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Precarização do trabalho e perfil dos trabalhadores na telefonia fixa pós-privatização

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Precarização do trabalho e perfil dos trabalhadores na telefonia fixa pós-privatização

Affonso Cardoso Aquiles *

Resumo: Este artigo pretende analisar alguns impactos da privatização das telecomunicações no Brasil, sobretudo os relacionados às transformações das condições de trabalho e do perfil dos trabalhadores do setor. A análise concentrou-se nas telecomunicações do estado do Paraná, sobretudo no setor de telefonia fixa, embora se faça referência ao contexto nacional das telecomunicações. Foi possível verificar alguns elementos importantes: a) reorganização da dinâmica de relações interempresas e precarização das condições de trabalho; b) elevação do número de trabalhadores nas empresas terceirizadas, em acentuada precarização; c) variação das condições de trabalho de acordo com a posição da empresa na cadeia de relações interfirmas.

Palavras-chave: perfil dos trabalhadores; terceirização; telefonia fixa; precarização do trabalho.

Introdução

A reestruturação do setor de telecomunicações a partir do início da década de 1990 implicou crescente racionalização e especialização das empresas, que desenharam uma nova realidade, não apenas sob a ótica da estrutura das mesmas, mas, essencialmente, na constituição de uma rede de relações interfirmas. A introdução das terceirizações como meio de repasse de etapas do processo produtivo, antes executadas por uma única empresa, a outras participantes do processo, cada vez mais especializadas, reconfigurou o setor de telecomunicações a partir da “lógica das redes”. A flexibilidade exigida para dar resposta à fluidez das demandas, em tempo cada vez mais reduzido, foi obtida a partir da constituição de uma cadeia de relações interempresas em que a rigidez do fordismo seria substituída pela maleabilidade de um novo conjunto de inovações organizacionais, forjado conforme demandas recentes do desenvolvimento capitalista (CASTELLS, 2000; RUDUIT, 2001).

A modernização das empresas teve, seguramente, impactos sobre a realidade do trabalho. A privatização das telecomunicações em 1998 foi um marco na vida de milhares de trabalhadores, que assistiram, junto com a derrocada de um modelo de organização do setor, ao surgimento de profundas mudanças relacionadas ao seu trabalho. A racionalização das empresas estatais, agora privatizadas, bem como o crescimento exponencial das empresas terceirizadas, lograram a readaptação dos trabalhadores a um contexto marcado pela especialização funcional, insegurança e, especialmente, a uma nova realidade salarial. Um novo perfil de trabalhadores passou a

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Graduado em Ciências Sociais pela UFPR, membro do Grupo de Estudos em Trabalho e Sociedade (GETS) da UFPR. End. eletrônico: affonso@ufpr.br

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ser desejado, implicando na constituição de novas características necessárias não apenas para entrar nas empresas, mas, principalmente, para nelas permanecer (LARANGEIRA, 1998; RUDUIT, 2001). A constituição de rede de relações interfirmas reorganizou a mão-de-obra do setor de telecomunicações a partir das demandas de cada empresa, a partir do seu nível de especialização, porte, e, fundamentalmente, realidade contratual com a empresa concessionária.

Inovações organizacionais e transformações no trabalho

As inovações organizacionais na produção, resultado das transformações econômicas das últimas décadas, trouxeram à tona novas formas de relacionamento entre as unidades produtivas. A empresa em rede estaria prosperando em vários países, enquanto a grande empresa com várias unidades, hierarquicamente organizada em torno de linhas verticais de comando estaria mal-adaptada ao novo cenário das economias globalizadas. A organização empresarial passa de uma realidade verticalizada a outra altamente flexível e especializada, num movimento crescente de externalização de tarefas, desde a limpeza até o planejamento do local de trabalho, visando obter o máximo de eficiência e de flexibilidade em relação ao trabalho e ao produto final com o mínimo de custos (CASTELLS, 2000).

A novidade nessa mudança organizacional das empresas, não está na externalização de tarefas, mas no seu alargamento a partir da tendência de focalização e especialização produtiva. Para Castells (2000, p. 192) “(...) a forma de organização empresarial em rede permite a terceirização e a subcontratação como modos de ter o trabalho executado externamente em uma adaptação flexível às condições de mercado”. No Brasil, as relações empresariais, especialmente sob o modelo de terceirização do trabalho, vêm difundindo-se, a partir da década de 1980, como estratégia essencial de competitividade no mercado, em contexto de crise econômica e social.

