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Função social do sindicado no âmbito do direito trabalhista e a cessação da contribuição sindical obrigatória

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL – UNIJUÍ

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS E SOCIAIS CURSO DE DIREITO

FLÁVIA LETÍCIA GZERGORCZICK

FUNÇÃO SOCIAL DO SINDICADO NO ÂMBITO DO DIREITO TRABALHISTA E A CESSAÇÃO DA CONTRIBUIÇÃO SINDICAL OBRIGATÓRIA

IJUÍ, RS

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FLÁVIA LETÍCIA GZERGORCZICK

FUNÇÃO SOCIAL DO SINDICADO NO ÂMBITO DO DIREITO TRABALHISTA E A CESSAÇÃO DA CONTRIBUIÇÃO SINDICAL OBRIGATÓRIA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como um dos requisitos para a obtenção do título de Bacharel em Direito, Curso de Graduação em Direito do Departamento de Ciências Jurídicas e Sociais da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul.

Orientador: Prof. MSc. Paulo Marcelo Scherer

IJUÍ, 2019

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FUNÇÃO SOCIAL DO SINDICADO NO ÂMBITO DO DIREITO TRABALHISTA E A CESSAÇÃO DA CONTRIBUIÇÃO SINDICAL OBRIGATÓRIA

Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação em Direito – Departamento de Ciências Jurídicas e Sociais da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio

Grande do Sul, defendido perante a banca abaixo subscrita.

Banca Examinadora

_____________________________________________ Prof. MSc. Paulo Marcelo Scherer– Orientador - DCJS/UNIJUÍ

_____________________________________________ Prof.ª MSc. Darlan Machado Santos - DCJS/UNIJUÍ

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DEDICATÓRIA

Ao Deus Pai, por minha vida, família e amigos. A minha mãe Vilma, por todo amor, carinho e auxílio.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço ao Deus Pai por me manter perseverante, me preenchendo com força e fé para enfrentar todos os obstáculos da vida.

A minha mãe Vilma Gzergorczick e minha tia Rosa Gzergorczick por terem me apoiado em minhas escolhas, por todo amor e dedicação para vencer além de ser minha inspiração. A toda à minha família, pela contribuição valiosa.

Ao professor MSc. Paulo Marcelo Scherer pela oportunidade de conhecê-lo. Agradeço pelos ensinamentos e por ser exemplo de pessoa ética e profissional. A todos os professores pela imensa contribuição na minha formação acadêmica, obrigada.

Aos colegas e amigos que formei durante essa caminhada. Ao meu companheiro Gardel Kemp que sempre me deu apoio e incentivo para nunca desistir.

À Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, pela oportunidade de fazer o curso.

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“Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu. ” Eclesiastes 3:1 Bíblia Sagrada

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RESUMO

O presente trabalho pretende demonstrar a função social do sindicado no âmbito do direito trabalhista e inicia esta análise trazendo dados sobre sua origem, fatos e acontecimentos através da história, bem como, as diferentes fases do mesmo em suas relações nas organizações políticas, onde poderemos obter uma ideia do quanto o sindicato interferiu nas mudanças sociais e trabalhistas no Brasil. Apresenta-se uma breve linha do tempo com o surgimento do Sindicato na Era Vargas e o seu fortalecimento até a atualidade; como este se organiza, como se constitui, seus requisitos e objetivos para efetivo funcionamento. É importante ressaltar desde já, que o foco de interesse deste estudo vem de um dos princípios que colaboraram com a decisão da ‘Ação Direta de Inconstitucionalidade’ - a ADI 5794, que surgiu após a reforma trabalhista lei № 13.467 de 2017. Referente a desobrigação do imposto sindical, que devem ser coerentes quanto a previsão legal do princípio primário da liberdade, garantido na Constituição Federal.

Palavras-chave: História do sindicalismo; reforma trabalhista; sindicatos; Constitucionalidade da cessação da contribuição obrigatória.

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Sumário

RESUMO... 7

INTRODUÇÃO ... 9

1. A FORMAÇÃO DO SINDICALISMO – ORIGEM HISTÓRICA ... 10

1.1 A História do Sindicalismo no Brasil ... 11

1.2 A Formação e Estrutura das Entidades Sindicais ... 18

1.3 Os Princípios e a Estrutura das Entidades Sindicais a Partir da Constituição Federal de 1988 ... 23

1.4 O Sistema de Custeio das Entidades Sindicais ... 26

2. O SISTEMA DE CUSTEIO – CESSAÇÃO DA OBRIGATORIEDADE DA CONTRIBUIÇÃO SINDICAL ... 30

2.1 A Compulsoriedade da Contribuição Sindical ... 30

2.2 A Medida Cautelar na ADI 5794 MC/DF... 32

2.3 O Julgamento – Inconstitucionalidade Formal e Material ... 34

CONCLUSÃO ... 41

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INTRODUÇÃO

O custeio das organizações sindicais é um tema central e, por conseguinte, delicado no Brasil. Mesmo após a nova conformação constitucional inaugurada pela Constituição Federal de 1988, que valorizou a liberdade sindical, a contribuição sindical obrigatória permaneceu no sistema brasileiro. A Reforma Trabalhista, realizada a partir da Lei n. 13.467/2017, trouxe as alterações neste cenário, bem como, consolidações e novas necessidades de discussão ao longo dos tempos.

O objetivo deste trabalho é observar e apresentar a importância do sindicado, bem como, sua origem, no universo trabalhista, sem deixar, porém, de citar que algumas alterações são necessárias e cabíveis decorrentes à fatos atuais, que necessitam de certas transformações para melhorar a atividade sindical reforçando princípios e garantias ao trabalhador.

Sendo de fato, um assunto de muita relevância, consideramos que ao adentrarmos no tema da contribuição sindical, é necessário estarmos atentos ao que prevê o texto legal, tendo-se em vista que em nenhum momento ele apresenta ou antecipa o item sobre a supressão da mesma, que apenas se tornou facultativa, sendo assim criado um direito ao trabalhador de optar pelo pagamento. Situação de grande valia em um país que discute diariamente a alta carga tributária suportada pela nação e principalmente pelos trabalhadores. Além disso, é um ponto de grande importância, que também se mostra em razão das próprias finalidades sindicais, pois acabará por fazer com que os sindicatos mudem algumas diretrizes, tornando-os mais atuantes, fazendo com que os trabalhadores considerem relevante a contribuição porque o sindicato é o veículo de condução de suas lutas. A Reforma Trabalhista busca a evolução de um sistema sindical centralizador, arcaico e paternalista para um modelo mais moderno, baseado na liberdade. Se o empregador tem a opção de se filiar a um sindicato, ele também tem a opção de se não se filiar, de não recolher essa contribuição.

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1. A FORMAÇÃO DO SINDICALISMO – ORIGEM HISTÓRICA

O sindicalismo tem origem nas corporações de ofício da Europa medieval, com a revolução industrial na Inglaterra. No século XVIII teve um papel de extrema importância para o capitalismo e esse formado pela competição entre fábricas, que ao implantar máquinas no lugar da mão de obra do trabalhador fez com que houvesse excesso em disponibilidade de mão de obra, oportunidade na qual o capitalismo poderia pagar o salário que quisesse ao trabalhador.

Desse modo o sindicalismo começou a pulsar na revolução industrial, essa época foi marcada por condições péssimas de trabalho que boa parte dos trabalhadores estavam submetidos, como exemplo, a não existência de jornada de trabalho, mas sim os operários que trabalhavam o quanto aguentavam. Foi unindo forças, para adquirir melhorias nas condições diárias de trabalho e de salários, que os menos favorecidos decidiram se organizar, encontrando na união força para confrontar os empregadores.

Diante desse embate travado o proletariado teve que ouvir as vozes dos trabalhadores e assim negociar a melhoria das condições de trabalho. Os operários viram que havia dado certo unirem-se e dessa forma, surgiram os sindicatos. Com o intuito de impedir os abusos sobre os trabalhadores, bem como, equipararem-se de alguma maneira aos capitalistas, juntando as ideias de Karl Marx, pensador e militante comunista alemão, e às ideias operárias contra o capitalismo.

