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Arroz e coca: análise de uma experiência entre colonos do oriente boliviano

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Academic year: 2021

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(1)ARROZ E COCA: ANÁLISE DE UMA EXPERIÊNCIA ENTRE COLONOS DO ORIENTE BOLIVIANO. FIDEL OSCAR HOYOS BONILLAS. Orientador: Prof. Dr. ORIOWALDO QUEDA. Dissertação apresentada à Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiróz", da Universidade de São Paulo, para obtenção do Título de Mestre em Agronomia, Área de Concentração: Economia Agrária.. PIRACICABA. Estado de São Paulo, Brasil Novembro - 1992.

(2) Ficha catalogrifica preparada pela Seção de Livros da Divisão.de Biblioteca e Documentação - PCAP/USP H868a. Hoyos Bonillas, Fidel Oscar. Arroz e coca: análise, de urna experiência entre colo nos do Oriente Boliviano. Piracicaba, 1992. . p Diss.(Mestre) - ESALQ Bibliografia. 1. Arroz - Aspecto político-sócio-econômico - Bolívia 2. Coca - Aspecto político-sócio-econômico - Bolívia I. Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Piracicab;; CDD. 338. 17318 ·.

(3) ii. ARROZ E COCA: ANÃLISE DE UMA EXPERIÊNCIA ENTRE COLONOS DO ORIENTE BOLIVIANO. FIDEL OSCAR HOYOS BONILLAS. Aprovada em:. 19/ Ql/1993. Comiss�o julgadora: Prof. Dr. Oriowaldo Queda. ESALQ/USP. Prof. Dr. Carlo- José Caetano Bacha. ESALQ/USP. Prof. Ora. Vera Marisa Henrique de Miranda Costa. UNESP. Prof. Dr. ORIOWALDO QUEDA Orientador.

(4) Aos meus pais pelo apoio moral, sentimental e material que sempre me ofereceram. À minha esposa Margoth e aos meus filhos: Leonardo e Tomio Alberto pela compreens�o e companhia. À memória do meu filho Miguel Angel. DEDICO.

(5) AGRADECIMENTOS A Queiróz" e ao. Escolà Superior. de. Agricultura dLuiz. Departamento de Economia. e Sociologia. de. Rural. por terem aberto suas portas e permitido usufruir da valiosa experiªncia na �rea de Economia Agrária; Ao Conselho Britânico os meios. econô"micos durante. por ter. a realizaç�o. proporcionado. do curso,. e, em. especial, à Sra. Rozanne M C L Zachetti pela atenç�o com que me brindou ao longo de minha permanincia no Brasil; Ao Centro de Investigación. Agrícola Tropical. (CIAT) e à Miss�o Britânica em Agricultura Tropical em Santa Cruz,. Bolívia,. pela. oportunidade. que. me. deram. para. Queda,. meu. .aprofundar meus conhecimentos;. Ao. Dr.. Oriowaldo. Prof.. agradecimento especial n�o só pela sua criteriosa orientaç�o mas, também, pela sua. qualidade humana e espírito solidário. demonstrado nos momentos difíceis; Aos. Drs. Carlos. Caron e Manoel Cabral de. José Caetano. Bacha, Dalcio. Castro pelas críticas e. oportunas que contribuíram para o aprimoramento. sugest�es. do presente. trabalho; A. especialmente Alfredo pela. todos. a Nelson,. os. meus. Newton,. sincera amizade. e. colegas. do. curso,. Weimar, Juvenal. Pery,. companherismo que. e. fizeram. ainda maís grata minha estada no Brasil;. Aos. demais. profesor�s. e. Departamento de Economia e Sociologia Rural.. funcionários. do.

(6) V. fNDICE. P�GINA 1. INTRODUÇ�O••••••.•••.•• � ••.•••••••••..•••••••••• • · . 1.1 1.2 1.3. 1.4. O problema...••.•.•• • ·••••.•.•.••.••.••••.•• Hipótese........•.....••.•..••.•...... . ..•• Metodo 1 og ia ••.••.•••••••••••••.••• • •••••• • •. 1.3.1 Antecedentes......................... 1.3.2 Localizaç�o geográfica e estrutura fundiária.. .. . ............... ..... ... 1.3.3 A escolha de Yapacaní......•........• 1.3.4 Obstáculos metodológicos............. Intervenç�o do Estado ............•.....•... 1.4.1 O planejamento....................... 1.4.2 A "Estratégia de Desenvolvimento".... 1.4.3 O planejamento como processo de intervenç�o r-acional.................. 2. A .CULTURA DA COCA..••••• •• • • • • • • • • • • • • • • • • ••• • • • •.• 2.1 2.2 2.4 2.5. Antecedentes da cultura da coca na Bolívia. Breve história da cocaína .................. Debate e controle da coca ......•........... Comercia 1 izaç�o ............................ 4reas de produç�o de coca ............. � .... 2.5.1 Regi�o dos Y0ngas .......·............• 2.5.2 Regi�o do Chapare... � ...............• 2.5.3 Regi�o de Yapacaní ....•.........••.... 3. O DESENVOLVIMENTO AGRfCOLA DO DEPARTAMENTO DE. 01 01 11 11 12 16 18 21 23 24 26 28 33 34 37 43 54 58 61 62 62. SANTA CRUZ.• • • • •••.• • •• • . • • •• • . ••. .• • • • • .. •• • • • . • •. 65. 3.1 Antecedentes........ . . . . .. .... . ........ . .... 3.1.1 O "Plano. Bohan"....................... 3.1.2 A Revoluç�o Nacional de 1952.......... 3.1.3 A Reforma Agrária ..... �............... 3.2 Evoluçao da estrutura agrária................ 65 66 70 72 74.

(7) vi. 3.3 Categorias sócio-econSmicas de produtores rura~s •••••••••••••••••••••••• ,_ • a · . • • • • • • • • • • 3.3.1 Colonos nacionais..................... 3.3.2 Empresários nacionais................. 3.3.3 Colonos estrangeiros ••••....•.• ·••••••• 3.4 A situaç~o atual dos colonos nacionais...... 3.4.1 O arroz: cultura central nas unidades produtivas ••.•••••.•••••.••.•. 3.4.2 A "crise do pousio" e a procura de. 78. 78 83 85 86. 11........ 86. saidas ••• '•. ~ • • • . . • • • • • . • . . • • . • . . • • • • • •. 89. 3.5 O período 1978-1982: ~ crise política e a economia da coca e seus derivados......... 3.6 Algumas prováveis conseqüências da carência. 94. ~....................... 97. 4. A COLONIA DE YAPACANI ..•••......• ·......•......•.••. 101. de .. planejamento" ••••. 4.1 4.2. Aspectos culturais da colania de Yapacani .. Arroz e Coca: opç~o caótica perante a. 4.3. Desenvolvimento dirigido vs. desenvolvimento. crise......................................... 4.4. 101 103. espontâneo.................................. 105. Resultados do Estudo Empírico.............. 4.4~1 Estrutura da produç~o antes da erradicaç~o.. .....•.•.......•...••••. 4.4.2 A marginalizaç~o dos n~o-produtores. 108. 4.4.3 4.4.4 4.4.5 4.4.6 4.4.7. 109. de coca •.••. " . . . . • . . . • • " . . . . . . . . . . . . . .. 110. Renda do Capital na cultura da coca.. Renda do Capital na cultura do arroz. Outras opç~es de produç~o............ Destino incerto do crédito . . . . . . ~.... Aopç~o de continuar prOduzindo coca. 113 118 119 120. no' Chapar-e •••••••••• ~ • • • • • • • • • • • • • • .. •. 123. 4.4.8 A dificuldade de erradicaçao definitiva dJ cultura da coca......... 124. CONCLUSlJES •..•...•..•••..••.•.•............•..... '.' . .. 126. BIBLIOGRAFIA. 133. AP~NDICE. 1. 139. AP~NDICE. 2. 147.

(8) vii. LISTA DE-TABELAS TABELA. pAGINA. Exportaç~o de coca boliviana, período 1902-1925 ••••••••••••••••••••••••. 56. de coca da Bolívia, período 1944-1948 .•••••••••••••••••••.•••. 57. TABELA 03. VOlume e valor das exportaçOes da coca boliviana, período 1938-1952 •••••. 57. TABELA 04. Volume e valor da coca baliviana exportada, período 1968-1976 •.••••..•.. 58. TABELA 05. Area de produç~o de coca na Bolívia, segundo regi~o, período 1968-1987 .•.. 59. 01~. TABELA 02.. Exportaç~o. TABELA 06. Area, volume e participaç~o percentual das regi~es de produç~o de coca, ano 1987 • . • • . • . • . • • • • • • • . . . . . • • . . • . .. 61. TABELA 07. Departamento de Santa Cruz: distribuiç~o da populaç~o por Províncias ... 77. TABELA 08. Evoluçâo dos preços da coca na BoI ivia. 111. ••••••••••••••••••••••••••••. 93. -TABELA 09. Famílias da cidade de Santa Cruz segundo nível de pobreza, 1988 .......•. 100. TABELA lQ. Area média do arroz e da coca segundo sub-regiees de Yapacaní ..•..•..•.. 109. TABELA 11. Preços médios da folha de coca n~ regi~o do Chapare, periodosetembro/87 abril/92.. 111. ••••••••••••••••••••••••••. 117. LISTA DE QUADROS QUADRO 01. Bolívia: exportaç~es e importaç~es, período 1936-1940 .•..•......•..•..•.. 68. QUADRO 02. Cidade de Santa Cruz: evoluç~o da populaçâo, período 1900-198a •..•. ~ •.. 76.

