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Prevalência da prática de beber pesado episódico e fatores associados ao desempenho acadêmico em estudantes de medicina da Unisul – Pedra Branca

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PREVALÊNCIA DA PRÁTICA DE BEBER PESADO EPISÓDICO E

FATORES ASSOCIADOS AO DESEMPENHO ACADÊMICO EM

ESTUDANTES DE MEDICINA DA UNISUL – PEDRA BRANCA

Prevalence of Binge Drinking practice and associated factors to academic

performance in Medical students of Unisul – Pedra Branca

Autores:

Patrick Souza da Silva

1

Julia Koerich de Souza

1

Alexandre Carlos Buffon

2

Giovanna Grunewald Vietta

3

Instituição: Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL) - campus Pedra Branca

Correspondência:

Dr. Alexandre Carlos Buffon

Endereço: Avenida Rubens de Arruda Ramos, número 1024, apartamento 101, CEP

88015-700, bairro Centro, cidade de Florianópolis, Estado de Santa Catarina

1

Acadêmicos de Medicina, Universidade do Sul de Santa Catarina, E-mails:

patricksouza401@gmail.com e jukoerich@hotmail.com

2

MD, Mestrando em ciências da saúde, Docente de farmacologia clínica pela

Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL, Chefe do Serviço de

Anestesiologia do Hospital Infantil Joana de Gusmão e Diretor Técnico e Clínico do

Hospital e Maternidade Ilha, E-mail: alexandrebuffon@gmail.com

3

Doutora em Ciências Médicas: Cardiologia e Ciências Cardiovasculares. Professora

do Núcleo de Epidemiologia do Curso de Medicina da UNISUL Pedra Branca,

E-mail: ggvietta@gmail.com

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O consumo de bebidas alcoólicas em forma de binge cresceu nos últimos anos, principalmente por universitários. Este estudo objetivou identificar a prevalência do beber pesado episódico (BPE) e os fatores associados ao desempenho acadêmico entre estudantes de medicina de uma instituição de ensino superior de Santa Catarina. Estudo transversal, com 344 estudantes de medicina. O instrumento de coleta utilizado foi o Alcohol Use Disorders

Identification Teste (AUDIT) e um segundo elaborado pelos autores. Os dados foram

analisados por meio do programa Statistical Package for the Social Sciences (SPSS). Version 18.0 [Computer program]. Chicago: SPSS Inc; 2009. Para obtenção da análise bivariada utilizou-se o Teste Qui-quadrado. A prevalência de BPE foi de 63,4% entre os acadêmicos, sendo mais frequente no sexo masculino (73,68%) quando comparado ao sexo feminino (59,63%). A prática de BPE, por si só, não teve influencia sobre o desempenho acadêmico dos estudantes (p=0,452). Idade maior ou igual a 31 anos, sexo masculino e associação com tabaco, medicamentos e drogas ilícitas estiveram relacionados ao baixo desempenho acadêmico entre os praticantes de BPE. Conclui-se que a taxa de prevalência de BPE nos estudantes de medicina da Unisul – Pedra Branca é alta. Portanto, as faculdades de medicina devem otimizar as medidas preventivas ao uso excessivo de álcool pelos seus estudantes, pois são responsáveis pela formação de indivíduos capacitados a promover a saúde pública. Palavras-chave: Beber pesado episódico. Estudantes universitários. Medicina. Desempenho acadêmico.

