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TÍTULO: EMANCIPAÇÃO DO CONSUMISMO INFANTIL: INFLUÊNCIAS E RESPONSABILIDADES TÍTULO:

CATEGORIA: CONCLUÍDO CATEGORIA:

ÁREA: CIÊNCIAS SOCIAIS E APLICADAS ÁREA:

SUBÁREA: Administração SUBÁREA:

INSTITUIÇÃO(ÕES): FACULDADE ADVENTISTA DE HORTOLÂNDIA - FAH INSTITUIÇÃO(ÕES):

AUTOR(ES): MARIANA MIRANDA RODRIGUES, GUDIMILA GABRIEL TOBIAS AUTOR(ES):

ORIENTADOR(ES): ALYNE BENTO DE LIMA BRIANEZI ORIENTADOR(ES):

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RESUMO

Como objetivo, este estudo buscou investigar os fatores que promovem a emancipação do consumismo infantil, suas influências na vida da criança e a responsabilidade dos pais, sociedade e organizações. A metodologia caracterizou-se como exploratória descritiva; bibliográfica e pesquisa de campo. Aplicou-caracterizou-se questionário semi estruturado por meio de plataforma virtual em Instituição de Ensino, na Região Metropolitana de Campinas - RMC. Participaram da pesquisa 794 crianças de 8 a 12 anos. Os resultados são claros, entre eles percebeu-se: a criança tem papel principal no processo de decisão de compra da família. Crianças preenchidas de brinquedos e eletrônicos para substituir a presença dos pais, entre outros fatores que são de significância expressiva para a pesquisa e disseminação da informação e conscientização.

Palavras-chave: Influência, Marketing, Consumismo Infantil, Criança.

1 INTRODUÇÃO

O desenvolvimento tecnológico dos meios de comunicação vem influenciando desde a forma de agir e pensar, consequentemente condutas, atitudes, até mesmo a decisão de compra. Todavia quando se cita o substantivo criança, dá uma certa preocupação, pois está lidando com seres extremamente vulneráveis que estão construindo bases de opinião, caráter, entre outros.

As crianças têm sido o principal alvo das propagandas das organizações, por ser um público-alvo fácil de ser atingido. Devido a essa questão, será discutido como as crianças são abordadas com o excesso de informações.

Segundo Karsaklian (2004), as propagandas despertam a atenção das crianças com efeitos visuais e auditivos que se repetem constantemente, propiciando entretenimento e memorização.

As empresas inserem a publicidade muito cedo, a criança acaba agregando mais valores de consumo do que valores éticos, como pessoa, focando no ter e não no ser. (BLÁZQUEZ, 1999). Essas propagandas criam perspectivas nas crianças, pois unem o real ao fictício, formando uma imagem idealizada do produto em sua mente que pode não suprir suas expectativas.

O órgão regulamentador da publicidade e propaganda é o Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária - CONAR, porém existem apenas leis específicas para propaganda enganosa e propaganda abusiva (que tem violência fere os valores éticos e morais, ambientais, de saúde e segurança, exploram o medo e discriminam de alguma forma). (CÓDIGO CONAR, 2016).

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1 Diante dos achados bibliográficos, a problemática levantada para este estudo foi: quais os fatores que determinam o consumismo emancipatório infantil? Sabe-se que a criança em processo de desenvolvimento cognitivo tem dificuldades no processo de escola consciente ou na escolha com maturidade.

O objetivo central do estudo é investigar os fatores que promovem emancipação do consumismo infantil.

Diante disso, o trabalho tem como propósito alertar os responsáveis e a sociedade sobre os reflexos e os efeitos da exposição às mídias, aos eletrônicos, entre outros. Segundo o documentário “Criança a alma do negócio”, o Brasil não dispõe de uma regulamentação específica para limitar as ações do marketing e ampará-la. Ou seja, o responsável legal pela criança carrega sobre si toda a responsabilidade, porém a responsabilidade social, o respeito para com as crianças não é observada com profundidade.

Sente-se a latente necessidade de comunicar que grande parte das crianças tem substituído a essência do brincar pelo prazer de consumir.

