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EXTINÇÃO DAS SOCIEDADES: A REVISÃO E CERTIFICAÇÃO LEGAL DAS CONTAS.

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EXTINÇÃO DAS SOCIEDADES:

a dissolução e liquidação

das sociedades comerciais,

interacções com o código

de insolvência e recuperação

de empresas, com o código

de processo civil.

A REVISÃO E CERTIFICAÇÃO

LEGAL DAS CONTAS.

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I. Introdução

As alterações ao Código das Sociedades Comerciais (CSC), a introdução do Regime Jurídico dos Procedimentos Administrativos de Dissolução e de Liquidação de Entidades Comerciais (RJPADL), pelo Decreto-Lei n.º 76-A/2006, de 29 de Março e a sua respectiva articulação com as regras constantes do Código de Insolvência e Recuperação de Empresas (CIRE) e com o Código de Processo Civil (CPC), nomeadamente no Capítulo XV – Da Liquidação de Patrimónios, tornam relevante tecer algumas considerações para clarificar o que acontece às sociedades comerciais e às sociedades civis sob a forma comercial, designadas em conjunto por sociedades, nesse ínterim.

As sociedades adquirem personalidade jurídica e existência como tal, a partir data do registo definitivo do contrato pelo que se constituem, sem prejuízo do disposto quanto à constituição de sociedades por fusão, cisão ou transformação de outras (artigo 5.º do CSC).

Após constituírem-se são várias as vicissitudes que as podem afectar até à respectiva extinção: mera alteração do contrato pelo qual se regem, entrada e saída de sócios, aumento e redução do capital social, cisão, fusão, transformação, dissolução e liquidação. As sociedades só deixam de gozar de personalidade jurídica e de existirem como tal, após o registo do encerramento da liquidação (artigo 160, n.º 2 do CSC), sendo a dissolução uma fase necessária e prévia à liquidação.

II. Dissolução das sociedades

As sociedades podem dissolver-se nos casos previstos no contrato ou pacto social e ainda:

a) pelo decurso do prazo fixado no contrato;

b) por deliberação dos sócios, neste caso independentemente de

causa, sendo efeito da mera vontade dos sócios;

c) pela realização completa do objecto contratual; d) pela ilicitude superveniente do objecto contratual;

e) pela declaração de insolvência da sociedade (artigo 141.º, n.º 1 do

CSC), casos que se designam de “dissolução imediata”. Neste caso a sociedade considerar-se-á dissolvida após o trânsito em julgado da sentença que declare a sociedade insolvente.

A verificação dos factos referidos em a), c) e d), permite aos sócios deliberar o reconhecimento da dissolução, por maioria simples dos

votos produzidos na assembleia geral ou, ainda, a qualquer sócio

promover a justificação notarial, nos termos do artigo 94.º e seguintes do Código do Notariado (CN) ou o procedimento simplificado de justificação, previsto no artigo 79.º-A do Código de Registo Comercial (CRCom). Estes são meios que a lei confere para tornar certa a dissolução, sem contudo prejudicar a eficácia imediata das referidas causas1. Contudo, não é obrigatório que os sócios e as demais pessoas

com legitimidade nos termos do n.º 2 do artigo 141.º do CSC utilizem esses meios, “nada impedindo que os órgãos da sociedade e os sócios

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procedam em consonância com a situação de sociedade dissolvida, criada por força da causa de dissolução imediata2. Assim ainda que

os sócios recorram aos meios de reconhecimento de dissolução, a sua eficácia ou o momento da dissolução ocorre com a verificação da causa. A deliberação dos sócios, a reconhecer uma destas causas de dissolução, não é semelhante à acima referida dissolução por deliberação dos sócios, a qual é em si a causa de dissolução e que está sujeita a diferentes maiorias, consoante o tipo de sociedade, o que veremos mais adiante.

