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Análise do gerenciamento tributário de empresas brasileiras: um olhar para o passivo contingente tributário

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Academic year: 2021

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Rúbia Albers Magalhães

ANÁLISE DO GERENCIAMENTO TRIBUTÁRIO DE EMPRESAS BRASILEIRAS: UM OLHAR PARA O PASSIVO

CONTINGENTE TRIBUTÁRIO

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Contabilidade da Universidade Federal de Santa Catarina, como requisito parcial à obtenção de grau de Mestre em Contabilidade.

Orientador: Prof. Luiz Felipe Ferreira, Dr.

Florianópolis 2017

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Magalhães, Rúbia Albers

Análise do gerenciamento tributário de empresas brasileiras: um olhar para o passivo contingente tributário / Rúbia Albers Magalhães ; orientador, Luiz Felipe Ferreira - Florianópolis, SC, 2017.

123 p.

Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Santa Catarina, Centro Socioeconômico. Programa de Pós-Graduação em Contabilidade.

Inclui referências

1. Contabilidade. 2. Passivo Contingente Tributário. 3. Gerenciamento Tributário. 4. CPC 25. I. Ferreira, Luiz Felipe. II. Universidade Federal de Santa Catarina. Programa de Pós-Graduação em Contabilidade. IV. Título.

Ficha de identificação da obra elaborada pelo autor, através do Programa de Geração Automática da Biblioteca Universitária da UFSC.

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Rúbia Albers Magalhães

ANÁLISE DO GERENCIAMENTO TRIBUTÁRIO DE EMPRESAS BRASILEIRAS: UM OLHAR PARA O PASSIVO

CONTINGENTE TRIBUTÁRIO

Esta dissertação foi julgada adequada para obtenção do grau de Mestre em Contabilidade, e aprovada em sua forma final pelo Programa de Pós-Graduação em Contabilidade da Universidade Federal de Santa Catarina.

Florianópolis, 29 de agosto de 2017.

___________________________________________________ Profa. Ilse Maria Beuren, Dra.

Coordenador do PPGC

Banca Examinadora:

_____________________________________________________ Presidente: Prof. Luiz Felipe Ferreira, Dr.

Programa de Pós-Graduação em Contabilidade (PPGC) Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)

_____________________________________________________ Membro: Profª. Iara Regina dos Santos Parisotto, Drª. Programa de Pós-Graduação em Ciências Contábeis (PPGCC) Universidade Regional de Blumenau (FURB) (Videoconferência)

_____________________________________________________ Membro: Prof. Alex Mussoi Ribeiro, Dr.

Programa de Pós-Graduação em Contabilidade (PPGC) Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)

_____________________________________________________ Membro: Prof. Sergio Murilo Petri, Dr.

Programa de Pós-Graduação em Contabilidade (PPGC) Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)

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Dedico esta dissertação à minha mãe, que dedicou a vida a dar educação aos seus filhos, e ao meu marido e filho pelo amor e incentivo a mim sempre dados.

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AGRADECIMENTOS

Meu maior agradecimento é dirigido a minha família, principalmente ao meu marido e filho, por terem me apoiado nessa etapa da vida. Pelo amor, apoio, confiança e motivação incondicional. Porque sempre me impulsionaram em direção às vitórias dos meus desafios. E por estarem comigo nas horas mais difíceis, lembrando que os nossos sonhos são possíveis de alcançar se fizermos tudo com paixão e determinação. Obrigada por depositarem em mim a confiança para todas as horas. Sei que vocês se orgulham por eu ter atingido essa etapa, mas ela só foi possível por todo o estímulo dado. Agradeço carinhosamente por compreenderem as minhas ausências durante esses dois anos. Obrigada!

Ao meu orientador, Prof. Luiz Felipe, pessoa extraordinária, quero deixar registrado um agradecimento muito especial. Inicialmente por ter me encorajado a ingressar no programa de pós-graduação em Contabilidade. Por ter me aceitado como sua orientanda, pela confiança, pelos conselhos e pelas oportunidades. Por ter me recebido com paciência e dedicação, pronto para me ajudar e, ainda, sempre me estimulando a continuar. Pelo incentivo constante ao aprofundamento dos estudos de temas ligados à área contábil e tributária. Obrigada por acreditar em mim! Aos professores da Pós-Graduação em Contabilidade pelos ensinamentos, seja durante as disciplinas que cursadas, os seminários, congressos ou palestras assistidas. E aos colegas do mestrado que foram fundamentais para a elaboração desta pesquisa, no convívio em sala de aula, nos grupos de estudos, nos debates, conversas e calorosas discussões, em suma, dentro do cotidiano da vida acadêmica.

Aos professores que participaram da banca pelo tempo despendido e pelas críticas construtivas.

Agradecimento à equipe da Contexata Assessoria Contábil SS EPP que durante esses dois anos absorveram uma carga maior de trabalho. Minha gratidão!

Aos colegas do CRCSC, amigos e familiares, pela compreensão de minhas ausências.

Ao PPGC da UFSC pela oportunidade e experiência.

Por fim, o meu profundo e sentido agradecimento a todas as pessoas que contribuíram para a concretização desta dissertação, estimulando-me intelectual e emocionalmente.

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EPÍGRAFE

Quando temos um grande sonho, nenhum obstáculo é grande demais para ser superado.

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RESUMO

Esta pesquisa objetivou avaliar a relação entre o gerenciamento tributário e a evidenciação dos passivos contingentes tributários. O objetivo deste trabalho está pautado nos aspectos teóricos da Teoria da Divulgação. O nível de divulgação do passivo contingente tributário por parte das empresas foi encontrado com base em um checklist elaborado de acordo com as exigências do CPC 25 – Provisões, Passivos Contingentes e Ativos Contingentes. Para medir o gerenciamento tributário, foram utilizadas as variáveis Effective Tax Rates (ETR), Cash Effective Tax Rates (CashETR) e Book-Tax Differences (BTD). Para tal, realizou-se uma pesquisa descritiva, documental, por meio de uma abordagem quantitativa dos dados. A população de pesquisa contemplou 134 empresas listadas no segmento do Novo Mercado da BM&FBovespa, no período de 2012 a 2016. Foram utilizadas para compor a amostra aquelas empresas que já estavam listadas em bolsa antes de 2012. Das empresas do setor “Financeiros e Outros” foram utilizadas apenas as do subsetor ”Exploração de Imóveis”, perfazendo uma amostra de 117 empresas do Novo Mercado. Primeiramente, aplicou-se a estatística descritiva para caracterização do gerenciamento tributário e do nível de evidenciação dos passivos contingentes tributários das referidas empresas. Posteriormente, aplicou-se a regressão de dados em painel, verificando a relação entre as variáveis de gerenciamento tributário e o nível de evidenciação dos passivos contingentes tributários. Constatou-se que as empresas brasileiras do Novo Mercado apresentam prática de gerenciamento tributário, pois a média e mediana das variáveis ficou abaixo de 34%, valor da alíquota nominal dos tributos sobre o lucro no Brasil. Quanto ao nível de evidenciação dos passivos contingentes tributários em notas explicativas, a média ficou em torno de 57%, ou seja, as empresas do Novo Mercado não estão divulgando de maneira completa o exigido pelo CPC 25. Os resultados apontam ainda uma relação significativa e negativa entre o BTD e a evidenciação dos passivos contingentes tributários. Assim, as empresas que não trabalham para diminuir o lucro tributável frente ao lucro contábil, buscam evidenciar as exigências feitas pelo CPC 25 sobre os passivos contingentes tributários. Conclui-se que, embora tenham sido encontradas relações significativas entre o BTD e o nível de evidenciação dos passivos contingentes tributários, com base nos itens exigidos pelo CPC 25, as demais formas de mensurar o gerenciamento tributário (ETR e CashETR) não se mostraram significantes, o que demonstra a necessidade de mais estudos na área.

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Palavras-chaves: Passivo Contingente Tributário. Gerenciamento Tributário. CPC 25.

