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DECISÃO INTERLOCUTÓRIA

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Academic year: 2021

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Processo: 0628496-21.2018.8.06.0000 - Agravo de Instrumento

Agravante: Carlos Windson Cavalcante Mota - Prefeito do Município de Tauá

Agravado: Câmara Municipal de Tauá

DECISÃO INTERLOCUTÓRIA

RELATÓRIO

Trata-se de Agravo de Instrumento com pedido de efeito suspensivo interposto em face de decisão interlocutória proferida pelo Juízo da 3ª Vara da Comarca de Tauá que indeferiu o pedido liminar formulado nos autos do mandado de segurança originário.

O caso/a ação originária: Carlos Windson Cavalcante

Mota, Prefeito Municipal de Tauá, impetrou mandado de segurança contra ato tido por ilegal e abusivo atribuído ao Presidente da Câmara Municipal de Tauá/CE e ao Presidente da Comissão Processante (proc. nº 0000497-17.2018.8.06.0171).

Para tanto, aduziu que a Câmara Municipal, em sessão ocorrida no dia 14 de agosto de 2018, aprovou a Resolução nº 582/2018, e o Presidente da Comissão Processante lhe deu aplicabilidade no processo de cassação do impetrante, em flagrante desrespeito ao Decreto-Lei nº 201/67 e a Súmula Vinculante nº 46.

Sustentou que “o ordenamento regulamentador municipal, Resolução nº 589/2018, deu ao Relator do feito, em detrimento do

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Presidente da Comissão Processante, competência e poder para 'dirigir e ordenar o processo, inclusive em relação à produção de prova', sendo categórico o ordenamento municipal em conferir ao relator da Comissão Processante poderes para 'reinquirir os depoentes', quando o Decreto-lei nº 201/67 confere referidos poderes ao Presidente da Comissão Processante” (fls. 35/36).

Assim, no intuito de comprovar suas alegações, enumera vários atos supostamente praticados pelo Relator da Comissão Processante requerendo, ao final, a concessão da ordem mandamental objetivando a anulação da Resolução nº 589/2018 e de todos os atos praticados a partir de 14 de agosto de 2018.

Decisão agravada, às fls. 148/156, em que fora

indeferida a medida liminar de urgência, cujo dispositivo segue adiante transcrito:

“Destarte, com fulcro no art. 7, III, da Lei nº 12.016/09, ressalvada a possibilidade de alteração desta decisão em cognição exauriente,

INDEFIRO O PEDIDO LIMINAR da parte autora.

Sem prejuízo do deliberado supra, determino a parte autora, com fulcro no art. 319, V, do CPC, no prazo de 15 dias, que emende a exordial, apresentando o valor da causa, sob pena de indeferimento da inicial.”

Irresignado com este decisum, Carlos Windson Cavalcante Mota interpôs o presente agravo de instrumento (fls. 01/18), objetivando a reforma da interlocutória, repisando o argumento de que as autoridades coatoras do mandado de segurança originário “deram cumprimento à legislação local de modo a regulamentar o rito do processo de cassação do prefeito municipal por prática de infrações político-administrativas em nítido

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conflito com o Decreto-Lei nº 201/67, em franca ofensa à autoridade da Súmula Vinculante 46 do STF” (fl. 2).

Afirmou o agravante que “embora reconhecendo a nulidade do ato legislativo, Resolução nº 589/2018, a decisão recorrida indeferiu a medida liminar validando os atos praticados ao amparo de norma municipal que a própria decisão recorrida reconhece nula” (fl. 7).

Por tal razão, sustentando que ato nulo não pode gerar qualquer efeito, pugna pela reforma da decisão a quo, a fim de sobrestar a resolução municipal nº 589/2018 e, por consequência, o processo de cassação instalado contra o agravante, cuja sessão final de julgamento estaria marcada para o dia 12/09/2018.

É o relatório. Passo a decidir.

FUNDAMENTAÇÃO

A controvérsia a ser dirimida neste momento de delibação processual diz respeito à concessão ou não de efeito suspensivo a agravo de instrumento interposto contra decisão da lavra do MM. Juiz de Direito da 3ª Vara da Comarca de Tauá, que indeferiu o pedido liminar formulado nos autos do mandado de segurança nº 0000497-17.2018.8.06.0171.

