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AVALIAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM UMA MATERNIDADE PÚBLICA DE REFERÊNCIA EM TERESINA.

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AVALIAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM UMA MATERNIDADE PÚBLICA DE REFERÊNCIA EM TERESINA.

DENISE DE VASCONCELOS CARDOSOI MARCELO PRADO SANTIAGOII LÍVIA MARIA MELLO VIANAIII FRANCINETE PAULA SILVA DANTAS AVELINOIV

I

Enfermeira (UFPI/2006.2)

II

Enfermeiro (UFPI/2006.2) e Biólogo (UESPI/2004.2)

III

Enfermeira (UFPI/2006.2) e Bióloga (UESPI/2005.2)

IV

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AVALIAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM UMA MATERNIDADE PÚBLICA DE REFERÊNCIA EM TERESINA.

RESUMO

O enfermeiro necessita inserir-se na realidade de forma consciente e científica. Embora grande parte possua a percepção da necessidade da Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE), sua implementação adequada constitui um desafio. Diante de nossa experiência e escassez de estudos, procurou-se determinar a frequência de utilização dos impressos da SAE (Histórico, Prescrição e Evolução de Enfermagem). Esse estudo é descritivo/quantitativo no qual os dados coletados foram referentes a dois meses (outubro e novembro/2006). Foram avaliados 673 prontuários. Percebeu-se que em 50,89% havia a presença de três impressos e 6,02% apresentavam nenhum. No preenchimento, percebeu-se que 68,72% dos históricos estavam completos. 86,64% das evoluções e prescrições, incompletas. 92,52% dos históricos foram considerados ótimos. As evoluções oscilaram entre boas (43,46%) e ótimas (31,17%), e as prescrições, regulares (54,68%). Com relação ao histórico, observou-se que, dos sete itens, o que apresenta menor preenchimento (21,23%) é exame físico/diagnóstico. É inegável a importância da SAE na prática diária, entretanto, os resultados demonstram que a mesma ainda é uma realidade distante, em função da maioria dos impressos pesquisados estarem incompletos e/ou parcialmente preenchidos, demonstrando dificuldade dos profissionais/acadêmicos de Enfermagem na utilização de tais instrumentos. Assim, conclui-se que a SAE ainda encontra obstáculos para ser realmente efetivada, demonstrando que acontece nitidamente uma separação entre teoria e prática. Entretanto, esse processo recebe cada vez mais importância para a atividade laboral do profissional/acadêmico de Enfermagem, melhorando a qualidade da assistência prestada.

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INTRODUÇÃO

A implantação da Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE), a partir de um conhecimento específico e de uma reflexão crítica acerca da organização e da filosofia do trabalho de Enfermagem, constitui-se um instrumento de fundamental importância para que o enfermeiro possa gerenciar e aperfeiçoar a assistência de Enfermagem de forma organizada, segura, dinâmica e competente e, ainda, conforme Silva (1990), de forma racional e universal, determinando sua área específica de atuação.

A SAE, enquanto um processo articulador e integrador da assistência, representa um importante instrumento técnico-científico capaz de assegurar a qualidade e a continuidade da assistência de Enfermagem, a contenção de custos e uma garantia para fins legais (THOMAS e GUIDARDELLO, 2002; TANJI et al., 2004). Nesse sentido, a SAE se transforma em um processo dinâmico, capaz de avaliar e de indicar intervenções contínuas nas ações da equipe de Enfermagem e estreitar os laços profissionais entre a equipe multiprofissional.

Para compreender melhor a SAE, é necessário tecermos alguns comentários sobre o processo de Enfermagem. Wanda Aguiar Horta (1979) introduziu no Brasil, de forma pioneira, um processo de Enfermagem que se caracteriza pelo inter-relacionamento e dinamismo de suas fases ou passos e que se fundamenta nas Necessidades Humanas Básicas.

Horta (1979), distingue seis fases na elaboração do Processo de Enfermagem denominadas Histórico de Enfermagem, Diagnóstico de Enfermagem, Plano Assistencial, Plano de Cuidados ou Prescrição de Enfermagem, Evolução de Enfermagem e Prognóstico de Enfermagem, através das quais se propõe a melhorar a assistência que é prestada pela equipe de Enfermagem, sendo que a SAE se torna importante pela liberdade de atuação e controle do trabalho para o enfermeiro.