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The consumption of alcoholic drinks in the form of binge has grown in the last years, mainly by university students. This study aimed to identify the prevalence of binge drinking (BD) and associated factors with academic performance among medical students of an University in Santa Catarina. Cross-sectional study with 344 medical students. The instrument used was the Alcohol Use Disorders Identification Test (AUDIT) and a second one elaborated by the authors. The data were analyzed using the Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) program. Version 18.0 [Computer program]. Chicago: SPSS Inc; 2009. To obtain the bivariate analysis, the Chi-square test was used. The prevalence of BD was 63.4% among the students, being more frequent in males (73.68%) when compared to females (59.63%). The BD practice, by itself, had no influence on students' academic performance (p = 0.452). Age greater than or equal to 31 years, male sex and association with tobacco, drugs and illicit drugs were related to the low academic performance among BD practitioners. It is concluded that the prevalence rate of BD in Unisul - Pedra Branca medical students is high. Therefore, medical schools should optimize preventive measures to excessive use of alcohol by their students, as they are responsible for preparing individuals capable to promote public health. Keywords: Binge drinking. University students. Medicine. Academic performance.

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De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o consumo abusivo de álcool é o terceiro maior fator de risco para doenças e condições incapacitantes em adultos jovens no mundo, sendo responsável por cerca de 4% de todas as mortes, superando inclusive, àquelas causadas por violência, AIDS e tuberculose. Em homens na faixa dos 15 aos 59 anos,

o alcoolismo se mostra como o maior fator de risco para morte(1).

Atualmente a OMS define como consumo alcoólico de risco quando o indivíduo causa prejuízos à saúde e sociais para si próprio, para as pessoas ao seu redor e para a

sociedade como um todo(2).

O beber pesado episódico (BPE), também conhecido como binge drinking (BD), tem se destacado nos últimos anos devido a um aumento significativo deste tipo de

consumo(2,3). Segundo o National Institute on Alcohol Abuse and Alcoholism (NIAAA), o

BPE é definido pelo consumo de 5 ou mais doses de bebida alcoólica para homens e 4 ou

mais doses para mulheres numa mesma ocasião(4).

Nos Estados Unidos, o consumo excessivo de álcool é responsável por 88.000 mortes/ano, 10% ocorrem em indivíduos entre 20-64 anos, resultando na perda de 2.5 milhões

de anos de vida produtivos(5). Em 2011, a prevalência de BPE nos Estados Unidos era de

18,4%, sendo duas vezes mais prevalente no sexo masculino que no feminino(6). No Brasil, as

prevalências de BPE na população geral sofreu um aumento expressivo ao longo dos anos, enquanto em 2006 45% da população brasileira praticava o BPE, em 2012 essa taxa elevou-se

à 59% da população(3), chamando a atenção para um problema de saúde pública(7).

Ao ingressarem no ensino superior, jovens universitários tornam-se mais expostos ao consumo de bebidas alcoólicas em binge, por vários motivos, entre eles: estudantes universitários em sua maioria se encontram numa faixa etária de 18-30 anos onde

observam-se altas taxas de prevalência de BPE(8-23) o caráter moral em construção(24), a busca

por interações sociais e aceitação por determinados grupos de pessoas(19,25), expectativas de

transformações globais positivas como extroversão e melhor desempenho sexual(21), maior

exposição à propagandas de bebidas alcoólicas, grande quantidade de festas, bares e

comemorações, exposição precoce e fácil acesso a bebidas alcoólicas(26,27), rotinas estressantes

e desgastantes, entre outros.

Assim como o abuso de qualquer outra substância psicotrópica, o álcool traz prejuízos à saúde e ao desempenho academico dos estudantes universitários, tais como: abstenções às aulas, perda de prazos para entrega de trabalhos e diminuição de notas, além de

consequências orgânicas, sociais e comportamentais(22).

Estudantes de medicina tem sido o foco de recentes pesquisas em relação a prática de BPE(9,14-16). Como futuros médicos, espera-se que estes tenham capacidade de

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da faculdade de medicina. O baixo desempenho acadêmico em estudantes de medicina que

praticaram BPE já foi relatado na literatura(8), levando a prejuízos na formação e no preparo

deste profissional da saúde em fornecer assistência adequada à seus pacientes.

Portanto, o presente estudo objetivou identificar a prevalência de BPE e os fatores associados ao desempenho acadêmico em estudantes de medicina da Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul) – Pedra Branca, bem como delinear o perfil sociodemográfico dos participantes.