2 REVISÃO TEÓRICA

O desenvolvimento infantil é um processo que está relacionado ao aprendizado e descobertas ligados as áreas sensoriais, cognitivas, racionais, motoras. Conforme a vivência de cada fase a criança vai aprimorando a estas áreas e construindo sua identidade.

A criança passa pelo desenvolvimento em quatro fases, porém apenas três são relevantes para o marketing. De 0 a 2 anos, caracteriza-se pelo descobrimento sensorial, do próprio corpo, não podendo ainda ser influenciada por outros indivíduos. Dos 2 aos 7 anos é a fase onde há egocentrismo, curiosidade, indagações, mescla do real com o imaginário. Dos 7 aos 12 anos é a fase onde a criança começa a defender seu ponto de vista, suas ideias, tendo assim uma melhor percepção da realidade; é facilmente influenciada por personagens, figuras públicas e pessoas do cotidiano. (PIAGET, 2003). Segundo Nunes e Araújo (2016), a partir da terceira fase, o marketing utiliza de suas estratégias para estimular o consumismo nas crianças.

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2 Essa fase é importante e acaba sendo mais relevante para o marketing, pois é nela que as crianças criam convicções, desejos próprios e sintetizam a necessidade de obter bens e ou serviços para se sentirem aceitas na sociedade.

O desenvolvimento tecnológico tem influenciando diversas áreas, isso inclui desde o comportamento humano até a economia. Novas maneiras de viver e enfrentar a vida estão sendo expostas de acordo com as constantes mudanças, de maneira geral isso abrange o próprio comportamento do consumidor que se sente influenciado pelas novas tecnologias, excesso de informações; ele cria consequentemente “novas” necessidades e expectativas de consumo. (BITTENCOURT et al., 2015).

O novo cenário provocou reajustes no mercado de trabalho, os pais se viram diante de novos desafios em como conciliar as intensas horas de trabalho e a família, educação dos filhos, lazer, tempo, e tudo isso para conseguirem se adequar à rotina. Logo, o quadro onde os responsáveis por educar, dar atenção, cuidado, carinho, amor aos filhos, foi trocado pela tecnologia.

Segundo Lini (2010), os pais estão sempre em busca do melhor para seus filhos, com o propósito de oferecer educação e futuro dignos para eles; enquanto as indústrias aproveitam dessa preocupação para uma oportunidade de negócio.

O bombardeamento de informações, opiniões e referências aliado ao novo ritmo de vida refletem diretamente na relação entre pais e filhos, e então os pais vivem num mundo competitivo e os filhos, adeptos à nova tecnologia, “querem o que as publicidades e propagandas ditam como tendência”, assim como afirma (ARAÚJO, 2016, s/p).

Segundo Ribeiro e Ewald (2010), a ausência dos pais ou responsáveis pode comprometer o processo de formação de opinião a respeito do que é divulgado nas propagandas, deixando-as mais suscetíveis a ser influenciadas pela televisão e se tornar cada vez mais consumistas. O sentimento de culpa pelos pais não terem o tempo necessário para participar do cotidiano de suas crianças é nítido e, por isso, acabam cedendo as suas vontades.

De acordo com Mathias e Gonçalves (2017), o uso desenfreado da tecnologia está desconstruindo as relações familiares e afetivas das crianças, das quais estão se dedicando e valorizando cada vez mais ao mundo virtual e deixando de lado o mundo real.

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3 Ressalta a importância da criação de hábitos de consumo saudáveis, que esclareça para criança valores éticos, ambientais e sociais. Auxiliando-a na criação de uma opinião crítica sobre o consumo. “É papel da família e da escola realizar um trabalho de sensibilização sobre o ser e não o ter, afim de que seja evitado o consumismo exagerado por parte das crianças”. (PEREIRA; SILVA. 2016, p. 12).

Segundo a LEI FEDERAL Nº 8.069, DE 13 DE JULHO DE 1990, nos presentes artigos 4º e 22º, é explicito que o Estado assegura direitos e deveres para os pais ou responsáveis, não podendo deixar de prestar os devidos cuidados ao menor incapaz, pois este se encontra em fase de construção a personalidade e compreensão do meio em que vive.