A medida de urgência requerida nesta sede foi a antecipação da tutela de urgência prevista no art. 300 do CPC, a qual possui como requisitos a probabilidade do direito e o perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo.

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Ressalte-se que a cognição do magistrado em sua avaliação deve ser a mais rigorosa possível, pois já estaria satisfazendo, por antecipação, os interesses do polo ativo, o que só pode ser admitido se o julgador tiver segurança nos argumentos e provas apresentados aos autos.

Como visto, o recorrente interpôs o presente agravo de instrumento buscando obter a concessão de tutela recursal no sentido de sobrestar a Resolução nº 589/2018, bem como o processo de cassação do Prefeito Municipal de Tauá, ou, alternativamente, a anulação de todos os atos de condução e/ou ordenamento praticados pelo Relator da comissão processante, a partir de 14/08/18.

Contudo, neste momento de delibação processual, não se observa a presença dos requisitos que autorizariam a concessão do pretendido efeito suspensivo, tendo em vista inexistir a relevância do fundamento/fumaça do bom direito nem, muito menos, o perigo da demora, consoante restará demonstrado.

Sustenta o agravante que a Resolução nº 589/2018, decretada pela Câmara Municipal de Tauá e promulgada pelo Presidente da Comissão Processante, teria usurpado competência legislativa da União e, ainda, violado a Súmula Vinculante nº 46 do STF, na medida em que atribuiu ao Relator competências próprias do Presidente da referida Comissão. Confira-se Confira-seu art. 2º, verbis:

“Art. 2º - São atribuições do Relator da Comissão Processante:

I Dirigir e ordenar o processo, inclusive em relação à produção de provas;

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(...)

V Reinquirir os depoentes sobre aspectos que não foram abrangidos pela argüição da presidência, ou que não foram perfeitamente claros nas declarações por eles prestadas” (fl. 47)

Já o art. 5º do Decreto-Lei nº 201, de 27 de fevereiro de 1967, que dispõe sobre a responsabilidade dos Prefeitos e Vereadores preconiza que:

“Art. 5º O processo de cassação do mandato do Prefeito pela Câmara, por infrações definidas no artigo anterior, obedecerá ao seguinte rito, se outro não for estabelecido pela legislação do Estado respectivo:

(...)

II - De posse da denúncia, o Presidente da Câmara, na primeira sessão, determinará sua leitura e consultará a Câmara sobre o seu recebimento. Decidido o recebimento, pelo voto da maioria dos presentes, na mesma sessão será constituída a Comissão processante, com três Vereadores sorteados entre os desimpedidos, os quais elegerão, desde logo, o Presidente e o Relator.

III - Recebendo o processo, o Presidente da Comissão iniciará os trabalhos, dentro em cinco dias, notificando o denunciado, com a remessa de cópia da denúncia e documentos que a instruírem, para que, no prazo de dez dias, apresente defesa prévia, por escrito, indique as provas que pretender produzir e arrole testemunhas, até o máximo de dez. Se estiver ausente do Município, a notificação far-se-á por edital, publicado duas vezes, no órgão oficial, com intervalo de três dias, pelo menos, contado o prazo da primeira publicação. Decorrido o prazo de defesa, a Comissão processante emitirá parecer

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dentro em cinco dias, opinando pelo prosseguimento ou arquivamento da denúncia, o qual, neste caso, será submetido ao Plenário. Se a Comissão opinar pelo prosseguimento, o Presidente designará desde logo, o início da instrução, e determinará os atos, diligências e audiências que se fizerem necessários, para o depoimento do denunciado e inquirição das testemunhas.

IV - O denunciado deverá ser intimado de todos os atos do processo, pessoalmente, ou na pessoa de seu procurador, com a antecedência, pelo menos, de vinte e quatro horas, sendo lhe permitido assistir as diligências e audiências, bem como formular perguntas e reperguntas às testemunhas e requerer o que for de interesse da defesa.

V concluída a instrução, será aberta vista do processo ao denunciado, para razões escritas, no prazo de 5 (cinco) dias, e, após, a Comissão processante emitirá parecer final, pela procedência ou improcedência da acusação, e solicitará ao Presidente da Câmara a convocação de sessão para julgamento. Na sessão de julgamento, serão lidas as peças requeridas por qualquer dos Vereadores e pelos denunciados, e, a seguir, os que desejarem poderão manifestar-se verbalmente, pelo tempo máximo de 15 (quinze) minutos cada um, e, ao final, o denunciado, ou seu procurador, terá o prazo máximo de 2 (duas) horas para produzir sua defesa oral; (Redação dada pela Lei nº 11.966, de 2009).

