1. Economia Internacional
A actividade económica global, em 2011, registou uma taxa de crescimento de 4%, de
acordo com a estimativa do Fundo Monetário Internacional (FMI), verificando, todavia,
uma desaceleração resultante do menor dinamismo das economias avançadas e do
acentuar da incerteza ao nível do enquadramento macroeconómico internacional.
O FMI reviu, recentemente, em baixa as suas projecções, tendo a desaceleração sido
particularmente notória quanto aos EUA, com um decréscimo do crescimento para 1,5%
em 2011 e para 1,8% em 2012, em relação às previsões de Junho. A Zona Euro, por seu
lado, também viu o seu crescimento ser revisto em baixa, para 1,6% em 2011 e -0.5% em
2012, também face ao previsto em Junho.
As economias emergentes destacam-se favoravelmente, pois registam índices de
crescimento apreciáveis. No entanto, também evidenciaram algum abrandamento, quer em
resultado do enfraquecimento dos seus principais mercados de exportação, quer em
consequência de políticas macroeconómicas de contenção, nomeadamente na esfera
monetária, decididas pelas respectivas autoridades para contrariar as tensões inflacionistas.
Deste modo, a partir do 2º trimestre de 2011, a dinâmica de crescimento da economia
mundial começou a observar uma travagem continuada. Num contexto de crescente
volatilidade nos mercados financeiros, o sentimento de confiança dos consumidores voltou
a deteriorar-se.
EVOLUÇÃO DO PREÇO DO PETRÓLEO
EVOLUÇÃO DO PREÇO DO TRIGO, PETRÓLEO E OURO
(BASE 100 A 01/01/2010) 70 75 80 85 90 95 100 105 110 115 120
Janeiro 10 Abril 10 Junho 10 Setembro 10 Dezembro 10 Março 11 Junho 11 Setembro 11 Dezembro 11
Fonte: Bloomberg USD Crude 75 100 125 150 175
Janeiro 10 Abril 10 Junho 10 Setembro 10 Dezembro 10 Março 11 Junho 11 Setembro 11 Dezembro 11
Fonte: Bloomberg
Em percentagem
2009 2010 2011e 2012p Economia Mundial –0.7 5,1 4,0 4,0 Economias Desenvolvidas –3.7 3,1 1,6 1,9 Estados Unidos -3,5 3,0 1,5 1,8 Japão –6.3 4,0 -0,5 2,3 Economias Emergentes 2.6 7.1 6.5 6.5 Russia –7.8 4,0 4,3 4,1 China 9.2 10.3 9,5 9,0 India 6,8 10,1 7,8 7,5 Brazil –0.6 7.5 3,8 3,6 PIB
VARIAÇÃO ANUAL EM PERCENTAGEM
Nos primeiros quatro meses do ano, a subida dos preços das matérias-primas,
nomeadamente do petróleo e dos produtos alimentares, contribuiu para o aumento da
inflação e consequentemente para a redução do rendimento disponível das famílias. A
contracção da procura acabaria por provocar no segundo trimestre do ano acentuadas
correcções, tendo os preços do petróleo caído até Setembro de 2011, num contexto de
fortes flutuações, mantendo um padrão altamente volátil desde meados de Maio de 2011.
Os preços das matérias-primas não energéticas também registaram fortes descidas a partir
de Maio. Quer as matérias-primas alimentares, quer os metais básicos, foram igualmente
afectados pelas tensões nalguns mercados da dívida soberana e pelas respectivas
implicações para a procura mundial. Em termos agregados, o índice de preços das
matérias-primas não energéticas (denominados em dólares americanos) era 14% mais
baixo no início de Dezembro do que no início do ano.
Nos EUA, a persistência de elevados desequilíbrios macroeconómicos (défices público e
externo e dívida pública), a crise no mercado de habitação, a contracção na criação de
emprego e a degradação das condições financeiras de concessão de crédito, provocaram o
enfraquecimento da procura interna privada, agravado pela necessidade das famílias de
ajustarem a sua situação financeira, recorrendo menos ao crédito.
Nas economias emergentes, em particular na China, o elevado dinamismo registado ao
longo de 2011, a par de um forte crescimento do crédito e de subidas dos preços dos
activos, levou a um aumento das taxas de juro, ao aumento dos coeficientes de reservas
legais dos bancos e à necessidade de imposição de limites ao crédito, tendo algumas
destas medidas sido, no entanto, revertidas na parte final do ano.
PIB
VARIAÇÃO ANUAL EM PER CENTAGEM
2009 201 0 2011 2012p Zon a Eur o –4,3 1,8 1,6 - 0,5 Alem anha -5 ,1 3,6 3,0 0 ,3 França -2 ,6 1,4 1,6 0 ,2 Itália -5 ,2 1,3 0,4 -2,2 Espa nha –3 .7 –0 .2 0,7 -1,7
Fonte: FMI, World Eco no mic Out lo ok (J an 2 012 )
Na Zona Euro, a actividade económica registou um desenvolvimento moderado, com os
elevados níveis de défice e dívida pública a condicionarem o comportamento tenso dos
mercados financeiros e afectando o potencial de crescimento. Neste contexto, verificou-se
uma redução generalizada do nível de confiança dos agentes económicos, especialmente
dos consumidores e das empresas industriais.
Nas projecções para 2012, a fragilidade revelada pela economia dos Estados Unidos e pela
economia europeia deve ainda apresentar-se agravada pelos receios dos agentes
económicos face ao comportamento dos mercados em relação à dívida soberana dos países
da Zona Euro, bem como perante os desequilíbrios fiscais que se observam noutras
economias de primeiro plano, entre as quais os próprios Estados Unidos.
Subsistem, por outro lado, dificuldades na recuperação do mercado habitacional nos países
mais afectados por bolhas imobiliárias – e até noutros onde este fenómeno foi mais
limitado – e os níveis de desemprego, em quase todos os países mais desenvolvidos,
continuam a manter-se resistentes à descida.
A falta de clarificação do ambiente macroeconómico e financeiro continuou a afectar o
funcionamento do mercado interbancário e do mercado de capitais, dificultando o normal
fluxo de crédito de que as empresas necessitam para o desenvolvimento da sua actividade.
Acrescem as dificuldades do sector financeiro, ainda não totalmente depurado de activos
tóxicos, com volumosas carteiras de crédito imobiliário em situação complexa, e com
exposição às dívidas soberanas, limitando a sua capacidade de concessão de crédito à
economia, tanto mais que o novo enquadramento prudencial de Basileia III se apresenta
consideravelmente mais exigente nos requisitos de capital que impõe aos bancos.
Um elevado número de países encontra-se hoje envolvido num esforço de consolidação
orçamental visando a sustentabilidade das suas finanças públicas, circunstância que, no
curto prazo, está a provocar uma desaceleração da procura interna, com o consequente
impacto negativo no comércio internacional. Este esforço de consolidação, na generalidade
dos países da Zona Euro, tem associado um aumento dos impostos indirectos e dos preços
administrativos, o que suscitou um novo impulso na taxa de inflação.
Neste ambiente, o saneamento das contas públicas tornou-se imperativo não apenas na
Grécia, país para o qual se considerou necessária a reestruturação da dívida, mas para
diversos países como a Espanha, a Itália, a Bélgica e Portugal. Mesmo países onde,
aparentemente, não existe qualquer risco significativo ao nível das suas contas públicas,
como é o caso da própria Alemanha, adoptaram orçamentos de contenção, o que se
verificou igualmente em países fora da Zona Euro, como no Reino Unido.
Contudo, já no início de Janeiro de 2012, a Zona Euro viu o seu cenário macroeconómico
degradar-se ainda mais, com os
ratings
da
Standard & Poor’s
de Portugal, Itália, Espanha e
Chipre a baixarem em dois níveis, enquanto que os de França, da Áustria – que perdem o
triplo A – e de mais três países (Eslováquia, Eslovénia e Malta) foram cortados em um
nível.