(9) viii P~GINA. QUADRO 03. Renda do capital "com controle químico" para a cultura da coca em Yapacaní ••. 115. QUADRO 04. Renda do capital "com controle manual" para a cultura da coca em Yapacaní .•. 116. . QUADRO 05. Renda do capital para a cultura do arroz em Ya.pacan.í. •••••••••••••••••••••••••. 118. LISTA DE TABELAS DO AP~NDICE 1 TABELA 1.1. Santa Cruz: número e área das unidades agropecuárias por Província, segundo uso da terra ...•.••.. ~............... 140. TABELA 1.2. Província Ichilo: número e área das unidades agropecuárias por tamanho das propriedades segundo uso da terra.... 141. TABELA 1.3.. Evoluç~o da populaç~o das áreas urbanas do Cant~o S~o Carlos, Província Ichilo. período 1976-1992 . • . . . • . . . . . . . ~...... 142. TABELA 1.4. Santa Cruz: participaç~o no PIB nacional. período 1970-1990.................... 143. TABELA 1.5. Preços do arroz e valor da diária, período 1961-1989.. . . . . . . . . . . . . • . . . .. 144. TABELA 1.6. Moradias segundo carência de serviços básicos na cidade de Santa Cruz...... 145. TABELA 1.7.. segundo níveis de pobreza. tamanho e renda média mensal, em dólares por família e "per cápita".. Populaç~o. 146.

(10) ARROZ E COCA: ANALISE DE UMA EXPERI~NCIA ENTRE COLONOS DO ORIENTE BOLIVIANO. • Autor: Fidel Oscar Hoyos Bonillas Orientador: Prof.Dr. Oriowaldo Queda. ~ESUMO. Este núcleo. de. trabalho. colonizaç~o,. chamado. agricultores familiares' na Bolívia. Este. Santa Cruz, pretendia visando. redistribuir aumentar. a. analisa o. a. desenvolvimento do. Yapacaní,. por. norte do Departamento. regi~o. projeto nacional. de. agropecuária. projeto, a partir da década de 1960, encorajou a. de. colonizaç~o. camponesa. populaç~o. produç~o. conduzido. boliviana. nacional.. O. migraç~o. de. camponeses, radicados no ocidente e carentes de terras, para as extensas áreas do oriente boliviano. Com. o. aumento. possível reduzir as importaçbes, centrais dos. planos. ~e. colônias. produç~o. doméstica. foi. atingindo um dos objetivos. governo daquela época.. uma vez esgotado este modelo de as diversas'. da. substituiç~o. assentadas no. No entanto,. de importaçOes,. Departamento de. Cruz ingressaram numa crise, gerada pela. reduç~o. Santa. dos preços.

(11) x. dos. seus. colônia. princip~l'mEmte. produtos, de. Yapacaní.. esta. crise. o arroz. foi. No. maior. caso. da. devido. à. fragilidade do seu solo, tornando-se praticamente inviável a melhoria tecnológica. Surge, uma variável. n~o. contemplada. preços domésticos dando um. cocaína),. metade. dos anos. da. setenta,. nem pelos planificadores. a demanda internacional por. pelos colonos: os. assim, na. folha de. nem. cocaína alterou. coca (matéria-prima. estímulo extraordinário. da. aos potenciais. produtores. Os cultura coca. planos. solos. de. Yapacani,. marginais. para. a. do arroz, se revelaram muito bons para a cultura da Assim, paradoxalmente, foi a cultur.a da coca e propostos pelo. governo que. colonos estabilizar. seus sistemas de. gerada. a. pela. coca,. maioria. dos. n~o. os. permitiu à. maioria dos. produç~o.. Com a renda. colonos. de. Yapacarlí. conseguiu iriiciar a criaçao de gado bovino, diversificando e melhorando, assim, sua renda. No. entanto,. internacionais visando a. reduç~o. diante. das. presstles. das plantaçbes de coca, no. territorio nacional, o governo decidiu intervir novamente na colônia. de Yapacaní. Desta vez, através do uso do crédito e. da açao militar. indireta~. O propósito. explícito desta nova.

(12) xi intervenç~oera. o. de. promover. o. sustentado da colônia, mediante um. desenvolvimento. auto-. programa de substiituite. da cultura da coca. Esta. dissertacao. anos· após o início da çoca, na. colôn~a. ainda. est~o. coca,. para. em. voluntária, foi problema era .para. realizada dois. do programa de. execuç~o. erradicaç~o. da. de Vapacaní. Conseqüentemente, as mudanças curso nesta. os. está sendo. colonos. colônia. que. substit~ida. prever em. substituir. a. gerada pela. pela. erradicaç~o. optaram. pela. e créditos.. indenizaç~o. que medida os coca. A renda. o. investimentos feitos. permitiriam. aos. colonos. um. desenvolvimento auto-sustentado no longo prazo. Os durante a ----/. --. nova. objetivo foi verdadeiro. a. resultados. deste. estudo. intervenç~o. feita pelo. erradicaç~o. da coca. desenvolvimento. e. sugerem. que~. governo, o principal n~o. alternativo. a. promoç~o. da. de um. colània. de. Vapacani. Destarte, é previsível que mais cedo ou mais tarde os. colono~. voltem a. produzir coca. Para. rentabilidade desta cultura. permaneça. basta. tanto~. elev~da. e. que faltem. opçôes viáveis do ponto de vista técnico, econàmico para a maioria dos colonos.. que a. e legal.

(13) RICE. AND 'COCA:. AN. ANALYSIS OF. AN. EXPERIENCE. INVOLVING. PEASANTS IN EASTERN BOLIVIA. Author: Fidel Oscar Hoyos Bonillas Adviser: Prof. Dr. Oriowaldo Queda. SUMMARY This settlement in. farmers. Departament, intended to whith. the. researchanalys~s. nucleus. called. Yapacani,. the. northern. region. Bolivia.. This. redistribute aim. of. production. From. the development of the conducted of. the. by family Santa. national colonization. the Bolivian. increasing. its inception. the. pea~ant. national. inthe sixties,. Cruz. project. population agricultural the project. encouraged landless peasants living in the western region to move to extensive areas in eastern Bolivia. The increased domestic substantial reductionin imports, which objectives of the governmental once·. this. import. production enabled. a. was one of the main. plans at that time. However,. substitution model. was. exhausted,. the. various colonies settled in the Santa Cruz Departament faced.

(14) xiii. a. crisLs caused by a. mainly. decline in prices. of their products,. rice. In the case of the Yapacani colony, the crisis. reached. greater. proportions. since. the. poorsoils. made. technological improvements practically impossible. A peasants came demand for. variable not. anticipated. by planners. or. forth in the mid-seventies: the international. cocaine altered domestic prices. (raw material for the. for coca leaves. production of cocaine). This resulted. in an extraordinary stimulus for potential producers. The Yapacani rice. production. proved. soi1s. to. be. cropping. Thus, paradoxically, than the plans proposed by of the. peasant to. marginal. suitable. q~ite. it was coca. cattle.. for. the government that enable. coca most of the thus. for coca. cropping rather. stabilize their production. the income generated by startedraising. wich were. most. system. With. Yapacani peasants. diversifying. and improving. their income.. pressure. for. territory, the in. the Yapcani. However,. in. reducing. coca. view. of. cropping. the. internation~l. in. the. government decided, once again, colony this. time by. garanting. national. to intervene credit and. using indirect military action. The explicit purpose of thlS.

(15) xiv new. ention was to promote the self-sustained development of. the c:olonyby implementing a c:oc:a rE:?plac:ement programo This years after in. is. the inc:eption of the. the Vapac:ani. still underway. who. dissertation. c:hose. erradi~ation. eradic:ated. granting indemnity. tho. program. c:hanges are. generated by c:oc:a. voluntarily. c:ompensated by. c:oc:a. c:onduc:ted. settlement. Consequently, the The inc:ome. to. being. for peasants. that. and c:redit.. crop. was. The problem. faced was to predict to what measure the investments made to replac:e. c:oca. would. enable. a. long. term. self. sustained. development for peasants. This study suggest that the main objec:tive of the latest c:oc:a. rather. de~elopment. than. the. the. activities.. legal. For. promotian. this,. brought. is. of. real. view,. predictable. will it. resume is. by this. alternatives, from. point of. settlers.. it. peasants. profitability feasible. was the eradication. ·of. alternative. of the Yapacani settlement. Thus,. later,. intervention. govern~ent. the. are not. on1y. that,. their. sooner. COEa. cropping that. the. high and. the. technical, economic,. and. crop. necessary. or. remain. available. to most. of. the.

(16) xv LISTA DE ABREVIATURAS·. MNR. =. SPV. = Sociedad. BIO. =. Movimiento Nacionalista Revolucionario de Productores de Los Vungas. Banco Interamericano de Desenvolvimento. OIRECO = Oirección Nacional de Reconversión Agricola USAIO = United States Agency International Development CIAT = Centro de Investigación Agricola Tropical FAO. = Food. CBF. =. Bs.. = Bolivianos. and Agriculture Organization of the United Nation. Coorporaci6n Boliviana de Fomento (unidade monetária da Bolivia).