Com as ideias mais liberais, vindas através da Revolução Francesa, ocorreram também as leis proibitivas aos sindicatos, onde mais tarde, eles conseguiram se reerguer clandestinamente no século XIX. Em alguns países foi reconhecida a legalidade dos sindicatos e associações e em outros não. Com a segunda guerra mundial as ideias comunistas e socialistas predominaram sobre os movimentos sindicais existentes.

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Diversas são as classes trabalhadoras, mas a classe operária foi a que deu origem ao sindicalismo, mostrando que a união faz a força, lema conhecido até hoje. O tempo as tradições e as culturas muito diferente em cada período histórico faz com sindicatos se moldem a seu tempo, a cessação de continuar atuante suprindo seu dever de representatividade dos trabalhadores. A partir de uma necessidade urgente e real foi determinado o surgimento dos sindicatos onde as circunstâncias do momento despertava em razões de necessidades de operários, que se sentiam usados, desprotegidos, sem nenhum respeito a sua dignidade quando eram imprescindíveis para o desempenho das atividades profissionais, como a mão de obra operária, por exemplo.

1.1 A História do Sindicalismo no Brasil

No Brasil, com a abolição da escravatura e a proclamação da República a economia se diversificou, tendo início as atividades manufatureiras. Primeiro nos centros urbanos e no litoral, o que atraiu imigrantes que vinham da Europa, de uma sociedade já desenvolvida nos quesitos dos direitos trabalhistas lá conquistados e se depararam com uma sociedade atrasada e com práticas escravistas. Esses estrangeiros passaram a se organizar e criaram no Brasil os sindicatos.

O marco da transição do trabalho escravo do século XIX ao trabalho assalariado, (capitalista) do país, no século XX surgiu em decorrência da industrialização. A massa maior de imigrantes se encontrava em São Paulo, onde aconteceu o movimento mais forte dos trabalhadores das fábricas e indústrias. Alguns desses sindicalistas mais ativos surpreenderam os governantes ao desencadear uma onda de rebelião, que foi contida mediante violenta ação policial. Também um grupo de trabalhadores na cidade do Rio de Janeiro, lutava pela redução da carga horária de trabalho e o aumento dos salários, estes por sua vez, não tiveram polêmicas envolvendo a polícia, o que tornou a situação mais pacífica.

Os sindicatos foram legalizados no Brasil com o Decreto n° 979 em 1903, que permitiu o funcionamento aos sindicatos de trabalhadores rurais da época. É importante lembrar que o trabalho rural era predominante no país e surgiu então a possibilidade de criação de sindicatos de empregadores e empregados, com liberdade de escolha quanto

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à forma de representação. Estes primeiros sindicatos tinham explícita função assistencial, conforme SUSSEKIND no livro as Instituições de Direito do Trabalho.

Nos textos disponíveis que tratam deste assunto encontramos essa colocação de que “O decreto nº 1637, de 1907 regulamenta os sindicatos urbanos que deveriam abranger profissões similares ou no mínimo conexas entre si, para se formaram, como eram as principais funções destes sindicatos, ou seja, defender os interesses dos trabalhadores individual ou coletivamente”. Ao que, sobre este período, é definido por Sagadas Vianas:

“As organizações que surgiram, de sindicato apenas

possuíam o rotulo. Entre os trabalhadores do campo não existia uma base intelectual que lhes assegurasse capacidade para se organizar e, além disso, estavam economicamente subjugados aos senhores da terra, que não hesitavam em mandar embora os que tivessem coragem de reclamar qualquer medida em seu benefício, já que direitos não existiam consagrados em textos de lei.” (VIANAS, Sagadas. “Instituições de direito do trabalho” em coautoria com Arnaldo Sussekind e Délio Maranhão, 8ª Ed. Rio de Janeiro, Freitas Bastos, 1981, v.2, pág. 958)

Assim, Vianas descreve um povo com sindicato apenas de faixada em que impotentes temiam a minoria que conservava o poder econômico em suas mãos e usava-o para usava-obter, através destes e de seus esfusava-orçusava-os, mais riquezas sem lhes usava-oferecer nenhum direito, eram ainda ameaçados caso ousassem reclamar, figurando o sindicato apenas como rótulo, que estavam abusando destes trabalhadores, que não possuíam inteligência suficiente para se libertar.

Conforme extensos registros históricos o crescimento do sindicalismo passou por diversas fases, mas foi na Era Vargas que se fortaleceu resplandecendo o verdadeiro sentido da representatividade do sindicato em prol do trabalhador. Em 1908 a Confederação Operária Brasileira (COB) reuniu diversas classes de trabalhadores dos grandes centros do país, que na grande maioria eram operários de fábricas, e realizaram um grande movimento contra o autoritarismo policial e também em solidariedade às lutas que aconteciam em outros países, à operários em greve e estrangeiros expulsos. Através de passeatas, manifestações em que os anarco-sindicalistas, conhecidos como o sindicalismo revolucionário ou anarcossindicalismo, combatiam a influência do clero nos assuntos políticos e do Estado.

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Conhecida como Era Vargas ou então Estado Novo o governo de Getúlio Vargas deu um salto na história do país referente às leis trabalhistas e passamos de um sindicalismo independente em termos, a um sindicalismo tutelado que teve origem em 1930 e permaneceu até 1945. Isso se deu por ter sido considerada na nova etapa da história do movimento operário, principalmente por se referir aos sindicatos e pelo alto crescimento da integração dos mesmos no controle do Estado. Pode-se observar este fato mais atentamente em 1930, ano que o Governo Federal criou o Ministério do Trabalho, e 1931 ano em que regulamentou, por decreto, a sindicalização das classes patronais e operárias. Além disso o governo criou as Juntas de Conciliação e Julgamento e com a promulgação da Constituição do Estado Novo, a unicidade sindical.

Nessa década é possível registrar um fortalecimento do movimento sindical brasileiro, especialmente com a edição do Decreto 19.770/1931 que dispunha sob a sindicalização, tanto da classe patronal como a da classe operária. Segundo a doutrina especializada, a partir da década de 1930, conforme NASCIMENTO, 2015, p. 106: “o Estado resolveu pautar a sua política social na ideologia da integração das classes trabalhistas e empresariais, organizando, sob a forma de categorias por ele delimitadas, um plano denominado enquadramento sindical. ” A regulamentação do trabalho e os institutos de previdência social ocorreram também naquele momento histórico. As organizações sindicais passaram a ter caráter paraestatal, a greve foi proibida e foi instituído o imposto sindical.

Convenientemente, devida a forte veia traçada pelo Estado Novo, foi publicada a Lei da sindicalização em 1931, pois o Estado era obrigação maior e desta forma deteve o controle da atividade sindical. Esta lei também proibiu a propaganda ideológica nos sindicatos. O Estado e a política trabalhista desenvolvida por ele estimularam o corporativismo, isto é, os sindicatos foram organizados por categoria profissional e não por ramo de atividade econômica. Conforme observa Oliveira Viana:

“O propósito de chamar o sindicato para junto do Estado, tirando-o da penumbra da vida privada, em que vivia, para as responsabilidades da vida pública. Neste intuito, deu-lhe a representação da categoria e lhe deu duplamente: para efeitos jurídicos e para efeitos políticos. Mais que isto: investiu-o de poderes de autoridade pública, transferindo-lhe prerrogativas próprias da pessoa do Estado.” (VIANA, Oliveira, 2010).

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Esse propósito, que vimos na citação feita por Viana, se fez necessário devido aos acontecimentos vivenciados nesse período histórico em que caso o sindicato não saísse da penumbra da vida privada continuaria este apenas sendo de faixada para exploração dos trabalhadores. O Estado deu ao sindicato força e responsabilidade para que a seriedade e controle existissem através de prerrogativas da pessoa do Estado.

