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Brasília, 29 de junho de 2021.

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EXCELENTÍSSIMA SENHORA MINISTRA DO EGRÉGIO SUPREMO TRIBUNAL

FEDERAL,DRA.CÁRMEN LÚCIA.

Ref.: INQ nº 4.871/DF

RICARDO DE AQUINO SALLES, por seus advogados infra-assinados,vem à presença de Vossa Excelência, com fulcro no art. 39 da Lei nº 8.038/90 e art. 317 do RISTF, interpor agravo regimental em face da r. decisão da qual foi intimado em 26.06.2021, que implementou medida cautelar de proibição de se ausentar do país.

Requer, caso seja mantida a decisão atacada em sede de juízo de reconsideração, a remessa do presente recurso à apreciação do C. Plenário deste E. Tribunal, rogando-se seja analisado com a mesma urgência com que tramitou o pedido de decretação da medida cautelar.

Brasília, 29 de junho de 2021.

ROBERTO PODVAL

OAB/SP 101.458 FERNANDO OAB/RJAUGUSTO 108.329 FERNANDES DANIEL ROMEIRO

OAB/SP234.983

LARISSA RODRIGUES PETTENGILL

OAB/SP405.151

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: 073.733.574-23 Inq 4871

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MINUTA DO AGRAVO REGIMENTAL Inquérito nº 4.871/STF

Agravante: Ricardo de Aquino Salles Agravado: Ministério Público Federal Relator: Exma. Min. Cármen Lúcia

Egrégio Supremo Tribunal Federal, Colendo Plenário,

Excelentíssimos Senhores Ministros,

Excelentíssimo representante do Ministério Público Federal.

I.BREVE SÍNTESE DOS FATOS

O presente inquérito foi instaurado em razão de

notitia criminis apresentada pelo Delegado de Polícia Federal, Alexandre

Silva Saraiva, em face do agravante, em razão de supostas interferências nas investigações relativas à operação policial denominada Handroanthus-GLO.

A autoridade policial buscou, por meio da Notitia

Criminis, imputar ao agravante e ao presidente do Ibama, Eduardo Bim, a

prática dos crimes de obstaculizar ou dificultar ação fiscalizadora no trato de questões ambientais, embaraçar investigação de infração penal que envolva organização criminosa e advocacia administrativa.

Aproximadamente dois meses depois, em 02.06.2021, a Exma. Ministra Relatora determinou a instauração de inquérito em desfavor do agravante e de Eduardo Bim, justamente para

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apurar o quanto narrado pela referida autoridade policial, estipulando o prazo de 30 (trinta) dias para cumprimento das diligências e finalização das investigações.

Contudo, desde então, não se tem notícia da realização de qualquer diligência por parte da autoridade policiais, ou seja, a investigação sequer começou.

Em 23.06.2021, o agravante trouxe aos autos a notícia – aliás, que se tornou rapidamente notória – de que, naquela data, havia sido exonerado do cargo de Ministro de Estado do Meio Ambiente pelo Presidente da República.

Ocorre que, tão logo difundida essa notícia, uma parlamentar enviou ofício, por e-mail, ao gabinete da Exma. Ministra Relatora, afirmando haver “risco concreto de que o Sr. Ricardo Salles deixe

o país buscando frustrar a atuação do Poder Judiciário e se furtar a responsabilização advinda dos ilícitos que, por todos os elementos conhecidos, cometeu a frente do Ministério do Meio Ambiente”, razão pela

qual deveria ser imposta “medidas cautelares” e o recolhimento do passaporte do agravante.

Muito embora o pedido tenha sido apresentado por pessoa sem qualquer legitimidade para requerer medida cautelar e, mais grave ainda, sem qualquer fato concreto, a Exma. Ministra Relatora proferiu decisão na noite de 24.06.2021, dando vista “com máxima urgência

à Procuradoria-Geral da República”, para que se manifestasse sobre o “dado de risco”.

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Na mesma noite, sobreveio manifestação da Procuradoria-Geral da República, a qual requereu a “adoção de medida

complementar no que pertine à restrição da circulação internacional do investigado Ricardo de Aquino Salles”, com o fim de “manter-se a estabilização de toda a relação jurídica processual penal”.