A agência cortou ainda o
rating
do Fundo Europeu de Estabilização Financeira, depois de
2. Mercados Financeiros
Na Europa e nos EUA, o mercado accionista, depois de ter atingido, até Abril os valores
mais elevados desde Setembro de 2008, iniciou uma queda que, no caso de alguns países
da periferia europeia, se traduziu numa descida dos respectivos índices para os valores
mais baixos dos últimos dois anos.
O DAX alemão ainda fechou o semestre com um ganho de +6,7% – depois de ter chegado
a atingir uma subida desde o final de 2010 de 8,87% – e a bolsa norte-americana ainda
manteve ganhos de +5,0% (S&P500), após ter chegado, em Abril, a uma valorização de
10,65% sobre o valor final de 2010. Já o PSI20, no termo do 1º semestre, desceu -3,5%
em relação ao fecho de 2010, acentuando esta queda nos meses mais recentes (-25% no
final de Dezembro).
O sentimento do mercado relacionado com a crise da dívida soberana na área do euro
continuou a afectar a evolução dos preços das acções, em particular no sector financeiro,
enquanto que, a maioria das divulgações de dados económicos na área do euro também
desapontou os participantes no mercado, embora as divulgações de dados económicos nos
Estados Unidos, na segunda parte do período, tenham sido, em geral, melhores do que o
esperado.
EVOLUÇÃO DE ÍNDICES ACCIONISTAS
60 70 80 90 100 110 120 130
Janeiro 10 Março 10 Maio 10 Julho 10 Setembro 10Novembro 10 Janeiro 11 Março 11 Maio 11 Julho 11 Setembro 11 Novembro 11
Fonte: Bloomberg
Paralelamente, ganhou expressão crescente o volume de investimentos em activos
puramente de refúgio, como é o caso do ouro, cuja cotação se aproximou dos 1900 USD
por onça, contra cerca de 700 USD por onça antes da crise (2007).
A baixa no valor de mercado dos títulos de dívida pública de alguns países da área do euro
(incluindo Portugal), ao mesmo tempo que arrastou a subida abrupta das respectivas
“yields”, provocou fortes desvalorizações na carteira de activos financeiros, contribuindo
para a erosão do capital dos bancos.
Em Junho de 2011, o euro averbava o 2º semestre consecutivo de apreciação face à
moeda norte-americana, cerca de 8,4% (após 5,8% no semestre anterior), tendo, ainda
em Abril, chegado a atingir a cotação mais elevada desde Dezembro de 2009.
No entanto, desde o início de Setembro, o euro depreciou-se de forma marcada em relação
ao dólar americano. Entre 31 de Agosto e 7 de Dezembro de 2011, o euro depreciou-se
EVOLUÇÃO DE TAXAS DE JURO
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22
Janeiro 09 Abril 09 Junho 09 Setembro 09 Dezembro 09 Março 10 Junho 10 Setembro 10 Dezembro 10 Março 11 Junho 11 Setembro 11 Dezembro 11
Fonte: Bloomberg
Em percentagem
EURIBOR 3M Yield OT 2 ANOS Yield OT 5 ANOS
EVOLUÇÃO DAS PRINCIPAIS MOEDAS
70 80 90 100 110
Janeiro 10 Março 10 Maio 10 Julho 10 Outubro 10 Dezembro 10 Fevereiro 11 Maio 11 Julho 11 Setembro 11 Dezembro 11
Fonte: Bloomberg
7,4% em relação ao dólar americano sendo, ainda assim, transaccionado 0,9% acima da
sua média de 2010.
Os principais factores impulsionadores desta desvalorização foram alterações na percepção
da sustentabilidade das finanças públicas em alguns estados membros da área do euro e
nos Estados Unidos, assim como movimentos nos diferenciais de rendibilidade entre as
duas economias.
O euro também registou uma depreciação assinalável em relação ao iene, em particular
entre o final de Agosto e o início de Outubro, tendo, após essa data, começado a inverter a
tendência até ao final do mês. Desde Novembro, o euro depreciou-se novamente em
relação ao iene japonês e a informação obtida com base nos preços de opções de câmbios
indica que o sentimento do mercado está cada vez mais a incorporar uma nova
depreciação, apesar dos esforços das autoridades japonesas para conter a apreciação do
iene japonês, que incluíram intervenções nos mercados cambiais no final de Outubro.
Efectivamente, o iene japonês é comummente encarado como um “porto seguro”, estando
assim susceptível a uma forte apreciação nominal quando há um recrudescimento da
volatilidade no mercado. No início de Dezembro de 2011, o euro era transaccionado 5,9%
abaixo do nível registado no final de Agosto e 10,5% abaixo do nível médio em 2010.
No que diz respeito a outras moedas, a taxa de câmbio do euro em relação à libra esterlina
continuou a oscilar sem uma tendência clara desde o final de Agosto, num contexto de
elevada volatilidade. Em 7 de Dezembro, o euro era transaccionado 3,2% abaixo do seu
nível no final de Agosto em relação a esta divisa. O euro também registou oscilações muito
amplas face ao franco suíço de Abril a Agosto de 2011, primeiro com uma forte
depreciação para um mínimo histórico de 1.05 em 11 de Agosto, e, posteriormente, com
uma forte apreciação até ao fim de Agosto e no início de Setembro.
O BCE manteve uma política de cedência ilimitada de liquidez a três meses (à taxa média a
vigorar no período), bem como as operações de cedência de liquidez por montantes
ilimitados a taxa fixa a um mês e a uma semana. Já no início de Outubro, o BCE veio a
afastar-se ainda mais das políticas convencionais, reforçando as medidas de carácter
excepcional que tem vindo a seguir na cedência de liquidez aos bancos, extremando o
Refinancing Operation
.
A conjugação de um ambiente de elevada aversão ao risco com os receios de
abrandamento económico, levou os investidores a assumirem posições em activos
tradicionalmente mais seguros, contribuindo para a manutenção de um ambiente de taxas
de juro de mercado a níveis historicamente baixos nas principais economias.
Após quase dois anos sem intervir no mercado, o BCE, face à ameaça de tensões
inflacionistas, aumentou as taxas de juro de referência em Abril e Julho, em 25 b.p. de
cada vez. No entanto, os indícios de abrandamento da economia, e a subsistência de
elevados níveis de desemprego e de subutilização de capacidade produtiva, levaram o BCE
a recuar, revendo em baixa a sua taxa directora para os níveis do início do ano. Para tal
contribuiu também a ideia de que a taxa de inflação na Zona Euro, actualmente ainda no
nível, comparativamente alto, de 3%, deverá ter tendência a esbater-se em virtude do
enfraquecimento da economia.
No mercado monetário, a euribor a 3 meses registou uma tendência de subida até Julho de
2011 tendo depois inflectido a partir de Agosto.
EVOLUÇÃO DAS TAXAS DE JURO DE REFERÊNCIA
0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 4,5 5 5,5 6
Janeiro 08 Abril 08 Agosto 08 Dezembro 08 Abril 09 Agosto 09 Dezembro 09 Abril 10 Agosto 10 Dezembro 10 Abril 11 Agosto 11 Dezembro 11
Fonte: Bloomberg %
3. Economia Portuguesa
Portugal acumulou, nos últimos 10 anos, uma dívida externa bruta, isto é, o total das
dívidas do sector público e do sector privado ao estrangeiro, que atingia cerca de 230% do
PIB em 2010, contra 100% do PIB em 1999.
Esta acumulação de dívida resultou de um aumento das necessidades de financiamento do
sector público e do sector privado não financeiro. Dada a participação limitada do sector
privado não financeiro no mercado de capitais, as suas necessidades de financiamento
foram maioritariamente satisfeitas pelo sistema bancário português, que por sua vez
recorreu à emissão de dívida junto de entidades não residentes, através nomeadamente da
titularização de créditos. A concentração de um elevado nível de endividamento externo no
sector público e no sistema bancário colocou a economia portuguesa numa situação
vulnerável a alterações das condições de liquidez e de percepção de risco nos mercados
internacionais de instrumentos de dívida.
