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(1)

Desenvolvimento

da

forma

experimental em

português

do

Inventário

de Ansiedade

Traço-Estado (IDATE)·,

de

Spie1berger

1. Introdução ANGELA M. B. BIAGGIO

**

LUIZ NATALfcIO

***

CHARLES D. SPIELBERGER

****

1. Introdução; 2. Descrição; 3. Desen-volvimento da tradução para o portu-guês; 4. Propriedades psicométricas da forma experimental do IDATE; 5. Fide-dignidade da forma experimental em português do IDATE; 6. Validade; 7. Normas para a população brasileira; 8. Conclusão.

o

Inventário de Ansiedade Traço-Estado_ (IDA TE) baseia-se na concepção de ansiedade proposta por Spielberger (13), que distingue entre estado e traço de ansiedade.

O estado de ansiedade (A-estado) é conceptualizado como um estado emocional transitório ou condição do organismo humano que é caracterizado por sentimentos desagradáveis de tensão e apreensão conscientemente perce-bidos, e por aumento na atividade do sistema nervoso autônomo. Escores em A-estado podem variar em intensidade e flutuar no tempo.

*

Spie1berger, Gorsuch & Lushene. State-trait anxiety inventory (STAI). 1970.

**

Da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.

***

Da University of Texas at El Paso.

****

Da University of South Florida.

(2)

o

traço de ansiedade (A-traço) refere-se a diferenças individuais relativa-mente estáveis em propensão à ansiedade, isto é, a diferença na tendência de reagir a situações percebidas como ameaçadoras com elevações de intensidade no estado de ansiedade. Como um conceito psicológico, traço de ansiedade tem as características de uma classe de construtos que Atkinson (1) chama "moti-vos" e a que Campbell (2) se refere como "disposições comportamentais adqui-ridas". Motivos são definidos por Atkinson como disposições que permanecem latentes até que uma situação as ative. Disposições comportamentais adquiridas, de acordo com Campbell, envolvem resíduos de experiências passadas, que pre-dispõem um indivíduo tanto a ver o mundo de determinada forma quanto a manifestar reações objetivas e realísticas.

Em geral, seria de se esperar que aqueles que têm alto A-traço demonstra-riam elevações de A-estado mais freqüentemente do que os indivíduos de baixo A-traço porque eles tendem a reagir a uma larga faixa de situações como perigo-sas ou ameaçadoras. Pessoas de alto A-traço também são mais propenperigo-sas a res-ponder com aumentos de intensidade do A-estado em situações que envolvem relações interpessoais que apresentam alguma ameaça à auto-estima. Achou-se, por exemplo, que circunstâncias em que se experimenta fracasso ou em que a suficiencia pessoal é avaliada (ex. fazer um teste de inteligência) são particular-mente ameaçadoras para pessoas com alto traço de ansiedade (8, 10 e 13). Mas, se pessoas que diferem em A-traço mostrarão ou não diferenças correspondentes em A-estado, depende do grau em que a situação específica é percebida por um indivíduo em particular como perigosa ou ameaçadora, e isso é grandemente in-fluenciado por experiências passadas do indivíduo.

Os conceitos de traço e estado de ansiedade que guiaram a construção do IDATE são discutidos em grande detalhe por Spielberger (9). As condições que parecem provocar níveis mais altos de A-estado em pessoas que diferem em A-traço são discutidas por Spielberger, Lushene e McAdoo (12).

2. Descrição

o

Inventário de Ansiedade Traço-Estado - IDA TE - é composto de duas esca-las distintas de auto-relatório para medir dois conceitos distintos de ansiedade: estado de ansiedade (A-estado) e traço de ansiedade (A-traço). Apesar de origi-nalmente desenvolvido como um instrumento de pesquisa para investigar fenô-menos da ansiedade em adultos normais (sem perturbações de ordem psiquiátri-cas), o IDATE também mostrou ser de utilidade para medir ansiedade em estu-dantes de 1.0 e 2.0 grau, e em pacientes neuropsiquiátricos, cirúrgicos e de

clínica médica.

