The Order of the Advocates of Brazil, democracy and
constitutional rights in Caxias - Maranhão (1989-2016)
A Ordem dos Advogados do Brasil, democracia e os direitos constitucionais em Caxias – Maranhão
(1989-2016)
Orden de los Abogados del Brasil, democracia y de los derechos constitucionales en Caxias - Maranhão
(1989-2016)
ABSTRACT
Objective: This paper analyzes the creation of the subsection of the Bar Association of Caxias / MA,
its goals and actions for lawyers, the city of Caxias and the defense of the Democratic State of Law.
Methodology: This is a quantitative-qualitative, bibliographical and field research. Approved by the
Ethics and Research Committee - FACEMA, CAAE: 66911416.0.0000.8007. Its first minutes and local newspapers were analyzed through two questionnaires: The Chronicle, The Tribuna, O Pioneiro and O Folha. Results: The analysis of the minutes of the Subsection of the OAB - Caxias revealed that on January 28, 1989, the provisional board of directors was installed and held in the Forum of Caxias building. In addition to these events, also recorded in the minutes, convening notices, ordinary meetings. Conclusions: It is possible to conclude that the creation and development of the subsection of the Bar Association of Brazil of the OAB in Caxias, cannot be considered only by legal, but also political and social bias, in defense of democracy, law graduates and social rights, such as: work and social security, by opposing labor and social security reforms.
RESUMO
Objetivo: Este trabalho analisa a criação da subseção da Ordem dos Advogados de Caxias/MA, suas
metas e ações para os advogados, a cidade de Caxias e a defesa do Estado Democrático de Direito.
Metodologia: Trata-se de uma pesquisa quanti-qualitativa, bibliográfica e de campo aprovada pelo
Comitê de Ética e Pesquisa – FACEMA, CAAE: 66911416.0.0000.8007. Foram analisados, através de dois questionários, a sua primeira ata e os jornais locais: A Crônica, O Tribuna, O Pioneiro e O Folha.
Resultados: A análise da ata da Subseção da OAB – Caxias revelou que no dia 28/01/1989 foram
realizadas a sua instalação e posse da diretoria provisória no prédio do Fórum de Caxias. Além destes acontecimentos, também se registrou na ata, editais de convocação, reuniões ordinárias.
Conclusões: É possível concluir que a criação e o desenvolvimento da subseção da Ordem dos
Advogados do Brasil da OAB em Caxias, não pode ser pensada apenas pelo viés jurídico, mas também político e social, na defesa da democracia, dos bacharéis em Direito e dos direitos sociais, tais como: trabalho e previdência social, ao se posicionar contrária às reformas trabalhista e da previdência social.
RESUMEN
Objetivo: Este trabajo analiza la creación de la subsección de la Orden de los Abogados de Caxias /
MA, sus metas y acciones para los abogados, la ciudad de Caxias y la defensa del Estado Democrático de Derecho. Metodología: Se trata de una investigación cuantitativa, bibliográfica y de campo. Aprobada por el Comité de Ética e Investigación - FACEMA, CAAE: 66911416.0.0.00.00.8007. Se analizaron, a través de dos cuestionarios, su primer acta y los periódicos locales: La Crónica, El Tribuna, El Pionero y el Folha. Resultados: El análisis del acta de la Subsección de la OAB - Caxias reveló que el día 28/01/1989 fueron realizadas su instalación y posesión de la directiva provisional en el edificio del Foro de Caxias. Además de estos acontecimientos, también se registró en el acta, ediciones de convocatoria, reuniones ordinarias. Conclusiones: Es posible concluir que la creación y el desarrollo de la subsección de la Orden de los Abogados de Brasil de la OAB en Caxias, no puede ser pensada sólo por el sesgo jurídico, sino también político y social, en la defensa de la democracia, de los bachilleres en Derecho y de los derechos derechos sociales, tales como: trabajo y previsión social, al posicionarse contraria a las reformas laboral y de la seguridad social.
