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Silenciamento de conceitos e apagamento de indivíduos: homofobia no sistema educacional estadual de Água Branca (1996-2006)

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Academic year: 2021

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(1)UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS CAMPUS DO SERTÃO CURSO DE HISTÓRIA. FERNANDO DE SÁ OLIVEIRA JÚNIOR. SILENCIAMENTO DE CONCEITOS E APAGAMENTO DE INDIVÍDUOS: HOMOFOBIA NO SISTEMA EDUCACIONAL ESTADUAL DE ÁGUA BRANCA-AL (1996 – 2006). Delmiro Gouveia 2019.

(2) FERNANDO DE SÁ OLIVEIRA JÚNIOR. SILENCIAMENTO DE CONCEITOS E APAGAMENTO DE INDIVÍDUOS: HOMOFOBIA NO SISTEMA EDUCACIONAL ESTADUAL DE ÁGUA BRANCA (1996 – 2006). Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) requisito para grau acadêmico em Licenciatura em História, na Universidade Federal de Alagoas – Campus Sertão. Orientadora: Profa. Dra. Maria Aparecida Silva. Delmiro Gouveia 2019.

(3) Catalogação na fonte Universidade Federal de Alagoas Biblioteca do Campus Sertão Sede Delmiro Gouveia Bibliotecária responsável: Renata Oliveira de Souza CRB-4/2209 O48s. Oliveira Júnior, Fernando de Sá Silenciamento de conceitos e apagamento de indivíduos: homofobia no Sistema Educacional Estadual de Água Branca (1996-2006) / Fernando de Sá Oliveira Júnior. – 2019. 88 f. : il. Orientação: Profa. Dra. Maria Aparecida da Silva. Monografia (Licenciatura em História) – Universidade Federal de Alagoas. Curso de História. Delmiro Gouveia, 2019. 1. História – Alagoas. 2. Água Branca – Alagoas. 3. Sistema Edu-. cacional Estadual. 4. Homossexualidade. 5. Homofobia. 6. Âmbito escolar. 7. Prática docente. I. Título. CDU: 981(813.5):37.

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(5) Dedico este trabalho a cada discente que em suas “diferenças” lutou durante o ensino básico e médio, não permitindo ser apagado ou silenciado e sobreviveu as intempéries do âmbito escolar..

(6) DEDICATÓRIA. Dedico este Trabalho de Conclusão de Curso a todas as pessoas, que tiveram uma contribuição para esta pesquisa de direto e indireto, e em minha trajetória/formação acadêmica..

(7) AGRADECIMENTOS. Agradeço a todos que contribuíram no decorrer de minha formação, em especial: As forças superiores deste universo que me criaram, bem como tudo ao meu redor. A minha orientadora Profa. Maria Aparecida Silva, que desempenhou papel fundamental referente a elaboração deste trabalho. A Profa. Ana Cristina, pela relação fecunda na produção de ciência e que também me ensinou o rigor que um trabalho científico deve conter. A Profa. Carla Taciane, pelas contribuições enquanto Coordenadora do Curso de História, o incentivo quanto ao cotidiano acadêmico, e para além dos muros da universidade tudo que aprendi. De maneira geral aos membros do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Diversidades e Educação no Sertão Alagoano-NUDES, pelo sempre incentivo e convivência acadêmica formadora. Aos demais professores que estiveram presentes em minha vida na universidade e tive como referência, Prof. Ismar Inácio, Profa. Sheyla Farias, Prof. Eltern Campina Valle, Prof. Aruã de Lima, Prof. Gustavo Gomes, Prof. Flávio Augusto e Prof. Marcos Ricardo. As professoras Adriana Almeida e Sônia Damasceno, pela contribuição em meu processo de formação durante o ensino médio, e enquanto gestão por viabilizar minha pesquisa na Escola Estadual Monsenhor Sebastião Alves Bezerra. As professoras Maria Helena e Liliane Torres, enquanto gestão, pela contribuição na produção de dados referente a Escola Estadual Domingos Moeda. Aos colegas de turma da Universidade Federal de Alagoas-UFAL, Campus do Sertão pelo companheirismo durante a trajetória, a Maria Aparecida, Maria Lúcia, Valdeir Aquino, Gigliely Fontes, Byanca Vilela e Tatiane Soares. Aos colegas de turma da Universidade Federal da Bahia-UFBA, e as pessoas do período que estive em Salvador, Igor Santiago, pela acolhida tão pronta, e a Felipe Carvalho, companheiro de casa e que me guiou pelos caminhos que Salvador tem a oferecer. A professora da Universidade Federal da Bahia: Juliana Pereira Torres, pela condução aprofundada a História Moderna, pela orientação e rigor acadêmico que me ensinou. E finalmente a minha família, aos que apoiaram minha trajetória acadêmica, em especial meus pais Lusimar e Fernando, e de modo geral cada um que me incentivou..

(8) SUMÁRIO INTRODUÇÃO.............................................................................................................10 CAPÍTULO I- UMA BREVE APRESENTAÇAO DA HISTÓRIA DA SEXUALIDADE AO LONGO DOS PERÍODOS HISTÓRICOS...............................................................18 1.1 COMPORTAMENTOS SEXUAIS E ALGUNS PERÍODOS HISTÓRICOS ESPECÍFICOS.................................................................................................................26 CAPÍTULO II- MOVIMENTOS SOCIAIS E EDUCAÇÃO: ABORDAGEM SOBRE HOMOFOBIA.................................................................................................................36 2.1 O MOVIMENTO HOMOSSEXUAL E SUA CONTRIBUIÇÃO SOCIAL NA HISTÓRIA.......................................................................................................................40 CAPÍTULO III- ANALISANDO DOCUMENTOS IMPULSIONADORES DO “PÂNICO MORAL”: PROJETO ESCOLA SEM HOMOFOBIA (2004) E O CADERNO ESCOLA SEM HOMOFOBIA (2005) “KIT GAY” .......................................................45 CAPÍTULO. IV-. A. DISCUSSÃO. SOBRE. HOMOFOBIA. NO. SISTEMA. EDUCACIONAL DE ÁGUA BRANCA- AL.................................................................52 4.1- ASPECTOS SÓCIO HISTÓRICOS E SISTEMA EDUCACIONAL DE ÁGUA BRANCA/AL..................................................................................................................53 4-2. O. SISTEMA. EDUCACIONAL. ESTADUAL. E. OS. SUJEITOS. ENTREVISTADOS.........................................................................................................55 CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................................64 REFERÊNCIAS.............................................................................................................69 APÊNDICE....................................................................................................................74 .ANEXOS........................................................................................................................76.

(9) LISTA DE FIGURAS Figura 1- Repercussão midiática em principais veículos sobre o “Kit Gay”.....................46 Figura 2- Repercussão quanto ao “Kit Gay”...................................................................49 Figura 3-Escola Estadual Monsenhor Sebastião Alves Bezerra.....................................56 Figura 4- Fachada da Escola Estadual Domingos Moeda...............................................57.