VI - Concluída a defesa, proceder-se-á a tantas votações nominais, quantas forem as infrações articuladas na denúncia. Considerar-se-á afastado, definitivamente, do cargo, o denunciado que for declarado pelo voto de dois terços, pelo menos, dos membros da Câmara, em curso de qualquer das infrações especificadas na denúncia. Concluído o julgamento, o Presidente da Câmara proclamará imediatamente o resultado e fará lavrar ata que consigne a votação

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nominal sobre cada infração, e, se houver condenação, expedirá o competente decreto legislativo de cassação do mandato de Prefeito. Se o resultado da votação for absolutório, o Presidente determinará o arquivamento do processo. Em qualquer dos casos, o Presidente da Câmara comunicará à Justiça Eleitoral o resultado.”

VII - O processo, a que se refere este artigo, deverá estar concluído dentro em noventa dias, contados da data em que se efetivar a notificação do acusado. Transcorrido o prazo sem o julgamento, o processo será arquivado, sem prejuízo de nova denúncia ainda que sobre os mesmos fatos.

A Súmula Vinculante nº 46, por seu turno, dispõe que “a definição dos crimes de responsabilidade e o estabelecimento das respectivas normas de processo e julgamento são de competência legislativa privativa da União.”

Assim, certo é que compete ao Presidente da Comissão Processante dirigir e ordenar os trabalhos relativos à tramitação de processo de cassação do mandado de Prefeito, sendo da Comissão a responsabilidade pela condução do feito até julgamento final, nos termos do art. 5º do Decreto-Lei acima destacado.

No entanto, com bem pontuou o douto magistrado singular e de acordo com a análise da farta documentação apresentada pelo insurgente, a eventual nulidade da Resolução não acarreta necessariamente a nulidade dos atos adotados pela Comissão Processante.

É que, verificando as atas das reuniões designadas no decorrer do processo de cassação, vislumbra-se a participação direta do

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Presidente da Comissão Processante, consoante se extrai às fls. 50/52, fls. 53/55, fls. 59/60, fls. 63/65 e fls. 67/68, em que o Presidente sempre abriu a sessão, conduziu as testemunhas, deu início aos trabalhos, solicitou a leitura de várias peças, bem como encerrou o ato.

Importante frisar que todas as demais reuniões da comissão, tais como a nº 003/2018, que tratou sobre o prosseguimento ou arquivamento da denúncia, cuja ata encontra-se acostada às fls. 108/110, a de nº 004/2018 (fls. 111/114) e a de nº 005/2018 (fls. 115/118), foram dirigidas pelo Presidente da Comissão, nos exatos termos do art. 5º do Decreto Lei nº 201/67.

Ademais, imperioso destacar que o objeto perseguido em sede de tutela antecipatória recursal, sobrestar a sessão ocorrida no dia 12/09/2018, que culminou na cassação do Prefeito Municipal, fora alcançado em decisão proferida pelo Ministro Gilmar Mendes, ao deferir liminar nos autos da Reclamação nº 31778, consoante consulta processual realizada no sítio eletrônico do Supremo Tribunal Federal.

Portanto, não se observa, ao menos neste momento de deliberação processual, a presença dos requisitos previstos no art. 300 do CPC, motivo pelo qual não há que se falar em suspensividade da decisão recorrida.

DISPOSITIVO

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jurídicos acima explicitados, e por tudo o que consta nos autos, DENEGO O

PRETENDIDO EFEITO SUSPENSIVO.

Tendo em vista a manifestação do agravado, conforme petitório em apenso, recebido sob o nº 0628496-21.2018.8.06.0000/90000, entendo que o contraditório restou perfectibilizado, devendo o setor competente providenciar sua juntada aos autos.

Empós, nos termos do art. 1.019, III do CPC, encaminhem-se os autos à douta Procuradoria Geral de Justiça.

Expedientes necessários.

Fortaleza, 17 de setembro de 2018

ROSILENE FERREIRA FACUNDO - PORT. 1392/2018

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