Elizabeth Souza Pereira¹
Laércio Lopes Costa¹
Gerhard Berg Araújo Oliveira²
Emília Saraiva Nery
3¹Graduando do sétimo período de Direito pela Faculdade de Ciências e Tecnologia do Maranhão/FACEMA. Caxias – Maranhão. E-mail:
elizabethsouza_22@hotmail.comlaercio_589589@hotmail.com
²Especialista em História do Brasil: cultura e sociedade pelo Instituto de Ensino São Francisco/IESF; Especialista em História do Maranhão pela Universidade Estadual do Maranhão/UEMA e Graduando do sétimo período de Direito na Faculdade de Ciências e Tecnologia do Maranhão/FACEMA. Bolsista PIBIC pela Faculdade de Ciências e Tecnologia do Maranhão/FACEMA. Caxias – Maranhão. E-mail: gerhard_berg@hotmail.com
3Doutora em História Social pela Universidade Federal de Uberlândia/UFU. Docente em Direito pela Faculdade de Ciências e Tecnologia
Descriptors
Bachelor. OAB. Right. Caxias. Maranhão.
Descritores
Bacharel. OAB. Direito. Caxias. Maranhão.
Descriptores
Bachiller. OAB. Derecho. Caxias. Maranhão.
Sources of funding: No Conflict of interest: No
Date of first submission: 2017-06-12 Accepted: 2017-06-20
Publishing: 2017-07-28
Corresponding Address
Emília Saraiva Nery.
Faculdade de Ciências e Tecnologia do Maranhão/FACEMA. Faculdade de Ciências e Tecnologia do Maranhão/FACEMA. Rua Aarão Réis, 1000 - Centro, Caxias - MA, 65606-020. (99) 3422-6800. E-mail: emilia.nery@gmail.com
INTRODUÇÃO
A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) transformou-se, ao longo dos anos, em uma das instituições mais importantes do país, com participação efetiva e decisiva na História do Brasil. A instituição tem sido pródiga em discursos, artigos, medidas judiciais e manifestações contra a maior parte do caos generalizado que se espraia na administração pública e da miséria que se alastra em camadas cada vez mais amplas e diversas da sociedade brasileira.
No Maranhão, a Ordem nasceu em 1932, com um Conselho Provisório investido no dia 4 de abril daquele ano. Posteriormente com a promulgação da Constituição de 1988(1-7) a categoria dos advogados viveu uma fase de júbilo. O artigo 133 da Lei Fundamental ao designar que esse profissional é imprescindível à administração da justiça, sendo inviolável por atos e manifestações no exercício do ofício, acabou por conceder-lhe status constitucional, caso excepcional em todo o mundo.
O constituinte conferiu tratamento especial à OAB cujo conselho foi expressamente elencado como parte legítima para a propositura da ação de inconstitucionalidade. Com tais prerrogativas, no Maranhão, assim como em todo o restante do país, a OAB é uma ferramenta basilar na defesa do estado democrático de direito, da cidadania e dos direitos humanos.
A instalação da Subseção da OAB em Caxias- Maranhão, por sua vez, ocorrida no dia 28 de janeiro de 1989, revela que a cidade foi e ainda é um espaço repleto de histórias que ainda não foram relatadas ou contadas, personagens e instituições ainda desconhecidas e silenciadas, mas que são de grande importância para edificação e prosperidade da cidade, pois é por meio delas que vai se estruturando a urbe.
Nesse intuito de conhecer os elementos que formam a cidade em questão, daremos um enfoque especial às instituições, elas são o âmago de um país. Nesse sentido, alguns questionamentos emergem: Como ocorreu o processo histórico de emergência do bacharelado no Brasil? De que maneira foi instalada a OAB em Caxias-Maranhão? Em síntese, este trabalho analisa a criação da subseção da Ordem dos Advogados de Caxias/MA, suas metas e ações para os advogados, a
cidade de Caxias e a defesa do Estado Democrático de Direito.
METODOLOGIA
Trata-se de uma pesquisa quanti-qualitativa, bibliográfica e de campo. Para que se concretize o desenvolvimento do presente projeto, foram necessários um levantamento bibliográfico e leituras referentes aos temas relacionados à pesquisa: direitos constitucionais, História do Direito Brasileiro, História do Bacharelismo Brasileiro, História do Maranhão e da cidade de Caxias– MA.
Caxias foi e ainda é um espaço repleto de histórias que ainda não foram relatadas ou contadas, personagens e instituições ainda desconhecidas e silenciadas, mas que são de grande importância para edificação e prosperidade da cidade, pois é por meio delas que vai se estruturando a urbe.