(17) 1. INTRODUçAo. 1.1. O problema Em tomada do (MNR)l.,. ano. 1952,. da. poder pelo Movimento teve. início. na. Revoluç~o. e. Nacional. da. Nacionalista Revolucionário. Bolív~a. um. processo. de. mudança. estrutural de significativa importância histórica, política, social. e econômica. para. (enquadrado. no. dependente). pretendia. integraç~o. novo Estado. latino-americano. modelo. aos. o. o país.. conduzir. novos. padr~es. da. o. pais. de a. modernizaç~o. 1952. de. capitalismo melhor. uma. diante. da. hegemonia norte-americana, depois da Segunda Guerra Mundial. Em uma. rigidez na. 1942,. a sociedade. sua estrutura. rigidez foi salientada pela um. diagnóstico da. trabalho. apontou. boliviana manifestava. produtiva e. Miss~o. de poder.. Norte-americana ao. economia boliviana daquela o. obstáculo. Essa. que. fazer. época 2. significava,. •. Este. para. o. Partido policlassista fundado em 1941. Foi o promotor da de 1952 e adquiriu ~rande popularidade depois de decretar a Nacionalizaç~o da Mineraç~o, o Voto Universal e a Reforma Agrária. 3.. Revoluç~o. 2 Esta Miss~o foi presidida por Merwin Bohan. O Informe apressentado ao governo pela Miss~o, que passou a ser conhecido como "O Plano Bohan", teve grande influência nas estratégias, planos e projetos do Estado boliviano a partir de 1952..

(18) 2. desenvolvimento das concentraçao da área da. forças produtivas do país,. atividade econômica e do. poder político na. mineraç~o.. Baseado. nestas. premisas, o. criou as condiçees para uma maior da. a excessiva. populaç~o. e. até. em. ent~o,. condiç~o. de. de 1952. mobilizaç~o. produto.. servilismo nos. e nas comunidades3 tradicionais dos altiplanos.. Praticava-se. uma economia. poucas. possibilidades de. sérios. problemas. concentraç~o. participaç~o. camponesa no mercado de trabalho e de. Esta permanecia, latifúndios. Estado. da. de. subsistência. formaç~o. de escassez renda, que. de. de. precária,. capital,. ocasionavam. devido aos. (minifúndio) e. terra. com. uma baixa. à. demanda. efetiva por bens de origem agropecuária. Como da. Nacionalizaç~o. (em. 1953) .. Estas. medidas imediatas Mineraç~o. medidas. "construç~o. da. Oriente. o Ocidente. bases. e para. a. (em. estrada. o Estado. 1952) e a. foram. Reforma Agrária. complementadas. Santa Cruz-Cochabamba boliv~anos,. posterior. execuç~o. decretou a. que. assentando-se do. com. a. ligou o assim as. Projeto Nacional. de. Colonizaç~o.. Feita a. ligaç~o. andinos com as planícies de. colonizaç~o4. daregi~o. dos Altiplanos e Vales inter-. tropicais,. teve início um processo. norte doDepartamento de. SantaCruz~.. :::!< Entende-se por "comunid,ade" uma concentraç~o de povoadores nativos em certas áreas impostas pela Coroa espanhola, por motivos de segurança. No entanto, nela coexistem elementos das comunidades preexistentes no Perü (c1yllu) e no México (calpulli) com outros originários da Espanha (FURTADO 1978, p:19).". 4 Nome genérico pelo qual é" conhecida a aç~o do governo de fomento às migraç~oes do altiplano, vales e também do exterior (Canada e Jap~o). principalmente para o Departamento de Santa Cr~z. Este foi o mecanismo.

(19) 3. Entre importantes. dos. objetivos. os planos. explicitas. governamentais,. contidos. estratégia do novo Estado de 1952 , temos: a) a de. importaçeses. de. agropecuária, suscetiveis Oriente boliviano,. na. substituiç~o. alimentares. produtos. mais. de. de serem produzidos. na. principalmente no Departamento. origem regi~o. dO. de Santa. Çruz, onde, ao contrário do Altiplano e Vales inter-andinos, a. terra era abundante 6. ;. b) melhorar. maioria camponesa através de sua N~o. ob~tante,. ~s. condiçeses de vida da. incorporaç~o. ao mercado.. por. de. causa. diferentes. circunstâncias políticas, sociais e econômicas, os objetivos ~o gov~rno. a~ingidos. só foram. parcialmente. No. âmbito das. colônias nacionais assentadas no Departamento de Santa Cruz, os. frágeis. grande. suportes. maioria dos. crédito. e. mercado. doméstico,. entraves. camponeses'. no acesso. assistência técnica, entre. tecnológicos. agriculto~es. difíceis. um grande. causas, de serem. Estes,. marginalizaç~o. da. aos serviços. de. rápida. e. outras. colonizadores.. utilizado para a~3entar naquele Departamento.. a. institucionais,. deram. do. lugar. superados. além das. número de. saturaç~o. pelos. dificuldades. produtores. agrop~cuários. e De acordo com a oivis:to político-administrativa, a Bolívia está dividida em nove Departamentos ~ estes, por sua veio se dividem em Províncias. Departamentos e Províncias equivalem a Estados e Municípios, respecti·.'amente, no sistema federalista brasileiro. 6 Cabe esclarecer que, no Oriente boliviano ainda Que abundante, a terra nem sempre estava livre. Daí, a necessidade da Reforma Agrária para viabilizar a colonizaç:to desta regi:to..

(20) 4. descritas. acima,. defrontavam-secam. desconhecido e que exigia. um. ambiente tropical. uma série de importantes mudanças alimentaç~o. tanto nas técnicas de produçao quanto na própria e no vestuário. maneira,. Desta assentados. nacionais, simplesmente. passou. na de. r.,egi~o. uma. Revoluç~o. do 52,. a uma. norte. dos. de. de. situaç~o. minifúndio físico no altiplano da. maioria. a. colonos. Santa. Cruz,. servilismo. e vales, prevalecente. ou. antes. de minifúndio técnico?. situaç~o. no trópico. Esta problema. situaç~o. econômico, social estabilizaç~o. "dificuldades de os colonos. optaram. itinerante. ou emigraram. problema. urbano. passou. a constituir. e ecológico. de. que,. devido às. suas unidades de. pela prática. da. às cidades. do desemprego". É. e. um grave. produç~o,. clássica. agricultura. próximas,. agravando o. marginalidade. social já. problema,. muitas. existente. Conscientes. instituiçôes. governamentais. de"ste e. n~o-governamentais. empreenderam diversos esforços com o objetivo. de consolidar. 7 Entenda-se por esta analogia o seguinte: a insuficiência de recursos da maioria dos colonos nacionais, passa a constituir um gargalo que inviabiliza uma utilizaç~o maior da terra (mesmo sendo esta relativamente abundante) na área de colonizaç~o (onde as parcelas tem uma área de 20 a 50 ha) com relaç~o à área no lugar de origem" (onde as parcelas, na maioria dos casos, tem uma área de 0,1 a 3 halo Sem acesso a tecnologia moderna só é possível utilizar no máximo 10% da terrapossuida, mediante a prática de uma "agricultura itinerante" a qual, segundo BOSERUP (1987, p.13), é comum nas áreas de baixa press~o demográfica da América-Latina, África e algumas partes da ~sia.. técnico-fina~ceiros,.

(21) 5. Procurava-se. colônias.. estas. que estes. press~o. e. social. deterioraç~o. evitar. econômica. tanto. dos. exerciam sobre. a. uma. maior. quanto. colonos,. a. da fronteira. expans~o. agrícola e na periferia da cidade de Santa Cruz. juntamente. Entretanto, institucionais, surgiu. atraiu. capitais internacionais. risco,. dando. opera, desde. elevaç~o. da. (cloridrato de coca). Esta e empresários. criaç~o. à. esforços. tanto pelos. pelos próprios colonos: a. demanda internacional de cocaína. narcotráfico que. estes. uma variável imprevista. planificadores quanto. lugar. com. de.. ent~o,. uma. propensos ao. poderosa. em. rede de. diversos países do. mundo.. o. capital do narcotráfico encontrou na crise. econômica boliviana uma conjuntura altamente se. Rapidamente,. desenvolver.. mecanismos. pelos. e~timular. necessários para. matéria-prima. das áreas. camponeses,. para. foram. deproduç~o. a. favorável p'ara. estabelecidos o. fornecimento. tradicional. elaboraç~o. de. pastà. os de. de coca básica. e. cocaína. Uma foi. o. aspecto. mastigaç~o populaç~o. da. outra. cultural. folha. Como coca. é. tem. grande importância,. sabido, raízes. hábito. de. milenárias. na. o. de origem andina. Ela se constitui praticamente em. símbolo de identidade regiao. de. variável, de. norte de. cultural. Assim, os colonizadores. Santa Cruz,. provenientes das. da. montanhas e. vales inter-andinos da Bolívia, continuaram com este. hábito.