A escala de traço de ansiedade do IDA TE consiste de 20 afirmações que requerem que os sujeitos descrevam como geralmente se sentem. A escala do estado de ansiedade consiste também de 20 afirmações, mas as instruções

reque-32

..

(3)

rem dos indivíduos indicar como se sentem num determinado momento. Para cada afirmação, o sujeito deve assinalar uma das quatro alternativas, indicando como se sente: absolutamente não; um pouco; bastante; e muitíssimo (na escala A-estado); quase nunca; às vezes; freqüentemente; quase sempre (na escala A-traço). Por exemplo: Sinto-me fatigado - 1. quase nunca; 2. às vezes; 3. fre-qüentemente; e 4. quase sempre.

A escala de A-traço pode ser usada como um instrumento de pesquisa para selecionar indivíduos que variam quanto à tendência para reagir à tensão psicológica com diferentes graus de intensidade de A-estado. Pesquisadores podem usar a escala de A-estado para determinar níveis reais de intensidade de estados de ansiedade, induzidos por manipulações experimentais, ou como um índice para controlar o nível úe drive (D) como esse conceito é definido por

Hull (5) e Spence (7). Tem sido demonstrado que os escores na escala de • A-estado aumentam em resposta a vários tipos de tensão e decrescem como

resultados de treinamento de relaxamento.

,

,

O IDA TE também tem-se mostrado útil em trabalho clínico. A escala de A-traço fornece bons recursos para selecionar estudantes de nível secundário ou colegial com propensão a ansiedade, e para avaliar o grau em que estudan!es que procuram serviços de aconselhamento e orientação são perturbados por pro-blemas neuróticos de ansiedade. A escala A-estado é um indicador sensível do nível de ansiedade transitória experimentada por clientes e pacientes em aconse-lhamento, psicoterapia e terapia de comportamento ou sob cuidados psiquiátri-cos. Pode ser usada também para medir mudanças na intensidade de A-estado que ocorrem nessas situações. As qualidades essenciais avaliadas pela escala de A-estado envolvem sentimentos de tensão, nervosismo, preocupação e apreensão. O manual original em inglês (12) apresenta profusa evidência quanto à validade e fidedignidade da forma original do teste, bem como dados norma-tivos para a população norte-americana e resultados de inúmeras pesquisas em que o teste foi usado.

O IDA TE tem despertado o interesse de pesquisadores de vários países, estando traduzido para mais de 20 línguas, entre as quais francês, espanhol, grego, hindi e muitas outras, e vem sendo utilizado em pesquisas interculturais, por seu caráter aparente "não-cultural" e pela simplicidade de aplicação e avalia-ção, aliados à alta evidência sobre a validade e fidedignidade do teste.

Assim sendo, achamos de interesse desenvolver uma forma em português do IDATE.

3. Desenvolvimento da tradução para o português

Uma tradução preliminar do IDA TE para o português foi desenvolvida por Biaggio e Natalício, baseada nos conceitos de estado e traço de ansiedade, con-forme definidos por Spielberger (13). Esta tradução foi enviada a vários

(4)

logos e psiquiatras brasileiros e portugueses, junto com a forma original em inglês do IDA TE. Estes juízes foram selecionados na base de preeminência pro-fissional. Seis deles responderam ao pedido de que avaliassem a adequação da tradução. Todos eram altamente proficientes na língua inglesa, além de se desta-carem pela competência profissional.

Dentre os 20 itens de A-estado e 20 de A-traço, 19 foram avaliados êomo

bons pelos seis juízes, e 32 foram avaliados como bons ou satisfatónos. Os oito itens avaliados como insatisfatórios, por pelo menos dois juízes, foram reescri-tos em consulta com três juízes brasileiros, altamente proficientes

Da

língua inglesa. Para quatro destes itens controvertidos, provenientes da escala A-estado (itens 6, 10, 14 e 15), foi necessário desenvolverem-se traduções alternativas, e três tradu-ções desse tipo foram desenvolvidas para o item 15 da escala A-traço. Os três itens controvertidos restantes foram 'mantidos como na tradução original, já que os juízes conseguiram concordar q~nto a melliores traduções alternativas.

