política de incentivos assenta, nomeadamente, no Código dos Benefícios Fiscais e no estabelecimento de Zonas Económicas Especiais e Zonas Francas Industriais.

No que respeita à propriedade da terra esta é pertença exclusiva do Estado, não podendo ser vendida a privados. As empresas estrangeiras, desde que tenham um projecto de investimento aprovado e estejam registadas em Moçambique, e os cidadãos estrangeiros quando residam no país há mais de 5 anos podem recorrer ao chamado “Direito de Uso e Aproveitamento da Terra” – DUAT.

Semelhante ao Direito de Superfície, o DUAT permite usar, explorar ou construir edifícios sobre a terra e tem uma duração máxima de 50 anos, renovável por igual período. Também pode ser cedido a terceiros (e os imóveis construídos na superfície vendidos).

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Relativamente ao relacionamento entre Portugal e Moçambique, e por forma a reforçar o desenvolvimento das relações bilaterais de investimento, foram assinados entre as partes o Acordo sobre Promoção e Protecção Recíprocas de Investimentos e a Convenção para Evitar a Dupla Tributação e Prevenir a Evasão Fiscal em matéria de Impostos sobre Rendimento, ambos em vigor.

Em 2010, com o objectivo de promover o financiamento de projectos de investimento e de parcerias estratégicas, designadamente nas áreas da energia e, em especial, das energias renováveis, do ambiente e das infra-estruturas, a efectuar através de empresas portuguesas ou envolvendo a aquisição de bens e serviços de origem portuguesa, foi criado o Fundo Português de Apoio ao Investimento em Moçambique.

O Fundo, com duração de 15 anos, contados a partir do início da sua actividade, prazo findo o qual será extinto (salvo decisão dos participantes no sentido da sua prorrogação), é dotado de um capital correspondente ao contravalor em euros de 124 milhões de dólares americanos, ao câmbio da data de entrada em vigor do presente diploma, divulgado pelo Banco de Portugal, e arredondado ao múltiplo de € 1000 imediatamente superior. O capital do Fundo é subscrito integralmente pelo Estado, através da Direcção-Geral do Tesouro e Finanças.

Finalmente, importa referir a existência de duas linhas de crédito para o mercado de Moçambique:

Linha de Crédito Comercial (300 milhões de Euros) ainda não operacional – Consultar informação pormenorizada no Site da AICEP, “Guia Prático – Apoios Financeiros à Internacionalização”:

http://www.portugalglobal.pt/PT/Internacionalizar/GuiaPraticoApoiosFinanceirosInternacionalizacao/Docu ments/Linhas%20Crédito/LinhaCreditoComercialMocambique300MilhoesEUR.pdf

Linha de Crédito Concessional (400 milhões de Euros) – Inicialmente dotada de um montante de 200 milhões de Euros, esta linha foi reforçada a 3 de Março de 2010, com a duplicação do seu valor, e destina-se exclusivamente a apoiar a exportação de bens de equipamento e serviços, no âmbito de projectos de infra-estruturas e obras públicas. Está em vigor até 3 de Março de 2012

(http://www.portugalglobal.pt/PT/Internacionalizar/GuiaPraticoApoiosFinanceirosInternacionalizacao/Doc

uments/Linhas%20Crédito/LinhaCreditoConcessionalMocambique400MilhoesEUR.pdf).

5.3. Quadro Legal

Regime de Importação

Decreto n.º 76/2009, de 15 de Dezembro – Aprova o Regulamento Geral para o Controlo Hígio-Sanitário dos Produtos Alimentares de Origem Aquática.

Lei n.º 17/2009, de 10 de Setembro – Aprova o Código do Imposto sobre Consumos Específicos que define os bens sujeitos a imposto, consagra novas taxas e simplifica a forma de cobrança.

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Lei n.º 11/2009, de 11 de Março – Aprova a nova Lei Cambial e revoga a anterior Lei n.º 3/96, de 4 de Janeiro.

Lei n.º 2/2007, de 7 de Fevereiro – Introduz alterações à Pauta Aduaneira.

Lei n.º 3/2007, de 7 de Fevereiro – Reduz de 25% para 20% a taxa geral de direitos aduaneiros de importação incidentes sobre os bens de consumo, constantes da Pauta Aduaneira.

