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ESTUDO DE DOIS CÓRREGOS DE MARINGÁ COM DIFERENTES USOS E OCUPAÇÃO DE SOLO. Roselene Maria Schneider 1. Fabricio Hernandes de Freitas 2

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ESTUDO DE DOIS CÓRREGOS DE MARINGÁ COM DIFERENTES USOS

E OCUPAÇÃO DE SOLO

Roselene Maria Schneider

1

Fabricio Hernandes de Freitas

2

Rosane Freire

3

Eneida Sala Cossich

4

Paulo Fernando Soares

5

Célia Regina Granhen Tavares

6

RESUMO

Este trabalho traz em seu conteúdo uma avaliação das características das sub-bacias dos córregos Mandacaru e Romeira, bem como um estudo de alguns parâmetros de qualidade associados a estes córregos. A diferença mais significativa entre as vertentes dessas sub-bacias está nos usos e ocupação destas, enquanto uma apresenta urbanização, a outra tem sua área utilizada para práticas agrícolas. Os resultados das visitas de campo e os dados obtidos pelas análises da água do canal, demonstram que os efeitos antrópicos degradam os canais e reduzem a qualidade dos mesmos. O canal do córrego Mandacaru apresenta perda de massa tanto das margens, que se encontram desestabilizadas em vários trechos, quanto do leito, que acaba apresentando trechos em que o lençol freático apresenta-se acima do nível da água. Já o córrego Romeira apresenta poucos trechos degradados devido à ação humana. Desta forma, considerando-se uma análise geral, pôde-se observar que a presença da cidade na vertente da sub-bacia do córrego Mandacaru, é mais significativa em termos de degradação em relação às atividades agrícolas exercidas na sub-bacia do córrego Romeira.

Palavras-chave: Córregos urbano e rural. Qualidade da água.

 

1

Doutoranda PEQ/UEM, Avenida Colombo, 5790, 87020-900 Maringá – PR. E-mail: roselenems@yahoo.com.br.

2

Graduando DGE/UEM, Bolsista IC/CNPq-CT-Hidro Avenida Colombo, 5790, 87020-900 Maringá-PR.

3

Mestranda PEQ/UEM, Avenida Colombo, 5790, 87020-900 Maringá-PR. E-mail: rofreire@gmail.com.

4

Professora Associado DEQ/UEM, Avenida Colombo, 5790, 87020-900 Maringá – PR. E-mail: eneida@deq.uem.br.

5

Professor Associado DEC/UEM, Avenida Colombo, 5790, 87020-900 Maringá – PR. E-mail: pfsoares@uem.br

6

Professora Associado DEQ/UEM, Avenida Colombo, 5790, 87020-900 Maringá – PR. E-mail: celia@deq.uem.br.

(2)

1. INTRODUÇÃO

É um fator muito importante nos processos de decisão sobre usos da água, prever que os usos hídricos à montante em uma bacia devem sempre considerar os usos múltiplos à jusante, de forma a não afetar a quantidade nem a qualidade das águas. A manutenção da qualidade, aliada à quantidade é o fator primordial de garantia de que futuras gerações terão chance de usufruir dos recursos hídricos (LEI 9.433 de 1997).

A variabilidade da qualidade pode ser observada por meio de monitoramento. O monitoramento de águas superficiais constitui-se em uma grande fonte de dados. Por meio do monitoramento pode-se ter uma visão sucinta e geral do estado da qualidade dos ambientes lóticos, em termos temporal e espacial em uma determinada bacia (BOUZA-DEAÑO, TERNERO-RODRÍGUEZ, FERNÁNDEZ-ESPINOSA, 2008). Com esses dados pode-se partir para a esfera de decisão, optando pela manutenção ou melhoria da qualidade da água, baseando-se no desejo de se aproveitar o recurso hídrico para este ou aquele uso.