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Este estudo transversal foi realizado na Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL) – Campus Pedra Branca, no período entre março e julho de 2017.

A amostra deste estudo foi composta por 344 estudantes, regularmente matriculados no curso de Medicina da instituição à qual foi feito o estudo, do primeiro ao décimo segundo período, que estavam presentes no momento em que o instrumento de coleta foi aplicado e que aceitaram participar da pesquisa, após preenchimento do termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE), maiores de 18 anos e de ambos os sexos. Para efeitos de análise estatística bivariada, 332 (96,51%) participantes foram mantidos, e 12 participantes foram excluídos por não preencherem completamente o instrumento de coleta.

Foram utilizados o questionário The Alcohol Use Disorders Identification Test

(AUDIT) desenvolvido pela OMS no fim da década de 1980(28), previamente validado no

Brasil em 1999 por Mendez(29) e adaptado em 2005 por Lima et al(30). Um segundo

instrumento de coleta foi elaborado pelos autores para obtenção de dados sociodemográficos e hábitos de vida dos participantes. Ainda sobre o AUDIT, os dados encontrados foram classificados em “zonas de risco“, a zona I significa um padrão de beber de baixo risco e se aplica àqueles que pontuaram entre 0 e 7; a zona II corresponde àqueles que pontuaram entre 8 e 15 e apresenta um padrão de beber de risco, não estando livres de problemas relacionados ao álcool no futuro; o padrão de beber de alto risco ou uso nocivo para àqueles que pontuaram entre 16 e 19 compõem a zona III; por fim, a zona IV abrange àqueles que pontuaram mais

que 20, estes possivelmente apresentam sintomas de dependência(31).

As médias de aproveitamento acadêmico dos participantes foram relatadas pelos mesmos, após conferido no sistema online Minha Unisul. Os pesquisadores utilizaram a média geral do curso a fim de estabelecer um ponto de corte padrão, no qual a média individual acima ou igual a média geral indicam que não houve interferência no desempenho acadêmico, da mesma forma, as médias individuais abaixo da média geral indicam que houve algum tipo de interferência.

Os critérios utilizados na pesquisa para definir BPE foram o consumo de 5 doses de bebida alcoólica para homens e 4 doses para mulheres, numa mesma ocasião durante o último

mês(4). Uma dose corresponde a 350ml de cerveja, 40ml de destilado ou 120ml de vinho.

Os dados foram tabulados utilizando o software Windows Excel, e posteriormente analisados por meio do programa Statistical Package for the Social Sciences (SPSS). Version 18.0 [Computer program]. Chicago: SPSS Inc; 2009. A significância estatística das diferenças na prevalência do desfecho, ao comparar categorias das variáveis independentes, como parte da análise bivariada, foi obtida pelo Teste Qui-quadrado. A medida de associação, representada pela Razão de Prevalência (RP), expressa a magnitude das diferenças na prevalência do desfecho, ao comparar expostos e não expostos. Foram apresentados o valor p

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para estas diferenças, no nível de significância de 5% (p<0,05) e o Intervalo de confiança (IC95%) para a RP.

O presente estudo está fundamentado na resolução 466/12 – CNS, e foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Unisul, sob o número de parecer (CAAE) 64952117.9.0000.5369.

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A amostra deste estudo foi composta por 344 estudantes, regularmente matriculados no curso de Medicina da instituição à qual foi feito o estudo, do primeiro ao décimo segundo período, que estavam presentes no momento em que o instrumento de coleta foi aplicado e que aceitaram participar da pesquisa, após preenchimento do termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE).

A média de idade da população foi de 23,32 anos com DP±3,781, sendo a idade mínima aferida 18 anos e a máxima de 42 anos. A média acadêmica encontrada foi de 7,9689 (DP=0,497), sendo a mínima relatada 6,0 e a máxima de 9,5.