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ABSTRACT

This study aimed to evaluate the relationship between tax management and the disclosure of tax contingent liabilities. The objective of this study is based on the theoretical aspects of Disclosure Theory, in which the level of disclosure of contingent tax liabilities by companies was based on a checklist elaborated by the requirements of CPC 25 - Provisions, Contingent Liabilities and Contingent Assets. To measure tax management, the variables Effective Tax Rates (ETR), Cash Effective Tax Rates (CashETR) and Book-Tax Differences (BTD) were used. We carried out a descriptive, documentary, and quantitative study. The study population included 134 companies listed in the Novo Mercado (New Market) segment of BM&FBovespa from 2012 to 2016. For comparison, we used a sample of companies that were listed on the stock market prior to 2012, in the “Financial and Others” segment and the “Real Estate Exploitation” sub-segment, resulting in a sample of 117 companies in the Novo Mercardo. First, descriptive statistics were applied to characterize the tax management and the level of disclosure of the tax contingent liabilities of these companies. Subsequently, we used data regression analysis to verify the relationship between the tax management variables and the degree of disclosure of the tax contingent liabilities. It was verified that the Brazilian companies of the Novo Mercado employed a practice of tax management, since the mean and median of the variables was below 34%, the nominal tax rate on profit in Brazil. Regarding the level of disclosure of tax contingent liabilities in explanatory notes, the average was about 57%, showing that the Novo Mercado companies are not fully disclosing what is required in CPC 25. The results also indicate a significant negative relationship between the BTD and the disclosure of tax contingent liabilities. Thus, companies that do not work to reduce taxable profit against accounting profit, seek to demonstrate the requirements of CPC 25 on tax contingent liabilities. It was concluded that, although significant relationships were found between the BTD and the level of disclosure of tax contingent liabilities, based on the items required by CPC 25, other ways of measuring tax management (ETR and CashETR) were not shown to be significant, which demonstrates the need for further studies in the area.

Keywords: Tax Contingent Liabilities. Tax Management. CPC 25.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Árvore de decisão ... 39 Figura 2 – Renda Tributável no Brasil ... 48 Figura 3 – Apuração do Lucro Real ... 50

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Tratamento contábil de provisão e passivo contingente ... 36 Quadro 2 – Estudos sobre gerenciamento tributário ... 51 Quadro 3 – Estudos sobre evidenciação do CPC 25 ... 56 Quadro 4 – Constructo para verificação do nível de evidenciação do

passivo contingente tributário ... 63 Quadro 5 – Constructo das variáveis de gerenciamento tributário e de

controle ... 64 Quadro 6 – Testes para identificação do modelo de dados em painel . 101 Quadro 7 – Pressupostos da análise de dados em painel ... 103

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – População e amostra por setor ... 61

Tabela 2 – Análise descritiva do gerenciamento tributário ... 70

Tabela 3 – Análise descritiva da ETR por setor ... 73

Tabela 4 – Análise descritiva da CashETR por setor ... 78

Tabela 5 – Análise descritiva da BTD por setor ... 82

Tabela 6 – Nível de evidenciação do passivo contingente ... 87

Tabela 7 – Nível de evidenciação do passivo contingente geral por setor (2012-2014) ... 90

Tabela 8 – Nível de evidenciação do passivo contingente geral por setor (2015-2016, média) ... 92

Tabela 9 – Análise descritiva dos scores da evidenciação do passivo contingente tributário ... 96

Tabela 10 – Correlação de Pearson ... 105

Tabela 11 – Relação entre o gerenciamento tributário e a evidenciação dos passivos contingentes tributários ... 106

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS BACEN – Banco Central do Brasil

BM&FBovespa – Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros SA

BR GAAP – Generally Accepted Accounting Principles (representam os Princípios Contábeis geralmente aceitos no Brasil)

BTD – Book-Tax Differences

CashETR – Cash Effective Tax Rates

CEO – Chief Executive Officer (diretoria executiva) CPC – Comitê de Pronunciamentos Contábeis CPF – Cadastro de Pessoa Física

CMN – Conselho Monetário Nacional CNPJ – Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica CVM – Comissão de Valores Mobiliários DCs – Demonstrações Contábeis

CSLL – Contribuição sobre o lucro líquido

EBITDA – Earnings before interest, taxes, depreciation and amortization E-LALUR – Livro Eletrônico de Escrituração e Apuração do Lucro Real END – Endividamento Geral

ETR – Effective Tax Rates

FASB –Financial Accounting Standards Board GT – Gerenciamento Tributário

IAS – International Accounting Standards

IASB – International Accounting Standards Board IFRS – International Financial Reporting Standards IR – Imposto de Renda

LAJIDA – Lucros antes dos Juros, Impostos, Depreciação e Amortização IRPJ – Imposto de Renda de Pessoa Jurídica

NPC – Norma e Procedimento de Contabilidade

NBC-TG – Norma Brasileira de Contabilidade – Técnica Geral NEs – Notas Explicativas

OCPC – Orientação do Comitê de Pronunciamentos Contábeis PC – Passivo Contingente

PCT – Passivo Contingente Tributário RIR – Regulamento do Imposto de Renda ROE – Rentabilidade sobre o Patrimônio Líquido RTT – Regime Tributário de Transição

SFAC – Statement of Financial Accounting Concepts S/A – Sociedade Anônima

SUSEP – Superintendência de Seguros Privados TAM – Tamanho

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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ... 25 1.1 PROBLEMA DA PESQUISA ... 26 1.2 OBJETIVOS ... 28 1.2.1 Objetivo Geral... 28 1.2.2 Objetivos Específicos ... 28 1.3 JUSTIFICATIVA DA PESQUISA ... 28 1.4 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO ... 31 2 REVISÃO DA LITERATURA ... 33 2.1 TEORIA DA DIVULGAÇÃO ... 33 2.2 PASSIVOS CONTINGENTES TRIBUTÁRIOS ... 35 2.2.1 Passivo Contingente ... 35 2.2.2 Reconhecimento ... 37 2.2.3 Mensuração ... 39 2.2.4 Divulgação ... 40 2.2.5 Itens fora de balanço ... 41 2.2.6 Passivo Contingente Tributário... 41 2.3 GERENCIAMENTO TRIBUTÁRIO ... 42 2.3.1 Effective Tax Rates (ETR) ... 43 2.3.2 Cash Effective Tax Rates (CashETR) ... 45 2.3.3 Book-Tax Differences (BTD) ... 45 2.4 TRIBUTOS SOBRE O LUCRO ... 46 2.5 ESTUDOS ANTERIORES ... 51 2.5.1 Pesquisas vinculadas ao gerenciamento tributário ... 51 2.5.2 Pesquisas vinculadas à evidenciação do CPC 25 ... 55

3 MÉTODO E PROCEDIMENTOS DA PESQUISA ... 59

3.1 DELINEAMENTO DA PESQUISA ... 59 3.2 POPULAÇÃO E AMOSTRA ... 60 3.3 CONSTRUCTO DA PESQUISA ... 62

3.4 PROCEDIMENTOS DE COLETA E ANÁLISE DOS

DADOS ... 65 3.4.1 Estatística descritiva e teste de médias ... 66 3.4.2 Regressão de dados em painel ... 66 3.5 LIMITAÇÕES DO ESTUDO... 68 4 DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS ... 69 4.1 DESCRIÇÃO DO GERENCIAMENTO TRIBUTÁRIO ... 69

4.2 DESCRIÇÃO DA EVIDENCIAÇÃO DOS PASSIVOS

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4.3 RELAÇÃO ENTRE O GERENCIAMENTO TRIBUTÁRIO E A EVIDENCIAÇÃO DOS PASSIVOS CONTINGENTES TRIBUTÁRIOS ... 100 4.4 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ... 107 5 CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES ... 111 5.1 CONCLUSÕES ... 111 5.2 RECOMENDAÇÕES ... 114 REFERÊNCIAS ... 115

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1 INTRODUÇÃO

O efeito tributário nas decisões das entidades é uma preocupação constante dos gestores, pois os tributos representam importante parcela dos custos das empresas, senão a maior. Portanto, a alta carga tributária implica em baixo desempenho (lucro) e, com isso, uma menor vantagem competitiva. Os encargos tributários afetam negativamente o retorno do investimento e reduzem o fluxo de caixa das empresas (TANG; FIRTH, 2011). Nesse sentido, o gerenciamento tributário tem como objetivo a redução do efeito tributário e, quando utilizado à luz da legalidade, não deve gerar um passivo contingente tributário.