Todos os processos presentes em uma bacia hidrográfica, sejam eles naturais ou antrópicos, interferem na qualidade da água. As fontes antrópicas podem causar pequenas ou grandes alterações, dependendo da atividade. Em geral, a presença de industrialização trás as maiores cargas de poluentes para o ambiente lótico, mas a simples presença da urbanização e as atividades agrícolas são também importantes geradores de poluição.

Em relação à presença urbana tem-se que dois fatores são muito significativos, em termos de prejuízo ao canal fluvial. Os esgotos que são lançados de forma arbitrária e sem tratamento e o lixo,

são os maiores causadores de impactos. O esgoto polui as águas alterando as características físico-químicas e biológicas, enquanto que o lixo leva mais a uma poluição visual das margens do ambiente lótico.

Nas áreas utilizadas para práticas agrícolas, modificações na superfície do solo são realizadas para que se possam introduzir as diferentes culturas. Em geral, a modificação da cobertura do solo modifica a rugosidade deste, fazendo com que haja um aumento ou redução do escoamento superficial em eventos pluviométricos. Quando a rugosidade é aumentada, seja pela presença de plantas seja pelo terraceamento, potencialmente menores cargas de constituintes superficiais do solo podem alcançar os rios.

Considerando regiões com baixas rugosidades, por pavimentação nas cidades, ou pelo solo exposto nos períodos de entressafra, altas velocidades da água são esperadas em eventos de chuva. Dessa forma, todo e qualquer corpo que estiver no caminho da água poderá ser levado das vertentes ao rio. Esses corpos arrastados apresentam diferentes formas, tamanhos, densidades e origens. Dependendo de suas características físicas, eles poderão ser transportados para lugares mais ou menos próximos de seu local de origem, podendo poluir por onde passar, pela capacidade de modificar as características físico-químicas e biológicas, ou pela alteração da paisagem.

2. OBJETIVOS

O objetivo do presente trabalho é o de mostrar o comportamento de alguns parâmetros de qualidade de água sob uma visão de diferentes usos e ocupação do solo, bem como discutir as diferenças percebidas nos canais fluviais nestes ambientes de usos distintos.

3. LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

O Estado do Paraná, apesar de ser um dos menores estados em extensão territorial do Brasil, apresenta uma rede hidrográfica considerável. A bacia do alto rio Paraná abrange microbacias de suma importância, tanto do ponto de vista econômico como social, sendo a bacia do rio Pirapó uma delas.

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O Pirapó é um rio com 168 km de extensão, que drena 5.076 km² do norte do Estado do Paraná. Sua bacia hidrográfica está situada na Meso Região Norte Central do Estado do Paraná (Figura 1), dentro do polígono delimitado pelas Latitudes de 22°30’ e 23°30’ Sul, e Longitudes de 51°15’ e 52°15’ Oeste. Sua nascente está localizada no município de Apucarana e, sua foz, no rio Paranapanema, na cidade de Jardim Olinda. Além disso, possui 70 afluentes e abrange um total de 28 municípios em toda a sua extensão, dentre os quais pelo menos 14 são abastecidos por suas águas, incluindo Maringá.

Figura 1 – Localização do município de Maringá

Fonte: Schneider et al. (2008)

O município de Maringá está localizado no norte do estado do Paraná e possui uma área de 486 km² (PMM, 2008), na qual está situada a bacia do ribeirão Maringá. Este ribeirão é afluente da margem esquerda do rio Pirapó e recebe as águas dos córregos Romeira e Mandacaru. Sua bacia

está localizada na região norte do município, suas principais nascentes encontram-se dentro do

perímetro urbano e o restante da área de drenagem no domínio rural. Essa bacia drena uma área de

90,37 km2, com cotas altimétricas que variam de 375 a 600 m (BORSATO E MARTONI, 2004).