O agravamento da percepção de risco em relação aos países da Zona Euro com maiores
níveis de endividamento, acabou por forçar Portugal a recorrer ao dispositivo de assistência
financeira criado no seio da Zona Euro, em articulação com o FMI, para manter o fluxo de
financiamento ao sector público durante o tempo necessário para que, com as necessárias
medidas de austeridade e saneamento, se corrigissem os actuais desequilíbrios nas contas
do Estado.
Paralelamente, está em curso um processo de desalavancagem gradual e ordenado do
sector bancário, – cujas notações financeiras têm descido a par da evolução negativa do
rating
da República Portuguesa – atendendo a que se afigura essencial a convergência
progressiva dos bancos portugueses para uma estrutura de financiamento mais estável,
com menor sensibilidade a variações na percepção do risco nos mercados financeiros de
dívida por grosso. As actuais restrições de acesso dos bancos portugueses a estes
mercados constituem um factor adicional de dificuldades para a actividade económica, em
virtude das limitações que origina na vertente do crédito.
2008 2009 2010 2011e 2012p
Produto Interno Bruto 0,0 -2,7 1,4 -1,5 -3,1
Consumo Privado 1,7 -0,8 2,3 -3,6 -6,0
Consumo Público 0,6 3,5 1,3 -3,2 -2,9
Formação Bruta de Capital Fixo -1,3 -11,1 -4,9 -11,2 -12,8
Procura Interna 1,1 -2,5 0,7 -5,2 -6,5
Exportações -0,4 -11,6 8,8 7,3 4,1
Importações 2,6 -9,2 5,1 -4,3 -6,3
Balança Corrente e de Capital (%PIB) -10,5 -8,6 -8,9 -6,8 -1,6
Balança de Bens e Serviços (%PIB) -8,9 -6,7 -6,6 -3,7 0,3
Índice Harmonizado de Preços do Consumidor 2,6 -0,8 1,4 3,6 3,2
PIB 2011. INE
Fonte: Banco de Portugal, Boletim Económico, Inverno 2011
INDICADORES ECONÓMICOS VARIAÇÃO ANUAL EM PERCENTAGEM
A conjugação das medidas de austeridade e do aperto do crédito conduziram a uma
situação marcadamente recessiva na economia.
Assim, de acordo com as Contas Nacionais Trimestrais do INE, nos três primeiros
trimestres de 2011, o produto interno bruto (PIB) registou uma queda acumulada em
termos homólogos de 1,1 %. Esta evolução traduz uma queda generalizada das
componentes da procura interna, que contrasta com um crescimento significativo das
exportações (cerca de 8 %).
No que respeita ao quarto trimestre de 2011, a informação disponível aponta para que a
contracção da actividade económica se tenha intensificado e seja generalizada a todas as
componentes da procura interna, com uma forte contracção, sobretudo do consumo
privado, mas igualmente do investimento residencial, associado ao impacto das medidas de
consolidação orçamental sobre as perspectivas de rendimento das famílias. Neste estado
de coisas, o consumo privado caiu 3 %, enquanto a FBCF contraiu cerca de 10 % face a
2010.
Após anos consecutivos de aumento expressivo, o consumo público deverá ter registado
uma redução da ordem dos 3,2%.
Não obstante o aumento que foi significativo das exportações, a redução da procura
interna traduziu-se numa queda da procura agregada, induzindo uma significativa redução
das importações de bens e serviços, em particular devido ao elevado conteúdo importado
2009 2010 2011 *
Exportação de mercadorias -18,7 11,3 16,1
Importação de mercadorias -20,2 8,2 3,8
Exportação de serviços -8,8 10,6 9,8
Importação de serviços -8,5 5,2 6,0
Fonte: Banco de Portugal, Indicadores de Conjuntura, Dezembro 2011
* Dados até Setembro
COMÉRCIO EXTERNO
VARIAÇÃO HOMÓLOGA EM PERCENTAGEM
A evolução conjugada das exportações e das importações conduziu, na parte final do ano,
a uma manifesta redução do défice da balança comercial e a uma melhoria da taxa de
cobertura das importações, que se aproximou dos 80%, face ao valor de cerca de 66%
observado em 2010. Aliás, excluindo a importação de combustíveis, a taxa de cobertura
das importações situou-se, nesse período, em 141%, correspondendo a um excedente na
balança comercial de 766 milhões de euros (Setembro a Novembro).
As exportações intracomunitárias cresceram 11% no mesmo período, enquanto que as
importações diminuíram 8,4%, com o défice comercial a desagravar-se para 2.232,5
milhões de euros (menos 4.024,8 milhões de euros, também, entre Setembro e Novembro
de 2010).
As exportações extracomunitárias registaram um crescimento de 28%, ao passo que as
importações subiram 11,9% face ao mesmo trimestre do ano anterior.
No conjunto da actividade económica teve-se, porém, um cenário bastante depressivo, não
surpreendendo que o número de insolvências em 2011 tivesse crescido 18,1% em relação
a 2010 (segundo dados da COFACE), correspondendo, em 41,3% dos casos, a pedidos de
insolvência apresentados pelos próprios empresários. As insolvências com origem num
pedido dos credores aumentaram apenas 2,6% face ao ano anterior. A construção e o
imobiliário representaram 21,2% das insolvências e o comércio 32,2%, enquanto que o
sector têxtil e vestuário apresentam um peso reduzido no número de insolvências, dada a
retoma das exportações verificada desde 2010 que beneficiou estes sectores.
Em oposição a estes indicadores, verificou-se também o aumento, em 11,8%, do número
de empresas constituídas em 2011 face a 2010.
Fonte: Ministério das Finanças e INE DÍVIDA PÚBLICA EM PERCENTAGEM DO PIB -66,3 -77,2 -93,3 -101,9 -110,5 2008 2009 2010p 2011p 2012p
Fonte: Ministério das Finanças e INE
DÉFICE PÚBLICO EM PERCENTAGEM DO PIB -3,6 -10,2 -9,8 -5,9 -4,5 2008 2009 2010 2011p 2012p
Ao nível das finanças públicas, as medidas de saneamento e correcção que têm vindo a ser
anunciadas e executadas, incluindo as de incidência fiscal, deverão, de acordo com as
projecções, permitir uma redução do défice do sector público de -9,8% do PIB em 2010,
para -5,9% em 2011 e -4,5% em 2012, ao mesmo tempo que o peso da dívida pública que
ultrapassou os 100% do PIB em 2011 e subirá para cerca de 110%, quer em 2012, quer
em 2013, ficando portanto relativamente contida.
4. Mercado Bancário
O ano de 2011 foi caracterizado por alterações profundas nas condições de
desenvolvimento da actividade do sistema financeiro, com a banca a adaptar-se às novas
condições de negócio.
Os resultados líquidos reportados registaram fortes quebras e, nalguns casos, prejuízos,
parcialmente atribuídos a situações não recorrentes.
No contexto do Programa de Assistência Financeira da Comissão Europeia, do Banco
Central Europeu e do Fundo Monetário Internacional, as instituições bancárias de maior
relevo no nosso sistema financeiro foram sujeitas a um Programa Especial de Inspecções
destinado a validar a informação sobre os valores de determinados activos e os respectivos
requisitos de capital.
Ainda resultante do referido Programa, assume particular destaque a necessidade de
desalavancagem das instituições de crédito, através da progressiva descida para o máximo
de 120% do rácio de transformação e do reforço do rácio de capital
Core Tier
1 para 10%
até 31 de Dezembro de 2012, o que constitui um desafio complexo para a generalidade
dos bancos.
A desalavancagem do balanço vem exigindo a venda de activos, onde sobressai a
titularização de carteiras de crédito internacional, de crédito à habitação e ao consumo e a
alienação de participações no capital de subsidiárias e de actividades não
core
.