Nesse intuito de conhecer os elementos que formam a cidade, foi realizado um enfoque especial às instituições, elas são o âmago de um país. São incumbidas por assegurar a democracia, a segurança da
população, à ampliação das empresas, o
desenvolvimento econômico e a eficácia ou não de uma cidade. Por meio das instituições a população se faz representar e se amparam os princípios constitucionais.
Para escrevermos a história da Subseção da OAB de Caxias, utilizamos a sua primeira ata. Nesta, estão registrados desde a reunião de fundação da instituição e as pessoas que participaram, assim como as reuniões ordinárias, para elaboração de projetos que melhorassem a classe dos advogados e a justiça como um todo na cidade de Caxias.
A análise desse documento nos permitiu responder a questionamentos, tais como: quem disse cada trecho ou deu tal ideia; quem era o corpo dirigente da Subseção da OAB de Caxias nos seus primórdios, suas ações à frente da instituição; sua relação com a cidade; se tinham apenas advocacia como profissão; como eram as votações e se houve mudanças significativas quanto a isso. Esta importante fonte para este trabalho encontra-se alocada na própria encontra-sede da Subencontra-seção da OAB de Caxias. Esses questionamentos serão realizados pelo
pesquisador ao documento “Ata de Fundação da OAB de Caxias-MA”. Os questionamentos não se constituíram em entrevistas aos funcionários ou membros da referida OAB. A técnica de utilização de questionário pode ser utilizada para leituras e análise de qualquer fonte histórica. Os referidos questionamentos estão inseridos em um instrumento de coleta de dados formado por dez perguntas direcionadoras para a análise do citado documento: Qual a estrutura da redação escolhida para a ata fundacional da OAB de Caxias-MA?Quem fazia parte do corpo dirigente da Subseção da OAB de Caxias-MA nos seus primórdios?Quais as ações do corpo dirigente à frente da referida instituição?Quais as identificações dos membros e os seus respectivos posicionamentos diante das ações institucionais?Quais os projetos institucionais e sociais dos membros para a cidade de Caxias-MA? Quais as relações do corpo dirigente com a cidade de Caxias-MA? Quais dos membros tinham apenas a advocacia como profissão? Como eram as votações dos referidos membros do corpo dirigente? Houve mudanças significativas quanto às votações dos referidos membros do corpo dirigente ao longo do período de direção?Existe o detalhamento das justificativas das votações dos referidos membros do corpo dirigente ao longo do período de direção?
A técnica de utilização de questionário pode ser utilizada para leituras e análise de qualquer fonte histórica, sejam estas escritas ou orais. Os pesquisadores realizaram aos jornais selecionados para a pesquisa os seguintes questionamentos em um instrumento de coleta de dados:
Quem eram os donos dos jornais? Quais os tipos de matérias eram veiculadas nos jornais? Quanto à implantação da subseção da OAB, os jornais lançaram notas ou matérias completas? Qual a posição dessas notas ou matérias na estrutura dos jornais? Estavam na primeira página, no meio ou no fim do jornal?
Os jornais lançaram notas ou matérias reportando ao fato, antes dele acontecer?Quanto à escrita das matérias ou notas, era uma escrita crítica ou favorável ao fato?Após a instalação da subseção da OAB, os jornais continuaram a divulgar as iniciativas e feitos desta instituição em Caxias?
As matérias ou notas posteriores ao fato explicitavam se houve melhoramento para a classe dos
advogados e para a sociedade civil após a implantação da subseção?Quais os feitos da subseção da OAB/Caxias reportados nos jornais?Como a cidade de Caxias-MA foi abordada pelos jornais, no contexto da fundação da OAB? As perguntas apresentadas não foram realizadas em entrevistas aos funcionários ou membros do Instituto Histórico e Geográfico de Caxias-MA. Os referidos questionamentos estão inseridos em um instrumento de coleta de dados formado por dez perguntas direcionadoras para análise do citado documento.
RESULTADOS
No que tange ao objeto de pesquisa, a análise da ata da Subseção da OAB – Caxias revelou que no dia 28/01/1989 fora realizada a sua instalação e posse da diretoria provisória no prédio do Fórum de Caxias. O evento contou com representantes da Seccional da OAB Maranhão.