Assim, a questão tributária tem um grau de importância fundamental no processo de gestão, diretamente ligado à questão financeira, uma vez que afeta potencialmente as decisões reais, tais como investimento e estrutura de capital, que por sua vez afetam a atividade econômica e têm implicações com a estrutura e a eficácia da política fiscal (HANLON; HEITZMAN, 2010).

Amaral (2007) entende que a carga tributária, além de ser um dos grandes custos das empresas, é também um dos maiores riscos enfrentados pela atividade econômica. Por isso, independente da dimensão da empresa, a diminuição dos riscos e o alcance de resultados mais lucrativos demandam uma atenção especial à questão tributária.

Desse modo, as empresas utilizam o gerenciamento tributário com o objetivo de buscar na legislação específica formas para reduzir a carga tributária, ou seja, reduzir o efeito tributário. Para os gestores, os aspectos tributários em sua administração são de suma importância, pois reduzem as despesas com tributos de forma legal e aumentam o valor da empresa (HANLON; SLEMROD, 2009).

Com o intuito de evitar as distorções conceituais na utilização do gerenciamento tributário, Lenkauskas (2014) distingue o abuso fiscal, a fraude fiscal e a evasão fiscal. Segundo o autor, o abuso fiscal é arranjo legal, mas puramente artificial, com a única finalidade de obter uma vantagem fiscal destinada a contornar a legislação. A fraude, sob a ótica tributária, é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, ou a excluir ou modificar as suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do imposto devido ou a evitá-lo ou ainda, diferir o seu pagamento. A evasão fiscal também é conhecida como sonegação fiscal. É o uso de meios ilícitos para evitar o pagamento dos tributos. Ou seja, o gerenciamento tributário não pode ser confundido com essas práticas, uma vez que tem o propósito de reduzir a carga tributária

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das empresas, por meio de formas legais e dentre as oportunidades encontradas na legislação tributária (FORMIGONI; ANTUNES; PAULO, 2009; GOMES, 2016).

Completando, Scholes e Wolfson (1992) destacam que para um gerenciamento tributário ser eficaz devem ser considerados todos os aspectos envolvidos no negócio e não apenas o aspecto tributário. A tomada de decisão para diminuir a carga tributária não pode ser feita somente com base no aspecto jurídico-tributário, mas é necessário que todas as variáveis envolvidas sejam verificadas na gestão tributária, a fim de que os resultados sejam alcançados: aumentar o desempenho e o valor da empresa.

A contabilidade gera informações que demonstram a posição econômica e financeira para tomada de decisões pelos seus usuários. Não pode esperar que um evento futuro incerto ocorra para reconhecer obrigações de fatos passados. Assim, a contabilidade deve reconhecer a existência das obrigações contingentes, divulgá-las em suas demonstrações contábeis, para que os seus usuários externos tenham informações sobre a empresa, principalmente quanto aos riscos relacionados aos valores contingentes (FARIAS, 2004; FONTELES et al., 2013; SUAVE et al., 2013).

1.1 PROBLEMA DA PESQUISA

As evidenciações das obrigações contingentes ocorrem por meio das provisões e dos passivos contingentes, conforme o Pronunciamento nº 25 do Comitê de Pronunciamentos Contábeis - CPC. Então, se um evento for considerado como sendo provável que ocorra deve ser reconhecido no balanço patrimonial como um passivo, provisão. Caso o evento seja caracterizado como possível de ocorrer, então será somente divulgado em notas explicativas. E quando o evento possuir uma chance remota de ocorrer, nenhuma evidenciação é exigida, bem como qualquer reconhecimento.

Farias (2004) ressalta que os Passivos Contingentes são um dos elementos patrimoniais de maior dificuldade para a contabilidade, principalmente no que se refere à atribuição de valor. As principais dúvidas estão relacionadas com o fato gerador, ou seja, o que deu origem às obrigações contingentes, as quais serão esclarecidas somente no futuro, quando, então, serão determinados os efeitos exatos sobre o patrimônio de uma entidade.

Os passivos contingentes tributários, segundo Schiff et al. (2012), são definidos como possíveis ônus de caráter tributário, decorrentes de

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reclamações ou litígios fiscais, cujo êxito, ou não, somente será confirmado no futuro.

Iudícibus (2010) destaca que a contabilidade possui um compromisso inalienável com seus usuários e com os seus próprios objetivos. Ainda, Hendriksen e Van Breda (1999) definem a divulgação como um meio de conduzir a informação. Segundo os autores, o objetivo principal da exposição das informações financeiras é permitir que os investidores tenham condições de analisar a capacidade financeira da empresa.

Assim, se a contingência for classificada erroneamente, poderá acarretar em demonstrações financeiras que não espelhem a realidade da empresa, pode afetar o patrimônio, e consequentemente fornecer informações distorcidas sobre a situação econômico-financeira da empresa.

Desse modo, a evidenciação das informações colhidas por meio de relatórios contábeis constitui papel fundamental na divulgação e adequada compreensão do desempenho da entidade. É possível aos CEOs, investidores e stakeholders estabelecerem metas de captação de novos recursos, gerenciando de forma adequada os riscos e planejando ações de longo prazo.

A evidenciação de informações tem sido abordada na Teoria da Divulgação, cujo conceito está relacionado à transparência corporativa, entendida como a disseminação de informação confiável acerca de desempenho operacional, desempenho financeiro, oportunidades de investimentos, governança, valores e risco (BUSHMAN; PIOTROSKI; SMITH, 2004).

Conforme a Estrutura Conceitual do CPC 00 (R1) (2011), toda informação relevante deve ser divulgada, ser completa, neutra, livre de erro, comparável, verificável, tempestiva e compreensível. Desse modo, as notas explicativas servem para prestar esclarecimentos sobre itens que não necessariamente impactaram a estrutura financeira de uma entidade, mas que a administração reconhece que eventualmente poderão fazê-lo no futuro, a exemplo de litígios considerados possíveis ou inadimplências previstas.

Por sua vez, Hanlon e Slemrod (2009) relatam que o acionista tem mais interesse em reduzir o pagamento dos impostos para, assim, aumentar o valor da empresa. Dessa forma, se os acionistas têm interesse em pagar menos impostos, a tendência é que o risco aumente. É importante, então, que as empresas utilizem o gerenciamento tributário com eficiência para que não existam maiores probabilidades de aumentar o Passivo Contingente Tributário.

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Espera-se que as empresas, que utilizam o gerenciamento tributário como estratégia para diminuir a carga tributária, aumentem o seu desempenho e consequentemente o seu valor de mercado, e, ainda, que tenham uma postura mais transparente ao divulgar seus resultados e suas ações, garantindo assim a qualidade da informação, contribuindo no processo decisório e tornando-se mais competitivas no mercado.

Dessa forma, elaborou-se a seguinte questão-problema de estudo: Qual a relação entre o gerenciamento tributário e a evidenciação dos passivos contingentes tributários nas empresas do Novo Mercado da BM&FBovespa?

1.2 OBJETIVOS

Com o intuito de responder ao problema de pesquisa, foi elaborado o objetivo geral que é o que se espera alcançar a partir da realização do estudo. Por conseguinte, os objetivos específicos têm a finalidade de definir os aspectos que se deseja estudar e esses irão contribuir para o alcance do objetivo geral (RICHARDSON, 2007).

1.2.1 Objetivo Geral

O objetivo geral deste estudo é analisar a relação entre o gerenciamento tributário e a evidenciação dos passivos contingentes tributários nas empresas do Novo Mercado da BM&FBovespa, no período de 2012 a 2016.

1.2.2 Objetivos Específicos

Com base no objetivo geral, destacam-se os objetivos específicos da pesquisa:

a) Descrever o gerenciamento tributário das empresas do Novo Mercado;

b) Mensurar o nível de evidenciação dos passivos contingentes tributários nas empresas do Novo Mercado e

c) Identificar a relação entre o gerenciamento tributário e o nível de evidenciação do passivo contingente tributário.

