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A ludicidade como espaço constituidor dos sujeitos infantis

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO

ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL – UNIJUÍ

DHE – DEPARTAMENTO DE HUMANIDADES E

EDUCAÇÃO

TAINAN SUELEN GONZATTO DA ROSA

A LUDICIDADE COMO ESPAÇO CONSTITUIDOR DOS

SUJEITOS INFANTIS

IJUÍ

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TAINAN SUELEN GONZATTO DA ROSA

A LUDICIDADE COMO ESPAÇO CONSTITUIDOR DOS

SUJEITOS INFANTIS

Orientadora: Profa. Dra. Armgard Lutz

Monografia de conclusão do curso da Graduação em Pedagogia

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UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL – UNIJUI - CAMPUS IJUI

CURSO DE PEDAGOGIA

TAINAN SUELEN GONZATTO DA ROSA

Monografia apresentada à banca do curso de Graduação em Pedagogia da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUI – pra obtenção do título de licenciada em pedagogia, em julho de 2012, sob orientação da profa. Dra. Armgard Lutz

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TAINAN SUELEN GONZATTO DA ROSA

Aprovada em ____/____/_____

BANCA EXAMINADORA

_________________________________________________ Profa. Dra. Armgard Lutz

Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul

_________________________________________________ Profa. Msc. Iselda Teresinha SausenFeil

Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul

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A infância é a grande fonte da nossa vitalidade imaginária. É bemverdade que a imaginação é uma faculdade que se desenvolveem um contínuo, ao longo de toda a nossa vida. Mas é tambémverdade, que a imaginação na infância tem uma sensibilidadeespecial, que as crianças tendem a se entregar mais livremente àfantasia, e que da plenitude da experiência imaginária na infânciadepende em boa parte a saúde psicológica na idade adulta. Opoder específico da imaginação da criança tem muitas razões:uma das mais singelas é o fato de a imaginação se nutrir deimagens novas, e para a criança o mundo está cheio de imagensnovas. (Girardello, 2005, p.3).

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus por ter me auxiliado nessa longa caminhada dentro e fora da universidade.

Agradeço também a minha família, que durante todos esses anos sempre me incentivaram a prosseguir para a conclusão deste curso.

Agradeço também a todos os professores que deixaram um pouco de si, nas muitas aulas concluídas. Em especial a minha orientadora que esteve sempre presente me auxiliandono meu trabalho de conclusão do curso.

Aos meus amigos que estiveram sempre presentes me apoiando nesta minha longa jornada. E também por ter conhecido pessoas que hoje fazem parte da minha vida.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO

PARTE I

A instituição de educação infantil e a ludicidade

1.1 Educar e cuidar crianças na sociedade complexa

1.2 O espaço da ludicidade: formulando questões críticas

1.2.1 A ludicidade nas diferentes culturas: a cultura lúdica

1.2.2 O lúdico em outras culturas

PARTE II

A ludicidade como campo de constituição da criança relacional

2.1. O lúdico como campo das relações interpessoais

2.2. O lúdico como espaço de ampliação do universo contextual

PARTE III

A ludicidade como campo de constituição da criança aprendiz

3.1. A ludicidade e a curiosidade

3.2. A ludicidade e as aprendizagens

3.3 A ludicidade na constituição dos sujeitos infantis da sociedade

contemporânea

3.4 O brinquedo como parte da brincar lúdico

CONSIDERAÇÕES FINAIS

BIBLIOGRAFIA

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Introdução

“Chegou a hora de brincar” é o que muitas vezes se escuta dos professores. Mas será que o brincar tem hora? Porque brincar e aprender não pode andar junto? A infância não pode existir sem riscos, pulos, criação, descobertas e alegria. Brincar nada mais é do que a expressão dos nossos desejos e sentimentos mais profundos, organizados através de atividades despretensiosas e descontraídos.

A brincadeira é uma linguagem natural da criança e é importante que esteja presente na escola desde a Educação Infantil, para que o aluno possa se colocar e se expressar através de atividades lúdicas – considerando-se como lúdicas as brincadeiras, os jogos, a música, a arte, a expressão corporal, ou seja, atividades que mantenham a espontaneidade das crianças. As atividades lúdicas são a essência da infância. Por isso, ao abordar esse tema não posso deixar de me referir à criança.

O tema dessa monografia “A ludicidade como espaço constituidor dos sujeitos infantis”, faz parte das minhas preocupações como professora de Educação Infantil porque a ludicidade faz parte do meu dia a dia, por isso, percebo a importância de explanar mais a fundo esse tema, com base na minha experiência. O grande desafio é o de compreender, conhecer e reconhecer o jeito particular das crianças serem e estarem no mundo e isso é verifável como elas se entregam à ludicidade.

Desenvolvi a monografia a partir da pesquisa bibliográfica e associei aos dados obtidos das observações do cotidiano de uma escola particular de educação infantil, tendo por foco as crianças de 2 a 5 anos. Através dessa pesquisa defendi um determinado conceito de criança: a criança capaz, curiosa, participativa, interativa, criativa, cooperativa e de direitos. A partir desse olhar, procurei entender como o lúdico, sempre tão defendido como parte da vida da criança, a constitui e em que a constitui. O tema suscitou algumas perguntas tais como sobre qual a justificativa para a sociedade em geral e a escola tomarem a ludicidade como um ponto fundamental do desenvolvimento infantil especialmente quando o que a realidade demonstra é adultos sem tempo para brincar com as crianças, é crianças agendadas e sem tempo para brincar, quando observamos a sociedade de consumo tirando proveito da ludicidade como campo minado pelo estimulo ao consumo, produzindo sem parar sempre novos artefatos culturais para o brincar e portanto, para serem desejados e consumidos até mesmo por aquelas crianças sem poder aquisitivo.

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Ao longo do trabalho, defendo que para entender o universo lúdico é fundamental compreender o que é brincar e para isso, é importante conceituar palavras como jogo, brincadeira e brinquedo, permitindo assim aos professores de educação infantil trabalhar com intencionalidades claras as atividades lúdicas. Esta tarefa nem sempre é fácil exatamente pelo fato dos autores compreenderem os termos de forma diferente.

PARTE I - A instituição de educação infantil e a ludicidade

Nesta parte da monografia defendo a ideia de que a instituição de educação infantil, tendo claros os conceitos de infância, criança, na perspectiva de que a criança é um sujeito social e histórico, que faz parte de uma organização familiar, seu ponto de referência fundamental, sendo que está inserida em um meio social. É, por natureza, um ser particular, que sente e pensa o mundo de um jeito próprio e através das relações que estabelece com os outros e com o meio está em constante tentativa de compreender o mundo em que vive. Utilizando-se das mais diferentes linguagens, ideias originais e hipóteses sobre aquilo que busca desvendar, ela vai construindo seu próprio conhecimento, não como cópia da realidade, mas sim como fruto de um intenso trabalho de criação, significação e ressignificação.

Como a criança é um ser em desenvolvimento, sua ludicidade vai se estruturando com base no que é capaz de fazer em cada momento. Isto é,dos dois as cinco anos de idade, a criança tem possibilidades diferentes de expressão, comunicação e relacionamento com o ambiente sociocultural no qual se encontra inserida. Ao longo do desenvolvimento, portanto, as crianças vão construindo novas e diferentes competências, no contexto das práticas sociais, que irão lhes permitir compreender e atuar de forma mais ampla no mundo.