O conceito de terceirização nos remete a uma série de abordagens, que avaliam os resultados da implementação dessa estratégia de organização das empresas, de diferentes maneiras. A definição de terceirização passa pelas construções anteriormente realizadas por Leite (2003), Oliveira (1996), Queiroz (1992) e Ruduit (2001) que, isolando suas particularidades, entendem esta alternativa como sendo um processo pelo qual a empresa-origem (ou empresa-mãe) transfere parte de suas atividades referentes ao processo produtivo para outra empresa. Esta outra unidade da produção que recebe as atividades externalizadas da empresa-origem é chamada de empresa-destino, ou

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terceira. Ela pode operar tanto dentro dos limites do espaço físico da empresa-origem, quanto em seu próprio espaço físico. O essencial é que a empresa-terceira tenha total independência administrativa da empresa-origem e que opere com seu próprio capital, visando, dessa forma, a flexibilização, tanto da produção quanto do trabalho. Assim, ao invés de uma única empresa realizar todas as atividades necessárias para garantir seu funcionamento e produção, um arranjo de empresas passa a organizar o processo produtivo. Essa nova estrutura é integrada por uma empresa-mãe e diversas empresas terceiras. As empresas prestadoras de serviço, em geral, especializam-se em algumas funções, atuando de maneira focalizada em parte da produção de alguma empresa contratante.

A terceirização distingue-se da subcontratação, devido a uma característica fundamental: a subcontratação era adotada como prática organizacional, durante o fordismo, para tarefas auxiliares à produção (limpeza, vigilância, transporte, alimentação, etc), sem constituir redes de empresas, pois não havia divisão do trabalho necessário para a realização do produto ou serviço final. No entanto, as relações das empresas em rede constituem-se a partir da terceirização de tarefas diretamente ligadas ao produto ou serviço final da empresa líder (RUDUIT, 2006).

As redes de empresas não se constituem e nem atingem a mão-de-obra de forma homogênea. A natureza das relações inter-empresas e da realidade do trabalho estabelecidas em seu interior depende de três fatores: 1) dos contextos econômico, cultural e institucional, segundo setores, regiões e trajetórias das empresas abrangidas; 2) das estratégias de gestão da força de trabalho e; 3) de suas características, como saber técnico, disponibilidade no mercado, gênero, potencial de ação coletiva, etc. Desses fatores decorrem conseqüências sociais e formas de interação entre a rede, o mundo do trabalho e a sociedade, bastante diversificadas (RUDUIT, 2001).

Alguns autores apontam para a existência de diferentes modelos de terceirização: 1) o que tem por objetivo a elevação da qualidade do produto, como forma de alcançar novas condições de competitividade pela satisfação do cliente, oferecendo estabilidade aos trabalhadores, que, em geral, possuiriam qualificação, além de usarem avançadas tecnologias. Nesse modelo, pressupõe-se a existência de parceria entre a empresa contratante e as empresas contratadas; 2) o que tem por objetivo a redução de custos, através de estratégias restritivas, tais como a redução de pessoal, a ausência de investimentos em qualificação ou em tecnologia e as precariedades nas condições de emprego, consistindo numa estratégia conflituosa com os empregados,

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sindicatos e empresas terceiras. Um terceiro modelo, a tipologia das formas de terceirização pode ser acrescentado: existiram situações combinando formas avançadas e rudimentares de flexibilidade (GITAHY, 1994; MARTINS; RAMALHO, 1995).

No Brasil, teria ocorrido um desvirtuamento do processo de terceirização, na medida em que seria possível verificar a precarização das condições de trabalho e uma relação de hierarquização negativa entre as empresas. O modelo predominante no país seria, portanto, o tortuoso. A extensão das jornadas de trabalho, a despreocupação com treinamentos e qualificação dos trabalhadores, as altas taxas de rotatividade e de trabalho temporário, a perda de direitos trabalhistas, as situações de risco à saúde e à segurança e o enfraquecimento dos sindicatos seriam aspectos recorrentes da terceirização no Brasil. Em vários setores notou-se uma menor remuneração para os empregados das empresas terceirizadas, mesmo em situações em que executam o mesmo trabalho que os funcionários das contratantes. O aumento no ritmo do trabalho nas empresas terceirizadas contribuiu para a formação um cenário de queda no número de funcionários no setor (BORGES; DRUCK, 2002; GITAHY, 1994, RUDUIT, 2001);