Ainda sobre essa origem, em 1932 o governo do Estado Novo tinha a intenção de criar um eixo para solidificar as leis operárias no Estado. Não foram apenas a leis sindicais promulgadas, mas diversas outras de extrema importância social e trabalhista com destaque a aposentadoria, proteção ao trabalho feminino e também não menos importante, a determinação sobre a jornada de trabalho. Sem hesitação estas conquistas só foram possíveis devida a grande luta de muitos anos destes trabalhadores, possível devida a ajuda dos comunistas, anarco-sindicalistas e socialistas-anarquistas.

Assim acompanhando atentamente é fato que o presidente Getúlio Vargas foi o grande responsável pelo crescimento do movimento em todo o território nacional. Ele criou no Brasil as bases da organização sindical fortalecendo os sindicatos por categoria e incentivando a mobilização popular como um dos alicerces do seu governo, sempre em apoio da defesa de direitos, autorizando para essas entidades o poder de pleito perante os órgãos públicos e defesa de melhores condições de trabalho.

Para Getúlio Vargas a organização dos trabalhadores era uma necessidade vital para o andamento do seu governo e a construção de um Brasil soberano. Este presidente, de forma política, usou o povo para se eleger lembrando-os de que os mesmos precisavam dele tanto quanto ele precisava deles. Solicitou aos trabalhadores que estes se organizassem solidariamente em sindicatos. Os objetivos eram desde que a união trouxesse a força que estes necessitavam, a cessação de resolver seus próprios problemas, como a luta contra sabotadores. A cessação de que ninguém ficasse prisioneiro dos interesses dos especuladores e dos gananciosos causando assim prejuízo aos interesses dos trabalhadores. Em forma de apelo o governo lembrava aos trabalhadores que o sindicato era a arma de luta, a fortaleza defensiva, o instrumento de ação política. Estava claro para o Presidente que nenhum governo poderia, dali em diante, negar essa força pública, nem substituir ou dispor de força mais eficiente para as suas realizações sociais. Contar com o apoio das organizações, sindicatos ou

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cooperativas significava que as classes mais numerosas da nação poderiam influir nos governos, orientar a administração pública na defesa de interesses populares.

Nesse contexto, Getúlio figurou o maior ato democrático de seu governo com a grande gama de vantagens laborais e direitos sociais, instituindo o salário mínimo, férias, descanso remunerado, estabilidade no emprego, assim como outros direitos já mencionados, tutelando a dignidade dos trabalhadores que não tinham proteção alguma, até então, não possuíam nenhum direito, dependendo apenas da boa vontade dos seus patrões.

Ao promulgar a Lei da Sindicalização também deu origem a um dos principais órgãos do pais a Justiça do Trabalho e deu solidificação a CLT consagração ao princípio da unicidade Sindical.

Os registros apontam que no ano de 1935 formou-se a Aliança Nacional Libertadora (ANL) e o levante comunista, que brutalmente sofreu coibição da polícia e de alguns órgãos de governo com o objetivo de eliminar o quadro de operários, travando um combate. Entre 1930 e 1945, ocorreram diversas mudanças revolucionárias que fez com que a classe operária se desenvolvesse, principalmente em seu crescimento que chegou a 500%. As melhores condições de vida, garantias e remuneração dos operários em comparação a miserabilidade que enfrentavam fez com que a migração do campo para a cidade se potencializasse. E dia 1º de maio de 1943 foi criada através de um decreto várias garantias sociais na CLT, o que consagrou a data, vindo posteriormente a ser a comemoração do dia do trabalhador, feriado no país.

Os sindicatos conquistaram diversas vantagens trabalhistas para a CLT e esta por sua força pode aplicar a todas as categorias profissionais independentemente de estas estarem organizadas ou não, garantindo a tutela através do Estado nas negociações, entre empregados e empregadores. Para que essa estrutura continuasse a ser subordinada pelo Estado, que realizava as principais funções da organização sindical referente ao sindicato, federação e confederação, manteve-se o corporativismo. Impedindo deste modo que em uma mesma cidade se articulassem entre si uma mesma categoria, para não correr o risco de formar organizações maiores sem que o Estado pudesse intervir.

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Para manter o controle sobre as finanças e realizar as atividades da entidade e serviços, como atendimento à saúde e colônia de férias o Estado instituiu um imposto que estabelecia o desconto de um dia de trabalho por ano, obrigatoriamente pago pelo operário sendo ele sindicalizado ou não, mantendo-se economicamente e politicamente vinculado ao sindicato.

Entre 1964 e 1971, depois de duas décadas mais de 570 sindicatos sofreram intervenções da ditadura militar, além das federações e confederações. O governo foi controlado pelo General Castelo Branco e todo o aparelho militar, que passou a controlar totalmente o sindicalismo.

Desatrelando-se das tutelas político-jurídicas de inspiração corporativa, justamente por ter perdido esse tipo de relação institucional com o Estado, o movimento sindical aos poucos passa a reunir as condições políticas para finalmente conquistar o que jamais, até aquela altura, tivera em toda sua plenitude: alto poder de ação e elevados coeficientes de autenticidade, representatividade e legitimidade. (FARIA, 1995, pp. 33-34).

Em 1970 somados os baixos salários com as precárias condições de trabalho as lutas por direitos trabalhistas continuaram principalmente nas grandes metrópoles e todas as greves ou reinvindicações tinham o mesmo objetivo, liberdade sindical. As principais concentrações ocorreram em São Paulo por possuir, justamente, um maior polo de empresas importantes para o desenvolvimento do pais, fábricas de automóveis e eletrodomésticos.

Essa necessidade originou em 1983 a Central única dos Trabalhadores (CUT) capaz de representar as unidades em torno do projeto sindical livre, autônomo e democrático de classe. Os encontros passaram a ser realizado em diversos estados e assim deu origem ao Congresso Nacional das Classes Trabalhadores (Conclat), onde dois campos políticos se constituíram.

Nesse momento da história já acontecia algo que chegou em à contemporaneidade. O divisor de águas era o imposto sindical ao qual a CUT se posicionou contra e o velho sindicalismo continuou insistindo. O embate foi tão forte que os dois se separaram, vindo a formarem centrais distintas. Observamos que nesse período já havia a intenção da mudança na cobrança do imposto sindical.

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A esquerda matinha a estrutura sindical oficial do modelo corporativista e de livre organização. Já o outro grupo representava a mudança para um novo sindicalismo rompendo a estrutura oficial, com a livre organização que deveria ser imediata, com autonomia aos trabalhadores escolherem como se organizarem independentemente do Estado e dos patrões.

A chegada da Constituição Federal de 1988 no Brasil, em seu artigo 8º, foi quem instituiu as regras sobre a liberdade sindical e os direitos de coalisão dos trabalhadores e empregadores em categorias profissionais e econômicas. A elaboração do dispositivo legal que trata da organização sindical teve como base a constituinte originária, que indicava o respeito às normas na Organização Internacional do Trabalho (OIT) de 1948, Convenção nº 87, onde prevê a liberdade sindical e confere a proteção dos direitos aos trabalhadores. Este prevendo a possibilidade do empregadores e trabalhadores se reunirem para discussão de seus interesses, em organizações profissionais, patronais e sindicatos.

Pode-se reconhecer que a Constituição Federal Brasileira de 1988 trouxe em seu texto legal um modelo corporativista altamente controlado pelo Estado, mas que reconhece a constitucional investidura sindical e representatividade da categoria, respeitando a liberdade de filiação e desfiliação dos sindicatos, impondo a obrigatoriedade da participação sindical nas negociações coletivas fortalecendo a massa trabalhadora que tem seus direitos adquiridos resguardados, além da liberdade dos sindicalismo ter com possibilidades diversos tipos contribuição.

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1.2 A Formação e Estrutura das Entidades Sindicais

É importante compreender a formação e a estrutura das entidades sindicais que iniciam por um sindicato de base, federações, confederações e a central sindical. Os sindicatos de base têm origem nos municípios e é muito importante, pois é responsável pela negociação coletiva, representando e defendendo os trabalhadores. Podendo ainda ser dividido em categorias profissional: classe trabalhadora e categoria econômica, para classe dos empregadores.