Segundo destacado, o parquet federal teria fundado tal pedido na afirmação de que o agravante, “desde que

desonerado de seus encargos laborais correntes, ingressa em um estado de perda de vínculos profissionais que lhe mantinham atrelado ao distrito da culpa”.

Por fim, nas últimas horas da noite do dia 24, sobreveio decisão da Exma. Ministra Relatora, a qual acolheu o pedido ministerial e decretou a proibição do agravante de deixar o país:

“Buscando o resguardo da ordem pública, da instrução criminal

ou para assegurar a aplicação da lei penal é de se concluir que a medida cautelar requerida mostra-se necessária e proporcional.

(...)

Na espécie, para se evitar a medida mais gravosa, ou seja, prisão

processual (preventiva ou temporária), parece razoável decretar-se medida cautelar mais branda, consistente na proibição do

investigado Ricardo de Aquino Salles de deixar o País, a fim de se atingir a finalidade pretendida de apuração dos fatos em benefício da segurança pública e da defesa da sociedade.

Pelo exposto, defiro a medida cautelar penal de proibição de se ausentar do país”.

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Temos, contudo, que a referida decisão afronta direitos e garantias constitucionais, a lei processual penal pátria e a jurisprudência consolidada deste E. Supremo Tribunal Federal, motivo pelo qual se interpõe o presente agravo regimental buscando sua integral reforma.

II.DA DESNECESSIDADE E INADEQUAÇÃO DA MEDIDA CAUTELAR.

De início, temos que a provocação que deu origem à decretação da medida cautelar tem clara motivação política, partindo de parlamentar pertencente ao bloco que faz oposição ao governo federal e, por decorrência, ao próprio agravante.

Daí porque sua manifestação nestes autos há de ser recebida com reservas, não só porque sem legitimidade para requerer medidas cautelares de índole penal (como reconhecido pela Exma. Ministra Relatora), mas também porque despida de qualquer substrato concreto.

É compreensível que, no discurso político, parlamentares da oposição se valham de toda sorte de argumentação, com elucubrações e fantasias, para atingirem o adversário. O mesmo,

entretanto, não pode acontecer no campo jurídico, em uma investigação criminal, quando em jogo direitos e garantias individuais.

O que se espera do Poder Judiciário é que diferencie, filtre, o que é um fato concreto de uma mera ilação com fins políticos. No presente caso, com todas as vênias, temos que o Supremo Tribunal Federal falhou nesse mister.

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O Código de Processo Penal, em seu art. 315, prevê a necessidade de que se aponte “concretamente” a existência de “fatos

novos e contemporâneos” que justifiquem a decretação de qualquer medida

cautelar alternativa à prisão:

“Art. 315. A decisão que decretar, substituir ou denegar a prisão preventiva será sempre motivada e fundamentada.

§ 1º Na motivação da decretação da prisão preventiva ou de

qualquer outra cautelar, o juiz deverá indicar concretamente a existência de fatos novos ou contemporâneos que justifiquem a aplicação da medida adotada.

§ 2º Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela interlocutória, sentença ou acórdão, que:

I - limitar-se à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem explicar sua relação com a causa ou a questão decidida;

II - empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo concreto de sua incidência no caso;

III - invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra decisão;

(...)”

No caso dos autos, não foi observado tais ditames legais, pois, conforme trechos da manifestação ministerial e da decisão agravada, fica clara a ausência de fatos concretos, isto é, de ações efetivamente empreendidas pelo agravante a justificar a medida.

Ao revés, o que se tem é o uso de fundamentos genéricos, indeterminados e, em certa medida, com as mais respeitáveis vênias ao órgão do parquet oficiante, incompreensíveis. Vejamos.

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Afirma a manifestação ministerial que a medida cautelar em questão seria necessária para “manter-se a estabilização de toda a relação jurídica processual penal”, haja vista que o agravante, “desde que desonerado de seus encargos laborais correntes, ingressa em um

estado de perda de vínculos profissionais que lhe mantinham atrelado ao distrito da culpa”.

Em primeiro lugar, o conceito de estabilização da

relação jurídica processual não nos parece ser algo que possa ser

transportado para o processo penal e, muito menos, para a fase de inquérito, quando sequer há “relação jurídica processual” a ser estabilizada, pois não há processo.