Pode ainda ser requerida pelas sociedades, pelos respectivos sócios, pelos credores das sociedades ou pelos credores dos sócios a

dissolução administrativa das mesmas, ficando sujeita a

procedimento próprio, com fundamento em facto previsto na lei e quando:

a) por período superior a um ano, o número de sócios for inferior

ao mínimo exigido por lei, sem prejuízo das excepções previstas no CSC;

b) a actividade que constitui o objecto comercial se torne de facto

impossível;

c) a sociedade não tenha exercido qualquer actividade durante

dois anos consecutivos;

d) a sociedade exerça de facto uma actividade não compreendida

no objecto contratual, (artigo 142.º, n.º1 do CSC).

A ocorrência de qualquer um dos referidos fundamentos permite que os sócios deliberem, por maioria absoluta dos votos expressos

em assembleia geral, a dissolução da sociedade, considerando-se

a sociedade dissolvida na data da deliberação ou se a deliberação for impugnada, na data do trânsito em julgado da sentença (artigo 142.º, n.º3 e 4 do CSC). Seguindo-se o procedimento de dissolução administrativa, o qual é regulado em diploma próprio (RJPADL) é lavrado oficiosamente o registo da pendência da dissolução, reportando-se a este momento os efeitos dos registos que venham a ser lavrados na sequência do procedimento (artigo 6.º, n.º1 do RJPADL) e lavrando-se oficiosamente registo da dissolução quando a decisão de declaração de dissolução se torne definitiva (por já não ser possível a sua impugnação judicial - prazo de dez dias após a notificação da decisão), como determinam os artigos12.º e 13.º do RJPADL. Também esta deliberação dos sócios não se deve confundir com a deliberação causa imediata de dissolução, a qual está sujeita a diferentes maiorias, consoante o tipo societário.

Esquematiza-se as maiorias exigidas para as diferentes deliberações de dissolução das sociedades, no quadro que se segue:

DIREITO

O serviço de registo competente pode ainda instaurar oficiosamente

procedimento administrativo de dissolução, caso ainda não tenha

sido iniciado voluntariamente pelos interessados, nas seguintes circunstâncias:

a) durante dois anos consecutivos, a sociedade não tenha procedido

ao depósito dos documentos de prestação de contas e a administração tributária tenha comunicado ao serviço de registo competente a omissão de entrega da declaração fiscal de rendimentos pelo mesmo período;

b) a administração tributária tenha comunicado ao serviço de

registo competente a ausência de actividade efectiva da sociedade, verificada nos termos previstos na legislação tributária;

c) a administração tributária tenha comunicado ao serviço de

registo competente a declaração oficiosa de declaração da cessação de actividade, nos termos previstos na legislação tributária. Por “actividade efectiva” deve entender-se a actividade económica que é ou pode ser objecto da sociedade, aferida através do seu

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objecto social, não sendo de excluir a actividade que constitua objecto de facto. O cumprimento de obrigações legais (eleição de gerentes ou administradores, elaboração de balanço, apresentação de contas, pagamento de impostos) não permite necessariamente concluir que a sociedade se mantém activa.3

O artigo 83.º do Código de Processo e Procedimento Tributário (CPPT) prevê que no caso de sociedades, cuja declaração de rendimentos evidencie que não desenvolveram actividade efectiva por um período de dois anos a administração tributária comunica tal facto à conservatória de registo competente, com vista para efeitos de instauração do procedimento administrativo oficioso. E o n.º3 do referido artigo acrescenta que não se considera exercício da actividade a mera emissão directa ou indirecta de facturas a utilizar por terceiros, sem que a causa da emissão tenha sido qualquer operação económica comprovada.

Além das causas acima referidas, comuns a todo o tipo de sociedades, existem ainda causas especiais para os diferentes tipos de sociedade: - o artigo 195.º do CSC prevê que as sociedades em nome colectivo podem ser dissolvidas: i. a requerimento do sucessor do sócio falecido, se a liquidação da parte social não puder efectuar-se por for força do disposto no artigo 188.º, n.º 1 do CSC; ii. a requerimento do sócio que pretenda exonerar-se com fundamento no artigo 185.º, n.º2, alínea a) e alínea b), se a parte social não puder ser liquidada por força do disposto no artigo 188.º, n.º1 do CSC. Na redacção do preceito, anterior à alteração sofrida com o Decreto-Lei n.º 76-A/2006, de 29 de Março, o corpo do artigo previa que “Além dos casos previstos na

lei, a sociedade pode ser dissolvida judicialmente”, passando na actual redacção a referir apenas a dissolução. Apesar de não o dizer expressamente, pelo procedimento da dissolução (a requerimento de um dos sócios) ter-se-á que concluir que se trata de “dissolução administrativa”.