A tabela 1 ilustra as características sociodemográficas da população do estudo, onde observou-se uma maior prevalência no sexo feminino 226 (65,7%), ter entre 18-23 anos 203 (59%), ser solteiro 327 (95,1%), residir com familiares 179 (52%), com renda mensal superior a 10 salários mínimos 173 (50,3%) e não ser praticante de religião 213 (61,9%).

A prevalência de Beber Pesado Episódico (BPE) foi de 218 (63,4%), o consumo de até 2 vezes por semana foi o mais relatado, sendo os fermentados o tipo de bebida mais consumido (40,4%), o escore no Alcohol Use Disorder Identification Test (AUDIT) e o uso de tabaco, medicamentos e drogas ilícitas estão expostos na tabela 2.

A tabela 3 mostra o número de abstenções no último mês e a média acadêmica referida por praticantes e não praticantes de BPE no momento da pesquisa.

A tabela 4 apresenta uma associação das características sociodemográficas dos praticantes de BPE com a média acadêmica. Houve uma maior prevalência de BPE no sexo masculino 84 (73,68%), já no sexo feminino essa prevalência correspondeu a 130 (59,63%) A prática de BPE e um desempenho acadêmico abaixo da média foi mais relevante para o sexo masculino e para àqueles maiores de 31 anos.

As médias acadêmicas dos participantes relacionadas com as características do consumo de álcool, a prática de BPE e abstenções às aulas estão demonstradas na tabela 5.

A tabela 6 compara os estudantes que praticaram BPE e os que não praticaram em relação à média acadêmica, este dado não mostrou relevância (p=0,452) entre ter ou não praticado BPE, e uma razão de prevalência de 1,116 com intervalo de confiança de 95%.

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Este artigo aborda um tema, que embora prevalente no meio universitário, não há muitas pesquisas relacionando a prática de beber pesado episódico (BPE) por estudantes de

medicina e suas associações ao desempenho acadêmico(32), sendo um estudo pioneiro com

essa característica em Santa Catarina.

Uma limitação deste estudo foi a acurácia das informações fornecidas, devido o instrumento de coleta ser autoaplicável e as informações reportadas pelos próprios participantes, pode ter ocorrido algum viés de pesquisa, bem como a imprecisão de alguns participantes em responder sobre o BPE e o uso de outras substâncias.

Os resultados indicam uma alta taxa de prevalência de BPE entre os estudantes de medicina de uma instituição de ensino superior de Santa Catarina, sendo que 218 (63,4%) destes relataram ter praticado BPE no último mês, resultado semelhante aos 65,1% descritos

por Tavolacci et al(12) em uma universidade da França. Um estudo realizado por Duroy et al(16)

com 302 estudantes de medicina na França demonstrou resultado superior ao encontrado em nossa pesquisa, onde 74,8% haviam relatado pelo menos um episódio de BPE nos últimos 15 dias. Por outro lado, estudos realizados com estudantes de medicina em uma universidade da Alemanha(14) e com estudantes de medicina de duas instituições de Minas Gerais(10)

identificaram prevalências de 52% e 54,8% respectivamente. No entanto, outros dois estudos mostram o contrário, ou seja, baixas prevalências de BPE, o primeiro realizado em uma cidade de Minas Gerais com 474 estudantes de cursos da área saúde onde foi detectado que

apenas 15,6% praticaram BPE(9); o segundo estudo realizado com 295 estudantes dos diversos

cursos da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes) detectou que somente 15,3% haviam praticado BPE. A maioria dos estudos demonstram taxas de prevalência mais elevadas entre os estudantes de medicina quando comparadas aos demais universitários, isso pode ser explicado pela complexidade do dia-a-dia do estudante de medicina, que muitas vezes sofre de exaustão física e mental pela demanda de conteúdos a serem estudos, pelo convívio com o sofrimento e a morte diariamente e pela expectativa da sociedade sobre eles, buscando no álcool uma forma de fuga dos problemas e relaxamento.