Se por estabilização da relação jurídica processual o membro do parquet quis, na verdade, referir-se à necessidade de se evitar qualquer inconveniente na colheita da prova ou na eventual aplicação, no futuro, da lei penal, haveria de indicar um fato concreto que demonstrasse o risco existente no caso.

Apelar, simplesmente, a um desejo abstrato de que isso seja alcançado é algo poderia ser alegado em todo e qualquer caso e, portanto, não pode ser fundamento válido a adoção de medidas cautelares.

Necessário, então, que todas as pessoas que sofrem uma investigação sejam proibidos de deixar o país em nome da

manutenção da estabilização da relação jurídica processual penal?

Obviamente que não!

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Como visto acima, o artigo 313, § 2º do Código de Processo Penal, prevê a impossibilidade de se decretar a prisão preventiva – e, por consequência lógica, medida cautelar alternativa – “como

decorrência imediata da investigação criminal”, o que, no fim das contas, é

o que defende a manifestação ministerial.

Portanto, não há que se falar em decretação de medida cautelar “para manter-se a estabilização de toda a relação jurídica

processual penal”.

Prossegue o representante da Procuradoria-Geral da República, afirmando que, com a exoneração do cargo de Ministro, o agravante “ingressa em um estado de perda de vínculos profissionais que lhe mantinham atrelado ao distrito da culpa”.

Pelo que foi possível compreender, o representante ministerial afirma que uma pessoa quando perde o emprego (ou, eufemisticamente, "ingressa em um estado de perda de vínculos

profissionais”) deve ter contra si decretada prisão ou medida cautelar, já

que o emprego é que a mantinha “atrelada ao distrito da culpa”, o que, com as devidas vênias, é rematado absurdo!

De fato, o agravante, de origem paulista, constituiu residência em Brasília porque exercia o cargo de Ministro de Estado, tendo, durante esse tempo, se dividido entre a capital federal e São Paulo, onde tem família.

Agora, exonerado do cargo, pode ser que opte por retornar a São Paulo e deixe de residir em Brasília. Porém, seja com

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residência em Brasília, seja em São Paulo, seja em ambas as cidades, continuará a morar no Brasil!

Toda a carreira do agravante ocorreu neste país; sua família inteira encontra-se aqui, inclusive seus filhos menores, em idade escolar; não possui empresas no exterior e não tem qualquer proposta de emprego, cargo ou função fora do Brasil. O que faz pensar que, apenas porque exonerado do cargo de Ministro, o agravante irá sair do país?

O representante da Procuradoria-Geral da República alude a outros casos em que isso teria ocorrido, causando descrédito da Justiça. Obviamente, o agravante não pode ser penalizado por condutas de terceiros; cada um é responsável por seus atos.

Completamente ABSURDA, portanto, é a formulação da hipótese de que o agravante irá deixar o país, furtar-se da Justiça, não podendo a mera ilação ou conjectura, sem qualquer evidência concreta, servir de base para a decretação de medida cautelar.

Evidenciada, dessa maneira, que tais fundamentos não se prestam a requisitos de cautelaridade para fixação de medida cautelar prevista no art. 319 do CPP.

Tem-se ainda, por fim, que, como comunicado pela defesa do agravante no dia 23/04/2021, o Presidente da República decretou sua exoneração do cargo de Ministro de Estado do Meio Ambiente.

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Não obstante, tal fato, que era notório, não foi objeto de qualquer consideração por parte do parquet federal ou da decisão agravada.

De acordo com a jurisprudência pacífica desse E. Supremo Tribunal Federal1, tendo havido a perda do cargo com

1 PRERROGATIVA DE FORO - OBJETO. A prerrogativa de foro não visa beneficiar o

cidadão mas proteger o cargo ocupado. COMPETÊNCIA - PRERROGATIVA DE FORO - AFASTAMENTO DO CARGO. Não mais ocupando o envolvido no inquérito o cargo que deu margem à prerrogativa de foro, cessa a competência do Supremo.

(Inq 2010 QO, Relator(a): MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 23/05/2007, DJe-102 DIVULG 05-06-2008 PUBLIC 06-06-2008 EMENT VOL-02322-01 PP-00007) Ementa: INQUÉRITO. SENADOR DA REPÚBLICA NÃO REELEITO. PRERROGATIVA DE FORO. PERDA. DECLÍNIO DE COMPETÊNCIA.

