Metalurgia Física
Cinética de
Transformações de Fase
Cinética Global de Transformações de Fase
Cinética global de uma reação ou
transformação:
Mede-se a concentração ou fração volumétrica
de uma certa fase em função do tempo VV
em função de t
VV fração volumétrica da fase. T tempo.
Curvas de VV vs. t
Forma das curvas cinética formal de reação.
Cinética Global de Transformações de Fase
Método direto determinar diretamente a fração
transformada metalografia quantitativa.
Trabalhoso.
Exige grande número de amostras / medidas. Necessita interromper a reação (em geral).
Método indireto
Determinar uma propriedade sensível a microestrutura. Nem sempre a relação entre a propriedade monitorada e
a fração transformada é trivial.
Ex: Dilatometria, medidas de resistividade, propriedades
Cinética Global de Transformações de Fase
Dada uma reação: aA +bB cC + dD
A velocidade de reação (ν) pode ser especificada
para cada componente (reagente):
dt
dc
dt
dc
B B A A
Cinética Global de Transformações de Fase
A fração transformada pode ser especificada para
qualquer componente:
)
(
)
0
(
:
)
(
)
0
(
)
(
)
0
(
)
(
A A A A A A Ac
c
dt
dc
dt
dy
daí
t
c
t
c
t
t
c
t
c
t
y
Cinética Global de Transformações de Fase
Em geral, as expressões para velocidade de reação são
diferentes, mas proporcionais devido a estequiometria* da reação:
Na prática, para a maioria das situações, é mais
importante saber a forma da variação da velocidade de reação em função da temperatura, composição ou da microestrutura do que saber o seu valor absoluto. As constantes podem, então, ser ignoradas numa primeira aproximação.
dt
dc
b
a
dt
dc
A B).
/
(
Equação cinética e constante cinética
A velocidade de reação é dependente do tempo
proporcional a concentração dos reagentes estes reagentes são consumidos ao longo da reação.
É conveniente utilizar uma equação cinética que
expresse a velocidade em função da fração transformada:
)
(
.
)
(
.
y
f
k
dt
dy
c
f
k
dt
dc
y
Equação cinética e constante cinética
Se f(c) e f(y) não dependem da temperatura, a reação
pode ser descrita em termos de k (constante cinética).
Experimentalmente quase sempre obtemos a fração
transformada em função do tempo e, integrando-se a eq. anterior (que nos dá dy/dt), é obtida a equação cinética integrada:
t
k
y
Equação cinética e constante cinética
A função g(y) pode ser determinada empiricamente.
Pode ser obtida através de métodos numéricos
buscando-se o melhor ajuste de pontos experimentais mas, do ponto de vista teórico, pode não ter um significado físico.
Melhor alternativa para determinação de g(y) ajustar os
pontos obtidos experimentalmente às equações deduzidas teoricamente, pressupondo-se modelos específicos.
Tal ajuste pode fornecer informações úteis sobre mecanismos de
reação!!!
k depende da escolha de g(y). k possui dimensão de (1/tempo).
Quando k não tem estas unidades, a equação não é uma
equação cinética verdadeira e não se pode comparar valores de k.
Equações cinéticas para Reações
homogêneas
Reações homogêneas a velocidade da
reação depende da freqüência de colisões dos
reagentes.
Freqüência de colisões proporcional a
probabilidade de encontro, num dado volume, dos reagentes nas proporções corretas.
Ex: Probabilidade de encontrar “a” moléculas de A e “b”
Equações cinéticas para Reações
homogêneas
Deste modo, a equação cinética de reação
homogênea é dada por:
Nesta expressão, temos:
Ordem da reação definida como a soma dos expoentes
(a+b).
Ordem com respeito ao reagente A igual ao seu
expoente (a). b B a A c A
k
c
c
dt
dc
)
.(
)
.(
Equações cinéticas para Reações
homogêneas
Reações de primeira ordem
Quando “a + b =1” e se tem um único reagente:
Em termos de fração transformada, temos:
Exemplo: Decaimento radioativo, desgaseificação de um
sólido quanto a taxa de desgaseificação é controlada por evaporação (e não difusão no sólido).
c
k
dt
dc
c.
t
k
y
)
y.
