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Iniciação científica na escola pública: blog como instrumento de educação científica

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENSINO DE CIÊNCIAS HUMANAS, SOCIAIS E DA NATUREZA - PPGEN

MILENE SAYURI SAKODA BARATTA

INICIAÇÃO CIENTÍFICA NA ESCOLA PÚBLICA: BLOG COMO

INSTRUMENTO DE EDUCAÇÃO CIENTÍFICA

DISSERTAÇÃO

LONDRINA 2017

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MILENE SAYURI SAKODA BARATTA

INICIAÇÃO CIENTÍFICA NA ESCOLA PÚBLICA: BLOG COMO

INSTRUMENTO DE EDUCAÇÃO CIENTÍFICA

Dissertação apresentada como requisito de qualificação em Ensino de Ciências Humanas, Sociais e da Natureza- PPGEN, do Programa de Pós-Graduação, da Universidade Tecnológica Federal do Paraná.

Orientador: Prof(a). Dra. Mariana A. Bologna Soares de Andrade

LONDRINA 2017

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TERMO DELICENCIAMENTO

Esta Dissertação e o seu respectivo Produto Educacional estão licenciados sob uma Licença CreativeCommonsatribuição uso não-comercial/compartilhamento sob a mesma licença 4.0 Brasil. Para ver uma cópia desta licença, visite o endereço http://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/4.0/ ou envie uma carta para CreativeCommons, 171 Second Street, Suite 300, San Francisco, Califórnia 94105,USA.

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TERMO DE APROVAÇÃO

INICIAÇÃO CIENTÍFICA NA ESCOLA PÚBLICA: BLOG COMO INSTRUMENTO DE EDUCAÇÃO CIENTÍFICA

por

MILENE SAYURI SAKODA BARATTA

Dissertação de Mestrado apresentada no dia 03 de março de 2017 como requisito parcial para a obtenção do título de MESTRE EM ENSINO DE CIÊNCIAS HUMANAS, SOCIAIS E DA NATUREZA pelo Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências Humanas, Sociais e da Natureza – PPGEN, Câmpus Londrina, Universidade Tecnológica Federal do Paraná. A mestranda foi arguida pela Banca Examinadora composta pelos professores abaixo assinados. Após deliberação, a Banca Examinadora considerou o trabalho

APROVADO. (Aprovado ou Reprovado).

Profa. Dra. Mariana Aparecida Bologna Soares De Andrade (UTFPR)

Orientador

Profa. Dra. Vera Lucia Bahl De Oliveira (UEL)

Membro Titular

Prof. Dr. Alcides Goya (UTFPR)

Membro Titular

Profa. Dra. Alessandra Dutra

Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Ensino de

Ciências Humanas, Sociais e da Natureza – PPGEN.

A FOLHA DE APROVAÇÃO ASSINADA ENCONTRA-SE ARQUIVADA NA SECRETARIA DO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENSINO DE CIÊNCIAS HUMANAS, SOCIAIS E DA

NATUREZA – PPGEN.

Ministério da Educação

Universidade Tecnológica Federal do Paraná Programa de Pós-Graduação em Ensino de

Ciências Humanas, Sociais e da Natureza. PPGEN

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Dedico este trabalho, primeiramente, aos meus pais, Lenith e Minoru Sakoda, ao meu marido, Cleber Barata, e a Sully, pelo incentivo em todos os momentos que trilhei até agora, pela dedicação e amor e por sempre acreditarem em mim, mesmo quanto me encontrava desanimada. Dedico também à minha orientadora, Drª Mariana, que, em todos os momentos, me apoiou, teve muita paciência e compreensão e me ajudou a superar dificuldades, obstáculos e dúvidas.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus e aos meus pais, Lenith e Minoru Sakoda, pela compreensão de que, durante algum tempo, a distância ficaria maior por não poder visitá-los em outro estado, mas, mesmo assim, me incentivaram e apoiaram com amor incondicional.

Ao meu marido, Cleber Eduardo Dias Baratta, por compreender e aceitar os momentos em que ficava sozinho enquanto eu pesquisava e me dedicava ao desenvolvimento deste trabalho; e por me ajudar, de alguma, todos os finais de semana e de noite, para que eu pudesse escrever.

À minha orientadora, Drª Mariana, que foi uma das primeiras incentivadoras para que eu cursasse o Mestrado, e que me acompanhou com seu apoio e orientação nesta trajetória, com sabedoria, carinho e paciência.

Aos meus colegas de sala, em especial, a Gisele, Thalita e Patricia; aos meus colegas de trabalho, na escola, Soraya, Sueli, Daiane, Glaucia e Marcia, que me ajudaram e também foram importantes para o desenvolvimento deste trabalho.

Em especial, aos meus alunos do Colégio Estadual Attilio Codato, de Cambé, pois, sem eles, não seria possível o desenvolvimento desta pesquisa.

À Secretaria do Curso, pela cooperação.

Enfim, a todos os que, de alguma forma, contribuíram para a realização desta pesquisa.

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Assim como, em verdade, a terra recebe com serenidade tudo, puro e impuro, que se atira sobre ela, assim também aceitarás com serenidade tanto a alegria como a tristeza, se pretendes atingir a sabedoria.

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RESUMO

BARATTA, Milene Sayuri Sakoda. Iniciação Científica na Escola Pública: Blog como instrumento de Educação Científica. 2017. 137f. Dissertação (Mestrado em Ensino de Ciências Sociais, Humanas e da Natureza) - Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Londrina, 2016.

O presente estudo, que se caracteriza como pesquisa descritiva com abordagem qualitativa, teve como objetivo apresentar um produto educacional, ou seja, um Blog, elaborado pela pesquisadora, para ser utilizado em um projeto de Iniciação Científica desenvolvido no Colégio Estadual Attílio Codato, na cidade de Cambé/PR.O estudo apresenta o passo a passo da construção do Blog pela pesquisador e a utilização deste pelos alunos da instituição de ensino, assim como, as dificuldades, os desafios e os sucessos ocorridos nesse processo. O Blog serviu como ferramenta/instrumento para dar suporte aos estudantes do Ensino Médio para que pudessem desenvolver projetos Iniciação Científica e, a partir destes, produzir textos sobre seus trablhos, com linguagem científica. Para fundamentar este estudo, foi desenvolvida uma pesquisa biliográfica sobre: aprendizagem por meio de projetos; conceito de TICs e de Blog; e o uso das TICs como recursos metodológicos para a aprendizagem. Concluiu-se que os resultados foram bastante satisfatórios, pois os alunos, apesar das dificuldades encontradas, principalmente, devido à falta de hábito de leitura e consequente dificuldade de interpretação de grande parte deles, a maioria concluiu seu projeto e o apresentou. Além disso, constatou-se uma conscienteização, quase geral, de que leituras e esse tipo de pesquisa são fundamentais para prepará-los para o ensino superior e para a vida. Esse fato está associado, principalmente ao uso do Blog, uma ferramenta tecnolólogica, área que desperta bastante o interesse dos estudantes.

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ABSTRACT

BARATTA, Milene Sayuri Sakoda. Scientific Initiation in Public School: Blog as an instrument of Scientific Education. 137f. Dissertation (Master in Teaching Social Sciences, Humanities and Nature) - Federal Technological University of Paraná. Londrina, 2016.