[as empresas terceirizadas] (...) conseguem com maior facilidade eliminar os tempos mortos – fazendo suas equipes rodarem entre os vários clientes – e aumentar o controle sobre os empregados. Sendo geralmente empresas especializadas na prestação de um determinado tipo de serviço, as terceiras conseguem, com maior sucesso que uma grande indústria, reduzir o superdimensionamento do volume de mão-de-obra necessário, inerentes às atividades de serviços, face à impossibilidade de prever, com a mesma racionalidade da produção, o momento da ocorrência e o volume da demanda (...) (BORGES; DRUCK, 1993, p. 38).

A predominância de um modelo tortuoso de terceirização, não eliminou a existência de formatos virtuosos de arranjos produtivos terceirizados. Essa convivência entre distintos modelos se deve ao fato de que no Brasil, o ciclo virtuoso do fordismo – aumento de produtividade, propiciando elevação dos salários, do consumo e do bem estar da maioria da sociedade – não teria se desenvolvido plenamente. Apenas uma parte da sociedade teria sido incluída no mercado de trabalho organizado, produzindo um modelo excludente e concentrador de renda. Essa situação foi somada às peculiaridades da sociedade brasileira para definir o modelo de terceirização: 1) frágil institucionalização das relações de trabalho; 2) convivência de formas rígidas e dinâmicas de gestão da produção e trabalho; 3) fraco movimento sindical, pautado por ações defensivas e; 4) cultura política autoritária, avessa às negociações. As transformações em curso na sociedade brasileira, com a gênese de novos paradigmas

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produtivos, tenderiam a reproduzir as características de segmentação, com os benefícios atingindo apenas segmentos da população, como ocorreu no “fordismo brasileiro”. A partir daí entende-se a convivência de modelos virtuosos e tortuosos de gestão do trabalho a partir da terceirização (RUDUIT, 2001, p. 27).

A predominância do modelo japonês de reestruturação produtiva no Brasil contribuiu para a precariedade do trabalho terceirizado no país, pois o caso japonês caracteriza-se, neste aspecto, por apresentar relações de subordinação das empresas terceirizadas em relação à empresa contratante e, em menor escala, relações de cooperação técnico-organizacional entre as empresas. Esta realidade é possível de ser constatada em depoimento de gerente de empresa terceirizada sobre as características das relações entre a concessionária e a terceira:

(...) a Brasil Telecom não tem uma relação assim, de parceria com a gente. A gente tem um contrato com eles, e o que eles querem é que a gente cumpra as metas dentro dos prazos (...) não tem nada mais que isso (...) até 2001 tinha alguns cursos que eles ofereciam para os trabalhadores que estavam nas empreiteiras, um treinamento básico mesmo, hoje em dia não tem nada (CARDOSO AQUILES, A. Entrevista nº. 4, com Gerente de Empresa Terceirizada Y, 07 de maio de 2007).

A primazia da matriz na definição dos contratos com as terceirizadas torna as relações interfirmas instáveis. A dinâmica de transformações na economia globalizada induz as empresas a se reestruturarem permanentemente, como forma de readequação às demandas do mercado em que estão inseridas. Dessa maneira, os contratos de terceirização de serviços estão sempre à mercê destas mudanças econômicas. A instabilidade contratual afeta diretamente as condições de trabalho, especialmente nas terceirizadas.

A ampliação da rede para além das empresas terceirizadas é outro aspecto importante na caracterização do setor. Em muitas ocasiões, as empresas terceiras repassariam funções constitutivas da sua atividade final a empresas menores, configurando situações de extensão da cadeia de repasse e colaborando para a heterogeneidade das situações de trabalho. Neste caso, as condições de emprego tenderiam a tornar-se mais precárias na medida em que houvesse um maior número de empresas compondo a rede, para além das empresas terceiras (HIRATA, 1995; RUDUIT, 2001). A afirmação de um dirigente sindical ilustra a situação de extensão da cadeia de relações inter-empresas como algo comum no setor de telecomunicações do Paraná, refletindo significativamente nas condições de trabalho:

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Hoje em dia, a terceirização já aumentou tanto que a gente chegou a ter as empresas terceirizadas das terceirizadas atuando com bastante freqüência no estado (...) por exemplo, a empresa X tem um contrato de ampliação da rede em um bairro qualquer da cidade, aí ela faz até uma parte, quando falta um pedaço, ela contrata outra empresa, normalmente sem estrutura alguma, como se fosse uma organização familiar, sem carro identificado, sem materiais de segurança. O serviço já é pior que o da terceirizada ‘original’, mas imagine a condição de trabalho, é muito pior que da empresa X, que já é ruim (...) normalmente a relação que a terceirizada tem com a sua contratada é informal, às vezes feito sem o conhecimento da supervisão da empresa, como se fosse uma relação de amizade mesmo (CARDOSO AQUILES, Affonso. Entrevista nº. 1, com Dirigente Sindical, 27 de março de 2007).

Durante a pesquisa foi possível detectar que os procedimentos de quarteirização1 dos serviços têm sido realizados com relativa freqüência ainda que os contratos entre a Brasil Telecom e as terceirizadas proíbam a utilização dos procedimentos de repasse de tarefas a outras empresas. Nos três primeiros anos após a privatização, a necessidade premente de expansão da rede de telefonia para cumprimento das metas estipuladas pela Anatel impôs às concessionárias a necessidade de contratação de serviço de empresas terceirizadas em larga escala. O curto prazo para a realização das tarefas obrigou as contratadas a também repassar suas tarefas assumidas junto a Brasil Telecom para outras empresas. Nesse período, portanto, a alternativa da quarteirização foi largamente utilizada no setor de telecomunicações. Atualmente restringe-se a algumas regiões de Curitiba e do interior do estado.

As mudanças na organização das telecomunicações passaram, além das transformações relacionadas às novas formas de relacionamento interfirmas e seu reflexo sobre as condições de trabalho, à redefinição do perfil dos empregados do setor. A nova realidade empresarial demandou um novo tipo de trabalhador, adequado aos interesses das empresas. Este novo perfil de trabalhadores implicou profundas alterações nas características necessárias para que os trabalhadores das telecomunicações não apenas assumissem uma vaga nesse ramo da economia, como também se mantivessem nele.

O novo perfil dos trabalhadores em telecomunicações num contexto reestruturado

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A quarteirização é a extensão de serviços antes executados por uma terceirizada a outra empresa da rede. Em alguns casos a empresa quarteirizada gerencia somente o setor de Recursos Humanos da terceirizada, no entanto, nota-se que a extensão da rede para além da terceira ocorre em relação a todos os serviços assumidos pela terceirizada quando contratada pela empresa-mãe.

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A proporção entre homens e mulheres empregados no setor de telecomunicações permaneceu relativamente estável de 2000 a 2003, com forte predominância masculina, sempre acima de 60% dos postos de trabalho. No entanto, nos anos de 2004 e 2005 a proporção de homens e mulheres, passou por significativa mudança. O número de mulheres empregadas cresceu de 32% em média, no período de 2000 a 2003, para mais de 45% do número de funcionários, nos anos de 2004 e 2005. Estas alterações no quadro de emprego, segundo o gênero, apontam para o aumento expressivo da participação das mulheres no setor de telecomunicações, após um longo período de predominância masculina, como é possível observar no gráfico 1.

61,4 38,6 72,42 27,58 66,67 33,33 69,8 30,2 54,41 45,5951,4548,55 2000 2001 2002 2003 2004 2005

Gráfico 1 - Trabalhadores em Telecomunicações no Paraná, segundo o gênero, em porcentagem

Homens Mulheres

Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego, Rais, 2007. Elaboração própria.

A composição do perfil dos trabalhadores em telecomunicações no Paraná, segundo a faixa etária, também passou por mudanças importantes. É possível notar no gráfico 2, que a porcentagem de trabalhadores entre 30 e 49 anos teve redução significativa a partir de 2000. Entre os trabalhadores mais jovens, notou-se crescimento importante. No grupo de empregados na faixa dos 18 aos 24 anos de idade, por exemplo, o montante passou de 23,64% em 1997, para 34% em 2005 considerando o total de trabalhadores do setor de telecomunicações. Da mesma maneira, quando observados os trabalhadores compreendidos entre os 25 a 29 anos, que subiram de 19,36% do total da mão de obra empregada em 2000, para 22,76% em 2005.

