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ESTRATÉGIAS PARA O ENSINO DE ESTEQUIOMETRIA EM UM CONTEXTO DE INCLUSÃO DE SURDOS

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Academic year: 2021

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Especificar a Área do trabalho Educação Inclusiva

ESTRATÉGIAS PARA O ENSINO DE ESTEQUIOMETRIA EM UM

CONTEXTO DE INCLUSÃO DE SURDOS

Jomara Mendes Fernandes1, Ivoni de Freitas Reis2

1,2 Universidade Federal de Juiz de Fora, Instituto de Ciências Exatas, Departamento de Química 1jomarafernandes@yahoo.com.br, 2 ivonireis@gmail.com

Linha de trabalho: Educação Inclusiva Resumo

É necessário estarmos preparados para uma educação de qualidade para todos em uma sala de aula e preocupados, sobretudo, se essa educação está alcançando também ao aluno com necessidades educacionais especiais. Pensando nisso, o objetivo desse trabalho é relatar a aplicação de estratégias de ensino de estequiometria pensadas, primeiramente, para alcançar as peculiaridades de alunos surdos, bem como, visando os demais estudantes presentes em sala de aula. A aplicação das estratégias alcançou um total de quatro alunos surdos e 44 ouvintes de duas turmas de segundo ano do Ensino Médio. O resultado demonstrou ser eficiente a associação da experimentação conjugada a outras atividades visuais para um processo de ensino e avaliação facilitados com surdos incluídos.

Palavras-chave: Ensino; Avaliação; Surdez; Estratégias Visuais. Introdução

Através de uma revisão de literatura sobre concepções alternativas de alunos com relação ao conceito de transformações químicas, Rosa e Schenetzler (1998) apontaram alguns fatores preponderantes, tais como: ser a ideia de continuidade da matéria um obstáculo importante na construção do conceito; o fato das explicações concentrarem-se no nível macroscópico; e a não transferência de aspectos observáveis no nível macroscópico para o nível microscópico que impede que construam modelos explicativos coerentes que se aproximem mais dos modelos científicos. Discorrendo sobre o mesmo tema, Mortimer e Miranda (1995) também apontam a dificuldade dos estudantes com relação ao reconhecimento das entidades que se transformam e as que permanecem constantes durante uma reação química frente ao não uso do raciocínio de conservação da massa.

Todos esses fatores acima mencionados associados ao maciço uso de equações para a representação de reações químicas em detrimento do estudo dos fenômenos envolvidos nas transformações tornam o entendimento dos conceitos relacionados à estequiometria dificultoso, sendo, por este motivo, um dos conteúdos apontados com mais frequência como

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Como professores, também precisamos nos preocupar com a educação dos alunos com necessidades especiais. Hoje, por meio de cumprimentos de leis e regulamentações, é cada vez maior o número de alunos com as mais diversas deficiências matriculados na escola regular (FERNANDES e FREITAS-REIS, 2015). Por mais escassos que possam ser os recursos utilizados para suprir as necessidades e peculiaridades de cada pessoa, a escolha educacional mais apropriada ao aluno constitui um dos aspectos fundamentais da educação especial.

Em se tratando do aluno surdo, é através da experiência visual que ocorre a interação entre esse indivíduo e o meio que o cerca (Campello, 2008). Por isso é desejável que os processos de ensino de alunos com surdez envolvam atividades visuais, de forma a fazer com que esse possa ler imagens e delas extrair significados.

Preocupando-nos com uma educação de qualidade para todos, o nosso objetivo presente é relatar a experiência da aplicação de estratégias visuais de ensino do conteúdo de estequiometria em duas turmas regulares que continham surdos incluídos. Além de apresentar quais as estratégias utilizadas, nossa intenção também é alertar para a necessidade do desenvolvimento e divulgação de estudos semelhantes a fim de dar um respaldo ao professor em sala de aula.

Detalhamento das Atividades

O presente trabalho é um recorte de uma pesquisa de mestrado cujo objetivo maior foi o de desenvolver estratégias de ensino dos conteúdos de balanceamento, de reações químicas e de estequiometria com vistas ao aluno surdo. Aqui, nos deteremos em mostrar apenas quais foram as estratégias utilizadas no desenvolvimento da temática estequiometria, bem como os modelos de avaliação utilizados.

As estratégias foram inicialmente construídas junto a quatro surdos em um grupo de pesquisa ligada à universidade e posteriormente aplicadas em uma turma de segundo ano do Ensino Médio de duas escolas estaduais da cidade de Juiz de Fora. Em cada uma dessas turmas haviam dois surdos matriculados e eram acompanhados por intérpretes. Assim, a aplicação das aulas alcançou um total de 44 alunos ouvintes e quatro alunos surdos.

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Toda a intervenção ocorreu durante seis aulas de aproximadamente 50 minutos cada. As três primeiras aulas foram destinadas ao estudo das transformações químicas e a conservação da massa. Na quarta, quinta e sexta aula foram abordados os conceitos relacionados à estequiometria.

Análise e Discussão

Iniciamos a quarta aula com o intuito de trabalhar a natureza dos componentes que se transformam e as que permanecem constantes durante uma reação. Falamos sobre reagentes limitantes e em excesso utilizando a estratégia de fixar a quantidade de sulfato de cobre e variar a quantidade de palha de aço introduzida em diferentes tubos de ensaio. Conforme os tubos circulavam dentro da sala, no quadro foi trabalhado em nível atômico o rearranjo que ocorre entre os reagentes formando os novos compostos.