The present study, which is characterized as a descriptive research with a qualitative approach, aimed to present an educational product, that is, a Blog, prepared by the researcher, to be used in a project of Scientific Initiation developed at the State College Attílio Codato, in the city Of Cambé / PR. The study presents the step by step of the construction of the Blog by the researcher and the use of this by the students of the educational institution, as well as the difficulties, challenges and successes occurred in this process. The Blog served as a tool / instrument to support the students of High School so that they could develop Scientific Initiation projects and, from these, produce texts about their work, with scientific language. To support this study, a biliographic research was developed on: learning through projects; Concept of ICT and Blog; And the use of ICTs as methodological resources for learning. It was concluded that the results were quite satisfactory, because the students, despite the difficulties found, mainly due to the lack of reading habits and consequent difficulty in interpreting most of them, the majority concluded their project and presented it. In addition, there has been an almost general awareness of what readings and this type of research are essential to prepare them for higher education and for life. This fact is associated, mainly to the use of the Blog, a technological tool, an area that greatly arouses students' interest

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ...230

CAPÍTULO 1-A TRAJETÓRIA PROFISSIONAL DA PROFESSORA PESQUISADORA...E RRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO. CAPÍTULO 2- ESCRITA CIENTÍFICA NA EDUCAÇÃO BÁSICA...21

2.1 DESENVOLVIMENTO DE PROJETO E FORMAÇÃO DE CIENTÍSTAS...34

2.2 APRENDIZAGEM POR PROJETOS ...41

CAPÍTULO 3- DESENVOLVIMENTO METODOLÓGICO DA PESQUISA...44

3.1 - O QUE SÃO TICS?...45

3.2 - TICS E BLOGS COMO RECURSOS METODOLÓGICOS NA APRENDIZAGEM...46

3.3 - O QUE É UM BLOG? ...48

CAPÍTULO 4- DESENVOLVIMENTO METODOLÓGICO DA PESQUISA...51

4.1 CARACTERÍSTICAS DA PESQUISA...51

4.1.1 - DESCRIÇÃO DOS PARTICIPANTES DA PESQUISA...53

4.2 DESENVOLVIMENTO DO PRODUTO EDUCANIONAL ...53

4.3 PROJETO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA NA ESCOLA...58

4.4 DINAMICA DA ESCOLHA DE PROJETOS...69

4.5 INSTRUMENTOS DE COLETA - DESCRIÇÃO DA COLETA...69

4.5.1 QUESTIONÁRIOS...69

4.5.2 DOCUMENTOS...70

CAPÍTULO 5 - APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS DADOS...72

CAPÍTULO 6 - CONSIDERAÇÕES FINAIS...79

6.1 OBJETIVOS DE ENSINO FORAM ATINGIDOS...80

6.2 OS ALUNOS ALCANÇARAM OS OBJETIVOS PRENTENDIDOS PELA PROFESSORA...80

6.3 AS DIFICULDADES FORAM SANADAS NA ELABORAÇÃO DO PROJETO E OS RESULTADOS FORAM CONSIDERADOS SATISFATÓRIOS..80

REFERÊNCIAS ..9482

APÊNDICES - ...87

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INTRODUÇÃO

A ideia de desenvolver este estudo emergiu da realidade de ensino que eu, como professora Ensino Básico e pesquisadora, vivenciei ao atuar nas áreas de Ciências e Biologia, no Colégio Attílio Codato/ Cambé/PR. Nesse ambiente, ouvia, constantemente, muitas queixas dos educadores sobre a falta de atividades relacionadas à Iniciação Científica, direcionadas à prática escolar, e sobre a total falta de noção no que diz respeito a recursos metodológicas com que os alunos chegam às Universidades. Essas queixas têm sido ouvidas, também, por parte de educadores da graduação, pois a sociedade contemporânea está se modificando a todo o momento, o que gera desafios no âmbito da educação em todos os níveis. Nesse contexto, um grande desafio, na atualidade, é a falta de bagagem da maioria dos indivíduos em relação a conhecimentos básicos, pois esta é um entrave para que os mesmos deem continuidade a seus estudos, principalmente, no Ensino Superior.

As Universidades, cada vez mais, necessitam que os alunos tenham capacidade de compreensão, além de conhecimentos básicos sobre os métodos a serem seguidos para a elaboração de um projeto científico, de artigos e outras atividades relacionadas à escrita científica.

Desse modo, comecei a elaborar e estruturar um Blog para que os estudantes envolvidos na atividade tivessem, à disposição, um recurso pedagógico que os pudesse auxiliar 24 horas por dia. Assim, o Blog foi estruturardo com textos adaptados de diversos livros, conforme se poderá constatar no decorrer deste trabalho. Também foram implementados videos, esquemas e resumos sobre o tema, além da algumas reportagens para instigar e motivar os alunos a desenvolverem este projeto.

Como ministro aulas no Ensino Médio, na área de Biologia, considerei que as mudanças, em minha prática pedagógica (utilização do Blog), necessitavam de uma ponte mais próxima da realidade dos estudantes, que estão, constantemente,

plugados em diferentes tecnologias. Assim, optei por criar um Blog, que, embora

esteja interligado ao Facebook, é um produto educacional em forma de Blog. Desse modo, o que se pretende relatar, neste trabalho, é: todo o processo de montagem do produto educacional, as finalidades de seu desenvolvimento, bem como, sua

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aplicação. Assim, a intenção era possibilitar que os estudantes buscassem, na página à sua disposição vinte quatro horas por dia, informações necessárias para desenvolverem as atividades e os projetos de Iniciação Científica.

Desta forma o trabalho tem como objetivo demonstrar o processo um projeto de Iniciação Científica com os alunos do Ensino Médio com a utulização de um Blog como ferramenta de auxilio para desenvolvimento dos projetos de iniciação científica dos estudantes; apontando os problemas ocorridos, relatar algumas dificuldades que os estudantes apresentaram para produzir seus projetos de iniciação cientifica..

O desenvolvimento desse material, apresentado para a defesa de dissertação, está organizado em seis capítulos. No primeiro capítulo, relato minha trajetória profissional, bem como, todos os projetos realizados até o momento, que me motivaram a desenvolver o projeto descrito neste trabalho, pois esta pesquisa teve início a partir de reflexões sobre questões que surgiram no exercício da minha profissão, como educadora comprometida com sua prática.

No segundo capítulo, abordo a importância do desenvolvimento da ideia do estudante-cientista, nas escolas de educação básica, e como esse estudante- cientista deverá escrever/relatar seus trabalhos e suas atividades científicas. Discuto, também, como se deve construir a ideia de um estudante-pesquisador e qual a importância de tal fato ocorrer na educação básica. Para tal reflexão, embasei-me em leituras relacionadas a essa prática e à importância do desenvolvimento de projetos de Iniciação Científica, conjuntamente, com o desenvolvimento do estudante-cientista. Também discuto a importância desta prática no Ensino Médio.

No terceiro capítulo, desenvolo explicações sobre: o conceito de Tics; a relação existente entre as Tics e um Blog, como recursos metodológicos; o conceito de Blog e as dificuldades para sua criação. Assim, esse capítulo tem um foco mais didático e esclarecedor, pois demonstra os tipos de blog mais utilizados, hoje, entre os jovens da escola onde foi desenvolvido o projeto relatado nesta dissertação, além de outas informações que deram suporte a esta experiência. Apresenta, também: como se estruturou o produto educacional (Blog), a produção com base em uma escrita científica, o processo de elaboração do blog e a necessidade de haver uma relação com uma página do Facebook.

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O quarto capítulo ressalta a importância dos projetos de pesquisa na escola e descreve como foi realizada a dinâmica de pesquisa com os alunos até a coleta de dados. O capítulo descreve, também, a metodologia de pesquisa, o processo de elaboração dos projetos de Iniciação Científica e as orientações (metodologia) passadas para os alunos. Desse modo, explica como se ensinou os estudantes a: fazerem pesquisa na internet para buscarem informações sobre o assunto que haviam escolhido; como e onde deveriam buscar tais informações; e usarem páginas do Google Acadêmico, pois estas disponibilizam textos mais seguros para as fundamentações e justificativas de projetos e trabalhos.

O quinto capítulo apresenta a análise dos coletados no desenvolvimento da pesquisa. Os questionários, utilizados como instrumento para a coleta de dados, encontram-se em anexo.

Para finalizar, são tecidas as considerações finais, que apresentam as percepções e conclusões levantadas a partir do desenvolvimento da pesquisa relatada nesta dissertação.

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CAPÍTULO 1

A TRAJETÓRIA PROFISSIONAL DA PROFESSORA PESQUISADORA

Neste capítulo, relato minha experiência como professora em colégios do Estado do Paraná, nos quais atuei até o momento em que assumi, como professora -esquisadora, uma vaga no Colégio Attílio Codato, de Cambé/PR.

