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Reforma Política: Uma questão de fidelidade?

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS. LETRAS £ AR ES

DEPARTAMENTO DE HISTORIA

REFORMA POLÍTICA

UMA QUESTÃO DE FIDELIDADE ?

WiJUani A / e v e d o Cabral

NATAL - RN 2005

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES

DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA

REFORMA POLÍTICA: UMA QUESTÃO DE FIDELIDADE?

Natal/ RN 2005

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William Azevedo Cabral

REFORMA POLÍTICA: UMA QUESTÃO DE FIDELIDADE?

_ j *

Monografia apresentada à disciplina Pesquisa Histórica II,sob a orientação da professora Doutora Maria da Conceição Fraga.

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AGRADECIMENTOS

Se agradecer é reconhecer a incompletude do espírito, posso dizer que recolhi em muitos lugares a minhas muitas partes dispersas, é a muitos que devo o fôlego para essa jornada. Agradeço a Deus dádiva de ser amparado em todos os momentos do meu caminho, pelas oportunidades que tive, pela experiência e pelo caminho que pude trilhar. A divina Providência está sempre presente em nossas vidas, os milagres são diários. São muitos amigos, parentes, conhecidos, professores, colaboradores, e profissionais que escreveram comigo este trabalho monográfico. A cada um, individualmente, meu MUITO OBRIGADO.

Agradeço, emocionado, a orientação e o carinho que recebi da minha orientadora, Professora Doutora Maria da Conceição Fraga. Se tive arroubos de vontade, se rompi em algum momento com o tradicional, ou com a camisa de força do texto monográfico, só pude me realizar por ter sido nutrido com muito carinho, generosidade e segurança. Só a certeza de estar amparado que trouxe a coragem para deixar o ninho e me lançar no espaço para a conclusão. Minha eterna gratidão a todos os meus professores, a Professora Maria Ferdinanda Silveira Soriano e ao Professor Luis Eduardo Brandão Suassuna, membros da banca examinadora. Agradeço o carinho de todo o Departamento de História, em especial à Profesora Aurinete Girão que muito me auxiliou na revisão no tocante à aplicação das normas e da bibliografia, sem dúvida, uma grande "mãe", não só minha, mas de todos nós alunos do curso de História. Gostaria também de agradecer a todos os outros Professores do Departamento que sempre superam as dificuldades da universidade pública com muita dedicação e atenção a cada um de nós.

Minha eterna gratidão a todos os meus amigos e colegas de curso. Foram as contribuições, críticas, polêmicas, sugestões que recebi que possibilitaram o meu avanço. Neste momento quero fazer uma homenagem a toda a minha família que muito me apoiou me

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proporcionando momentos de alegria, euforia, e principalmente a generosidade de cada um de vocês que me proporcionaram os momentos mais lúdicos, lúcidos, belos e prazerosos dessa jornada.

Agradeço aos meus colegas, companheiros e amigos de trabalho, minha segunda família, pela paciência que sempre tiveram comigo. Agradeço aos amigos e amigas que sempre por uma palavra, um gesto, um colo, um computador, uma cópia, um recorte foram decisivos nas versões e revisões desse trabalho: Paulo Sérgio Iglessias, Meyrenice de lima Borges Ramalho, Gilvânia Botelho de Oliveira, Antonio Carlos Quirino, Admilson Totti, Paulo Manoel do Nascimento, lindomar Gomes de Oliveira, Ailton Sérgio Leal Bezerra e Issac Albuquerque Santos.

Obrigado a todos que sempre me incentivaram a continuar: [meu pai] Sr. José Omar Cabral;[minha mãe] Sra. Josefa Azevedo Cabral; [minhas irmães] Rejane Azevedo Cabral, Tânia Azevedo Cabral, Fátima Azevedo Cabral e Kátia Azevedo Cabral;[meus irmãos] Antônio Carlos Azevedo Cabral e Célio da Cunha Bezerra Júnior e [minha Vó] Sra.Maria Justiniano de Azevedo. Sem o carinho de cada um de vocês não teria concluído meu curso.

A minha namorada Renata leitão Primo. Nunca será o suficiente eu dizer que só por você, e só com você eu consigo trilhar as aventuras que escolho. Em todos os momentos deste trabalho foi a voz lúcida da minha namorada que me fez voltar para o carreiro correto. Obrigado!