Assim, a forma preliminar da escala A-estado consiste de 24 itens, e a forma preliminar de A-traço consiste de 22.

Esta forma preliminar do IDATE em português foi aplicada então a três amostras de sujeitos bilingües português-inglês, que fizeram o teste duas vezes, uma em inglês e outra em português. Em cada amostra, a metade dos sujeitos fez a forma em inglês primeiro, e a outra metade dos sujeitos fez a forma em português primeiro, a fim de contrabalançar efeitos de ordem de apresentação. O uso de sujeitos bilingües permite a verificação da equivalência das for-mas em inglês e em português do teste. A lógica desta técnica é que, se as formas forem equivalentes, sujeitos bilingües deverâo obter aproximadamente os mesmos escores fazendo o teste em português ou em inglês, e as correlações entre os escores obtidos nas duas formas deverão ser altas.

As amostras bilingües foram constituídas da seguinte maneira: a amostra n.O I constituiu-se de quatro sujeitos de sexo masculino de um grupo de

conver-sação no Instituto Cultural Brasileiro Norte-Americano de Porto Alegre, RS; a amostra n.O 2 consistiu de um sujeito do sexo masculino e 22 sujeitos de sexo feminino matriculados no último semestre do curso de tradutor e intérprete do Departamento de Letras da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre; e a amostra n.o 3 consistiu de 34 estudantes avançados (13 de sexo masculino e 21 de sexo feminino), do Instituto Brasil-Estados Uni-dos, no Rio de Janeiro. As amostras n.os 1 e 3 fizeram as formas em português e em ingles, com um intervalo de uma semana. A amostra n.O 2 fez as duas formas no mesmo dia, uma logo depois da outra.

Correlações item-restante foram calculadas separadamente para cada amos-tra. Estas correlações forneceram uma medida da consistência interna de um teste, revelando o grau em que escores em cada item correlacionam-se com o escore total no teste, excetuando-se aquele item examinado. O método item-res-tante constitui refinamento da técnica mais comumente usada para análise de itens, que consiste em obter-se correlações entre escores no item e escore total,

(5)

como medida de consistência interna. As correlações item-escore total superes-timam um pouco a. correlação, pois incluem o escore no item examinado como contribuinte para o escore total.

Correlações entre escore em cada item em inglês e os itens corresponden-tes na forma em português também foram calculados.

A escolha dos itens para os quais foi testada mais de uma tradução na forma preliminar foi feita na base dos valores das correlações item-restante. Quando estes tinham aproximadamente o mesmo valor, a escolha foi feita na base das correlações entre escores no item em inglês e seu correspondente em português. As correlações entre item em inglês e item em português variaram de 0,06 a 0,58, com uma média 0,34 para A-estado, e de 0,24 a 0,92, com uma média 0,51 para A-traço. Estas correlações representam um teste bastante rígido e s6 foram usadas no caso de se decidir entre duas traduções alternativas de itens controvertidos, cujos valores de item-restante eram próximos um do outro. As correlações item-restante para itens de A-estado variaram de 0,26 a 0,92, com exceção dos itens 4 e 6, para os quais correlações mais baixas foram obtidas na amostra n.o 1. Felizmente, o item 6 estava entre os controvertidos, para os quais traduções alternativas haviam sido testadas, e as correlações para a

~unda tradução do item 6 variaram nas diversas amostras entre 0,42 a 0,58, de forma que a segunda tradução foi escolhida para a forma final. Embora o item 4 tivesse um valor baixo na amostra n.o 1, seu valor item-restante nas ou-tras amosou-tras foi aceitável (0,26 e 0,33). Este item foi retido porque os especia-listas bilingües não, chegaram a uma tradução melhor.

Para a esclllát de A-traço, todos os valores item-restante foram aceitáveis (acima de 0,24), c~m exceção do item 11. Uma tradução alternativa deste item foi adicionada à forma preliminar e os 24 itens de A-estado e 23 de A-traço foram aplicados a uma quarta amostra de sujeitos bilingües, consistindo de 15 estudantes universitários do curso de tradutor e intérprete da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. A nova tradução do item 11 teve um valor item-restante de 0,83 e foi retido para a forma final. O item 15, para o qual três traduções alternativas tinham sido testadas, foi escolhido na base dos valores item-restante .