A subseção teve como abrangência as Comarcas de Caxias, Parnarama, Timon, Coelho Neto e Codó. Fora empossada naquela noite a diretoria provisória da subseção, sendo os seguintes advogados: Yeda Maria Moraes, presidente; Naldson Luiz Pereira Carvalho, vice-presidente; Fause Elouf Simão Júnior, secretário; Carlos Luiz Olímpio Bacelar, tesoureiro.
No ano de 1994, foram registradas as chapas que concorreram às eleições, destacam-se: Chapa Renovação e Trabalho, liderada por João de Sousa Leitão Filho; e a Chapa Solidariedade e Trabalho, liderada por Iêda Maria Morais. Ganhando assim a última chapa. Além destes acontecimentos, também se registrou na ata, editais de convocação, reuniões ordinárias.
A pesquisa de campo é eficaz, todavia, se
mostra perigosa a partir do momento que
acontecimentos de força maior incidem sobre a pesquisa. Foi o que aconteceu nesse caso. A utilização dos jornais seria, juntamente com a Ata de Instalação da Subseção da OAB em Caxias, as fontes para este trabalho. A Ata fora analisada, todavia, houve um déficit no que tange aos jornais.
O local que os jornais são guardados e disponibilizados aos pesquisadores, o Instituto Histórico e Geográfico de Caxias – IHGC, justamente no período
dedicado à pesquisa nas fontes hemerográficas, entrou em reforma impossibilitando qualquer tipo de manuseio das fontes lá existentes. Felizmente, algumas informações sobre essas fontes ainda foi possível conseguir.
A ideia originária do jornal, como
modernamente conhecemos, vem da geniosidade de Gutenberg. Mas, somente no século XIX é que os grandes empresários entenderam a potencialidade do jornal como meio lucrativo. No Brasil, desde a Colônia, já existiu a tentativa da tipografia, ficando a cargo de Nassau tal empreitada. No Maranhão, apenas no período do Império é que emerge na sociedade o primeiro jornal, datado de 15 de abril de 1821 e denominado “O Conciliador do Maranhão”, sendo este jornal o estopim para a multiplicação de periódicos na província maranhense.
Assim como na sede provincial o boom de jornais acontecia, nas comarcas do interior tal fato não divergiu. Em Caxias, encontra-se o registro do primeiro jornal que circulou na comarca, o ano era 1833 e o periódico se chamava “A Crônica”. A partir de então, semelhante o que aconteceu em São Luís, em Caxias os jornais se multiplicaram de modo muito rápido.
Conta-se que circulavam, diariamente, na Princesa do Sertão Maranhense1 mais de cem jornais, tanto locais, quanto de São Luís, Rio de Janeiro e até mesmo exemplares internacionais, já que a elite local tinha certa aproximação com a cultura europeia.
No que concerne ao recorte temporal da pesquisa, os jornais que circulavam na década de 1980 eram, “Jornal Folha de Caxias” ciado em 1963, tendo como proprietário um grande empresário local, Alderico Jéferson da Silva, era um jornal noticioso e político. Também, tínhamos como enfoque, o jornal “O Pioneiro”, que data também do ano de 1963, tendo como fundadores Constantino Ferreira de Castro e José Ferreira de Castro, este jornal teve como diretor, o célebre escritor Vitor Gonçalves Neto. Este jornal tinha um cunho noticioso e comercial.
Destaca-se também, o jornal “Tribuna de Caxias” de 1989 de propriedade de Ivan Gomes Silva, tendo como Diretora Marilene Ferreira de Moraes, este era um jornal político e noticioso. Por fim, também
1 Denominação da Cidade de Caxias – MA
temos dentro do recorte temporal estabelecido, o Jornal Pequeno, este de São Luís, fundado em 29 de maio de 1951 por José Ribamar Bogéa. O Jornal Pequeno, ainda em seus primórdios fez história, porque surgiu na condição de único órgão de imprensa conceitualmente apartidário, fora de todas as propostas e propósitos políticos vigentes.