1
ln(
Descrição de curvas de fração transformada
vs. tempo em reações heterogêneas
Reações heterogêneas As mais freqüentes em C.M.
e M.F.
Obs: Utilizaremos aqui as notações f(t) ou ξ para representar
a fração transformada (VV).
Temos então f =g(t).
Para transformações isotérmicas em sólidos,
geralmente utiliza-se a equação JMAK (Johnson-Mehl-Avrami-Kolmogorov):
Onde k e n são obtidos ajustando-se os dados experimentais!
)
.
exp(
1
)
(
t
k
t
nf
Descrição de curvas de fração transformada
vs. tempo em reações heterogêneas
Este ajuste aos dados experimentais permite
que se avalie a influência de fatores tais
como temperatura, composição ou história
prévia do material por meio da comparação
dos valores de k e n.
Equação introduzida através de trabalhos
independentes entre o final da década de
1930 e começo da década de 1940.
Descrição de curvas de fração transformada
vs. tempo em reações heterogêneas
Descrição de curvas de fração transformada
vs. tempo em reações heterogêneas
A eq. JMAK possui forma sigmoidal, mas é frequente
a sua utilização na forma linearizada.
O lado esquerdo da equação linearizada é plotado
contra ln (t), resultando numa linha reta no caso de n e k serem independentes do tempo.
Se as retas para diferentes temperaturas são
paralelas, o mecanismo operante é o mesmo.
)
ln(
.
ln
)
(
1
1
ln
ln
k
n
t
t
f
Descrição de curvas de fração transformada
vs. tempo em reações heterogêneas
Descrição de curvas de fração transformada
vs. tempo em reações heterogêneas
Interpretação de n e k da equação JMAK
Em certos casos é possível atribuir um
significado mais preciso à “k” e “n”.
Em certos casos, é possível deduzir a
equação JMAK a partir de suposições de
geometria e cinética de reação, introduzindo-se os conceitos de nucleação e crescimento.
Interpretação de n e k da equação JMAK
Será então deduzida a equação JMAK para
situações específicas de nucleação e crescimento.
Considerações iniciais:
Uma fase α, inicialmente existente, se transforma numa
nova fase β ao passar do tempo.
As regiões da fase β surgem em determinados locais
ou sítios da matriz (nucleação).
Após o surgimento de um núcleo da nova fase, este
núcleo aumenta de tamanho consumindo a matriz (crescimento).
Então, a equação JMAK será deduzida para alguns
Saturação de sítios e taxa de crescimento
constante
Hipóteses para nucleação
Todos os núcleos surjam nos instantes
iniciais de reação consumindo todos os sítios iniciais disponíveis situação mais simples chamada saturação de sítios.
Distribuição aleatória dos sítios em todo o
volume da matriz, ou seja, em t = 0 há N0
Saturação de sítios e taxa de crescimento
constante
Hipótese para o crescimento
Mais simples admitir que a taxa de
crescimento (G) seja constante e que as novas regiões sejam esféricas.
Raio das novas regiões
R = G.t
Volume das novas regiões
3 3
3
4
t
G
v
Saturação de sítios e taxa de crescimento
constante
Fração transformada – f(t) produto do número
de núcleos (N0) pelo volume destes (ν).
Esta equação só é válida para frações
transformada pequenas f << 1.
A medida que uma região cresce, seu crescimento pode
passar a ser impedido pelo crescimento das demais regiões (colisões impingement) Neste caso, a eq. acima superestima a fração transformada.
3 3 03
4
t
G
N
t
f
Saturação de sítios e taxa de crescimento
constante
Volume Estendido (fEX) volume total das regiões
ignorando-se as colisões:
A correlação entre fEX e f é dada por:
# Somente a parcela do volume estendido que cresce
na região não transformada, 1 – f(t), contribui
efetivamente para o aumento na fração transformada.
3 3 03
4
t
G
N
t
f
EX
t
f
t
df
t
df
1
EXSaturação de sítios e taxa de
crescimento constante
Combinando-se as eq. anteriores, tem-se:
Logo:
Esta eq. é igual a Eq. JMAK para k = (4π/3)N0G3 e n= 3.
3 3 03
4
1
ln
f
t
d
N
G
t
d
3 3 03
4
exp
1
)
(
t
N
G
t
f
Taxa de nucleação constante e taxa de
crescimento constante
Numa situação um pouco mais complexa, em vez de
consumirem todos os sítios no instante inicial de
reação, os núcleos vão surgindo durante o progresso da reação.