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO

1. CAPÍTULO 1 - O VOTO E A DEMOCRACIA NO

1 . 1 0 voto no Brasil 1.2 Fraudes eleitorais 1.3 Título sem foto

1.4 Dos Governadores eleitos

1.5 1930: surgem os votos secreto e feminino 1.6 Foto no título

1.7 Anos 1960-1970-ditadura e bipartidarismo 17.1 Bipartidarismo

1.8 Pacote de abril

1.9 Década de 1980: Diretas Já 1.10 Fim do regime militar

1.11 Década de 1990: avanças no sistema eleitoral 1.12 Urnas eletrônicas

1.13 Verticalizações das coligações 1.14 Sistema avançado

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2. CAPÍTULO 2-OS PARTIDOS POLÍTICOS NO BRASIL

2.1 Partidos políticos no Brasil

2.2 Partidos políticos no Brasil Império (1822-1891) 2.2.1 O Partido Republicano

2.3 Os partidos políticos no Brasil (1889 a 1930) 2.4 Os partidos políticos na era Vargas (1930-1945) 2.5 Os partidos políticos no Brasil (1945-1964)

2.6 Os partidos políticos no regime militar (1964-1985) 2.7 Os partidos políticos após o regime militar (1985-2005) 2.8 Partidos políticos no Brasil atual

2.8.1 O conceito de partidos políticos 2.9 Estrutura do Estado Brasileiro

2.10 História e ideologia dos partidos políticos brasileiros 2.10.1 Partido da Frente Liberal (PFL)

2.10.2 Partido Comunista Brasileiro (PCB) 2.10.3 Partido Comunista do Brasil (PC do B)

2.10.4 Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) 2.10.5 Partido Socialista Brasileiro (PSB)

2.10.6 Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) 2.10.7 Partido Verde (PV)

2.10.8 Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) 2.10.9 Partido Dos Trabalhadores (PT)

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3. CAPÍTULO 3 - REFORMA POLÍTICA NO BRASIL

3.1 Reforma política 61 3.2 Financiamento público de campanhas 68

3.3 Fidelidade partidária 72

CONCLUSÃO 76

FONTES E BIBLIOGRAFIAS 7 8

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INTRODUÇÃO

Hoje no Brasil a reforma política é um assunto diário, seja da imprensa falada ou escrita, as denúncias sobre os escândalos políticos que envolvem o alto escalão dos nossos parlamentares, bem como, de grandes instituições, até então tidas como referência de bons serviços prestados e honestidade. De certa forma todas essas questões são reflexos de uma desorganização que existe em nosso sistema político e que não é de hoje.

Neste trabalho procuraremos aliar às fontes bibliográficas às fontes orais, visto ser estas representações de origem especificamente política, já que buscamos nos relatos e opiniões do parlamentar, o senhor Deputado Estadual Fernando Mineiro do partido dos Trabalhadores (PT-RN) e do Vereador Salatiel de Souza do Partido da Frente Liberal (PFL-RN) para consubstanciar nossa pesquisa. Sendo assim fizemos um esforço para agendarmos uma entrevista e conciliar o melhor dia e local, criando assim um clima propício ao seu depoimento.

No decorrer do trabalho de pesquisa e no processo de aquisição do depoimento foi necessário seguir algumas metodologias espercíficas e pertinentes a história oral. pois para se trabalhar com memória se faz necessário que haja uma compreensão sobre o que se quer saber do entrevistado c como ele vai atender as nossas espectativas, para tanto construímos o roteiro de entrevistas que nos propocionou coletar informações sobre a sua vida pessoal e também sobre a sua vida pública.

De acordo com o enfoque a ser estudado, se enquadrará no campo de estudo da Nova História política, que não se mostra apenas uma preocupação praticamente exclusiva com a política dos grandes Estados (conduzida ou interferida pelos "grandes homens"), mas sim, começa a se consolidar a partir dos anos 1980 passa a se interessar também pelo "poder" nas

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suas outras modalidades (que incluem também os micros poderes presentes na vida cotidiana, o uso político dos sistemas de representação e assim por diante). Isso mesmo pode se mostrar como o portador de indícios que dizem respeito ao social mais amplo1.