(10) RESUMO A pesquisa Silenciamento de Conceitos e Apagamento de Indivíduos: Homofobia no Sistema Educacional Estadual de Água Branca (1996 – 2006), nasce a partir de quando o autor durante o ensino fundamental e médio percebeu os primeiros sinais de homofobia. O objetivo da pesquisa é analisar o papel dos educadores na área do sistema educacional estadual de Água Branca/AL, desde 1996 até o ano de 2006, e o posicionamento frente as questões de preconceito, especificamente a Homofobia, averiguamos ainda as diretrizes pedagógicas deste período quanto a formação dos educadores. A pesquisa constitui-se em uma investigação com abordagem qualitativa, que busca, a partir do olhar do professorado do sistema educacional estadual da cidade de Água Branca-AL, investigar como a temática da homofobia é abordada no âmbito escolar, discutir e verificar as concepções e ações na prática docente. Para isso foram realizadas as entrevistas semiestruturadas, com este recurso foi possível elencar conteúdos e respostas para constituir o foco das discussões, as quais foram fundamentadas pelo referencial teórico, cujas bases estão em autores como: Louro (2007-2009) discutindo a questão do padrão heteronormativo como dominante e aceito especificamente no âmbito escolar, Facchini (2005-2018) abordando a trajetória dos movimentos sociais, além de Green (1990) caracterizando a homossexualidade no Brasil do século XX, trazemos Valladares (2002), Veyne (1987) e Vainfas (2010) contribuindo com as reflexões históricas e os conceitos de sexualidade de maneira geral. A metodologia principal foi a análise documental como: arquivos das escolas estudadas, além das entrevistas semiestruturadas, utilizadas como recurso esclarecedor dos argumentos trazidos referente ao acontecimento da homofobia no âmbito escolar. Através da análise das falas dos/as entrevistados/as, que estão localizados em diversos pontos do recorte temporal deste estudo (1996-2006), foi crucial a percepção e problematização de cada um, no sentido de averiguar as questões geracionais, e de como discutir tais temáticas no ambiente escolar transcende o conceito de obrigação e esclarecimento, e sim de vitalidade para o professorado e a comunidade escolar, tendo em vista o mundo plural, de diversidade, em constante (re) construção e heterogêneo que estamos inseridos atualmente. Palavras Chave: Homossexualidade. Homofobia. Âmbito Escolar..

(11) RESUMEN Esta tarea se titula: Silenciar conceptos y borrar individuos: homofobia en el sistema educativo estatal de aguas blancas (1996 - 2006), nacida de cuando el autor durante la escuela primaria y secundaria notó los primeros signos de homofobia . El objetivo de la investigación es analizar el papel de los educadores en el área del sistema educativo estatal de Água Branca / AL, desde 1996 hasta el año 2006, y la posición sobre temas de prejuicio, específicamente la homofobia, también determinamos las pautas pedagógicas de este período. sobre la formación de educadores. La investigación es una investigación con enfoque cualitativo, que busca, desde la perspectiva de los maestros del sistema educativo estatal de la ciudad de Água Branca-AL, investigar cómo se aborda el tema de la homofobia en la escuela, discutir y verificar las concepciones. y acciones en la práctica docente. Para ello, se realizaron entrevistas semiestructuradas, con este recurso fue posible enumerar contenidos y respuestas para constituir el foco de las discusiones, que se basaron en el marco teórico, cuyas bases se encuentran en autores como: Louro (20072009) discutiendo la cuestión del estándar heteronormativo como dominante y específicamente aceptado en el contexto escolar, Facchini (2005-2018) abordando la trayectoria de los movimientos sociales, además de Green (1990) que caracteriza la homosexualidad en el Brasil del siglo XX, traemos Valladares (2002), Veyne (1987) y Vainfas (2010) contribuyendo a reflexiones históricas y conceptos de sexualidad en general. La metodología principal fue el análisis documental como: archivos de las escuelas estudiadas, además de las entrevistas semiestructuradas, utilizadas como recurso de aclaración de los argumentos provocados por el evento de homofobia en el entorno escolar. A través del análisis de los discursos de los entrevistados, ubicados en varios puntos del marco temporal de este estudio (1996-2006), fue crucial la percepción y la problematización de cada uno, para determinar las preguntas generacionales y cómo Discutir tales temas en el entorno escolar trasciende el concepto de obligación e iluminación, pero de vitalidad para los maestros y la comunidad escolar, en vista del mundo plural, diversidad, constantemente (re) construcción y heterogéneo que estamos insertando actualmente. Palabras clave: homosexualidad. Homofobia Alcance escolar..

(12) 10. INTRODUÇÃO A escolha do tema para esta pesquisa está relacionada ao âmbito escolar, que possui um papel de formação, podendo assim afirmar ou então silenciar e apagar indivíduos e conceitos, tratando-se das questões de diversidade sexual e especificamente a presença da homofobia no sistema educacional estadual da cidade de Água Branca/AL. O interesse pela escrita deste trabalho se dá, nas recordações e situações que passei em meio ao Ensino Fundamental II e Ensino Médio na Escola Estadual Monsenhor Sebastião Alves Bezerra, período que vivenciei juntamente com alguns colegas situações de preconceito em que hoje chamaríamos de homofobia. Sendo assim, hoje me reconhecendo como homem gay, e a partir desta inquietação e não encontrando nas intervenções do professorado uma atitude em dialogar sobre o assunto, ou sanar a situação, nasce de fato a problemática a ser analisada. Diante da vivência em uma escola estadual, senti a necessidade de investigar ainda quanto a realidade de outra instituição presente no município de Água Branca/AL, sendo assim verificando o município tive acesso a Escola Estadual domingos Moeda, que junto com a Escola Monsenhor, compõem o sistema estadual educacional da cidade, conforme trazido no título desta pesquisa. Após este período de auto percepção e adentrar a graduação, sempre me perguntei quais fatores levaram aqueles educadores, a gestão , enfim, os profissionais da educação de modo geral, a não saber ou querer discutir a temática, já que naquele momento a escola em especial passava por situação de alunos e alunas descobrindo-se e sendo “alvo” de descriminação, tendo em vista que na época o termo homofobia sequer era mencionado ou conhecido. Imbuído por esta inquietação, é necessário salientar como define DelMasso, Cotta e Santos: “Uma pesquisa origina-se de um problema, de uma indagação, de uma dúvida. Podemos dizer que a pesquisa, e aqui denominar pesquisa científica, constitui-se de um processo de questionamento e de busca de respostas para diferentes temáticas.” DELMASSO, COTTA E SANTOS, p.1) E diante destes fatores resolvi que deveria discutir junto a academia as questões relacionadas a homofobia presentes no âmbito educacional. Dessa maneira, ao formular o tema e escolher do que tratar, estará ligado intrinsecamente aos elementos como:.

(13) 11. “interesse do pesquisador, a relevância atribuída pelo próprio autor ao tema cogitado, a viabilidade da investigação, a originalidade envolvida.” (BARROS, 2011, p. 25) A pesquisa tem como recorte o período de 1996 a 2006, de caráter qualitativo analisando as falas dos educadores deste do período, já que também foi utilizada entrevista semi estruturada, analisando as falas e como uma pesquisa qualitativa seguido da análise bibliográfica, através dos conceitos de autores dentro do campo das discussões de diversidade, educação, sexualidade e homofobia e análise documental. Analisamos documentos provenientes da Escola Estadual Monsenhor Sebastião Alves Bezerra e da Escola Estadual Domingos Moeda, formando assim o sistema educacional estadual da cidade de Água Branca/AL, ambos lócus deste estudo. Iniciamos com a análise dos componentes curriculares das disciplinas de modo geral, para as duas escolas, e especificamente para a Escola Monsenhor Sebastião analisamos a disciplina de Sexualidade, implantada no período de 2002 a 2004. Quando mencionamos a escola que temos como fonte inicial da pesquisa, requer explanar a pessoa de Monsenhor Sebastião Alves Bezerra, que era filho legítimo do Senhor Theodoro Alves Bezerra e da Senhora Dona Maria Florentina Vilar Bezerra. Em 30 de novembro de 1929, com 22 anos de idade, foi ordenado sacerdote. Foi vigário de Coruripe, Penedo e da Paróquia de Água Branca. A fundação da escola se deu em 17/12/1981 através do Decreto nº 4.229, pelo Senhor governador Dr. Guilherme Palmeira que tornou Monsenhor Sebastião patrono da mesma. Funciona nos três turnos: matutino, vespertino e noturno, oferecendo Ensino Médio, EJA e com projeto de solicitação do PRONATEC que ainda não foi contemplado. Ao longo do processo de amadurecimento das leituras e discussões, se fez necessário o acréscimo de outra escola na mesma cidade, perfazendo então o sistema estadual de educação da cidade de Água Branca, temos a Escola Estadual Domingos Moeda, que está situada a rua Coronel Ulisses Luna, n°. 04 na cidade de Água Branca/AL. A fundação desta escola acontece em 1940, através do Senhor Edgar Tenório Lima, que tinha maior contato com a província, através da família do Barão de Água Branca (Joaquim Antônio de Siqueira Torres), conseguindo a doação do terreno para construção da escola, e tendo como primeiro diretor o próprio Edgar Tenório. Com a fundação em 1940 é recebido o nome de Grupo Escolar “Água Branca” e permaneceu com esta denominação até o ano de 1942. Em 1943 recebe a denominação.