- o n.º 3 do artigo 464.º do CSC preceitua que as sociedades anónimas podem ser dissolvidas por via administrativa quando, por período superior a um ano, o número de accionistas for inferior ao mínimo exigido por lei, podendo dentro deste prazo de um ano qualquer accionista requerer ao tribunal a concessão de um prazo razoável a fim de regularizar a situação, suspendendo-se entretanto a dissolução da sociedade, o que corresponde, assim, ao disposto na alínea a) do n.º1 do artigo 142.º do CSC.

- o n.º 2 do artigo 473.º do CSC prescreve como fundamento especial de dissolução das sociedades em comandita o desaparecimento de todos os sócios comanditados ou de todos os sócios comanditários, sendo que neste último caso a sociedade pode ser dissolvida por via administrativa (artigo 473.º, n.º3 do CSC). A sociedade dissolve-se imediatamente, se faltarem todos os sócios comanditados e a situação não se regularizar nos 90 dias seguintes (artigo 473.º, n.º4 do CSC).

A dissolução de sociedades não depende de forma especial nos casos em que tenha sido deliberada pela assembleia geral, em que para proceder à inscrição da dissolução no serviço registo comercial basta apresentar a acta da deliberação, com as formalidades previstas no artigo 63.º do CSC (cfr. artigo 145.º, n.º1 do CSC).

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As outras formas de dissolução criam um título para efeitos de registo: a decisão do conservador no âmbito do procedimento oficioso de dissolução, seja voluntário ou oficioso, a decisão do conservador ou do notário no âmbito do procedimento simplificado de justificação ou justificação notarial, respectivamente. Antes das alterações introduzidas pelo Decreto-Lei n.º 76-A/2006, de 29 de Março, as sociedades só se dissolviam por escritura pública ou sentença. Como acima se frisou a sociedade dissolvida, independentemente das causas ou formas de dissolução e salvo disposição legal em contrário, entra imediatamente em liquidação (artigo 146.º, n.º1 do CSC), e sendo a dissolução promovida oficiosamente, a liquidação será igualmente promovida por via oficiosa (artigo 146.º, n.º6 do CSC). Assim e antes de atentarmos na liquidação das sociedades, “a dissolução, como facto pelo qual se determina a cessação da existência da sociedade, traduz-se num processo progressivo de extinção que culmina com a aprovação das contas finais”, ou seja, aquando do encerramento da liquidação. (Parecer do Conselho Técnico da Direcção Geral dos Registos e Notariado, de 19 de Dezembro de 1986: Boletim dos Registos e Notariado, n.º 20, pág. 7, e Rev. Not., 1987/2.º-300).

III. Liquidação de sociedades

A partir da dissolução, à firma das sociedades deve ser aditada a menção “sociedade em liquidação” ou “em liquidação” (artigo 146.º, n.º 3 do CSC).

A sociedade em liquidação mantém a personalidade jurídica, nos termos da doutrina dominante, sem qualquer restrição de âmbito e continuam a ser-lhe aplicáveis, com as necessárias adaptações, as disposições que regem as sociedades não dissolvidas (artigo 146, n.º 2 do CSC).

A liquidação pode ser voluntária, administrativa ou judicial. A liquidação judicial tanto pode ocorrer no âmbito de um processo de insolvência, em que se rege pelo CIRE, como no âmbito de processo civil, em que se rege pelos artigos 1122.º a 1130.º do CPC, conforme dispõe a parte final do n.º1 do artigo 146.º do CSC. Ressalva-se que na lei a designação de liquidação judicial abrange apenas a liquidação prevista no CPC, contudo, na presente exposição, para diferenciar das demais formas de liquidação e porque corre igualmente junto dos tribunais, esta designação abrange também a liquidação no decurso de um processo de insolvência.