1.3 JUSTIFICATIVA DA PESQUISA

A relevância da pesquisa está relacionada ao fato de apresentar a discussão acerca do gerenciamento tributário e a evidenciação das

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contingências passivas tributárias. O gerenciamento tributário é uma importante estratégia para as empresas, pois é por meio dele que os gestores, profissionais contábeis e usuários internos podem aumentar os resultados das empresas, diminuindo seus impostos legalmente, para proporcionar benefícios aos acionistas. Assim, o estudo relaciona-se aos reflexos da carga tributária na condução e resultados dos negócios.

Conforme análise elaborada pela Receita Federal do Brasil (2017), no Brasil, em 2015, a carga tributária bruta atingiu 32,66%, contra 32,42% em 2014. A variação de um ano para o outro é resultado da combinação dos decréscimos em termos reais de 3,8% do Produto Interno Bruto e de 3,15% da arrecadação tributária nos três níveis do governo.

Nessa perspectiva, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento

Econômico (OCDE) aponta o Brasil como o país com a maior carga tributária em toda América Latina e revela que os brasileiros pagam o equivalente a 33,4% do tamanho da economia em taxas e impostos (RECEITA FEDERAL, 2017).

Segundo Martinez et al. (2014), o objetivo da gestão tributária é, por meio de formas legais, postergar ou reduzir a carga tributária das empresas, para melhorar seu desempenho e o valor de mercado. É, assim, uma atividade de valor permanente para os acionistas.

Destaca-se que o gerenciamento tributário é a forma legal de redução das despesas, por meio das oportunidades encontradas nas leis tributárias, para diminuir a carga tributária das empresas (FORMIGONI; ANTUNES; PAULO, 2009; TANG; FIRTH, 2011; ARMSTRONG; BLOUIN; LARCKER, 2012). Então, entende-se que a redução do pagamento de impostos, por meios legais, não deve ter relação com o aumento e a evidenciação dos passivos contingentes tributários.

Compreender o passivo contingente e sua evidenciação é fundamental para as organizações, pois, se os riscos não forem estimados corretamente poderão comprometer a receita de alguns meses e ocasionar impactos no lucro e na análise elaborada pelas empresas, investidores e instituições financeiras que disponibilizam recursos.

De acordo com a pesquisa realizada por Bushman e Smith (2001), a evidenciação reduz o risco dos investidores tomarem decisões equivocadas. Auxilia na alocação de recursos dentre as diversas opções disponíveis no mercado. Murcia e Wuerges (2011) verificaram que houve uma relação negativa entre o disclosure econômico e nível de evidenciação e o nível de gerenciamento de lucros.

Barth e McNichols (1994) demonstraram que o valor da empresa está associado com a existência de passivos contingentes. Baldoino e

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Borba (2015) acrescentam que as empresas brasileiras tendem a divulgar mais passivos contingentes que as de outros países, e que as contingências tributárias representam 67% dos passivos contingentes.

A discussão do tema posto à reflexão torna-se relevante à medida que se destacam alguns aspectos: i) Porque os tributos sobre o lucro são um custo comum e substancial para todas as empresas. No Brasil a alíquota desses tributos é de 34%. As contribuições sociais são espécies tributárias de grande potencial arrecadatório que afetam potencialmente os resultados das empresas, fazendo com que essas busquem alternativas para diminuição do ônus tributário; ii) Porque as informações contábeis dos tributos sobre o lucro fornecem dados para os investidores e credores, bem como informam a autoridade tributária, por meio das obrigações acessórias (AMARAL, 2007); iii) Porque a informação dos tributos sobre o lucro fornece uma medida alternativa dos ganhos, considerando-se as diferenças entre as apurações do lucro contábil e lucro fiscal; iv) Porque nos últimos 28 anos no Brasil foram editadas 31.221 normas tributárias federais (8,58% das normas tributárias), 110.610 normas tributárias estaduais (30,41% das normas tributárias) e 221.948 normas tributárias municipais (61,01% das normas tributárias), segundo o IBPT (2017). Verifica-se que o sistema tributário brasileiro é complexo, composto por diversos tributos e obrigações acessórias; v) Porque as alternativas de redução da carga tributária podem resultar em autuações, processos e fiscalizações, gerando passivos de natureza tributária; e vi) Porque os passivos contingentes tributários são itens fora do balanço, e muitas vezes os analistas financeiros não utilizam essas informações divulgadas em notas explicativas.

Nesse sentido, Formigoni, Antunes e Paulo (2009) destacam que os resultados motivam a continuidade de pesquisas que valorizam principalmente a área de gerenciamento de tributos, dada a realidade brasileira, bem como a de outros países, que seja caracterizada por uma elevada carga tributária e dos efeitos que isso pode ocasionar na tomada de decisão dos usuários da informação contábil. Por sua vez, a Teoria da Divulgação contribui com relação aos efeitos da divulgação das informações financeiras dos passivos contingentes tributários. Permite que os investidores tenham condições de analisar a capacidade financeira da empresa.

Portanto, pretende-se avançar nos estudos, pois a perspectiva é de que o gerenciamento tributário não está relacionado à evidenciação dos passivos contingentes tributários. Destaca-se que o gerenciamento tributário é utilizado como estratégia que visa à diminuição do custo com tributos, para, assim, aumentar o valor das empresas. Ainda, espera-se que

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os passivos contingentes tributários sejam decorrentes do complexo sistema tributário brasileiro e que esses passivos sejam evidenciados nas notas explicativas, conforme previsto no CPC 25, permitindo que os usuários entendam a sua natureza, oportunidade e valor. Logo, a compreensão desse normativo, ajuda a verificar a realidade da contabilização das empresas no Brasil e colabora com os órgãos reguladores do mercado acionário no monitoramento das evidenciações contábeis.

1.4 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO

O presente trabalho está organizado em quatro seções. A primeira é composta pela introdução da pesquisa. São apresentadas as considerações iniciais, o problema da pesquisa, o objetivo geral e os específicos, e por último a justificativa do pesquisa. A segunda seção aborda a fundamentação teórica e os estudos anteriores, enquanto que a seção seguinte apresenta os aspectos metodológicos, segregando-se nos seguintes tópicos: enquadramento metodológico, população e amostra, instrumentos de pesquisa e coleta de dados e procedimentos de análise. Por conseguinte, tem-se a apresentação e análise dos resultados. Por fim, são expostas as conclusões da pesquisa a partir do seu objetivo e do seu problema de pesquisa.

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2 REVISÃO DA LITERATURA 2.1 TEORIA DA DIVULGAÇÃO

O principal objetivo da Teoria da Divulgação é explicar o fenômeno da divulgação das informações financeiras. Verrecchia (2001) classifica os estudos relativos à compreensão da divulgação em três categorias de pesquisas: associação (association-based disclosure), julgamento (efficiency-based disclosure) e eficiência (discretionary-based disclosure). A divulgação baseada em associação estuda os efeitos e as mudanças no comportamento dos investidores, os quais competem no mercado de capitais na forma de agentes individuais que maximizam a sua riqueza. Por sua vez, a divulgação baseada em julgamento compreende pesquisas que identificam quais os motivos da divulgação, ou seja, procuram examinar como os gestores e/ou as empresas decidem divulgar suas informações. E, por último, a divulgação baseada na eficiência discute as modalidades preferidas de divulgação na ausência de conhecimento prévio da informação, ou seja, as preferências incondicionais.

Dye (2001) contesta essa posição. Afirma que a teoria delimita como a Teoria da Divulgação Voluntária, um caso especial da Teoria dos Jogos, a qual a principal premissa é a de que a entidade só divulgará voluntariamente informações favoráveis, assim não evidenciará as informações desfavoráveis. De qualquer modo, o autor trabalha com a taxionomia dos trabalhos em Teoria da Divulgação, criada por Verrecchia (2001).

Hendriksen e Van Breda (1999) definem a divulgação como um meio de conduzir a informação. Segundo os autores, o objetivo principal da exposição das informações financeiras é permitir que os investidores tenham condições de analisar a capacidade financeira da empresa.