(22) no trópico. Mesmo sendo a coca uma mercadoria comercializada legalmente. no mercado,. desde. a época. competitivos, a maioria dos colonos. Colonial, a. preferiu. preços. cultivá-la. M~o. na sua propriedade. No caso estudo), a coca era o. inicio. da colônia de. Yapacani (objetivo do. cultivada por alguns agricultores desde. deste assentamento.. Isto. foi. devido a. fatores. climatológicos e edáficos favoráveis e, principalmente, pela influªncia. da. vizinha. produtor. de coca na. cultura. da. era. conduzida. principalmente para o consumo. mercado. de. instaladas. na. ~Yapacaní,. arroz, Como. com. a. deterioraç~o. consequência. conta que, até 1988,. estava limitada à sendo. produç~o. Primeiro, Capo Primeiro sustancias controladas,. escala.. pequena. da. folha. de coca. crescente. no. "de. demanda. âmbito. da. da cultura de destes colonos.. proibiç~o. A. de pasta. básica e cocaína,. (artígos 9,. da "Ley ~988).. proibiç~o. 10 e. deI Regimen de. coca. se levarmos. de coca.. a coca. das. colônia. produzir mais. país. havia no. no. clandestinas,. dos rend1mentos. opç~o. n~o. plantaç~o. extensiva para. em. mais lógica. A1nda ma1S. decis~o. explícita para a. fase, a. de renda monetária. disso. a. centro. assim, nesta. industrial. coincidiu,. principal fonte. passou a ser a em. pela. processamento regi~o,. (maior. pes~oal.. do preço. elevaç~o. doméstico, provocada. unidades. Chapare. Bolívia). Mesm"o. coca. A. do. regi~o. legal. existente n~o. 11, Título. la coca. y.

(23) 7. Portanto, Yapacaní. tiveram, ao. consolidaçao. desta. verifica-se. que. longo. do período. colônia,. .duas. os. colonos. de. de assentamento. e. propostas. Primeiramente, um plano de governo que os induziu (explícita eimplícitamente) à trabalho apoio. produç~o. à agricultura. em. termos. de. empresarial, só que suporte. fornecimento. comercializaç~o,. industrial,. processamento relacionado à. de arroz e a fornecer força de. institucional, de. que. insumos. arroz e. de. unidades. de. o. objetivo. produç~o.. substituiç~o. ao. e. canais. facilitasse. Posteriormente, depois de de. com deficiente. à. de. (pelo. importaç~es. cana-de-açucar), os. esgotado o. modelo. menos no que se refere colonos foram. deixados. expostos às "forças de mercado". No entanto, aproximadamente a partir da segunda metade um. da década dos setenta, aconteceu. elevou-se. consideravelmente no. f 01. a. que. transformavam. prollferaç~o. de. a coca. mercado. internacional. caráter ilegal. em. cc .. sumidores,. ~sta. A causa. industrlal era. produç~o. crescente demanda deste produto no (principalmente. denominada "narcotráfico",. das. folha de coca. processame~t?. cocaina.. desta atividade. preços da folha de coca.. preço da. mercado doméstico.. unidades de. destinada a satisfazer a. fora. o. fenômeno singular na Bolívia.. EUA. eco~ômica,. tornou. e. que. ainda mais. Europa).. o. passou a ser elevados. os. Esta tornou-se inclusive um artigo. possibilidades. econômicas. mas nao-produtores.. de. dos folha de. camponeses coca.. significou um alto custo social dado que este produto é. Isto.

(24) 8. tradicionalmente. considerado. uma. mercadoria. básica. na. Bolivia s • No entanto, a oferta alta elasticidade-preço área plantada. (E). da coca mostrou ter uma. (E=17,6); em apenas. passou de 4.450 ha em. 1971 para 60.956 ha em. 1987 (cf. t.abela 05, p.59) apesar da rep~essoras,. 12 anos, a. interfed~ncia. de forças. tanto nacionais quanto internacionais. Isto fez. com que o preço da coca, que passou de $US 0,86 (estimado da tabela. 08, p.93) a $US. acessível para os. 1,58 neste periodo,. consumidores tradicionais bolivianos. anos seguintes (cf. tabela Este do. sujeitos. estudo,. introduzir ou a cultura -~lém. da. foram. oferta é. econSmico.. induzidos. oferecia maiores. de baixa. a. adicionais.. te~nológicos. de. autoconsumo. de. lucratividade, capital e. Tampouco deve. ser. também, satisfazer as. coca. diante. da. súbita. dos preços desta mercadoria no mercado.. afetando o de. colonos.. mercado. exig@ncia de. Este inusitado fenSmeno,. série. claramente. .Os. pelo. margens de. fato de que era preciso,. necessidades elevaç~o. p.l1!).. de vista. uma cultura. conhecimentos esquecido o. ponto. nos. a ampliar a área da cultura da coca;· era esta. que. de ser. 11~. comportamento. compreensí.vel do. voltasse a ser. que ainda. continua. desenvolvimento da colSnia Yapacaní.,revela uma contradiç~es. da. política. econSmica. do governo .. . Comparando os objetivos explícitos e implícitos dos planos. e Ainda hoje, é freqüente que uma raç~o de aproximadamente um~ onça de folhás de coca (38 gr), por dia de trabalho, faça parte do salário dos pe~es nas fazendas da regi~o do Chaco boliviano. Em outras reg itles , onde n~o é comum esta modalidade, a coca é comprada pelo próprio trabalhador..

(25) 9. de desenvolvimento executados antes do "auge da coca" com tratame~todiferenciado. vemos. que. houve. contraditória:. atualmente recebe. que. simultaneamente atuais. os. uma. planos. a. mudança de. colônia, radical. (produtores. il.í.citas). uma. e. que. marginalizaç~o. destes ao processo.. colonos. expresso nos anteriores. agricultores dos. estímulos. -. intervir decisbes. clara. d~o. de. destes. obedecessem. declaradas inocentes. coca),. devido. tem a ver com o. entanto, justamente.. quando. governo. viu-se. usando. métodos. coercitivos. colonos.. o. estes. sensibilidade, diante. o. preços,. à. planos, de incorporar os. evidªncia de. inclusive. supostos. supostos. paradoxal. situaç~o. No. regiOes. produziram. nunca. ao mercado.. em aos. (agricultores. objetivo,. -. coca. penalizaç~o. Uma outra. -------. de. e. desenvolvimento. alternativos resultaram numa espécie de prªmio aos delinqüentes. o. objetivo é. obrigado. evitar. a nas. que. eles. às sinalizações que ainda apontam a coca como a. cultura que mais responde a racionalidade econ3mica. mesmo tomando. Contudo, tudo. indica. Yapacaní,. e no. que. o. problema. resto. do país,. da. medidas coercitivas, "coca. ainda. excedente"". está longe. de. em ser. resolvido. Diante dos fracassos do. governo na. eliminaç~o. dos múltiplos. esforços. deste problema,no minimo. cabe. 9 Chama-se "coca excedente" à produç::ro de coca que se considera que elaboraç~o de cocaína. Conseqüentemente ela. é destinada principalmente à é ilícita..

(26) 10. formular a est~o. ~eguinte. pergunta: será. ~ue. partindo de um diagnóstico certo? Assim, acreditamos que. este. as soluçBes propostas. problema,. inclua as. múltiplas variáveis que. estao relacionadas çolônia. conduzir. aconselhável. é. com o. selecionada para pesquisa. presente. tentará. dar.. Neste. respostas. que. indiretamente. produ~~o. estudo.. melhor. uma análise. direta ou. aumento da este. para entender. de coca. na. sentido,. a. às. seguintes. perguntas:. 1~. Quais os fatores históricos, políticos, sociais, cultu~ais. e econômicos que explicam o aumento da. da coca nas unidades. cultu~a. p~odutivas. dos colonos. de Yapacani, nos Últimos 15 anos? 2. Qual o. g~au. de eficiência do governo na. do. execuç~o. plano de desenvolVimento proposto aos colonos? 3. Quais as. implicaç~es. do. p~ograma. de. erradicaç~o. c6ca na colania de Yapacani para a vizinha Chapare?. da. regi~o. do.

(27) 11 1.2. Hipótese. O fenômeno do aumento da colônia de Vapacani,. a partir. de coca, na. produç~o. dos últimos 15. anos, é. uma. conseqüªncia lógica da irracionalidade, parcialidade e falta de. continuidade. com. que. foi. encarada. a. "funç~o. de. o. processo. de. planejamento" por parte do Estado boliviano.. 1.3. Metodologia. O desenvolvimento localizada fruto. da. presente. estudo. sócio-econômico' da. no Departamento execuç~o. de. Nacional. Revoluç~o. analisa. constituia intento. de Santa. um plano. de. colônia. 1952,. do. de. Vapacaní,. Cruz. Esta. colônia é. governo, a. que como. foi. partir. visto. da. acima.. deliberado para mudar-a realidade sócio-. .econômica boI iviana. Enquanto neste primeiro capítulo a e. a. metodologia. introduç~o,. o. organizaç~o. à. definiç~odo. utilizada.. marco teórico. do trabalho,. temos. problema, a hipótese. Também. se. do estudo. O leitor. i.nclui. nesta. segundo capitulo. tem a. finalidade de esclarecer ao. com a. cultura andina alguns aspectos históricos, culturais,. n~o. familiarizado. politicos e econômicos referentes à cultura da coca. No mudanças. terceiro. políticas e. capitulo,. econômicas. se. descrevem. acontecidas no. Pais. as ~. o. papel do Estado como ente planificador do desenvolvimento da sociedade. boliviana, a. partir. da década. de 1950.. Também.