III. A) LIQUIDAÇÃO VOLUNTÁRIA

A liquidação voluntária de uma sociedade encontra-se regulada no CSC (com excepção da extinção imediata que se encontra prevista no RJPADL) e pode obedecer a uma das seguintes formas:

i. Extinção imediata (sem activo, nem passivo);

ii. Dissolução e liquidação simultâneas (sem activo, nem passivo); iii. Dissolução e liquidação com partilha imediata (com activo e sem

passivo);

iv. Dissolução com transmissão global (com ou sem activo e com

ou sem passivo);

v. Dissolução com entrada em liquidação (com passivo ou com

passivo e activo).

A extinção imediata encontra-se prevista no artigo 27.º e seguintes do RJPADL e pode ser requerida junto dos serviços de registo competentes, desde que se verifiquem cumulativamente os

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seguintes requisitos: deliberação unânime dos sócios e inexistência de activo ou passivo a liquidar.

A dissolução e liquidação simultâneas tem como pressuposto igualmente a inexistência quer se activo, quer de passivo e difere da extinção imediata, na medida em que exige apenas a maioria qualificada específica para cada tipo societário, conforme quadro supra. Assim é uma via para os casos em que os sócios não chegam a uma deliberação unânime e num único acto procede-se à extinção da sociedade.

A dissolução com partilha imediata encontra-se prevista no artigo 147.º do CSC e constitui uma opção nos casos em que a sociedade tem património para partilhar e não tem passivo, caso em que aquando da dissolução os sócios podem proceder à partilha, liquidando assim o património e fazendo extinguir a sociedade.

A dissolução com transmissão global de património é outra via para os sócios procederem à extinção imediata da sociedade. Neste caso todo o património, activo e passivo, é transmitido para algum ou alguns sócios e depende do acordo escrito de todos os credores da sociedade (artigo 148.º, n.º1 do CSC). Pode ocorrer com ou sem passivo, nos termos do disposto na 1.ª parte do n.º1 artigo 147.º, e com ou sem património, se bem que nesse caso não teria interesse para nenhum dos sócios.

A dissolução com entrada em liquidação pressupõe que a sociedade tenha passivo, podendo ter ou não activo, sendo nomeado um liquidatário para desenvolver as operações necessárias para saldar o passivo.

III. B) REVISÃO E CERTIFICAÇÃO LEGAL DAS CONTAS

- O PAPEL DO REVISOR OFICIAL DE CONTAS

Preliminarmente à liquidação voluntária devem ser organizados e aprovados, nos termos do CSC, os documentos de prestação de contas da sociedade, reportados à data da dissolução (artigo 149, n.º 1 CSC), nos quais, por maioria de razão, se tem que incluir todos os documentos previstos para o respectivo tipo societário, o que significa nas sociedades anónimas e por quotas sujeitas a revisão legal das contas, a certificação legal das contas. A liquidação deve estar encerrada e a partilha aprovada no prazo máximo de três anos, com prorrogação máxima por um ano (artigo 150.º do CSC). A sociedade considera-se extinta (momento em que perde a personalidade jurídica) com o registo do encerramento da liquidação (artigo 160.º, n.º2 do CSC). Na falta de cláusula contratual ou deliberação em contrário, os membros da administração (ou gerência) da sociedade passam a ser liquidatários a partir do momento em que a mesma se considere dissolvida (artigo 151.º, n.º 1 do CSC). Do regime exposto resulta que durante um período máximo de três anos, principalmente nos casos de dissolução com entrada em liquidação, as sociedades comerciais podem estar em liquidação, que se traduz numa situação entre a dissolução e a extinção da sociedade, implicando a realização de um conjunto de operações, perpetradas, em regra, pela anterior administração ou gerência, tendentes, em síntese, a pagar o passivo e a atribuir aos sócios o restante património. Pode, ainda, o liquidatário, com autorização dos sócios, continuar temporariamente a actividade anterior da sociedade (artigo 152.º, n.º 2 al. a) do CSC).