No decurso de 2011, os bancos portugueses prosseguiram o esforço de ajustamento do
balanço iniciado no ano anterior, conseguindo estabilizar o seu financiamento junto do
Eurosistema, embora em níveis absolutos e relativos ainda elevados (no conjunto dos
bancos da área do euro, observou-se o aumento do recurso a essa forma de
financiamento). Refira-se que tal ocorreu num contexto de agravamento e generalização
das tensões nos mercados de dívida, de manutenção de fortes restrições quantitativas no
acesso a financiamento aos mercados e de queda nos depósitos de não residentes.
A deterioração das condições de financiamento do Estado português nos mercados
internacionais, traduziu-se num considerável aumento do financiamento do sector público
junto dos bancos nacionais, que reforçou a ligação entre os riscos soberano e bancário,
intensificando as dificuldades dos bancos portugueses no acesso aos mercados para se
financiarem.
Dada a conjuntura macroeconómica desfavorável, o aumento dos custos de financiamento
do sector bancário e as maiores exigências impostas ao nível dos rácios de capital e de
alavancagem, condicionaram os bancos na oferta de crédito às famílias e às empresas.
Paralelamente, a contracção da economia portuguesa, o aumento do desemprego, a
diminuição do rendimento disponível das famílias e a deterioração das expectativas,
reforçaram o processo de redução da procura de crédito, o que resultou num
abrandamento do crédito concedido ao sector privado não financeiro.
Os mesmos factores, acrescidos do agravamento da carga fiscal, poderão contribuir para
um decrescente contributo da poupança no processo de desalavancagem, pelo que a
desaceleração do crédito tenderá a intensificar-se.
Neste contexto de deterioração do risco da carteira de crédito dos bancos e redução do
número de novos créditos, os níveis de rendibilidade foram significativamente afectados,
reflectindo o aumento das provisões e imparidades associadas ao crédito, a diminuição dos
resultados em operações financeiras e o próprio estreitamento da margem de
intermediação.
O sistema bancário português registou uma queda aproximada de 80% da rendibilidade
(diminuição dos indicadores de rendibilidade do activo, ROA, e dos capitais próprios, ROE,
transversal à generalidade das instituições bancárias) por comparação com os valores
observados antes do início da crise económica e financeira, em 2007.
No primeiro semestre de 2011, o balanço do sistema bancário português, em base
consolidada, contraiu de forma significativa (1,8% face a Dezembro de 2010 e 1,5% face a
Junho de 2010).
Considerando a evolução dos agregados de crédito ao sector não financeiro, verifica-se, em
Novembro de 2011, uma redução do saldo global de crédito em 1,9%, que era
sensivelmente da mesma ordem de grandeza nas empresas (-1,8%) e nos particulares
(-1,9%). Nestes últimos, a diminuição era mais acentuada no crédito para outros fins
2009
Dez Jun Set Dez Jun Set Nov
Total * 2,1 2,3 2,0 1,4 -0,2 -1,0 -1,9
Empresas 1,9 1,3 1,2 0,7 -0,3 -0,7 -1,8
Particulares 2,3 3,0 2,7 2,0 -0,1 -1,2 -1,9
Habitação 2,6 3,3 3,0 2,4 0,4 -0,6 -1,3
Outros fins 0,9 1,9 1,1 -0,2 -2,2 -3,7 -4,7
* Sector privado não financeiro
Fonte: Banco de Portugal, Indicadores da Conjuntura, Janeiro 2012
2011 2010
AGREGADOS DE CRÉDITO VARIAÇÃO HOMÓLOGA EM PERCENTAGEM
Estas descidas dos saldos médios do crédito são já relativamente vincadas e traduzem uma
forte contracção no crédito novo e, certamente, até na própria renovação de facilidades
pré-existentes.
Na primeira metade do ano, o financiamento do sistema bancário dependeu, em grande
medida, do aumento da captação de recursos de clientes, rubrica que, face a Junho de
2010, registou um crescimento de 8,9%. Esta evolução beneficiou da conversão em
depósitos a prazo tradicionais, de poupanças que se encontravam em fundos de
investimento ou seguros de capitalização, e ainda de poupança que se encontrava em
instrumentos públicos (v.g., certificados de aforro). No conjunto do ano de 2011, porém, o
crescimento dos depósitos face a 2010 foi de apenas 3,6%.
Os capitais próprios do sistema bancário foram severamente afectados neste período,
devido ao impacto das perdas latentes da carteira de activos disponíveis para venda
(valorizadas ao justo valor através do capital), observando-se uma diminuição de 7,6%
face a Dezembro de 2010 (-5,5 % face ao período homólogo do ano anterior).
Perante condições de mercado desfavoráveis à realização de aumentos de capital, e na
sequência de uma recomendação efectuada pelo Banco de Portugal no início do ano, os
principais bancos portugueses sacrificaram a distribuição de dividendos, o que permitiu o
reforço dos capitais próprios, por via da incorporação dos resultados retidos.
Adicionalmente, foram realizadas algumas operações de recompra de obrigações próprias
por parte de algumas instituições, com impactos positivos nos resultados, e logo nos
capitais próprios, dado o desconto face ao valor de emissão com que as mesmas
transaccionavam nos mercados secundários.
TAXAS DE JURO MÉDIAS SISTEMA BANCÁRIO NACIONAL
2007 2008 2009 pp
Dez Dez Dez J un Set Dez Jun Set Nov Nov11-Dez10
Depósitos até 2 anos 3,58 4,01 1,67 1,46 1,71 2, 15 2,95 3,47 3, 70 1,55 Crédito a empresas 6,15 6,14 3,34 3,31 3,49 3, 77 4,49 4,92 5, 06 1,29 Crédito à habitação 5,51 5,86 2,00 1,86 1,97 2, 12 2,44 2,71 2, 74 0,62 Outro crédito a particulares 8,75 9,03 7,32 7,72 7,80 7, 97 8,25 8,52 8, 67 0,70 Fonte: Banco de Portugal, Indicadores da Conjuntura
2010 2011
O ajustamento nas condições de
pricing
da captação de recursos no mercado bancário
nacional contribuiu, a par de outros factores, como o maior custo do refinanciamento junto
do BCE, para a deterioração na margem financeira que se observou na maioria das
principais instituições financeiras.
Nas operações com clientes, a evolução da margem financeira reflectiu um efeito de
volume negativo, associado ao abrandamento da concessão de crédito ao sector privado
não financeiro e ao aumento da captação de depósitos. Além disso, a aplicação de
spreads
mais elevados na generalidade dos novos empréstimos concedidos não compensa
totalmente o impacto negativo sobre a margem do aumento da remuneração dos recursos
de clientes, dado que a rotação da carteira de crédito é baixa face ao período médio de
renovação dos depósitos. Note-se, a este respeito, que a remuneração média do crédito à
habitação desceu para níveis inferiores, em cerca de 1 ponto percentual, ao custo dos
depósitos (até 2 anos), invertendo drasticamente o padrão normal.
De facto, a partir de meados de 2010 assistiu-se a uma ligeira diminuição da margem total
entre os empréstimos e os depósitos de clientes, sendo de salientar o aumento das taxas
de juro dos depósitos para valores significativamente superiores às taxas de juro do
mercado interbancário (taxas Euribor).
Com o objectivo de conter a subida manifesta e excessiva das taxas de remuneração dos
depósitos, e de mitigar os riscos acrescidos para o sistema bancário que essa situação
representa, o Banco de Portugal definiu novas exigências de fundos próprios relativamente
a depósitos contratados com taxas de remuneração elevadas, isto é, superiores em 300
pontos base à taxa de referência do mercado interbancário para o prazo correspondente,
medida que inicialmente surtiu efeito mas que ultimamente já não se mostra eficaz.