No que se reporta a instalação da subseção da OAB em Caxias, temos um jornal exclusivamente voltado a esse fato. Porém, trata da nova sede da subseção e não necessariamente da instalação da mesma. O jornal reportava que o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Seção Maranhão, Mário Macieira, e a dirigente da Subseção da OAB de Caxias – MA, Ieda Maria Moraes, inauguram a nova sede da Subseção, localizada na Avenida Norte Sul, lote 04, Cidade Judiciária, no Bairro Campo de Belém. Portanto, quanto a implantação, ou não foi divulgado na imprensa escrita ou devido as intempéries ocorridas na pesquisa, não tenha se chegado aos fatos.
DISCUSSÃO
A OAB exerceu um papel fundamental na consolidação da democracia em nosso país. Durante um extenso período, teve que ser o estandarte das liberdades individuais. A força da perseguição contra o advogado-indivíduo era contraposta pela instituição, em cujo porto-seguro repousavam as vozes que militavam contra o autoritarismo. Sua participação ativa foi essencial na redação do artigo 5º de nossa Constituição, que trata dos direitos e das garantias dos cidadãos como igualdade, liberdade, privacidade e sobre os quais se alicerça a atual estrutura democrática de nosso Estado.
A OAB, não funciona somente apenas como uma entidade de classe e de fiscalização do exercício da profissão, indo além da questão corporativa na defesa das instituições, da justa aplicação das leis, dos direitos humanos e da defesa da democracia. A Ordem dos Advogados do Brasil contribuiu de modo relevante para a consecução de, por exemplo, quatro importantes vitórias no Supremo Tribunal Federal, todas protetoras do cidadão e dos postulados constitucionais, colaborando para a construção de uma nação justa e digna. A
declaração de constitucionalidade da Lei da Ficha Limpa, a manutenção dos poderes do Conselho Nacional de Justiça, a constitucionalização do Exame de Ordem e a validade da lei Maria da Penha são exemplares de tal assertiva.
O STF julgou constitucional a Lei Complementar 135, denominada Lei da Ficha Limpa, julgando procedente a Ação Declaratória de Constitucionalidade 30, proposta pelo Conselho Federal da OAB. Inelegibilidade é critério de candidatura e não punição. Mandato político não é propriedade individual e sim prestação de serviços à coletividade. Ressalte-se que a mencionada lei foi aprovada pelo Congresso Nacional, após mobilização da sociedade, capitaneada pela OAB, CNBB e Movimento de Combate a Corrupção Eleitoral, que apresentou projeto de iniciativa popular. Deu-se concretude ao artigo 14, parágrafo 9º da Constituição, que prevê a edição de lei para estabelecer casos de inelegibilidade que protejam a probidade e moralidade administrativas, considerada a vida pregressa dos candidatos.
A referida instituição também apoiou
historicamente impeachments de dois presidentes da República Brasileira: Fernando Collor de Mello (1992) e Dilma Russeff (2016). Representantes das OABs de todos os Estados Brasileiros se posicionaram na análise do afastamento da então presidente. Com vinte e seis votos a favor, a OAB entendeu que houve crime de responsabilidade.
Entre os fundamentos estão as pedaladas fiscais, atrasos nos repasses feitos pelo tesouro aos bancos públicos para cobrir despesas de programas sociais em 2015, a delação premiada do senador Delcídio do Amaral e a recente nomeação do ex-presidente Lula para a Casa Civil, que, para a OAB, demonstram que havia intenção de atrapalhar as investigações da lava jato. Os últimos acontecimentos também foram levados em conta na decisão técnica do Conselho Federal da OAB exatamente pela gravidade de todos os fatos, pela gravidade de todos os elementos que foram carreados para este processo. A Ordem dos Advogados do Brasil não tomou apenas uma decisão com base em elementos trazidos por jornais, por revistas. A Ordem dos Advogados do Brasil tomou uma decisão com base em elementos técnicos, com base em provas que foram coletadas e que nos levaram a esta conclusão neste momento(2-7).
No tocante aos direitos constitucionais ao trabalho e à previdência social, a Ordem dos Advogados do Brasil tem se manifestado contrária às reformas
trabalhista e previdenciária, propostas no atual governo do presidente Michel Temer. A instituição em destaque apontou que o texto da reforma trabalhista é um retrocesso aos direitos sociais dos trabalhadores, garantidos na Consolidação das leis Trabalhistas- CLT e uma desestruturação da Justiça do Trabalho e dos sindicatos.