Além de pelo disposto no n.º 2 do artigo 146.º do CSC as sociedades em liquidação continuarem sujeitas às disposições que regem as

sociedades não dissolvidas, relativamente à prestação de contas, prevê o artigo 155.º do CSC que os liquidatários devem prestar, nos três primeiros meses de cada ano civil, contas da liquidação. Os documentos de prestação de contas devem ser organizados, apreciados e aprovados nos termos prescritos para os documentos de prestação de contas da administração com as necessárias adaptações (artigo 155.º, n.º 2, com referência aos artigos 451.º, 452.º, 453.º e 455.º, todos do CSC). No Comentário ao Código das Sociedades Comerciais, Dissolução e Liquidação de Sociedades, Raúl Ventura, Almedina, na anotação ao referido artigo 155.º é referido que “ As contas [prestadas pelo liquidatário] hão-de reflectir as actividades efectivamente desenvolvidas pelo liquidatário no ano anterior. Mantém-se a fiscalização das contas pelo conselho fiscal ou por revisor oficial de contas, conforme anteriormente acontecia para a mesma sociedade”.

Esta ilação é suportada, não só pela conjugação dos mencionados n.º 2 do artigo 146. e artigo 155.º, ambos do CSC, mas também pela expressa referência nos n.º 3 e 4 do artigo 151.º do CSC aos poderes do conselho fiscal (ou fiscal único) quanto à destituição e nomeação de liquidatário, afastando qualquer dúvida quanto à manutenção em funções dos membros dos órgãos de fiscalização, após a dissolução da sociedade.

III. C) Conclusão:

Assim, a conclusão relativamente às sociedades em liquidação voluntária é de que até ao registo do encerramento da liquidação, ou seja, da sua extinção, estarão sujeitas a revisão e certificação legal das contas.

IV. Liquidação por via

administrativa

Tal como na dissolução, também a liquidação por via administrativa pode ser voluntária ou oficiosa. A liquidação administrativa

voluntária ocorre nos casos em que os sócios, as sociedades, os

credores, entre outros, a requerem (artigo 15.º, n.º1 do RJPADL) em simultâneo ou não com a dissolução. No caso em que a dissolução tenha sido declarada em procedimento administrativo de dissolução voluntário, o pedido de liquidação considera-se efectuado no requerimento de dissolução (artigos15.º, n.º 4 do RJPADL). O procedimento administrativo de dissolução das sociedades

comerciais (ou liquidação administrativa oficiosa) é instaurado oficiosamente pelo conservador, nomeando um ou mais liquidatários,

nos casos seguintes:

a) a dissolução tenha sido declarada em procedimento administrativo

de dissolução instaurado oficiosamente pelo conservador (artigo 15, n.º 5, al. a) do RJPADL e 146.º, n.º 6 do CSC);

b) decurso dos prazos previstos no artigo 150.º do CSC para a duração

da liquidação, sem que tenha sido requerido o respectivo registo de encerramento (artigo 15, n.º5, al. b) do RJPADL e 150.º, n.º 3 do CSC);

c) o tribunal tenha decidido o encerramento de um processo de

insolvência por insuficiência da massa insolvente e tenha comunicado esse encerramento ao serviço de registo competente (artigo 15.º, n.º5, al. g) e 234.º, n.º4 do CIRE). Neste caso não serão praticados

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O conservador fixa o prazo para a liquidação, que não pode exceder um ano, prorrogável por idêntico prazo apenas uma vez, desde que devidamente justificada a demora (artigo 18.º, n.º 7 e 8 do RJPADL). Diferentemente da previsão para a liquidação voluntária, regulada no CSC, o RJPADL só prevê a prestação de contas finais, acompanhadas do projecto da partilha, a apresentar no prazo de 30 dias após efectuada a liquidação total. Esta é a prestação de contas global e final relativa às operações da liquidação, que no nosso entendimento, por falta de previsão específica, não estará sujeita a certificação legal das contas. Não existe qualquer disposição relativamente à prestação das contas anuais da sociedade em liquidação administrativa, o que se coaduna coma ao prazo máximo (um ano) concedido para o efeito.