O público infantil está desenvolvendo suas próprias táticas para conseguir o que a propaganda lhe apresenta: pedindo a seus pais, relatando que viram na tv ou que o coleguinha tem, através da mesada, porém para Karsaklian (2004, p. 255) considera que para as crianças, existem somente duas alternativas para uso do dinheiro: “ou gasta-se tudo de uma vez ou guarda-se o dinheiro que se tem”, pois, as crianças não conseguem ver o ato de economizar como forma de investimento para uma compra futura.

Segundo Bortolatto et al. (2017, p.64) “grande parte das propagandas infantis apresentam personagens e produtos conjugados e, geralmente, esses personagens consomem ou utilizam o produto durante a propaganda”. Essa estratégia é usada para atingir a criança que não possui opinião crítica estruturada, através da propaganda que utiliza estes recursos idealizando produtos ou serviços a serem consumidos.

Segundo Karsaklian (2004), ao fidelizar o público infantil a propaganda precisa: 1) entreter a criança, trazendo humor, fazendo com que a mesma se familiarize e se identifique com esta; 2) As propagandas são direcionadas as crianças de diferentes idades valorizando a temática de acordo com suas fases; 3) músicas com refrãos curtos, com rimas e fáceis de gravar são os preferidos para memorizar a ideia do produto ou serviço.

A propaganda investe em pesquisa desenvolvendo estratégias para conquistar a criança, criando uma ponte entre o produto e o imaginário utilizando personagens, músicas, brincadeiras, outras crianças, para criar o desejo do objeto e a satisfação ao consumir.

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4 A exposição permitida às crianças nos meios de comunicação somadas as estratégias, ações e ferramentas apropriadas do marketing podem ou não influencia-lá a tornar-se um indivíduo consumista.

Torna-se um consumidor infantil iniciante, a partir do momento que os pais fornecem meios para que os mesmos se sintam independentes. "Seja pela mesada, seja pela influência na decisão familiar sobre o que consumir - traduz-se na criança investida de direito, tratada como indivíduo autônomo." (DUTRA, 2015, s/p).

Ao adquirir esta ideia independência a criança cria uma imagem de si mais adulta, utilizando vestimentas, acessórios e cultivando pensamentos e comportamentos além de sua idade. Isso traz um sentimento de falsa independência, que é reforçada pelos pais e familiares, incentivando uma autonomia consumista exagerada, dando espaço para o marketing agir, pois são absorvidos conceitos e atitudes consumidoras.

Com todas essas perspectivas, é importante ressaltar que a criança precisa desfrutar da infância para criar um alicerce da sua própria identidade, visão de mundo e o bom relacionamento com o próximo.

3 METODOLOGIA

A metodologia que permeou esta pesquisa caracteriza-se quanto à natureza da pesquisa: quantitativa.

Para a classificação da pesquisa, tomou-se como base a taxionomia apresentada por Vergara (2005), que a qualifica em relação a dois aspectos: quanto aos fins e quanto aos meios. Quanto aos fins, a pesquisa é descritiva explicativa, pois tem o intuito de descrever os achados de maneira prática e fácil e ter um desenho de coleta de dados bem estruturado, além de explicar e/ou responder a questão norteadora da pesquisa. Tendo como objetivo tornar algo inteligível, justificar os motivos, esclarecendo quais fatores contribuem para a ocorrência de determinado fenômeno. Quanto aos meios, utilizou-se de pesquisa bibliográfica e pesquisa de campo. A bibliográfica aconteceu a partir de estudo sistematizado desenvolvido com base em artigos publicados, em livros, revistas, jornais e internet. A pesquisa de campo aconteceu a partir da aplicação de questionário estruturado, com perguntas fechadas em uma Instituição Particular de Ensino Básico (IEB) no interior de São Paulo. Participaram da pesquisa 794 crianças de 8 a 12 anos,

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5 estudantes do 3º ao 5º ano do Ensino Fundamental do período da manhã e da tarde, previamente autorizados pelos responsáveis legais. O questionário foi aplicado durante as aulas de informática em laboratório, cedido pela diretora da instituição. Os alunos responderam o questionário direto na plataforma on line do Google Formulários, utilizou-se as ferramentas Google para apurar os dados em planilhas do excel e construir o gráficos.