Em 2012, ingressei como professora QPM no Estado do Paraná. Entretanto, desde 2006, já era professora PSS (Processo Seletivo Simplificado) e desde que iniciei minhas atividades no magistério, tenho o habito de sempre tentar inovar em minhas aulas, para que estas se tornem atrativas aos estudantes. Em 2012, ingressei como aluna no curso de Especialização, na área de Educação em Ciências Biológicas, na Universidade Estadual de Londrina (UEL), o que me possibilitou o acesso a muitas novidades pedagógicas e, consequentemente, a aplicação desses novos conhecimentos nas escolas em que estava trabalhando na época. Com essa experiência, obtive resultados muito satisfatorios, tanto no aspecto pessoal como pedagógico.

Comecei minhas atividades de prática pedagógica como professora no Colégio Dom Geraldo Fenandes, uma escola de periferia, cujos alunos têm, como perspectiva para o futuro, encaixar-se em um trabalho/serviço e não uma universidade. Nesta escola, havia um espaço que transformei em um pequeno laboratório de Biologia. Comecei com os materiais que tinha em mãos, que, na verdade, não eram muitos. Minhas atividades iniciais no laboratório eram ensinar como se comportar em um laboratório e os primeiros conhecimentos de microscopia, pois os alunos já estavam no Ensino Médio e nunca haviam entrado em um espaço como aquele, por falta de oportunidade. Na maioria das escolas, estes espaços são usados como depósitos de carteiras, livros, ou como salas de aulas de apoio e outras necessidades.

Após um ano de trabalho nesse Colégio, com o apoio da direção do colégio e dos professores da especialização, continuei a pós-graduação na UEL. Em abril do mesmo ano, fui efetivada como QPM (Professor do Quadro Permanente do Magistério) pelo estado do Paraná e comecei meu estágio probatório com duração de três anos.

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Em 2013, pedi remoção para o Colégio Attílio Codato, pois uma outra professora viria assumir as aulas de Biologia que, até o momento, eram minhas. Não consegui permanecer nesse colégio porque existe uma hierarquia no processo de remoção, mas eu não poderia participar por estar em estágio probatório.

tinha espaços que permitiam este tipo de atividade, ou seja, uma área verde e uma sala para um laboratorio que não era utilizada de forma adequada. O espaço da escola, para o laboratório, estava sendo utilizado como depósito de livros, carteiras e outros materiais, pois não havia um técnico de laboratório responsável para organizá-lo. Iniciei meu trabalho nas salas de aula, nas quais estava ministrando aulas, utilizando materiais diferenciados. Assim, em 2013, comecei a trabalhar no Colégio Attílio Codato de Cambé. Desde o começo, já desenvolvia propostas de forma diferenciada, utilizando atividades de campo, pois a escola

Quando decidi que transformaria esse espaço e comçaria a utilizá-lo de forma adequada, a Direição me autorizou e comecei a pensar em como faria a tal mudança, pois, nesse período, tinha necessidade de usar o laboratório devido aos conteúdos previstos para o Ensino Médio. Naquele ano, ministrava aulas para os três anos desse nível de ensino. Entre os conteúdos dos primeiros anos, estava estruturas celulares, assim, deveria efetivar a finalização do aprendizado com a demonstração de, pelo menos, uma célula animal e outra vegetal. Nos segundos anos, havia os conteúdos de botânica, e, nos terceiros, julgava necessária a ida ao laboratório por nunca terem frequentado um. Enfim, em vista de todos esses fatos, havia a necessidade de um laboratório que funcionasse na escola.

Assim, conversei com a direção da escola e comecei o projeto de monitoria de alunos de biologia. Esse processo consistiu em um concurso com uma avaliação de alunos que gostariam de trabalhar no contraturno do colégio com experimentos de Ciências e Biologia e, também, como aprendizes dos conhecimentos básicos de um laboratório. Em um primeiro momento, ocorreu a inscrição dos alunos dos primeiros anos do Ensino Médio, que passaram por uma avaliação teórica e prática dos conteúdos de Ciências dos 6º, 7º, 8º e 9º anos do Ensino Fundamental, bem como, de conhecimentos dos equipamentos de laboratório. Após essa avaliação, passaram por um treinamento, que foi dado por mim, nos dias de minhas horas- atividade, como ocorre até hoje, com algumas modificações.

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Depois disso, comecei a organização do laboratório, que está em pleno funcionamento desde 2013, juntamente com o projeto de monitoria, que logo foi seguido pelo professor de Geografia (Ronaldo).No mesmo ano, como ocorre atualmente, outros professores tomaram esse mesmo caminho, como as professoras de Física (professora Ana Luiza) e História (Rosangela), porém, somente eu e o professor de Geografia continuamos com o projeto.

Com esse projeto, obtivemos alguns "frutos", ou seja, resultados animadores, pois, entre outros aspectos, constatamos que, em 2014, 70% dos alunos optaram, no vestibular, por áreas relacionadas às Ciências Biológicas, e 80% destes conseguiram aprovação, nestas áreas, tanto na Universidade Estadual de Londrina (UEL) como em outras de Londrina e região.

Depois desses resultados, participei de uma pesquisa, para a elaboração de minha monografia, sobre a existência de assuntos de biotecnologia e bioética nos livros didáticos, e percebi (Baratta, 2013, Análise do Conteúdo de Livros Didáticos em Relação ao Conteúdo de Bioética e Biotecnologia) que este assunto não era tratado em todos os livros, assim, havia uma defasagem na Iniciação Científica dos alunos em relação às biotecnologias e aos estudos científicos. Além disso, observei que os alunos não sabiam como realizar uma pesquisa científica. Comecei, então, a me preocupar também com essa defasagem e a me questionar como meus alunos chegariam ao ensino superior sem, ao menos, saber realizar uma pesquisa. Assim, comecei a procurar outros projetos e me deparei com o projeto PIBID/UEL, de Biologia, do qual participei da pré-seleção e consegui ingressar com a aplicação do projeto na escola.

No segundo semestre de 2014, comecei a aplicação do projeto PIBID no Colégio Attílio Codato. Inicialmente, os alunos da UEL (bolsistas PIBID) aplicavam oficinas diversas em um momento da Semana Cultural da escola. Como a receptividade do colégio e dos alunos foi muito grande, começou uma atuação semanal do PIBID. Os alunos da UEL apresentavam aulas diversificadas, orientados por mim.

No início, pensei que não haveria alunos interessados pelas atividades no contraturno, mas isso foi mudando. Entretanto, desde o começo, as aulas eram frequentadas por cerca de 15 a 20 alunos do Cólégio Attílio Codato. Iniciamos com aulas às sextas-feiras, de 15 em 15 dias, sobre um tema, e de 15 em 15, sobre outro

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tema, como, por exemplo, botânica e biodiversidade. A resposta a essa atividade na escola foi surpreendente, pois os alunos se interessavam muito e não faltavam, apenas por motivos de saúde. Havia uma logística que cobrava o compromisso dos alunos frequentadores, ou seja, todos tinham que assinar uma lista de presença nos dias em que frequentassem as aulas, até mesmo como segurança para seus pais. Aos poucos, passou a haver uma procura muito grande por estes cursos, assim, houve a necessidade de realizar uma seleção e de estipular algumas regras, como, por exemplo, três faltas consecutivas do aluno gerariam perda da vaga e esta iria para o próximo da fila de espera (pois é, havia lista de espera). Os alunos do PIBID tinham que apresentar, para mim, seu plano de aula, bem como, o que iriam trabalhar.

Nesse processo de adaptação da escola ao PIBID, também observei que o contato dos alunos Universitários da UEL1 com os alunos do Ensino Médio estimulou a adpação e o interesse pelo Ensino Científico, pela pesquisa científica. Os bolsistas PIBID mencionaram que a forma como eu ministrava as aulas e trabalhava os projetos na escola acabou por despertar seu interesse pela educação, desse modo, queriam aprender como era feita a ponte entre os projetos e o aprendizado.

Essa experiência, o contato constante que tinha com os professores da UEL do PIBID e a especialização que cursei despertaram a necessidade de aplicar outro projeto: de Iniciação Científica em uma escola do estado, algo raro hoje em dia. Com o meu ingresso no Mestrado, essa ideia somente se fortaleceu. Iniciei, então, o projeto e sua aplicação, que, posteriormente, virou tema desta dissertação.