(28) 12. neste. capitulo se. grupos de. faz. uma. caracterizáçao dos. agricultores do"Departamento. analisam as \. diferentes. de Santa Cruz. circunstâncias sócio-econômicas dos. e se. colonos do. oriente boliviano em geral. No quarto capitulo, a análise é focalizada na Colônia Yapacani. circunstâncias. Aqui. descritas com maior. s~o. que rodeiam. os. colonos de. detalhe as. Yapacani e. sào. apresentados os resultados do trabalho de campo. Finalmente, ~b~. base neste. s~o. e nos capítulos anteriores. formuladas e. apresentadas as conclusôes do estudo.. 1.3.1. Antecedentes A. partir. dos. primeiros. século, durante a presidincia de compreendida entre Yapacaní e como. "área. de. José Manuel Panda, a. o. interesse. patrocinar programas de assentamento e. limítrofes territoriais que. o. tropicais". área. países vizinhos. da. Bolívia. em. colonizaç~o.. em geral. constantes. probl~mas". e que. motivaram perdas. impoy"tantes. Ficava evidente. o frágil dominio. Estado. amazônicas e. época, obedecia aos. com os. presente. do. Porto Grether foi considerada. colonizaç~o".. inviáveis naquela. anos. boliviano. o virtual (FIDER 1976,. exercia. sobre. isolamento das citado. suas. fronteiras. extensas "planícies. por ABREGO. et alli. 1990,. p.12).. Segundo DANDLER (1984), foi a partir da perda territorial do Chaco, no conflito bélico com o Paraguai (que.

(29) 13. 1933 a 1935), que o. ocorreu no per iodo de com maior. alternativas de. decis~o,. Tem início,. o Ocidente do Pais. colonizaç~o. em geral,. e. liberaç~o. de. Estad6 procurou, do Oriente com. integraç~o ent~o,. grandes. alguns. projetos de. de terras que,. extens~es. foram exploradas.. n~o. O primeiro. intento sério de. colonizaç~o,. na. província Ichilo (Departamento de Santa Cruz), de acordo com MANZANO. ( 1964) ,. teve inicio. em. 1937. com o. assentamento. "German Bush" constituido por 40 ex-combatentes da Guerra do Chaco. A. cada colonizador. localizadas em. foram. cedidas glebas. ambos os lados do. de 50. ha. chamado "caminho central". que une Yapacani a Porto Grether. Em sido. assentados. oriental. 20. 200 colonos;. e ex-combatentes. política de tentativa. 1940, segundo este mesmo autor,. a. maioria. da guerra.. apoio, por parte do. já haviam. deles de. origem. Mas, a falta. de uma. governo,. inviabilizou esta. de assentamento. Foi assim que em 1950 só moravam. famílias nesta colônia. A causa do êxodo. da" maioria das. famílias,. foi que. a partir. fornecer. provis~es,. de 1945, o. apoio técn1co,. exército deixou. administraç~o. de. e apoio na. comercializaç~o. para os colonos. Uma outra causa de abandono. foi. de. a. falta. facilitasse o. uma. ponte. transporte e. sobre. o. rio. comercializaç~o. Yapacani da. produç~o. que da. colônia (MANZANO op cit). Entretanto, como será visto no capitulo 3, as idéias impressas no chamado "Plano Bohan" já começavam a ter.

(30) 14. eco nos círculos políticos e. por se. ~cabaram. bases da. política econômica do partido. Nacional. de. 1952, o. a. Assim,. "marcha. para. deslocamento da. o. Oriente". populaç~o. Revoluç~o. gestor da. um dos. desenvolvimento, postá. estratégia de foi. MNR.. nas. const~tuir. componentes. em prática pelo. da MNR,. através. da política. de. e assentamentos. de colonos,. na. norte do Departamento de Santa Cruz.. regi~o. Na base grandes. desta política agrária. esforços para converter. esta. desenvolvimento econômico nacional.. regi~o. foram feitos em. um pólo de. Apesar disso, o. passar. do tempo revelou que. os objetivos implícitos desta política. acabaram. levando. marginalizaç~o. colonos. migrantes. à. dos. técnica e econômica. para. serviços. da. grande. de. maioria. assistência. Foram criadas assim. de. social,. as circunstâncias. o que viria a acontecer posteriormente (nos últimos 15. ·anos, aproximadamente) na colônia de Yapacaní. foi elaborado o. Em 1961 __ Qjõ'senvo 1 v imen to contemplava tropicais. a do. Econômico. pais~. semi-dirigida. Na maiores início. cem mil. através de. 1962-1971". familias. às. época, segundo NELSON (1973),. era um dos. sob. a. e~ecuç~o. da. direç~o. destes. Corporaç~o. planos teve Boliviana de. Fomento (CBF), encarregando-se destes programas, em 1965, Instituto Nacional de De abertura das. que. colonizaç~D. Latina. A. um programa. de. de. da América em 1962. Social. e. de. migraç~o. "Plano Nacional. Colonizaç~o. acordo. estradas,. com. o. (INC).. ARRIETA et. alli. tanto interdepartamentais. ( 1990) ,. como. de.

(31) 15 penetraç~o. na. conclus~o. da. regi~o. Norte do Departamento de Santa Cruz e a. ferrovia com. o. Brasil. e com. a. Argentina,. propiciou o rápido crescimento do fluxo de migrantes. Diante Americano. (BID). de um Plano Decenal de. Desta maneira,. e. CBF, para a. do Altiplano, de. 2,5 anos,. das quais. 2.500. (NELSON op cit, p.l05). na. área de. 1966, conjuntamente com o. recolonizaç~o. 1963 dois. semi-dirigida. O. colonizaç~o. período de. estavam destinadas a Yapacaní". de. Banco Inter-. concedeu em. no assentamento, a partir. famílias num. iniciou em. o. 6,5 e 2,6milhOes de dólares à. Plano consistia 8.000. " •••. situaç~o. de Desenvolvimento. empréstimos de execuç~o. desta. de melhoramento. Yapacaní, a. exército, um do caminho". CBF. prog~ama. central da. colônia. Os objetivos, segundo o citado aútor, foram: "1) unir as. populaç~es. de Santa Cruz-Yapacaní-Porto. Villarroel-Villa Tunari-Cochabamba; 2) propiciar o desenvolvimento agropecuário; 3) estabelecer empresas madeireiras. A. á.rea. parcelada de modo qua forma de "teclado. de. colonizaç~o. de. Yapacaní. as propriedades individuais tomaram a. de piano",. com lotes de 20 a 30 hectares.. No entanto, quando o projeto estava em andamento, se que. os. cálculos. sobre a. errados. Grandes áreas que se bananas criaç~o. e. foi. outras culturas. capacidade. do. solo. estavam. para. produç~~. de. viáveis. só para. a. acha~am"aptas. resultaram. percebeu-. de gado em parcelas de"50 ha. Foi assim que em 1970,.

(32) 16 alguns colonos pediram ao INC uma adicionais. área. à. compensaç~o. inicialmente cedida.. escassa quantidade de. de 30 hectares. Eles. original para a. vegetaç~o. alegavam. a. produç~o. de. arroz, em sistema de pousio, na parte Sul e a má drenagem do setor Norte. Essa. em muitos casos, foi atendida. solicitaç~o,. (NELSON, DP cit). N~o. 3.604 que. o projeto. obstante,. conseguiu assentar. famílias, mas este número foi diminuindo na medida em o apoio. alguns. reduzia. Assim,. institucional. anos, 32%. abandonado a. das famílias. colônia (CASTILLO. com. BLANES et alli (1984) citado. em. algumas. inundaç~es.. áreas. os. Entre 1964 e. (ou 1.157. ao término famílias). haviam. De acordo. e CAMPEN, 1981).. abandonos. de. por THIELLE (1990, p.29), aconteciam. 1970, o projeto. devido. às. reportou que 39%. dos que chegavam, abandonavam, mencionando como causas deste fenômeno: i) falta de vias de acesso transitáveis, ii) terra n~o. apta para agricultura, e iii) falta de água potável.. 1.3.2.. Localizaç~o. geográfica e estrutura fundiária. A colônia de Yapacaní está situada a 130 km a Oeste da. cidad~. de Santa Cruz (ver. mapa 1), no. Cant~o. Carlos, da Província Ichilo, do Departamento de Santa Ela Sul,. se localiza entre os paralelos 17°11' e 17°22' e er.tre. os meridianos. 63°40' e. 64°23' de. S~o. Cruz.. latitude longitude. Oeste do meridiano de Grenwich, a uma altitude de 280 metros acima do nível do mar..