4. Propriedades psicométricas da forma experimental do IDA TE

4.1 Médias e desvios-padrão

As médias e desvios-padrão da amostra bilingüe são apresentados na tabela 1. As médias de A-estado e A-traço foram ligeiramente mais altas para as mulheres do que para os homens, e as médias de A-traço foram ligeiramente mais altas do que as de A-estado, para ambos os sexos. Também se pode notar na tabela 1, tanto para homens como para mulheres, que a variabilidade dos escores de A-traço foi maior do que a dos escores de A-estado.

(6)

Média Desvio-padrão

Tabela I

Médias e desvios-padrão de escores em A-estado e A-traço, para a amostra bilingüe brasileira

A-estado A-traço Masc.

I

Fem. Masc.

I

(N

=

18) (N

=

66) (N

=

18) 34,28 38,98 38,78 10,95 10,00 14,61 Fem. (N

=

66) 40,58 13,27

o

fato de os escores de A-estado terem menor variabilidade e serem tam-bém mais baixos do que os de A-estado, tanto para homens como para mulhe-res, sugere que os sujeitos estavam bastante calmos no momento em que fize-ram o teste. Com a forma em inglês, tem sido constantemente observado que os escores de A-estado e A-traço são aproximadamente os mesmos quando o teste é feito sob condições neutras (sem tensão).

Estes resultados sugerem que se façam pesquisas posteriores de natureza intercultural, formulando-se a hipótese de que sujeitos brasileiros têm menor ansiedade em relação a fazer testes (test anxiety) do que os americanos.

..

...

As médias e desvios-padrão das várias amostras normativas estão na tabela 2. •

5. Fidedignidade da forma experimental em português do IDA TE

5.1 Consistência interna

Coeficientes alfa foram computados por meio da fórmula KR-20, modificada por Cronbach (3) para a versão final, consistindo de 20 itens de A-estado e 20

de A-traço. Estes valores aparecem na tabela 3.

Os coeficientes alfa para as escalas de A-estado e A-traço foram bastante altos, tanto para homens como para mulheres. Dado o tamanho pequeno da amostra, especialmente da masculina, estes resultados são extremamente encora-jadores, e permitem a conclusão de que as escalas de A-esta~o e A-traço têm consistência interna bastante satisfatória. De fato, os coeficientes alfa da forma em português do IDA TE são mais altos que os obtidos com estudantes secun-dários e universitários de sexo masculino americanos, e os coeficientes alfa para mulheres são aproximadamente do mesmo valor que os de estudantes ameri-canas.

(7)

..

"

..

..

Tabela 2

Médias ., desvios-padrão das várias amostras normativas brasileiras

,--" Rio de Janeiro Rio de Janeiro São Paulo Rio de Janeiro

Escola

Universitários Universitários (Santos) Estudantes de

Ciclo Básico 2.0 a 5.0 ano Universitários 2.0 grau Normal

,

Masc. Fem. Masc. Fem. Masc. Fem. Masc. Fem. Fem.

Est. Traço Est. Traço Est. Traço Est. Traço Est. Traço Est. Traço Est. Traço Est. Traço Est. Traço

X

38,99 38,64 41,09 41,67 40,21 38,04 41,25 41,30 42,43 41,48 41,76 40,32 41,29 40,69 43,64 45,34 46,35 46,22

Sd 9,45 9,25 10,81 10,14 9,69 8,99 11,19 10,00 10,97 10,15 11,23 9,53 10,53 10,65 10,02 9,88 11,79 10,87

(8)

Coeficientes alfa obtidos com a amostra bilingüe brasileira

A-estado A-traço

Masculino Feminino Masculino Feminino

0,93 0,88 0,93 0,87

Outro índice de consistência interna obtido foram as correlações item-restante.