Podem perguntar se tudo isso é verdade. Sim, é verdade. Trabalho nessa escola até hoje e continuo com projetos elaborados e diferenciados há mais de dois. Entretanto, para esta dissertação, apresentei apenas os que têm relação com a temática da pesquisa.

Após constatar que os alunos necessitam aprender a pesquisar e onde pesquisar, propus um projeto de Iniciação Científica para as turmas dos três anos do Ensino Médio. A ideia geral do projeto era que os estudantes desenvolvessem pequenas pesquisa de Iniciação Científica.

1Atualmente, uma ex-aluna do Colégio Atillio Codato é estudante do Curso de Ciências Biológicas da UEL, é bolsista PIBID e participa do projeto Novos Talentos.

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Para que o projeto ficasse mais atrativo, possibilitei que a temática fosse livre, desde que relacionada à Biologia. Os estudantes foram orientados a pensar em temas ou áreas que gostassem ou gostariam de seguir na graduação e os relacionassem à Biologia. Surgiram assuntos diversos e permiti que os trabalhos fossem desenvolvidos, no máximo, em duplas. Contudo, a maioria preferiu trabalhos individuais.

Durante o processo, percebi que faltava algum instrumento de conexão entre as aulas e as atividades que os alunos desenvolviam fora da escola. A ideia foi criar uma ponte de acesso que os alunos pudessem utilizar a todo o momento, com orientações sobre o trabalho de pesquisa e como desenvolvê-lo. Como fazer isso?

Em conversas informais com os alunos de várias séries, verifiquei que os mesmos acessavam muito o Facebook. Então, criei um Blog

(https://wordpress.com/stats/insights/professoramilenebaratta.wordpress.com) com indicações, sugestões e textos sobre temas relacionados à Iniciação Científica, ligado à página do Facebook (https://www.facebook.com/Processo-de-

elabora%C3%A7%C3%A3o-de-artigo-para-divulga%C3%A7%C3%A3o-cient%C3%ADfica-1514137908897004/?ref=bookmarks). No início, houve muitas

dúvidas dos alunos, pois muitos não sabiam como acessar um Blog. Quando passaram a acessar por meio do Facebook, começaram a se familiarizar com o formato e, então, tornaram-se mais seguros em seus trabalhos.

Em conversas informais, constatei, também, que os alunos não sabiam pesquisar nem onde pesquisar. Desse modo, no âmbito da elaboração desse projeto, foi ensinado ao aluno onde deveria realizar a pesquisa e como deveria ser feito esse processo, o que também está relatado em outro capítulo desta dissertação.

A elaboração do blog ocorreu como um processo de aprendizagem para mim. Apesar de existirem orientações básicas, não há um único caminho para se elaborar uma página que possa contribuir para despertar o interesse pelo acesso. Menos ainda, orientações para produzir um material que auxilie o desenvolvimento de atividades escolares.

O primeiro questionamento que tive foi: Como vou montar um blog? A única informação que possuía, até o momento, era a de como acessar um blog como ferramenta de pesquisa de algum assunto que me interessava.

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Assim sendo, comecei como a maioria das pessoas começa uma pesquisa, ou seja, buscando no Google a questão: "como montar um blog". Para minha surpresa, abriram-se vários links com orientações para a criação de sites, websites,

wikis e blogs.

Em um segundo momento, tive preocupação em saber se todos os blogs eram pagos, mas logo compreendi que somente em algumas condições eles passam a ser pagos. Então, após essas verificações iniciais, fiz uma análise de diferentes sites de construção de blogs (www.wix.com, www.wordpress.com, www.webnode.com, www.montarumblog.com, www.wptotal.com, www.criarumblog.com) e o site que melhor se adequou às necessidades do projeto foi o wordpress. Considero que o ideal para a construção de um blog é encontrar uma plataforma que melhor se adeque aos gostos individuais e às necessidades de cada pessoa.

Outra fonte importante de orientação para a elaboração do blog foram vídeos do Youtube, com aulas de profissionais ou de pessoas mais experientes no desenvolvimento dessas ferramentas.

Escolhi o site WORDPRESS por me identificar melhor com ele e por este apresentar a plataforma de montagem mais apropriada aos meus conhecimentos de tecnologia. Em um primeiro momento, o que se tem que fazer é "xeretar” no site e ir seguindo os passos que o mesmo apresenta, lembrando sempre que cada um tem uma forma e uma maneira de orientar.

As dificuldades que passei foram: montar todo o blog e não salvar no site o que havia feito, ou ainda, esquecer a senha que havia criado para o primeiro blog. Na verdade, foram, ao todo, três blogs, até acertar como gostaria que ficasse, entre outras mudanças, como, de sites para montagem, estruturas de páginas e textos a serem colocados.

Foi um aprendizado muito grande, pois aprendi a inserir textos, vídeos do

Youtube, figuras e os fluxogramas que criei para ajudar os alunos. Além disso,

aprendi como relacionar o blog ao Facebook e o Facebook ao Blog.

Enfim, as dificuldades estavam relacionadas mais à falta de domínio das novas tecnologias do que ao conhecimento que se pretendia criar. Por sorte, entretanto, o site escolhido foi muito pedagógico para o desenvolvimento do projeto. Com este trabalho, é possível dizer que esse tipo de iniciação, em escolas

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públicas, não ocorre de uma hora para outra. É um processo longo, mas que rende frutos saborosos. Hoje, tenho alunos que já estão em cursos de mestrado ou especialização e sempre voltam para conversar comigo. Outros voltam para fazer estágios ou somente para me visitar e agradecer.

Os textos apresentados no Blog são adaptações de textos de autores como Volpato, Farias Filho e Arruda Filho. Houve, também, um texto adapatado do livro de Volpato. Selecionei temas que considerei importantes para o desenvolvimento deste trabalho. A elaboração do projeto foi de vital importância para mim, assim como, para os estudantes, pois, para estes, os textos do Blog constituíram fonte de inspiração para a realização de seus projetos de Iniciação Científica. Desse modo, ficou clara a importância desse Blog tanto para mim, quanto para os estudantes que conseguiram elaborar seus projetos de Iniciação Científica por dominarem conceito. Esses esclarecimentos servirão de auxílio para os próximos estudantes e professores que utilizarem o Blog como suporte para a elaboração de projetos de Iniciação Científica. Para o professor orientador, o Blog é importante como instrumento de orientação de seu aluno sobre o processo de criação e escolha do tema de seu trabalho, para o aluno-pesquisador, é fundamental para que este possa estruturar seu projeto e realizar a pesquisa.

No decorrer desse processo, comecei, concomitantemente à dissertação, outro projeto sobre as primeiras noções de Iniciação Científica, com estudantes dos sextos anos do Ensino Fundamental.

Nos sextos anos, os alunos já começam a aprender a importância de uma pesquisa com fonte segura, de não se fazer plágio e de se colocar a fonte de pesquisa ao se usar um texto de outro autor. Além disso, estão aprendendo a fazer levantamento de dados e montagem de tabelas e gráficos, poi assim, quando chegarem no Ensino Médio, não terão as dificuldades que os alunos, atualmente, têm encontrado para realizar uma pesquisa, pois já entendem que, em um trabalho de pesquisa, não se pode plagiar, mas criar, ou seja, começar a se tornar pesquisador e, quem sabe, um dia, um cientista.

Espero, também, com este projeto, ajudar nossos colegas do Ensino Superior a terem alunos que cheguem com qualidade e que tenham, pelo menos, os conhecimentos básicos para escrever bons artigos, TCCs, Monografias e Dissertações, sem terem que passar pelo processo de aprendizagem de forma

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tardia. Afirmo que isso é possível ser feito mesmo com os pequenos, e com qualidade, basta estarem dispostos para tal.

Não é um trabalho fácil, mas, como a profissão que escolhi é ensinar, pretendo ensinar aos meus alunos do Colégio Attílio Codato tudo que estiver ao meu alcance para que cheguem ao Ensino Superior com o que julgamos ser o mínimo de base acadêmica, ou seja, sabendo pesquisar, escrever e se organizar para a elaboração de trabalhos científicos e, desse modo, possam ser profissionais brilhantes.