Em grau crescente, vem em seguida as federações - ficam localizadas nas capitais dos Estados e suas demandas são os sindicatos de base (categoria profissional e econômica). Para a sua formação é necessário no mínimo cinco sindicatos de base.

Em terceiro grau vêm as confederações, as quais ficam situadas nos Distrito Federal, em Brasília e são necessárias, para sua formação, no mínimo três federações. As confederações têm como objetivo principal o interesse das categorias a nível nacional.

Referente as centrais sindicais, onde atualmente no Brasil existem seis, ocorre uma divisão de opinião doutrinária, por participar das diretrizes e formulações dos programas sociais do governo. As centrais sindicais são os órgãos de cúpula que, de certa forma, ofuscam as confederações.

Assim a Constituição Federal de 1988 prevê no seu texto legal que os trabalhadores e também empresas podem se organizar para criar entidades ou classe que os representem em prol de seus interesses e direitos, por exemplo a categoria econômica (associação de empresas). O art. 551 §1º prevê que "A solidariedade de interesses econômicos dos que empreendem atividades idênticas, similares ou conexas, constitui o vínculo social básico que se denomina categoria econômica.". Já para a categoria profissional (associação de trabalhadores), o mesmo artigo, agora no §2º, define que "A similitude de condições de vida oriunda da profissão ou trabalho em comum, em situação de emprego na mesma atividade econômica ou em atividades econômicas similares ou conexas, compõe a expressão social elementar compreendida como categoria profissional.".

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Destes estudos observa-se que o ordenamento jurídico brasileiro permite cinco tipos de fundação de sindicatos, dependendo de algumas situações, que são: originária; por desmembramento de categoria; por base territorial; por fusão de sindicatos e por transformação de associação em sindicato. Também constam nos registros sobre o assunto que em caso de ocorrer algum fato diferente dos supostos acima, a previsão legal é a de que se compare com o a situação mais parecida a estas citadas e desta siga suas exigências e procedimentos para devido registro. Para melhor qualificar quem pode criar o sindicato a CLT estabeleceu em seu art. 530, §4º quem não pode ser eleito para cargos administrativos ou então de representação. Nessas condições, aqueles que queiram criar um sindicato devem convocar por edital a assembleia de fundação, a qual irá na mesma elencar a nova diretória provisória, além de seu estatuto. Após isto, pode-se promover o registro no cartório de Registro Civil e no registro do Cadastro Nacional das Entidades Sindicais, do Ministério do Trabalho e Emprego.

Assim criado um novo sindicato, este deve manter reuniões informais pré constitutivas para discutir se há ou não condições para prosseguir seus objetivos. A CLT, em seu art. 515 dispõe sobre os requisitos que as associações profissionais devem satisfazer, selecionando três condições necessárias, em respeito a unicidade sindical elencada constitucionalmente observa-se, “a reunião de um terço, no mínimo, de empresas legalmente constituídas; ou de um terço dos que integrem a mesma categoria; em segundo a duração de três anos para o mandato da diretoria e; em terceiro o exercício do cargo de presidente por brasileiro nato”. O que atualmente o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), através da portaria 186/08 com base no artigo 518 incisos e parágrafo único complementou os ditames e normatizou o processo administrativo de reconhecimento sindical, observado para a concessão da personalidade sindical.

Para Amauri Mascaro Nascimento, no seu livro O novo Registro de Sindicatos, o procedimento de registro dos sindicatos regidos pela portaria 186/2008 não afeta os princípios de liberdade sindical contidos na convenção 87 da OIT e quanto ao procedimento previsto assegura:

“O registro de sindicatos, nos seus aspectos gerais, não deveria oferecer dúvidas doutrinárias, mas até hoje persistem afirmações, com as quais não concordo, de que o registro é uma interferência indevida do Estado na organização sindical, mas não se trata de interferir e, sim, de verificar e cadastrar, o que é um imperativo de organização, principalmente em um sistema de unicidade de base, como o nosso.” (NASCIMENTO, Amauri, 2011).

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O autor defende a ideia de que para manter a estrutura organizacional do sindicato é necessário o registro do mesmo conforme prevê a legislação e que o Estado não viola ou interfere na liberdade do sindicato e em sua estrutura, apenas faz a verificação com o intuito de garantir a ordem em prol da sociedade, realizando o cadastro, não podendo este se abster de seu dever garantidor.

No código civil de 2002 em seus artigos 45 e 46, expressa o que se entende por sindicato criado, mas esse só é reconhecido para exercer suas prerrogativas do artigo 513 da CLT mediante preenchimento das regras contidas no artigo 518 da CLT. Podemos ilustrar como uma pessoa antes de atingir a maioridade para exercer os atos da vida civil. Assim também é o sindicato, este fica sem serventia se não preencher os requisitos, pois neste estágio o sindicato não tem qualquer finalidade representativa, sendo que é impedido de exercer sua função mais importante, que é a negociação coletiva, e também sem obter a principal fonte de renda, a contribuição sindical.

O Ministério do Trabalho e Emprego é o órgão capaz de conferir a personalidade sindical de que trata a Seção II, do Capítulo I, do Título V da CLT. Este é o entendimento do Superior Tribunal de Justiça no que afeta a matéria:

“O registro sindical é ato constitutivo do direito de legitimidade do ente sindical, desde a Instrução Normativa MTE nº 03, de 10 de agosto de 1994, e alterações posteriores, estando, atualmente em vigor a Portaria MTE nº 343, de 04 de maio de 2000, com a redação dada pelas Portarias MTE nº 376, de 23 de maio de 2000, e nº 200, de 15 de dezembro de 2006, que não a modificaram na sua essência. No caso dos autos, verifica-se que a Diretoria Executiva Provisória do Sindicato dos Trabalhadores na Agricultura Familiar de Capoeira providenciou, apenas, o registro do Estatuto Sindical no Cartório de Pessoa Jurídica de Caetés/PE, deixando de requerer o registro perante a Secretaria de Relações do Trabalho, do Ministério do Trabalho e Emprego. Desta forma, o réu desta demanda não é, a rigor, um sindicato, mas tão somente uma associação civil que, a toda evidência, não detém, pelo menos até que seja atendida a formalidade de que ora se cuida, legitimidade para representar a categoria que diz defender. Assim, não havendo nos autos documentos indispensáveis à apreciação do feito, isto é, prova da existência, no plano jurídico, do Sindicato dos Trabalhadores na Agricultura Familiar de Capoeiras, impõe-se a extinção do processo, sem resolução do mérito, com base no art. 267, IV, do Código de Processo Civil, aplicável ao processo trabalhista for força do disposto no art. 769, da CLT. (Processo nº TRT – 00541-2007-351-06-00-7 1ª Turma Juiz Relator: Valdir Carvalho. 19 de fevereiro de 2008).

A exigência da carta sindical, consagrada na Carta Magna de 1946, foi repetida, a propósito, no artigo 8º, inciso I, da Constituição Federal de 1988, e disciplinada, a princípio, na Instrução Normativa n.º 01, de 27 de agosto de 1991, do Ministério do Trabalho, que exigia, à época, o depósito do Estatuto Sindical

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no Arquivo de Entidades Sindicais Brasileiras, da Secretaria Nacional do Trabalho, do Ministério do Trabalho, e, posteriormente, pela Instrução Normativa n.º 03, de 10 de agosto de 1994, do Ministério do Trabalho, que revogou, expressamente, a Instrução Normativa MTB n.º 01/91, e cristalizou o entendimento jurisprudencial prevalente no Excelso Supremo Tribunal Federal, no sentido de que o Registro Sindical (carta sindical) é ato constitutivo da entidade sindical, sem o qual não detém capacidade postulatória, de representar sua categoria, nas órbitas administrativa e judicial. Esta, a propósito, é a iterativa jurisprudência do Colendo Tribunal Superior do Trabalho, espelhada na Orientação Jurisprudencial n.º 15 da Seção Especializada em Dissídios Coletivos. Honorários sindicais indevidos. (Processo nº TRT – 00674-2002-004-06-00-7 1ª TURMA – Juiz Relator: Valdir José Silva de Carvalho. Publicado no D.O.E. em 06/09/2003).”