(14) 12. de Grupo Escolar “Domingos Moeda”, em homenagem a um professor que vinha de Maceió lecionar com muita dificuldade no passado, chamava-se Domingos Bento da Moeda e Silva, nasceu em Marechal Deodoro/AL. Domingos Moeda fundou o orfanato São Domingos em Mangabeiras, Maceió/AL. A escola passou por 3 reformas, sendo a primeira durante a gestão do Governador Lamenha Filho em 1969, com um convênio do PNE/MEC, a segunda em 1978 no governo de Divaldo Suruagy, e a terceira acontece na gestão de José Silva no ano de 2005. O objetivo da pesquisa foi analisar o papel dos educadores na área do sistema educacional estadual de Água Branca/AL, desde 1996 até o ano de 2006, e o posicionamento destes profissionais frente as questões de preconceito, especificamente a Homofobia, para isso averiguamos ainda as diretrizes pedagógicas deste período quanto a formação dos educadores. Este trabalho está ancorado nas discussões sobre diversidade sexual, a presença da homofobia no âmbito educacional, também questões relacionadas a currículo escolar. Os sujeitos analisados desta pesquisa são educadores do período de 1996 até 2006, que atuaram nas escolas estaduais, e especificamente da área das ciências humanas. Embora o cerne da questão não esteja no currículo, deve-se refletir quanto ao mesmo e a formação específica para discutir questões como a homofobia. De acordo com França (2001, pág. 03) “Cultura, formação, currículo e sexualidade se interseccionam no fazer pedagógico dos atores sociais que constituem a cultura escolar”. Discutir então a formação e seu processo quanto aos professores é entender que o mesmo se trata de um discurso relevante e que deve estar situado no cenário social. A formação continuada deve proporcionar ao educador uma atuação que incentive a problematização dos assuntos, potencializando assim o conhecimento e sendo mediador em sala de aula, ao invés de somente transmitir conteúdo. Para a execução deste trabalho obtive a autorização das falas de docentes das escolas destacadas, sendo assim observamos a fala diante do questionamento acerca da discussão de diversidade sexual, gênero e homofobia no âmbito escolar: Tanto nas reuniões, formações, a discussão quanto ao assunto não acontece, penso que isso ocorre pois temos medo de lidar, de falar sobre esta questão, pelo fato exclusivamente saliento que a falta de formação. A abordagem que pouco ocorreu, mas especificamente alguns momentos como quando a Profa. Mônica Regina da Universidade Federal de Alagoas, Campus do Sertão esteve na escola para tratar do.

(15) 13 assunto, a convite da escola em minha gestão enquanto direção, tendo contato através do período da pós-graduação que fiz na UFAL, e assim e ocorreu uma formação, contando com número tímido de educadores. Outro momento foi um diálogo interno entre os professores, e dialogando com a gestão e coordenação, sendo que busquei material (leis/informações) que estavam disponíveis na internet e discutimos." (Adriana Almeida). Diante desta fala observamos o quanto é relevante levantar questões como as que estão neste trabalho e a necessidade de formação e discussão de maneira séria, como tem sido na academia. Quando é comentado aqui em relação a problematização em sala de aula e as questões de diversidade sexual sendo perceptíveis neste âmbito escolar, é necessário analisar o momento inicial em que a discussão inicia no Brasil, validando a narrativa dos professores e averiguando os currículos de formação. O âmbito escolar é um lugar plural, então diversidade sexual, formação e currículo se cruzam em meio aos processos pedagógicos destes atores em questão, ou seja, referindo-se aos professores e sua relação com os alunos. Sendo assim, nesta pesquisa discutiremos a relação que existe entre formação, diversidade sexual e o currículo na escola. Quando se trata de ambiente escolar, o obstáculo maior se dá através dos projetos que poderão conduzir a prática no cotidiano. Então, conviver no meio educacional por muitas vezes nos faz estar diante das diferenças e, lidando com violências, conforme o conceito que Bourdieu destaca: Como decorrência desse exercício do poder simbólico, temos a violência simbólica, a qual se estabelece “[...] por meio de um ato de cognição e de mau reconhecimento que fica além – ou aquém – do controle da consciência e da vontade, nas trevas dos esquemas de habitus que são ao mesmo tempo generados e generantes” (BOURDIEU, 1998, p. 22-23).. Sendo assim, nos apropriamos desta significação e quando seu conceito é mencionado a violência simbólica reflete uma maneira de violência invisível, e que assim desempenha uma relação de subordinação, caracterizando-a como silenciosa e que vai estar presente em ações sutis, mas que aos poucos no caso de alunos e alunas aqui se manifesta e produz um grupo de ideias e valores que são tidos como absolutos e intransponíveis..

(16) 14. A violência simbólica descrita por Bourdieu está presente para além da escola, a mídia em si, os padrões de comportamento que são impostos, o próprio Estado e a sociedade de modo geral, presente nos aspectos de “elitização” e quando são produzidas hierarquias sociais, e que afeta então de maneira muitas vezes agressiva o âmbito educacional Em meio ao âmbito educacional permeiam diversas culturas, modos de se comportar e consequentemente distintos atores sociais, sendo assim um local de diversidade, que exerce uma função expressiva quanto a incentivar a reflexão diante dos preconceitos, valores sociais, as diferentes crenças, No que diz respeito a comunidade LGBT e as questões de gênero que são cada vez mais discutidas na academia e fora dela, alguns debates são recorrentes, como, por exemplo, a utilização da palavra gênero, que era associada exclusivamente ao estudo da mulher e causas LGBT’s, porém sua significação é muito mais ampla, e os historiadores como nós, devem problematizar a construção do termo e a questão da desconstrução, sendo o termo significando para nós o fato de a desconstrução estar baseada quanto ao ato de atribuir papéis específicos quanto ao gênero e a identidade sexual, Tedeschi (2007) aponta: “As desigualdades baseadas nas diferenças sexuais é um projeto que se encontra em andamento, que faz parte de um movimento mais amplo para a consolidação dos direitos humanos e cujas fronteiras vão além das sociedades nacionais.” Então, para que esse modo de desconstrução seja possível, é necessário que o âmbito escolar por intermédio dos atores sociais deste espaço, neste caso especificamente quanto aos educadores e profissionais da educação, deve cotidianamente implementar uma reflexão através de sua conduta em sala de aula. As discussões sobre diversidade sexual e homofobia tem ocupado cada vez mais espaço na mídia em geral, proporcionando dessa maneira uma grande repercussão na sociedade, dentro e fora dos espaços da educação. O âmbito educacional exerce um relevante papel quanto esta pauta, conforme observa-se: No que tange à educação, essa discussão, desde as primeiras décadas do século passado, é marcada por avanços e retrocessos nas políticas educacionais. No entanto, as inquietações advindas da pressão social sobre as questões das sexualidades não fogem ao cotidiano escolar, tanto é que recentemente figurou neste cenário o debate sobre a inclusão ou exclusão dos termos diversidade sexual e identidade de gênero no Plano Nacional de Educação e nos Planos Estaduais e Municipais de Educação (CNTE, 2015)..