1.1. Educar e cuidar crianças na sociedade complexa

A instituição dedicada à primeira infância guarda um potencial a ser cumprido de estabelecer e fortalecer as redes sociais de relacionamentos entre crianças, entre adultos e entre crianças e adultos. Segundo Malaguzzi (1993, p.10) é um local de vidas e relacionamentos compartilhados, bem como pode ajudar a contrapor a “solidão, a indiferença e a violência, que cada vez mais caracterizam a vida moderna”. A

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instituição de educação infantil pode influenciar as comunidades e agregá-las, estimulando a ludicidade em suas múltiplas expressões, a cooperação e a solidariedade.

Outro aspecto que está conformando a instituição dedicada à primeira infância é o cuidado dedicado às crianças, liberando os pais para participarem do mercado de trabalho. Essa liberação apresenta um caráter político na medida em que defende a igualdade de gênero no mercado de trabalho, bem como defende a luta dos pais que se equilibram na tarefa de conciliar trabalho e vida familiar.

Cuidar e educar são binômios que vem definindo a perspectiva da instituição para a primeira infância que abdicou da ação puramente assistencialista de cuidar. Trata-se de entender a instituição como local em que não se busca exclusivamente aconchego e intimidade como características de um segundo lar (porque não pretende ser), mas antes de tudo, é local de um trabalho pedagógico profissionalizado que suplanta o simples cuidar mecânico. Nessa direção, defende-se a perspectiva de intensificar os

relacionamentos, “que implica uma teia ou rede complexa e densa de conexão de

pessoas, ambientes e atividades que abre muitas oportunidades para a criança dentro de uma visão da criança rica e de uma pedagogia co-construtora” (Dahlberg, 2003, p.112).

Compreende-se que uma escola de educação infantil concentrada na

intensificação dos relacionamentos é capaz de tomar a ludicidade como campo

privilegiado para realizar este objetivo e como campo de construção de múltiplos significados.

1.2. O espaço da ludicidade: formulando questões críticas

Antes de analisar a ludicidade dentro da instituição de educação infantil, nos propomos identificar os significados que a ela são atribuídos a fim de estabelecer relação entre a história da ludicidade e o que é feito dela dentro da escola de educação infantil. Essa relação é necessária especialmente porque nos interrogamos sobre como e o quanto a ludicidade pode constituir a criança rica, poderosa, participativa e capaz. 1.2.1 A ludicidade nas diferentes culturas: a cultura lúdica

A ludicidade faz parte da história da humanidade e tomou formas das mais diversas considerando os contextos em que os homens se encontravam. O sentido da ludicidade, portanto, foi se modificando de acordo com os tempos históricos, de acordo com as ocupações a que se dedicavam os homens e com os materiais e

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recursosdisponíveis em cada lugar, gerando habilidades muitas delas de acordo com suas práticas de sobrevivência.

O lúdico tem sua origem na palavra latina "ludus" que quer dizer "jogo". Se pensarmos apenas na origem do termo lúdico, ele se relaciona ao jogar, ao brincar, ao movimento espontâneo, mas se atentarmos para a sua evolução semântica, perceberemos que ele transcendeu as suas raízes e se estendeu aos diversos campos das Ciências Humanas, Físicas, Naturais e Sociais.

Quando se fala em ludicidade, em geral vem em mente o brincar da criança, o lazer do indivíduo, assim como o jogo lúdico como recurso pedagógico, separados do trabalho manual e ou intelectual. O lúdico como recurso pedagógico, no sentido de aprender brincando ou com ludicidade. Tais aspectos entre outros associados à ludicidade são bastante compreendidos se observarmos nos âmbitos institucionais de ensino as finalidades que foram sendo atribuídas ao lúdico no decorrer das construções e reconstruções das práticas curriculares de ensino e, sobretudo, nas pesquisas do cenário nacional e internacional sobre a ludicidade no campo das ciências físicas e sociais,

O lúdico passou a ser reconhecido como traço essencial de psicofisiologia do comportamento humano, de modo que o significado deixou de ser o simples sinônimo de jogo, visto que as implicações da necessidade lúdica extrapolaram as demarcações do brincar espontâneo (ALMEIDA, 2010). O lúdico foi assumindo um papel essencial nos estudos voltados para a necessidade básica da personalidade, do corpo e da mente, podendo ser caracterizado como espontâneo, funcional e satisfatório.

Focalizando a experiência lúdica como uma experiência interna do sujeito que é a vivencia e busca apreender, sendo que esses efeitos de experiência so acontecem quando ela vivencia a mesma. Podemos entender as atividades lúdicas como aquelas que propiciam uma experiência de plenitude, em que nos envolvemos por inteiro, em um tempo-espaço próprio, particular. São vivências plenas do aqui-agora, que integram a ação, o pensamento e o sentimento e do encontro pessoal que gera possibilidades de autoconhecimento e de maior consciência de si.

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Vivemos em tempos em que diversão, lazer, entretenimento apresentam-se como condições muito estudadas pela sociedade. A busca pelo lúdico é compreendida dentro da sociedade capitalista, ora como fonte de renda, ora como válvula de escape para reduzir as tensões e pressões da sociedade de consumo, da homogeneização dos comportamentos, das posses, bem como, das diferenças de condições socioeconômicas. E por tornar-se a dimensão lúdica alvo de tantas atenções e desejos, faz-se necessário e fundamental resgatarmos a sua essência.

Presenciar a espaço lúdico significa uma forma de intervenção no mundo, indica que não apenas estamos inseridos no mundo, mas, sobretudo, que somos e fazemos parte dele. Logo, conhecimento, prática e reflexão são as ferramentas para exercermos um protagonismo lúdico ativo.

Negrine (2000) afirma: “a capacidade lúdica está diretamente relacionada à sua pré-história de vida. Acredita ser, antes de qualquer coisa, um estado de espírito e um saber que progressivamente vai se instalando na conduta do ser devido ao seu modo de vida”.

O lúdico refere-se a uma dimensão humana que provoca os sentimentos de liberdade e espontaneidade na ação. Abrangendo atividades despretensiosas, descontraídas e desobrigadas de toda e qualquer espécie de intencionalidade ou vontade alheia. É livre de pressões e avaliações, desde que não tenha fins competitivos.

Assim, o jogo, a brincadeira, o lazer enquanto atividades livres, gratuitas são protótipos daquilo que representa a atividade lúdica natural, espontânea e longe estão de se reduzirem apenas a atividades infantis.

Freinet (1998) denomina de "Práticas Lúdicas Fundamentais" não como exercício específico de alguma atividade, pois ele acredita que qualquer atividade pode ser corrompida na sua essência, dependendo do uso que se faz dela. Logo, para Freinet a dimensão lúdica é:

“(...) um estado de bem-estar que é a exacerbação de nossa necessidade de viver, de subir e de perdurar ao longo do tempo. Atinge a zona superior do nosso ser e só pode ser comparada à impressão que temos por uns instantes de participar de uma ordem superior cuja potência sobre-humana nos ilumina”. (pg.304)

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Freinet (1998) refere que este “estado de bem-estar” jamais se restringe à abrangência de nossa individualidade. Isto é, parte de uma espécie de consagração íntima de nossa potência para a vida e atingindo assim escalas sociais muito amplas, o que nos fará descobrir e exaltar novas potências íntimas em nosso ser que ocasionará novamente a expansão para o plano social, sendo assim uma vivência inesgotável da dimensão lúdica.