Aqui tem-se a controvérsia do tema através da jurisprudência que acaba de desalentar a aptidão de representação das associações de classe, estes que lutam em nome dos trabalhadores, representando seus interesses, sempre em busca de melhores condições de trabalho. Sem a presença dos sindicatos e as categorias profissionais os trabalhadores ficariam sem o manto que os protege, estando a mercê das arbitrariedades do empregador e do Estado, retroagindo. A jurisprudência afronta o princípio da liberdade sindical prevista na convenção da OIT nº 87.

Um sindicato nasce basicamente pela necessidade organizacional de uma determinada categoria, nasce assim com a intenção de defender interesses e direitos da mesma, e assim, consequentemente, angariar votos. Os membros de uma mesma categoria convocam todos os outros para uma Assembleia Geral, fazem isso através de diversos meios de comunicação. A convocação serve para tratar de assuntos como: criação ou não do Sindicato; escolha dos membros da diretoria; efetivos e suplentes (no mínimo treze componentes, não tendo um limite máximo conhecido); definição do Estatuto Global da Entidade: duração do primeiro mandato e formas de manutenção da entidade etc.

Quanto à organização da estrutura das entidades sindicais a legislação caracteriza-se pela possibilidade de os trabalhadores e empregadores definirem seu modelo de organização, não podendo haver qualquer tipo de vedação ou limitação do direito de livre estruturação das entidades. Essa organização dos trabalhadores abriu caminho para a resistência contra o empregador, um exemplo são os movimentos de paralisação.

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A federação dos sindicatos nasce da reunião destes com o mesmo segmento ou objetivo que tem por unidade os municípios. Entidades de segundo grau como já mencionado, possuem estatuto próprio e natureza jurídica de direito privado, necessitam de no mínimo cinco sindicatos base, conforme artigo 534 da CLT. Sua existência se deve ao Estado democrático, que em detrimento de seus sindicalizados buscou de maneira racional enfrentar a política.

Como anota com precisão Luciano Martinez, a representação das Federações e Confederações, entretanto, é limitada e supletiva, porquanto o próprio parágrafo 2º do art. 611 da CLT admite a representação apenas quando as categorias envolvidas estiverem “inorganizadas em Sindicatos”:

“§ 2º As Federações e, na falta desta, as Confederações representativas de categorias econômicas ou profissionais poderão celebrar convenções coletivas de trabalho para reger as relações das categorias a elas vinculadas, inorganizadas em Sindicatos, no âmbito de suas representações.”

A reunião de sindicatos em federações tem por escopo, única e exclusivamente, o aprimoramento das atividades sindicais e o fortalecimento “coletivo” da categoria. A confederação é a cúpula da pirâmide corporativista, sua formação corresponde à união, pacífica e opcional, de pelo menos três federações, divididas por ramo profissional e econômico nos termos do que prescreve o art. 535 da CLT, recepcionado pela Constituição de 1988. E nos mesmo moldes da federação como já mencionado anteriormente.

Já as centrais sindicais não tiveram êxito na constituição de 1988, mas em 2008 através da Lei 11.648, passou a ser reconhecida oficialmente pelo Estado, porém não integram o sistema sindical, representando redes de organizações sindicais. Na mesma esteira, Sérgio Pinto Martins assevera de forma contundente:

“Reconhece, portanto, a Constituição que o sistema sindical é estabelecido por categoria, na qual não se inserem as centrais sindicais, pois representam sindicatos pertencentes a vários tipos de categorias de trabalhadores. As centrais não estão vinculadas a categorias, que são reconhecidas nos citados incisos do art. 8 da Constituição.”

Não representam, portanto, associações profissionais, mas associações civis, não integrando o modelo confederativo que abriga o sistema sindical. Estes fatos, entretanto,

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não retiram a importância do reconhecimento formal da personalidade jurídica destas entidades por força da lei 11.648/2008.

1.3 Os Princípios e a Estrutura das Entidades Sindicais a Partir da Constituição Federal 1988

O ramo do direito trabalhista possui diversos princípios, mas os específicos às entidades sindicais são: o princípio da liberdade associativa e sindical; princípio da autonomia sindical; princípio da adequação setorial negociada; princípio da criatividade jurídica da negociação coletiva e princípio da lealdade e transparência na negociação coletiva.

O mais polêmico no momento e também o mais necessário para o exercício da democracia sem afrontar a Lei Maior é o princípio da liberdade sindical. O princípio da liberdade sindical pode ser subdividido na forma coletiva como liberdade de associação, na forma livre de sua organização e desse modo protegendo-se de movimentos opressores do Estado entendendo-se que deve assegurar a cada trabalhador o direito de fazer parte ou não do sindicato. Amauri Mascaro do Nascimento considera a liberdade sindical como:

“É manifestação do direito de associação. Pressupõe a garantia, prevista no ordenamento jurídico, da existência de sindicatos. Se as leis de um Estado garantem o direito de associação, de pessoa com interesses profissionais e econômicos, de se agruparem, essas serão leis fundantes da liberdade sindical. Assim, liberdade sindical, no sentido agora analisado, caracteriza-se como o reconhecimento, pela ordem jurídica, do direito de associação sindical, corolário do direito de associação...” (NASCIMENTO, Amauri Mascaro, Compêndio de

direito sindical, Ed LTR, 4ed, 2005, São Paulo, pag. 139).

Nesse trecho Amauri Nascimento descreve que o princípio da liberdade é a manifestação de cada um ao direito disponível de associar-se. Se o Estado garante a liberdade de associação às classes é porque reconhece sua fundamental função.

Então o sindicato pode ser visto como o grupo de trabalhadores que buscam os mesmos ideais através de sua organização com o intuito de impor força a sua voz, vontade nas negociações com a classe econômica em proveito de todos buscando sempre melhorias as condições de trabalho, fazendo a diferença na coletividade para a

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negociação individual. No Brasil a organização é espontânea, ou seja, parte destes se reúnem para ganhar força e representatividade da classe onde possuem autonomia para definir seus critérios de organização.

Essa liberdade pode ser subdividida em liberdade de associação, mais abrangente, e liberdade sindical. A liberdade de associação está relacionada com a possibilidade de se fazer reunião (agregação ocasional) e associação (agregação permanente), podendo o associado se desfilar a qualquer tempo. As noções de reunião e associação estão expressamente previstas no texto constitucional, respectivamente nos incisos XVI e XVII do art. 5º.

O princípio da liberdade sindical é de suma importância, muito tratado pela doutrina nacional e estrangeira também. Há amplas enumerações das diversas formas de liberdade sindical. Para alguns é quem determina o conteúdo e suas manifestações, bem como as garantias de que os sindicatos possam cumprir os seus objetivos maiores. De outro viés, também podemos dizer que esta é desde de sua origem histórica até a contemporânea sócio jurídicas é o método epistemológico de um caráter um tanto didático de garantir ou não a liberdade sindical em um sistema jurídico.

Previsto na Convenção nº 87 da OIT, o princípio da liberdade sindical recentemente ratificada pelo Brasil, baseia-se essencialmente na ideia de que os trabalhadores e empregadores, sem qualquer distinção e, tampouco, autorização prévia, têm o direito de constituir as organizações que entendam convenientes, assim como o de se filiar a essas organizações, com a única condição de observar seus estatutos.

Tratando da questão da associação dos trabalhadores, a liberdade de associação é um conceito legal constitucional que se caracteriza pelo direito que as pessoas têm de mutuamente escolherem os seus associados para cumprir um determinado cessação. A liberdade de associação encontra-se dentre os direitos individuais e coletivos previsto no art. 5º do texto Magno. E para haver liberdade sindical é garantida a existência de sindicatos. Liberdade é o direito de associação.