(17) 15. A escola, como espaço público de formação e socialização tem, ao longo da história, reproduzido as diferenças ao classificar os sujeitos por etnia, sexo e classe social, e contribuído para a manutenção da norma social hegemônica e dentre elas, a heteronormatividade, dessa forma, o ambiente escolar através de alguns agentes marginaliza e exclui os que não se enquadram nos padrões que estão postos. Diante da marginalização, violências e homofobia é que tomamos como reflexão o ambiente escolar, conforme Koehler (2009, p.590) menciona: O assunto homofobia apresenta-se como um complexo assunto para os pesquisadores que estudam as violências na escola, pois envolve inclusão/exclusão, educação para a sexualidade, orientação sexual, identidade sexual, estudos sobre gênero e homossexualidade.. Quando se discute violência no ambiente escolar, consequentemente devemos pensar quanto as representações sociais, referindo-se aqui a diversidade sexual, a maneira que se enxerga a própria homossexualidade, que são na verdade construídas em um processo histórico e de maneira conectada a diversidade de grupos, por meio da cultura, da etnia, os grupos socioeconômicos e que repercute através de seus códigos e suas práticas. No âmbito escolar, que é um vasto meio de comunicação entre indivíduos, e que são gestados saberes e devendo fomentar um paradigma de respeito e igualdade no que tange as diversidades, e até auxiliando na autonomia dos educandos em suas diversidades. Durante o cotidiano escolar nem sempre existe a discussão aberta sobre temáticas como diversidade sexual e homofobia, já que muitos professores questionam a inserção de tais assuntos, porém Louro (2008) aponta que a escola não é apenas um local de transmissão de conhecimentos, mas também de construção de sujeitos, e que durante este processo ocorre o possível suplemento de padrões de orientação sexual, gênero e até de classe, que estão inseridos dentro de um padrão normativo. Ainda conforme Louro (2009, p. 87), a heterossexualidade é posta em um posicionamento dominante e sendo assim: [...] à produção e à reiteração compulsória da norma heterossexual. Supõe-se, segundo essa lógica, que todas as pessoas sejam (ou devam ser) heterossexuais – daí que os sistemas de saúde ou de educação, o jurídico ou o midiático sejam construídos à imagem e à semelhança desses sujeitos..

(18) 16. Tratando-se desta abordagem em sala de aula, não se pode ser simplista e apenas acreditar que a ausência das temáticas em foco é pela falta de interesse dos professores em discutir, pois em alguns casos existe a ausência de formação adequada, e assim lidar com os temas transversais, dentre eles a questão dos preconceitos em si, a homofobia, diversidade sexual, religiosa e questões pertinentes as relações de gênero e étnico raciais. Refletindo quanto ao processo formativo, os educadores devem exercer um ensino crítico e que fomente reflexões do aluno diante de assuntos costumeiros, principalmente quanto ao quesito diversidade sexual. Para que tal acontecimento ocorra, é necessário romper o ensino estabelecido na racionalidade técnica, onde autoriza alguns conhecimentos e subtrai a validade de outros, sendo necessária uma plena vivência da rotina escolar, para que possamos estar prontos a dar aos alunos questões cotidianas para problematizar. Quanto a relevância social desta pesquisa, podemos destacar que é um tema constante, e como reflexo da sociedade está na mídia, através das novelas, do cinema e de seriados de TV, dos programas em geral, ainda com as revistas voltadas para o público juvenil e adolescente, o que obviamente implica no debate sendo introduzido na escola, trazido às vezes espontaneamente pelos/as próprios/as alunos/as, e pela relevância quanto a uma temática própria da história vista de baixo1, especificamente dando visibilidade aos sujeitos antes não mencionados. A partir de situações de hostilidade e violência a escola como uma instituição que fomenta a igualdade de direitos requer desempenhar uma atribuição colaborativa com a sociedade para que não ocorra intolerância aconteça tolerância, e sim despertar nos discentes, comunidade escolar em geral o respeito diante da diversidade como um todo. Apresentamos uma discussão coerente acerca da diversidade sexual, a homofobia presente no âmbito educacional, e averiguando como se iniciam os debates referentes aos temas e especificamente na cidade de Água Branca/AL. Esta pesquisa está estruturada em 4 (quatro) capítulos, além da introdução e considerações. No capítulo um: Uma breve apresentação da história da sexualidade ao longo dos períodos históricos, destacamos o debate em torno dos períodos históricos 1. História vista de baixo: movimento crítico, com vistas a entender como as camadas populares se movimentam e fazem história, dando visibilidade e protagonismo às pessoas que por longo tempo tiveram suas vivências excluídas e marginalizadas pela historiografia “oficial”..

(19) 17. principais acerca da sexualidade, como a Antiguidade, Idade Antiga, Idade Média, e a Primeira Modernidade de maneira breve. Com o Capítulo II: Movimentos Sociais e Educação: Abordagem sobre Homofobia, discutiremos a presença e a relevância dos movimentos sociais para as discussões de homofobia e assim como a educação no Brasil, e uma breve análise dos PCN’S, PPP e o currículo de modo geral. O Capítulo III: Analisando Documentos Impulsionadores do “Pânico Moral”: Escola Sem Homofobia (2004) e o Caderno Escola Sem Homofobia (2005) “Kit Gay”. Finalmente o Capítulo IV: A discussão sobre Homofobia no Sistema Educacional de Água Branca- AL. Aqui contextualizamos o sistema educacional estadual da cidade de Água Branca/AL, bem como características da cidade em si; discutir formação de professores e trazendo os sujeitos (entrevistas)..

(20) 18. CAPÍTULO. I-. UMA. BREVE. APRESENTAÇÃO. DA. HISTÓRIA. DA. SEXUALIDADE AO LONGO DOS PERÍODOS HISTÓRICOS. Pensar em sexualidade e, por conseguinte em diversidade, é fazer uma reflexão quanto a formação de nossa própria nação, através da pluralidade de indivíduos que introduziram suas culturas, neste processo de construção que nos fez chegar até onde estamos atualmente, enquanto brasileiros e miscigenados através das descendências de índios, portugueses, espanhóis, negros escravizados entre outros, como Gomes explicita: A diversidade, entendida como construção histórica, social, cultural e política das diferenças, realiza-se em meio às relações de poder e ao crescimento das desigualdades e da crise econômica que se acentuam no contexto nacional e internacional. (GOMES, 2012, pg. 01). A partir do conceito apresentado por Gomes (2012) associamos também a questão da sexualidade, que é o foco nesta discussão a uma construção, que está ligada a uma fórmula elaborada diante das necessidades e dos paradigmas de uma determinada sociedade, ou seja, uma concepção flexível e que pode fluir a depender das variáveis ao seu redor. Pensar então em diversidade no sentido amplo da palavra está associado a criação e desenvolvimento do entendimento de algo em especial. Para desenvolver a ideia a cima, podemos mencionar a constituição de nossa nação, e da diversidade em si que a mesma possui, é relevante salientar a imagem do índio, que é caracterizado como um bárbaro e que se nega a ser “introduzido” na sociedade, então depois a força se vê abandonando (para não morrer) seus valores e realizar a aquisição dos costumes do homem branco, o homem europeu será um salvador, pois vem colonizar povos “desprovidos de cultura”, como se pensa, e assim os rótulos serão construídos e impostos na sociedade. Como observa Gusmão (2000) “A partir de Tarsila, de Marcos e Sebastião compreendemos, ainda, a pluralidade social, cultural e étnica que envolve a realidade brasileira e a escola.” Dessa maneira, entendemos que a formação de nossa sociedade está ligada a diversidade, englobando ainda aí o âmbito escolar, que é um local de convívio social e de formação. Discutindo o modo ainda de que o homem veio a “civilizar” as terras que “descobriu”, no caso o Brasil, cabe a observação acerca da identidade que estes povos.