Com isso o lúdico não está relacionado unicamente a uma vivência, a uma dinâmica, experiência ou prática, mas a uma sensação, a um estado de espírito, a uma condição humana. Podemos ter como exemplo, uma parede lúdica, pelo simples fato desta parede transmitir a quem olha uma sensação agradável, divertida, sedutora. Podemos ter em um cardápio de um restaurante, pratos lúdicos, por sua apresentação colorida, criativa, estimulante. Dentro da mesma linha de raciocínio ter um carro lúdico, uma roupa lúdica, um livro lúdico, mesmo que estes elementos não criem uma prática vivencial. Do mesmo modo podemos também ter jogos lúdicos, aulas lúdicas, palestras lúdicas, programas de TV lúdicos, uma gestão lúdica de uma empresa. Assim o modo do lúdico também faz parte do universo do lazer, do entretenimento, da decoração, da arquitetura e da educação.

Para Sarmento (2003, apud CARVALHO, 2007), o estudo das culturas infantis tem como destaque a capacidade que as crianças possuem de produzir significados a ações existentes nas culturas dos adultos. Segundo Carvalho (2007, p.3):

As culturas infantis são constituídas por um conjunto de formas, significados, objetos, artefatos que conferem modos de compreensão simbólica sobre o mundo. Ou seja, brinquedos, brincadeiras, músicas e histórias que expressam o olhar infantil, olhar construído no processo histórico de diferenciação do adulto. Os brinquedos e brincadeiras elaborados e vivenciados pelas crianças ao longo da história da humanidade são, portanto, objeto de estudo que surgem à medida que entendemos a infância como categoria geracional sociologicamente instituída e produtora de uma cultura própria. (pg. 3)

Pode-se dizer que jogo, brinquedo e brincadeira representam formas singulares onde, especialmente as crianças, compreendem o mundo. Mesmo em diferentes culturas, é possível encontrar os mesmos gestos, coreografias e brinquedos, mas estes

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diferentes culturas, mas que se modifica de acordo com os traços culturais e o contexto social de cada grupo. Para Kishimoto (1993, apud CARVALHO, 2007, p. 6), “a modalidade jogo tradicional infantil possui características de anonimato, tradicionalidade, transmissão oral, conservação, mudança e universalidade”.

A cultura lúdica é, antes de tudo, um conjunto de procedimentos que permitem tornar o jogo possível. Efetivamente o jogo é considerado como uma atividade secundaria, isto é, uma atividade que supõe atribuir às significações de vida comum com o outro sentido, o que remete à ideia do faz-de-conta. Dispor de uma cultura lúdica é dispor de certo número de referências que permitem interpretar como jogo, asatividades que poderiam não ser vistas como tais por outras pessoas. Assim é que são raras as crianças que se enganam quando se trata de discriminar no recreio uma briga de verdade e uma briga de brincadeira. Isso não é fácil para os adultos, sobretudo para aqueles que em suas atividades quotidianas se encontram mais afastados das crianças. Não dispor dessas referências é não poder brincar. Seria, por exemplo, reagir com socos de verdade a um convite para uma briga lúdica. Se o jogo é questão de interpretação, a cultura lúdica fornece referências intersubjetivas a essa interpretação, o que não impede evidentemente os erros de interpretação.

A cultura lúdica contempla-se de certo número de esquemas que permitem iniciar a brincadeira, já que se trata de produzir uma realidade diferente daquela da vida cotidiana.

A cultura lúdica compreende evidentemente estruturas de jogo que não estão se limitando ao jogo que contempla regras. O conjunto das regras de jogo disponíveis para os participantes numa determinada sociedade compõe a cultura lúdica dessa sociedade e as regras que um indivíduo conhece compõem sua própria cultura lúdica. O fato de se tratar de jogos tradicionais ou de jogos recentes não interfere na questão, mas é preciso saber que essa cultura das regras individualiza-se, particulariza-se. Os próprios educando formulam as suas regras. A cultura lúdica é um conjunto vivo, diversificado conforme os indivíduos e os grupos, em função dos hábitos lúdicos, das condições climáticas ou espaciais.

Mas a cultura lúdica compreende o que se poderia chamar de esquemas de brincadeiras, para distingui-los das regras. Trata-se assim de regras vagas, de estruturas gerais e imprecisas que permitem organizar jogos de imitação ou de ficção.

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Encontram-se brincadeiras do tipo "papai e mamãe" em que as crianças dispõem de esquemas que são uma combinação complexa da observação da realidade social, hábitos de jogo e suportes materiais disponíveis, ou ate mesmo sem matérias. Da mesma forma, sistemas de oposições entre os mocinhos e bandidos constituem esquemas bem gerais utilizáveis em jogos muito diferentes. A cultura lúdica evolui com as adaptações de uma brincadeira para outra.

Limitamo-nos à cultura lúdica infantil, existe também uma cultura lúdica adulta, e é preciso igualmente situá-la dentro da cultura infantil, isto é, no interior de um conjunto de significações produzidas para e pela criança. A sociedade propõe numerosos produtos como livros, filmes e brinquedos, às crianças. Esses produtos integram as representações que os adultos fazem das crianças, bem como os conhecimentos sobre criança disponíveis numa determinada época. Mas o que caracteriza a cultura lúdica é que apenas em parte ela é uma produção da sociedade adulta, pelas restrições materiais impostas à criança. Ela é igualmente a reação da criança ao conjunto das propostas culturais, das interações que lhe são mais ou menos impostas. Daí ocorre à riqueza, mas também a complexidade de uma cultura em que se encontram tanto as marcas das concepções adultas quanto a forma como a criança se adapta a elas. O interessante é justamente poder considerar os dois aspectos presentes num processo complexo de produção de significações pelas crianças. É claro que o jogo é controlado pelos adultos por diferentes meios, mas há na interação lúdica, solitária e coletiva, algo de irredutível aos constrangimentos e suportes iniciais: é a reformulação disso pela interpretação da criança, a abertura à produção de significações inassimiláveis às condições preliminares.

As crianças, nos momentos de brincadeira, por excelência, em que expressam sua cultura lúdica, que brincam e imaginam, demonstram, com maior intensidade e autonomia, um conhecimento cultural que inclui os seus pensamentos e sentimentos nas relações que estabelecem com o mundo que as cerca, num modo profícuo de participação.

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1.2.2 O lúdico em outras culturas

Os jogos indígenas simbolizam o corpo em movimento. Um corpo que ri, que festeja, dança a dança do corpo, fazendo fluir a energia, a alegria, a ciência, enfim, a vida que pede passagem e lugar para todos na sociedade.

Por entender que em se tratando de educação, cada povo, cada etnia, cada sociedade tem a sua, há tempos calculava-se possibilidades de um diálogo intercultural em nossas escolas. A temática dos jogos nas diferentes etnias indígenas, bem como a prática pedagógica dos professores nas aldeias, se traduz como resposta aos desafios que estão postos no espaço escolar, sendo aqui abordados em rede de conexão entre diferentes áreas do conhecimento, respeitando-se um pensamento plural.

Segundo Huizinga (1996), “é no jogo e pelo jogo que uma civilização se desenvolve”, alertando-nos para o entendimento de que nas raízes do ser humano está o gosto de relacionar-se com o imprevisto, e neste sentido o homem é instigado a brincar.

