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ESTADO DA PARAÍBA TRIBUNAL DE JUSTIÇA Gabinete do Des. José Di Lorenzo Serpa

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ESTADO DA PARAÍBA TRIBUNAL DE JUSTIÇA Gabinete do Des. José Di Lorenzo Serpa APELAÇÕES CÍVEIS N. 200.2009.018796-0/001.

Relator: Dr. Marcos William de Oliveira, Juiz convocado em substituição ao Des. José Di Lorenzo Serpa.

Apelante 1: Glaucia Maria Tavares Pontes (Adv.: Edson Xavier Lucena de Araújo).

Apelante 2: Estado da Paraíba, representado por seu Procurador Renan de Vasconcelos Neves.

Apelados: Os mesmos.

Vistos.

Trata-se de recursos apelatórios, interpostos, respectivamente, por GLAUCIA MARIA TAVARES PONTES e pelo ESTADO DA PARAÍBA, ambos irresignados com a sentença de lavra do Juízo da 6.?- Vara da Fazenda Pública da Comarca da Capital, que, em ação de cobrança, julgou procedente o pedido de verbas salariais atrasadas, condenando o segundo recorrente ao pagamento à servidora dos salários retidos de janeiro a abril de 2007, férias proporcionais não gozadas referente a 2004/2005 e 2006/2007, bem como décimo terceiro proporcional dos meses de janeiro a abril de 2007. Fixou, ainda, honorários advocatícios, arbitrados em 10% sobre o montante apurado.

No primeiro apelo, encartado às fls. 162/169, a autora defende, em síntese, a inexistência de prescrição da pretensão do recebimento de férias dos períodos de 1991/1992, 1992/1993, 1993/1994, 1994/1995, e 1995/1996, pois afirma que o prazo prescricional só deve ser considerado a partir de sua exoneração. Pugna, em seguida, pelos salários correspondentes aos meses de janeiro, fevereiro, março e abril de 2007, e décimo terceiro salário proporcional desse mesmo período. Ao final, requer o provimento do apelo.

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Na segunda irresignação, o Estado da Paraíba, às fls. 172/177, afirma, também em resumo, que a autora não observou o prazo de dois anos de sua exoneração para o ajuizamento da demanda, estando fulminado seu direito de persecução de valores referentes a verbas salariais. No mérito, aduz que era nulo o contrato laborai havido entre as partes, razão pela qual incorreu em equívoco o Juízo a quo ao conceder ao verbas pretendidas. Por fim, pugna pelo provimento do recurso.

Contrarrazões às fls. 178/180 e 182/191.

A douta Procuradoria de Justiça emitiu parecer, fls. 197/201, opinando pelo provimento, parcial, do primeiro recurso e desprovimento do segundo apelo.

É o relatório.

DECIDO:

PRIMEIRO APELO

De início, compulsando os autos, constata-se, a toda evidência, a ocorrência da prescrição qüinqüenal das verbas referentes ao recebimento de férias dos períodos de 1991/1992, 1992/1993, 1993/1994, 1994/1995, e 1995/1996.

De fato, a primeira recorrente, em sua insurgência, postula o recebimento das verbas salariais mencionadas. Contudo, do exame acurado dos autos, verifica-se que a ação foi ajuizada apenas no mês de março do ano de 2009 e, considerando o lapso prescricional supracitado, apenas as quantias anteriores ao mês de março do ano de 2004 estão salvaguardas dos efeitos da prescrição.

Nesse sentido, a súmula riP- 85 do Superior Tribunal de Justiça:

Nas relações jurídicas de trato sucessivo em que a fazenda publica figure como devedora, quando não tiver sido negado o próprio direito reclamado, a prescrição atinge apenas as prestações vencidas antes do qüinqüênio anterior a propositura da ação.

Destarte, escoado em branco período determinado, sem qualquer insurgência da ex-servidora estadual, operou-se a prescrição do

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direito de agir.