Em palavras mais simples, tento, também, divulgar, entre os leitores desta dissertação, apenas alguns dos projetos que são desenvolvidos pela professora pesquisadora e autora deste trabalho.

Os relatos sobre os trabalhos e os dados serão discutidos em capítulo pertinente. Relato, com entusiasmo, a criação de um Blog para auxíliar os alunos a elaborarem projetos de Iniciação Cientifica. Esse Blog é organizado como uma página com informações relacionadas à estrutura de um trabalho, assim, apresenta vídeos que auxiliam os alunos na elaboração de um projeto e do trabalho propriamente dito, além de textos adaptados e vídeos relacionados a conceitos, o que lhes dá suporte para a construção de trabalhos e projetos.

As discussões teóricas em relação às TICs no ensino, o desenvolvimento de projetos de educação científica na educação básica e minha prática levaram à elaboração dos objetivos da pesquisa.

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CAPÍTULO 2

ESCRITA CIENTÍFICA NA EDUCAÇÃO BÁSICA

Nos dias atuais, no ambiente educacional de modo geral, é evidente e inquestionável a necessidade de os professores sempre estarem se atualizando em relação a abordagens de ensino diferenciadas, principalmente, nas áreas de Ciências e Biologia, de modo a possibilitar que este tenha uma abordagem investigativa. Nesse sentido, Rojo (2014) ressalta a necessidade de se ensinar aos alunos conteúdos específicos de formas variadas, utilizando-se outros recursos presentes na internet , que não se limitam somente a páginas de Facebook e consultas no Google, de forma geral.

Quando pensei neste projeto, minha maior preocupação era a ferramenta que poderia ser utilizada para a comunicação com os estudantes, e minha opção para a construção da mesma foi a tecnologia, pois é algo que atrai muito o interesse dos estudantes na atualidade. Assim, por que não aproveitar essa ferramenta tecnológica e usá-la em um projeto? No caso, aqui apresentado, o projeto Iniciação Científica utiliza um Blog.

Essa ideia ficou mais clara ainda em uma conversa com professores do Ensino Superior. Observei que todos apresentavam a mesma queixa: os estudantes chegam à graduação sem terem conhecimentos sobre a forma correta de se escrever um texto científico, por não terem tido qualquer contato com a Iniciação Científica.

Assim, surgiu a ideia de começar um trabalho com a produção de uma ferramenta tecnológica para que os alunos do Ensino Médio aprendessem a elaborar textos de Iniciação Científica, com a justificativa de que o domínio desse conhecimento é fundamental para o ingresso em Cursos Superiores, na atualidade, e pela necessidade de se construir meios para a alfabetização científica, pois:

[...] apesar de os meios de comunicação estarem disseminando os pontos preocupantes do desenvolvimento científico-tecnológico - como a produção de alimentos transgênicos, as possibilidades de problemas na construção de usinas nucleares, o tratamento ainda precário do lixo e outros - muitos cidadãos ainda têm dificuldades de perceber por que se está comentando tais assuntos e em que eles poderiam causar problemas a curto ou longo

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prazo. Mal sabem as pessoas que atrás de grandes promessas de avanços tecnológicos escondem-se lucros e interesses das classes dominantes. Essas que, muitas vezes, persuadindo as classes menos favorecidas, impõem seus interesses, fazendo com que as necessidades da grande maioria carente de benefícios não sejam amplamente satisfeitas (PINHEIRO; SILVEIRA; BAZZO, 2007, p. 72).

Os textos sobre as modificações no Ensino Médio ressaltam a importância da realização de projetos e atividades diferenciadas para se gerar mudanças na concepção de ciência e para se ensinar as primeiras noções em relação à escrita científica. Miller e Caribé (2010), em seus estudos, apontam que, historicamente, há uma preocupação com o ensino da escrita científica nas escolas. Além disso, autores como Mortimer (1996), Morelatti et al. (2014) e Venturim, Vecchi, Iglesias e Lopes (2014a) enfatizam a importância de projetos e atividades diferenciadas e interdisciplinares para realização da mudança necessária no âmbito da Educação Básica, para uma formação de qualidade, de modo que os estudantes possam ingressar nos cursos de graduação com o domínio de conhecimentos e habilidades básicas para a elaboração de trabalhos a serem apresentados em Congressos, Encontros e Simpósios das áreas específicas da carreira que escolheram.

Quando se fala em conhecimento científico, muitos se assustam, pois desconhecem a forma como essa comunicação deve ser feita. Nesse sentido, Müller e Caribé apontam que essa preocupação é histórica, pois remonta a origem do conhecimento científico, no século XV. Segundo os autores:

[...] o acesso ao conhecimento científico pela sociedade em geral, hoje é um fato considerado desagradável e corriqueiro nos países democráticos, deve ter um início marcado por regressão e preconceitos, mas foi aos poucos conquistando espaço e reconhecimento (MÜLLER; CARIBÉ, 2010, p. 14).

Essa situação começa a se modificar, paulatinamente, entre 1490 e 1520, graças ao advento da imprensa, propiciado por Gutemberg, o que possibilitou a disseminação, embora ainda restrita, principalmente, à Europa, do conhecimento científico. Conforme Müller e Caribé:

[...] por exemplo, em 1491, em Veneza, publica-se um compêndio de conhecimentos médicos, intitulado Fascículo de Medicina. Era uma coleção de textos universitários na qual se misturavam conhecimentos de Medicina da Antiguidade e da época medieval com inovações da Renascença. Publicado originalmente em latim, segundo a fonte Metropolitan Museum of Art (2010), teve edições em outros idiomas, como italiano e espanhol (MÜLLER e CARIBÉ, 2010, p15).

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Assim, a preocupação em relação à escrita científica vem de longa data, e tal situação permaneceu até o grande impulso dado pela Revolução Científica, no século XVII, principalmente, com Isaac Newton, em 1687, e com a Óptica, em 1704, já em pleno século século XVIII (MÜLLER e CARIBÉ, 2010).

Esse impulso foi de suma importância, pois, a partir de então, surgiram as primeiras academias de Ciência e teve início a divulgação da Ciência, por meio de periódicos científicos, de divulgação científica. Nesse contexto, há uma divergência sobre qual teria sido o primeiro periódico científico: o Journal of Sçavans, publicado por Denis Sallo, na França, em 05 de janeiro de 1665, ou Philosophical Transations, editado na Inglaterra, 3 meses depois (MÜLLER e CARIBÉ, 2010).

Nessa mesma época, verifica-se o surgimento de livros de divulgação científica, como a obra de Galileu - Dialoghi sopra i due massimi sitemi del mondo,

sole maico e copornicano (Diálogos sobre dois sistemas máximos do mundo

ptolomaico e coperniano) - publicada em 1632, assim, ainda no século XVII.

No século XVIII, têm início as primeiras conferências científicas públicas não universitárias, que tinham um formato específico, com cursos certos ou com aulas magnas. Eram aulas muito extensas, que podiam se estender por meses, como ocorreu com a palestra de filosofia experimental na Europa. Em muitas conferências, alguns instrumentos desenvolviam papéis importantes, como os microscópios (MÜLLER e CARIBÉ, 2010).

No século XIX, disciplinas científicas começaram a ser inseridas nos currículos das escolas, e os cientistas se dedicavam somente a uma determinada área. Essas transformações que ocorreram no âmbito da ciência acabaram por gerar reflexos em todas as outras áreas e nos projetos de conheimento científico e desencadearam mudanças na política, na economia e na sociedade, graças a trabalhos apresentados ou desenvolvidos nesse período e ao interesse das pessoas comuns pelos mesmos.

Nesse momento, como boa parcela da população que morava nos centros urbanos já dominava a leitura e a escria, textos científicos passaram a ser divulgados para a sociedade. Assim, a sociedade, de forma geral, começou a ter mais familiaridade com temas diversos, como, por exemplo, sobre a utilização de um microscópio.