O córrego Mandacaru drena uma área de 14,5 km2, situada em sua maior parte no meio

urbano (85 % da área total) (MELLO, 2008). O córrego tem a direção noroeste - sudeste e possui

várias nascentes. O córrego Romeira drena uma área de 8,45km2 pela margem esquerda do ribeirão

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4. METODOLOGIA

A determinação dos parâmetros de qualidade da água ocorreu por meio de medidas in situ e em laboratório. As medidas realizadas diretamente no curso de água foram as medidas da temperatura, do oxigênio dissolvido e do pH. Em laboratório as análises de demanda bioquímica de oxigênio (DBO), turbidez, coliformes totais, fósforo total, nitrogênio total e sólidos suspensos, eram realizadas o mais breve possível após a chegada das amostras (APHA, 1995; SILVA E OLIVEIRA, 2001).

As amostras de água para as determinações em laboratório eram coletadas mensalmente, no período da manhã. Após a coleta, as amostras eram preservadas por resfriamento, acidificadas, de acordo com o especificado pela literatura (APHA, 1995).

As quantidades coletadas variaram de acordo com a análise a ser realizada, porém sempre excederam o valor recomendado para garantir representatividade.

A Figura 2 mostra a bacia do ribeirão Maringá de forma genérica e os locais de coleta das amostras de água, P1 e P2.

Figura 2 – Bacia hidrográfica do ribeirão Maringá e pontos de coleta P1 e P2

Fonte: Adaptado de Oliveira (2004)

5. RESULTADOS

Uma vez que o estudo realizado ocorreu em dois ambientes lóticos, com uso e ocupação distintos, diferenças significativas foram observadas nos canais e nos dados obtidos a partir das análises.

Pela Figura 3 é possível observar a diferença mais marcante entre as vertentes: a presença da urbanização em uma delas e a atividade rural na outra.

Os córregos que aparecem à esquerda e à direita na Figura 3, são o Romeira e o Mandacaru, respectivamente. Os pontos P1 e P2, que aparecem ao lado dos córregos, indicam os locais de coleta de água para as análises laboratoriais.

O canal do córrego Mandacaru é maior do que o canal do córrego Romeira, porém, devido ao fato do ponto de coleta localizar-se na parte média daquele córrego, as áreas das sub-bacias de ambos os córregos, até os pontos de coleta, apresentam valores de superfície das sub-bacias próximos. Desta forma, ao discutirem-se os valores dos parâmetros de qualidade nos canais fluviais, comparam-se superfícies de geração de poluição semelhantes em termos de área.

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Figura 3 – Área de estudo, córregos Mandacaru e Romeira

Fonte: Google – julho 2009

Muitas visitas de campo foram realizadas, além daquelas para a coleta das amostras de água para as análises dos parâmetros de qualidade. Essas visitas trouxeram um grande conhecimento de toda a área de vertente e dos canais de ambas as sub-bacias.

No caso da sub-bacia do córrego Mandacaru, observou-se que a presença da urbanização gerou e ainda gera, problemas que dificilmente poderão ser contidos. Um exemplo claro diz respeito à remoção e transporte de grandes massas de solo, tanto da nascente e das vertentes quanto das margens e fundo do canal. Este canal apresenta seu leito escavado e margens desestabilizadas.

A fonte deste problema vem do aglomerado urbano. A manutenção das cidades é dada por meio de infraestruturas, como pavimentação, pontes etc. O recobrimento do solo pelo asfalto faz

com que haja uma concentração muito grande de água nos sistemas de drenagem, os quais levam

estas águas para os locais mais baixos da vertente, os córregos. Como estes apresentam uma capacidade de drenagem pequena, que deveria atender apenas as águas que nele chegassem de forma natural, se veem numa situação fortemente modificadora.

A consequência destas alterações geradas pela água, é observada pela visualização, em alguns trechos do canal, de pequenas nascentes de água que antes, provavelmente, não eram vistas, pois estavam abaixo do nível da água e que, com o rebaixamento do nível de fundo do córrego, estão agora visíveis, como pode ser observado na Figura 4. A região brilhosa que aparece na foto, indicada pela seta, é um ponto onde há o afloramento do lençol freático.