Seja como for, o jogo só existe dentro de um sistema de designação, de interpretação das atividades humanas. Uma das características do jogo consiste efetivamente no fato de não dispor de nenhum comportamento específico que permitiria separar claramente a atividade lúdica de qualquer outro comportamento. O que caracteriza o jogo é menos o que se busca do que o modo como se brinca o estado de espírito com que se brinca. Isso leva a dar muita importância à noção de interpretação, ao considerar uma atividade como lúdica. Quem diz interpretação supõe um contexto cultural subjacente ligado à linguagem, que permite dar sentido às atividades.

O jogo se inscreve num sistema de significações que nos leva, por exemplo, a interpretar como brincar, em função da imagem que temos dessa atividade, o comportamento, retomando este o termo e integrando-o progressivamente ao seu simples sistema de representação. Se isso é verdadeiro de todos os objetos do mundo, é ainda mais verdadeiro de uma atividade que pressupõe uma interpretação específica de sua relação com o mundo para existir. Se for verdade que há a expressão de um sujeito no jogo, essa expressão insere-se num sistema de significações, em outras palavras, numa cultura que lhe dá sentido. Para que uma atividade seja um jogo é necessário

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então que seja tomada e interpretada como tal pelos atores sociais em função da imagem que têm dessa atividade.

Essa não é a única relação do jogo com uma cultura preexistente, não é a única que invalida a ideia de ver na atividade lúdica a fonte da cultura. Parece que a criança, longe de saber brincar, deve aprender a brincar, e que as brincadeiras chamadas de brincadeiras de bebés entre a mãe e a criança são indiscutivelmente um dos lugares essenciais dessa aprendizagem. A criança começa por inserir-se no jogo preexistente da mãe mais como um brinquedo do que como uma parceira, antes de desempenhar um papel mais ativo pelas manifestações de contentamento que vão incitar a mãe a continuar brincando. A seguir ela vai poder tornar-se um parceiro, assumindo, por sua vez, o mesmo papel da mãe, ainda que de forma desajeitada, como nas brincadeiras de esconder uma parte do corpo. A criança aprende assim a reconhecer certas características essenciais do jogo: o aspecto fictício, pois o corpo não desaparece de verdade, trata-se de um faz-de-conta; a inversão dos papéis; a repetição que mostra que a brincadeira não modifica a realidade, já que se pode sempre voltar ao início; a necessidade de um acordo entre parceiros, mesmo que a criança não consiga aceitar uma recusa do parceiro em continuar brincando. Há, portanto, estruturas preexistentes que definem a atividade lúdica em geral e cada brincadeira em particular, e a criança as apreende antes de utilizá-las em novos contextos, sozinha, em brincadeiras solitárias, ou então com outras crianças. Não se trata aqui de expor a gênese do jogo na criança, mas de considerar a presença de uma cultura preexistente que define o jogo, torna-o possível e faz dele, mesmo em suas formas solitárias, uma atividade cultural que supõe a aquisição de estruturas que a criança vai assimilar de maneira mais ou menos personalizada para cada nova atividade lúdica.

Salientando que é a existência de uma cultura lúdica, conjunto de regras e significações próprias do jogo que o jogador adquire e domina no contexto de seu jogo. Em vez de ver no jogo o lugar de desenvolvimento da cultura, é necessário ver nele simplesmente o lugar de emergência e de enriquecimento dessa cultura lúdica, essa mesma que torna o jogo possível e permite enriquecer progressivamente a atividade lúdica. O jogador precisa partilhar dessa cultura para poder jogar.

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ainda ser provado. Existe realmente uma relação profunda entre jogo e cultura, jogo e produção de significações, mas no sentido de que o jogo produz a cultura que ele próprio requer para existir. É uma cultura rica, complexa e diversificada.

PARTE II - A ludicidade como campo de constituição da criança relacional

Nesta parte nos dedicaremos a analisar como a ludicidade abre oportunidades para as relações interpessoais das crianças e nelas a construção de significados.

Educar ludicamente é uma proposta que se bem aplicada e compreendida, contribuirá concretamente para a melhoria do ensino. A sala de aula deve ter um dinamismo próprio que facilite a criança o relacionamento social abrindo assim possibilidades de relações interpessoais. O aprender brincando apresenta características próprias de dinamismo que envolve fundamentalmente a linguagem oral, dando oportunidades à criança de questionar, ser questionada, se ajudar na procura de nomes de objetos, categorias as quais pertencem, os significados dos mesmos e a possibilidade de através das relações sociais, transformar suas esferas afetivo-motivacional em cognitiva, facilitando desta forma a aprendizagem.

2.1. O lúdico como campo das relações interpessoais

Entre os sinais vistos que definem a infância, a ludicidade sempre se destacou sendo compreendida como a fase de vivência do lúdico. Assim, a infância é entendida que o lúdico é uma marca da mesma e sempre que for dada à criança a chance de agir ela formatará sua ação ludicamente.

A importância da ludicidade para as crianças de qualquer cultura se dá pelo fato de que a infância é o momento em que se inaugura o processo de socialização na vida do indivíduo, devendo permanecer este processo ao longo de toda a sua vida. Mas é no primeiro momento, na infância, que a socialização aparece em seu furor. E esta socialização infantil se utiliza especialmente da ludicidade e garante assim a sua efetivação.

A ludicidade é tal qual a infância, um construto cultural. Ela é pensada comoprincipal meio de socialização das crianças no mundo dos adultos. Por essa razão, a experiência de uma criança com a ludicidade vai estar fundamentada na cultura geral em que ela está inserida, modificando-se a cultura lúdica de uma sociedade para outra.

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Tendo como base a cultura geral e como fim a socialização, a ludicidade é rica em significados, ela permite à criança a vivencia, a experiência de ser criança, fazendo parte da cultura adulta e preparar-se para assumir um papel, uma função social na comunidade de que participa. Assim, a cultura lúdica de um povo revela muito sobre ele, sobre o lugar das crianças em sua sociedade, sobre o modo como elas são ensinadas, socializadas e sobre em que circunstâncias o mundo adulto e infantil se encontram.

Como construção cultural, e, portanto variável, a ludicidade se modificaprincipalmente a depender do local em que se realiza. Abrincadeira e o brinquedo são peças fundamentais no processo de socialização destas crianças.

Aprofundar a vivência do lúdico pelas crianças exige um diagnóstico do significadodo brincar, o brinquedo e a brincadeira, uma vez que o lúdico tem sido relacionado sempre a estes elementos que muitas vezes fazem parte do mundo lúdico.

A mente lúdica do ser humano transforma os objetos em símbolos que lhe dão prazer, nisto consiste o brincar, o brinquedo e a brincadeira.

Segundo Winnicott (1975), “o brincar deve ser estudado como um tema em si mesmo, devendo haver, pois, um novo enunciado para o brincar”. De acordo com este autor, o brincar é universal e se apresenta como um dos principais condutores aos relacionamentos grupais entre as crianças.

Com isso, a criança brinca com a realidade e, assim, constitui um universoparticular, dando outra significação ao cotidiano, incorporando às suas vivências simbólicas que enfatiza sua sensibilidade pelo mundo material. A partir disso, as crianças fazem parte do mundo imaginário quando estão brincando.