Em referência a participação nas entidades, a legislação afirma que ninguém pode ser obrigado a ingressar ou a não ingressar num sindicato. As relações entre o sindicato

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e os seus filiados são amplas e envolvem problema de autoridade do grupo sobre os seus membros e de liberdade dos membros perante os poderes do sindicato. A liberdade de associação é direito fundamental individual positivado ao longo do século XX em inúmeros textos constitucionais. Na Visão de Mauricio Godinho Delgado:

“- Postula pela ampla prerrogativa obreira de associação e, por consequência, sindicalização. O referido princípio pode ser desdobrado em dois: a) liberdade de associação “mais abrangente”; b) liberdade sindical.

a) Princípio da Liberdade de Associação: assegura consequência jurídico-institucional a qualquer iniciativa de agregação estável e pacifica entre pessoas, independentemente de seu segmento social ou dos temas causadores da aproximação.

b) Principio Associativo: envolve as noções conexas de reunião e associação:

Reunião: entende-se a agregação episódica de pessoas em face de problemas e objetivos comuns;

Associação: a agregação permanente (ou, pelo menos, de largo prazo) de pessoas em face de problemas e objetivos comuns.” (DELGADO, Mauricio Godinho, 2007)

Adverte o autor que ao universo do sindicalismo, o princípio mais amplo especifica-se na diretriz da liberdade sindical (ou princípio da liberdade associativa e sindical). A autonomia sindical, deverá ser objeto da negociação coletiva entabulada pelo sindicato com base nos parâmetros que foram definidos em assembleia com a participação dos trabalhadores. A negociação coletiva, como fonte material do Direito do Trabalho, tem respaldo constitucional, ao passo que se trata de direito fundamental social dos trabalhadores artigos 7º, XXVI e 8º, VI, da Constituição Federal, além de instituto do microssistema de tutela coletiva.

Se as cláusulas estabelecidas na negociação coletiva devem ser aprovadas em assembleia convocada pelo sindicato, não se justifica qualquer discriminação em relação à cláusula que trata da contribuição assistencial. O princípio da autonomia sindical sustenta a garantia de autogestão dos sindicatos dos trabalhadores, sem a interferência empresarial ou estatal em seu funcionamento.

O princípio da adequação setorial negociada é o princípio que discorre sobre a conformidade entre as normas emanadas da negociação coletiva e as que são fruto da legislação estatal. Assim, as normas decorrentes de convenções coletivas não poderão suprimir direitos individuais de modo a prejudicar o trabalhador. O princípio da criatividade jurídica da negociação coletiva este princípio não é nada mais do que a

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explanação da prerrogativa sindical de criar normas jurídicas. Esse atributo é de especial relevância, sendo que numa relação entre entes coletivos não se deve instituir meras cláusulas contratuais, peculiaridade do ramo privado, mas sim normas que conjuguem os interesses comuns.

O princípio da lealdade e transparência na negociação coletiva estabelece que na vinculação entre os sujeitos do Direito Coletivo do Trabalho deve haver não apenas o acatamento das normas acordadas, mas também que a inteligibilidade destas últimas dê ensejo a interpretações inequívocas. É lógico que o rigor no cumprimento das normas possui como pressuposto a inalterabilidade da situação fática, refere-se aos efeitos produzidos pelas normas de contratos coletivos. Estão nesta categoria os princípios da “criatividade jurídica da negociação coletiva” e o da “adequação setorial negociada”.

1.4 O Sistema de Custeio das Entidades Sindicais

Ao que concerne o financiamento das entidades são várias as formas de custeio para o sistema. Podendo ser a mensalidade sindical, a contribuição legal, assistencial e a confederativa. E assim, como todo investimento é fundamental a participação ativa para conferir os procedimentos e negociações coletivas, que são responsáveis pela representação dos interesses da classe.

Essa contribuição foi criada no governo de Getúlio Vargas no de 1939 sendo essa de natureza tributária com a intenção de obrigar os trabalhadores a contribuir, onde seu intuito era o de sustentar o sistema sindical da Confederação, seu desejo era dar mais autonomia para o sindicato que ao possuir seus próprios recursos dependeria menos do Estado. Primeiro a contribuição sindical vinha somente dos que dela participavam de certa categoria profissional ou econômica, paga uma vez ao ano, que correspondia a um dia de salário. Os empregadores eram obrigados a descontar da folha de pagamento de seus funcionários todo mês de março de cada ano, enviando ao respectivo sindicato o valor arrecadado. Esta contribuição, como obrigatória, foi excluída pelo atual governo.

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Na Constituição Federal de 1988 em seu artigo 8º foi expresso em relação a liberdade para associação incoerente com a contribuição compulsória pelo seu modelo de unicidade sindical. A unicidade sindical é o princípio pelo qual a norma somente impõe um sindicato por categoria, empresa ou delimitação territorial, mas quando o sindicato abrange várias categorias conexas ou similares, torna-se facultada o desmembramento ou dissolução. (RE 310.811-AgR, DJE de 5-6-2009.) ‘’ O princípio da unicidade sindical, previsto no art. 8º, II, da CF, é a mais importante das limitações constitucionais à liberdade sindical. ” A unicidade como modelo sindical, apresenta a categoria e a base territorial, como os limites para atuar, ou seja, é a proibição, expressa em lei, da existência de mais de um sindicato na mesma base de atuação. Portanto, a lei pode limitar a criação de sindicatos, mas em uma determinada base territorial, ou mesmo de certa atividade econômica.

A contribuição confederativa tem sua previsão em assembleia geral, de natureza contratual e coletiva sua finalidade é custear as despesas do sistema confederativo, essa contribuição é realizada somente pelos associados. Ou seja, tem como propósito garantir a manutenção e o reforço do sistema confederativo sindical brasileiro. O seu valor é livremente definido em Assembleia Geral realizada pelo Sindicato.

A posição da doutrina é clara no sentido de não poder haver obrigatoriedade da contribuição confederativa aos não sindicalizados como afirma Arnaldo Sussekin:

“A contribuição confederativa, fixada pela assembleia geral do sindicato não pode obrigar o empregado que não é filiado. A Constituição Federal, ao estabelecer a livre associação profissional ou sindical, vedando qualquer interferência do Poder Público, e estabelecendo que ninguém será obrigado a filiar-se ou manter-se filiado a sindicato, não permite a imposição de uma contribuição fixada por um órgão sindical que alcance a generalidade da categoria profissional, eis que só a lei poderá impor tal dever, daí explicar-se a manutenção do próprio texto constitucional da contribuição prevista em lei. Não é razoável uma interpretação que torna compulsória a generalidade dos integrantes da categoria uma contribuição criada por um órgão sindical, quando todo o sistema é o da livre associação profissional ou sindical assegurada à liberdade e filiação” (SUSSEKIN, Arnaldo, pág.1149.).

O TST - Tribunal Superior do Trabalho publicou a precedente normativa 119, deixando bem clara sua posição quanto a essa contribuição e quanto aos não filiados:

“Fere o direito à plena liberdade de associação e de sindicalização cláusula

constante de acordo, convenção coletiva ou sentença normativa fixando contribuição a ser descontada dos salários dos trabalhadores não filiados ao

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sindicato profissional, sob a denominada de taxa assistencial ou para custeio do sistema federativo.

A Constituição da República nos artigos 5º, XX e 8º, V assegura ao trabalhador “o direito de livre associação e sindicalização”. Assim torna-se evidente o respeito a liberdade, princípio norteador de todos os direitos, vigilante e garantidor de justiça e democracia, fundamental ao bom convívio e bem estar de todos. Pois não pode haver decisão contraria ao disposto na Constituição Federal.