Em seguida, quanto aos salários correspondentes aos meses de janeiro, fevereiro, março e abril de 2007, e décimo terceiro salário proporcional desse mesmo período, verifica-se que a pretensão da primeira apelante não encontra substrato jurídico, qual seja, o interesse de recorrer, eis que não foi vencida na demanda, pois o Juízo a quo, na decisão guerreada, concedeu as referidas verbas a autora do litígio.

Desse modo, não devem ser acolhidos os argumentos levantados no primeiro recurso apelatório.

SEGUNDO APELO

O segundo apelante alega que o direito da autora está fulminado pela prescrição em virtude do estabelecido no art. 7 2, XXIX, da Costituição Federal, que prevê o prazo de dois anos, após a extinção do contrato de trabalho, para pleitear-se verbas trabalhistas.

Todavia, a hipótese dos autos não trata da aplicação regra do art. 7 2, XXIX, da Constituição Federal levantada pelo apelante. A prescrição bienal rege apenas o vínculo celetista, conforme se observa de jurisprudência da Corte de Minas Gerais, a qual é importante a transcrição:

"A prescrição bienal aplicável à relação de trabalho rege apenas o vínculo celetista, não áe estendendo para a relação contratual firmada entre o Município e o contratado por temopo determinado".

(AC n2 1.0388.06.013975-4/001. r- Câmara Cível do TJMG. Rel. Heloísa Combat. Julgado: 12/02/2008. Publicação: 26/02/2008).

O caso em tela se enquadra na hipótese do art. 1 2 do Dec. 20.910/32, que trata da prescrição quinquenal, conforme se observa do 'enunciado da mencionada Lei:

"Art. 1 2 . As dívidas passivas da União, dos Estados e dos Municípios, bem assim todo e qualquer direito ou ação contra a Fazenda federal, estadual ou municipal, seja qual for a sua natureza, prescrevem em cinco anos contados da data do ato ou fato do qual se originaram" (grifo nosso). Hely Lopes Meirelles, em sua obra Direito Administrativo

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Brasileiro, 25. ed., Editora Malheiros, p. 670/671, ensina:

"A prescrição das ações pessoais contra a Fazenda Pública e suas autarquias é de cinco anos, conforme estabelece o dec. Ditatorial (com força de lei) 20.910 de 6.1.32, complementado pelo Dec.-lei 4.597, de 19.8.42. Essa prescrição qüinqüenal constitui a regra em favor de todas as Fazendas, autarquias, fundações públicas e empresas estatais".

Assim, a condenação ao pagamento dos salários retidos de janeiro a abril de 2007, férias proporcionais não gozadas referentes a 2004/2005 e 2006/2007, bem como décimo terceiro proporcional dos meses de janeiro a abril de 2007, se encontra inserida dentro do prazo prescricional de cinco anos anteriores ao ajuizamento da ação.

A respeito do prazo prescricional nas demandas contra a Fazenda Pública, o Superior Tribunal de Justiça já sedimentou a sua jurisprudência:

ADMINISTRATIVO. DIREITO À EXPEDIÇÃO DE DIPLOMA DE CURSO POS-GRADUAÇÃO. NEGATIVA. INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS.

PRAZO PRESCRICIONAL QÜINQÜENAL. DECRETO N2

20.910132. TERMO INICIAL.

ATO OU FATO LESIVO. DIREITO POTESTATIVO.

1. É entendimento sedimentado o de não haver omissão no acórdão que, com fundamentaçáo suficiente, ainda que não exatamente a invocada pelas partes, decide de modo integral a controvérsia posta.

2. O termo inicial da prescrição, tal como formulado no art. 1 2 do Decreto n 2 20.910/32, é o da ocorrência da lesão ao direito. É a consagração do princípio universal da actio nata:, consagrado também pelo art. 189 do CC/2002: a prescrição tem início na data do nascimento da pretensão e da ação, que ocorre como a lesão ao direito.

3. Relativamente aos direitos potestativos (ou formativos), em face dos quais não corresponde um dever de imediata prestação e sim de sujeição, a lesão não se configura antes do exercício do direito.

4. Não se pode dizer que a lesão ao direito de obter a expedição do diploma de curso universitário ocorreu na data da conclusão do curso. A lesão ocorreu quando,

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requerida a expedição, houve a negativa de prestação. 5. Recurso especial provido. (destacou-se).