Suposição simplificada a cada intervalo de tempo
surge um número fixo de núcleos por unidade de volume.
Taxa de nucleação constante e
taxa de crescimento constante
Exemplo: A cada segundo de reação que passa,
aparecem 10 núcleos da nova fase β em cada mm3 da fase α
A taxa de nucleação por unidade de volume (I0)
constante
Admite-se ainda que a taxa de crescimento seja
Taxa de nucleação constante e taxa de
crescimento constante
Primeiro, determinar a contribuição dos núcleos
surgidos entre t = τ e t = τ + dτ ao volume total em t
= t.
O volume de uma região que nucleou em t = τ será
em t = t:
O número de núcleos surgidos entre t = τ e t = τ + dτ
é I0. dτ, logo a contribuição total será:
3 33
4
G
t
v
t
G
t
I
d
df
3 3 03
4
Taxa de nucleação constante e taxa de
crescimento constante
A eq. anterior superestima a fração transformada.
Assim, o incremento da fração transformada é dado por:
Integrando todas as contribuições de τ = 0 e τ = t.
Esta eq. é idêntica a eq. JMAK para k = (π/3).I0.G3 e n = 4.
f
t
G
t
I
d
d
3 3 03
4
1
ln
3 4 03
exp
1
I
G
t
t
f
Decaimento exponencial do número de sítios
Situação mais geral que as anteriores.
Supõe-se inicialmente a existência de N0 sítios por
unidade de volume.
Admitindo-se que o número de sítios que são
consumidos por unidade de tempo, Iv = -dNv/dt, seja
proporcional ao número de sítios por unidade de volume, Nv, que ainda restam:
Onde v é uma constante de proporcionalidade. O sinal
negativo indica que o número de sítios disponíveis está diminuindo.
O número de sítios disponíveis é igual em módulo ao aumento
do número de núcleos.
Portanto, Iv é a taxa de nucleação por unidade de volume.
v v v vN dt dN I
Decaimento exponencial do número de sítios
Da equação anterior, chega-se a equação: A equação geral para a fração transformada é dada
por:
vt
vN
I
v
0exp
6
2
1
exp
8
exp
1
3 3 2 2 3 3 0vt
vt
v
t
v
t
v
G
N
t
f
Decaimento exponencial do número de sítios
Há duas situações limite, dependendo de “vt” que
reverte aos dois casos anteriores:
1) Se vt 0, temos Iv vN0 constante, é obtida a equação
deduzida para Iv = I0 e G constantes.
2) Se vt , Iv 0. Isto quer dizer que a nucleação ocorre
cedo na reação, todos os sítios são rapidamente exauridos. Neste caso, tem-se a equação:
3 4 0 3 exp 1 I G t t f
3 3 0 3 4 exp 1 N G t t f Decaimento exponencial do número de sítios
Mesmo esta dedução mais geral é ainda muito
particular, pois faz suposições bastante severas:
Assume distribuição aleatória dos núcleos na matriz. Crescimento isotrópico.
E taxa de crescimento constante.
Apesar disso, os cálculos mostram que a
equação JMAK não é totalmente arbitrária e que se pode dar uma interpretação razoável aos
valores de k e n obtidos por ajuste empírico em termos de nucleação e do crescimento da nova fase, pelo menos para os casos mais simples.
Casos complexos
Em casos complexos, a interpretação dos
valores de n e k nem sempre é clara.
Embora existam deduções semelhantes as
acima apresentadas para casos mais
complexos, a aplicação de tais resultados a casos reais deve ser feita com cuidado.
São necessárias informações complementares,
especialmente sobre a microestrutura.
Na análise de eq. JMAK é difícil separar a
contribuição da nucleação daquela do
crescimento. Para isso, é necessário adotar-se técnicas de análise mais sofisticadas.
Casos complexos
A figura abaixo apresenta a eq.JMAK para diferentes valores
de n e k.
(a), (b) e (c) tem k iguais e n=1/2, n=1, n=4, respectivamente.(d) tem
Casos complexos
Valores de n e k da eq. JMAK para transformações de fase
Casos complexos
Valores de n e k da eq. JMAK para transformações de
Referencia