(21) 19. possuíam, que foi descaracterizada, o que permite a conclusão de uma relação de poder nesta situação. Percebemos que na verdade neste exemplo do colonizador e quanto a diversidade em si, o problema está quanto a alteridade, como Gusmão (2000) observa: identidade e a alteridade revelam, portanto, que o outro não é inexistente e estrangeiro, distante de nós e daquilo que constitui nosso mundo. O que a alteridade diz é que o outro existe e está no nosso '. mundo, como nós estamos no dele. Cabe então refletir que se estamos em um mesmo “mundo”, o que devemos aprender é justamente como conviver entre as diferenças e especificidades, sem que os conflitos entre os indivíduos possam causar situações de violência. O modo de debate quanto a diversidade possui uma diferença quando especificamos o cenário nacional e internacional, pois cada um irá forjar uma maneira distinta de discussão, enfatizando identidades culturais, a questão de raça, etnia, imigração, gênero, sexualidade, intolerância religiosa, entre outros, sendo estes os mais comuns que desencadeiam discussão acerca da diversidade, podendo ainda estar interseccionalizados.2 A questão da diversidade, na visão econômica, é dada a partir de uma composição primeiramente histórica, em meio ao contato social, e com as relações de poder, onde se dá assim o acontecimento e a intensificação das desigualdades. Quanto a economia e nosso país, Gomes, aponta que: No Brasil, diferentes alternativas e proposições econômicas, políticas e teóricas têm sido desencadeadas na tentativa de apontar caminhos para essa situação. Desde o processo de reabertura política a partir dos anos de 1980 aos dias atuais, vem se configurando um novo foco de interpretações a respeito de como equacionar a oferta da educação pública no contexto das desigualdades socioeconômicas e da diversidade. (GOMES, 2012, pg. 01). Dessa forma, ao longo do tempo se faz necessário a reflexão de como está presente o debate da diversidade na sociedade, e como atores sociais e os movimentos comprometidos com uma sociedade democrática, movimentos sociais, que ao longo da história tiveram uma 2. A interseccionalidade é uma conceituação do problema que busca capturar as consequências estruturais e dinâmicas da interação entre dois ou mais eixos da subordinação. Ela trata especificamente da forma pela qual o racismo, o patriarcalismo, a opressão de classe e outros sistemas discriminatórios criam desigualdades básicas que estruturam as posições relativas de mulheres, raças, etnias, classes e outras. (CRENSHAW, 2002: 177)..

(22) 20. contribuição significativa quando se trata da efetivação dos direitos e políticas públicas para indivíduos que estão rotulados como uma minoria, no sentido obviamente de deter poder e sua cidadania de fato e de direito. Para que possamos entender como este processo foi sendo gestado, é a partir dos anos 1980 que o cenário nacional vai se modificando, através da participação dos movimentos sociais, de inúmeros ramos, como negros, feministas, população LGBT, indígenas, conforme a discussão surgindo neste período, debruçando sobre trabalhos de teóricos/as e autores/as como: EVERS (1984); SCOTT (1988); SOUZA-LOBO (1991); CASTRO (1992);. e. SAFFIOTI (1992). Diante das leituras é proporcionado um olhar de objeção a valorização do capitalismo e não oportunizando o modo de ver como inferior os movimentos que defendem a luta contra a desigualdade, durante a década de 1980 temos um momento bastante turbulento para a população LGBT, é nesta década que a homossexualidade, especificamente, já vista de maneira pecaminosa e como delito, passa ainda a ser patologizada pela Organização Mundial de Saúde (OMS), sendo o homossexualismo uma doença, bem como a partir da sua 6ª Revisão, em 1948, na Categoria 320 “personalidade patológica”, por ser considerado um “desvio sexual”. Conforme analisa Laurenti (1984): Esta categorização foi revista na 8a Revisão, em 1965, na qual o homossexualismo passou a ser compreendido como pertencente a Categoria 302 "desvio e transtornos Sexuais", mais especificamente, na sub-categoria 302.0 – “Homossexualismo”. Com a 9a Revisão, em 1975, manteve-se a homossexualidade na mesma classificação. Não obstante, nesse período, muitos psiquiatras, principalmente dos Estados Unidos, já refutavam esta disposição. Desse modo, Laurenti ressalta que a OMS incluiu a seguinte orientação sobre este código: "Codifique a homossexualidade aqui seja ou não a mesma considerada transtorno mental.. Após o momento da inclusão desta nota e assim concebendo a homossexualidade como uma patologia, este saber médico passa a enfrentar diversos ataques, tanto de “dentro”, ou seja, dos profissionais da área médica, e da psicologia, assim como os movimentos sociais, ativistas sensíveis a causa e de fato a comunidade LGBT daquele período, já que com este fato, ainda mais se atribuía uma maneira negativa de se enxergar estes indivíduos, e ainda é neste momento que os grupos de homossexuais e afins iriam surgindo e unindo-se em prol da despatologização..

(23) 21. Através da pressão que os movimentos sociais, como o feminista, movimento negro, e LGBT exerceram e exercem sobre o governo, devemos elucidar a importância de sua atuação como favorável para o âmbito educacional e para que os profissionais da educação possam receber formação quanto a questão da diversidade sexual e a homofobia. A partir dos anos de 1990, podemos acompanhar a reafirmação dos movimentos e em defender uma identidade específica, por conta de tal pressão, e uma questão de intenção progressista que foi acontecendo em nosso país, isso em diversos setores do Brasil, e no cenário mundial a OMS-Organização Mundial de Saúde, agora também retira a homossexualidade da lista de doenças mentais. Desse modo, as políticas sociais foram possuindo mais abertura, introduzindo assim mais visibilidade quanto a diversidade no contexto social, embora sejam oportunidades que ainda careçam de uma profundidade. Embora, ainda seja necessária uma demanda maior quando se fala em visibilizar a diversidade, devemos reconhecer o quanto os movimentos sociais fizeram para que tal questão fosse inserida como pauta das políticas públicas, e com o tempo sendo debatida, e assim estando presente na produção intelectual e área política, sendo discutida com mais frequência. Em relação a questão da diversidade sexual, se trata de um tema que está no cotidiano, presente em espaços como a escola, despertando inúmeras discussões, podendo estar em algumas discussões do ambiente escolar, como no ensino, nas brincadeiras que o educador irá trazer para a sala de aula, e até mesmo na relação educando e educador. Quanto a escola, a mesma enquanto instituição transmiti informações que são referentes ao assunto, no caso aqui a sexualidade, porém o que se discute não deve estar preso somente a conceitos referentes a gravidez, a proteção contra doenças sexualmente transmissíveis, e sim temáticas mais amplas, provenientes do contexto social, e sim deve estar em todo processo educativo dos discentes. Conforme Louro (1997) afirma: As questões referentes à sexualidade estão, queira-se ou não, na escola. Elas fazem parte das conversas dos/as estudantes, elas estão nos grafites dos banheiros, nas piadas e brincadeiras, nas aproximações afetivas, nos namoros; e não apenas aí, elas estão também de fato nas salas de aulaassumidamente ou não – nas falas e atitudes das professoras, dos professores e estudantes (LOURO, 1997, p. 131).. Como é debatida, a questão da diversidade sexual e homofobia, estão presentes no âmbito escolar, iniciando pela discussão geral, em temáticas como os casos de gravidez.