As correlações item-restante medianas foram 0,59 para homens e 0,62 para mulheres e para a amostra total. Excetuando-se o item 4, todas as correla-ções foram maiores que 0,30 para todos os itens de A-estado, e 0,50 ou mais para todos os itens, com exceção de três (4, 5 elO).

As correlações item-restante para A-traço foram ainda mais altas que as de A-estado, tanto na amostra masculina como na feminina.

Com exceção do item 6, na amostra masculina todas as correlações item-restante da escala de A-traço foram de 0,40 ou mais, e variaram de 0,47 a 0,83 na amostra total.

As correlações item-restante medianas na amostra masculina, feminina e total foram de 0,75, 0,595 e 0,615, respectivamente_ Para 70% dos itens de

A-traço as correlações item-restante foram de 0,60 ou mais.

Além dos dados acima, obtidos com a amostra bilingüe usada nos estágios iniciais de desenvolvimento da tradução, foram calculadas correlações item-res-tante com dados de uma subamostra de 100 sujeitos da amostra normativa de universitários.

Estes valores de item-restante variaram de 0,25 a 0,70, com mediana de 0,45 para A-estado; de 0,31 a 0,68, com média de 0,43 para A-traço.

Em resumo, os coeficientes alfa para A-estado e A-traço, bem como as correlações item-restante para cada item, dão forte evidência da consistência interna da forma em português do IDATE.

Aliás~ a consistência interna da forma em português é melhor do que as formas em ingles e em espanhol (12).

5.2 Estabilidade temporal

Dados a respeito da fidedignidade teste-reteste foram obtidos com uma amostra de 29 estudantes universitários, com um intervalo de duas semanas. Os valores obtidos foram de 0,74 para A-estado e 0,83 para A-traço.

38

(9)

..

Por deftnição, não se esperaria que a escala de A-estado tivesse estabilidade temporal tão grande quanto a de A-traço, uma vez que mede estados transitórios de ansiedade. Os valores encontrados são, portanto, altamente satisfatórios.

6. Validade

A validade de conteúdo do IDA TE em português é óbvia, uma vez que a forma em

português é uma tradução dos itens elaborados em inglês, para medir os conceitos de ansiedade-estado e ansiedade-traço, como foram deftnidos por Spielberger (13). A evidência a respeito da validade conco"ente (simultânea) do IDATE é

fornecida pelos dados com sujeitos bilingües, que mostram que, para esse tipo de sujeitos, escores na forma em inglês correlacionam-se alto com escores na forma em português. Estas correlações são apresentadas na tabela 4.

Tabela 4

Correlações entre escores no IDADE em português e escores no IDADE em inglês, para amostras brasileiras bilingües

Amostra N A-estado A-traço

1 12 0,58 0,92

2 34 0,90 0,95

3 23 0,50 0,59

4 15 0,89 0,75

Total 84 0,69 0,77

Correlações entre as escalas de A-estado e A-traço (em português) para as amostras normativas são apresentadas na tabela 5.

Tabela 5

Correlações entre A-estado e A-traço para várias amostras normativas brasileiras Rio de Janeiro Universitários Ciclo básico Masc.

T

Fem. 0,62 0,66 Rio de Janeiro Universitários 2.0 a 5.0 ano Masc.

I

Fem. 0,63 0,56 Rio de Janeiro Estudantes de 2.0 grau Masc.

I

Fem. 0,69 0,73 39

(10)

Estes resultados indicam que para as amostras normativas brasileiras estas correlações são ligeiramente mais altas do que as obtidas com as amostras norte-americanas.

A validade de construto da forma em português do IDA TE está sendo avaliada em diversas pesquisas em que as escalas de A-estado e A-traço foram· administradas sob condições de tensão e condições neutras. Em uma investigação as duas escalas foram administradas a um grupo de 17 estudantes universitários antes de fazerem um exame de estatística considerado difícil, e durante um perío-do de aula comum da mesma matéria. As médias e desvios-padrão perío-dos escores de A-estado e A-traço obtidos nessas duas ocasiões são apresentados na tabela 6.