Cruz e Lima (2010) afirmam que a disclosure ou divulgação pode influenciar o comportamento dos usuários, pois afeta a percepção dos agentes econômicos em relação ao risco que a empresa oferece. Influencia, segundo os autores, no processo de alocação de recursos e estabelecimento dos preços dos títulos. Complementando, o Pronunciamento Técnico CPC 00 (R1) – Pronunciamento Conceitual Básico (2011) estabelece o objetivo do relatório contábil-financeiro de propósito geral, que é:

[...] é fornecer informações contábil-financeiras acerca da entidade que reporta essa informação (reporting entity) que sejam úteis a investidores

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existentes e em potencial, a credores por empréstimos e a outros credores, quando da tomada decisão ligada ao fornecimento de recursos para a entidade. Essas decisões envolvem comprar, vender ou manter participações em instrumentos patrimoniais e em instrumentos de dívida, e a oferecer ou disponibilizar empréstimos ou outras formas de crédito.

Entendimento mais amplo da divulgação sobre informação necessária ao processo de decisão de investimento, de créditos e similares, pelos investidores e credores, está explicitado no diagrama de divulgação financeira, apresentado pela SFAC nº 5, Statement of Financial Accounting Concepts. O International Accounting Standards Board - IASB, por meio da IAS 10, requer que seja feito o disclosure de eventos de perdas e contingências. E, ainda, que as obrigações não reconhecidas, pertinentes a uma avaliação da posição financeira de uma companhia, devem ser informadas nas notas explicativas ou no relatório da administração.

Segundo o SFAC nº 1 (FASB, 1978), “o disclosure contábil deve incluir interpretações e explicações com o objetivo de auxiliar os usuários a entenderem a informação financeira divulgada”. Percebe-se, assim, que as práticas de disclosure complementam a função dos números contábeis de prover informações acerca da situação econômico-financeira da companhia. Segundo a Teoria da Divulgação de Verrechia (2001), as informações que não são divulgadas podem ser entendidas como desfavoráveis, e, ainda, que a tendência é de divulgar o que é mais vantajoso, ou seja, de apresentar o melhor desempenho para a empresa.

A Teoria da Divulgação é percebida como sinônimo de transparência. Nesse sentido, Bushman, Piotroski e Smith (2004) associaram a divulgação de informações financeiras à transparência corporativa. Os autores definiram essa divulgação como a ampla disponibilidade de informações da empresa para aqueles que não pertencem à organização. Na divulgação de uma empresa, além das informações legalmente requeridas, há toda informação relevante para o processo de tomada de decisão dos stakeholders, que permite maior transparência no ambiente corporativo (LIMA, 2007).

O CPC 00 (R1) (2011) reforça que a informação contábil-financeira deve ser útil, precisa, relevante e representar com fidedignidade o que se propõe. A utilidade da informação contábil-financeira é melhorada se ela for comparável, verificável, tempestiva e

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compreensível. Logo, toda a informação é relevante e deve ser divulgada quando for influenciar decisões. A informação, quando relevante, deve ser completa, neutra, livre de erro, comparável, tempestiva e compreensível.

2.2 PASSIVOS CONTINGENTES TRIBUTÁRIOS

2.2.1 Passivo Contingente

A Deliberação CVM nº 489, de 3 de outubro de 2005, aprovou e tornou obrigatório, a partir de 1º de janeiro de 2006, para as companhias abertas, o pronunciamento da Norma e Procedimento de Contabilidade - NPC nº 22 sobre Provisões, Passivos, Contingências Passivas e Contingências Ativas, emitida pelo Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (IBRACON). Em 31 de janeiro de 2008, o Conselho Monetário Nacional (CMN) tornou também obrigatória sua adoção para as instituições financeiras, conforme Resolução CMN 3.535, de 31 de janeiro de 2008. A NPC nº 22 já tinha a intenção de convergência com as Normas Internacionais de Contabilidade nº 37 (IAS – International Accounting Standard) e estabeleceu critérios de reconhecimento, mensuração e evidenciação, aplicáveis a provisões, contingências passivas e contingências ativas.

Com a revogação da Deliberação CVM nº 489/05 e aprovação da Deliberação CVM nº 594/09, torna-se obrigatória, para o exercício de 2010, para as companhias abertas, a aplicação do Pronunciamento Técnico CPC 25 – Provisões, Passivos Contingentes e Ativos Contingentes. A Norma Brasileira de Contabilidade – Técnica Geral (NBC-TG) 25(R1) tem como objetivo assegurar que sejam aplicados critérios de reconhecimento e bases de mensuração apropriados a provisões, passivos contingentes e ativos contingentes e que seja divulgada informação suficiente nas notas explicativas, para permitir que os usuários entendam a sua natureza, oportunidade e valor.

De acordo com o CPC 25 (2009, p. 3), “provisão é um passivo de prazo ou de valor incertos”. Uma provisão deve ser reconhecida quando: (a) a entidade tem uma obrigação presente (legal ou não formalizada) como resultado de evento passado; (b) for provável que será necessária uma saída de recursos que incorporem benefícios econômicos para liquidar a obrigação e (c) possa ser feita uma estimativa confiável do valor da obrigação. Se essas condições não forem satisfeitas, nenhuma provisão deve ser reconhecida. O passivo contingente, por sua vez, pode ser definido como “uma obrigação possível que resulta de eventos passados

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e cuja existência será confirmada apenas pela ocorrência ou não de um ou mais eventos futuros incertos não totalmente sob controle da entidade” (CPC 25, 2009, p. 4).

O CPC 25 (2009, p.4) ainda esclarece que o passivo contingente também pode ser uma obrigação presente que resulta de eventos passados, mas que não é reconhecida porque: “i) não é provável que uma saída de recursos que incorporam benefícios econômicos seja exigida para liquidar a obrigação; ou ii) o valor da obrigação não pode ser mensurado com suficiente confiabilidade”. A IAS 37 esclarece que o objetivo da norma é garantir que os critérios apropriados de reconhecimento e bases de mensuração sejam aplicados ao passivo contingente e que informações suficientes sejam divulgadas nas notas explicativas para permitir que os usuários compreendam a sua natureza, época e valor.

Iudícibus (2010) destaca que a entidade não reconhece um passivo contingente, pois ele se caracteriza como uma saída de recursos possível. Sua divulgação é necessária apenas em notas explicativas. No entanto, “[...] nenhuma referência precisará ser feita à contingência se for julgado que a probabilidade de sua ocorrência for remota” (HENDRIKSEN; VAN BREDA, 1999, p. 288). Assim, de acordo com Kieso et al. (2014), acerca da distinção entre provisão e passivos contingentes é importante conhecer a definição de provável, possível e remoto, quais sejam: Provável: a probabilidade de ocorrência do evento ou dos eventos futuros é maior do que a probabilidade de não ocorrerem. Possível: a chance de ocorrência dos eventos futuro é baixa. Não é suficientemente forte a possibilidade de ocorrência. Remota: quando a chance de um evento futuro ocorrer é muito pequena. Em decorrência da classificação apontada no CPC 25, Iudícibus (2010) fornece o quadro a seguir com o tratamento contábil a ser dado a provisões e passivos contingentes.

Quadro 1 – Tratamento contábil de provisão e passivo contingente Probabilidade de ocorrência do

desembolso Tratamento Contábil

Obrigação presente e

Mensuração por meio de estimativa confiável

Uma provisão é reconhecida e é divulgada em notas explicativas Provável

Não mensuração por inexistência de estimativa

confiável

Divulgação em notas explicativas Possível (mais provável que não tenha

saída de recursos do que sim) Divulgação em notas explicativas

Remota Não divulga em notas explicativas

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Então, quando a probabilidade de saída de recursos é mais provável e mensurável, trata-se de uma provisão, ou seja, um passivo. Mas quando se tratar de uma saída de recurso possível, mas não provável (mais provável que não do que sim), a entidade deverá evidenciá-la em notas explicativas. E, ainda, quando a possibilidade for remota, a entidade não necessita fazer qualquer divulgação em notas explicativas. A classificação do passivo contingente e provisão no Brasil, conforme a legislação e as normas internacionais, é definida de acordo com a probabilidade de ocorrência: provável, possível ou remota, com diferentes tratamentos para cada tipo de probabilidade (FONTELES et al., 2013; PINTO et al., 2014).

Segundo Iudícibus (2010), algumas provisões mais comuns são: a) provisões para garantias de produtos, mercadorias e serviços; b) provisão para riscos fiscais, trabalhistas e cíveis; c) provisão para reestruturação; d) provisão para danos ambientais causados pela entidade; e) provisão para compensações ou penalidades por quebra de contratos (contratos onerosos); f) obrigação por retirada de serviço de ativos de longo prazo; g) provisão para benefícios a empregados; h) provisão para contratos de construção.