1. O Supremo Tribunal Federal assentou o entendimento de que a perda do cargo

eletivo faz cessar a prerrogativa do foro especial e a competência originária do Tribunal para o processo e julgamento das ações penais em curso. HC 151122 AgR/SC, Rel. Min. Luiz Fux: “1. Esta Corte sufraga o entendimento de que a perda do mandato eletivo faz cessar a competência penal originária do Tribunal para julgar autoridades dotadas de prerrogativa de foro ou de função (ADI 2.797, Plenário, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, DJe de 19/12/2006).”

2. No caso dos autos, a perda de foro por prerrogativa de função decorre da não reeleição do réu quando o processo ainda se encontra em fase embrionária.

3. Declínio da competência para uma das varas federais criminais da Seção Judiciária do Rio Grande do Norte para providências cabíveis pelo Juízo Federal a quem couber o feito por distribuição.

1. Trata-se de inquérito instaurado para apurar a prática, em tese, dos crimes de corrupção passiva, descrito no art. 317, § 1º, do Código Penal e de lavagem de dinheiro, descrito no art. 1º da Lei nº 9.613/1998 por José Agripino Maia.

2. A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal, na sessão de 12.12.2017, por maioria de votos, recebeu integralmente a denúncia oferecida em desfavor do investigado. Foram opostos embargos de declaração, os quais restaram não acolhidos.

3. Sobreveio, no entanto, alteração no quadro fático da causa, tendo em vista a não reeleição do investigado para as Legislaturas seguintes. Em razão disso, requer a Procuradoria-Geral da República o reconhecimento da perda do foro por prerrogativa de função com a declinação da competência para uma das Varas Federais da Seção Judiciária do Rio Grande do Norte, a quem couber por distribuição.

4. É o relatório. Decido.

5. Observo que o denunciado, que exerceu o mandato de Senador da República na Legislatura 2011-2019, não foi reeleito para a 56ª e 57ª Legislaturas (2019-2027). De modo que, embora recebida a denúncia, deve ser examinada a questão da competência da Corte para o prosseguimento da causa, nos termos do art. 102, I, b , da CF/88.

6. No caso dos autos, cuida-se de Senador da República não reeleito para a legislatura subsequente, razão pela qual não subsiste a prerrogativa de foro perante este Supremo Tribunal Federal.

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prerrogativa de função nessa Corte, deve haver a consequente declinação de competência para o Juízo de primeiro grau.

Em casos inclusive mais avançados que o presente, que se encontra na forma mais incipiente possível, com inquérito recém-inaugurado, esse E. Supremo Tribunal Federal já se manifestou a respeito pelo imediato declínio de competência para o Juízo de primeiro

grau.

Dessa maneira, tendo havido a comunicação da perda do cargo, o fato deveria ter sido objeto de apreciação pela eminente Ministra Relatora, em prejuízo, inclusive, à análise de aplicação de

medida cautelar, já que, ao tempo em que discutida e decidida a questão, a E. Corte já não mais tinha competência para apreciar o feito.

Nesse sentido, decisão da eminente Ministra Relatora, em caso análogo:

“DECISÃO

7. Deste modo, a perda superveniente de prerrogativa de foro por pessoa que deixa

de exercer mandato como Senador da República impõe o declínio de competência do Supremo Tribunal Federal para o órgão que tenha competência ou atribuição para prosseguimento, conforme reiterada jurisprudência da Corte, com os limites relativos à renúncia e ao encerramento da instrução. Precedentes: Inq 2.010-QO, da

relatoria do Ministro Marco Aurélio; Inq 2.762, da relatoria da Ministra Cármen Lúcia. 8. Por tais razões, acolho o pedido formulado pela Procuradoria-Geral da República para declinar da competência e determinar a remessa dos autos para uma das Varas Federais Criminais da Seção Judiciária do Rio Grande do Norte para providências cabíveis pelo Juízo Federal a quem couber o feito por distribuição.

Ciência à Procuradoria-Geral da República. Intime-se a defesa, por publicação. Brasília, 18 de fevereiro de 2019.

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AÇÃO PENAL. DEPUTADO FEDERAL. PERDA DE MANDATO.

ELEITO VICE-GOVERNADOR DO ESTADO DE RORAIMA NO ÚLTIMO PLEITO. INCOMPETÊNCIA DO STF. OBSERVÂNCIA DO ART. 102, INC. I, AL. B, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. COMPETÊNCIA DECLINADA.