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23,64 19,36 34,76 18,75 3,19 22,29 19,46 34,88 19,61 3,46 22,47 22,68 33,48 17,31 3,39 22,08 22,26 32,09 18,76 4,12 29,55 22,96 27,99 15,11 3,76 34,00 22,76 25,46 13,62 3,53 2000 2001 2002 2003 2004 2005

Gráfico 2 -Trabalhadores em Telecomunicações no Paraná, segundo a faixa etária*, em porcentagem

18 a 24 anos 25 a 29 anos 30 a 39 anos 40 a 49 anos 50 a 64 anos

Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego, Rais, 2007. Elaboração própria.

* A somatória dos valores não atinge 100%, pois não foram consideradas duas faixas etárias, menores de 17 anos e acima dos 64. Somadas, não atingiam 1% em nenhum dos anos do período, portanto, não interferiam na caracterização do setor por faixa etária.

O nível de instrução dos trabalhadores empregados no setor de telecomunicações no Paraná também passou por mudanças, no entanto, menos significativas, quando comparadas às relacionadas com a faixa etária e gênero. Observando-se o gráfico 3, nota-se uma relativa estabilidade dos trabalhadores, quanto a escolaridade, especialmente dos que possuem nível superior. Vale ressaltar a tendência de crescimento, a partir de 2003, dos empregados com formação média, além de leve redução do número de trabalhadores com nível fundamental, no mesmo período. Os trabalhadores com formação superior, até 2003, mantiveram relativa estabilidade, com tendência ao crescimento mas, a partir de 2004, apresentaram forte tendência de queda, passando de 48,28% do total de trabalhadores, em 2003, para 33,6% em 2005.

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11,42 46,79 41,78 19,9 43,65 36,26 13,41 42,0344,55 10,28 41,37 48,28 5,32 53,76 40,92 10,58 55,82 33,6 2000 2001 2002 2003 2004 2005

Gráfico 3 - Trabalhadores em Telecomunicações no Paraná, segundo o grau de instrução*, em porcentagem

Fundamental Médio Superior

Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego, Rais, 2007. Elaboração própria.

* Os três níveis do grau de instrução consideram tanto os trabalhadores que concluíram, como os que cursaram algumas séries.

Ao analisar a realidade da mão de obra do setor de telecomunicações, no Paraná, a partir dos níveis de escolaridade dos trabalhadores na rede de empresas, é possível notar situações bastante diferenciadas. A Brasil Telecom conta com trabalhadores com maior índice de escolarização, 83,50% do total de seus empregados. Por outro lado, ambas as terceirizadas contam com mão de obra com baixo índice de escolarização em nível superior. No entanto, a situação varia, de acordo com a realidade de cada empresa. A terceirizada X, conta com a maioria de seus trabalhadores concentrados na faixa de escolarização média, 56,63%. Já a empresa Y, conta com mão de obra menos escolarizada, 59,42% dos seus trabalhadores com escolarização básica, como é possível observar no gráfico 4, com dados referentes ao ano de 2005.

0,7 20,3 83,5 28,00 56,53 15,47 59,42 32,35 8,23

Brasil Telecom Empresa X Empresa Y

Gráfico 4 - Trabalhadores da Brasil Telecom e Empresas Terceirizadas, no Paraná, segundo o grau de instrução,* em

porcentagem

Fundamental Médio Superior

Fonte: Brasil Telecom, 2005 e pesquisa empírica.

* Os três níveis do grau de instrução consideram tanto os trabalhadores que concluíram, como os que cursaram algumas séries.

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Os empregados das empresas de telecomunicações passaram a se concentrar nos postos de trabalho com menores remunerações, ou seja, até 3 salários mínimos, a partir do ano 2000 (quadro 2). Entre 2000 e 2002, a situação ainda era equilibrada, com a maior parte da mão-de-obra recebendo acima de 7 salários mínimos. Em 2000, os trabalhadores situados entre os que percebiam as menores remunerações, até 3 salários mínimos, eram 27,79% do total de funcionários do setor, contra 46,28% dos que recebiam acima de 7 salários. A partir de 2003 a relação inverteu-se. Da totalidade de empregados, 46,11% situava-se entre os piores remunerados, contra os 32,42% com melhores vencimentos. Já em 2005, mais da metade dos trabalhadores em telecomunicações no Paraná, 64,30%, recebiam até 3 salários mínimos. Nota-se que os postos de trabalho, a partir da privatização, passaram a se concentrar nas faixas salariais mais baixas, ou seja, entre meio e 3 salários mínimos.