Média

Tabela 6

Escores médios na forma em português de A-estado e A-traço, sob condições de tensão (exame) e condições neutras, em

amostra brasileira

A-estado A-traço

Exame Neutra Exame Neutra

45,71 35,35 37,53 37,35

Desvio-padrão 15,32 9,57 8,13 11,35

t = 3,32

(p < 0,05)

Pode-se notar que o escore médio de A-estado na condição de tensão (exame) foi aproximadamente 10 pontos mais alto do que na condição neutra (aula). A diferença entre as médias foi estatisticamente significantes (t

=

3,32; p

<

0,005). Em contraste, os escores médios de A-traço foram praticamente os mesmos nas condições experimentais de tensão e neutra. Estes resultados de-monstram que a escala de A-estado é sensível a tensões situacionais, enquanto que a escala de A-traço é relativamente imune a estes fatores. Resultados seme-lhantes foram relatados com a forma em inglês do IDA TE (11).

Mais evidência para a validade de construto da forma em português do IDATE é apresentada em estudo de Kacelnik, Farias e Oliveiras, que testaram 30 estudantes da 8.a série em uma situação experimental em que se induzia um estado de "dissonância cognitiva" (4). Pediu-se aos estudantes que escrevessem argumentos favoráveis a terem que se submeter a um exame escolar in~sperado e muito difícil, sob condições de pequeno incentivo. Seus escores na forma em português do IDATE, nesta ocasião, foram comparados com seus escores sob condições neutras. 40

,

...

(11)

As médías e desvios-padrão dos escores de A-estado e A-traço obtidos nas condições de dissonância e neutra são apresentados na tabela 7. Os escores em A-estado foram substancialmente mais altos depois de indução de dissonância (t

=

6,78; P

<

0,001), enquanto os escores em A-estado foram basicamente os mesmos na condição de dissonância e na neutra (t

=

0,58).

Média

Tabela 7

Médias e desvios-padrão de escores na forma em português das escalas de A-estado e A-traço, sob condições de dissonância e neutra

A-estado A-traço

Dissonância

I

Neutra Dissonância

I

Neutra

64,86 39,63 40,60 41,40

Desvio-padrão 10,85 13,68 11,88 10,59

t = 6,78

(p < 0,001)

Taruma, Fernandez e Paschoal (14) encontraram escores significantemente mais altos, em A-estado, 24 horas antes de os pacientes se submeterem a cirur-gia leve do que quando receberam alta do hospital (t

=

5,89, p <0,001). Em contraste, a diferença de escores de A-traço antes e depois da cirurgia não foi estatisticamente significante.

A tabela 8 apresenta as médias e desvios-padrão dos escores de A-estado e A-traço obtidos antes da cirurgia e por ocasião da alta.

Média

Tabela 8

Médias e desvios-padrão de escores na forma em português das escalas de A-estado e A-traço, obtidas em pacientes 24 horas antes de

cirurgia e por ocasião da alta

A-estado A-traço

Dissonância

I

Neutra Dissonância

I

Neutra

64,86 39,63 40,60 41,40

Desvio-padrão 10,85 13,68 11,88 10,59

t = 5,89

(p < 0,001)

(12)

7. Normas para a população brasileira

Dados normativos para amostras brasileiras de universitários e de alunos de 2.0

grau foram obtidos por meio das seguintes amostras: 1.307 estudantes universi-tários de três universidades no Rio de Janeiro: PUC, UGF e UFRJ. A fim de ter dados comparáveis aos norte-americanos, a amostra foi subdividida em dois grupos (ciclo básico e universitários do 2.0 ao 5.0 ano). Os dados são também

apresentados para sexo masculino e feminino separadamente.

A coleta de dados foi planejada de forma a ter um número aproximada-mente igual de alunos das várias áreas (técnico-científica, humana e social, e biomédica).

Os dados da amostra universitária do Rio de Janeiro referem-se portanto a: 355 rapazes de ciclo básico; 306 : .• oças de ciclo básico; 333 rapazes de 2.0 a

5.0 ano; e 313 moças de 2.0 a 5.0 ano.