Dalri (2000) afirma que o profissional de Enfermagem que utiliza a assistência de Enfermagem de forma sistematizada, sob o contexto de um referencial teórico de Enfermagem, será habilitado a fomentar conhecimentos teórico e prático, alicerçando relações de trabalho concretas.

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O Conselho Federal de Enfermagem (COFEN) em sua resolução nº. 272/2002 (BRASIL, 2002), no uso de suas atribuições legais e regimentais e considerando que a SAE utiliza método e estratégia de trabalho científico para a identificação das situações de saúde/doença, determina que, na assistência de Enfermagem, devem ser considerados os aspectos essenciais em cada uma das seguintes etapas: Histórico, Exame Físico, Diagnóstico de Enfermagem, Prescrição de Enfermagem e Evolução de Enfermagem.

A SAE é desenvolvida pela equipe de Enfermagem (composta por Enfermeiro, Técnico e Auxiliar de Enfermagem), na qual o enfermeiro exerce as principais atividades, cabendo privativamente o planejamento, a organização, a coordenação, a execução e a avaliação dos serviços de Enfermagem, conforme lei do exercício1 e decreto2 que regulamenta (BRASIL/COREN-RJ, 1999).

A implantação da SAE deve ocorrer em toda instituição de saúde, pública e privada, e esta deverá ser registrada formalmente no prontuário do paciente/cliente/usuário (BRASIL, 2002). Na maternidade pública de referência do Piauí, a implantação da SAE surgiu a partir de um Projeto de Extensão entre esta e o Departamento de Enfermagem de uma Universidade Pública. Segundo as idealizadoras do projeto, a proposta surgiu da inquietude de observar uma prática de Enfermagem fragmentada e descontinuada, comprometendo a qualidade da assistência (GONÇALVES, 2005).

De acordo com Avelino (2004), a Enfermagem tem procurado estabelecer seus objetivos, lidando com aspectos existenciais do impacto da enfermidade sobre os indivíduos e familiares fazendo disso seu foco de ação através de uma assistência sistematizada e orientada para as Necessidades Humanas Básicas afetadas pelo processo da doença procurando auxiliar as pessoas a alcançarem equilíbrio harmônico através da promoção do conhecimento, cura, auto-controle, auto-respeito, e terem entendimento do significado dos acontecimentos que estão fazendo parte de sua vida.

1 Lei nº 7.498, de junho de 1986 – Dispõe sobre a regulamentação do exercício da enfermagem e dá

outras providências.

2Decreto nº 94.406, de 08 de junho de 1987 – Regulamenta a lei nº 7.498.

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Considerando a obrigatoriedade da SAE (Resolução COFEN 272/ 2002), a necessidade de implantação é reconhecida pelas insituições e profissionais de saúde que buscam criar condições e estabelecer como meta a ser atingida nos serviços (BRASIL, 2002).

Entretanto, sabe-se que na prática de Enfermagem, há uma distância considerável entre a teoria e a prática, e o profissional de Enfermagem tende a limitar-se a cuidados rotineiros de administração, relegando a um plano secundário o uso da SAE, mesmo ciente da importância e efetivos resultados da aplicação desta prática (ÉVORA, 1998).

Daí a geração de indagações: qual o comprometimento da equipe de Enfermagem com a realização das etapas do processo da SAE? Qual o índice de adesão dos profissionais à SAE? Quais as principais dificuldades e facilidades encontradas pelos profissionais na realização da SAE?

Diante de nossa experiência durante a vida acadêmica e observações a respeito da SAE, bem como da efetiva e comprovada importância de sua prática, surgiu o interesse em realizar este estudo para analisar o comprometimento dos profissionais da Enfermagem na utilização das técnicas e estratégias sugeridas pelas teorias que embasam o processo de sistematização da assistência.

A relativa escassez de estudos que detalhem as condições relativas a implantação e implementação da SAE é outro fator que nos estimula a querer conhecer e delimitar os fatores que atuam junto ao profissional e que fazem com que este tenha ou não disposição, empenho e incentivo em realizá-la.