(24) 22. na adolescência, por exemplo, se preocupando ainda com conceitos como a biologia explora, definindo masculino e feminino e do modo heteronormativo, e invisibilizando outras possibilidades de identidades sexuais, referindo-se aqui a homossexualidade, tal questão está inserida em circunstância informal no contexto escolar, porém quando se trata de uma problematização em caráter sério, é muito pouco executada. Quanto a maneira de abordagem das temáticas em foco na sala de aula, e assim como são tratadas, desde o currículo e a execução no cotidiano, é necessário refletir quanto aos cursos de licenciatura/ formação inicial docente é ausente, em sua grade curricular, propostas que tem relação com os temas ligados a gênero, sexualidades e a educação em si. Nunes (2016) comenta o fato de ter ideias negativas com relação à homossexualidade, não entender e não aceitar até certo ponto pode ser compreensível, ainda que se trate de educadores/as. Para tanto é preciso levar em consideração todo o contexto no qual eles/as estão inseridos/as: déficit na formação, uma cultura machista e discriminatórios. Sendo assim, como resultado, temos educadores e educadoras que apresentam dificuldade em tais conteúdos, tornando-se um déficit. É necessário, repensar o papel da escola, de seus profissionais de modo geral, pautado na perspectiva da contribuição na redução de preconceito nas instituições, Ferreira e Luz (2009) afirma que, “ a instituição escolar deve contribuir para uma educação cidadã e libertadora que contemple a dimensão sexual, a diversidade, os direitos humanos e a multiculturalidade”. Independente das questões de diversidade sexual, gênero e demais não serem uma primazia, mesmo assim fizeram parte de algumas iniciativas e de formações continuadas do governo federal, conforme Santos (2015) ressalta ainda que a ênfase das políticas acaba por ser uma responsabilidade que “cai” sobre a formação docente continuada, mesmo que, a formação inicial não tenha sequer mencionado essas temáticas. Deste modo por um lado, essa dinâmica sinaliza o “caráter compensatório” que pode ser atribuído ao cotidiano das formações continuadas, assim como a possibilidade de que esses cursos sejam oferecidos aos docentes sob o “argumento da incompetência” (SOUZA, 2006, p. 484), por outro, conforme nos diz Maria Helena Souza Patto (1990, p. 349) ressalta o “potencial transformador das relações escolares” inerente a essas experiências de formação docente continuada e destaca que os/as educadores/as são.

(25) 23. percebidos/as como “portadores de carecimentos radicais que os fazem [...] um grupo social potencialmente transformador”. Pensando em espaço escolar e as relações que nele estão inseridas, e de acordo com Xavier Filha (2012), ainda existe o medo em trabalhar com temas relacionados à sexualidade, principalmente com crianças. Segundo a autora, este temor se explica por acreditar que temáticas que envolve sexo, diversidade, sexualidade é função dos pais, ou seja da família. Existe todo um cuidado em não interferir na educação familiar, ao afirmar que: Cabe à escola abordar os diversos pontos de vista, valores e crenças existentes na sociedade para auxilia o aluno a encontrar um ponto de auto-referência por meio da reflexão. Nesse sentido, o trabalho realizado pela escola, denominado aqui de Orientação Sexual, não substitui nem concorre com a função da família, mas antes a complementa. Constitui um processo formal e sistematizado que acontece dentro da instituição escolar, exige planejamento e propõe uma intervenção por parte dos profissionais da educação (BRASIL, 1997, p. 83).. O âmbito escolar se torna coadjuvante no processo de educação sexual da criança e do jovem em questão. A escola irá fazer novamente o que já foi feito pela educação familiar, tornando-se dependente da família e “refém” do que é ensinado pelos pais. Isso acaba gerando omissão ou negação em desenvolver discussões relacionadas a diversidade sexual, gênero e sexualidade (XAVIER FILHA, 2012). Ribeiro e Leandro (2012) afirmam que “os processos educativos deveriam provocar, justamente, a discussão”. Por isso é importante repensar o papel da escola, assim como os conteúdos abordados. A partir da temática e a questão da discussão em sala de aula, é relevante pensar quanto a formação profissional daqueles que compõem a escola, como por exemplo a preparação docente para abordar conteúdos como gênero, homossexualidade e sexualidade. Será que os professores se sentem preparados para abordar tais questões? De acordo com Ferreira e Luz (2009), “o professor é o protagonista central da educação”. Para ensinar algo, precisa no mínimo de conhecimento acerca daquilo que se pretende abordar. Dessa forma, é necessário ir além do tradicional, buscar novas fontes se apropriando de novas abordagens e principalmente propondo aos discentes, exterminar preconceitos, discriminações e desrespeito. Ferreira e Luz (2009), destacam ainda que para tanto é preciso investimentos na formação de educadores..

(26) 24. Estar neutro em casos de desrespeito e discriminação aponta para uma urgente reeducação profissional. Com isto há necessidade da formação continuada, com cursos que visem o crescimento profissional dos educadores para conteúdos tradicionais de sua área e assuntos afins, que prepare para lhe dar com situações diversas, e não apenas em cada instituição possuir um currículo escolar que contemple tais temas. Segundo observa Silva (1999) “O currículo não pode ser visto simplesmente como um espaço de transmissão de conhecimentos. O currículo está centralmente envolvido naquilo que somos, naquilo que nos tornamos, naquilo que nos tornaremos. O currículo produz, o currículo nos produz.” Neste, o currículo funciona de maneira a unir os saberes através das necessidades de cada âmbito e comunidade escolar. Tratando-se de educação e diversidade sexual, como observa Gusmão (2000) “A diversidade nos espelha como parte das relações de poder e nos envolve em todas as dimensões da vida vivida, no nosso cotidiano e até mesmo ali, onde sequer suspeitamos de sua existência”. Portanto, é necessário trazer as reflexões quanto as diferenças presentes neste espaço social que é também a escola, não negando o quanto somos diferentes, mas debatendo o quanto esta relação está presente em todas as esferas. Para o professor existe um desafio referente ao ensino, associado a diversidade como um todo, seja ela social ou cultural, pois além da mediação de conhecimento em sala de aula, é necessária uma postura de educador, que o mesmo possua uma capacidade de atender as concepções que tem como base no processo educativo, por exemplo, os Parâmetros Curriculares Nacionais- PCN’s e a Lei de Diretrizes e Bases-LDB. Este estudo pretende averiguar se tais documentos são capazes de conduzir a prática pedagógica do educador para as questões de diversidade, onde surgem questionamentos, como agir diante das diversidades culturais, classes, sexual e étnica? Seria possível apenas atribuir ao professor a educação e a conduta formada de seus alunos? Qual o papel ideal dos educadores frente a realidade atual e a conjuntura do Brasil? Todas estas questões fazem parte do processo de formação do professor, e nos proporciona uma reflexão quanto a vinculação aos alunos. Os entendimentos que possuímos hoje sobre conduta sexual vieram a ser construídos socialmente e ao longo da história, sendo assim estudar as práticas e conceitos.