2008
Dez Jun Dez Jun Set Dez Jun Set
Particulares 2.877 3.503 3.661 3.989 4.119 3.989 4.317 4.561 Habitação 1.570 1.780 1.870 1.937 1.943 1.932 1.992 2.090 Consumo 759 957 1.032 1.149 1.258 1.237 1.356 1.381 Empresas 2.514 4.136 4.594 5.174 5.630 4.706 5.780 6.729 Construção 864 1.491 1.432 1.673 1.930 1.695 2.062 2.453 Actividades Imobiliárias 353 535 566 735 785 638 855 1.096 Total 5.391 7.639 8.255 9.163 9.749 8.695 10.097 11.290 Particulares 2,2 2,6 2,7 2,8 2,9 2,8 3,0 3,2 Habitação 1,5 1,7 1,7 1,7 1,7 1,7 1,7 1,8 Consumo 4,9 6,2 6,6 7,4 8,1 8,0 8,9 9,2 Empresas 2,2 3,5 3,9 4,4 4,8 4,1 4,9 5,0
I. Em valor (milhões de euros)
II. Em % da carteira
2009 2010 2011
CRÉDITOVENCIDO SISTEMA BANCÁRIO NACIONAL
comissões relativas a estes serviços.
O ano de 2011 ficou assinalado pelo acentuado crescimento do crédito vencido. No actual
contexto de recessão económica, agravado pelas medidas de austeridade, que afectam, de
modo particularmente directo alguns sectores de actividade – como construção civil e obras
públicas – mas cujos efeitos se repercutem sobre a generalidade dos sectores, é de prever
que esta situação não se possa reverter a curto prazo em consequência da queda da
procura interna (consumo e investimento).
Deve porém notar-se que, apesar do crescimento do crédito vencido, o nível de cobertura
de provisões na banca nacional se mantém em níveis muito satisfatórios.
O rácio de incumprimento, obtido com base nas Estatísticas Monetárias e Financeiras do
Banco de Portugal, situa-se no conjunto do sector privado não financeiro em valores
máximos desde o início da área do euro. Por sua vez, o fluxo anual de novos empréstimos
vencidos e de cobrança duvidosa voltou a aumentar desde o quarto trimestre de 2010,
embora permaneça abaixo dos valores máximos atingidos durante a actual crise financeira.
A tendência de aumento do incumprimento é transversal aos vários segmentos, assumindo,
contudo, níveis e ritmos mais acentuados nos empréstimos a particulares para consumo e
outros fins e nos empréstimos às sociedades não financeiras.
2008
Dez Jun Dez Jun Set Dez Jun Set
< 20.000 11,1 12,6 14,0 14,7 15,2 16,1 15,9 16,1 20.000 – 50.000 8,0 9,3 9,9 10,7 11,1 11,6 12,2 13,0 50.000 – 100.000 6,9 8,5 9,0 9,7 10,2 10,4 11,1 11,9 100.000 – 200.000 6,0 7,2 7,9 8,6 8,8 8,8 9,7 10,5 200.000 – 400.000 4,7 6,1 6,5 7,5 7,9 7,9 8,7 9,2 400.000 – 1.000.000 4,6 6,3 6,7 7,4 7,8 7,4 8,7 9,5 1.000.000 – 5.000.000 3,5 5,0 5,6 6,6 7,1 6,9 8,1 9,3 > 5.000.000 1,0 2,7 2,6 2,8 3,2 2,5 3,2 4,0
Fonte: Banco de Portugal, Boletim Estatístico, Novembro 2011
2009 2010 2011
Em percentagem ,excepto escalões em euros
RÁCIO DECRÉDITOVENCIDO
POR ESCALÕES DE CRÉDITO CONCEDIDO A EMPRESAS
No crédito à habitação, o rácio de incumprimento situa-se num nível historicamente
elevado, mas substancialmente inferior ao registado nos outros segmentos. Para esta
situação contribui o peso dominante do crédito à primeira habitação, para o qual a
probabilidade de incumprimento é menor.
O incumprimento das empresas mantém as características dos últimos anos, com maior
incidência nos créditos de menor valor, que naturalmente correspondem a negócios de
menor dimensão (micro, pequenas e médias empresas), mas com tendência crescente em
todos os escalões de endividamento.
Esta situação poderá estar a contribuir para um ajustamento da carteira de crédito dos
bancos às sociedades não financeiras. Com efeito, em 2011 os empréstimos de montantes
mais reduzidos concedidos às sociedades não financeiras continuam a registar um
enfraquecimento acentuado, enquanto os empréstimos de maiores montantes e os
empréstimos concedidos a grandes empresas mantêm taxas de crescimento positivas. No
entanto, para o maior dinamismo dos empréstimos de montantes mais elevados, contribui
em grande parte o forte crescimento dos empréstimos concedidos às empresas públicas
não incluídas nas administrações públicas.
Ao nível das instituições de crédito regista-se alguma heterogeneidade de comportamentos
na concessão de crédito às sociedades não financeiras. Embora tenha aumentado o
número de instituições que estão a reduzir significativamente o crédito, há, em simultâneo,
instituições com taxas de crescimento dos empréstimos moderadamente positivas. Na
concessão de crédito aos particulares, onde o abrandamento dos empréstimos tem sido
mais significativo em 2011, verifica-se uma maior convergência de comportamento por
2008
Dez Jun Dez Jun Set Dez Jun Set
Norte 3,1 4,3 4,3 4,7 4,9 4,7 5,6 6,1 Centro 2,9 4,1 4,3 4,8 5,6 5,0 5,8 6,7 Lisboa 1,9 3,8 3,9 4,4 4,8 4,0 4,8 5,5 Alentejo 2,9 5,0 5,5 5,9 6,0 5,5 5,7 6,4 Algarve 1,2 3,0 3,9 4,3 5,2 6,1 7,4 10,3 Açores 1,5 3,2 2,3 2,4 2,9 3,2 4,7 5,3
RÁCIO DECRÉDITOVENCIDO
Em percentagem POR REGIÕES E EM % DE CRÉDITO CONCEDIDO A EMPRESAS
2009 2010 2011
Fonte: Banco de Portugal, Boletim Estatístico, Novembro 2011
empréstimos em torno de valores ligeiramente negativos.
No caso dos empréstimos para consumo e outros fins existe, contudo, um número
significativo de instituições com taxas de crescimento bastante negativas, o que não se
observa no crédito à habitação.
O volume de empréstimos da banca nacional aos particulares e às empresas diminuiu 652
milhões em Novembro de 2011 face ao mês anterior. As crescentes restrições ao crédito e
a diminuição da procura fizeram com que a concessão de novos empréstimos às famílias
atingisse um mínimo histórico: 678 milhões de euros. Em termos homólogos, a quebra é de
quase 50%, a maior desde Maio de 2004. A maior redução verifica-se no crédito à
habitação (-68,4%), mas também atinge o crédito ao consumo (-40%). Em Novembro, o
crédito concedido às empresas foi de 3.628 milhões de euros, mais 0,8% que no mesmo
mês de 2010.
Paralelamente, as dificuldades das empresas e das famílias em pagarem os seus
empréstimos é cada vez maior. Em Novembro, o crédito vencido aumentou em 480 milhões
de euros face a Novembro de 2010, representando 3,41% do crédito total. No crédito à
habitação, que reúne o grosso dos empréstimos a particulares, 1,89% do crédito concedido
está em risco de entrar em incumprimento, a percentagem mais alta de sempre, e no
crédito ao consumo, o peso do crédito vencido já perfaz 9,94%.
No caso das empresas, o peso do crédito vencido está igualmente ao nível mais alto desde
Maio de 1998 (6,55%), o que é revelador dos crescentes problemas de solvência e/ou
liquidez das empresas nacionais.
Por regiões, ressalta o elevado crédito vencido que se verifica no segmento de empresas
no Algarve, onde atinge 10,3%.
1. Análise Financeira
1.1. Demonstração de Resultados
O facto mais saliente na evolução das principais rubricas da demonstração de resultados da
Caixa Central em 2011 foi a expressiva redução da margem financeira que, totalizando
42,6 milhões de euros, se contraiu em 15,2% face ao valor atingido em 2010, o que em
valor absoluto correspondeu a –7,6 milhões de euros.