Foram 18 inconstitucionalidades apontadas pela OAB. Dentre elas, estão a prevalência do negociado sobre o legislado, tese que na prática significa o fim da vigência da Consolidação das Leis do Trabalho; a limitação do valor do dano moral do trabalhador e a admissão de trabalho da empregada gestante e da lactante em ambiente insalubre (3-7).
A referida Ordem, por outro lado, chegou a elaborar uma Carta Aberta contra a Reforma Previdenciária. A entidade apontou vários abusos aos direitos dos aposentados na proposta do atual governo brasileiro, dentre esses, a exigência de idade mínima de 65 anos para aposentadoria de homens e mulheres e a necessidade de 49 anos de contribuição para ter acesso ao benefício integral.
A redação da carta também teve a participação de outras classes sociais, tais como: médicos, auditores fiscais e engenheiros. As entidades listaram dez abusos, entre esses,
(...) a redução do valor geral das aposentadorias e a precarização da aposentadoria do trabalhador rural e o fim da aposentadoria especial para professores. Além disso, o Conselho da OAB considera abusivas as propostas de pensão por morte e benefícios assistenciais abaixo de um salário mínimo e a cumulação da pensão com a aposentadoria. O texto também é crítico ao aumento da idade mínima exigida para recebimento do benefício assistencial de prestação continuada, o BPC, que o governo pretende passar de 65 para 70 anos. As regras para a aposentadoria dos trabalhadores expostos a agentes insalubres foram definidas pelo conselho como ‘inalcançáveis’(4-7).
Há vários casos dos quais a OAB teve um papel fundamental para a consolidação da democracia, um caso de grande repercussão ocorreu em 1964, quando estourou o Golpe Civil-Militar no País, coube à Ordem dos Advogados manifestar o sentimento de indignação do povo brasileiro e lutar pelo restabelecimento da Democracia. Fato que garantiu aos dirigentes da Ordem vários tipos de perseguições por repudiar a censura e a repressão aos movimentos estudantis. Em represália ao
crescimento dos movimentos políticos em defesa da redemocratização, o general Newton Cruz ordenou a invasão da sede da OAB/DF. O ato ocorreu um dia depois do I Encontro de Advogados do DF, o que foi interpretado pelas autoridades como uma afronta à proibição de reuniões políticas.
Ao realizar um panorama sobre a História Contemporânea Brasileira, é possível observar a grande responsabilidade histórica da OAB na manutenção do Estado democrático de Direito, no ordenamento jurídico e no crescimento da advocacia. Vivemos tempos difíceis em uma crise política e ética sem precedentes. Mas, mesmo sob alguns ataques, a OAB segue como referência.
A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), tem se firmado ao longo da história como uma das instituições mais atuantes no que diz respeito à representação dos anseios da sociedade civil brasileira. Pode-se atribuir a razões históricas esse status especial do órgão de representação dos advogados, em função, sobretudo do papel fundamental que os bacharéis de direito tiveram na formação do Estado Imperial (5-7).
Neste momento do artigo, será analisada a participação da OAB para além da sua função corporativa, mostrando a sua atuação em um cenário de crise política extremo na história brasileira, a Ditadura Civil-Militar (1964-1985) e a sua participação no processo de redemocratização do Brasil, com seu apoio à campanha pelas Diretas Já.
O Conselho Federal da OAB mostrou seu apoio no momento inicial do Regime Militar, em 1964, a OAB aquiesceu com o golpe militar que derrubou Goulart, pois suas lideranças entendiam ser um ato necessário para conter a disseminação do comunismo e a subversão da ordem jurídica (6-7).
Com o advindo do primeiro Ato Institucional, que visava suspender as garantias constitucionais em um prazo de 60 dias, período no qual poderiam ser cassados mandatos e ser suspensos os direitos políticos dos cidadãos, o Conselho Federal da OAB começou a vislumbrar a face autoritária do novo regime, cessando assim seu apoio e tornando-se oposição e voltando seu apoio à sociedade civil.