Depois do levantamento bibliográfico e da coleta do depoimento fizemos a correlação das fontes colhidas com o tema, como o tema não exigiu muito que o entrevistado procurasse muito em sua memória, o que nós identificamos foi uma forte relação entre a sua memória e a memória coletiva dos partidos. A entidade ou instituição por vezes incorpora-se ao indivíduo numa dialética, que as vezes as opiniões dos dois se confundem tornando-se uma só. Portanto não c tarefa fácil trabalhar com memória, principalmente de homens públicos que como vimos assumem, a memória de suas entidades por isso foi preciso recorrer aos teóricos e os conceitos de memória por eles estudados:

Hawbachs que trabalha a diferença entre memória individual , coletiva e histórica afirma ser o passado uma reconstrução a partir do tempo e do espaço2. Explicando melhor tal

conclusão observamos nas palavras do entrevistado a sua comprovação, pois quando perguntado ao Deputado do PT Fernando Mineiro se no decorrer dos anos houve mudança em sua forma de pensar a política, afirmou que: "afinal de contas faz muitos anos (que entrou na política) e a gente tem que ir mudando, vai conhecendo outras coisas, vai se informando..."

Por isso nos estudos realizados por Thompson ele enfatiza a necessidade de se completar os relatos com fontes impressas, propondo trabalhá-las com a mesma profundidade interlaçando-as. Para ele os grupos reelaboram constantemente os fatos e acontecimentos, assim os indivíduos, componentes desses grupos também fazem transformações em suas

' BARROS, José D'assunçâo. O campo da História: especialidades e abordagens. Petrópolis, RJ: Vozes, 2004.p, 107.

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memórias individuais3. Também afirma existir uma diferença entre as fontes orais e as fontes

impressas, sendo que cada fonte permite analizar dimensões distintas da memória.4

A pesquisa, bem como o trabalho, fará valer essas perspectivas dos conceitos de memória pois como já foi citado, este não visa reconstruir um passado distante, mas sim focar um tema atual, porém requer que por vezes o depoente faça valer-se de sua memória, fruto de anos de partidos e de uma vida pública em que já se confunde a pessoa com o político em uma só pessoa . uma só memória.

Para uma melhor contextualização faremos um breve histórico acerca, da história do voto no Brasil . da história dos partidos políticos e da reforma política que está em pauta para ser aprovada no Congressoa Nacional, tudo isso para contemplarmos o tema e seus desdobramentos, como a questão da Fidelidade Partidária e o Financiamento Público de

Campanhas, sempre recorrendo as fontes bibliográficas e quando possível utilizando os

relatos do entrevistado, pois estes nos forneceram visões dentro de uma perspectiva muito especial, visto que os seus partidos hoje são adiversários da política nacional, e por isso estão sempre em conflitos em relação a assuntos de natureza política.

Também foi utilizada uma ampla bibliografia, jornais e periódicos que nos possibilitasse uma melhor visão da politica brasileira, desde do período colonial até os dias atuais.Como exemplo podemos citar Fraga. Maria da Conceição (2001), Memória articulada

e memória plubicizada: experiência com parlamentares.Nicolau Jairo Marconi (2004) História do Voto no Brasil. Ribeiro, Renato J. (2003), Sobre o voto Obrigatório. Peixoto,

João Paulo Machado (1987), Políticos no Brasil. Schmitt. Rogéio (2000), Partidos Políticos

3 THOMPSON, Paul. A voz do passado. In: História Oral. 2 ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992.

4 FRAGA,Maria da Conceição. Tese (Doutorado)- UFC, Fortaleza. Memória articulada e memória

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no Brasil, Motta, Rodrigo Patto Sá (1999). Introdução à História dos Partidos Políticos Brasileiros, Franco, afonso Arinos de Melo (1974). História e Teoria Dos Partidos políticos no Brasil. Chacon. Vamireh (1981). História dos Partidos Políticos Brasileiros:Discursos e práxis dos seus programas. Fausto, Boris (1994), História do Brasil, Calmon, Pedro (1964),

Teoria Geral do Estado, Rodrigues. Almira (2004), Reformas Políticas e Ações Afirmativas,

Benevides, Maria V (2003), Nós, o Povo - Reformas Políticas para Radicalizar a

Democracia, Costa, Homero de Oliveira (2001), A Reforma Política No Brasil, José Dirceu

& Marcus Ianoni, Reforma Política (1999). Skidmore, Thomas (1979), De Getúlio a

Castelo, . Partidos dos Trabalhadores (2001), Estatuto.