(33) 17. A área abrange desde a. localidade de Santa Fé. (km O) até Porto Grether (km 60), ocupando 491. da superficie da. provincia. (1.423.000. ha).. divide-se em trªs sub-áreas:. Para. fins. administrativos. "faixa norte",. "faixa central". ·e "faixa sul". De. acordo. Nacional Agropecuário 1950,. quando. n~o. com. Santa. Cruz,. Aquelas. agropecuária,. uma. com. último· Censo. foi realizado em Yapacani),. na. 4.605 unidades agropecuárias; 111.. abrangiam 220.263,69 ha, ou seja de. e. de. existia. departamental.. total. segundo. de 1984 (o primeiro. ProvínCla Ichilo eXlstiam do. o. enquanto. unidades. 41. da área do Departamento. média a. agropecuárias. de. área. 48. unidade. média. unidades. agropecuárias do departamento era 130,5 ha. Do utilizados com 17,33"1.). total. da. área. Provincia,. agricultura, ocupando o primelro. 48%. s~o. lugar (com. em termos da área agricola total do Departamento de. Santa Cruz (ver tabelas 1.1 e A ecológica. ~olSnia. denominada. 1.2, no apªndice 1).. encontra-se localizada. "bosque. úmido. temperatura média de 24°C e uma 3000 mm.. da. A "faixa central" é. totalmente. desmatada.. Na. acidentada; existem pontos inclinaç~o,. apresentando. tropi ca 1" ,. precipltaç~o. médla. na. regl~o. com. umiJ.. anual de. plana e atualmente encontra-se "faixa. sul". a. topografia. que apresentam entre 5. afloram~nto. de pedras em. é. e 401. de diversas. partes da superficie. A "faixa norte" apresenta problemas de inundaç~o. durante boa parte do ano (HOYOS et alli, 1987)..

(34) 18. Das. três. central" e a "faixa e. produç~o. sub-áreas. da. A. recente. Chimoré-Yapacani,que liga as. recente. localidade. o. Cant~o. crescimento entre. experimentou a. confirma o. o período em que. .fator de. atraç~o. realizado em. Carlos da Província Ichilo foi a. que. durante. estrada. migrante.. populaç~o. maior taxa. no período 1976/1992 (ver. 1). Isto. "faixa. cidades de Cochabamba e Santa. censo populacional. S~o. de Yapacaní. da. construç~o. Cruz, propiciou novos atrativos para a. junho de 1992,. a. sul" sao as mais dinâmicas em termos de. comércio.. No. colônia,. tabela 1.3, no. grande dinamismo. a cultura da. de. da colónia. coca foi importante. de col6nos.. 1.3.3. A escolha de Yapacaní. Em. primeiro lugar,. colônia de Yapacaní Bolívia. e tampouco do. sel~cionada. autor,. n~o. s~:(o. convém esclarecer. que a. constituí um caso representativo da Departamento de Santa. por. uma série. de. aspectos. de. interesse. n~o. só. Cruz. Ela foi. que, na. individual.. opini~o. mas. do. também. comunitário, nacional e internacional ... o. interesse. vinculos. profissionais responsável pela para. o. elaburaç~o. planejamento. realizadas nesta. com. de. locali~ade.. individual surgiu por esta. colônia.. de diagnósticos pesquisas. o. agricolas. n~o. foi. autor. sócio~econômicos. Dadas as múltiplas. da presença da cultura da cota, embora. causa dos. a. serem. e····idí?ncias. suscetíveis de.

(35) -. .....,. MAPA 1. LOCALlZAÇAO DAS AREAS DE COLONIZAÇAO NACIONAL NO DEPARTAMENTO DE SANTA CRUZ, BOLíVIA.. ,. Villa Paraiso. Palomêtas \. • • I. I. •. La Guardia La Angostura. "-". -. .. - ........ -,. N. Ríos Estrada principal Estrada secundária. O. 25. Área de assentamento. I. I. •. Area de estudo. 50. I. km.

(36) 20. verificaça o entender. objetiva,. as. result~v~cada. mudanças. sociais,. vez. mais. econômicas,. difícil. tecnológicas,. culturais, etc. que estavam acontecendo nesta colônia. O trabalho. do autor, nesta. limitasse. à. e. social. interesse comunitário leva colônia, nao teria. apresentaç~o. ser. enfatizado,. argumento que defende ser inviável problema,. conta as tendências Será que a "presença de estaria. informaç~6. diante. n~o. da. de. também, que. o. arealizaç~o. de um estudo. justifica deixar. de levar em. realidade é somente possível na. quantificável? Se for.. um. de conteúdo. de desenvolvimento da colônia.. per~gosas. interpretaç~o. sentido se se. de informes carentes. solidário. Deve. quantitativo do. em conta que o. assim, o pais. obstáculo permanente. e. de. grande. magnitude J enquanto a cultura da coca permanecer "proibida".. O interesse experiência de embora. produz. da. 90% da. dúvida reg1~0. coca. na. Bolívia.. ser~o. do. no fato de. nacional, constitui Os resultados. de grande importância. Chapare.. boliviana, o. que a. col6nia de Yapacani,. ~roduç~o. apenas 2% da. experiência. experiência sem tratamento. de coca na. erradicaç~o. r~presente. primeira. nacional está. Nesta. "regi~o,. desta para o. onde. se. programa de. forçada está previsto para julho de 1993. O intel"esse parte. do problema. mudando talvez problema. SÓ. é o. internacional se. comum em. diversos. dev~. a. países do. cenárid e os atores. Ass1m. que boa mundo,. me~mo,. este. tem a ver, embora de modo tangencial, com a grande.

(37) 21 mundial existente. preocupaç~o. na atualidade. decorrente do. abuso dos consumidores e produtores de cocaína; os primeiros tentando. maximizar seu. bem-estar. e os. segundos. tentando. maximizar o seu lucro. Finalmente,. de. modo. mais. acontecimentos. registrados nesta colônia,. relativamente. curta. potenciais. existência,. insuspeitados. que. executam planos e projetos de uma ótica. excludente. Isto. inter-relacionamento. das. exógenas que entram em planos e projetos, o. direto,. ao longo. revelam. podem. os. existir. os. de sua perigos. quando. se. desenvolvimento econômico sob é,. quando nao. múltiplas. se considera. o. variáveis endógenas. e. jogo na hora de alterar, curso da realidade de. através de. uma comunidade,. de um pais ou de uma região.. 1.3.4. Obstáculos metodológicos Vale a pena salientar que o discurso oficial, onde. o. termo. simplificar. "narcotráfico" é excessivamente. unidimensional. e. complexo,. o simples. com. repressiva como série. de. de coca. s~o. anterior,. ou. a. nas. localizaç~o. um. propÓSl.to. única soluçâo.. contradiç~es. dependendo da. realidade.. a. criminosa. utilizado. Esta. leis. habilmente par-a deu'. fen&meno de. uma. vis~o. e~tremamente. justificar a. i~tervenç~o. criou uma. Por exemplo,. bolivianas.. de suas plantaçbes,. aç~o. 0S. produtores. considerados delinquentes.. n~o. s~o. Um. obstáculo. metodológico.. está relacionado precisamente. decorrente. com o. do. problema de.

(38) 22 dados. na hora. de. se. fazer. proibiçso le9al da cultura embora vigente desde 1990; coca. uma análise. da coca na colônia de. 1988, foi aplicada apenas. nesta colônia leis. resulta. passou. bolivianas.. difícil,. empírico com. Yapacani, em julho de. pretens~es. obstáculo aspectos. ser considerado. n~o. inviável,. delinqüente obviamente. fazer. um. estudo. de rigor cientifico.. obstante,. poderia. n~o. a. Nestas circunstâncias,. quando. N~o. ser. considerou-se definitivo. qualitativos relevantes. do. que. para. esse. pesquisar os. problema em. Diante desse inconveniente, optou-se. quest~o.. por uma metodologia de. histórico-estrutural apropriada à análise das mudanças. na estrutura mais. A. a partir desta data o agricultor que tinha plantas de. pelas. tipo. quantitativa.. econômica e social. concretamente na. últimas. três. colônia. décadas.. que aconteceram no de Yapacaní,. utiliza-se. como. pais e. ao longo. fio. das. condutor. da. pesquisa o plano de governo que deu origem a esta colônia. A. políticos,. soci~is. realidade da. revis~o. e. dos. culturais. antecedentes que. d~ram. colônia de Yapacani foram. históricos,. origem a. atual. obtidos através das. fontes secundárias de informaçôes (censo agropecuár-io, censo populacional,. o. "plano. analitico foi usada toda a um estudo. Bohan" ,. etc.) .. informaç~o. No. raciocínio. disponível, incluindo. sócio-econômico desta colônia. realizado em 1987,. no qual este autor participou.. (excesso. por causas. Cabe. esclarecer. que. de chuvas. na colônia. Yapacaní) nao. climáticas foi possivel.

(39) 23. realizar 'as entanto~. entrevistas. inicialmente. o estudo complementou-se. planificadas.. No. depoimentos informais. co~. de pessoas residentes nesta colSnia (extensionistas, colonos dirigentes,. funcionários e. n~o-governamentais. de instituiçOes. alguns colonos), através. tentou resgata~. informaç~es. àsinterro~aç~es. esboçadas na. informações foram. governamentais e. necessárias para definiç~o. obtidas entre os. dos quais se dar respostas. do problema.. dias 1. e 15 do. Estas mªs de. abril de 1992. A. complexidade. imperativo. um. problema em. quest~o,. a.bstraçe3es.. esforço. Do. do problema. para. entender. evitando. estudado tornou. a. g loba I idade. do. tantQ quanto possível cair em. contrário, isto. é,. se. a análise. limitada à parcialidade do problema. sÓ. conclus~es. que em alguns. também. parciais. Se. problemas uma resposta parcial. b~m. s~. ficasse. poderia chegar. a. tipos de. pode ser suficiente, no caso. abordado, uma análise parcial pode ser até contraproducente. Assim. demonstra. praticadas até consumo. de. fato. cocaina,. e. est.~o. Intervenç~o. que. as. dispor. n~o. múltiplas produç~o.. sÓ. f. soluç~es. comércio e. racassat- am,. nesta. até estimulando o problema.. do Estado. Para necessário. de. hoje, para controlar a. coca. tentativa, como. 1.4. o. os de. fins. do. el~mentos. entender as decisOes tomadas. presente teóricos. trabalho que. é. permitam. pelo Estado boliviano de 1952..