Observamos uma maior prevalência no sexo feminino 130 (60,75%), em contrapartida, 73,68% dos homens praticaram BPE quando comparados a 59,63% das mulheres que o fizeram, indicando maior propensão do sexo masculino de praticar BPE.

Diversos estudos na literatura corroboram este mesmo achado(8,12,13,15,17,34). Sabemos que o

álcool interage diferente no organismo feminino quando comparado ao organismo

masculino(22), isto ocorre em função da mulher ter menor quantidade de água corporal e maior

quantidade de gordura associado a um número menor de enzimas que auxiliam na

metabolização do álcool(33), o que explicaria maior resistência e capacidade de beber grandes

quantidades de álcool por parte dos homens, além de ser amplamente difundido culturalmente(26). Um dado preocupante é que nos últimos anos o número de mulheres

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praticantes de BPE tem aumentado, de acordo com o II Levantamento Nacional de Álcool e Drogas, em 2006 36% das mulheres adultas praticavam BPE, já em 2012 esse número

aumentou significativamente para 49%(3). Ao longo dos últimos anos, a mulher brasileira

obteve importantes conquistas culturais e morais(17), sendo valorizada pelo mercado de

trabalho, ganhou espaço na sociedade e elevou o seu poder aquisitivo, fato que pode ter contribuído para este aumento nas taxas de BPE.

Ainda neste estudo, praticantes de BPE que associaram, na mesma ocasião, tabaco, medicamentos e/ou drogas ilícitas tiveram seu desempenho acadêmico abaixo da média quando comparados aos que não fizeram tal associação. A associação de tabaco, medicamentos e/ou drogas ilícitas com BPE resultou em desempenho acadêmico abaixo da média em 57,7% (p=0,255), 55,6% (p=0,859) e 62,2% (p=0,210) dos estudantes, respectivamente, porém, quando comparados com os bebedores que não associaram essas taxas decresceram para 38,3%, 39,3% e 36,2% respectivamente. Não há como comparar estudos semelhantes, pois em nenhum outro foi utilizado uma média acadêmica geral como ponto de corte, demonstrando a importância deste estudo, até então inédito em Santa Catarina, e evidenciando a necessidade de novas pesquisas. Outros estudos apenas destacaram maiores índices de consumo de tabaco e drogas ilícitas associado ao BPE(12,13,15,16,20).

Quanto ao escore obtido pelo questionário Alcohol Use Disorders Identification Test (AUDIT), os praticantes de BPE em sua maioria (52,6%) foram classificados como “zona I“ e se beneficiariam de simples informações sobre o risco do consumo de álcool, 37,91% como “zona II“ onde já apresentam consumo de risco, sendo necessário aconselhamento quanto ao consumo de álcool. Apenas 6,63% foram classificados como “zona III“ tornando-se necessário intervenção médica inicial com breve aconselhamento e monitoração, e por fim

2,84% como “zona IV“ sendo necessário intervenção de um especialista. Rocha et al(23) expos

resultados semelhantes ao classificar 98,1% dos estudantes de medicina em seu estudo como

pertencentes às zonas I e II. Igualmente, Machado et al(10) verificou em seu estudo que 65,8%

faziam parte da zona I e 34,2% da zona II. Os dados demonstraram que quase 10% dos estudantes necessitam de algum tipo de auxílio médico em relação ao álcool, o que na prática não ocorre com frequência. A falta de auto-percepção da gravidade do problema e a vergonha em buscar ajuda podem ser fatores que impliquem nesse resultado.

De forma geral, apenas a prática de BPE isoladamente não revelou significância estatística (p=0,452) quanto ao desempenho acadêmico, sendo que 59,3% dos praticantes permaneceram igual ou acima da média geral, muito próximo dos 63,6% que não praticaram BPE. Em uma pesquisa internacional realizada com universitários de Boston nos Estados Unidos, concluíram que não houve significância quanto ao desempenho entre beber na noite

anterior e realizar uma prova na manhã do dia seguinte(35). De acordo com os resultados

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acadêmico. Vários fatores podem influenciar o BPE e o desempenho acadêmico, como diferenças de gênero, culturais, econômicas, temporais, geográficas, entre muitas outras resultam dados convergentes ou divergentes a outros achados na literatura.