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Com o passar dos anos, foram criadas e implantadas associações para o progresso da ciência, das quais participavam diversos acadêmicos, já que todos possuíam um mesmo objetivo, ou seja, produzir uma aproximação entre as ciências e a sociedade. Posteriormente, com o objetivo de disseminar a produção científica, surgiram vários periódicos e revistas em diversos países da Europa, tais como os abaixo relacionados:

1452-1519 - Leonardo da Vinci

1491- Fascículo de Medicina - Veneza - 1501-1576 - Gerolamo Cadarno

1582-1614 - Filippo Salviati

1571 -1620 - Giovanfrancesco Sagredo

1665 - Philosophiacal Transactions - Inglaterra- Robert Boyle e Henry Oldenburg

1687 - Princípios matemáticos da Filosofia Natural 1704 - Filosofia exerimental

1707 -1749 - Émile du Châtelet - Princípios da Matemática 1151- 1765 Enciclopédie de D'Alemebert e Diderot

1768 -1772 - Letters a une princesse d'Allemagne sur divers sujets de Física e Filosofia

1818- American Journal of Science 1845 - Scientific American

1860 - American Naturalist

1869- Inglaterra - Astrônomo - Norman Lockyer e o editor McMillan - Nature; 1878- Science News

1880 - 3 de julho - Thomas A. Edison e John Micheles deram início a edição Science (Müller e Caribé, 2010).

1933 - Museum of Science and Industry - Chicago - EUA

1937 - Inauguração do Laboratório do Serviço Especial de Profilaxia da Febre Amarela pela fundação Rockefeller - Brasil

1957 - Criado o Núcleo de Pesquisa da Bahia - Brasil

1966 - Centro de Pesquisa de Belo Horizonte - Centro de Pesquisa René Rachou

1981 - Laboratório Central de Controle de Drogas - Fiocruz - Brasil 1999- Museu da Vida - Brasil (Mueller e Caribé, 2010, p. 16-23)

Nota-se, assim, a importância da disseminação dos conhecimentos científicos de forma correta, ou seja, com base em uma escrita científica, tradição perpetuada até os dias atuais.

Conforme Mortiner (1996), estudos realizados sobre formas diferenciadas/alternativas de aprendizagem (construtivistas) para crianças e adolescentes, nas áreas específicas das Ciências, constataram que, de modo geral, há resistência a novas metodologias. Esse resultado também aparece em estudos

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de Viennot (1979 apud MORTIMER, 1996) que investigaram estudantes universitários em diferentes partes do mundo. Entretanto, conforme o autor:

[...] há um modelo de ensino para lidar com as concepções dos estudantes e transformá-las em conceitos científicos: o modelo de mudança conceitual. Proposto, inicialmente para explicar ou descrever "as dimensões substantivas do processo pelo qual os conceitos centrais e organizadores das pessoas mudam de um conjunto de conceitos a outro, incompatível com o primeiro"(Posner, Strike, Hewson&Gertzog, 1982, p211), "mudança conceitual se tornou sinônimo de "aprender ciência" (Niedderes, Goldberg &Duit, 1991), o que não significa que haja um consenso, acerca de seu significado. A exemplo do que ocorre com construtivismo, mudança conceitual, se tornou um rótulo a cobrir um grande número de visões diferentes até, inconsistentes (MORTIMER, 1996, p.22).

Assim, pode-se concluir que mudanças são necessárias, porém, nem sempre são aplicadas devido à resistência. Essa forma de aplicabilidade diferenciada é que se pretende apresentar e analisar neste trabalho.

Os professores estão acostumados a trabalhar, muitas vezes, somente com os conteúdos dos livros didáticos em sala de aula, mas se esquecem de que é necessário agregar conhecimentos interdisciplinares, ou seja, de outras áreas do conhecimento.

Entende-se que a Língua Portuguesa se faz necessária em todas as áreas de conhecimento, por ser o veículo de comunicação, então, por que não utilizar conhecimentos adquiridos pelos alunos, nesta área, em outras áreas do conhecimento, como, por exemplo, Biologia? Neste trabalho, a abordagem metodológica foi desenvolvida na disciplina de Biologia, com alunos do Ensino Médio.

Ao abordarem o tema Educação e novas metodologias pedagógicas, Morelatti

et al. (2014) assinalam que as transformações que ocorreram no século XX

marcaram, fortemente, a sociedade, que, desse modo, também sofreu modificções, o que acabou por se refletir na educação/escola, que também é uma instituição da sociedade. Assim, a escola e o professor perceberam a necessidade de se criar novas perspectivas para o ensino, ou seja, de assumirem o desafio de superar os modelos transmissivos e centralizadores para se ensinar nessa nova sociedade que se apresenta.

Dessa forma, a prática docente necessita de uma outra perspectiva, como aponta Roldão:

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[...] o saber profissional nuclear da docência é "saber ensinar como fazer aprender', levando-se em conta que esse saber "científico profissional global" apresenta variações conforme a área de conhecimento, o nível de escolaridade e o contexto da ação educativa, o que torna o saber profissional da docência bastante complexo (ROLDÃO, 2007, p. 26 apud MORELATTI, 2014, p. 640).

Morelatti (2014) menciona, em seu texto, que devem ser considerados, no ensino, alguns aspectos, como: os tipos de atividade que se pretende propor; a forma como os temas são relacionados ao cotidiano do aluno e da escola; o papel do professor e dos alunos como em uma dinâmica grupal; o tipo de relações que se pretende estabelecer na aula; e as propostas didáticas, pois estas determinam características diferenciais da prática educativa.

Ao se discutir aprendizagem, formas de aprendizagem, aplicação de novas metodologias e elaboração de projetos, não se pode excluir as teorias da aprendizagem, tema que será tratado em alguns momentos neste trabalho.

Moreira, Ostermann e Cavalcanti (2010) ressaltam que, nas universidades, deveriam ser realizadas reflexões/discussões sobre o conhecimento ali apreendido, mas, também, sobre os conteúdos que o futuro profissional deverá abordar no Ensino Médio.

Quando se pensou neste trabalho, foram consideradas várias possibilidades pedagógicas, e estas, aos poucos, foram sendo lapidadas para a obtenção de um projeto e de um trabalho que pudessem caminhar concomitantemente. Foram estudados textos referentes a trabalhos desenvolvidos por meio de projetos, com atividades diretamente relacionadas à TIC, ou seja, com atividades que tivessem uma relação direta com as novas tecnologias. Em todos os momentos do estudo, sempre houve a preocupação de se estar diretamente fundamentado em teorias de aprendizagem, para que os aspectos pedagógicos fossem respeitados e considerados na elaboração das atividades deste trabalho.

Essa preocupação deve ocorrer no desenvolvimento dos produtos educacionais relacionados ao assunto, pois, como relatam Ostermann e Cavalcanti (orientados por Marco Antonio Moreira, 2010):

[...] mesmo visões reconhecidamente ultrapassadas do processo de ensino-aprendizagem, tais como concepções behavioristas, precisam ser debatidas, pois, apesar de seu franco declínio na área da pesquisa em ensino de ciências, ainda podem ser identificadas em práticas pedagógicas, livros didáticos, materiais de divulgação científica, e como em sites, aplicativos, simulações, hipermídias, tutoriais disponibilizados na internet.

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Pelo fato de muitas vezes, esses materiais educacionais, serem desenvolvidos com o que chamamos de Tecnologias de informação e comunicação (TIC's), é comum que se autoproclamem "pedagogicamente modernos". Uma análise mais detalhada pode mostrar que são demasiadamente behavioristas, ou seja, usam tecnologias modernas com fundamentação ultrapassadas. A fim de reconhecer essas metodologias, é necessário ter conhecimento sobre as teorias que as embasam implícitas ou explicitamente, mesmo sendo estas ultrapassadas (OSTERMANN e CAVALCANTI, 2010, p. 5).

Na elaboração deste trabalho, formam utilizados conhecimentos de diferentes áreas, além de conhecimentos relacionados às teorias da aprendizagem. Na escola em que se desenvolveu o trabalho e a aplicação do produto educacional, também houve a preocupação de se conhecer assuntos relacionados a: multimídias, utilização de TIC, Unidades Didáticas, desenvolvimento de trabalhos por meio de projetos, elaboração e construção de blogs multimídia; e à tecnologia de uma forma geral.