(40) 24 Poderemos', assim, ter elementos de juizo na hora de fazer as avaliaç~es correspondentes~. entender. o. significado. Com. de. um. conseqüªncias derivadas de sua. 1.4.1. este propósito, "plano. tentaremos. governo" e. de. as. aplicaç~o.. O Planejamento história da. a. Certamente,. economia mundial. tem se caracterizado por oscilar de um extremo concorrencial a um outro extremo estatizante.. Na. opini~o. LANGE (1972),. de. sendo o planejamento um. meio de subordinar a. econômicas em. vontade humana, esta atividade foi,. no passado,. direç~o. à. relacionada mais com. ~conomias. das leis,. aç~o. ~ocialistas. do. a partir. da. que com economias de mercado. No entanto, no presente crise. do sistema. Mundial,. o. planificador. capitalista de. Estado do. readquiriu. desenvolvimento. s~culo,. 1929 e da. Segunda Guerra. importância econBmico. e. como. ente. social. nos. paises capitalistas. De dos. paises. acordo com. centrais. n~o. RAMOS (1983), demorou. muito. esta tendêncl.a tempo. em. se. manifestar, também, nos paises terceiro-mundistas. Os paises desenvolvimentistas. que. capitalista mundial. tiveram como. regra,. a. econômica. utilizaç~ode p~ra. elevar. renda per cápita.. surgiram na. todos. ao máximo. periferia. funç~o. principal,. os instrumentos a taxa. do sistema via de. da política. de crescimento. da.

(41) 25. No. entanto,. ~erá. como. trabalho, o crescimento econômico é mas. n~o. para medir. suf~ciente. a. visto. uma. necessária. condiç~o. evoluç~o. pres~nte. no. de uma determinada. sociedade. Um uma. conceito de. global. vis~o. SZMRECS~NYI. da. (1979),. todo um processo. realidade. que entende. de. intervenç~o. sócio'-econômica". Desde autor,. a atividade. espaço,. isto. a. ". com o. racional do. vigente. e. o. para o citado. os. funç~es. de. relaç~o. tempo e. objetivos,. as. do planejamento. contexto sócio-econômico. estágio. .. Estado na vida. relativa ao. natureza,. aplica. Variam principalmente com. por. planejamento como. o. as. responde a. apresentado. este ponto de vista,. instrumentos e. variam de acordo. foi. de planejamento é. é,. finalidades, os. planejamento que. a que. se. ao regimeCpolitico. desenvolvimento. sócio-econômico. alcançado" SZMRECSÁNYI (op cit~ p.4-S). Porém, dificuldade na na. fase. de. inegável. é. hora de explicitar os início. dificuldade surge. do. processo. seguinte. com~ntário. sobre. TORANZO (1989, p.148), é uma .. O peso. datradiç~o. projeto. nacional. coerentes é ficam. t~o. existe. e. o. uma. de. menos. planejamento.. Esta. SEI-em. e~istentes. postos em. na sociedade.. casa boliviano,. constataç~o. grande. pel~. objetivos~. do fato de neste pr'ocesso. evidªncia os conflitos de intereses. o. que. feito. por. desta dificuldade:. de incapacidade de de. promover. políticas. econômicas. grande nue tanto a direita quanto a esquerda. prisionei~as. dessa temível acumulaçâo histórica"..

(42) 26. o entendido. planejamento,. como. um. integraçao/articulaç~o. conseqüentemente, deve. processo dos. de. intereses. ser. gradativa. contrapostos. presentes em uma dada sociedade. O maioria. que até. ditatoriais, foi a adoça0. planos elaborados e. fato. aconteceu, pelo. menos. postergou ainda. processo. racional. impostos de fora. mais. de. o surgimento do. intervenç~o. e. na. até bem. dos paises 'latino-americanos, submetidos,. pouco tempo a regimes de. agora. execuç~o. Sem dúvida, este de um. Estado. verdadeiro na realidade. destes paises.. 1.4.2. A "Estratégia de Desenvolvimento" Uma fundamental do características futuro.. N~o. se aspira, atingi~. o. expressa a. só. estratégia. estabelece. a. desenvolvimento ao apresentar da sociedade. que. se. orientaç~o. as principais. pretende atingir. esboça a imagem-objetivo da socledade. mas especifica os objetivo.. É. ideologia das. óbvio. caminhos e meios que,. a que. gerais para. na imagem-objetivo. classes dominantes e,. no. se. também, se. sintetiza o caráter de suas relaçeJes coni as demais classes. Assim, na " ••• nâo. é. possivel. opini~o. elaborar. referªncia prévia aos objetivos. de. RAMOS (op. uma "estratégia". Estado espera. sem. fazer. da política econSmica de um. pais. Estes últimos, por sua vez, referem-se que o. cit, p.l1),. lograr através. da. ao~. resultados. aplicaçao de. seus.

(43) 27 produç~o. poderes, faéuldades ou capacidades no campo da. e da. distribuiç~o".. característica. A. objetivos se refere. importante. mais. a sua correspondªncia. sócio-histórico determinado. O. com um. caráter histórico. dos. contexto significa. que os obj~tivos n~o tem aplicaç~o ou validez universal. Tem sua. vigªncia circunscrita a. condiç~es. particulares de tempo. e espaço. O caráter social expressa os interesses de fraçOes e. classes. sociais. que. constituem. determinada. Os objetivos tampouco técnico ou. de. s~o. resultado do trabalho. de. formulaç~o. social. formaç~o. apresentadas por. recomendaç~es. técnicos especializados na. uma. uma equipe de. politica econômica. (RAMOS op cit, p.13).. A justificativa, ciªncia. oficial. sustentar-se. que. num. os. em termos teóricos,. respalda.. conjunto. de. Os. vem da. ~bjetivos. conhecimentos. devem. teóricos. sistemáticos que expliquem a realidade e enunciem as leis de seu. funcionamento.. Aqui. está. implícito. o. conteúdo. ideológico, pois toda teoria é, de acordo com RAMOS (op cit, p.14) e HUNT (1989, p.22), também, De objetivos conf.litivos. problemas conflitivos;. outro. por. s~o. n~o. Em. lado,. um certo. específicos, mas,. problemas distintos, complementares.. noutro. ideologia.. deve. ficar. natureza momento os. Assim, por. exemplo, tem. e diante. podem. histórico. tais relaçoes podem. que. complementares. histórico. objetivos. momento. claro. e. os ou de. parecer diante de. transformar-se em sido. freqüente a.

(44) 28 entr~. complementariedade ocupaçao,sobretudo desemprego. e. os. objetivos. quando. existe. subemprego; mas. conflito quando o. aumento da. de um. também. crescimento. alto. existem. e. ní.vel. de. relaçbes de. leva ao sacrifício da. ocupaç~o. taxa de crescimento e vice-versa. importante também. ~. formulaç~o. a. ". deficiªncias limitaç~o. dos. objetivos. teóricas na. dos. salientar o fato sofre. a influªncia da. interpretaç~o. de que. recursos que muitas vezes. das. realidade, e. a. obriga a priorizar. uns objetivos em lugar de outros" (RAMOS op cit, p.22).. 1.4.3. O planejamento como processo de. intervenç~o. racional De acordo adotada no. a. a. elaboraç~o. de. intervenç~o. correta. planejamento. de. intervenç~o. elaboraç~o. do. intervenç~o. circulariçlade ~/./. n~o. de desenvolvimento o. sim a continuidade do próprio·. do. Estado.. dos planos Estado,. do. do Estado na sociedade. planos e programas. elemento mais importante, mas processo. de. concepç~9. presente trabalho, é lmportantedestacar o fato. de que no processo de é. com. mas. processo,. o que. a certeza. garante o. sim onde. é. N~o. sucesso da. reajustes. os as. e a. tentativas. e sejam. per!!)Mentemente avaliadas e reformuladas. No SZMRECS~NYI. fases. esquema. de. (op cit, p.14)i. interdependentes. que. planejamento. elaborado. por. s~o definidos cinco estágios ou. mostram. a. importância. da.

(45) 29 circularidade e o dinamismo do processo de planejamento (ver gráfico 1). Estas fases. "a) diagnóstico da. s~o. descritas do seguinte modo:. evoluç~o. (sistema, setor ou. do complexo sócio-econ6mico. regi~o). que se pretende. influenciar, isto é, modificar ou consolidar através do planejamento; b). de uma política de desenvolvimento para. formulaç~o. o complexo; c). elaboraç~o. do plano propriamente dito;. d). execuç~o. e). avaliaç~o. f). progressiva. do plano; periódica dos resultados obtidos; e reformulaç~o. do diagnóstico,. d~. politica de desenvolvimento, dos objetivos e dos instrumentos do ~lanol'~SZMRECS~NYI op cit, p.12)..