Espera-se com este estudo contribuir com resultados capazes de gerar um panorama que estabeleca as principais dificuldades ou facilidades ao trabalho com a SAE, ou, se não, que pelo menos, provoquem discussões e reflexões bem mais ricas e mais significativas a respeito dos fatores que interferem na implementação da SAE. Dessa forma, este estudo poderá servir de auxílio para as ações dos enfermeiros em relação à prática da SAE.

Justifica-se, então, a importância da realização de um estudo dessa natureza, uma vez que este se propõe a descrever uma realidade local que se configura decisiva para o sucesso ou não da implementação da SAE.

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Portanto, para a execução dessa pesquisa, foram traçados os seguintes objetivos: Avaliar a implementação da SAE em uma Maternidade Publica de referência de Teresina-PI, determinar os fatores facilitadores e dificultadores ao processo de utilização dos impressos da SAE, qualificar a forma de utilização dos impressos relativos a SAE e identificar os itens utilizados com maior dificuldade no preenchimento dos impressos da SAE.

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Natureza e local de realização da pesquisa.

Trata-se de um estudo descritivo de natureza quantitativa no qual os dados coletados foram referentes ao período de dois meses (outubro e novembro de 2006).

O estudo foi realizado em uma maternidade pública de referência do Estado do Piauí, localizada em sua capital Teresina. Esta maternidade atende mulheres oriundas de todas as localidades do Piauí e regiões circunvizinhas, oferecendo pré-natal e assistência ao processo gravídico normal, bem como para todos os tipos de complicações do ciclo gravídico-puerperal, tendo uma demanda considerável, de todas as localidades e classes sociais.

População, Instrumento de Coleta e Tratamento dos Dados.

O universo da pesquisa foram todos os profissionais (enfermeiros, técnicos e auxiliares de Enfermagem) e acadêmicos de Enfermagem (de qualquer período e faculdade) que atuaram no tratamento clínico da referida maternidade, refletidos nos registros dos prontuários acerca da utilização dos passos do processo de enfermagem na assistência às pacientes.

Os instrumentos de coleta de dados utilizados foram questionários fechados, sendo que estes se constituíram em um conjunto de questões pré-elaboradas, sistemática e seqüencialmente dispostas em itens que constituem o tema da pesquisa, com o objetivo de suscitar os principais aspectos da implementação da SAE na referida Maternidade (CHIZZOTTI, 2001). Os dados descritos foram coletados pelos autores através do levantamento do registro, nos prontuários, dos passos do processo de enfermagem na assistência às pacientes.

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Os questionários constituiram-se de: 1) Questões relacionadas aos impressos e as anotações realizadas pelos profissionais do posto de Enfermagem segundo o qual foi feito o levantamento do número de prontuários em que há a presença dos impressos da SAE por mês e a forma de preenchimento dos mesmos; 2) Questões relacionadas aos impressos e as anotações realizadas, segundo o qual foi feito o levantamento dos itens preenchidos e não preenchidos com maior freqüência o que refletirá a maior ou menor complexidade de cada item dos impressos da SAE.

Os dados foram elaborados manualmente (através de distribuição de freqüência de percentual) e os resultados apresentados em forma de gráficos, bem como analisados de acordo com a literatura, a fim de fornecerem informações que permitam a identificação da realidade que permeia a implementação da SAE na referida maternidade, sua evolução e as dificuldades que ainda representam entraves para a concretização desse processo de trabalho.

No primeiro questionário, onde foi realizado o levantamento do número de prontuários com impressos da SAE e seu preenchimento adequado, utilizaram-se os seguintes critérios de análise: 1) A freqüência dos impressos foram consideradas por prontuário, onde os valores variam de 0 (ausência de impressos) a 3 (presença de Histórico, Prescrição e Evolução de Enfermagem); 2) Com relação ao preenchimento foram considerados como em branco (aquele que estiver fixado ao prontuário e não possuir itens preenchidos), incompleto (o impresso que apresentar pelo menos um de seus itens não-preenchidos) e completo (possui todos os seus itens assinalados). No segundo questionário, onde foi feito o levantamento dos itens preenchidos e não preenchidos com maior freqüência, utilizaram-se os seguintes critérios de análise: 1) Os impressos foram qualificados separadamente de acordo com seu grau de preenchimento. Para o Histório de Enfermagem (que devia ser realizado no momento da internação), contendo 7 itens, os valores foram: ruim (para preenchimento de 0% a 25%), regular (preenchimento de 26% a 50%), bom (preenchimento de 51% a 75%) e ótimo (preenchimento de 76% a 100%). Para a Prescrição e Evolução de Enfermagem (que deviam ser realizadas diariamente) os valores foram: péssimo (para freqüência de 0% a 25% do período de internação), regular (freqüência de 26% a 50% do período de internação), bom (freqüência de