Tive experiências positivas na escola durante um período de dois anos consecutivos, com projetos em parceria com Universidades e o projeto PIBID (Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência) existente na escola, o que despertou e motivou os alunos a desenvolver estudos científicos e experimentos como alunos/pesquisadores. Considero que estas atividades foram de fundamental importância para que este trabalho obtivesse sucesso.

Como os alunos estavam em constante contato com alunos de universidades, na escola, eram incentivados por estes e também por mim, o que aumentou o interesse dos mesmos. Assim, houve uma conjunção de áreas diferentes com um único objetivo: despertar do interesse dos alunos, para estes se tornarem estudantes/cientistas, e não somente alunos ouvintes.

De posse de informações retiradas do cotidiano da escola e da leitura de um trabalho relacionado ao PIBID (Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência) e de trabalhos relacionados a esse segmento, buscou-se , no estudo de Venturi et al. (2014), Relato de Experiência com alunos do Ensino Médio, referencias teóricas sobre escrita científica para a educação básica e sobre sequências didáticas para a promoção da alfabetização científica. Encontrou-se embasamento para uma reflexão sobre escrita científica também no trabalho de Lima e Maués, que discorrem sobre a importância e o desenvolvimento de atividades de investigação científica. Para os autores:

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Segundo Carvalho (2003), uma atividade investigativa não pode ser reduzida a uma mera observação ou manipulação de dados - ela deve levar o aluno a refletir, a discutir, a explicar e a relatar seu trabalho aos colegas. Para que isso aconteça, alunos devem ser envolvidos em um processo investigativo através de uma situação-problema que gerará questionamentos que levarão à elaboração de hipóteses, à análise de evidências, fazendo com que eles cheguem a uma conclusão e comuniquem os resultados aos seus colegas. Nessa perspectiva, a aprendizagem de procedimentos ultrapassa a mera execução de certo tipo de tarefas, tornando-se uma oportunidade para desenvolver novas compreensões, significados e conhecimentos do conteúdo ensinado (LIMA e MAUÉS, 2006, p.13).

Assim, fica evidente que se deve criar ambientes que estimulem atividades de investigação no âmbito do Ensino de Ciências e Biologia. A partir do momento em que se entende a natureza da investigação científica, é possível obter os resultados desejados.

Nesse aspecto, existem algumas prioridades que devem ser observadas, tais como: a contextualização e o pluralismo metodológico, que visam à inclusão e à motivação, a partir de uma proposta colaborativa e, em alguns casos, do desenvolvimento de sequências didáticas investigativas (VENTURINI et al.,2014).

De certa forma, não é possível deixar de lado o elemento central de um posicionamento crítico ao se refletir sobre a importância fundamental das práticas e para a compreensão de algo mais específico no funcionamento destas, que se relaciona a : analisar, agir, gerar e produzir (BRONCKART, 2009).

Assim, ao analisar as dificuldades dos estudantes universitários apontadas pelos professores, optei pela proposição de um trabalho, em nível de Ensino Mério, que levasse os alunos a dominarem noções de Iniciação Científica e a aprenderem a utilizar a escrita científica.

Esse é um processo longo, pois é algo novo a ser aplicado na escola, ainda mais, em se tratando de uma Instituição Pública, na qual não existe o hábito de se trabalhar Iniciação Científica com os alunos.

Nesse contexto, Santos assinala a importância que o letramento e a Iniciação Científica passaram a ter a partir do início do século passado:

No início do século XX, a alfabetização ou letramento científico começou a ser debatido mais profundamente. Desses estudos iniciais, pode-se destacar o trabalho de John Dewey (1859-1952), que defendia nos Estados Unidos a importância da educação científica. Esses estudos passaram a ser mais significativos nos anos de 1950, em pleno período do movimento cientificista, em que se atribuía uma supervalorização ao domínio do conhecimento científico em relação às demais áreas do conhecimento

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humano. A temática tornou-se um grande slogan, surgindo um movimento mundial em defesa da educação científica (SANTOS, 2007, p.474).

Segundo Watson (2010), quando se realiza um processo de elaboração de projeto para uma pesquisa de Iniciação Científica, o comportamento de interesse é aprendido pelos estudantes. Esse processo não ocorre, efetivamente, sem o estabelecimento de propostas motivadoras que possam auxiliar a aprendizagem. Assim, o projeto deve embutir os recursos necessários para instigar o interesse dos alunos, pois estes precisarão ler e pesquisar para que possam aprender o conteúdo escolhido (OGASAWARA, 2009).

De modo geral, cada escola apresenta uma realidade bastante diferenciada, peculiar. Assim, ao se desenvolver determinados tipos de trabalhos, projetos e atividades pedagógicas, é preciso adequá-los à realidade local.

As expeiências, de anos anteriores, relativas à prática de ensino da disciplina de Biologia e Ciências, como a constatação da necessidade de se utilizar atividades diferenciadas, no Ensino Médio, para incentivar o desenvolvimento da pesquisa científica, foram utilizadas como estratégias para a obtenção dos resultados esperados. Desse modo, o mapeamento das dificuldades observadas ao longo da experiência profissional possibilitou o aprimoramento das atividades de Iniciação Cientifica propostas pelo projeto que queira desenvolver em relação ao letramento científico. Nesse contexto, foi possível constatar que, embora a literatura aponte resultados positivos, também há a necessidade de se avaliar os aspectos negativos, pois estes também servem como direcionadores para adequações no projeto, experiência que me motivou a propor o projeto de mestrado.

Desse modo, entre outras estratégias/recursos de aprendizagem, não se pode excluir a utilização das novas tecnologias. Na elaboração deste trabalho e na aplicação do projeto na escola, um dos recursos utilizados perternce à área tecnológica. Nesse sentido, ara Pinheiro, Silveira e Bazzo:

Torna-se cada vez mais necessário que a população possa, além de ter acesso às informações sobre o desenvolvimento científico-tecnológico, ter também condições de avaliar e participar das decisões que venham a atingir o meio onde vive. É necessário que a sociedade, em geral, comece a questionar sobre os impactos da evolução e aplicação da ciência e tecnologia sobre seu entorno e consiga perceber que, muitas vezes, certas atitudes não atendem à maioria, mas, sim, aos interesses dominantes. A esse respeito, Bazzo (1998, p. 34) comenta: “o cidadão merece aprender a ler e entender – muito mais do que conceitos estanques - a ciência e a

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tecnologia, com suas implicações e conseqüências, para poder ser elemento participante nas decisões de ordem política e social que influenciarão o seu futuro e o dos seus filhos (PINHEIRO, SILVEIRA e BAZZO, 2007, p.72).

Para o desenvolvimento científico de uma nação, é necessário que, já educação básica, o estudante compreenda o que é ser pesquisador, o que é um trabalho científico e que ele próprio poderá se tornar um futuro pesquisador e cientista, como muitos sonham quando se encontram no ensino fundamental. Entretanto, de modo geral, quando se pergunta às crianças, que frequentam o Ensino Fundamental, o que um cientista faz, a primeira coisa que relatam é uma explosão em um laboratório.

Desse modo, é evidente que é necessário modificar essa ideia que os estudantes têm sobre a ciência e a pesquisa científica, e isso só será possível com a implantação de Iniciação Cientifica desde o Ensino Fundamental e não somente no Ensino Médio e na Graduação.

Por outro lado, historicamente, no campo científico, essa ideia de modificação do foco do ensino das ciências, de modo que os estudantes possam entendê-la e praticá-la, muitas vezes, enfrenta o monopólio científico e a autoridade que o detém. A autoridade científica caracteriza-se pela domínio da capacidade técnica e pelo poder de legitimação dos resultados (BORDIEU, 1976).