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Figura 4 – Local no canal onde ocorre o afloramento do lençol freático

Fonte: Autor – Maio 2009

A problemática causada pelo afloramento do lençol freático está no fato de que, exposto às áreas livres, o fluxo de água é maior, ou seja, a água encontra menor resistência para sair do solo. Dessa forma, os fluxos de base acabam sendo modificados durante os períodos de estiagem. Como a água apresenta menor resistência, de início ela verte com maior fluxo, reduz a quantidade de água armazenada no solo, e com o tempo, poderá não haver mais água provinda do lençol freático ou as quantidades serão ínfimas.

Aliado a isso, por ser a sub-bacia do córrego Mandacaru urbanizada, esta apresenta baixas taxas de infiltração durante as precipitações. Assim, com as modificações da vertente e do canal fluvial espera-se, com o tempo, que os níveis de vazões de pico aumentem e as vazões de base diminuam, ou seja, em períodos de chuvas as vazões se tornarão maiores, enquanto que, em períodos de estiagem, as vazões encontradas serão cada vez menores, expondo uma alteração do ciclo hidrológico da sub-bacia, causada pelos efeitos antrópicos.

Como em alguns trechos do canal observa-se a perda de massa, tem-se que em algum outro

trecho do rio esta massa deve depositar-se. Por essa razão, é muito comum em trechos meandrantes,

observar que em uma margem há perda de massa e na outra, depósito. Mas isso não ocorre somente nos meandros, em trechos retilíneos observam-se trechos com forte desgaste da margem e do leito do rio, e em outros trechos, grandes depósitos.

Outras observações que foram feitas no córrego Mandacaru dizem respeito à falta de consciência da população em relação ao cuidado mínimo desejado em relação à qualidade da água e ao fator visual.

Há presença de muitas redes clandestinas, provavelmente de esgoto, que seguem para o córrego cuja água acaba por apresentar, em muitos trechos, coloração acinzentada e mal cheiro. Além dos resíduos líquidos o córrego recebe cargas significativas de lixo, de todo tipo, desde restos de construção, pneus, plásticos etc., até animais mortos.

A sub-bacia do córrego Romeira é utilizada para a prática de culturas temporárias, o que é um fator de risco para o canal fluvial, porém, devido ao fato de apresentar terraceamento ou microbacias, as quais auxiliam na retenção das águas da chuva, esse manejo do solo ajuda a evitar que haja perda de solo da vertente e que este solo siga para o canal fluvial, quando de eventos pluviométricos.

Em relação ao canal da sub-bacia do córrego Romeira poucas alterações foram observadas, apresentando o canal um nível significativo de preservação. Os maiores problemas encontrados

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neste canal relacionam-se ao fato de que na área de nascente houve o desmatamento de uma pequena parte, o que colabora para a geração de processos erosivos, que mesmo pequenos podem alterar a qualidade do corpo hídrico.

Outro fator que promove alterações no ambiente da sub-bacia é a presença de estradas rurais. Como a vertente desta sub-bacia apresenta declividades acentuadas, as estradas rurais servem como canaletas de transporte de água e sedimento nos eventos de chuva. Junto com os sedimentos seguem possíveis contaminantes, como compostos fosfatados e nitrogenados de fertilizantes e de defensivos agrícolas; coliformes provindos de fezes de animais; restos de colheita, fontes de matéria orgânica e outros.

As Figuras 1 a 9 apresentam as variações entre os valores dos parâmetros de qualidade

estudados, para ambos ambientes lóticos, Mandacaru e Romeira.

Os resultados dos parâmetros de qualidade serão discutidos à luz da Resolução 357 do CONAMA, do ano de 2005, cujo texto apresenta limites aos parâmetros de acordo com o enquadramento do corpo hídrico.

O enquadramento dos rios do Paraná é estabelecido por Portaria da extinta SURHEMA, do ano de 1991. Esta portaria estabelece que o córrego Romeira é enquadrado como classe 2, portanto águas que podem ser destinadas: ao abastecimento para consumo humano, após tratamento convencional; à proteção das comunidades aquáticas; à recreação de contato primário, tais como natação, esqui aquático e mergulho, conforme Resolução CONAMA no 274, de 2000; à irrigação de hortaliças, plantas frutíferas e de parques, jardins, campos de esporte e lazer, com os quais o público possa vir a ter contato direto; e à aqüicultura e à atividade de pesca.