Suave et al. (2013) apontam que, em sua maioria, as empresas divulgam 5 tipos de contingências passivas: tributárias, trabalhistas, cíveis, ambientais e garantias, resultantes de processos litigiosos. Destaca que as contingências tributárias estão relacionadas a tributos e obrigações acessórias, as contingências trabalhistas são referentes a processos movidos por empregados, as contingências cíveis, normalmente, estão relacionadas com garantias prestadas por dívidas de terceiros, e também com garantias para cobrir produtos com defeito, e as contingências ambientais são processos relacionados ao meio ambiente (recuperação ambiental, multa por infração à legislação pertinente à conservação do meio ambiente, etc).

2.2.2 Reconhecimento

O valor reconhecido como provisão deve ser a melhor estimativa do desembolso exigido para liquidar a obrigação presente na data do balanço. Ou seja, é o valor que a empresa pagaria para liquidar tal passivo ou o transferiria para terceiros. Nesse sentido, o CPC 25, 2009, p. 12 estabelece que:

As provisões devem ser reavaliadas em cada data de balanço e ajustadas para refletir a melhor estimativa corrente. Se já não for mais provável

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que seja necessária uma saída de recursos que incorporam benefícios econômicos futuros para liquidar a obrigação, a provisão deve ser revertida. O item 13, b, do CPC 25 faz distinção dos passivos contingentes não caracterizados como passivos porque são: (i) obrigações possíveis, visto que ainda há de ser confirmado se a entidade tem ou não uma obrigação presente que possa conduzir a uma saída de recursos que incorporem benefícios econômicos ou (ii) obrigações presentes, que não satisfazem aos critérios de reconhecimento do Pronunciamento Técnico (porque não é provável que será necessária uma saída de recursos que incorporem benefícios econômicos para liquidar a obrigação ou não pode ser feita uma estimativa suficientemente confiável do valor da obrigação). O CPC 25 apresenta um modelo ilustrativo com o objetivo de, de forma resumida, explicar os principais requerimentos de reconhecimento para as provisões e passivos contingentes, apresentados na Figura 1.

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Figura 1– Árvore de decisão

Fonte: Pronunciamento Técnico CPC 25 (2009).

Para o reconhecimento do passivo contingente, além da obrigação presente, que é caracterizada por evidência disponível de que é mais provável que vai existir a obrigação do que não, é condicionante a probabilidade de saída de recursos que incorporem benefícios econômicos futuros para sua liquidação. A probabilidade de ocorrer é maior do que a de não ocorrer.

2.2.3 Mensuração

Os passivos contingentes devem ser avaliados periodicamente, pois uma saída de recursos pode tornar-se “inesperadamente” provável, com necessidade, nessa situação, de mudança de expectativa (IUDÍCIBUS, 2010). As regras de mensuração, conforme o CPC 25,

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devem considerar a melhor estimativa (valor reconhecido), os efeitos financeiros (julgamentos) e os riscos e incertezas de possíveis eventos futuros.

“A melhor estimativa do desembolso exigido para liquidar a obrigação presente é o valor que a entidade racionalmente pagaria para liquidar a obrigação na data da apresentação das demonstrações contábeis” (CPC 25, 2009, p. 9). O CPC 25 (2009) ainda traz que os efeitos financeiros são determinados pelo julgamento da administração da entidade, complementados pela experiência de transações semelhantes e, em alguns casos, por relatórios de peritos independentes. Essas informações devem ser divulgadas nas notas explicativas com o intuito de garantir a qualidade da informação.

Os riscos descrevem a variabilidade de desfechos, enquanto é preciso ter cuidado ao realizar julgamentos em condições de incerteza, para que os passivos não sejam subavaliados. A divulgação das incertezas que cercam o valor do desembolso é feita de acordo com o item 85(b) do CPC 25. É importante destacar, ainda, que no caso das provisões, quando o efeito do valor do dinheiro no tempo é material, o valor da provisão deve ser contabilizado a valor presente dos desembolsos que se espera sejam exigidos para liquidar a obrigação. O pronunciamento técnico CPC 12 – Ajuste a Valor Presente dispõe a respeito do assunto.

2.2.4 Divulgação

O passivo contingente caracteriza-se por uma saída de recurso possível. É necessária apenas a sua divulgação em notas explicativas. A entidade deverá divulgar em notas explicativas, para cada classe de passivo contingente na data do balanço, uma breve descrição da natureza desse passivo e, quando praticável: (a) estimativa de seu efeito financeiro conforme as regras de mensuração, considerando a melhor estimativa, risco e incerteza, o valor presente e possíveis eventos futuros; (b) a indicação das incertezas relacionadas ao valor ou momento de ocorrência de qualquer saída e (c) a possibilidade de qualquer reembolso (CPC 25, 2009, p. 16).

O Pronunciamento Técnico destaca que quando algumas das informações exigidas não forem divulgadas por não ser praticável fazê-lo, a entidade deve divulgar esse fato. E, ainda, nos casos em que a divulgação prejudique seriamente a posição da entidade em uma disputa com outras partes sobre os passivos contingentes, “a entidade não precisa divulgar as informações, mas deve divulgar a natureza geral da disputa,

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juntamente com o fato de que as informações não foram divulgadas, com a devida justificativa” (CPC 25, 2009, p. 17).

A Orientação Técnica OCPC 07 que trata sobre a Evidenciação na Divulgação dos Relatórios Contábil-Financeiros também esclarece e reforça que, nas demonstrações contábeis e nas respectivas notas explicativas, sejam divulgadas informações relevantes (e apenas elas) que de fato devem ser úteis a investidores existentes e em potencial, a credores por empréstimos e a outros credores, quando influenciam no processo de tomada de decisão.

2.2.5 Itens fora de balanço

Em face de algumas motivações, ao longo dos tempos, têm sido desenvolvidas práticas comumente designadas por itens fora do balanço ou, no termo original em inglês, de off-balance sheet, que permitem não reconhecer contabilmente algumas transações no balanço das empresas. O mais flagrante dos escândalos, o da Enron, deve-se ao fato do uso excessivo dessas práticas, que podem deturpar as demonstrações financeiras e ocultar eventual endividamento da empresa. Assim, analistas têm se preocupado com os efeitos que podem afetar a situação financeira das organizações.

Segundo Almeida e Batista (2016), as operações fora do balanço são somente divulgadas em notas explicativas até que todas as condições necessárias se convertam em fatos contábeis; e a partir disso passam a ser contabilizadas em contas patrimoniais e transformam-se em operações em balanço. Frente a isso, os passivos contingentes são operações fora do balanço, pois não são contabilizadas em função da sua existência incerta, em função de depender de um evento que ainda não ocorreu e que não está sob controle da empresa.

As críticas dessa discussão decorrem da visão de que muitos analistas financeiros não utilizam informações divulgadas em notas explicativas de forma sistemática (SENGUPTA; WANG, 2011). Com a implementação das IFRS, as quais sobrepõem a essência ao invés da forma, a responsabilidade do critério de julgamento foi transferida para o Contador. No entanto, mais informações são exigidas, com o intuito de garantir a qualidade da informação, transparência e divulgação.

2.2.6 Passivo Contingente Tributário

Rosa (2014) destaca que os processos tributários representam 69% do total de sua pesquisa, uma vez que o sistema tributário brasileiro é

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complexo, que existem frequentes mudanças na legislação, e que a quantidade de obrigações acessórias é ampla. Corroborando, Baldoino e Borba (2015) verificaram que as contingências tributárias representaram 67% dos passivos contingentes e que as empresas brasileiras tendem a divulgar mais os passivos contingentes que as de outros países.

Para Martinez e Sonegheti (2015), as contingências tributárias podem ser definidas como possíveis ônus de caráter tributário, decorrentes de reclamações ou litígio fiscal cujo êxito, ou não, somente será confirmado no futuro. Farias (2004) aborda que os passivos tributários, devido à complexidade do sistema tributário brasileiro, levam a um grande número de ações judiciais, com questionamentos, como: alíquotas de impostos, período em que se deve iniciar sua cobrança; enquadramento das empresas em determinada legislação, dentre outros. O autor entende que existe grande dificuldade de mensurar os passivos tributários, pois não há informações consistentes referentes ao valor que será determinado pela justiça, se o imposto é devido, ou quando sairá a decisão do processo.