Quanto a divisão deste trabalho, o primeiro capítulo ( O voto e a democracia no Brasill) procura descrever a evolução do processo eleitoral desde a primeira Constituição do Brasil indepedente até o período democrático atual, dando ênfase às eleições para Câmara dos Deputados, mas sempre fazendo referências às regras das disputas para outros cargos.

No segundo capítulo (Os Partidos Políticos no Brasil) procuramos reunir as informações mais relevantes sobre os partidos poíticos brasileiros desde a Constituição das primeiras organizações merecedora dessa denominação.Esse capítulo foi dividido em quatro seções: Partidos Políticos no Império (1882-1891); Os Partidos Políticos na República Velha (1889-1930); Os Partidos Políticos na Era Vargas (1930-1945); Os Partidos Políticos no Brasil (1945-1964); Os Partidos Políticos no Regime Militar (1694-1985) e Os Partidos Políticos após o Regime Militar (1985-2005).

Por fim. no terceiro capítulo (A Reforma Política no Brasil) procuramos analisar a proposta de reforma política-partidária que está para ser votada no Congresso Nacional, abordando dois temas relevantes da reforma política: A Fidelidade Partidária e o

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Financiamento Público de Campanhas, onde podemos perceber que são pontos que ocorrem grandes divergências até mesmo entre os membros de um mesmo partido.

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CAPÍTULO 1- O VOTO E A DEMOCRACIA

L I O voto no Brasil

Poucos países tem uma história eleitoral tão rica quanto a do Brasil. Durante o período colonial a população das vilas e cidades elegia os representantes dos Conselhos Municipais. As primeiras eleições gerais para escolha dos representantes à Corte de Lisboa ocorreram em 1821. no ano seguinte, foi promulgada a primeira lei eleitoral brasileira, que regulou as eleições pós-independência, foram eleitas 51 legislaturas para Câmara dos Deputados. E somente durante o Estado Novo (1937-1945) as eleições para Câmara foram suspensas.5

Hoje os eleitores escolhem os representantes para os principais postos de poder (presidente, senador, deputado federal, governador, deputado estadual, prefeito e vereador) e pouca gente duvida da legitimidade do processo eleitoral brasileiro. As fraudes foram praticamente eliminadas. Hoje o Brasil tem o terceiro maior eleitorado do planeta, perdendo apenas para a índia e Estados Unidos."

1.2 Fraudes eleitorais

Com a independência do Brasil de Portugal, foi elaborada a primeira legislação eleitoral brasileira, por ordem de Dom Pedro I. Essa lei seria utilizada na eleição da Assembléia Geral Constituinte de 1824. '

Os períodos colonial e imperial foram marcados pelo chamado voto censitário e por episódios freqüentes de fraudes eleitorais. Havia, por exemplo, o voto por procuração, no qual

5 NICOLAU, Jairo Marconi. História do voto no Brasil.2.cd. Rio dc Janeiro. Jorge Zahar,2004.p,7. 6 Ibidem. p, 8.

7 MOTTA,Rodrigo Palio Sá.Introdução à história dos partidos políticos brasileiros.Belo Horizonte:Ed. UFMG.1999.

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o eleitor transferia seu direito de voto para outra pessoa. Também não existia título de eleitor e as pessoas eram identificadas pelos integrantes da Mesa Apuradora e por testemunhas. Assim, as votações contabilizavam nomes de pessoas mortas, crianças e moradores de outros municípios. Somente em 1842 o alistamento passou a ser feito previamente ao dia das eleições. Uma junta, presidida pelo Juiz de paz, era formada em cada paróquia e tinha a responsabilidade de fazer uma listagem de todos os cidadãos aptos a votar.s

Em 1855. o voto distrital também foi vetado, mas essa lei acabou revogada diante da reação negativa da classe política. Outra lei estabeleceu que as autoridades deveriam deixar seus cargos seis meses antes do pleito e que deveriam ser eleitos três deputados por distrito eleitoral e que esses passaram a eleger três representantes para a Câmara dos Deputados.9