O desfecho do presente estudo é complexo, o que nos leva a crer que, embora os estudantes de medicina não mantenham uma frequência de consumo elevada e na sua grande maioria representem um padrão de consumo de baixo ou médio risco para dependência alcoólica, o beber em binge é um padrão muito praticado.

Concluí-se então que os estudantes de medicina da Unisul apresentaram alta taxa de prevalência de BPE (63,4%), no entanto, não houve influência estatística significante quanto ao desempenho acadêmico.

Identificou-se que a associação do uso de tabaco, medicamentos e drogas ilícitas com o BPE é mais frequente nos estudantes com baixo desempenho acadêmico, apesar de não demonstrar significância estatística, chamando atenção para outras práticas de risco envolvidas e da necessidade da realização de novos estudos com a finalidade de identificar precocemente bebedores com padrão de risco para que medidas de prevenção e intervenção sejam tomadas.

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Tabela 1 - Características sociodemográficas da população do estudo Variável n (%) Sexo Masculino 118 34,3 Feminino 226 65,7 Idade 18-23 anos 203 59 24-30 anos 123 35,8 ≥ 31 anos 18 5,2 Fase Ciclo Básico 121 35,2 Ciclo Clínico 112 32,6 Internato 111 32,3 Estado Civil (n=343) Solteiro 327 95,1 Casado 16 4,7 Moradia Sozinho 108 31,4 Com familiares 179 52 Com companheiro 31 9 Com amigos 26 7,6 Renda (n=334) Até 5 SM* 95 27,6 Entre 5-10 SM* 66 19,2 Mais que 10 SM* 173 50,3 Religião Sim 131 38,1 Não 213 61,9 *Salários mínimos

Fonte: elaboração dos autores, 2017

Tabela 2 - Prevalência de beber pesado episódico (BPE) e características quanto ao consumo de álcool na população

Variável n (%)

BPE (n=343)

Sim 218 63,4

Não 125 36,3

Frequência semanal de consumo de álcool (n=343)

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Até 2 vezes 226 65,7 3 ou mais vezes 48 14 Tipo de bebida (n=285) Fermentados 139 40,4 Destilados 31 9 Ambos 115 33,4 AUDIT* (n=338) ≤ 15 317 92,2 ≥ 16 21 6,1 Uso de tabaco (n=343) Sim 27 7,8 Não 316 91,9 Uso de medicamentos (n=343) Sim 23 6,7 Não 320 93

Uso de drogas ilícitas (n=343)

Sim 38 11

Não 305 88,7

*The Alcohol Use Disorders Identification Test Fonte: elaboração dos autores, 2017

Tabela 3 - Abstenções e a média acadêmica da população do estudo Variável n (%) Abstenção no último mês Nenhuma 307 89,2 Até 3 vezes 33 9,6 Até 5 vezes 2 0,6 > 5 vezes 2 0,6 Média acadêmica (n=333) < média* 131 38,1 ≥ média* 202 58,7 *Média = 7,97

Fonte: elaboração dos autores, 2017

Tabela 4 - Associação de características sociodemográficas e do BPE à média acadêmica

Variável Abaixo da Aproveitamento Acadêmico RP (IC95%) Valor de p

média n(%) Igual ou acima da média n(%) Sexo Masculino 45(53,6) 39(46,4) 1,339 (0,828-2,167) 0,202 Feminino 42(32,3) 88(67,7) 0,917 (0,629-1,337 0,654 Idade

(16)