V. Liquidação Judicial

V. A) SOCIEDADES EM SITUAÇÃO DE INSOLVÊNCIA –

REVISÃO E CERTIFICAÇÃO LEGAL DAS CONTAS

A declaração de insolvência de uma sociedade comercial, determina a sua dissolução, como prescreve a al. e) do n.º 1 do artigo 141.º do CSC. O que nos termos do acima referido deveria determinar a imediata entrada em liquidação, com a consequente aplicação dos normativos acima referidos. Contudo, o n.º 1 do artigo 146.º do CSC prevê a aplicação, nos casos de insolvência, da respectiva lei de processo, ou seja, o CIRE, o qual por ser especial prevalecerá sobre a lei geral.

Nos termos do artigo 81.º do CIRE a declaração de insolvência priva imediatamente a sociedade insolvente, por si ou pelos seus administradores ou gerentes, dos poderes de administração e de disposição dos bens integrantes da massa insolvente, que passam a competir ao administrador de insolvência. Ao administrador de insolvência compete assim preparar o pagamento das dívidas do insolvente à custa das quantias em dinheiro existentes na massa insolvente, o que passa normalmente pela liquidação do património; prover, no entretanto, à conservação e frutificação dos direitos do insolvente e à continuação da exploração da empresa, se for o caso, evitando quanto possível o agravamento da sua situação económica (artigo 55.º, n.º 1 do CIRE). As funções do administrador da insolvência são semelhantes à dos liquidatários. O artigo 61.º do CIRE prevê a obrigação de o administrador de insolvência prestar informação trimestral sobre o estado da administração e liquidação, tendo que prestar contas da sua actuação dentro dos dez dias subsequentes à cessação de funções e sempre que o juiz o determine (artigo 62.º, n.º 1 e 2 do CIRE). As referidas contas são elaboradas em forma de conta corrente, com um resumo de toda a receita e despesa destinado a retratar sucintamente a situação da massa insolvente (artigo 62.º, n.º 3 do CIRE). Não obstante, a prestação de contas referente à actuação do administrador de insolvência, a sociedade insolvente é também obrigada a prestar contas anuais, nos termos que lhe foram legalmente obrigatórios (artigo 65.º do CIRE).

A prestação de contas de sociedades comerciais sujeitas à revisão legal das contas (sociedades anónimas e sociedades por quotas que tenham órgão de fiscalização ou que ultrapassem os limites do artigo 262.º, n.º 2 do CSC), antes da sua dissolução, obriga à inclusão da certificação legal das contas e se tiver órgão de fiscalização do parecer deste órgão. A remissão do artigo 65.º do CIRE para os termos legalmente obrigatórios ter-se-á que entender para este regime. actos de liquidação e partilha, não sendo necessária a nomeação de

liquidatário, pois se o Conservador constatar que inexiste património para suportar os encargos com o procedimento administrativo de liquidação, declara imediatamente o encerramento da liquidação, que conduz à extinção da sociedade (artigo 26.º do RJPADL).

IV. A) REVISÃO E CERTIFICAÇÃO LEGAL DAS CONTAS

- O PAPEL DO REVISOR OFICIAL DE CONTAS

Na liquidação administrativa voluntária o conservador nomeia os liquidatários que lhe tenham sido indicados pela entidade comercial e na falta desta indicação ou nos casos em que tal lhe compita (liquidação administrativa oficiosa) nomeia um ou mais liquidatários de reconhecida capacidade técnica e idoneidade para o cargo. Se o liquidatário não for revisor oficial de contas (ROC) ou sociedade de revisores oficiais de contas (SROC) o conservador pode designar como perito, uma de tais entidades, com base em indicação da Ordem dos Revisores Oficiais de Contas (artigo 18.º, n.º 3 do RJPADL).