O primeiro ato contrário ao regime foi quando a Ordem decidiu, em junho de 1964, que os advogados com os direitos políticos suspensos pelo governo não estavam impedidos de exercer a profissão. Outro ato que pode ser salientado são os protestos por meio de ofício ao ministro da justiça ou registrados em atas, contra a prisão de diversos advogados brasileiros que atuaram em defesa de presos políticos e até mesmo de outros advogados no exercício da profissão e até acusados de subversão, além da elaboração de um parecer sobre a violação da Declaração dos Direitos da Pessoa Humana.
O novo presidente da OAB, Raymundo Faoro (1977-1979), continuou com as investidas contra o governo autoritário. Junto à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e à Associação Brasileira de Imprensa (ABI), a ordem lutou em prol da revogação da Lei de Segurança Nacional, a restauração do Habeas Corpus, das garantias plenas da magistratura, o respeito aos Direitos Humanos, a Anistia plena, geral e irrestrita e a convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte (7-7).
A explosão de um envelope enviado à sede da OAB que vitimou a secretária Lydia Monteiro, causando seu falecimento, ensejou grande revolta e interesse em se descobrir os responsáveis pelo atentado, além de elevar ainda mais a Ordem dos Advogados a um status de porta voz da sociedade, que cada vez mais clamava por uma nova Ordem Constitucional que trouxesse consigo, de fato, o Estado Democrático de Direito.
Já no cenário dos movimentos pela
redemocratização do Brasil, destaca-se a participação da OAB, juntamente com partidos oposicionistas e outras entidades na convocação de eleições diretas para a Presidência da República, a conhecida campanha Diretas Já, sendo este o maior movimento de massa da História do Brasil.
A Emenda Dante de Oliveira, que possuía como proposta o restabelecimento das eleições presidenciais pelo voto direto para 1984, não passou na votação na Câmara dos Deputados, ficando com uma diferença de 22 votos. A dependência da aprovação da emenda agora estava com o Colegiado Eleitoral, que decidiria por via indireta. O colegiado elegeu Tancredo Neves dando assim
abertura para a Nova República e marcando o fim do regime autoritário.
É notória a participação da Ordem dos Advogados em vários momentos em que a democracia e os direitos humanos foram ameaçados. A OAB tem se portado como uma verdadeira mensageira dos anseios da população, se pronunciando frente a entidades governamentais contra os abusos que venham lesar a pessoa humana. O seu posicionamento a favor do golpe militar, logo foi dirimido, pois como primeiro Ato Institucional percebeu-se que as medidas impostas pelo novo regime feriam gravemente a dignidade do ser humano, cerceando a sua liberdade e até a vida.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Na perspectiva específica da História do Direito Constitucional Brasileiro, a proposta deste artigo é tornar conhecidas às fontes existentes em Caxias/MA sobre um fato histórico ocorrido na seara do judiciário, a criação e desenvolvimento da subseção da Ordem dos Advogados do Brasil nesta cidade. Fizemos, a princípio, um levantamento histórico sobre o bacharelismo no Brasil e percebemos que este fato político-social esteve no Brasil durante muitos anos, pois desde a colônia a figura do bacharel era bastante presente e representava uma nobreza, assim estruturando a elite brasileira.
Por fim, gostaríamos de salientar que a Subseção da OAB/Caxias, não pode ser pensada apenas pelo viés jurídico, mas também político e social. É preciso que se observem as transformações histórico-sociais que ela promoveu ao longo dos anos e que estão diretamente relacionadas às memórias deixadas por todos aqueles que participaram dessa empreitada, o que isso representou para cada um.
A dificuldade encontrada foi, a priori, de tentar identificar nos jornais quais os sujeitos que produziam as matérias, de onde falavam para quem falavam, a qual grupo político estava representando, como essa matéria fora divulgada. A dificuldade de tentar ler o que não foi dito, mas está ali em entrelinhas.
Um risco para a instituição participante da pesquisa, OAB – seção de Caxias- MA, foi o vazamento de dados identitários coletados na ata de sua fundação e as
possíveis revelações de vinculações políticas e ideológicas de advogados caxienses que podem provocar desconfortos emocionais, prejuízos eletivos para cargos da diretoria da Ordem dos Advogados do Brasil em Caxias-MA e a não contratação dos seus serviços por parte da população caxiense adversária de suas convicções políticas e ideológicas.