O brincar nada mais é do que o espaço da criação cultural. O espaço lúdico vai permitir ao indivíduo criar e relacionar uma relação aberta e positiva com a cultura, o brincar é essencial, pois é brincando que o educando se mostra criativo. Brincar é visto como um mecanismo psicológico que garante ao sujeito manter certa distância em relação ao real e ao imaginário. Brincar torna-se o arquétipo de toda atividade cultural que, como a arte, não se limita a uma relação simples com o mundo real.

Mas numa concepção como essa o paradoxo é que o lugar de emergência e de enriquecimento da cultura é pensado fora de toda cultura, como expressão por

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excelência da subjetividade livre de qualquer restrição, pois esta é ligada à realidade. A cultura sempre vem de algum lugar, e é marcada pela independência em face de qualquer outro interesse e de uma criatividade que poderia desabrochar sem obstáculos. Podemos definir brincar de muitas formas, sendo que a maioria dela concluía ideia do brincar como uma experiência que da prazer, não tendo um produto final e sendo intrinsecamente motivadora.

A ação do brincar pode ser enfrentada apenas como uma das formas de expressão da união submissa ao real. Prova disso é que as crianças brincam com os brinquedos e até mesmo os destroem quando eles não retribuem ao que elas esperam.

Com isso o brincar não pertence exclusivamente ao mundo infantil, mas também aos adultos. Pois o brincar manifesta-se na escolha das palavras e no senso de humor. Por isso, uma das condições do brincar, independente da idade de quem o pratica, é a criatividade.

Pensando assim, o brincar é a expressão maior da criatividade, as crianças são ricas em capacidade criadora, pois inventam seus próprios brinquedos dadas as condições em que vivem. Todavia, esta criatividade só se faz possível porque a comunidade, como um todo, autentica suas brincadeiras, os espaços, o tempo e seus brinquedos. Sem essa aprovação social, esse brincar específico das crianças não seria relevante.

O jogo na escola demonstra um grande benefício a toda criança, um desenvolvimento que é completo a partir corpo e da mente por inteiro. Por isso, com a atividade lúdica, o que importa não é apenas o produto da atividade que dela resulta, mas a própria ação, momentos de fantasia que são transformados em realidade, momentos de percepção, de conhecimentos, momentos de vida.

Este jogo permite também o surgimento da afetividade cujo território é o dos sentimentos, das paixões, das emoções, por onde transitam medos, sofrimentos, interesses e alegrias. Uma relação educativa que pressupõe o conhecimento de sentimentos próprios e alheios que requerem do educador uma atenção mais profunda e um interesse em querer conhecer mais e conviver com o aluno resultando no

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envolvimento afetivo, como também o cognitivo de todo o processo de criatividade que envolve o sujeito-ser-criança.

Com isso estes motivos a respeito da ludicidade é uma necessidade do ser humano em qualquer idade e não pode ser vista apenas como diversão, mas como um aprendizado. Os desenvolvimentos pessoais que a ludicidade proporciona associados aos fatores sociais e culturais contribuem para uma boa saúde física e mental, facilitando assim o processo de socialização, comunicação, construção de conhecimento, além de um desenvolvimento pleno e integral dos indivíduos envolvidos no processo de ensino-aprendizagem.O lúdico faz parte das atividades essenciais da dinâmica humana, trabalhando com a cultura corporal, movimento e expressão.

Tudo o que a criança aprende quando pequena, serve de base para uma aprendizagem superior. Ela não aprende de um dia para o outro, mas gradativamente. Portanto, deve-se trabalhar em grupo suas capacidades individuais, para que seja desenvolvido o convívio em grupo.

A atividade lúdica é muitas vezes reconhecida como meio de fornecer à criança um ambiente agradável, motivador e enriquecido, que possibilita a aprendizagem de várias habilidades, além de trabalhar estas habilidades na criança, ajudará no desenvolvimento da criatividade, na inteligência verbal-linguística, coordenação motora, dentre outras.

Partindo da consideração de que as atividades lúdicas podem contribuir para o desenvolvimento Intelectual da criança, Platão ensinava matemática às crianças em forma de jogo e preconizava que os primeiros anos da criança deveriam ser ocupados por jogos educativos (AGUIAR, 1998, p. 36).

Com isso, a criança aprende com mais facilidade; contudo dificilmente irá esquecer o conteúdo que foi passado, guardará em sua memória para o resto da vida e também terá incentivo em ensinar aos seus colegas, aprendendo cada vez mais, conseguindo se socializar com o próximo.

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2.2. O lúdico como espaço de ampliação do universo contextual

O lúdico é o modo de ser do homem no transcurso da vida, o magico, o artístico são expressões da experiência lúdica constitutiva da vida. Por meio deles podemos alcançar a humanização, desenvolver valores humanos e favoreces ate mesmo os vínculos afetivos.

Quando falamos sobre a ludicidade como espaço de ampliação do universo contextual, queremos dizer que é um caminho importante a ser seguido e pensado na ação de educador, ate porque estamos plenamente convictos de seu potencial para promover aprendizagens e transformar conhecimentos, atitudes e comportamentos. O educador por sua vez deve compreender o porquê da utilização do lúdico, que não verdade é o ponto de partida mostrando-nos assim novos caminhos a serem explorados e também desenvolvendo um grande fator de mudança do ponto de vista pedagógico. Porem não basta apenas descobrir caminhos novos, mas gostar do que faz.

Podemos dizer que o lúdico transforma o espaço de apropriação e constituição de conhecimentos e habilidades no âmbito da linguagem, da cognição e dos valores. Assim esses conhecimentos se entrelaçam nas narrativas do dia a dia, constituindo os sujeitos e a base para muitas aprendizagens e situações em que é necessário o distanciamento da realidade cotidiana, o pensar sobre o mundo e interpreta-lo de formas diferenciadas, bem como o desenvolvimento conjunto de ações coordenadas em torno de um fio condutor comum.

É necessário oportunizar tempo para a criança expressar ludicamente pensamentos e emoções de forma espontânea. Neste sentido, cabe ressaltar que a expressão e organização do pensamento e o desenvolvimento da linguagem oral, oportunizados no ato de brincar, são imprescindíveis. Além disso, ao explorar de forma concreta o ambiente em que vivem, as crianças procedem a leitura do mundo e da imagem, estabelecendo os fundamentos para o pensamento abstrato. A forma com que o sujeito vê o mundo determina a sua maneira de expressa-lo, dando valor e significado a linguagem.

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PARTE III - A ludicidade como campo de constituição da criança aprendiz 3.1. A ludicidade e a curiosidade

O lúdico desperta curiosidade sim,pois ele é educativo quando desperta na criança a curiosidade. Precisamos aproveitar o lúdico em sala de aula como facilitador da aprendizagem. Os jogos e as brincadeiras pedagógicas despertam nas crianças os gostos pela vida. Posso afirmar isso com base nas aulas realizadas na escola em que trabalho. Uma aula com características lúdicas não precisa ter jogos ou brinquedos. O que traz ludicidade para a sala de aula é muito mais uma "atitude" lúdica do educador e dos educandos. Assumir essa postura implica sensibilidade, envolvimento, uma mudança interna, e não apenas externa, implica não somente uma mudança cognitiva, mas, principalmente, uma mudança afetiva. A ludicidade exige uma predisposição interna, o que não se adquire apenas com a aquisição de conceitos, de conhecimentos, embora estes sejam muito importantes. Uma fundamentação teórica consistente dá o suporte necessário ao professor para o entendimento dos porquês de seu trabalho. Trata-se de ir um pouco mais longe ou, talvez melhor dizendo, um pouco mais fundo. Trata-Trata-se de formar novas atitudes, daí a necessidade de que os professores estejam envolvidos com o processo de formação de seus educandos. Isso não é tão fácil, pois, implica romper com um modelo, com um padrão já instituído, já internalizado. Transcorro aqui um pouco das aulas do Jogo Dramático.