Esta descida na margem financeira da Caixa Central em 2011, que se segue a um aumento
de 6,0% em 2010, deveu-se em grande medida à política seguida pela instituição no
quadro de uma estratégia de Grupo, visando remunerar os excedentes de liquidez das
Caixas em termos que lhes permitissem enfrentar a intensa concorrência na área da
captação.
Com efeito, as Caixas confrontavam-se – situação que perdura – com as elevadas taxas de
juro oferecidas pelas demais instituições nos depósitos a prazo, por razões ligadas à
secagem dos mercados financeiros em que se refinanciavam bem como pela necessidade
de reduzirem o seu rácio de transformação de depósitos em crédito para 120% – conforme
estipulado no programa de ajustamento para o sector financeiro decorrente do Memorando
de entendimento com a
troika
.
Dada a situação de confortável liquidez do Crédito Agrícola, o Grupo adoptou, neste
ambiente fortemente concorrencial, uma postura simplesmente defensiva e reactiva, mas
ainda assim tornava-se necessário que as Caixas dispusessem de instrumentos para
poderem cobrir, quando o entendessem necessário ou conveniente, as taxas oferecidas
pela concorrência sob pena de não conseguirem reter os recursos ou de poderem mesmo
perder clientes.
Neste estado de coisas, a Caixa Central criou efectivamente, ainda em 2010, um depósito
especial para a colocação dos excedentes das Caixas, com remuneração indexada ao
rendimento da dívida pública em diferentes prazos, e em Novembro do mesmo ano
procedeu a uma significativa revisão em alta da tabela geral das taxas de remuneração das
Caixas, de modo a melhorar as suas condições competitivas na vertente da captação.
Taxas médias de remuneração dos depósitos das CCAM na Caixa Central 1,36% 1,47% 1,59% 1,55% 1,43% 1,39% 1,24% 1,09% 1,07% 1,06% 1,61% 1,54% 1,55% 1,62% 1,70% 1,79% 1,71% 1,68% 1,55% 1,38% 1,32% 1,227% 1,75% 1,75% 1,82% 1,79% 4,20% 4,09% 4,02% 3,95% 3,85% 3,68% 3,56% 3,42% 3,21% 3,01% 2,85% 2,74% 2,61% 0,0% 1,0% 2,0% 3,0% 4,0% 5,0%
Dez-10 Jan-11 Fev-11 Mar-11 Abr-11 Mai-11 Jun-11 Jul-11 Ago-11 Set-11 Out-11 Nov-11 Dez-11 Taxa Euribor - 3 meses Taxa Euribor - 6 meses Tx Dp das CCAM na Caixa Central
O impacto destas medidas, tendo tido já alguma expressão em 2010, fez-se sentir em
pleno em 2011. Assim, nos primeiros meses do ano findo, a variação da margem financeira
da Caixa Central em relação a 2010, em termos acumulados, ainda se mostrou positiva,
mas foi-se reduzindo continuamente ao longo do ano, tendo-se tornado negativa a partir
de Setembro. No conjunto do SICAM, porém, a margem financeira registou um incremento,
em 2011, de 12,1% em relação a 2010, dado que a política descrita, ao mesmo tempo que
deu às Caixas meios para poderem defender a sua base de depósitos, permitiu-lhes
igualmente uma significativa recuperação da margem financeira relativamente ao nível
muito baixo em que se situara em 2010.
Evolução da Margem Financeira
49.201 47.386 50.243 42.596 2008 2009 2010 2011 (Milhares de euros)
Mercê do que acima se referiu, a Caixa Central pagou em 2011 às Caixas pela remuneração
dos seus excedentes de liquidez juros que excederam em 37,7 milhões o valor pago em
2010, para um saldo médio de depósitos inferior em 234,1 milhões de euros.
Valores em milhares de euros
2010 2011
-234.059 37.740
Juros pagos pela Caixa Central pelos excedentes
da CCAM
3.210.897 65.806
2.976.838 103.546
Saldos médios dos depósitos das CCAM na
Caixa Central
Evolução da Margem Financeira da Caixa Central
-39,3% 23,3% 48,2% 1,1% -50,3% -22,8% -8,8% 27,9% 36,4% 48,2% -4,8% -15,2% -22,8% -15,9% -3,3% 6,0% -60% -50% -40% -30% -20% -10% 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 1º Trm 2010 2º Trm 2010 3º Trm 2010 4º Trm 2010 1º Trm 2011 2º Trm 2011 3º Trm 2011 4º Trm 2011
Período a período Acumulado
( ∆ % homóloga)
A margem financeira da Caixa Central foi naturalmente também afectada, embora com
muito menor impacto, pela subida do custo dos seus próprios depósitos de clientes e,
durante alguns meses, pela subida do custo do
funding
do BCE, a que a Caixa Central
recorreu para financiamento da carteira de investimento, resultante da subida da taxa
directora em 25 pb em Abril e de novo em 25 pb em Julho. Como se sabe, e já se referiu
no ponto I.2. deste relatório, sob a nova Presidência do BCE a taxa directora regressou,
com duas descidas sucessivas em Outubro e Novembro, ao mínimo histórico de 1%.
Em termos mais gerais, da análise da variação da margem financeira nas suas principais
componentes ressalta que nos juros activos se registou um crescimento de cerca de 29%,
a que se contrapõe, porém, uma expansão substancial nos juros passivos de cerca de
50,5%, ou seja, para um acréscimo de 44,5 milhões de euros nos juros activos assinala-se
um aumento de cerca de 52 milhões nos juros passivos.
No caso dos juros activos sobressai a rubrica de juros de outros activos financeiros, com
um crescimento de 26,8% para 109,7 milhões de euros, que se segue ao aumento muito
expressivo, de cerca de 89,9%, verificado em 2010. Esta evolução está em linha com a
Valores em milhares de euros, excepto percentagens
Variação % Variação % 2010-2009 2011 - 2010
Juros e rendimentos similares 156.209 153.488 197.942 -1,7% 29,0%
Juros de clientes 68.412 47.225 55.472 -31,0% 17,5%
Juros do SICAM 707 936 1.966 32,4% 110,0%
Juros de instituições de crédito 37.683 6.612 4.222 -82,5% -36,1%
Amortização do desconto de títulos detidos até à maturidade 3.839 12.192 26.570 217,6% 117,9%
Juros de outros activos financeiros 45.568 86.523 109.712 89,9% 26,8%
Juros e encargos similares 108.823 103.245 155.346 -5,1% 50,5%
Juros ao SICAM 84.768 65.806 103.546 -22,4% 57,4%
Juros de depósitos de clientes 3.021 1.229 2.499 -59,3% 103,3%
Juros de empréstimos subordinados 752 155 78 -79,4% -49,7%
Amortização do prémio de títulos detidos até à maturidade 3.661 20.187 21.731 451,4% 7,6%
Outros juros 16.621 15.868 27.492 -4,5% 73,3%
Margem financeira 47.386 50.243 42.596 6,0% -15,2%
2011
EVOLUÇÃO DAS COMPONENTES DA MARGEM FINANCEIRA
2009 2010
A amortização do desconto de títulos detidos até à maturidade, rubrica que se prende com
a anterior na medida em que respeita, em parte, ao mesmo tipo de activos financeiros,
registou um crescimento de 117,9% para 26,6 milhões no seu contributo, que se sobrepõe
ao aumento de 217,6% observado em 2010 (embora a partir de um valor
comparativamente baixo em 2009).
Nos juros das operações com clientes, a Caixa Central conseguiu uma expansão de 17,5%
em 2011, para 55,4 milhões, que se deve essencialmente a um efeito taxa (subida do nível
médio dos indexantes, apesar de se manterem em nível baixo, conjugada com um
ajustamento progressivo dos
spreads
) já que o volume do crédito concedido até sofreu
uma ligeira redução, como se indica no ponto seguinte. Note-se que em 2010 esta
componente dos juros activos sofrera uma pronunciada contracção, de 31% (mais de 21
milhões de euros) em virtude da descida abrupta das taxas
euribor
para níveis mínimos
históricos que se verificou nesse ano.