Ao construir um caminho para que os alunos do Ensino Médio despertem, inicialmente, seu interesse pela pesquisa científica e, posteriormente, para a aplicação e desenvolvimento de projetos, espera-se que os objetivos da proposta sejam significativos. Além disso, espara-se que esses estudantes consigam relatar, por meio de linguagem científica, suas pesquisas e experimentos, de modo a divulgá-los. Müller e Caribé, ao tratarem, historicamente, da produção e divulgação de textos científicos, apontam que:

Apesar de essas obras pioneiras poderem ser consideradas de divulgação científica, autores, como Calvo Hernando (2006); Massarani e Moreira (2004); e Semir (2002), consideram que, como gênero literário distinto, a produção de obras de divulgação da ciência ocorrera, de fato, apenas a partir dos séculos XVII e XVIII. A expressão divulgação científica, no entanto, deve ser entendida no contexto de cada época. Ziman (1981) lembra que até a Revolução Científica do século XVII, apenas as reduzidas elites intelectuais tinham acesso aos saberes relacionados com o mundo natural, pois os tratados produzidos eram escritos em latim erudito. Após esse século, com o avanço das línguas vernáculas, começaram a aparecer

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obras de conteúdo científico destinadas a um público maior. Num mundo onde a influência da religião permeava todas as atividades, os eruditos tentavam se proteger, esforçando-se para obter legitimidade e reconhecimento para a ciência e para sua produção (MÜLLER e CARIBÉ, 2010, p. 15).

Sempre houve, historicamente, preocupação em divulgar os novos conhecimentos científicos e tecnológicos, pois ambos caminham juntos. Segundo Müller e Caribé (2010), significativos avanços, no campo das ciências, começaram a ocorrer no final do século XIX, porém, foi a partir do século XX que se deram as maiores transformações, em todas as áreas, graças ao avanço do conhecimento científico, que passou contar, para sua divulgação, com os meios de comunicação e, atualmente, com o a internet. Nesse sentido, para Müller e Caribé:

[...] nenhum invento teve o impacto da internet, onde todas as formas de comunicação se fundem, e a informação científica se torna accessível de maneira impensada até então. No espaço virtual, há museus, livros, revistas, enciclopédias, cursos, filmes, sites oficiais, comerciais e pessoais e inúmeras novas formas de comunicar, de acesso gratuito ou pago. É um novo mundo em permanente evolução que ocorre em velocidade crescente, de forma mais abrangente e mais complexa em termos de tecnologia, porém mais simples em termos de acesso para o cidadão. Neste cenário que se convencionou chamar globalizado, as barreiras mais difíceis de derrubar continuam sendo não as tecnológicas, mas as geradas pelas pessoas, pela ambição de ditadores e / ou por preconceitos de crenças (MÜLLER e CARIBÉ, 2010, p.27).

É nesse contexto que se enquadra o projeto de Iniciação Científica descrito neste estudo, desenvolvido com base em um produto educacional relacionado às novas tecnologias, no caso, a internet, por meio de um Blog, e à criação de uma página do Facebook, de forma interligada.

Esse recurso foi a maneira encontrada para enfrentar obstáculos que ainda persistem no meio escolar e acabam por gerar desinteresse por certas atividades, individuais ou em grupo, e, consequentemente, improdutividade, fora ou dentro da sala de aula, como aponta Mortimer (1996).

Os problemas relacionados a estratégias resultam em situações em que os estudantes não se sentem motivados pela atividade, pelo projeto ou pelo assunto, o que passa a ser um obstáculo para o desenvolvimento dos mesmos. Nesse momento, o professor deve rever suas estratégias e buscar opções para substituí-las por recursos interessantes para os estudantes da atualidade.

Além disso, é necessário saber lidar com conceitos incorretos, baseados na intuição ou no senso comum, relativos às ciências, que os estudasntes trazem para

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a sala de aula, pois, para eles, não existe conceito errado, o que acaba por prejudicar a aprendizagem (MORTIMER, 1996).

Nesse contexto, para lidar com o desinteresse dos estudantes, deve-se utilizar essas ideias prévias para se iniciar um assunto ou projeto, de modo a modificar, com base na ciência, os conceitos incorretos. Nesse momento, é importante esclarecer se essas ideias prévias seriam praticáveis ou não, direcionando os alunos para a internalização de conceitos corretos e não deturpados, que, muitas vezes, eles trazem consigo.

Para Ludke (2001), no âmbito do ensino, o professor-pesquisador deve criar uma conexão com o ambiente, de modo a torná-lo propício para uma aprendizagem significativa. Nesse sentido, o autor salienta que os cursos de graduação em Ciências precisam considerar a formação de profissionais para a atuação na educação básica e não somente para o desenvolvimento de pesquisa. O foco na pesquisa só considera o trabalho do futuro professor que deseja se aprofundar em conhecimentos de disciplinas específicas, entretanto, a educação básica necessita de professores interessados em desenvolver projetos de pesquisa na escola. Segundo o autor:

A ausência de menção à pesquisa instigou-nos a propor um novo estudo, para procurar esclarecer como e porque se dá ou não a relação, entre atividade de pesquisa e o que é recurso trazido pelo professor das agências formadoras e desenvolvido por ele em seu exercício profissional. O novo estudo foi realizado com professores do mais alto nível da educação básica, o ensino médio, em estabelecimentos da rede pública, procurando obter a visão desses professores sobre a complexa relação (LUDKE, 2001, p. 79).

Nota-se que existe, também, ausência de professores, na educação básica, dispostos a desenvolver atividades que envolvam aptidões necessárias para preparar alunos pesquisadores. Conforme Ludke (2001), isso ocorre por que, na maioria das vezes, os professores não receberam formação para tal na graduação, consequentemente, têm dificuldades para preparar alunos pesquisadores na educação básica. Assim, é necessário que haja diálogo entre os professores da educação básica e os das universidades, o que propiciaria oportunidades de parcerias para o desenvolvimento de atividades e experimentos na educação básica.

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Hoje, o que se verifica, nas escolas, em todas as áreas do conhecimento, é a necessidade em se trabalhar a interdisciplinaridade, por meio de projetos. No caso aqui apresentado, em específico, a opção inicial foi propor atividades de Iniciação Científica que se enquadrassem no desenvolvimento de trabalhos por meio de projetos.

Inicialmente, realizei leituras sobre a importância da ciência no Ensino Médio, para a formação de alunos pesquisadores. Entre as obras pesquisadas, está a de Volpato (2013), que salienta a importância do estudante-pesquisador, pois este pode contribuir não só para o seu futuro profissional, mas também desenvolver estudos extra-acadêmicos que podem trazer novos conhecimentos. Atualmente, uma das maiores dificuldades, nas escolas da educação básica, é o Ensino Superior, pois este não trabalha, com seus estudantes, conhecimentos na área de Iniciação Científica, necessários para a atuação dos profissionais em escolas dos Ensinos Fundamental e Médio. Por outro lado, esses estudantes, quando estavam no ensino básico, também não receberam essa formação. É nesse contexto que a proposta apresentada neste estudo é auxiliar os estudantes para que possam desenvolver conhecimentos e habilidades para a efetivação de pesquisa científica.

Esta formação não ocorre de um momento para outro, ou seja, trata-se de um processo, um caminho que deve ser percorrido. Para que o aluno possa construir uma boa formação, o professor deve lhe oferecer instrumentos, ensinamentos e uma estrutura para tal.

Para Volpato (2013), o aluno deve aproveitar as oportunidades que lhe são oferecidas, mesmo em um contexto diferente do esperado, que não propicia condição excelente aprendizagem, pois, de modo geral, a realidade é a seguinte: os professores, em sua maioria, não são cientistas; o ambiente (escola) não propicia condição ideal; e, muitas vezes, os estudantes não têm interesse pela ciência e nem almejam se tornar cientistas. Segundo Volpato:

[...] o ensino de ciências não é apenas formal (nas escolas) e que, mesmo em seu aspecto formal, não deve ocorrer apenas nas disciplinas especificamente destinadas a esse fim, mas fazer parte do discurso geral em cada disciplina e orientação (VOLPATO, 2013, p. 63).

Assim, o aprendizado científico não deve ser limitado apenas às matérias específicas, mas ocorrer em cada uma das disciplinas, pois todas pressupõem a necessidade de pesquisas. Nesse sentido, Volpato( 2013) afirma que quem faz

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