(46) 30. GRÁFICO NQ 1. la. 2a. 3a. 4.1. lo. 2. 1. Diagóstico f---;. IpOli tic·1 r--t. 6. 3 f-t. IExecuç&ol. 4 ~. Aval iaç;to. S Se Reformulaç&o. 5b 5a I. Legenda:. II. 1I. I - ... Estágios Fluxos de informaçfies e DecisÕ'es. ~ Refluxos (Feedback). Fonte: SZfYIRECS~NYI 1979: 14. ~,. De acordo com importância. do. planejamento. processo. dinamismo. O. onde a. constitui uma. esquema. este esquema, ·fica que. deve. salienta o. retro-alimentaç~o. constante ao. ter. evidente a. oproces~o. caráter. 'de cada. circular uma· das. o. longo do processo.. de do. fases. resultado. deste modo de encarar o desenvolvimento de um pais deve ser, no. longo. prazo,. a. institucionalizaç~o. de. um. processo.

(47) 31. iterativo. de. planejamento,. onde as. processo estejam em permanente níveis. cada vez. diferentes. do. e permitindo. interd~pendªncia. articulaç~o. maiores de. fases. dos. intereses dos. do. processo. diferentes grupos da sociedade.. o planejamento. ponto o. é. de. diagnóstico.. paciente após conhecer a sua importante. destacar. que. graves. Só é. situaç~o. a. sujeito, decorrente de uma trazer. partida. possivel. um. inicial. Neste ponto é de. omiss~o. alguma. parte. do. parcial e excludente, pode. vis~o. conseqüências. tratar. de. nas . fases. posteriores. do. processo de planejamento.. o. passo. seguinte,. uma. vez. realizado. o. diagnóstico, é formular uma politica de desenvolvimento para o complexo sócio-econSmico. cuja. futura se pretende. evoluç~o. planejar. De ~~.~···elaboraç~o. escolha. do. acordo. o. plano propriamente. de seusobjet1vos. conclusOes. com. do diagnóstico. de. (sistema,. setor. obj~tivos. ou. dito. com. para. regi~o). planejamento. Esses objetivos. sua. cabe escolher os. realizaç~o.. tem. evoluç~o. que. se. futura. definidos na chega-se a do complexo. pretende submeter. costumam ser. a. Confrontando as. econSmico e social, a. ". inicio com. os principl0s. quantitativos e qualitativos ( ..• ).Uma objetivos,. autor,. e instrumentos.. política de desenvolvimento uma lista. cltado. ao. simultaneamente. vez selecionados os. instrumentos mais. adequados à. Essa escolha requer um grande discernimento,.

(48) 32 na o apenas das metas alcançáveis no horizonte do plano, como dos. fatores econômicos,. jogo.. N~o. há. sociais e. políticos que. planejamento sócio-econômico. todos. indistintamente. Cada objetivo. plano. sempre envolvem. um juízo. est~o. em. que beneficie. a. e cada instrumento do (SZMRECS~NYI. de valor". op. ci t, P .15-6) • Finalmente, é prestar. atenç~o. importante no presente trabalho. nas seguintes. deste mesmo autor:. colocaç~es. liA viabilidade de um plano só é efetivamente testada através. de é. suaexecuç~o. ( ••. ). A continuidade do planejamento também. interrompida guando. execuç~o. n~o. avaliaç~o. dos planos e programas.. os reajustes necessários tempo.. há uma. Dela. reformulaç~o. resulta do. à boa. dessa. É. execuç~o. também,. diagnóstico. a. avaliaç~o. longo. ínicial,. da. sâo de F.O.H.8.).. ". (ZSMREC5~NYI. op cit.. prazo. política. reformulaç~o. às últimas conseq0ências acaba conduzindo à novo plano ( •.. ).. que fluem. do plano através do. mais. desenvolvimento, e do próprio plano. Uma. dos resultados da. elaboraç~o. a. de. levada de um. p.17-9. Os gritos.

(49) 2. A CULTURA DA COCA. Certamente a realidade que pode. as pessoas acreditam que. n~o. o que é,. é. ela seja. As. mas o. vezes este fato. perpetuar um erro; pois, como disse o sociólogo norteThomas (citado por DEL. americano W.I.. "se os homens definem uma real. pelas suas. ~oca,. a. opini~o. distorcida informaç~o. da. situaç~o. como real,. conseqOincias". Com públ~ca. OLMO, 1991, p.31-2):. realidade.. No. à. cultura da. tem uma. informaç~o. relaç~o. internacional. entanto, é. que tem-se formado. ela será. ent~o. com. base. nessa. um juizo sobre o problema. da. coca e seus derivados. Em vista disso, este capitulo visa esclarecer o leitor. n~o. influenciado. familiarizado com pelo. discurso. geralmente tendenciosas da. econ8micos. a. respeito. oficial. e. pelas. imprensa oral e. alguns aspectos históricos, da. (e talvéz·. a cultura andina. escrita), sobre. politicos, culturais, socia1s e cultura. da. coca. e. importantes para a compreensâodo presente trabalho.. que. s~o.

(50) 34 2.1. Antecedentes da cultura da coca na Bol.i.via Estima-se conduzida pelos milªnios, ou. que a. cultura. da coca. nativos da regi'aoandil"l.i. seja, desde. coca é tradicionalmente. nos últimos cinco. ~ré~incaica.. a época usada de. vem sendo. A folha. múltiplas maneiras. de. pelos. camponeses de quase todo o território boliviano. No entanto, vale a. pena esclarecer que o. tem nada a ver com a da. opini~o. pública. consumo da folha de. existente, atualmente, no âmbito. image~. internacion~110.. Em um importante estudo o. uso tradicional. MAMANI. comum da folha também,. utilizada. de coca. é para a. como. social nas. na Bolivia,. comunidades. do futuro, de ira dos maus. em. liA. CARTER e. embora. energético. como. seja, como. e. tradicionais. É infus~o,. mais. utilizaç~o. mastigaç~o,. medicamento,. cataplasma,. como. adivinhaç~o. aplacar a. de coca. utilizada. integrador. da folha. antropológico, sobre. p.17) apontam o seguinte:. (1986,. coca nao. também meio. 'de. fazer diagnósticos de doenças. de sendo definitivamente um. espiritos~. auxiliar no confronto com o mundo incerto e ameaçante".. o andinos. tem. hábito. despertado,. do desde. "aculli"~L. os. dos. pr~meiros. habitantes 'tempos. da. 10 A opinLt'o pública internacional frequentemente confunde coca com cocaina, ou "cocaismo" (consumo de coca) com "cocainlsmo" (consumo de cotaina). Isto equivale a confundir o vinho com a uva~ o qual é um grande erro, con th buindo pat-a justificar umàin tervenç~o externa na sociedade boliviana. 1.1. Palavra quechua que denomina a prática da mastigaç;to da folha da coca. Do ponto de vista químico, o "acullj" é ,um processo complexo onde intervém, além da cocaina, pplo menos outros 13 alcaloides. vi taminas, minerais e óleos essencicus. Na opini~o de CAt-IELAS e 'CANELAS (1983, p.84-85), ainda s;tb desconhecidos os efeitos que pode ter esta combinaçtio de elementos; isso sem levar em conta a aç:to da saliva, os diferentes sucos gástricos e o reativo alcalino (cinza de certos cactus) com que é mastigada e con~umida a folha da coca..

(51) 35 Conquista da. América até os tempos. controvérsia entre. atuais, uma inesgotável. cientistas de diferentes áreas,na qual. podem ser observados elementos de. alto conteúdo ideológico.. A origem deste debate acha-se na afirmaçao de que a folha de coca tira a fome dos mastigadores. De um' lado temos a teoria dos efeitos nocivos da. coca. na. alimentaç~o,.. apresentada. principalmente. GUTIÉRREZ. Segundo este autor. (1944, p.5),. coca. a. a. produz. consome para a. depois de. mastigador viciado,. alguns anos, afirma ele,. "omastigador da. desagradável Mas· o. cranica.. inaniç~o. ocasiona,. anular. por. sensaç~o. consumo. a perda. da. que. droga1~. do apetite".. prefere a droga. à. o. comida,. estabelecendo-se assim um circulo vicioso: começa a mastigar coca. para suprimir a fome, provocando a perda do apetite. e. se acaba comendo ainda menos, De ( 1983) ,. que. por causa do consumo da coca.. outro lado,. sustentam que. temos autores,. os componentes. como BUCHARD. nutricionais da. coca poderiam ser muito significativos quer como complemento da dieta, alimentos,. durante períodos de escassez aguda quer. pela. vital. importância. ou cr-bnlca de no. tratamento. favorável de possiveis problemas permanentes e generalizados do metabolismo dos nitratos dos. de carbono, entre os camponeses. Andes. Segundo esta ótica, a coca nem ocasiona perda do. 1~ Note-se que é utilizado 6 termo "droga" como sin6nimo de folha de coca, o qual, segundo especialistas na matérla como HURCHARD (1983, p.165) e MAYER (1983, p.226), é farmacologica~ente incorreto. Foi o estatuto legal internacional, no qual se enquadra a coca, que deformou os efeitos físicos e psíquicos objetivos da folha de coca..

Referências

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