Solicitamos a formação de grupo de no máximo quatro alunos e a cada grupo foram distribuídas quantidades pré-determinadas de bolinhas coloridas de isopor. Cada grupo detinha bolinhas suficientes para a montagem de dois aglomerados iônicos de sulfato de cobre, e quantidades variadas (1 a 5) de bolinhas que representavam o “átomo” de ferro. O objetivo era que os alunos simulassem através dos modelos de isopor (Figura 01) o rearranjo ocorrido na reação estudada, levando em conta a existência de excessos de algum componente (ou não), de acordo com a quantidade de material que lhe foi fornecida. Cada grupo também deveria escrever em uma folha (Figura 01) a reação na forma molecular, desenhar os modelos construídos com as bolinhas e ainda indicar quais espécies estavam em excesso.

Figura 01: Simulação feita por alunos da reação. Na segunda imagem, os esquemas foram montados por dois alunos surdos em parceria com mais dois colegas ouvintes. Na terceira, pode-se ver a representação em folha da reação estudada.

Na quinta aula trabalhamos as ideias iniciais dos conceitos de quantidade de matéria, relacionando ao número de mol. Começamos por estimular a imaginação do quão submicroscópicos são os átomos e as moléculas a ponto de serem necessários sextilhões delas

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copos de 200 mL e em cada um pusemos bolinhas de isopor de tamanhos diferentes (Figura 02).

Figura 02: estratégia visual utilizada para estimular a imaginação da possibilidade de haver um número extremamente grande de partículas em um pequeno volume.

Nosso intuito era levá-los a imaginar quão inúmeras seriam as moléculas de água que deveriam haver no copo cheio com água. Passamos agora a falar em quantidades molares. Explicitamos que 1 mol representa aproximadamente 6 x 1023 unidades. Mostrou-se importante o trabalho sobre a matéria ser constituída de partículas submicroscópicas, pois, somente depois de entenderem esse fato, os alunos admitiram que num copo com água existem inúmeras moléculas de água, e não somente uma - como alguns afirmaram inicialmente. Foi proposto ao final que calculassem quantas moléculas de água existiam nos volumes de 10 mL, 200 mL e 500 mL. Os resultados foram agrupados no quadro e discutidos.

Na sexta aula foram aprofundados os conceitos relacionados ao número de mol, sua relação com a massa e quantidade de matéria e a constante de Avogadro. Duas atividades (Figura 03) foram distribuídas aos alunos para desenvolverem individualmente.

Figura 03: Esquema ilustrativo das atividades de ligar conceitos que foram entregues aos alunos. Atividade 1: Ligue corretamente os

quadrados da esquerda com seus respectivos correspondentes à direita:

Atividade 2: Ligue corretamente os quadrados da esquerda com seus respectivos correspondentes à direita:

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Foi satisfatório observar que os alunos surdos conseguiram pensar e executar sozinhos a relação correta que foi pedida. A frequência de acertos dos alunos foi de 93,2%, saindo dessa margem apenas 3 (6,8%) alunos ouvintes do total de 44 alunos, somando as duas turmas, que participaram dessa atividade.

Num momento final, os professores e intérpretes também foram ouvidos e apontaram a necessidade de mais didáticas como essas, pautadas em linguagem visual. Desabafaram quanto às barreiras e os desafios que precisam superar diante da educação dos surdos e reconheceram também a influência que a postura do professor exerce no bom ou mau desenvolvimento da aprendizagem desse aluno.

Considerações

O presente trabalho indica ser viável a possibilidade de se pensar em recursos facilitadores da aprendizagem do surdo e, nesse sentido, a adoção de recursos visuais junto com a experimentação se revela um caminho promissor. É do professor a responsabilidade de efetivar diferentes estratégias em sala de aula, incentivando e mediando a construção do conhecimento através da interação com o aluno surdo e seus colegas. Pellanda (2006, p.181) defende que na inclusão “o fato mais importante é ter a coragem e o empenho para transformar o ideal em realidade, apesar dos desafios e barreiras que surgem no decorrer do caminho”.

Referências

FERNANDES, J. M. FREITAS-REIS, I. Análise das Concepções Adquiridas sobre Balanceamento de Reações Químicas: produção de imagens feitas por alunos Surdos. Atas do X ENPEC, Águas de Lindóia, São Paulo, 2015.

MORTIMER, E. F.; MIRANDA, L. C. Transformações: concepções de estudantes sobre reações químicas. Química Nova na Escola, n.2, 1995.

PELLANDA, C. L. G. Possibilidade de inclusão no sistema público de ensino. In: PAROLIN, I. Aprender a incluir e incluindo para aprender. São José dos Campos: Pulso Editorial, 2006.

PIO, J. M. Visão de alunos do ensino médio sobre dificuldades na aprendizagem de Cálculo Estequiométrico. Monografia (Graduação de Licenciatura em Química) – Faculdade de Educação, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2006.

ROSA, M. I.; SCHNETZLER, R. P. O conceito de transformação química. Química Nova na Escola, n. 8, p. 31-35, 1998.

Referências

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