No parque, no pátio, na praça, em qualquer espaço da escola. Não é preciso palco ou cenário, apenas um lugar onde podemos nos sentar e viajar em mais um “Era uma vez...” ninguém sabe de onde eu vim, como cheguei aqui, se foi de avião, se foi de carro ou até mesmo de balão. É tudo mágico.

Assim são as aulas do Jogo Dramático, no mundo do faz de conta. Enquanto estou contando uma história é possível perceber os diferentes níveis de emoções e participação no rosto de cada criança.

Inventar, ler e contar histórias é tarefa importante na escola de Educação Infantil. A narrativa para crianças pequenas envolve todas as oportunidades de interação que a criança tem com seu mundo imaginário. Ouvir e ler histórias de várias formas, fazer de conta, dramatizar com fantoches as leva a apreender melhor a realidade.

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Os educandos acreditam no que está ouvindo algo que pode a qualquer momento se transformar em real, reagindo com a emoção de enfrentar o desconhecido misturando até mesmo o medo e a alegria do novo. Quando estou fantasiada de algum dos muitos personagens, ás vezes as crianças reconhecem a minha voz, ou algum dos detalhes que as faz lembrarem-se de mim como educadora, mas mesmo assim entram no mundo da ludicidade.

As aulas de Jogo Dramático são muito gratificantes, pois os alunos sempre ficam a espera de algo novo, e isso faz com que eu aprenda e cresça juntamente com eles, pra mim estas aulas são mais do que simples aulas e sim um grande aprendizado, sou eu que aprendo com os meus alunos. Por isso é muito importante escolher que forma adequada às histórias, lembrando sempre que a história educa, socializa, informa, aquieta e prende a atenção.

O educador, o contador de histórias, deve estar atento para perceber se as histórias estão instruindo, impressionando, agradando ou até mesmo desagradando. Saber contar histórias significa saber a quem contar, quando contar, o que contar e como contar.

Para o educador planejar a sua escolha de como e o que contar para as crianças requer muita atenção, podendo criar e adaptação às histórias de muitas maneiras. O uso de algo concreto sempre desperta mais curiosidade nos alunos, proporcionando que entrem no mundo lúdico com mais entusiasmo e clareza. Podendo relatar também um grande envolvimento das crianças.

Quando a criança fantasia algo, muitas coisas sérias acontecem. Ela mergulha em sua atividade lúdica, organiza-se todo o seu ser em função da sua ação. O interesse provoca o fenômeno, reúnem-se potencialidades num exercício mágico e prazeroso.

Percebo que através da ludicidade é possível que o ser humano desfaça todos os conflitos internos e frustrações, o qual reconstrói as energias, ideias e pensamentos, uma vez que o lúdico desperta o conhecimento, e é brincando que a criança desenvolve as potencialidades, as habilidades motoras, as qualidades, o espírito de iniciativa e de equipe, a coragem, a sociabilidade, a capacidade criadora, a disciplina, a gentileza, enriquecendo-se assim de valores morais, afetivos e intelectuais na aparente

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descontração na hora do brincar. Pois quando trabalhamos com o lúdico na escola oferecemos os lugares para desenvolver também a afetividade na criança, assimilação de novos conhecimentos, desenvolvendo a função simbólica e a linguagem, trabalhando com os limites entre a imaginação e o concreto (real).

3.2. A ludicidade e as aprendizagens.

A ludicidade está inseparável do ser humano desde a pré-história. O ato de brincar é a mais pura forma da criançase expressar, é brincando que elaexpressa o que está sentindo e também interioriza o mundo ao seu redor. Podemos dizer que o ato de brincar vai muito além, é neste momento que os jogos começam a apresentar-se, e será através deles que a criança desenvolverá boa parte de suas habilidades motoras e cognitivas.

Na infância, o ser humano desenvolve várias habilidades motoras que serão aperfeiçoadas ao longo de sua vida, mas, para que isso ocorra, são necessários estímulos motores adequados à faixa etária. Estímulos esses que podem ser alcançados com a utilização de brinquedos, de brincadeiras, e principalmente dos jogos, que concretizam seu objetivo no desenvolvimento da criança. Além disso, o jogo é uma forma lúdica de “ocupar” a necessidade que a criança tem de conhecer, dominar e explorar possibilidades motoras que o meio em que vive lhe proporciona.

No brincar, a criança simula a vida real, ela respeita as regras do jogo além de exercitar o seu cognitivo, desta forma o desenvolvimento psicomotor pode ser estimulado quando o jogo é utilizado. Acredita-se que na presença dos jogos, a criança estimulada terá maior interesse pelas atividades propostas, desta forma levando-a a um maior desenvolvimento.

Froebel (apud ALMEIDA 2000) acreditava nos métodos lúdicos da educação. Ele dizia que o educador faz do jogo um instrumento para promover a educação para crianças, e também é uma forma de conduzir a criança à atividade, auto expressão e à socialização.

A Educação Infantil constitui-se em um espaço de aprendizagem que busca beneficiar o desenvolvimento de habilidades psicomotoras, sócio afetivas e intelectuais

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emergem novas concepções em relação ao desenvolvimento da criança e, principalmente, à forma como ela constrói seu conhecimento. É assim que a ludicidade se insere nos espaços da aprendizagem com o objetivo de promover, com espontaneidade, atividades de caráter didático-pedagógico levando a criança a desenvolver-se em amplos sentidos. A ludicidade vem como importante estímulo no desenvolvimento da criança em todas as suas capacidades, e é através de um correto incentivo e direcionamento, que a ludicidade se transforma em poderosa ferramenta para o auxílio no desenvolvimento das habilidades motoras infantis.

Durante as últimas décadas, alterações ocorridas na estrutura social e econômica da sociedade, dados os processos de modernização, urbanização e inovações tecnológicas, têm proporcionado mudanças nos hábitos cotidianos da vida do homem moderno. Nessas condições, crianças em idade de Educação Infantil são geralmente relegadas a brinquedos, na maior parte os eletrônicos, ou a atividades desenvolvidas em pequenos espaços, que limitam aventura lúdica e experimentação ampla de movimentos.

O brincar relacionado a uma atividade social pertencente à dimensão humana, junto às crianças apresenta-se como uma atividade primordial na construção de suas relações sociais e na forma individual e coletiva de interpretar e agir no mundo, como modos específicos de significação e comunicação de pares. Para Manuela Ferreira (2004), o brincar é como uma ação social, como um ato no mundo, assunto que deve ser levado a serio na vida das crianças. Brincar, para a autora, “é parte integrante da vida social e é um processo interpretativo com uma textura complexa, em que criar realidade requer negociações do significado, conduzidas pelo corpo e pela linguagem.” (p.199).

Ensinando a criança de uma maneira mais dinâmica é buscar cada vez mais o seu interesse em querer aprender, os jogos e as brincadeiras são somente uma maneira de ensino diferente do que a escola está acostumada a ver. O lúdico na escola é fundamental para promover atividades com jogos, buscando um meio de aprendizagem prazeroso para a criança, ao mesmo tempo em que facilita o trabalho do educador, pois, através dos jogos, pode ser feita facilmente uma investigação do modo de pensar dos alunos, para ajudá-los a compreender os conteúdos escolares e superar suas dificuldades.