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51% a 75% do período de internação) e ótimo (freqüência de 76% a 100% do período de internação); 2) Itens do Histórico de Enfermagem que se apresentaram com menor índice de preenchimento.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

O estudo foi realizado em uma Maternidade Pública de referência do Estado do Piauí, mais especificamente no setor de tratamento clínico (em função de a implantação da SAE se caracterizar como projeto piloto apenas neste setor), onde foram analisados, segundo o livro de admissão do setor, todos os prontuários das pacientes que deram entrada no hospital nos meses de outubro e novembro do ano de 2006.

Foram avaliados um total de 673 prontuários, sendo que destes, 387 correspondem ao mês de outubro e 286 ao mês de novembro. Consideramos válidos para esta pesquisa 286 prontuários (73,90%) referentes ao mês de outubro e 211 (73,78%) ao mês de novembro. Foram desconsiderados, em função do curto espaço de tempo em que as pacientes permaneceram no setor (menos de 24 horas), 101 prontuários (26,10%) referentes ao mês de outubro e 75 (26,21%) ao mês de novembro, como se pode observar no GRÁFICO 1.

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73,90% 26,10% 73,78% 26,21% 0 50 100 150 200 250 300 Outubro Novembro

GRÁFICO 1 - Total de prontuários pesquisados por mês. Teresina (Pi), Outubro, Novembro, 2006.

Válidos

Desconsiderados

Fonte: Prontuário da Ala A da MDER

A Enfermagem produz, diariamente, muitas informações inerentes ao cuidado dos pacientes. É possível estimar que ela seja responsável por mais de 50% das informações contidas no prontuário do paciente.

No que diz respeito à presença dos impressos, avaliamos a freqüência destes por prontuário, onde consideramos os valores de 0 (ausência de impressos) a 3 (Histórico, Prescrição e Evolução de Enfermagem) e, desta forma, percebeu-se que na maioria dos prontuários (outubro - 56,29%, novembro - 45,5%) há presença de 3 impressos, e que da totalidade, somente a minoria não apresentava nenhum impresso (outubro - 7,34%, novembro - 4,7%), de acordo com o GRÁFICO 2.

7,34% 8,74% 27,62% 56,29% 4,7% 12,8% 37% 45,5% 0 10 20 30 40 50 60 Outubro Novembro

GRÁFICO 2 - Número de impressos por prontuários e mês. Teresina (Pi), Outubro, Novembro, 2006.

0 impresso 1 impresso 2 impressos 3 impressos

Fonte: Prontuário da Ala A da MDER

A SAE é um importante recurso que o enfermeiro caracterizar sua prática profissional. O planejamento dos cuidados, traduzido na prescrição de cuidados de

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Enfermagem, expressa, de forma organizada, os objetivos diários da assistência a cada paciente, visando uma melhor qualidade assistencial.

Com relação à freqüência dos impressos por prontuário pode-se perceber que, no mês de outubro, do total de 286 prontuários havia 199 (69,58%) com Histórico, 260 (90,90%) com Evolução e 207 (72,38%) com Prescrição de Enfermagem. E no mês de novembro, dos 211 prontuários havia 130 (61,61%) com Histórico, 191 (90,52%) com Evolução e 150 (71,09%) com Prescrição de Enfermagem. O impresso com maior incidência nos prontuários nos dois meses é o de Evolução de Enfermagem, como se pode observar no GRÁFICO 3.

69,58% 90,90% 72,38% 61,61% 90,52% 71,09% 0 15 30 45 60 75 90 105 Outubro Novembro

GRÁFICO 3 - Percentual dos tipos de impressos da SAE nos prontuários por mês. Teresina (Pi), Outubro, Novembro, 2006.