1.3 Título sem foto

Em 1875 foi criado o primeiro título de eleitor (conhecido como título de qualificação) do Brasil. Dele deveria constar nome, idade, estado civil, profissão, renda, domicílio, elegibilidade (se somente votante ou também eleitor) e ainda a seguinte observação, que deixava explícito que os analfabetos podiam votar: "declarar-se-à especialmente se sabe ou não ler e escrever". Um canhoto do qual era destacado o título no qual constavam informações sobre o volante, ficava sobre responsabilidade da junta de alistamento. A qualificação era realizada a cada dois anos, continuou a ser feita na paróquia, mas agora havia uma junta municipal responsável pelo alistamento em todo município. Pela primeira vez foi exigida a documentação que comprovasse a renda do votante. Feita a qualificação, os nomes

8 NICOLAU, Jairo Marconi. p, 12. 9 Ibidcm, p. 20

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eram afixados nas portas das câmaras municipais c das igrejas matrizes e os cidadãos eram convidados a buscarem seus títulos. 10

Em mais uma medida moralizadora o título de eleitor foi instituído em 1881, por meio da chamada Lei Saraiva. Mas o novo documento não adiantou muito: os casos de fraude continuaram a acontecer porque o título não possuía a foto do eleitor.

A partir de 1881, as juntas de qualificações deixaram de existir e o alistamento ficou sob exclusiva responsabilidade dos Juizes de direito. O alistamento deixou de ser feito automaticamente (ex-ofício) pela junta c passou a depender da iniciativa do eleitor. Os critérios para comprovação de renda ficaram ainda mais rigorosos com a necessidade de apresentação de diversas certidões. Após a qualificação, os eleitores recebiam um título que continham informações semelhantes ás do título anterior."

Depois da Proclamação dí. República, em 1889. o voto ainda não era direito de todos. Menores de 21 anos, mulheres, analfabetos, mendigos, soldados rasos, indígenas e integrantes do clero estavam impedidos de votar.

1.4 Dos governadores eleitos

O voto direto para presidente e vice-presidente apareceu pela primeira vez na Constituição Republicana de 1891. Prudente de Morais foi o primeiro a ser eleito dessa forma. Foi após esse período que se instalou a chamada política do café-com-leite, em que o Governo era ocupado alternadamente por representantes de São Paulo e Minas Gerais.

O período da República Velha, que vai do final do Império até a Revolução de 1930, foi marcado por eleições ilegítimas. As fraudes e o voto de cabresto eram muito comuns, com os detentores do poder econômico e político manipulando os resultados das urnas. A

111 NICOLAU, Jairo Marconi. História do voto no Brasil, p , 13. 11 Ibidcm.p, 14.

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República representou um retrocesso em relação ao Império, em razão da prática do voto de cabresto.

As eleições deixaram de ter relevância para a população, eram simplesmente uma forma de legitimar as elites políticas estaduais. A fraude era generalizada, ocorrendo e m todas as

fases do processo eleitoral (alistamento dos eleitores, votação, apuração dos votos e reconhecimento dos eleitos). Os principais instrumentos de falsificação eleitoral foram o bico de pena e a degola.A eleição a bico de pena consistia na adulteração das atas feita pela m e s a eleitora, que t a m b é m apurava os votos.1 2

1.5- 1930: surgem os votos secreto c feminino

A década de 30 iniciou-se com o País em clima revolucionário. A queda da Bolsa de Valores de Nova York, em 1929, contaminou o mundo, provocando a suspensão dos créditos internacionais no Brasil. O principal produto de exportação, o café, perdeu seu maior mercado consumidor, o norte-americano, levando o setor a uma crise sem precedentes. 13

Em meio à insatisfação que tomou conta da população, Getúlio Vargas protagonizou o golpe que lirou o presidente Washington Luís do governo. Apesar da crise, havia esperanças de que a cidadania seria ampliada e de que haveria eleições livres e diretas. A presença feminina, cada vez mais marcante, chegou às urnas. Em 1932, foi instituída uma nova legislação eleitoral e as mulheres conquistaram o direito ao voto, mas pouco pode exercê-lo durante um período bastante longo. Só com a redemocratização de 1945 é que se abririam os horizontes para o pleno exercício do sufrágio feminino.1 4

A potiguar Celina Guimarães Vianna, da cidade de Mossoró, foi a primeira eleitora do Brasil.

12 NICOLAU, Jairo Marconi. História do voto no Brasil, p , 34.

COTRIM, Gilberto.História do Brasil. 9 ed. Sào Paulo.ed. Saraiva, 1999. p, 297. 14 Ibidem.p 300.

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