Destaca-se ainda na variação dos juros activos, a redução registada nos juros de operações
com instituições de crédito, cujo valor caiu 36,1% em 2011, após já ter sofrido uma
redução de 82,5% em 2010, evolução que se deve à alteração na composição do activo da
Caixa Central, em que o valor global das posições em instituições de crédito perdeu
expressão, embora com um incremento pontual na parte final do ano.
Nos juros passivos, o grande peso corresponde, naturalmente, à remuneração dos
excedentes das CCAM, cujo valor total, pelas razões já referidas, registou um incremento
de 57,4% em relação a 2010, ano em que se verificara uma redução de 22,4%.
pagos a outras instituições financeiras, e ao próprio BCE, referente aos financiamentos
obtidos através de operações
repo
, rubrica na qual o crescimento dos juros pagos
comparativamente a 2010 se cifrou em 73,3%, atingindo 27,5 milhões.
A amortização do prémio em títulos detidos até à maturidade, por sua vez, registou um
incremento de apenas 7,6%, mas tinha crescido expressivamente em 2010, mais que
quadruplicando.
Por fim, os juros dos recursos de clientes, que têm reduzido relevo no valor global dos
juros passivos da Caixa Central, apresentaram um crescimento de 103,3%, contra uma
redução de 59,3% em 2010, mas continuam a representar apenas 1,6% do valor total dos
juros suportados pela Caixa Central (1,2% em 2010).
Considerando a evolução das restantes componentes do produto bancário, é de referir
especialmente o modesto crescimento verificado em 2011 na margem de comissões, de
apenas 2,2% para 19,7 milhões de euros, em manifesto contraste com a expressiva
expansão, de cerca de 27,6%, que havia patenteado no exercício anterior, em grande
medida graças ao ajustamento, que nesse ano se efectuou, do preçário, à maior eficácia na
cobrança e à dinamização do
cross
-
selling
, designadamente de seguros.
Evolução do saldo de Comissões
19.671 19.241 15.074 14.672 2008 2009 2010 2011 (Milhares de euros)
Em resultados de activos financeiros atingiu-se em 2011 um valor positivo de 7,8 milhões
de euros, que excede em 27,3% o valor também bastante significativo, realizado em 2010,
que fora de 6,1 milhões. Para os resultados obtidos em 2011 nesta rubrica contribuíram,
sobretudo, a amortização do prémio de desconto em bilhetes do tesouro, classificados em
activos financeiros disponíveis para venda, com cerca de 4,9 milhões de euros, e os
rendimentos de instrumentos de capital (dividendos) no montante de 1,8 milhões,
seguindo-se o valor positivo da reavaliação da posição cambial (1,3 milhões).
Comissões / Produto Bancário 22,3% 24,5% 31,8%
Margem Financeira / Produto Bancário 70,1% 64,1% 69,0%
COMPOSIÇÃO DO PRODUTO BANCÁRIO:
Margem financeira v.s. saldo de comissões
2009 2010 2011
Composição do Produto Bancário
2.243 6.132 7.804 47.386 50.243 42.596 15.074 19.241 19.671 2.929 2.770 (8.310) -20% 0% 20% 40% 60% 80% 100% 2009 2010 2011
Resultado de operações financeiras Margem Financeira
Comissões líquidas Outros proveitos de exploração líquidos
(Milhares de euros)
Variação Variação % 2010-2009 2011-2010
Margem Financeira 47.386 50.243 6,0% 42.596 -15,2%
Comissões líquidas 15.074 19.241 27,6% 19.671 2,2%
Resultado de operações financeiras 2.243 6.132 173,4% 7.804 27,3%
Outros resultados de exploração 2.929 2.770 -5,4% (8.310)
---Margem complementar 20.246 28.143 39,0% 19.165 -31,9%
Produto Bancário 67.632 78.386 15,9% 61.761 -21,2%
2010 2011
PRODUTO BANCÁRIO
2009
Finalmente, o resultado na rubrica residual de outros resultados de exploração, foi no
exercício findo bastante influenciado pela perda excepcional verificada em alguns activos
imobiliários, nomeadamente relacionados com contratos de locação financeira, tendo assim
dado um contributo negativo para o produto bancário, apesar do impacto no resultado do
exercício ter sido amortecido pelo facto de já existirem provisões anteriormente
constituídas que cobriram grande parte dessas perdas.
Face à evolução observada nas suas principais componentes, o produto bancário registou
em 2011 uma marcada redução de 21,2% em relação ao valor de 2010, descendo de 78,4
milhões de euros para 61,8 milhões.
No respeitante à sua composição, é de assinalar que apesar do modesto crescimento que a
margem de comissões apresentou em 2011, a sua participação no valor global do produto
bancário elevou-se para 31,8%, contra 24,5% em 2010 e 22,3% em 2009, como
consequência do menor contributo em valor absoluto da margem financeira, e do valor
negativo apurado nos outros resultados de exploração.
No tocante aos custos de funcionamento, estes acenderam em 2011 a 48,5 milhões de
euros, incluindo amortizações, o que representa um acréscimo de cerca de 4%
comparativamente ao exercício anterior. O aumento ficou a dever-se essencialmente aos
gastos gerais administrativos, que averbaram uma variação de 8,4%, essencialmente
Variação % 20011 - 2010 Custos de funcionamento 44.301 45.278 47.176 4,2%
dos quais:
Custos com pessoal 23.597 24.195 24.320 0,5% Gastos Gerais Administrativos 20.704 21.083 22.857 8,4% Amortizações 1.348 1.405 1.368 -2,7% Custos de estrutura 45.649 46.683 48.544 4,0%
EVOLUÇÃO DOS CUSTOS DE FUNCIONAMENTO
2009 2010
Valores em milhares de euros, excepto percentagens
2011
Custos de Funcionamento
24.195 24.320
21.083 22.857
2010 2011
Custos com pessoal Gastos Gerais Administrativos
(Milhares de euros)
explicada pelas despesas relacionadas com a comemoração do centenário do Crédito
Agrícola e com a necessidade de uma renovação massiva dos cartões de débito em
circulação, e ainda por custos excepcionais em serviços especializados. No tocante aos
cartões de débito, os gastos efectuados relacionaram-se com o alinhamento obrigatório
com as novas tecnologias, envolvendo a incorporação de
chip
nos cartões por razões de
maior segurança.
Nos custos com pessoal, o acréscimo observado cifrou-se em 0,5%, reflectindo o esforço
de contenção que tem vindo a ser exercido.
A evolução dos custos de funcionamento continua ainda a reflectir os maiores encargos a
que a Caixa Central tem de fazer face para o pleno cumprimento das exigências em
matéria regulamentar e supervisional, quer no tocante à Caixa Central em base individual
quer em termos consolidados, e que no exercício de 2011 tiveram nos encargos
relacionados com o Programa Especial de Inspecções, no âmbito da assistência financeira a
Portugal, um acréscimo bastante significativo.
Perante a pronunciada contracção verificada no produto bancário, o rácio de eficiência da
Caixa Central em 2011 elevou-se para 78,6%, traduzindo assim um agravamento
significativo, e excepcional, em relação ao nível em que este rácio se situara no ano
anterior (59,6%), e que também fora devido a factores excepcionais, de sinal contrário.