Ordem de Serviço n.º 43/GD/DGA/2006, que altera o Diploma Ministerial n.º 19/2003, de 19 de Fevereiro – Actualiza a lista de mercadorias sujeitas à Inspecção Pré-Embarque.

Diploma Ministerial n.º 262/2004, de 22 de Dezembro – Estabelece as normas que regulamentam o despacho alfandegário de mercadorias.

Diploma Ministerial n.º 99/2003, de 13 de Agosto – Define o Regime Aduaneiro para a Indústria Transformadora (incentivos fiscais à importação).

Diploma Ministerial n.º 19/2003, de 19 de Fevereiro – Aprova o Regulamento da Inspecção Pré-Embarque.

Decreto n.º 39/2002, de 26 de Dezembro (com alterações) – Define a Pauta Aduaneira de Moçambique.

Decreto n.º 30/2002, de 2 de Dezembro – Aprova as regas gerais de desembaraço aduaneiro.

Decreto Presidencial n.º 4/2000, de 17 de Março – Regulamenta o Sistema Aduaneiro de Moçambique.

Regime de Investimento Estrangeiro

Diploma Ministerial n.º 221/2010, de 16 de Dezembro – Actualiza as taxas de retenção na fonte do Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares (IRPS) aplicáveis aos rendimentos do trabalho dependente.

Diploma Ministerial n.º 202/2010, de 24 de Novembro – Aprova o Regulamento do Regime Fiscal e Aduaneiro das Zonas Económicas Especiais (ZEE) e das Zonas Francas Industriais (ZFI).

Decreto n.º 45/2010, de 2 de Novembro – Aprova o Regulamento de Pagamento em Prestações de Dívidas Tributárias.

Decreto n.º 44/2010, de 2 de Novembro – Cria o Número Único de Identificação do Cidadão, aplicável aos nacionais moçambicanos e aos estrangeiros que residam no país.

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Resolução n.º 34/2010, de 30 de Agosto – Aprova a Política de Cooperação Internacional de Moçambique e a respectiva estratégia de implementação.

Resolução n.º 32/2010, de 30 de Agosto – Aprova a Política Externa de Moçambique.

Diploma Ministerial n.º 144/2010, de 24 de Agosto – Aprova o aumento das taxas aplicáveis aos requerentes e titulares de Direito de Uso e Aproveitamento da Terra (DUAT).

Decreto n.º 70/2009, de 22 de Dezembro – Aprova o Sistema de Contabilidade para o sector Empresarial (SCE).

Decreto n.º 77/2009, de 15 de Dezembro – Aprova o Regulamento das Zonas de Interesse Turístico.

Decreto n.º 56/2009, de 7 de Outubro – Aprova o Regulamento dos Benefícios Fiscais onde ficam definidos a forma e os procedimentos necessários para aceder a estes apoios.

Lei n.º 22/2009, de 20 de Setembro – Aprova a Lei de Defesa do Consumidor.

Decreto n.º 50/2009, de 11 de Setembro – Cria e Regulamenta a Comissão de Mediação e Arbitragem Laboral (COMAL), com vista à implementação dos mecanismos extrajudiciais de mediação, conciliação e resolução de litígios laborais previstos na Lei do Trabalho.

Decreto n.º 44/2009, de 21 de Agosto – Cria o Conselho de Investimentos, órgão de consulta e coordenação de políticas no domínio da promoção e atracção do investimento.

Decreto n.º 43/2009, de 21 de Agosto (altera o Decreto n.º 14/93, de 21 de Julho e o Decreto n.º 36/95, de 8 de Agosto, entre outros) – Regulamenta a Lei do Investimento.

Decreto n.º 46/2009, de 19 de Agosto – Cria a INAE (Inspecção Nacional das Actividades Económicas) que visa combater a produção e a venda de produtos pirateados ou contrafeitos.

Decreto-Lei n.º 2/2009, de 24 de Abril – Aprova alterações ao Código Comercial.

Lei n.º 5/2009, de 12 de Janeiro – Cria o Imposto Simplificado para Pequenos Contribuintes (ISPC).

Lei n.º 4/2009, de 12 de Janeiro – Aprova o novo Código dos Benefícios Fiscais (CBF), sendo renovado o anterior, aprovado pelo Decreto n.º 16/2002, de 21 de Julho.

Decreto n.º 55/2008, de 30 de Dezembro – Aprova o Regulamento relativo aos mecanismos e procedimentos para a contratação de cidadãos de nacionalidade estrangeira.

Referências

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