4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

O número de respondentes da pesquisa validados foram de 794 crianças, e foi utilizado porcentagem para representação dos resultados.

Apresenta-se que 56,3% dos respondentes da pesquisa frequentam a escola no período da manhã. E 43,7% frequentam no período da tarde. Todavia, nota-se que apesar da diferença, as quantidades estão equilibradas.

Tabela1. Quantidade de respondentes

Idade dos respondentes Quantidade equivalente a idade

8 anos 156

9 anos 259

10 anos 235

11 anos 124

12 anos 6

Fonte: elaborado pelas autoras

A figura 1 apresenta quantos respondentes obtiveram dentro da faixa etária de 8 a 12 anos. Escolheu-se iniciar a coleta de dados com alunos a partir dos 7 e 8 anos por acreditar que estes terão condições melhores de maturidade para responder as questões. Percebe-se que Piaget vem a fortalecer a decisão tomada, pois acredita que nessa fase o indivíduo começa a fundamentar sua opinião, expor seus pensamentos, tem uma melhor compreensão da realidade a sua volta, porém de maneira simplista ainda. (PIAGET, 2003).

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6 Em relação aos respondentes, 52,9% (420) eram meninos e 47,1% (374) meninas. Percebeu-se que as crianças possuem um equilíbrio entre meninos e meninas nas séries 3º ao 5º ano do fundamental, foco deste estudo.

Os resultados mostraram que 55,0% dos respondentes moram com os pais e irmão (os), 30,0% somente com os pais e 15,0% com os pais, irmão (os) e outros.

Segundo Ribeiro e Ewald (2010), a família e os que convivem com a criança acabam tornando-se exemplo para que ela se torne um consumidor precoce, pois a criança presencia e analisa as atitudes dos familiares, reproduzindo seus comportamentos. Sendo assim, as crianças se tornam consumistas de acordo com o convívio diário.

Tabela 1. Quantidade de itens eletrônicos em casa. Qtd. TV Computador

de mesa

Notebook Tablet Celular Aparelho de DVD Vídeo Game 0 19 368 187 202 31 154 270 1 238 339 374 377 82 449 372 2 280 59 163 147 141 136 94 3 176 14 42 52 248 21 29 4 45 08 17 11 165 9 11 5 32 06 11 05 127 25 18

Fonte: Elaborado pelas autoras.

Ao verificar os resultados na tabela 1, observou-se que os itens que mais aparecem nos lares são TV e celular, poucas crianças não tem acesso a eles – apenas 19 crianças não possuem TV em casa e 31 não tem celular, apresentando quantidades baixas em relação ao montante de 794 respondentes.

Em seguida, DVD e notebook são os itens que também deixam de existir em muitos lares – 154 respondentes apontaram não ter aparelho de DVD e 187 respondentes disseram não ter notebook em casa.

De modo geral, percebe-se que os lares estão abastecidos com produtos eletrônicos apresentados na pesquisa, seja em pequena ou grande representatividade, ou seja, todos os respondentes possuem pelo menos um tipo de

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7 eletrônico em casa. Isso remete ao que Lini (2010) afirma, diante de um comportamento que gera a busca dos pais para um futuro melhor, com mais estabilidade financeira, podendo oferecer uma educação de qualidade. Porém esse comportamento pode estimular a criança a construir um pensamento que consumir é algo fácil, tendo dificuldade em valorizar os esforços para alcançar desejos.

Segundo o autor, essa escolha acaba privando-os do tempo livre que poderiam estar com seus filhos, dando espaços para as tecnologias e a desconstrução do convívio familiar. Além da anulação de responsabilidades, influências e ensinamentos, principalmente emocionais. Dando abertura para que a aprendizagem e influências aconteçam vindas de outros meios.