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Contudo, a natureza da insolvência é avessa a essa ideia, já que se traduz numa situação em que o passivo é superior ao activo, pelo que mais despesa significa o consequente aumento do passivo. Em conformidade, prevê o artigo 82.º do CIRE a manutenção em funções dos membros dos órgãos sociais após a declaração de insolvência, se bem que perdendo o direito à remuneração, sendo-lhes, por essa razão, conferido o direito de renunciar ao cargo. Por outro lado, nas situações em que o ROC não integra o órgão de fiscalização pode ter aplicação o disposto nos artigos 110.º e 111.º do CIRE e portanto justificada, por qualquer das partes, a denuncia antecipada do respectivo contrato.

Estes normativos apontam para uma situação consentânea com a situação de insolvência, em que se visa reduzir ao mínimo os gastos no período que medeia entre a declaração de insolvência e a extinção da entidade (após o rateio final – artigo 234.º, n.º 3 do CIRE). Não se é alheio ao facto de o desfecho da sociedade declarada insolvente, além da sua extinção pela liquidação do património, poder ser o regresso à actividade, com a aprovação de um plano de insolvência (artigo 234.º, n.º 1 do CIRE), ou o encerramento do processo de insolvência por insuficiência da massa insolvente, em que a liquidação da sociedade prossegue nos termos do RJPADL, devendo o juiz comunicar o encerramento e o património da sociedade ao serviço de registo competente (artigo 234.º, n.º 4 do CIRE).

V. A) - 1 CONCLUSÃO:

Assim, por que o artigo 65º do CIRE é geral e de aplicação a todas as sociedades declaradas insolventes, independente do respectivo desfecho, formalmente estarão sujeitas a revisão e consequente certificação legal das contas, embora de acordo com os normativos anteriormente referidos possa não fazer sentido, por contrariar o objectivo da insolvência, e por na prática poder revelar-se de difícil aplicação.

V. B) LIQUIDAÇÃO JUDICIAL DE SOCIEDADES STRICTO

SENSU, PREVISTA NOS ARTIGOS 1122.º A 1130 DO

CPC E A REVISÃO E CERTIFICAÇÃO LEGAL DAS CONTAS

Antes da entrada em vigor do Decreto-Lei nº 76/2006, de 29 de Março a liquidação era um processo voluntário e só seria judicial se houvesse uma manifestação de vontade nesse sentido, mormente por desentendimento dos sócios quanto à forma da partilha, a concretização de um dos factos previstos na lei para o efeito ou a respectiva previsão no pacto social.

O processo judicial de liquidação era obrigatório nos dois casos seguintes:

a) a liquidação não estar encerrada e a partilha não estar terminada

nos prazos previstos no artigo 150.º do CSC;

b) ser declarado nulo ou anulado o contrato de sociedade, nos termos

constantes do artigo 165.º do CSC.

Assim, com a entrada em vigor do supra referido Decreto-Lei a obrigatoriedade do processo judicial de liquidação de sociedades ficou restringido aos casos em que os contratos ou pactos sociais são declarados nulos ou anulados, já que no caso de a partilha não estar encerrada e a partilha terminada nos prazos previstos no artigo 150.º do CSC, o que se aplica é o procedimento administrativo oficioso de dissolução e não o processo judicial.

Na liquidação judicial os liquidatários, designados pelo juiz, têm trinta dias após a realização da liquidação total para apresentar as contas e o projecto de partilha do activo restante, como dispõe o n.º 1 do artigo 1126.º do CPC. Esta disposição é semelhante à constante do n.º 1 do artigo 157.º do CSC, relativa à liquidação voluntária. Nos termos do n.º 1 do artigo 146.º do CSC, as sociedades em liquidação regem-se pelo disposto nos artigos 146.º a 165.º do CSC e também, no caso de liquidação judicial, pelo disposto nas leis do processo. Assim, em tudo o que não se encontre previste e que não contrarie o regime especial de liquidação judicial aplicar-se-ão as referidas disposições legais. Isto significa que os argumentos e ilações extraídas nos prévios pontos III. B) e III.C) têm aqui adequação.

1 in Dissolução e Liquidação de Sociedades, Comentário ao Código das Sociedades Comerciais, Raúl Ventura, Almedina, Edição1993, página 42.

2 in obra citada , página 42, Raúl Ventura.

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