O córrego Mandacaru é enquadrado como classe 3, cujos usos podem ser destinados: ao abastecimento para consumo humano, após tratamento convencional ou avançado; à irrigação de culturas arbóreas, cerealíferas e forrageiras; à pesca amadora; à recreação de contato secundário; e à dessedentação de animais.

Portanto, as águas do córrego Mandacaru podem, em tese, apresentar qualidade inferior em relação às águas do córrego Romeira, devido ao enquadramento.

0 5 10 15 20 25 30 T em p er at u ra º C Mês de coleta P1 P2 6 6,5 7 7,5 8 8,5 9 pH Mês de coleta P1 P2

Figura 5 – Variação da temperatura e do pH ao longo do período de estudo

Em relação ao parâmetro temperatura percebe-se que ambos ambientes lóticos apresentam valores bem próximos, apresentando o trecho representado pelo ponto 2, P2, em média, valores um pouco menores. Mesmo no córrego Mandacaru, representado pelo ponto 1, que apresenta lançamentos líquidos, estes não interferiram na temperatura da água do curso.

As variações apresentadas no parâmetro pH é perceptível em relação aos dois canais, P1 e P2. Em geral o trecho representado pelo ponto 1 apresentou valores um pouco acima dos valores verificados no trecho representado pelo ponto 2. Acredita-se que esta diferença seja pronunciada devido ao fato da ocorrência de lançamentos indevidos de esgotos no córrego, provindos da cidade.

Nenhum dos meses estudados, porém, verificou-se valores de pH fora dos limites estabelecidos pela legislação (de 6 a 9), para os ambientes lóticos em questão.

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4 6 8 10 12 14 O x ig ên io d is so lv id o , mg l-1 Mês de coleta P1 P2 0 1 2 3 4 5 DBO, m g l-1 Mês de coleta P1 P2

Figura 6 – Variação da concentração do oxigênio dissolvido e DBO ao longo do período de estudo

O oxigênio dissolvido, OD, é componente muito importante para um ambiente lótico, pois devido à sua presença é que há a manutenção da vida aquática. Os fatores que podem reduzir sua concentração dizem respeito à presença de matéria orgânica e nutrientes em quantidades que possam nutrir organismos aeróbios e anaeróbios. No caso de os anaeróbios desenvolverem-se em grande quantidade, acabam produzindo compostos tóxicos à fauna e a flora, que podem levar o ambiente à eutrofização.

A DBO é a medida da demanda bioquímica de oxigênio, ou seja, uma medida que indica o consumo de OD de um corpo hídrico, para eliminar a matéria orgânica bioquimicamente degradável. Quanto maior seu valor, maior o consumo de oxigênio; o maior consumo de oxigênio leva à redução da concentração de OD, reduzindo a sua disponibilidade para a fauna e flora presentes.

Desta forma, para um ambiente em equilíbrio espera-se que haja valores altos de OD e baixos valores de DBO.

De acordo com a Resolução 357 do CONAMA, o valor mínimo permitido de OD para

ambientes de classe 2 e 3 é de 5 e 4 mg l-1, respectivamente. Para a DBO, os limites máximos

aceitáveis para as classes 2 e 3 são de 5 e 10 mg l-1, respectivamente.

Pela Figura 6 é possível observar que no período estudado os parâmetros apresentaram

valores aceitáveis, exceto para o mês de novembro de 2008, quando o OD apresentou valor um

pouco abaixo do limite estabelecido pela legislação.

Nos meses de julho de 2007 e janeiro de 2008, os valores de OD observados foram altos, o que poderia indicar um indício de reoxigenação dos ambientes lóticos. Porém, como a solubilidade do oxigênio na água é baixa, acredita-se que houve, na verdade, problemas com o eletrodo de medida.