Histórico Evolução Prescrição

Fonte: Prontuário da Ala A da MDER. # Soma mais de 100%, pode haver mais de um impresso por prontuário

Em relação ao preenchimento dos impressos da SAE foram considerados em branco (o impresso que estiver fixado ao prontuário e não possuir itens preenchidos), incompleto (o impresso que apresentar pelo menos um de seus itens não-preenchidos, ou seja, faltar, pelo menos uma, Evolução ou Prescrição de Enfermagem que corresponda ao total de 100% dos dias de internação da paciente; ou ainda o Histórico de Enfermagem que apresente pelo menos um de seus itens não preenchidos) e completo (possui todos os seus itens assinalados).

Portanto, percebe-se que, dos 286 prontuários pesquisados em outubro haviam: 199 Históricos, dos quais 51 (25,63%) estavam incompletos e 148 (74,37%) completos; 260 Evoluções, das quais 245 (94,23%) estavam incompletas e 15 (5,77%) completas; e 207 Prescrições de Enfermagem, das quais 207 (100%) estavam incompletas, de acordo com o GRÁFICO 4.

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Ainda pode-se inferir duas situações, uma que, curiosamente, não havia nenhum Histórico, Prescrição ou Evolução de Enfermagem totalmente em branco; e outra que não havia nenhuma Prescrição de Enfermagem completa.

0% 25,63% 74,37% 0% 94,23% 5,77% 0% 100% 0% 0 15 30 45 60 75 90 105

Histórico Evolução Prescrição

GRÁFICO 4 - Percentual de preenchimento dos impressos da SAE dos prontuários do mês de Outubro. Teresina (Pi), Outubro, 2006.

Em branco Incompleto Completo

Fonte: Prontuário da Ala A da MDER

Certos fatores, como falta de profissionais e nova área de conhecimento aparecem como justificativas para as dificuldades na implementação da SAE no Brasil (MENOSSI, 2002). Esses fatores também estão presentes na maternidade estudada.

Observa-se, portanto, que a prática de uma Enfermagem evoluiu em termos de conhecimentos técnico-científicos, mas enfrenta um grande desafio, que é aplicar a teoria na prática e adquirir novos conhecimentos a partir da experiência vivenciada pela prática (conhecimento tácito).

No que diz respeito ao preenchimento dos impressos da SAE, percebe-se que, dos 211 prontuários pesquisados em novembro havia: 130 Históricos, dos quais 1 (0,77%) estava em branco, 47 (36,15%) incompletos e 82 (63,08%) completos; 191 evoluções, das quais 151 (79,05%) estavam incompletas e 40 (20,95%) completas; e 150 Prescrições de Enfermagem, das quais 147 (98%) estavam incompletas e 3 (2%) completas, de acordo com o GRÁFICO 5. Confirma-se que, no mês de novembro, todos os prontuários continham Evolução e Prescrição de Enfermagem.

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0,77% 36,15% 63,08% 0% 79,05% 20,95% 0% 98% 2% 0 15 30 45 60 75 90 105

Histórico Evolução Prescrição

GRÁFICO 5 - Percentual de preenchimento de impressos dos prontuários do mês de Novembro. Teresina (Pi), Novembro, 2006.

Em branco Incompleto Completo

Fonte: Prontuário da Ala A da MDER

Considerando essa perspectiva, enquanto método de organização do trabalho, o processo de Enfermagem caracteriza-se como uma ação estratégica, um meio que orienta a realização dos cuidados de Enfermagem como base em escolhas racionais. Entretanto, como afirmamos anteriormente, além do método, entendemos que o processo de Enfermagem pressupõe o cuidado centrado na pessoa. Sendo assim, torna-se impraticável se os Diagnósticos de Enfermagem, quando estabelecidos, não são utilizados para a fundamentação da Prescrição de Enfermagem.

Considerando-se o preenchimento dos impressos da SAE, considerou-se: ruim (freqüência de 0% a 25% do período de internação), regular (freqüência de 26% a 50%), bom (freqüência de 51% a 75%) e ótimo (freqüência de 76% a 100%). Daí observou-se que, no mês de outubro dos 286 prontuários pesquisados haviam: 199 históricos, dos quais 183 (91,96%) foram considerados ótimos; 260 evoluções, das quais 113 (43,46%) foram consideradas boas; e 207 prescrições, das quais 116 (56,03%) foram consideradas regular, de acordo com o GRÁFICO 6.