(27) 25. acerca da sexualidade é justamente viável por conta do entendimento da conduta atual, realizando o resgate histórico de práticas sociais. Cada indivíduo expressa e vivência sua sexualidade de modo muito único e particular, a mesma é intrínseca ao ser humano e pode estar presente em traços que muitas vezes sequer fazemos ideia, como a cultura em que estamos inseridos, a nossa história como ator social, os laços afetivos até mesmo a apatia entre as pessoas. Para entender o quão a sexualidade desenvolve um papel fundamental na vida de cada um de nós, é necessário que encaremos a mesma como um determinante no modo de nos fazer sentir em relação as coisas, sendo componente de nossa personalidade, e distanciando-se do conceito somente de um aglomerado de reflexos e características que foram herdadas, nosso conceito precisa ser ampliado e levado a entender o quanto é importante este estudo. Conforme Valladares (2002) salienta: A sexualidade é um aspecto extremamente importante na formação global das pessoas. No caso dos adolescentes, as experiências sexuais quase nunca acontecem de forma planejada. Normalmente elas acabam acontecendo de forma não programada e sem que alguns cuidados básicos sejam tomados. (2002, p. 13). No decorrer da história, o homem tem utilizado sua própria sexualidade para estudos, experimentos e até pesquisas, que viabilizaram conclusões, sendo uma delas referente ao período da adolescência como um momento em que tais questões se afloram e se faz necessário acompanhar este momento. Ainda Valladares (2002) ressalta que desde a década de 70, tem se discutido a inclusão da orientação sexual no currículo das escolas de 1º e 2º graus e a partir dos anos 80 a demanda se intensifica após o crescimento da AIDS e o vírus HIV. Quando é mencionado o assunto sexualidade é gerada uma discussão muitas vezes negativa, tratando-se de homossexualidades, ou sexualidades dissidentes, distintas da heteronormatividade, o estranhamento é ainda maior. Tratar de questões como esta é tarefa árdua, principalmente quando o ato sexual é demonizado por algumas culturas e religiões. Através do estudo de teóricas e pensadoras como Scott (1988); e Castro (1992), referindo-se a sexualidades, a tensão pelo senso comum sempre foi notória, quanto mais houve oportunidade de estudar a temática, mais alguns âmbitos da sociedade sentem-se ameaçada, pois ao longo do tempo ocorre uma construção de valores morais e tudo que.

(28) 26. for de encontro a este paradigma, é visto de modo errado. Freud3 faz estudos durante o limiar do século XX que provoca um estranhamento, por trata-se justamente da sexualidade humana e a partir de seus estudos algumas questões polêmicas vieram à tona como a sexualidade e a infância.. 1.1 COMPORTAMENTOS SEXUAIS E ALGUNS PERÍODOS HISTÓRICOS ANTIGUIDADE, IDADE MÉDIA, ÉPOCA MODERNA E BRASIL COLÔNIAL. Para que possamos compreender melhor o debate atual acerca de sexualidade, podemos analisar alguns períodos históricos demarcados pela historiografia, como recortes relevantes, observando algumas sociedades e culturas. A partir do período da pré história, refletimos como a espécie humana mudou, o fato de atravessar transformações na terra e o ambiente em si, estando assim sujeito as adaptações necessárias para sobreviver com o seu grupo social, a escassez dos alimentos ocasiona a adaptação para o caminhar sob os pés, ou seja, ser bípede e a partir daí as mãos passam a especificamente estarem prontas a produzir utensílios e artefatos para serem facilitadores de sua sobrevivência. Seguindo a análise, na sociedade grega, quando trata-se discutir a diversidade sexual, é possível um “mundo” de possibilidades serem explorados, personificando aqui por exemplo, a mulher como deixa claro Spitzner: As hetairas eram cortesãs de alto nível. Eram belas, talentosas, inteligentes e muitas vezes tinham conhecimentos de literatura clássica e em contas de lucros e perdas. Apesar de serem de baixa origem, desde a infância eram treinadas nas artes sociais e aceitas pelas qualidades de suas mentes e pelos corpos voluptuosos. Os homens apreciavam as hetairas pelo fato de serem exímias em todas as coisas que aqueles mesmos homens proibiam que suas esposas aprendessem. As hetairas sabiam que seus encantos não eram 3. A sexualidade, para Freud, representa a grande questão do humano na busca da unidade - desejo incestuoso - como origem da pulsão que nunca se realiza e é sempre parcial. A busca da unidade pode ser captada: no mito andrógino. Na bolha narcísica (mãe/filho). No só sim ou só não. Na pulsão de morte. No inanimado. O fato de se reconhecer e ser reconhecido como pertencente a um sexo pode ser chamado de identidade sexual, conceito introduzido por R. Stoller(19), em 1968 visando estabelecer uma distinção entre os dados do biológico, que fazem objetivamente, de um indivíduo um homem ou uma mulher, assim como os dados do psicológico e do social, que o instalam na convicção de ser homem ou mulher. Stoller percorre a formação da identidade transexual para propor uma teoria antifreudiana usando os conceitos sem o alcance que os termos vêm a ter. O conceito de “falo”, em Freud, é a compreensão: da ambivalência contida no complexo de Édipo e evolui para a do poder contido no pai, detentor da lei, que deverá ser respeitado e destituído, simultaneamente gerando a culpa, fundadora da castração. REBOUÇAS, Mônica. Sobre a sexualidade em Freud. Salvador. 2002..

(29) 27 duradouros, ter muito dinheiro guardado, porém, era o objetivo que deveria norteá-las. As concubinas, na escala social, vinham logo abaixo das hetairas. Elas não alcançavam nem a independência das hetairas nem a proteção assegurada à esposa. Quando o senhor se cansava delas podia vendê-las para um bordel, onde se poderia tê-las por uma pequena soma sem nenhum risco. Outra figura da época era a prostituta de rua, identificada assim por calçar sandálias onde estava impressa, no reverso da sola, uma mensagem, que se imprimia na terra, e podia assim ser lida: “siga-me”. (SPITZNER, 2005, p. 24). Dessa maneira fica clara como a figura da mulher é diferente dependendo do local que a mesma estava ocupando nesta sociedade, e a moralidade tem um grande peso sobre a mesma e seus costumes, embora comportamentos diversos também expandiram-se, como a prostituição que desenvolveu-se em cidades que possuíam uma rotina consideravelmente intensa, por conta principalmente do comércio marítimo, que consequentemente as prostitutas atendiam sexualmente os marinheiros como Spitzner (2005) salienta “Corinto, com seus dois portos e ativo comércio marítimo, atraía mulheres para servir aos marinheiros em terra. Também o templo de Afrodite contava com mais de mil hetairas dedicadas ao serviço da deusa e de seus adoradores.” A maneira como a sociedade foi lidando ao longo da história com comportamentos, valores e normas ligados ao sexo, a sexualidade e o que está atrelado a estas temáticas (como a homossexualidade) nunca foram iguais e, tampouco, constantes. Cada cultura e momento histórico viam e viviam sua diferentemente. Conforme Ribeiro (2005) o pensamento sexual ocidental é fruto, em grande parte, das concepções e valores do século XIX. Um período muito próximo de nós e que nada tinham em comum com as práticas e atitudes sexuais da Antiguidade, da Idade Média e da Idade Moderna. Em anos de história, a relação sexo - humanidade sempre foi extremamente complexa, pois envolveu (e envolve) questões sociais, culturais, religiosas e psicológicas, construídas historicamente, determinadas diferentemente em cada povo e época. Daí o título deste artigo, pois a sexualidade também tem história. Tão longa quanto a da humanidade, aliás uma vinculada à outra. Pensar em Antiguidade remete a alguns pressupostos, conforme Ribeiro (2005) discute. Na Babilônia, a mulher tinha posição social inferior ao homem, mas podia receber herança paterna, caso acontecesse, o divórcio era prerrogativa masculina, e o homem caso sua mulher fosse estéril poderia se divorciar, uma mulher infiel poderia ser condenada à morte..