Os valores da DBO apresentaram-se bem abaixo daquele estabelecido na legislação. Além disso, sabendo-se que há despejos clandestinos de esgoto e estes não alteraram os valores da DBO, acredita-se que o ambiente apresente boa capacidade de se autodepurarar, e que na região à montante, próximo ao ponto de coleta das amostras, não há lançamento significativo de qualquer fonte de matéria orgânica.

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0 2 4 6 8 10 12 Ni tr o g ên io to ta l, m g l -1 Mês de coleta P1 P2 0 0,05 0,1 0,15 0,2 0,25 F ó fo ro t o ta l, mg l-1 Mês de coleta P1 P2

Figura 6 – Variação da concentração do nitrogênio total e do fósforo total ao longo do período de estudo

Os nutrientes nitrogênio e fósforo são responsáveis pela alimentação de bactérias que potencialmente podem promover a eutrofização de um meio aquático.

Em termos da Resolução CONAMA 357, o valor máximo admitido para o fósforo total é de

0,1 mg l-1. Para o nitrogênio, este varia muito, e a legislação estabelece valores em termos de

nitrato, nitrito e nitrogênio amoniacal total.

Como o nitrogênio total é obtido pela soma do nitrato, nitrito e nitrogênio kjeldhal, e estes dois últimos, em geral, apresentam valores muito baixos, a maior parte do nitrogênio determinado e cujos valores estão apresentados na Figura 6, está em forma de nitrato. Assim, pode-se dizer que as concentrações de nitrogênio parecem não apresentar valores fora da legislação (limite do nitrato é

de 10 mg l-1), porém estão presentes em quantidade importantes em ambos ambientes. O nitrito é

uma forma instável e em geral apresenta valores baixos. O nitrogênio amoniacal total não foi determinado no período de estudo.

0 10 20 30 40 50 60 70 80 S ó lid o s s u sp en so a, mg l-1 Mês de coleta P1 P2 0 5 10 15 20 25 30 35 Tu rb id ez , N T U Mês de coleta P1 P2

Figura 7 – Variação da concentração dos sólidos suspensos e da turbidez ao longo do período de estudo

As concentrações de sólidos suspensos e a turbidez apresentaram valores bem abaixo do

estabelecido pela resolução. O máximo permitido para os sólidos é de 500 mg l-1 e de 100 NTU

para a turbidez.

Analisando os dados obtidos para a turbidez observa-se que no ponto 2 maiores valores

foram encontrados, porém, em termos de sólidos suspensos os valores apresentam-se bem próximos.

Como a turbidez é causada pelos sólidos mais finos presentes na água, grande parte destes sólidos não ficou retida na membrana utilizada na filtração, durante a análise deste parâmetro, passando através dela, portanto, não observa-se uma correlação significativa entre os sólidos suspensos e a turbidez. Se uma membrana com poros menores fosse usada, acredita-se poderia ser feita uma correlação entre estes dois parâmetros.

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0 30000 60000 90000 120000 150000 180000 210000 C ol if or m es t ot ai s, N M P /100 m l Mês de coleta P1 P2

Figura 8 – Variação da concentração de coliformes fecais ao longo do período de estudo

No presente trabalho foram feitas análises de coliformes totais, no entanto, a legislação apresenta padrões para coliformes termotolerantes e a E. Coli, o que impede a comparação dos valores obtidos com aqueles estabelecidos na Legislação, porém, os resultados apresentados na Figura 8 mostram que as quantidades de coliformes totais sempre foram muito elevadas, superiores a 4600 unidades formadoras de colônias por 100 ml, para o córrego Mandacaru e 600 unidades formadoras de colônias por 100 ml, para o córrego Romeira, o que pode ser um indicativo de poluição por esgoto doméstico, fezes de animais.

Os coliformes totais não apresentam por si mesmos capacidade de causar doenças. Este parâmetro, ou coliformes termotolerantes ou E. coli, na verdade serve como meio de indicar as potencialidades de uma provável doença de transito hídrico ser transmitida pelo ambiente lótico.