18-23 anos 57(43,5) 74(56,5) 1,149 (0,797-1,655) 0,449 24-30 anos 24(32) 51(68) 0,960 (0,559-1,648) 0,883 ≥ 31 anos 6(75) 2(25) 1,875 (0,795-4,422) 0,138 Fase Ciclo Básico 41(52,6) 37(47,4) 1,080 (0,730-1,600) 0,695 Ciclo Clínico 31(50,8) 30(49,2) 1,345 (0,859-2,107) 0,182 Internato 15(20) 60(80) 0,900 (0,421-1,925) 0,787 Estado Civil Solteiro 85(40,7) 124(59,3) 1,051 (0,787-1,406) 0,733 Casado 2(40) 3(60) 2,200 (0,422-11,460) 0,35 Moradia Sozinho 39(50,6) 38(49,4) 0,974 (0,630-1,507) 0,907 Com familiares 35(32,7) 72(67,3) 0,855 (0,570-1,284) 0,455 Com companheiro 6(42,9) 8(57,1) 1,714 (0,605-4,861) 0,301 Com amigos 7(43,8) 9(56,2) - 0,019 Renda (n=209) Até 5 SM** 26(49,1) 27(50,9) 1,210 (0,751-1,950) 0,425 Entre 5-10 SM** 18(39,1) 28(60,9) 1,859 (0,724-4,770) 0,161 Mais que 10 SM** 41(37,3) 69(62,7) 0,956 (0,640-1,428) 0,827 Religião Sim 31(41,3) 44(58,7) 1,318 (0,809-2,145) 0,256 Não 56(40,3) 83(59,7) 1,00 (0,701-1,426) 0,999 **Salário Mínimo

Fonte: Elaborado pelos autores, 2017

Tabela 5 - Relação entre as características do consumo de álcool, BPE, abstenções e o desempenho acadêmico Variável Aproveitamento Acadêmico RP (IC95%) Valor de p Abaixo da média n(%) Igual ou acima da média n(%) Consumo semanal Nenhum 3(60) 2(40) 1,500 (0,688-3,272) 0,383 Até 2 vezes 70(40,9) 101(59,1) 1,180 (0,722-1,803) 0,431 3 ou mais vezes 14(36,8) 24(63,2) 1,658 (0,456-6,030) 0,405 Tipo bebida (n=211) Fermentados 42(42) 58(58) 0,980 (0,627-1,532) 0,93 Destilados 6(28,6) 15(71,4) 0,714 (0,258-1,974) 0,525 Ambos 39(43,3) 51(56,7) 1,192 (0,653-2,174) 0,553 AUDIT ≤ 15 77(40,3) 114(59,7) 1,104 (0,821-1,485) 0,51 ≥ 16 9(45) 11(55) 1,116 (0,834-1,493) -Uso de tabaco

(17)

Sim 15(57,7) 11(42,3) - 0,255 Não 72(38,3) 116(61,7) 1,042 (0,773-1,405) 0,787 Uso de medicamentos Sim 10(55,6) 8(44,4) 0,926 (0,405-2,116) 0,859 Não 77(39,3) 119(60,7) 1,110 (0,819-1,504) 0,497 Uso de drogas ilícitas Sim 23(62,2) 14(37,8) - 0,21 Não 64(36,2) 113(63,8) 0,984 (0,723-1,339) 0,917 Abstenções Até 3 ocasiões 68(37,6%) 113(62,4%) 1,038 (0,764-1,409) 0,813 Até 5 ocasiões 16(55,2%) 13(44,8%) 1,103 (0,266-4,584) 0,887 Mais de 5 ocasiões 3(75%) 1(25%) -

-Fonte: elaborado pelos autores, 2017

Tabela 6 - Comparação entre os praticantes de BPE e os não praticantes associado ao desempenho acadêmico

Variável Abaixo daAproveitamento Acadêmico RP (IC95%) Valor de p

média n(%) Igual ou acima da média n(%) BPE (n=332) Sim 87(40,7) 127(59,3) 1,116 (0,836-1,488) 0,452 Não 43(36,4) 75(63,6)

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