(30) 28. De modo distinto, o Egito Antigo tinha uma visão positiva referente ao sexo, no destaque dava a mulher uma liberdade, e a mesma poderia ter relações sexuais antes do casamento, percebemos então a ausência do culto a virgindade, além das funções importantes como médicas, escribas, administradoras, conforme Jacó (2000). Somente no declínio do Império, quando Alexandre, o Grande, dominou o Egito e levou para lá a cultura helênica, foi que a mulher, aos poucos, cedeu à influência grega. Em Roma, e pensar os papéis do sexo, a mulher ocupava importante papel social, casando-se muito jovem e podendo se divorciar e manter seus bens que trouxe do casamento. Ainda como Ribeiro (2005) salienta, pensar em sexo para os romanos, é necessário entender o funcionamento da sociedade, que era escravocrata, hierarquizada e de predomínio masculino. Pensando em sexualidade especificamente, o mesmo autor ressalta: Este modelo social também era aplicado nas relações sexuais: o homem deveria ser sempre ativo, enquanto escravos e mulheres deveriam ser passivos. Devemos entender que ser ativo sexual significava penetrar e ser passivo significava ser penetrado. Por isso, em Roma, aceitava-se naturalmente que um cidadão tivesse relações sexuais com um escravo. Entretanto, não poderia quebrar a hierarquia e o papel ativo, que o cidadão deveria ter sempre. Não se admitia que ele tivesse um papel passivo, não estava de acordo com as regras sociais. Era uma postura alterada e artificial (VEYNE, 1987). E esse escravo não poderia ter pelos no corpo, ou seja, deveria estar ainda na puberdade. O crescimento dos pelos dava a ele um status de homem o que o desclassificava como amante do senhor. Em uma sociedade escravagista, o amo exercia seu direito de ser o dono e senhor do escravo, que por sua vez se submetia diante dos desejos dele. (RIBEIRO, 2005, p.4). A obra Oneirokritica do poeta Artedomiro de Dalis (Século II, D.C.), menciona a questão de como devem proceder as relações sexuais, cita que: podem ser "com, a, esposa, com uma amante, com um escravo, homem ou mulher. Todavia, ser penetrado por seu escravo não é bom; é uma investida e isso, indica desprezo por parte do escravo” (VEYNE, 1987, p. 40), ou seja, não se condenava a homofilia como o amor de um homem por seu escravo e sim a quebra da hierarquia. Os homófilos passivos, se não eram escravos, eram expulsos do exército é desprezado pela sociedade. Veyne (1987) reforça a naturalidade romana sobre quais relações sexuais eram admitidas: O horror sagrado pelo pederasta não existia: a homofilia ativa está presente nos textos gregos, bem como nos romanos. Catulo gaba-se de suas proezas e Cícero cantou os beijos que colhia dos lábios de seu escravo-secretário. De acordo com seus gostos, cada qual optava pelas.

(31) 29 mulheres, pelos rapazes ou por umas e outros. Virgílio, gostava exclusivamente de rapazes, o imperador Claudio, de mulheres; Horácio repete que adora ambos os sexos. (VEYNE, 1987, p.41). Para além do ato sexual, quando a relação ia além deste aspecto, acontecia de o escravo raspasse todos os pelos do corpo para continuar com o aspecto tolerado pelos seus iguais. Exemplificando o cotidiano amoroso em Roma, Veyne (1987) diz que: Um nobre romano tem uma esposa, que trata com consideração, pois depende apenas dela se divorciar, levando seu dote; escravas que, se necessário, são suas concubinas... um pequeno escravo que ele cria, um alumnus, em quem extravasa seus instintos paternais e geralmente é seu filho com uma escrava... E um favorito, ou todo um batalhão de favoritos: a esposa tem ciúme, o marido protesta dizendo que não faz nada de mal com eles ... A senhora só fica aliviada no dia em que começa a nascer o bigode do favorito: ele deixa de ser adolescente e, passando a ser homem, o amo não mais poderá infligir-lhe tratamento que é considerado indigno para um homem. (VEYNE, 1987, p. 46). Estudar os aspectos destacados pelo autor, que estão relacionados com a diversidade do comportamento sexual entre homens e seus escravos, suas esposas e amantes, é refletir de como a sociedade através dos tempos passa por um processo de transição de comportamentos. Assim como após as invasões bárbaras acontecem e o Império Romano passa a ruir, e conforme Ribeiro (2005) salienta surgindo na Europa reinos onde se misturavam os costumes romanos, bárbaros e cristãos, a Igreja Católica se consolidava e embora alianças estavam sendo costuradas com nobres convertidos eram apegados aos valores pagãos dos antepassados, alguns apontamentos Ribeiro (2005) explicita: De fato, o sexo é natural. As pessoas andavam nuas, homens e mulheres tornavam banhos juntos e, nos quadros, até os santos eram representados nus. Era comum que amas masturbassem as crianças para que ficassem calmas. Até a obrigatoriedade do celibato para os religiosos não existia. No século XI, padres tinham vida sexual ativa (USSEL, 1980). No começo da Idade Média, a mulher ocupava importante espaço na Igreja Católica institucionalizada. Abadessas acumulavam riquezas e influenciavam a hierarquia católica até o século XII. Elas perdem poder após esse período, justamente quando tomou corpo uma visão aristotélica da mulher por parte da doutrina da Igreja. Três santos – São Paulo, Santo Agostinho e São Tomás de Aquino – fundamentavam a doutrina da Igreja. Dentre outras imposições, determinava que o sexo só deveria acontecer dentro do casamento e com o único objetivo de procriação. Não poderia haver demonstração de paixão entre os cônjuges e ainda, determinaram os pecados contra o corpo: prostituição, adultério, homossexualidade, auto-erotismo. Determinavam-se também os dias que se podiam ter relações sexuais. A culpa é instalada no imaginário popular, assim como o medo do.

(32) 30 Inferno. Ainda assim, as práticas sexuais continuaram fazendo parte do cotidiano amoroso de homens e mulheres, pois não era possível de um momento para o outro neutralizar costumes em vigência há séculos. Somente a partir do século XVI (com maior força no século XVIII), com o advento do puritanismo, é que houve mudanças no caráter, na moral e nos valores do homem europeu – notadamente o inglês – que se transformou gradativamente em um homem contido, regrado e controlado. (RIBEIRO, 2005, p. 5-6). Pensar em Puritanismo conforme o autor coloca e Alta Idade Média, problematizando aqui os períodos históricos ainda, é referência direta aos filósofos da época, que imbuídos pela fundamentação da Igreja Católica referem-se como “Idade das Trevas”, e como consequência as autoridades religiosas como o Clero, tanto se colocavam ao centro como impuseram seus costumes, conhecimento a fim de regrar toda a sociedade ao seu redor. Quanto ao aprender para as mulheres era viabilizado através de cunho religioso, dominando a escrita e a leitura, alguns ainda permitiam que as suas esposas e filhas pudessem ler contos, poemas e a própria Bíblia e as orações como principais leituras. Retomando o debate da diversidade de conceitos ao longo da história, observamos a visão de como a mulher vitoriana seria retratada, como coloca Spitzner: A mulher vitoriana era suave, submissa e recatada sexualmente porque, no decorrer de sua vida, fora reprimida quanto à instrução e não possuía conhecimentos sobre seu próprio corpo. No intercurso sexual necessitava ser tratada com delicadeza e candura, porém os homens sentiam-se constrangidos e despreparados para a tarefa. Para eles era difícil manter relações sexuais com o “anjo do lar”, o que acabava comprometendo seu desempenho. Além do mais, os homens não deveriam impor seus desejos animais sobre as esposas, sendo aconselhável as relações acontecerem somente uma vez por semana ou uma vez por mês e nunca durante o período menstrual ou a gravidez. Muitos homens acreditavam que prestavam um grande favor às esposas ao recorrerem às prostitutas para aliviar seus instintos. Assim, a prostituição floresceu como nunca, pois o sexo mecânico, sem amor, sem fortes emoções não oferecia riscos e não era prejudicial à saúde. (SPITZNER, 2005, p. 69). Dessa maneira fica clara a necessidade de uma “vida dupla”, o que atribui-se a vida pública e a privada, já que a mulher aqui como observamos está em duas posições, sendo a primeira como adequada a cuidar de uma família e procriar, e não estando adequada para estar inserida na vida sexual, e outra para exercer com maestria a satisfação da vida sexual do homem. Quanto o homem e seu modo de iniciação sexual, notamos uma diferença quanto a mulher, já que o mesmo como Freitas (2009) comenta, como os homens vão.

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