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0,5% 5,02%2,51% 91,96% 10% 34,61% 43,46% 11,92% 31,88% 56,03% 11,11% 0,97% 0 15 30 45 60 75 90 105

Histórico Evolução Prescrição

GRÁFICO 6 - Percentual dos conceitos do preenchimento dos impressos da SAE no mês de Outubro. Teresina (Pi), Outubro, 2006.

Ruim Regular Bom Ótimo

Fonte: Prontuário da Ala A da MDER

Percebe-se que vários fatores têm impedido a implementação do plano de cuidados como um instrumento de sistematização da assistência. O primeiro fator dificultador a ser destacado é o número reduzido de enfermeiros, o que compromete a elaboração do plano, atividade exclusiva deste profissional.

Aliado a este fato, têm-se a falta de conhecimento quanto às necessidades do paciente, tratamento, evolução e prognóstico, uma vez que o conhecimento técnico específico é fundamental para uma prescrição eficiente.

O fato de existir impressos próprios para execução da SAE, separadamente da prescrição médica, é outro fator dificultador, já que estes tipos de impressos não são padronizados na instituição pesquisada.

Sendo a implementação da SAE na instituição em estudo facilitada pelo fato de ser um hospital escola, uma vez que é potencialmente considerado um local de produção de conhecimento e absorção de tecnologias, persiste a inquietação dos autores, com relação a adesão ao plano de cuidados enquanto instrumento para a SAE, uma vez que nos deparamos com a baixa qualidade do preenchimento assim comprovados: 43,46% das Evoluções consideradas boas; e 56,03% das Prescrições de Enfermagem consideradas regulares.

Com relação ao preenchimento dos impressos da SAE no mês novembro dos 211 prontuários pesquisados havia: 130 Históricos, dos quais 121 (93,08%) foram considerados ótimos; 191 Evoluções, das quais 71 (31,17%) foram consideradas

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ótimas; e 150 Prescrições de Enfermagem, das quais 80 (53,34%) foram consideradas regular, de acordo com o GRÁFICO 7.

3,85% 2,31% 0,77% 93,08% 3,66% 31,41% 28,27% 37,17% 32% 53,34% 8,66% 6% 0 15 30 45 60 75 90 105

Histórico Evolução Prescrição

GRÁFICO 7 - Percentual dos conceitos do preenchimento dos impressos no mês de Novembro. Teresina (Pi), Novembro, 2006.

Ruim Regular Bom Ótimo

Fonte: Prontuário da Ala A da MDER

Observou que, na aplicação do processo de Enfermagem, o enfermeiro encontra uma grande dificuldade para estabelecer o diagnóstico e atribuiu como causas o desconhecimento dos sintomas, das necessidades básicas alteradas e da nomenclatura destas necessidades, entre outras.

O uso dos diagnósticos de Enfermagem pode trazer benefícios não só para o profissional e cliente, como também para a instituição. Segundo Miller (1989), para que o enfermeiro assista adequadamente o cliente, é necessário conhecer os problemas que ele está experienciando e a falta de clareza na sua identificação implica em perda de tempo e de energia, ou mesmo, de dinheiro. Para ela o objetivo da enfermagem é prover uma assistência que atenda às necessidades do cliente, ao passo que o da instituição é prestar um serviço efetivo e eficiente.

No tocante ao preenchimento do Histórico de Enfermagem, pôde-se observar que, dos sete itens presentes (antecedentes alimentares, antecedentes familiares, antecedentes pessoais, antecedentes ginecológicos, antecedentes obstétricos, gestação atual e exame físico/diagnóstico), o que apresenta menor índice de preenchimento é o exame físico/diagnóstico com 17,08% em outubro e 25,38% em novembro, de acordo com o GRÁFICO 8.