Altas concentrações de coliformes foram observadas no trecho representado pelo ponto P1. Porém, como inundações de áreas daquela sub-bacia não ocorrem, o risco de uma epidemia só será plausível se a população for até o canal e entrar em contato com a água. Esta situação não é muito comum. Poucas vezes foram observados contatos primários da população com a água, no entanto, quando este contato foi verificado a maioria das vezes eram crianças que brincavam no córrego.

6. CONCLUSÕES

O presente trabalho permitiu verificar que os canais dos córregos avaliados, apresentam diferenças bastante pronunciadas no que tange o aspecto físico. Enquanto o canal do córrego Mandacaru apresenta características de degradação em praticamente toda a extensão do canal, o córrego Romeira apresenta poucos pontos com modificações causadas pelo homem, perceptíveis somente nos locais onde pontes cruzam o canal.

Em relação à qualidade da água, alguns parâmetros mostraram-se diferentes nos ambientes lóticos. Coliformes totais, nitrogênio total e fósforo total, foram detectados em maiores quantidades no córrego urbano, enquanto que o córrego Romeira valores maiores de turbidez. Estas diferenças muito provavelmente, foram causadas pelo tipo de uso e ocupação do solo.

Estes resultados ressaltam a necessidade de implementação de medidas mitigadoras de plouição, principalmente no córrego urbano, que está fortemente pressionado pelas atividades desenvolvidas na área devido a presença antrópica.

A maior dificuldade em relação às ações mitigadoras está justamente no fato de a redução dos efeitos de degradação só seriam significativos se houvesse a retirada da cidade, o que é impossível. Outras medidas apenas reduziriam as cargas de esgoto e lixo, porém, dificilmente as perdas de massa não cessariam.

Sendo assim, em alguns anos o ambiente, o qual foi estudado, e muito outros com nascentes e vertentes pertencentes a áreas urbanas, correm o risco de desaparecer, trazendo perdas significativas para os rios maiores, os quais são abastecidos por suas águas.

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AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, CNPq/CTHidro, pelo apoio financeiro.

REFERÊNCIAS

AMERICAN PUBLIC HEALTH ASSOCIATION. Standart Methods for the Examination for Water and Wastewater (APHA), 14ª. ed. Washington D.C. 1995.

BORSATO, F. H.; MARTONI, A. M. Estudo da fisiografia das bacias hidrográficas urbanas no Município de Maringá, Estado do Paraná. Acta Scientiarum. Human and Social Sciences.Maringá, v. 26, n. 2, p. 273-285. 2004.

BOUZA-DEAÑO, R.; TERNERO-RODRÍGUEZ, M.; FERNÁNDEZ-ESPINOSA, A. J. Trend study and assessment of surface water quality in the Ebro River (Spain). Journal of Hidrology. v. 361, p. 227-239. 2008.

LEI Nº 9433, DE 08 DE JANEIRO DE 1997. Política Nacional De Recursos Hídricos, Sistema Nacional De Gerenciamento De Recursos Hídricos. 1997.

MELLO, W.S. Análise ambiental da bacia hidrográfica do ribeirão Maringá com apoio de imagens de satélite. 2009. Monografia (Especialização em Recursos Hídricos). 37 p. Universidade Estadual de Maringá, Maringá: 2009.

PMM - PREFEITURA MUNICIPAL DE MARINGÀ. Demografia do município. 2003. <http://www.maringa.pr.gov.br/cidade/cidade.php?categoria=3>. Acesso: jul. 08.

RESOLUÇÃO Nº 357, DE 17 DE MARÇO DE 2005. Ministério do Meio Ambiente Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA. 2005.

SCHNEIDER, R. M. et al. Avaliação da ação antrópica por meio da erosão marginal na bacia do córrego Mandacaru, Maringá, Paraná – Brasil. In: VIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE SEDIMENTOS, 2008. Anais...Campo Grande: 2008. CD-ROM.

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Referências

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