Custos de Estrutura e Eficiência 48.544 46.683 45.649 78,6% 59,6% 67,5% 35.000 40.000 45.000 50.000 55.000 60.000 2009 2010 2011 C u s to s d e E s tr u tu ra (M ilh a re s d e e u ro s) 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% R á c io d e E fi c iê n c ia %
Valores em milhares de euros, except o percentagens
As provisões do exercício situaram-se, em termos líquidos, em 12,3 milhões de euros, valor
muito inferior ao observado em 2010, de 30,8 milhões, para o que contribuiu,
significativamente, a utilização de provisões para imparidades em activos imobiliários a que
acima se fez referência, e ainda a utilização de provisões que haviam sido constituídas para
cobrir perdas em alguns dossiers de crédito e em activos financeiros. Outra razão
importante está porém em que o montante global das provisões constituídas em 2010
reflectiu o facto de alguns ganhos excepcionais que a Caixa Central conseguiu nesse ano,
realizar nos mercados financeiros terem sido, por razões de prudência, canalizados para
provisões extraordinárias, acentuando o agravamento dos factores de risco na actual
conjuntura de crise. Assim, as provisões no exercício de 2010 ascenderam a 30,8 milhões
de euros, contra 21,2 milhões no ano anterior, apesar de o montante total do crédito
vencido na Caixa Central até ter registado, nesse ano, em contraciclo com o sector, uma
redução significativa.
Valores em milhares de euros
Variação 2011 - 2010
Provisões, total 21.210 30.757 12.332 (18.425)
das quais:
Para Cred.Vencido e Cob.Duvidosa 14.244 32.588 17.027 (15.561)
Para Riscos Gerais de Crédito 631 (447) (715) (268)
Provisões diversas 3.618 (1.902) (264) 1.638
Imparidade de Outros activos 2.717 518 (3.716) (4.234)
EVOLUÇÃO DAS PROVISÕES
2009 2010 2011
No caso particular das provisões para crédito vencido e de cobrança duvidosa, a Caixa
Central constituiu, em termos líquidos, no exercício findo 17,0 milhões de provisões, contra
32,6 milhões em 2010 – tal como se referiu, com peso relevante de provisões
extraordinárias – e 14,2 milhões em 2009, sendo que o valor total de 2011 também está
ROE = ROA x Activo Situação Líquida 2009 0,82% = 0,03% x 30,256 2010 1,52% = 0,04% x 34,584 2011 0,70% = 0,02% x 37,582 ROA (rentabilidade do Activo) 0,03% 0,04% 0,02% ROE
(rentabilidade dos Capitais Próprios) 0,82% 1,52% 0,70%
Produto Bancário/Activo Líquido 1,49% 1,51% 1,12%
Rácio de Eficiência
(custos de estrutura/produto bancário) 67,5% 59,6% 78,6%
* Considerando a média do valor das rubricas nos extremos do intervalo e incluindo os valores registados em cada um dos trimestres intermédios de cada exercicio- conforme Instr. nº 23/2011 sobre divulgação de indicadores de referência
Indicadores de Rendibilidade* e Eficiência 2009 2010 2011
afectado pela reposição líquida de provisões para riscos gerais de crédito num montante de
0,7 milhões de euros.
A evolução descrita conduziu a um resultado antes de impostos de 886 mil euros em 2011,
que compara com 946 mil euros no ano transacto. Tendo em conta que a Caixa Central
beneficiou de uma correcção de imposto de 651 mil euros, e que o reconhecimento de
impostos diferidos se cifra em 918 mil euros, o resultado líquido de impostos, após
consideração de uma provisão de 1.419 milhões para impostos correntes, situou-se em
1.036 mil euros, contra 2.269 mil em 2010.
Valores em milhares de euros
Resultado antes de Impostos 773 946 886
Impostos correntes 897 5.633 (1.419)
Correcções de Imposto (1.437) (241) 651
Impostos diferidos 76 (6.715) 918
Resultado Líquido 1.237 2.269 1.036
2009 2010 2011
Valores em milhares de euros, excepto percentagens
Absoluta Relativa
Activo
Disponibilidades 211.104 201.621 176.461 (25.160) -12,5%
Aplicações em Instituições de Crédito 927.636 111.594 320.899 209.305 187,6%
Crédito a Clientes (líquido) 1.763.631 1.411.422 1.403.519 (7.903) -0,6%
Aplicações em Títulos (líquido) 1.525.088 3.617.811 3.313.845 (303.966) -8,4% Invest. Filiais, Tangíveis e Intangíveis 94.644 93.970 90.692 (3.278) -3,5%
Outros Activos 146.853 196.816 168.462 (28.354) -14,4%
Total Activo 4.668.955 5.633.234 5.473.878 (159.356) -2,8%
Passivo + Capital
Recursos de bancos centrais e OIC's 4.069.299 5.108.465 4.962.806 (145.659) -2,9%
dos quais, CCAM 3.351.071 3.206.275 3.139.003 (67.272) -2,1%
Recursos de Clientes 267.353 205.137 204.627 (510) -0,2% Provisões 21.180 18.689 17.043 (1.646) -8,8% Passivos subordinados 102.067 84.103 94.653 10.550 12,5% Outros passivos 59.995 69.588 48.308 (21.280) -30,6% Total Passivo 4.519.894 5.485.982 5.327.437 (158.545) -2,9% Capitais Próprios 149.061 147.252 146.441 (811) -0,6% Total 4.668.955 5.633.234 5.473.878 (159.355) -2,8% 2011 BALANÇO EM 31 DE DEZEMBRO 2010 Variação 11/10 2009
1.2. Estrutura do Balanço
No final de 2011, o activo líquido total da Caixa Central totalizou 5.474 milhões de euros,
registando-se uma diminuição de 159 milhões em relação a 2010 (-2,8%).
No que se refere à estrutura do balanço não foram registadas alterações significativas,
tendo continuidade a orientação estratégica iniciada em 2009/2010, que passou por aplicar
os excedentes de liquidez do Grupo, geridos pela Caixa Central, em investimentos com
maiores níveis de remuneração, nomeadamente activos representados por títulos, incluindo
dívida pública nacional, em detrimento da exposição directa ao mercado interbancário,
activos esses que podem servir de colateral às operações de financiamento junto do Banco
Central Europeu e que ao mesmo tempo consomem menos capital regulamentar.
Em relação às aplicações em instituições de crédito, a Caixa Central optou, na verdade, por
substituir a cedência de fundos no mercado interbancário (dados os níveis bastante baixos
das taxas
euribor,
e a acentuação da inclinação positiva da curva de taxas de juro), por
aplicações em títulos emitidos por instituições de bom
rating
e de grande relevância nos
seus mercados domésticos, e em títulos de dívida de instituições bancárias portuguesas,
salientando-se que em alguns casos esses títulos dispõem de garantias dos Estados das
Evolução do Activo líquido 5.474 5.633 4.669 4.489 2008 2009 2010 2011 (Milhões de euros)
Instituições emitentes.
O facto de no fecho de 2011 se constatar um aumento de aplicações em instituições de
crédito de 209 milhões de euros (+187,6%) e uma redução de 304 milhões (-8,4%) nas
aplicações em títulos foi circunstancial, e não representa uma inflexão da tendência
referida.
A redução das aplicações em títulos consubstanciou-se numa diminuição significativa no
valor total da carteira de dívida pública nacional, o que foi acompanhado, em paralelo, de
um aumento da parte dessa dívida representada por bilhetes do tesouro.
O impacto desta evolução na composição do balanço da Caixa Central evidencia-se no
seguinte:
•
O peso das aplicações em títulos, em que se inclui a dívida pública, diminuiu de
64,2% do activo total em finais de 2010 para 60,5% no fim de 2011,
mantendo-se, porém, muito acima do peso de 32,7% que detinha em 2009;
•
O peso das aplicações em instituições de crédito, excepto dívida titulada, que era
de 2% em 2010, aumentou para 5,9% em 2011, mas em 2009 estas aplicações
representavam 19,9% do activo;
•
O crédito a clientes líquido, em termos absolutos, reduziu-se 7,9 milhões de
euros, passando de 1.411 milhões em 2010 para 1.404 milhões em 2011, apesar
de o seu peso no activo total ter aumentado para 25,6%, contra 25,1% em
2010, sendo que em 2009 perfazia 37,8%.
Aplicações em Títulos Crédito a clientes (líquido) Aplicações em IC's Restantes rubricas
EVOLUÇÃO DA COMPOSIÇÃO DO ACTIVO
(%) -8,4% -0,56% +187,56% -15,53% 2010 2011