Nota-se que o marketing vem conquistando as crianças através de propagandas lúdicas, associadas com as facilidades de acesso à mídia, oferecendo oportunidades para desenvolver desejos e necessidades supérfluas.

O Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária - CONAR, não prevê legislações, nem punições específicas para proteger a criança do excesso de informações transmitidas pelas publicidades e propagandas.

De acordo com Ferreira (2016), a cultura do consumo faz com que as crianças experimentem de forma imatura uma sociedade pautada em estereótipos e status, iniciando um processo precoce de compra.

Ao perguntar sobre itens eletrônicos exclusivos de uso do respondente percebe-se um cenário tipicamente contemporâneo. Dos 794 respondentes, apenas 68 não possui eletrônicos próprios, porém, isso não inibe o contato com produtos eletrônicos, pois em casa, todos os respondentes possuem pelo menos um eletrônico, como observado na tabela 1.

Os itens que mais aparece em posse das crianças são celular e tablet, mesmo com opções de eletrônicos, estes são os mais consumidos. Os dispositivos móveis oferecem facilidade de transporte, garantindo a interatividade das crianças, atendendo-a em qualquer ambiente que esteja inserida.

Segundo Araújo (2016), mesmo com a pouca idade das crianças, percebe-se estratégias para alcançarem seus objetivos de consumo. As alternativas disponibilizadas foram: Imploro, peço para eles comprarem, pedindo por favor, não faço nada, espero eles perceberem, faço cara de triste, espero e compro com a minha mesada, peço para meu pai, mãe avós, negocio em troca de algo, arrumo a

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8 casa e fico obediente. Mais de 50% dos respondentes responderam “Peço para eles comprarem”, 25% “Imploro” e o restante se divide entre as outras alternativas com menores porcentagens. As crianças acabam criando uma necessidade e acreditando na legitimidade de seu desejo, muitas vezes em comprar produtos desnecessários.

Quanado perguntado sobre os patrocinadores dos itens eletrônicos das crianças, identificou-se 457 como sendo os pais e 49 crianças não tem nenhum patrocinador.

De acordo com Lini (2010), a maioria dos pais compram produtos eletrônicos para seus filhos, estando dispostos a satisfazer os desejos dos mesmos.

Segundo Araújo (2016) os pais, devido sua ausência, acabam suprindo as vontades das crianças com bens e serviços, ou para entreter a criança ou por compartilhar uma atividade, porém essa atitude dá a possibilidade de autonomia para a criança, mesmo não tendo discernimento para filtrar as informações.

Quando perguntado sobre a utilidade dada aos eletrônicos, observou-se que mesmo jogos off line sendo a primeira opção com 57,05%, uma enorme porcentagem de respondentes obtiveram como segunda opção jogos on line com 26,70%, ou seja, de modo geral, a principal função dada aos eletrônicos que possuem é a de jogar. A partir dessas informações os jogos virtuais são produtos que cativam as crianças na faixa etária pesquisada.

O acesso à internet e o tempo de conexão também foi investigado. Dos 794 respondentes, 761 disseram ter acesso, destes, mais de 80% possui acesso em casa, e menos de 2% disseram ter acesso na casa dos avós. As crianças que não possuíra acesso somaram 33 respondentes.

No tempo de conexão dos respondentes, as respostas foram: afirmaram: 41,3% quando não estou na escola, estou na internet; 38% depois de ir a escola; 13,8% quando meus pais deixam; e os demais dividem-se em: antes de ir a escola e não tenho acesso.

De acordo com Mathias e Gonçalves (2017), as relações familiares e afetivas das crianças estão sendo deixadas de lado, já que estão se dedicando e valorizando mais ao mundo virtual e deixando de lado o mundo real. E como viu-se na figura 7, a minoria dos respondentes não tem acesso a internet, enquanto a maioria em acesso ilimitado a esse recurso.