Devido à complexidade da legislação tributária, as empresas possuem divergências de entendimento com o fisco. O aumento da carga tributária não sinaliza que as contingências aumentam, porém levam as empresas a praticarem planejamentos tributários mais agressivos, que podem ocasionar autuações fiscais não registradas anteriormente (MARTINEZ; SONEGHETI, 2015).

2.3 GERENCIAMENTO TRIBUTÁRIO

O gerenciamento tributário, planejamento tributário, gestão tributária e elisão fiscal são compreendidos como uma forma legal de redução das despesas com tributos, quando os contribuintes identificam oportunidades nas leis tributárias para diminuir a carga tributária das empresas, uma vez que a realizam antes do fato gerador do imposto (FORMIGONI; ANTUNES; PAULO, 2009; TANG; FIRTH, 2011; ARMSTRONG; BLOUIN; LARCKER, 2012).

Dessa maneira, a utilização do gerenciamento tributário torna-se uma oportunidade para que os gestores considerem os aspectos tributários em sua administração, reduzindo a carga tributária e aumentando o valor da empresa (HANLON; SLEMROD, 2009). Para Scholes e Wolfson (1992), o gerenciamento tributário eficaz deve considerar todos os aspectos envolvidos no negócio e não apenas o aspecto tributário. Os autores utilizam três temas centrais de estrutura, como: (i) as implicações tributárias para todas as partes envolvidas na transação; (ii) todos os

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tributos, sejam eles explícitos ou implícitos e (iii) todos os custos envolvidos na questão.

Assim, Scholes e Wolfson (1992) enfatizam que apesar dos tributos serem um dos maiores custos das empresas, necessitam de muita atenção na hora de diminuir a carga tributária por meio do gerenciamento específico. As empresas não podem utilizar somente como base o aspecto jurídico-tributário. Destacam, ainda, que o gerenciamento tributário deve ter como premissa básica aumentar o valor da empresa em longo prazo e que é parte do grande problema de eficiência nas organizações.

As formas mais conhecidas para detectar o gerenciamento tributário nas empresas ocorrem por meio das taxas Effective Tax Rates (ETR), CashETR e Book-Tax Differences (BTD). A ETR captura a taxa efetiva de impostos paga, em relação ao lucro, antes dos impostos. A CashETR é usada como proxy para planejamento tributário a longo prazo, e o BTD reflete as diferenças entre o lucro contábil e o lucro tributável das empresas. Todas as taxas mostram a eficiência do gerenciamento tributário (GOMES, 2016).

Corroborando, Hanlon e Heitzman (2010) relatam que o gerenciamento tributário pode ser capturado por meio das proxies: Effective Tax Rate (ETR), que é o percentual entre despesas tributárias e lucro contábil; CashETR é a alíquota efetiva dos tributos, considerados somente os tributos recolhidos, e o Book-Tax Differences (BTD), que é a diferença do lucro contábil do lucro tributável. Todas medem a eficiência e a eficácia do gerenciamento tributário das empresas.

2.3.1 Effective Tax Rates (ETR)

Nas pesquisas atuais na área de tributação a medida mais utilizada para identificar a presença de gerenciamento tributário é a ETR. A alíquota efetiva do tributo, Effective Tax Rates (ETR), é comumente usada para medir o gerenciamento tributário, pois calcula a alíquota efetiva dos tributos sobre o lucro (FORMIGONI; ANTUNES; PAULO, 2009; DYRENG; HANLON; MAYDEW, 2010; MINNICK; NOGA, 2010; ARMSTRONG; BLOUIN; LARCKER, 2012; UTZIG et al., 2014; CABELLO; PEREIRA, 2015; SANT’ANA; ZONATTO, 2015; GOMES, 2016; GUIMARÃES et al., 2016; GUIMARÃES; MACEDO; CRUZ, 2016).

Para Shevlin (1999) e Shackelford e Shevlin (2001), a ETR é uma medida apropriada para medir o gerenciamento tributário. Assim, quando são obtidas menores alíquotas efetivas de tributos, há decorrência de que provavelmente houve gerenciamento tributário. Para Mota (2015), essa

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medida capta o percentual de tributos incidentes sobre os resultados das empresas. Indica que uma empresa mais agressiva é propensa a apresentar níveis mais baixos de carga tributária.

Entretanto, Tang e Firth (2011) criticam a proxy da ETR, pois quando as empresas que se utilizam de benefícios fiscais pagam menos tributos sobre o lucro isso resulta num baixo índice de ETR. Nesses casos não se pode considerar que essas empresas se utilizam de gerenciamento tributário. E, ainda, Plesko (2003) argumenta que a ETR torna-se uma medida viesada quando as empresas possuem prejuízo operacional líquido em anos anteriores, uma vez que esse prejuízo poderá ser compensado com o lucro tributável de um ano lucrativo posterior. Assim, a ETR estaria sendo subestimada, mesmo sem o gerenciamento tributário. Por conseguinte, não existe consenso sobre a métrica utilizada para detectar o gerenciamento de tributos, em função de que essa medida contém informações múltiplas: (i) gerenciamento tributário; (ii) dos efeitos de políticas de incentivos fiscais; (iii) compensação de prejuízos fiscais (PLESKO, 2003; TANG; FIRTH, 2011).

Apesar das discussões inerentes à proxy do ETR, entende-se que essa medida demonstra inicialmente o gerenciamento tributário, portanto, será utilizada para identificar as empresas que realizam o GT. A ETR é a taxa de imposto efetiva, usada para se avaliar a verdadeira carga tributária dessas empresas. O percentual legal máximo dos impostos sobre o lucro pode chegar até 34%, considerados 15% de IRPJ mais o adicional de 10% e 9% de CSLL. Logo, as empresas que apresentarem resultados abaixo de 34%, provavelmente realizam o gerenciamento tributário.

Conforme diversos pesquisadores (FORMIGONI; ANTUNES; PAULO, 2009; DYRENG; HANLON; MAYDEW, 2010; MINNICK; NOGA, 2010; ARMSTRONG; BLOUIN; LARCKER, 2012; UTZIG et al., 2014; CABELLO; PEREIRA, 2015; SANT’ANA; ZONATTO, 2015; GOMES, 2016; GUIMARÃES et al., 2016; GUIMARÃES; MACEDO; CRUZ, 2016), a ETR anual é definida como a alíquota efetiva obtida entre o resultado da divisão das despesas com tributos sobre o lucro (Imposto de Renda e da Contribuição Social do ano corrente e diferida) e o LAIR.

𝐸𝑇𝑅 =𝐷𝑒𝑠𝑝𝑒𝑠𝑎𝑠 𝐼𝑅𝑃𝐽 𝑒 𝐶𝑆𝐿𝐿 𝐿𝐴𝐼𝑅

À vista disso, quando a alíquota efetiva, identificada por meio do cálculo da ETR, for menor que as alíquotas normais dos tributos sobre o lucro, 34%, pode-se indicar a adoção de gerenciamento tributário. Shackelford e Shevin (2001) validam afirmando que a ETR constitui uma

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medida adequada da eficácia do gerenciamento tributário, pois se esse for eficaz resultará em um baixo índice de ETR.

2.3.2 Cash Effective Tax Rates (CashETR)

Nesta pesquisa também será utilizada como forma de identificação do gerenciamento tributário o cálculo do Cash Effective Tax Rates (CashETR), que considera os tributos efetivamente pagos, ou seja, sem considerar os impostos diferidos em função das diferenças tributárias. Assim, o que se busca é a identificação do verdadeiro encargo pago de tributos sobre o lucro (DYRENG; HANLON; MAYDEW, 2010).