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1% 4,02% 7,03% 5,02% 14,07% 17,08% 4,61% 5,38% 7,69% 4,61% 6,92% 16,92% 25,38% 0 5 10 15 20 25 30 Outubro Novembro

GRÁFICO 8 - Percentual dos itens não preenchidos do Histórico de Enfermagem

por mês. Teresina (Pi), Outubro, Novembro, 2006. HábitosAlimentares

Antecedentes Familiares Antecedentes Pessoais Antecedentes Ginecológicos Antecedentes Obstétricos Gestação Atual Exame Físico / Diagnóstico

Fonte: Prontuário da Ala A da MDER. # Soma mais de 100%, pode haver mais de um item não preenchido por prontuário

Para Horta (1979), o Histórico de Enfermagem também é denominado por levantamento, avaliação e investigação que, constitui a primeira fase do processo de Enfermagem, pode ser descrito como um roteiro sistematizado para coleta e análise de dados significativos do ser humano, tornando possível a identificação de seus problemas.

Portanto, o Histórico de Enfermagem é o levantamento das condições do paciente através da utilização de um roteiro próprio, que deverá atender as especificidades da clientela a que se destina (CAMPEDELLI et al., 1989).

O não preenchimento satisfatório do item de exame físico/ diagnóstico de Enfermagem demonstra a dificuldade da implementação da SAE por profissionais e acadêmicos de Enfermagem pelo desconhecimento técnico-científico párea sua elaboração, comprometendo assim todo o processo de Enfermagem.

CONCLUSÃO

É inegável a importância do processo da SAE na prática diária das atividades do enfermeiro, uma vez que auxilia na elaboração de uma nova forma de prestação de cuidados, para que esta seja pensada, planejada e executada de forma que a assistência de enfermagem possa ser executada de forma ideal, sempre buscando alcançar a resolutividade das necessidades do paciente.

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Entretanto, os resultados deste estudo demonstram que esse processo ainda é uma realidade distante da atividade do enfermeiro. Tal conclusão se deve ao fato de a maioria dos impressos utilizados no processo de sistematização da assistência estarem incompletos, parcialmente preenchidos, demonstrando certa dificuldade dos profissionais e também dos acadêmicos de Enfermagem no correto preenchimento de tais instrumentos do processo de sistematização.

Vários fatores, como conhecimento científico acerca da SAE, a presença dos profissionais e acadêmicos de Enfermagem no local de estudo, a execução de atividades administrativas pelo enfermeiro no local de estudo, inviabilizando sua assistência plena às pacientes, são fatores impeditivos para a implementação plena da SAE no local estudo.

A partir disso, entende-se que o requisito fundamental para que haja uma mudança na forma de assistir o paciente é a conscientização do enfermeiro em relação à significação e à necessidade do uso de um método mais simplificado na sistematização da assistência. É salutar a sensação de ter concretizado os interesses dessa pesquisa. Com a realização desse estudo, espera-se ter contribuído para o enriquecimento da SAE sobre o aspecto de sua implementação e retratar uma visão crítica daqueles que fazem parte da realidade da Enfermagem.

Recomendamos como proposta a inserção da SAE na grade curricular cada vez mais cedo para que o aluno (futuro profissional) assuma a responsabilidade de executá-la; além da simplificação do processo de Enfermagem, ou seja, redução de quantidade, e não de qualidade, dos impressos, tornando-os mais viáveis e capazes de serem utilizados pelos profissionais e estudantes de Enfermagem em seu trabalho e dia-a-dia acadêmico, fazendo com que a SAE fique, cada vez mais, atrelada e indissociável de nossa prática profissional.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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BRASIL. CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM – COFEN. Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem. Rio de Janeiro: COREN-RJ, 1999.

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BRASIL. CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM – COFEN. Resolução nº 272/ 2002, 2002.

BRASIL. Decreto nº 94.406, de 08 de junho de 1987 – Regulamenta a lei nº 7.498. BRASIL. Lei nº 7.498, de junho de 1986 – Dispõe sobre a regulamentação do exercício da enfermagem e dá outras providências, 1986.

CAMPEDELLI, M.C. et. al. Processo de enfermagem na prática. São Paulo: Ática, 1989.

CHIZZOTTI, A. Pesquisa em Ciências Humanas e Sociais. 5. ed. São Paulo: Cortez, 2001.

DALRI, M.C.B. Assistência de enfermagem a paciente portador de queimadura utilizando um software. Tese de Doutorado. São Paulo: Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto - Universidade de São Paulo, 2000.

ÉVORA, Y.D.M. O paradigma da informática em enfermagem. Tese Livre-Docência. São Paulo: Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto - Universidade de São Paulo, 1998. Anexo I.

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Referências

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