1. Ação Penal proposta pelo Ministério Público Federal contra Galdino Pereira da Silva, Ronan Rogério Rodrigues Marcolino, Silvestre Leocádio da Silva, Genival Costa da Silva, Humberto Rocha dos Santos e Paulo César Justo Quartiero, este último diplomado Deputado Federal em 2011, sendo a eles imputada a prática do crime previsto no art. 148 (sequestro e cárcere privado), na forma do art. 29, todos do Código Penal.

2. Consta do sítio eletrônico da Empresa Brasil de Comunicação ter o Réu Paulo César Justo Quartiero sido eleito Vice-Governador do Estado de Roraima nas eleições de 2014, assumindo o cargo em 1º de janeiro de 2015, não ocupando mais o cargo de Deputado Federal, pelo que ausente o foro específico tratado no art. 102, inc. I, alínea b, da Constituição da República.

3. Este Supremo Tribunal Federal firmou orientação no

sentido de que “não mais ocupando o envolvido no inquérito o cargo que deu margem à prerrogativa de foro, cessa a competência do Supremo” (Inq 2.010-QO, Relator o Ministro Marco Aurélio, Tribunal Pleno, DJe 6.6.2008).

Nesse mesmo sentido, entre outros, Inq 3.774, Relator o Ministro Ricardo Lewandowski, DJe 6.8.2014; Inq 2.335-AgR, Relator o Ministro Joaquim Barbosa, DJe 24.8.2007; Inq 1.871-AgR, Relator o Ministro Cezar Peluso, DJe 12.5.2006; Inq 2.379-AgR, de que fui a Relatora; AP 479, Relator o Ministro Luiz Fux, DJe 16.5.2011.

4. Pelo exposto, considerando a perda superveniente do foro por prerrogativa de função do réu, reconheço a incompetência do Supremo Tribunal Federal para processar e julgar o feito (art. 102, inc. I, alínea b , da Constituição da República) e determino

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a remessa dos presentes autos ao Tribunal de Justiça de Roraima, para adoção das providências necessárias, na forma da legislação vigente.

Publique-se.

Brasília, 29 de janeiro de 2015. Ministra CÁRMEN LÚCIA

Relatora

Veja-se que a deliberação sobre a medida cautelar em feito que não mais era de competência da Corte acaba, ainda, por subordinar o futuro juízo da causa ao quanto decidido, já que este pode sentir-se constrangido em rever o posicionamento de um Ministro da mais alta Corte do país.

Desse modo, imperiosa é a revogação da medida cautelar em função da flagrante falta de competência do Supremo Tribunal Federal ao tempo em que deliberada e imposta.

Por fim, esclarece o agravante que, ao pleitear a revogação da proibição de deixar o país, assim não age porque planeja empreender viagem ao exterior ou, muito menos, embaraçar as investigações e furtar-se ao esclarecimento dos fatos.

A bem da verdade, o agravante não tem qualquer plano de ausentar-se do país nesse momento, estando focado em esclarecer as acusações que lhe foram feitas e, também, buscar um novo trabalho para prover sua família.

Nem por isso, porém, deixa de ter interesse na

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o agravante manter-se no país por vontade própria, por decisão sua, e não porque a Justiça impôs-lhe tal imperativo.

É direito constitucional de qualquer pessoa a liberdade de ir e vir, de sair do país, não podendo ser impedida, ainda mais sem um motivo para além do fato de, simplesmente, responder a um inquérito.

Assim, ainda que não planeje exercê-lo nos próximos meses, o agravante busca seja-lhe garantido um direito constitucional que foi cerceado sem razão idônea, a partir de conjectura formulada por parlamentar oposicionista.

Pode-se gostar ou não da política ambiental do governo e toda atividade humana é passível de crítica. Há que se respeitar, porém, o pensamento diverso, apreciando-se com isenção os fatos.

III.DOS PEDIDOS

Diante do exposto requer seja conhecido e provido o presente agravo regimental, de forma a se reformar integralmente a decisão que proibiu o agravante de se ausentar do país, seja pela ausência de elementos concretos que justificassem a medida, seja pela incompetência do E. Supremo Tribunal Federal para decidir sobre o feito.

Brasília, 29 de junho de 2021.

ROBERTO PODVAL

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