Perante a Justiça do Trabalho poderão ser plausíveis de questionamento as cobranças de contribuições confederativa em nome dos trabalhadores e dos empregadores não filiados ao respectivo sindicato que efetuar tal cobrança. Observando que é requisito imprescindível para o recolhimento da contribuição sindical pelo empregador a expressa autorização do trabalhador, de forma individual, observa-se quem em assembleia geral não poderá ser questionada tal contribuição obrigatória, que deve ser individualmente, sem possibilidade de representação para tal. Desobedecendo a legislação vigente o sindicato poderá ser condenado a devolver contribuições recebidas sem previa autorização expressa. Para evitar esse transtorno as empresas podem exigir de seus funcionários, através de formulários simples, se optam pela contribuição ou não. A oposição a contribuição deve originar uma cópia desse formulário que deve ser recebida pelo sindicato dose trabalhadores. Ao empregador pede-se que tal formulário seja mantido no prontuário do empregado para fins de eventual fiscalização ou reclamação trabalhista.

A mensalidade sindical, por cessação, é devida exclusivamente pelo empregado ou pelo empregador associado ao seu respectivo sindicato. O valor da mensalidade sindical deverá ser livremente definido pelos sócios do sindicato, em Assembleia Geral ou em seu Estatuto Sindical. Mediante o pagamento da mensalidade sindical o filiado pode usufruir de alguns benefícios fornecidos pelo sindicato, tais como colônia de férias, assistência médico-hospitalar, dentre outros. Para fins de cálculo dessa mensalidade o sistema utiliza o cadastro de sindicatos, já que as contribuições variam por categoria, mesmo diretamente vinculado ao funcionário. As mensalidades são parcelas pagas periodicamente aos sindicatos pelos filiados. Contudo, as baixas taxas de sindicalização impactam essa forma de receita. A renda proveniente da gestão de bens e valores dos sindicatos como aluguéis, rendimentos de investimentos

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e outros possíveis de adquirir, caso exista patrimônio também estão previstas na Consolidação das Leis Trabalhistas em seu artigo 548.

Outras fontes de renda podem ser as decorrentes de atuação econômica, por exemplo. É preciso atentar que a CLT em seu artigo 564 veda expressamente que os sindicatos exerçam, direta ou indiretamente, atividades econômicas. Há discussão se esse artigo teria sido ou não recepcionado pela CF/88, pois restringe a autonomia sindical.

Tabela exemplificativa do sistema de custeio:

ESPÉCIE PREVISÃO NATUREZA FINALIDADE SUJEIRO

PASSIVO Contribuição SINDICAL ART 578 e seguintes CLT Contratual Coletiva Financiar Atividades sindicais Empregado que autorizou Contribuição CONFEDERATI VA Previsão em assembleia geral Contratual coletiva Custear despesas sistema confederativo Somente associados Contribuição ASSISTENCIAL Previsão em acordo ou convenção ou sentença normativa Contratual coletiva Auxiliar nas despesas de campanha salarial Somente associados MENSALIDADE Previsão em assembleia ou estatuto Contratual coletiva Custear manutenção entidade Somente associados Fonte: Paulo Scherer.

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2. O SISTEMA DE CUSTEIO – CESSAÇÃO DA OBRIGATORIEDADE DA CONTRIBUIÇÃO SINDICAL

A Lei n. 13.467/2017 alterou a redação do art. 578 da CLT, extinguindo a compulsoriedade arrecadatória da contribuição sindical e, por consequência, encerrando sua obrigatoriedade e desnaturando seu cariz tributário. E para todas as contribuições devidas ao sindicato: “Art. 545. Os empregadores ficam obrigados a descontar da folha de pagamento dos seus empregados, desde que por eles devidamente autorizados, as contribuições devidas ao sindicato, quando por este notificados”. Com essa alteração da reforma o trabalhador contribuirá para o sindicato somente se desejar e autorizar o desconto em folha. Evitando assim equívocos que foram sistemáticos como a falta de informação aos trabalhadores que por vezes não sabiam para o que de fato contribuíam, a que cessação era destinadas as suas contribuições e se de fato o sindicato atuava a seu favor.

A alteração imposta na lei, que exclui a obrigatoriedade da contribuição sindical não altera a regra da unicidade sindical, não há como se inferir que a autorização adotada pelo legislador seja individual, já que as deliberações sindicais sempre foram assemblares. O artigo 513, “e”, da CLT não foi alterado pela Lei 13.467/17, de forma que ainda incumbe ao sindicato a prerrogativa de impor contribuições sociais aos participantes de determinada categoria. Diante dessa alteração legislativa surgiu diversos questionamentos referente a constitucionalidade da nova redação.

2.1 A Compulsoriedade da Contribuição Sindical

Como visto anteriormente, na história do sindicalismo sempre existiu um impasse sobre a compulsoriedade da contribuição sindical, não é um tema novo, agora está inflado pela alteração feita com a reforma trabalhista de 2017 que não poupou o tema e desobrigou o desconto da folha do trabalhador. Sob pena de enfezar o regime construído

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até aqui não se pode misturar as conquistas e correlacionar de forma frustrante os direitos fundamentais e sociais. Ao analisarmos, essa discussão foi até o Supremo Tribunal Federal (STF) sendo esse, voto vencido, pois a liberdade de escolha deve partir da autorização do trabalhador, de forma contraria é inconstitucional.

A referida contribuição tem sua natureza tributária já definida sem maiores controvérsias estando pacificada a muito tempo pela jurisprudência do STF. Nesse sentido, em artigo doutrinário, Ives Gandra da Silva Martins, lembra que:

“A contribuição especial no interesse das categorias profissionais ou econômicas, como instrumento de sua atuação nas respectivas áreas, tem como nítido, claro e cristalino objetivo garantir a atuação de categorias profissionais e econômicas em defesa dos interesses próprios destes grupos, ofertando, pois, a Constituição, imposição tributária que lhes garanta recursos para que possam existir e atuar. Esta é a natureza jurídica da contribuição, que fundamenta o movimento corporativo ou sindical no Brasil, na redação da Lei Suprema de 1988, constitucionalizada que foi sua conformação tributária. Não é mais uma contribuição parafiscal ou fora do sistema, mas uma contribuição tributária, com objetivo perfil na lei maior.” (MARTINS, Ives Gandra da Silva, in Revista TST, Brasília, vol. 81, n. 2, abr/jun 2015, p. 93).

A jurisprudência do STF também encontra-se na mesma linha solidificada: SINDICATO DE SERVIDORES PÚBLICOS: DIREITO À CONTRIBUIÇÃO COMPULSÓRIA (CLT, ART. 578 SS), RECEBIDA PELA CONSTITUIÇÃO (ART. 8º, IV, IN FINE), CONDICIONADO, PORÉM, A SATISFAÇÃO DO REQUISITO DA UNICIDADE. 1. A Constituição de 1988, a vista do art. 8, IV, in fine, recebeu o instituto da contribuição sindical compulsória, exigível, nos termos dos arts. 578 ss. CLT, de todos os integrantes da categoria, independentemente de sua filiação ao sindicato (cf.ADIn 1.076, med. cautelar, Pertence, 15.6.94). 2. Facultada a formação de sindicatos de servidores públicos (CF, art. 37, VI), não cabe exclui-los do regime da contribuição legal compulsória exigível dos membros da categoria (ADIn 962, 11.11.93, Galvão). 3. A admissibilidade da contribuição sindical imposta por lei e inseparável, no entanto, do sistema de unicidade (CF, art. 8, II), do qual resultou, de sua vez, o imperativo de um organismo central de registro das entidades sindicais, que, a falta de outra solução legal, continua sendo o Ministério do Trabalho (MI 144, 3.8.92, Pertence). 4. Dada a controvérsia de fato sobre a existência, na mesma base territorial, de outras entidades sindicais da categoria que o impetrante congrega, não há como reconhecer-lhe, em mandado de segurança, o direito a exigir o desconto em seu favor da contribuição compulsória pretendida. (RMS 21.758 DF, Relator Min. SEPÚLVEDA PERTENCE, Primeira Turma, DJ 04-11-1994).