Há também informação sobre uma amostra de 261 estudantes universi-tários de sexo masculino e 276 estudantes universiuniversi-tários de sexo feminino, no Estado de São Paulo.

As amostras normativas de estudantes do 2.0 grau consistem de uma

amostra de 555 estudantes do 1.0 ano do 2.0 grau, procedentes de 17 escolas

públicas do Município do Rio de Janeiro, tendo cada escola sido sorteada, den-tre as escolas de cada uma das 17 regiões administrativas do município.

Além disso, há uma amostra de 280 sujeitos do sexo feminino, de curso normal, do Rio de Janeiro.

Foram estabelecidas normas em termos de percentis e escores-padrão nor-malizados (escala T).

Embora os dados normativos não divirjam muito dos norte-americanos, deve-se obviamente usar as tabelas normativas para população brasileira quando o IDATE é usado na forma em português, com sujeitos brasileiros.

Da mesma forma que com sujeitos norte-americanos, as normas femininas indicam que as moças têm escores um pouco mais altos que os rapazes, e que estudantes de 2.0 grau geralmente tem escores um pouco mais altos que os

uni-versi tários.

As médias e desvios-padrão das várias amostras normativas brasileiras são apresentados na tabela 6.

Vemos que tanto as médias como os desvios são bastantes próximos aos obtidos com as amostras norte-americanas. Há uma pequena tendência para os sujeitos brasileiros obterem escores ligeiramente mais altos em ansiedade do que os sujeitos norte-americanos, porém as diferenças não são estatisticamente signi-ficantes.

Verificou-se nas amostras brasileiras a mesma tendência obtida nas norte-americanas, de mulheres terem escores mais altos que homens, e de estudantes de secundário obterem escores mais altos que os universitários. Porém não foi encontrada entre universitários brasileiros a tendência a calouros (ciclo báSico)

42 A.B.P.A.. 3/77

...

..

(13)

,

obterem escores mais altos de ansiedade do que os alunos dos outros anos. Isto talvez possa ser explicado por diferenças nas condições de aplicação, especial-mente ao fato de os calouros norte-americanos terem feito o teste no verão anterior à entrada para a universidade, enquanto os brasileiros o fizeram depois de admitidos à universidade e já no meio do ano letivo. Além disso, a entrada na universidade talvez envolva maiores adaptações para os estudantes americanos do que para os brasileiros, pois para aqueles em geral há mudança de cidade, distância da famllla, residência em dormitórios, enquanto para os universitários do Rio de Janeiro isto é pouco comum.

8. Conclusão

Os dados apresentados acima evidenciam que a forma experimental em portu-guês do IDA TE pode ser utilizada como um instrumento para medir ansiedade em sujeitos brasileiros, havendo bastante evidência sobre sua validade e fide-dignidade, bem como normas para nossa população.

O teste será publicado dentro em breve. As pessoas que desejarem mais informações poderão se dirigir ou escrever à Professora Angela Biaggio, Departa-mento de Psicologia, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.

Referências bibliográficas

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(14)

9. Spielberger, C. D. ed. Anxiety and behavior. New York, Academic Press, 1966, p.3-20.

10. Spielberger, C. D. The effects of anxiety on complex learning and academic achieve-ment. In: Spielberger, C. D. ed. Anxiety and behavior. New York, Academic Press, 1966, p. 361-98.

11. Spielberger, C. D., Gorsuch, R. L. & Lushene, R. E. Manwzl lor the state-trait anxiety inventory. Paio Alto, California, Consulting Psychologist Press, 1970.

12. Spielberger, C. D., Lushene, R. E. & McAdoo, W. G. Theory and measurement of anxiety states. In: R. B. Cattell ed. Handbook 01 modem personality theory. Cúcago, Aldene in Press, 1971.

13. Spielberger, C. D. & Smith, L. H. Anxiety (drive), stress, and serial-position effects

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14. Taruma, H., Fernandez, E. & Paschoal, C. R. STAl scores 01 surgical ptlcients. a validation study. Unpublished senior research paper. Rio, Pontifícia Universidade Católica

do Rio de Janeiro, 1975.

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Referências

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