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9 Foi verificado quais os itens de desejo pelas crianças pesquisadas, observou-se que os itens que mais detém a vontade e deobservou-sejo de aquisição das crianças ao acessar a internet são: 54,6% brinquedos e 27,1% eletrônicos. Superficialmente, esse resultado remete pensar, a despeito dos estímulos desenfreados ao consumo na fase infantil, que estão sendo apenas crianças querendo brincar e, como consequência, adquirir brinquedos.

Sobre os desejos eletrônicos, tornam-se inevitáveis, considerando uma geração que nasceu dentro da tecnologia e rodeada pela mídia.

Karsaklian (2004) diz que as propagandas procuram divertir e entreter as crianças com músicas, personagens, inserindo valores segundo a faixa etária do público alvo, criando uma idealização e, logo após, a necessidade do produto ofertado, gerando o prazer ao consumi-lo, porém o marketing não pode esquecer-se de atingir também os pais que são os financiadores desses desejos.

Perguntou-se aos respondentes qual o jogo mais legal que eles jogam. Dos 794 respondentes, apenas 64 responderam jogos populares ou brincadeiras de criança, e jogos de tabuleiro, entre outros; 21 responderam que não jogam ou não tem jogos, porém acredita-se que estes interpretaram a pergunta relacionando-a apenas com jogos virtuais. Os demais citaram nome de jogos virtuais on ou off line. Porém quando perguntado qual brincadeira de preferência, claramente percebe-se uma manifestação em relação a jogos populares (60,5%), seguido da opção esporte (13%); ou seja, alguma modalidade ou atividade física.

Foi perguntado aos respondentes “Quem brinca com você?”, porém nos resultados fica evidenciado a ausência dos pais na vida das crianças, pois apenas 5,2% dos pais brincam com as crianças. Sendo substituídos na figura de outras pessoas, pessoas estas que não possuem a mesma responsabilidade que a dos pais para com seus filhos: 53,8% amigos, 35,7% familiares/parentes, 5,3% ninguém. Por isso se faz relevante em alto grau a contribuição de pesquisas científicas que tratam do comportamento do ser humano e projetos que fomentem a interação familiar.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O objetivo central proposto para este estudo foi investigar os fatores que promovem a emancipação do consumismo infantil. Compreende-se que a criança é

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10 um ser vulnerável em fase de construção de caráter, que não tem maturidade psicológica para discernir a qualidade das informações que absorve. Nesse estágio a criança está em constante mudança, formando seus valores, levando consigo esses aprendizados e essas experiências até tornar-se um ser pensante e criar seus próprios julgamentos de valor.

O contato com a mídia atualmente é facilitado. Pois as condições que são oferecidas para que se adquira um produto é favorável. Os pais ou responsáveis deixam seus filhos tempo considerável expostos aos estímulos programados da mídia, com o propósito de distraí-los com conteúdos infantis; essa opção é utilizada pelos pais muitas vezes para conseguirem trabalhar, além de distrair os filhos, pois chegam do trabalho cansados demais para dar a devida atenção necessária a eles.

A criança se tornou um alvo fácil para as empresas que observam um mercado lucrativo, porém algumas propagandas acabam distorcendo os valores, criando uma cultura materialista com hábitos consumistas. No Brasil não há uma regulamentação específica para a publicidade e propaganda que proteja a criança do excesso de informações ofertadas pela mídia. Cabe aos pais ou responsáveis e à sociedade, mediar e intervir o contato da criança com a propaganda, ensinando práticas de consumo saudável, indispensáveis para a formação de sua cidadania.

Os fatores encontrados que indicam promover a precocidade do consumismo infantil são: cultura de consumo que a sociedade ensina, o fácil acesso às tecnologias, ausência dos pais e dos responsáveis, propagandas direcionadas às crianças.

Diante disso, acredita-se que o objetivo proposto foi alcançado. Apesar de ser um assunto de ampla discussão, não foi intenção esgotá-lo. Todavia, pretende-se dar continuidade a essa pesquisa. No intuito de continuar, propõe-se ampliar a pesquisa, considerando os pressupostos levantados durante a análise de resultados e outros seguimentos do consumismo infantil que afetam diretamente o desenvolvimento da criança.

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11 6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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