A política de estabilidade funcional nas empresas de telecomunicações passou por uma inflexão significativa com o surgimento de uma nova lógica de organização do setor, com a privatização no final da década de 1990. As telecomunicações passaram a se caracterizar por altas taxas de rotatividade de seu quadro de trabalhadores. Estas mudanças tiveram impacto no perfil dos empregados nos anos 2000, como atesta o tempo de vínculo ativo nas empresas (quadro 3).

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Nota-se que a concentração dos trabalhadores por faixas mensais de tempo de serviço passou, dos postos de emprego com longos períodos de vínculo, até 2000, como atestaram pesquisas anteriores, a uma tendência que se registra partir de 2000 a 2005, quando passam a predominar os trabalhadores com até 2 anos de tempo de serviço. Em 2000, 84,16% possuíam não mais que 2 anos de vínculo. Nos anos seguintes, a média de trabalhadores com até 24 meses de tempo de serviço esteve em 62,28%, do total da mão-de-obra empregada. Por outro lado, a média de trabalhadores com mais de 60 meses de vínculo manteve-se em 16,19% do total de empregados.

A reestruturação do setor de telecomunicações, primordialmente a partir da adoção de processos de terceirização e da privatização, implicou significativas mudanças no perfil dos trabalhadores. Os novos requisitos para que um funcionário fosse contratado ou permanecesse na empresa não eram uniformes. Houve, na realidade, uma variação do perfil, de acordo com a posição do estabelecimento na rede de empresas. Dessa maneira, tanto as concessionárias como as demais empresas da cadeia passaram a adotar um perfil de mão-de-obra readequado às suas novas funções no sistema de telefonia.

Referências:

BORGES, Ângela; DRUCK, Maria da Graça. Crise Global, Terceirização e Exclusão no Mundo do Trabalho. Caderno CRH: O Mundo do Trabalho e dos Trabalhadores, nº 19, julho/dezembro 1993.

BORGES, Ângela; DRUCK, Maria da Graça. Terceirização: Balanço de uma Década.

Caderno CRH: Trabalho, Flexibilidade e Precarização, nº 37, julho/dezembro 2002.

CARDOSO AQUILES, A. Entrevista nº. 1 realizada com dirigente sindical, 27 de março de 2007.

CARDOSO AQUILES, A. Entrevista nº 4 realizada com gerente da empresa Y, 07 de maio de 2007.

CASTELLS, Manuel. A Sociedade em Rede. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2000.

GITAHY, Leda. “Inovação tecnológica, relações interfirmas e mercado de trabalho” In: _____. (Org.). Reestructuracion Productiva, Trabajo y Educacion em America

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HIRATA, Helena. “Crise Econômica, Organização do Trabalho e Subcontratação: reflexões a partir do caso japonês” In: BÔAS, Gláucia; GONÇALVES, Marco A.. O

Brasil na Virada do Século: o debate dos cientistas sociais. Rio de Janeiro:

Relume/Dumará, 1995.

LARANGEIRA, Sônia M. G.. Reestruturação no setor de telecomunicações: aspectos da realidade internacional. Revista Latinoamericana de Estudios del Trabajo: Relações industriais, análises comparativas, ano 4, nº 8, pp. 159-178, 1998.

LEITE, M. P. Trabalho e sociedade em transformação: mudanças produtivas e novos atores sociais. São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2003.

OLIVEIRA, Paulo Antônio Fuck de. Terceirização como Estratégia. Disponível em: <http://www.pr.gov.br/batebyte/edicoes/1996/bb52/terceir.htm>. Acesso em 03/04/07.

QUEIROZ, Carlos Alberto Ramos Soares de. Manual de Terceirização. São Paulo: STS, 1992.

RAMALHO, José Ricardo; MARTINS, Heloisa de Souza. Terceirização: Diversidade e Negociação no Mundo do Trabalho. São Paulo: Hucitec, 1994.

RUDUIT, Sandro. Relações interfirmas e emprego: estudo de uma rede de empresas em telecomunicações. Dissertação (Mestrado). Porto Alegre: UFRGS, 2001.

RUDUIT, Sandro. Global e Local: o novo pólo automobilístico de Gravataí e suas implicações sociais e políticas. Tese (Doutorado). Porto Alegre: UFRGS, 2006. SINTTEL – PR. Acordos Coletivos de Trabalho, 2006.

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