O risco para o Instituto Histórico e Geográfico de Caxias foi o de revelar através, da autorização da pesquisa nos jornais, que a imprensa é essencialmente um meio de manipulação de interesses e de influência na sociedade. Os jornais procuram aproximar o público e conquistar seus corações e mentes, a finalidade é sempre obter simpatizantes para uma causa, ou vangloriando um fato ou mesmo rebaixando-o, e as estratégias utilizadas para esse fim são diversas chegando até o viés sensacionalista. Nos jornais selecionados para pesquisa, localizados no Instituto Histórico e Geográfico de Caxias, anunciam-se, por meio dos periódicos, as forças políticas dos grupos que integram a sociedade.
Esses riscos foram minimizados com o comprometimento dos pesquisadores, acordado e assinado no TERMO DE COMPROMISSO DE UTILIZAÇÃO DE DADOS – TCUD, em manter a confidencialidade e a
privacidade dos conteúdos identificadores dos
participantes envolvidos e citados nos jornais caxienses em torno da fundação e desenvolvimento da OAB em Caxias-MA. Apesar das fontes da pesquisa serem de domínio público, o pesquisador não deve manipular as informações obtidas com o objetivo de denegrir as imagens públicas da OAB e do Instituto Histórico e Geográfico de Caxias-MA e dos seus membros e dos jornais selecionados para pesquisa.
O principal benefício para as referidas instituições participantes da pesquisa foi o fornecimento de dados para a elaboração de políticas públicas para fomentar maiores garantias constitucionais à população de Caxias–MA, tais como: vida, segurança pública e trabalho. Além disso, as instituições OAB e Instituto Histórico e Geográfico estarão mais próximas dos estudos acadêmicos sobre os seus papéis institucionais, sociais e políticos e poderão realizar um intercâmbio de informações e conhecimentos entre os seus profissionais os estudantes acadêmicos de Direito da FACEMA.
A principal dificuldade a ser enfrentada para o
desenvolvimento desta pesquisa foi localizar
participantes da fundação da Subseção da OAB de Caxias, que estejam dispostos a conceder entrevistas. Estes se recusaram a falar sobre as circunstâncias e os interesses em torno das ações institucionais da OAB em Caxias-MA. Dessa maneira, não se pode esquecer que as entrevistas proporcionam variantes do acontecido e são compostas de falhas, subjetividades, sigilos e distorções aceitáveis de serem interpretados.
Por essa razão, optou-se por não utilizar entrevistas como fontes da pesquisa. Para minimizar esse obstáculo, será realizado o cruzamento de informações entre a ata e os jornais caxienses do período em estudo.
REFERÊNCIAS
1 BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República
Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal:
Centro Gráfico, 1988.
2 LAMACHIAM, Cláudio. OAB decide apoiar o impeachment da
presidente Dilma Rousseff. Disponível em:
http://g1.globo.com/jornal-hoje/noticia/2016/03/oab-decide-apoiar-o-impeachment-da-presidente-dilma-rousseff.html Acesso
em: 30 de julho de 2017
3 OAB APONTA INCONSTITUCIONALIDADES NO TEXTO DA
REFORMA TRABALHISTA. Disponível em:
http://justificando.cartacapital.com.br/2017/06/28/oab -aponta-inconstitucionalidades-no-texto-da-reforma-trabalhista/ Acesso em: 30 de julho de 2017.
4 AZEVEDO, Alessandra. OAB se posiciona oficialmente
contra a reforma da Previdência. Disponível em:
http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/econ omia/2017/02/03/internas_economia,570660/oab-se-posiciona-contra-a-reforma-da-previdencia.shtml
Acesso em: 30 de julho de 2017.
5 MOTTA, Marly Silva da. A ordem dos advogados do Brasil: entre a corporação e a instituição. Ciência Hoje. Rio de Janeiro, v.39, p. 32-37, dez. 2006.
6 MATTOS, M.T.V.L. Os cruzados da ordem jurídica. A
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http://encontro2008.rj.anpuh.org/resources/content/an ais/1212587878_ARQUIVO_Publicacao-AtuacaodaOAB-AnpuhRio.pdf>. Acesso em 19 de Junho de 2017