Na medição do CashETR também deve ser considerada a medição das taxas efetivas de impostos que são realizadas a longo prazo, ou seja, dez anos. Dessa forma, somam-se os impostos de uma empresa durante o período de dez anos e divide-se pela soma do seu rendimento total antes dos impostos ao longo dos mesmos dez anos (DYRENG; HANLON; MAYDEW, 2010; MINNICK; NOGA, 2010; ARMSTRONG; BLOUIN; LARCKER, 2012; GOMES, 2016). Isso produz uma taxa efetiva de imposto que acompanha melhor os encargos tributários das empresas em longo prazo. Dyreng, Hanlon e Maydew (2010) acreditam que essa é a melhor proxy para medir o gerenciamento tributário em longo prazo.

Isso posto, seguindo os estudos de Dyreng, Hanlon e Maydew(2010), Minnick e Noga (2010), Armstrong, Blouin e Larcker (2012) e Gomes (2016), calculou-se a taxa efetiva de tributos pagos em longo prazo da seguinte forma:

𝐶𝑎𝑠ℎ𝐸𝑇𝑅 =𝑇𝑟𝑖𝑏𝑢𝑡𝑜𝑠 𝑃𝑎𝑔𝑜𝑠 (𝐼𝑅𝑃𝐽 𝑒 𝐶𝑆𝐿𝐿) 𝐿𝐴𝐼𝑅

Ressalta-se que os tributos pagos representam o somatório dos pagamentos efetuados de Imposto de Renda e da Contribuição Social do ano, ou seja, somente as despesas correntes com tributos. Assim, quando a alíquota efetiva, identificada por meio do cálculo da CashETR, for menor que as alíquotas normais dos tributos sobre o lucro, 34%, indica-se provavelmente a realização de gerenciamento tributário.

2.3.3 Book-Tax Differences (BTD)

Para complementar a identificação do gerenciamento tributário calculou-se o BTD, que, de acordo com alguns autores, é a diferença entre o lucro contábil e o lucro tributável (TANG; FIRTH, 2011; GOMES,

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2016). Dessa forma, quanto menor a base de cálculo, lucro tributável, melhor será o gerenciamento tributário. Hanlon e Heitzmann (2010) apontam que a BTD decorre, basicamente, de dois fatores: (i) a utilização das oportunidades tributárias pelos administradores e (ii) em virtude das diferenças entre as regras tributárias e as societárias.

O lucro contábil é calculado com base no BR GAAP (representa os princípios contábeis geralmente aceitos no Brasil). Tem como objetivo principal gerar informações que demonstrem a posição econômica e financeira da empresa para tomada de decisões, enquanto que o lucro tributável segue as regras tributárias (norma tributária) e tem por objetivo atender a questões relativas ao governo.

Como o gerenciamento tributário visa à redução do pagamento de impostos, as ações para chegar a esse objetivo modificam o lucro tributável, ainda que não afetem o lucro contábil, aumentando as diferenças entre os lucros e tornando a BTD uma boa forma de detectar o planejamento tributário. A BTD evidencia o gerenciamento tributário e o gerenciamento dos resultados, além de afirmar que é um parâmetro de qualidade de lucro (TANG; FIRTH, 2011).

A alíquota efetiva do BTD, conforme estudos de Hanlon e Heitzmann (2010) e Gomes (2016), calculou-se da seguinte forma:

𝐵𝑇𝐷 = 𝐿𝐴𝐼𝑅 − 𝐿𝐴𝐿𝑈𝑅

O LALUR é calculado pela divisão entre a despesa com IR e CSLL e pela alíquota nominal dos impostos sobre o lucro de 34%. Portanto, conforme Gomes (2016), poderá ser identificado o gerenciamento tributário por meio da proxy BTD se o lucro contábil for maior que o lucro tributável.

2.4 TRIBUTOS SOBRE O LUCRO

O surgimento do Imposto de Renda no Brasil deu-se em 1922, instituído pela Lei 4.625, de 31/12/1922, que orçou a Receita Federal da República dos Estados Unidos do Brasil para o exercício de 1924. Antes de 1922, vigorava o Imposto sobre Vencimentos, criado em 1843, e suprimido dois anos após, mas que voltaria a ser cobrado outras vezes por meio do Imposto sobre Dividendos e o Imposto sobre os Lucros. No artigo 31 da Lei 4.625/1922 constava: “fica instituído o imposto geral sobre a renda, que será devido, anualmente, por toda a pessoa física ou jurídica, residente no território do país, e incidirá, em cada caso, sobre o conjunto líquido dos rendimentos de qualquer origem”.

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Com apenas esse artigo e oito incisos da referida lei orçamentária estava criado o imposto geral sobre a renda no país, embora, anteriormente, tenha havido tributação pontual sobre a renda, mas sem repartição própria, nem funcionários com dedicação exclusiva ao Imposto de Renda (RECEITA FEDERAL, 2017). A Receita Federal (2017) aponta algumas características que tornaram importante o Imposto de Renda e que merecem registro:

(a) Desde 1979 é o tributo federal de maior arrecadação. Entre 1943 e 1978, alternou a liderança com o Imposto de Consumo/IPI;

(b) Os contribuintes, que se dirigem à Receita Federal ou acessam seu site, querem, em grande parte, informações sobre IR, tais como: restituição, conta-corrente, malha, CPF, CNPJ, dúvidas sobre preenchimento da declaração, programas de preenchimento e entrega da declaração etc;

(c) O Imposto de Renda permite seguir os princípios de justiças fiscal e social. Não se pode falar de justiça fiscal sem passar pelo Imposto de Renda;

(d) O Imposto de Renda pode ser cobrado de acordo com a capacidade contributiva, conforme preconiza o art. 145 § 1º da Constituição, sendo o mais adequado a uma melhor distribuição de renda. Nos primeiros anos, a participação do Imposto de Renda na receita tributária da União era pequena, algo em torno de 3%. Dos impostos federais, só arrecadava mais que o imposto sobre loterias. Paulatinamente, a arrecadação foi aumentando em termos nominais e reais. Na década de 1930, a participação do Imposto de Renda já ultrapassava 8%. O imposto de importação mantinha uma liderança histórica, seguido cada vez mais de perto pelo imposto de consumo (RECEITA FEDERAL, 2017).

De 1922 até os dias atuais, muitas mudanças ocorreram, o que fez com que o imposto de renda tivesse sua técnica de apuração aprimorada, adquirindo, assim, cada vez mais, o caráter complexo que hoje apresenta. Nessa evolução, o sistema tributário separou os contribuintes em pessoas físicas e jurídicas, os quais se submetem a regimes tributários diferenciados. De acordo com Schoueri (2010), a renda passível de

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tributação no Brasil está fundamentada em duas teorias econômicas, quais sejam a Teoria da Renda-Produto e a Teoria Renda-Acréscimo Patrimonial.

A Teoria da Renda-Produto é o produto de uma fonte estável, suscetível de preservar sua reprodução periódica. Exige que haja riqueza nova (produto) derivada de fonte produtiva durável, que deve subsistir ao ato de produção (CARVALHO, 2008). A Teoria Renda-Acréscimo Patrimonial é todo ingresso líquido, em bens materiais, imateriais ou serviços avaliáveis em dinheiro, periódico, transitório ou acidental, de caráter oneroso ou gratuito, que importe em incremento líquido do patrimônio de determinado indivíduo, em certo período de tempo (CARVALHO, 2008).

Figura 2 – Renda Tributável no Brasil

Fonte: Schoueri (2010, p. 247).

Assim, essas afirmações são verificáveis quando confrontadas aos textos legais da Constituição Federal de 1988 e ao Código Tributário Nacional. O imposto de renda está reconhecido na Constituição Federal de 1988, no artigo 153, inciso III, quando determina que compete à União instituir impostos sobre a renda e proventos de qualquer natureza. O Código Tributário Nacional, no artigo 43, complementa que sobre a renda e proventos de qualquer natureza tem como fato gerador a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica: (i) de renda, assim entendido o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos e (ii) de qualquer natureza, assim entendidos os acréscimos patrimoniais não compreendidos no inciso anterior.

No artigo 146 da Constituição Federal de 1988, é ressaltado que a capacidade contributiva é aquela em que o indivíduo tem condições para contribuir com os gastos do Estado. No Brasil, a capacidade contributiva é avaliada pelo Estado de diversas formas, presumida, real ou arbitrada. A legislação brasileira que estabeleceu o lucro contábil das empresas como base para apuração do lucro tributável foi o Regulamento do

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