Essa decisão tem algumas consequências que devem ser observadas, principalmente no que diz respeito à unicidade sindical e a contribuição sindical, que era obrigatória, bem como, a distinção entre as duas espécies de contribuição destinadas ao custeio do regime sindical: uma de natureza negocial e outra de natureza fiscal, ambas expressamente previstas do texto constitucional (artigos 8º, IV, c/c 149 da CRFB).

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2.2 A Medida Cautelar na ADI 5794 MC/DF

ADI trata de Ação Direta de Inconstitucionalidade, com pedido de medida liminar, proposta pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transporte Aquaviário e Aéreo, na Pesca e nos Portos - CONTTMAF, tendo por objeto o artigo 1º da Lei 13.467/2017, o qual deu nova redação aos artigos 545, 578, 579, 582, 583, 587 e 602 da Consolidação das Leis do Trabalho, regulamentando a contribuição sindical.

A Confederação Nacional dos Trabalhadores das Indústrias de Alimentação e Afins – CNTA, por exemplo, argumenta que as consequências serão tamanhas, haja vista que as entidades sindicais se verão compelidas a demitir em massa os seus trabalhadores” (eDOC 169, p. 4).

A título de exemplificação acrescentamos que a Federação Paulista dos Auxiliares de Administração Escolar – FEPAAE, por sua vez, advertiu em registro que:

“Sem a contribuição sindical será o cessação do sistema confederativo” (eDOC 228, p. 4). A Confederação Nacional dos Trabalhadores na Indústria da Construção e do Mobiliário aduz que “números reais e atuais da arrecadação da contribuição mostram que elas tiveram redução de cerca de 80% em 2018 na comparação ao ano anterior, considerando as maiores confederações e federações setoriais, além das 20 entidades empresariais que mais arrecadam”. (eDOC 228, p. 4)

A FEPAAE Expressa aqui a indignação da alteração legal referente a contribuição compulsória, expondo que esta modificação atingirá de modo genérico desde os sindicatos pequenos até as confederações.

Outro sindicato que se manifestou a respeito com os mesmos receios foi a Federação Nacional dos Empregados em Postos de Serviços de Combustíveis e Derivados de Petróleo – FENEPOSPETRO, que (eDOC 284, p. 9):

“No mesmo período de apuração, ou seja, 01/03/ 2017 a 03/05/2017 em comparação a este ano de 2018, houve uma queda de arrecadação da monta de 93% (noventa e três). O que foi fator de extrema importância, para que esta federação esteja providenciando a desativação ao menos 4 sub sedes, por impossibilidade de sua manutenção. Ainda, segue na mesma esteira a situação das suas entidades filiadas, que, de maneira geral obtiveram arrecadação de somente 13,89% no que tange a seus representados. Somente nesta categoria a média de demissão de trabalhadores que prestavam serviços a categoria foi

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uma média de 65% de seus quadros. Desse total, 13% estão com dificuldade em quitar as verbas rescisórias. Houve ainda o fechamento de departamentos voltados ao atendimento social, fechamento de departamentos de aposentados, restrição na fiscalização do cumprimento das normas coletivas já que os sindicatos em sua maioria possuem base estadual, com longas distâncias a serem percorridas. Neste sentido, o quadro de precarização do trabalho aumenta pelo distanciamento e enfraquecimento da estrutura financeira das entidades Bom que se note ainda, que muitas entidades representativas possuem TAC assinado com o MPT, que no passado próximo, possuía entendimento de que havendo o recebimento do Imposto Sindical, descabia o recebimento de qualquer outra contribuição”. (eDOC 284, p. 9)

Trata-se aqui de dados onde a FENEPOSPETRO relata a desativação de quatro sedes por falta de dinheiro para a sua mantença. Ocasionado devido as filiadas não terem arrecadado o valor esperado. Porem observamos que nesse ramo há sempre contratação em massa e demissões no mesmo sentido, no que desrespeito aos serviços petrolíferos. Com o fechamento destas unidades ficou difícil a fiscalização das normas coletivas, que em sua grande maioria, são estaduais, precarizando, enfraquecendo a estrutura das entidades, destacando que muitas possuíam um documento TAC assinado pelo MPT, que ao receber o imposto sindical a descabiam qualquer outro recebimento de contribuições diversas.

Já em combate a nova previsão legal a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes Aquaviários e Aéreos – CONTTMAF, em ação afirmou “ser inconstitucional a norma impugnada em face de alegada violação dos artigos 146, II e III, 149 e 150, §6º, da Constituição da República Federativa do Brasil”. Logo: “seria necessária lei complementar e norma específica para promover alterações na regulamentação da contribuição sindical, nos termos dos arts. 146 e 150, § 6º, CRFB”. E destaca:

“Que a alteração legislativa promovida desrespeitaria direitos e garantias fundamentais dos trabalhadores, eis que os sindicatos têm dever de assisti-los juridicamente e que tal direito ficaria desatendido. E por cessação aduz que: “haveria ferimento ao princípio da proporcionalidade, pois o Estado teria legislado de maneira abusiva na hipótese.” (ADI-5794)

Como complemento consideramos relevante acrescentar a colocação de Pereira Neto quando diz:

“Não se pode perder de vista que uma das principais consequências da compulsoriedade da representação repousa no efeito erga omnes das normas que resultam de negociações coletivas, conforme previsto no artigo 611 da Consolidação das Leis Trabalhistas. A auto aplicabilidade das normas coletivas para toda a categoria profissional, bem como o reconhecimento constitucional dos acordos e convenções coletivas (artigo 7º, XXIX, da CF) também reforçam

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a importância da função das entidades sindicais na negociação coletiva (PEREIRA NETO, 2017, p. 60-61).

Baseados nessas colocações pontuais infere-se que o artigo 611 da CLT trata da convenção coletiva que tem efeito para todos, principal consequência para a existência da compulsoriedade. É aplicada para normas coletivas de todas as categorias profissionais, pois tem previsão legal, bem como para os acordos. A Constituição Federal em seu artigo 7º inciso XXIX refere-se aos créditos resultantes das relações de trabalho, com prazo prescricional de cinco anos e limite de dois anos da extinção do contrato.

2.3 O Julgamento – Inconstitucionalidade Formal e Material

Pode-se dividir o julgamento em dois momentos referente a inconstitucionalidade proposta pela ADI 5794 - Ação Direta de Inconstitucionalidade genérica, conhecida também como ADIN advém do controle concentrado de constitucionalidade, e está prevista nos artigos 102 I, “a” e 103 da CF/88. O que se busca neste tipo de ação é a lei ou ato normativo que se mostrarem incompatíveis com o sistema, ou seja, a invalidação da lei ou ato normativo pelo Poder Judiciário. O julgamento da ADI 5794 concluiu-se pela constitucionalidade da Reforma trabalhista que “privilegia os princípios da liberdade sindical, de associação e de expressão, entendendo que, para esta contribuição específica – sindical –, a autorização deve ser individual e expressa”.

A arguição que roga a inconstitucionalidade formal e material da regra legal contradita não prosperou na ação que juntou dezoito ADIs em decorrência do art. 1º da Lei nº 13.467/2017, que alterou diversos dispositivos sindicais e colocou a necessidade prévia de autorização expressa do trabalhador referente a contribuição sindical a qual deu nova previsão legal aos seguintes artigos da CLT:

“Art. 545. Os empregadores ficam obrigados a descontar da folha de pagamento dos seus empregados, desde que por eles devidamente autorizados, as contribuições devidas ao sindicato, quando por este notificados.

Art. 578. As contribuições devidas aos sindicatos pelos participantes das categorias econômicas ou profissionais ou das profissões liberais representadas pelas referidas entidades serão, sob a denominação de contribuição sindical, pagas, recolhidas e aplicadas na forma estabelecida neste Capítulo, desde que prévia e expressamente autorizadas.

Art. 579. O desconto da contribuição sindical está condicionado à autorização prévia e expressa dos que participarem de uma determinada categoria econômica ou profissional, ou de uma profissão liberal, em favor do sindicato representativo da mesma categoria ou profissão ou, inexistindo este, na conformidade do disposto no art. 591 desta Consolidação.

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