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É preciso ressaltar que, no jogo, relações reais de interação entre as crianças ocorrem com a mesma intensidade que as lúdicas. Ao mesmo tempo em que os meninos desempenham papéis de trabalhadores e fazem a "avalanche" ter existência real, discutem entre si como o conteúdo do jogo deve ser elaborado. Assim, a brincadeira aparece como fator de organização entre as crianças que compreendem, durante a atividade, necessidades de uma escuta complementar e de ações complementares que condicionam o próprio desenrolar do brincar.

As crianças brincam de maneira independente em casa, com os amigos ou parentes, a prática e a história nos têm revelado que elas também brincam, e muito, na escola. O fato é que, nem sempre, suas brincadeiras são levadas em conta e quando aparecem apenas como recreação ou possibilidade de desgaste de energia para que, em sala, as crianças possam concentrar-se em atividades didáticas dirigidas. A questão que se coloca, é como levar em conta o jogo infantil ao serem elaborados planos pedagógicos nas escolas. Ou seja, como transformar o jogo infantil em recurso pedagógico de construção de conhecimento pelas crianças e como instrumento de organização autônomo e independente das mesmas.

3.3 A ludicidade na constituição dos sujeitos infantis da sociedade contemporânea O respeito integral ao brincar e à brincadeira é uma das mais importantes funções da educação infantil, não somente por ser no tempo da infância que essa prática social se apresenta com maior amplitude, mas, justamente, por ser ela a experiência inaugural de sentir o mundo e experimenta-lo, de aprender a criar e inventar linguagens através do exercício lúdico da liberdade de expressão. Assim, não se trata apenas de um domínio da criança, mas de uma expressão cultural que especifica o humano.

Nas práticas culturais que definem a atividade lúdica em cada grupo social, e em cada brincadeira em particular, a criança pequena apreende brincando, pois é brincando que ela se utiliza em novos contextos, tanto sozinha ou com outras crianças. A presença de uma cultura lúdica preexistente torna possível o brincar como uma atividade cultural que supõe aprendizagens de repertórios evocabulários que a criança age de modo singular em suas brincadeiras e jogos. Com isso, os repertórios e o vocabulário de jogos disponíveis para um determinado grupo social compõem a cultura lúdica desse grupo e

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os repertórios e o vocabulário que um indivíduo conhece compõe sua própria cultura lúdica.

A brincadeira pode ser denominada coma cultura da infância, constituída por aqueles quedela participam e estão inseridos nas e pelas próprias atividades lúdicas. As crianças aprendem a constituir sua cultura lúdica apenas brincando. Toda cultura se torna relevante a partir do processo vivido nas relações, interações e transformações. Issosignifica que a experiência lúdica não pode ser transferida, não pode ser simplesmente adquirida, fornecida através de modelos prévios. Ela necessita ser vivida, interpretada, constituída, por cada criança e cada grupo de crianças em um contexto cultural dado por suas tradições e sistemas de significações que tem que ser interpretados, rearranjados, criados, inseridos pelas crianças que nesse contexto aproximar-se.

Na constituição de contextos lúdicos é necessário considerar que as crianças ouvem música e cantam, pintam, desenham, modelam, constroem objetos, relatampoemas, parlendas e quadrinhas, manuseiam livros e revistas, ouvem e contam histórias, dramatizam e encenam situações, para brincar e não para comunicar “ideias”.Brincando com tintas, cores, sons, palavras, pincéis, imagens, rolos, água, exploram não apenas o mundo material e cultural à sua volta, mas também anunciam e compartilham imaginações, sensações, sentimentos, fantasias, sonhos, ideias, através de imagens e das palavras também.

A compreensão do mundo da criança pequena se faz por meio de relações que a mesma estabelece com as pessoas, os objetos, as situações que vivenciam, pelo uso de diferentes linguagens expressivas (o movimento, o gesto, a voz, o traço...). Nesse processo, as escolhas de materiais, objetos e ferramentas que o adulto alcança promovem diferenças no repertório e no vocabulário, na cultura material e imaterial na qual a criança está inserida.

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3.4 O brinquedo como parte da brincar lúdico

A palavra brinquedo muitas vezes nos remete a uma referência do tempo de infância do adulto com representações vinculadas pela memória e imaginações. A palavra “brinquedo” não pode ser reduzida à pluralidade de sentidos do jogo, pois remete de que a criança tem uma dimensão material, cultural e técnica. Enquanto objeto, é sempre suporte de brincadeira.

O brinquedo é cabível para o desenvolvimento. Brincando, a criança experimenta, descobre, inventa, aprende e constrói habilidades. Além de estimular a curiosidade, a autoconfiança e a autonomia, proporcionam o desenvolvimento da linguagem, do pensamento e da concentração e da atenção.

O brinquedo traduz o real para a realidade infantil. É brincando que a criança aprimora a sua inteligência e sua sensibilidade que estão sendo desenvolvidas. A qualidade de oportunidade que estão sendo oferecidas à criança através de brincadeiras e de brinquedos garante que suas potencialidades e sua afetividade se harmonizem.

Para Benjamin (1984), um dos autores que considerou o aspecto cultural do lúdico, o brinquedo e o brincar estão associados e documentam como o adulto se coloca em relação ao mundo da criança. Em uma de suas reflexões, Benjamin acentua que o brinquedo sempre foi um objeto criado pelo adulto para a criança. Acreditava-se que o conteúdo imaginário do brinquedo é que determinava as brincadeiras infantis, quando na verdade quem faz isso é a criança.

A partir do momento em que o brinquedo é dado a criança, ele passa a incorporar um sentido que é do significado do mundo no qual a criança está inserida. Uma das funções sociais do brinquedo é exatamente a de ser um presente destinado às crianças de forma praticamente independente do que elas farão dele. Ele é um objeto portador de significados que são identificáveis, pois remete a elementos do real ou mesmo do imaginário das crianças.

Logo, o brinquedo é rico em significados que possibilitam a compreensão de sociedades e culturas, visto que ele é um meio de diversão, cujo significado depende da cultura na qual a criança está inserida. De acordo com Souza: “a criança está sempre

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cultura dominante, ultrapassando o sentido único que as coisas novas tendem a adquirir”. (Souza, 1996: 49).

Na análise de Brougère, o brinquedo se diferencia de outros objetos pelo domínio do valor simbólico sobre a função, isto é, a dimensão simbólica torna-se nele, a função principal. Dessa forma, o que seria legítimo chamar de brinquedo? O brinquedo não é definido por uma função precisa: ele é um objeto infantil utilizado livremente pelas crianças. A sua manipulação não está condicionada às regras ou princípios. O seu uso é dinâmico e renovado de acordo com a situação. No brinquedo, o valor simbólico é a função, estando estas duas dimensões ligadas. A principal função do brinquedo é a brincadeira e esta, por sua vez, escapa a qualquer função precisa.

A construção da infância, no seu ato de brincar, exige a atribuição de significados da criança pequena ao seu mundo. Por isso, há, além de encanto, simbolismo, quando uma criança adiciona ao rosto pequeno da boneca o batom da mãe; ou quando troca as roupinhas da boneca por roupas que pertencem a ela mesma, e ainda, quando intenciona amamentá-la (numa imitação do fazer adulto) ou niná-la.