(Resp 1100761/RS. Recurso Especial 2008/0238533-9. Rel. Min. Teori Albino Zavascki. Primeira Turma. Julg.: 03/03/09. Pub.: DJe 23/03/2009).

No mesmo sentido:

EXECUÇÃO FISCAL. EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE. MULTA ADMINISTRATIVA. APLICAÇÃO DO DECRETO N. 20.910/1932. PRESCRIÇÃO QÜINQÜENAL RECONHECIDA. RECURSO PROVIDO.

Verifica-se, no caso sob exame, que transcorreram, com sobras, mais de cinco anos entre as datas em que foram definitivamente constituídos os créditos tributários entre 1987 e 1989 — e o próprio aiuizamento da execução, em 1996. (destacou-se)

(Agravo de Instrumento n 2 7228725100. Rel. Osvaldo Palotti Júnior. 14 2 Câmara de Direito Público. TJSP. Julg.: 18/12/2008).

Em consequência, pode-se aferir que o termo inicial do prazo prescricional é a da ocorrência do fato lesivo a direito. Portanto, a ação foi ajuizada dentro do lapso temporal, o que descaracteriza o argumento do apelante.

Por fim, no atinente a alegação de nulidade do contrato de • trabalho, tem-se que a irregularidade não abala os direitos advindos da prestação de serviço realizada pela primeira recorrente, pois, do contrário, estar-se-ia admitindo o locupletamento ilícito da Administração Pública e a exploração indevida do trabalho, cuja valoração vem garantida na Constituição Federal (artigos 1 2, IV, 170 e 193). Assim sendo, é vedada a utilização dos serviços de alguém sem despender a correspondente retribuição.

Insta ressaltar que o Estado da Paraíba não negou o • cumprimento da jornada de trabalho da servidora no período pleiteado e nem,

tampouco, carreou nos autos os recibos de pagamentos referentes aos créditos reclamados na inicial.

Sobre o tema, o Superior Tribunal de Justiça no julgamento do Recurso Especial n 2 326.676/GO, assim pronunciou:

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DE OLIVEIRA iz de Di ei o onvocado

"SERVIDOR PÚBLICO CONTRATADO SEM CONCURSO PÚBLICO. NULIDADE DO CONTRATO DE TRABALHO. DIREITO AO LEVANTAMENTO DOS SALDOS DO FGTS. INEXISTÊNCIA. 1. A declaração de nulidade de contrato de trabalho, por inobservância do art. 37, II, da CF/88 (ausência de concurso público), gera efeitos "ex nunc", resultando para o empregado o direito ao recebimento dos salários e dos valores existentes nas contas vinculadas ao FGTS em seu nome. 2. O empregado não concorre diretamente para a prática de ato ilícito cometido pelo empregador, quando o contrata sem concurso público, afrontando o art. 37, II, da CF. 3. Aplicação do princípio da boa-fé e da primazia da realidade. 4. Precedente: Resp. 284.250/GO, Rel. Min. Humberto Gomes de Barros. 5. Recurso improvido" (Resp. n 2 326.676/GO, RECURSO ESPECIAL 2001/0077165-4, Relator Ministro José Delgado, Primeira Turma, DJ de 04.03.2002 - A propósito, no mesmo sentido, Resp. 284.250/GO, DJ de 12.11.2001).

Destarte, também não merecem acolhimentos os argumentos de que as verbas reclamadas não são devidas, porque a contratação não foi regular, pois, ainda que nulo o contrato, tal fato não afeta o direito advindo do trabalho prestado pela primeira recorrente.

Feitas estas considerações, NEGO SEGUIMENTO AOS RECURSOS APELATÓRIOS, por considerá-los em confronto com súmula e com jurisprudência dominante de Tribunal Superior, como prevê o art. 557,

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seus termos. caput, do CPC, mantendo, por conseguinte, a decisão combatida em todos os

Publique-se e intime-se.

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iRtUUNAL UL

Coordeuadoria Judiciária

Repiram

Referências

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