A criança deve, ao longo da brincadeira, atribuir significados ao brinquedo; por esta razão, o mesmo brinquedo pode ganhar vários significados, um a cada nova brincadeira. Deste modo, não é correto pensar que o brinquedo condiciona a ação da criança quando o que ocorre é justamente o contrário.

A brincadeira é alguma forma de divertimento típico da infância, isto é, uma atividade natural da criança, que não implica em compromissos e planejamento, pois é no ato da brincadeira que ela se envolve demonstrando assim comportamentos espontâneos e geradores de prazer. Brincando a criança se diverte, faz exercícios, constrói seu conhecimento e aprende a conviver com os demais.

Para a criança, a brincadeira gira sempre em torno da espontaneidade e da imaginação. Sem depender de regras, de formas rigidamente estruturadas. Para surgir basta uma bola, uma boneca ou ate mesmo sem elementos concretos.

A brincadeira não é um mero passatempo, ela ajuda no desenvolvimento das crianças, promovendo assim características de fundamental importância na socialização e descoberta do mundo.

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A demonstração da imaginação, e a participação em brincadeiras é parte central da infância e construção de significado infantil, partilha emocional, uso da linguagem e criatividade em suas vidas cotidianas com os pares. Vejo, então, que temos de nos debruçar para compreender e ter atenção ao papel que joga o fato de a dimensão lúdica das crianças ser tão forte e parte fundamental de suas vidas como um dos modos de participação que efetivam em seus mundos sociais.

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Considerações finais

Do ponto de vista de quem brinca, o brincar serve para brincar! Simples assim, uma atividade com um fim em si mesma. Para a criança, a importância do brinquedo equivale à importância que o trabalho tem na vida do adulto. A pedagogia acrescenta que brincamos também para dominar angustias, controlas impulsos, assimilar emoções e sensações, para compreender o meio, satisfazer desejos, desenvolver conhecimentos e habilidades.

Brincar serve também para descobrir e experimentar diferentes experiências, testar limites e regras. A partir da brincadeira, as crianças fazem a intersecção de dois mundos: o interno, subjetivo, que corresponde aos desejos e às emoções, e um mundo externo, que é objetivo, lógico e real. É nesse espaço, entre esses dois mundos, que acontece a aprendizagem. Por isso a importância de esclarecer e defender o brincar na escola, em qualquer nível, não significa negligenciar a responsabilidade sobre o ensino, a aprendizagem e o desenvolvimento. Também não significa inserir todos os conteúdos curriculares em jogos, jogando o tempo todo. Acredito que uma aula lúdica é a que retém as características do brincar – atividade livre, criativa, imprevisível, capaz de absorver a pessoa que brinca não centrada na produtividade.

Para a criança, o brincar é a principal forma de aprendizado, pois assim passa a conhecer as coisas por si mesmas. Ela ordena o mundo do seu jeito, torna-se produtora de linguagens, criadora de conversões, firma vínculos entre as coisas e suas possíveis representações. A brincadeira dirigida ou espontânea exige planejamento, motricidade, memória e atenção.

Brincando, ela começa a entender como as coisas funcionam, o que pode e não pode ser feito, aprende que existem regras que devem ser respeitadas, se quer ter amiguinhos para brincar e, principalmente, aprende a perder e a ver que o mundo não acaba por causa disso. Descobre que, se ela perde um jogo hoje, pode ganhar em outro amanhã.

Por meio da brincadeira, a criança constrói o mundo à sua maneira, dá novos significados ao universo ao seu redor. A brincadeira é uma atividade paradoxal, revolucionária, rebelde, quanto mais encantadora e encantada mais livre e espontânea

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será. É pela brincadeira e imitação que se dará o desenvolvimento natural como postula a psicologia e a pedagogia do escolanovismo. Piaget (1978, 1977) adota, em parte, o referencial escola novista, ao dar destaque à imitação, que participa de processos de acomodação, na forma de assimilação.

Reviver nos permite considerar a necessidade do respeito, na ação pedagógica cotidiana na Educação Infantil, à integralidade da infância reconhecendo a importância do brincar na ação educativa das crianças e a urgência promovida para a efetivação de tal prática na escola, reconhecendo o brincar enquanto um dos elementos fundamentos no alcance do objetivo primordial da educação: contribuir para que as crianças sejam mais felizes.

Considerando que a ludicidade é de fundamental importância para o desenvolvimento das habilidades motoras em crianças, pois é através dos jogos e brincadeiras a criança se sente estimulada. Assim também a experiência da aprendizagem tende a se constituir num processo vivenciado prazerosamente. A escola ao valorizar as atividades lúdicas, ajuda a criança a formar um conceito positivo do mundo, ajudando no seu crescimento e contribuindo para um bom desenvolvimento de suas habilidades.

Toda vez que uma criança vive uma situação imaginária, demonstra uma manifestação emancipatória com relação às circunstâncias situacionais. Ao brincar ela expõe seus sentimento e suas convicções. Interage com o meio, conquista seu espaço, amplia sua segurança enquanto constituidora de sua personalidade que está se construindo. Desse modo, o brincar é extremamente relevante na rotina pedagógica da Educação Infantil.

Concluindo, dizer o quanto o tema torna-se relevante para o pedagogo, tendo em vista a formação integral na construção de novos olhares e novas reflexões, para que possamos ter nas instituições educativas, qualificação nos aspectos estruturais e pedagógicos.

Sendo a Educação Infantil muito recente na história da educação brasileira, continuamos a pensar formas capazes de melhor atender aos usuários de cada espaço. É somente refletindo, lendo e pesquisando que constituiremos novos pensamentos para agirmos conscientemente sobre o que temos que fazer para não esquecer que a cultura da infância precisa ser vivenciada pelas crianças e não somente pelo adulto.

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As práticas pedagógicas adequadas perpassam não somente por deixar as crianças brincarem, mas sim por ajudar as mesmas a brincar, por brincar com elas mesmas e até mesmo por ensiná-las a brincar.

Pensar nos ensinamentos da brincadeira significa impor regras, o que não necessariamente anula a ação lúdica do brincar, visto que a criança pode mudar as normas ou se ausentar delas quando desejar. O educador por sua vez comprometido com a ética do brincar não é, como se poderia facilmente pensar, o de juiz ou policial das brincadeiras. Cabe ao professor garantir que a brincadeira se realize de modo que os alunos consigam, ao mesmo tempo, compreender, respeitar as regras, recriando-as quando possível ou necessário.

O professor não precisa estimular os valores competitivos, mas sim lembrar os alunos que o mais importante no brincar é participar da atividade e ainda procurar desenvolver a cooperação entre eles.

Portando, o brincar não se resume à simples e pura diversão, mas que é também uma questão de aprendizado, socialização, construção, amadurecimento e desenvolvimento de suas potencialidades. E o mais importante de tudo é que com a brincadeira tudo é adquirido com prazer, o que torna o ambiente escolar um lugar ainda mais feliz e com tudo acolhedor.

Diante da pesquisa e do embasamento teórico utilizado, posso concluir que o lúdico é uma ferramenta de trabalho muito proveitosa para o educador, pois através dele o professor pode introduzir os conteúdos de forma diferenciada e bastante ativa. Com um simples brincar o professor poderá proporcionar apreensão de conteúdos de maneira agradável e o aluno nem perceberá que está aprendendo.

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Referências

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