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Mapeamento de fatores complexos na indústria da construção civil: taxonomia e proposição de diretrizes para mitigar o impacto na saúde, segurança e bem-estar dos trabalhadores

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

LABORATÓRIO DE TECNOLOGIA, GESTÃO DE NEGÓCIOS E MEIO AMBIENTE MESTRADO PROFISSIONAL EM SISTEMAS DE GESTÃO

IGOR PETRA CHAVES SÁ

MAPEAMENTO DE FATORES COMPLEXOS NA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL:

Taxonomia e proposição de diretrizes para mitigar o impacto na saúde, segurança e bem-estar dos trabalhadores

Orientador(es)

Prof. Dr. Gilson Brito Alves Lima

Prof. Dr. Rodrigo Goyannes Gusmão Caiado

Niterói 2020

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

LABORATÓRIO DE TECNOLOGIA, GESTÃO DE NEGÓCIOS E MEIO AMBIENTE MESTRADO PROFISSIONAL EM SISTEMAS DE GESTÃO

IGOR PETRA CHAVES SÁ

MAPEAMENTO DE FATORES COMPLEXOS NA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL:

Taxonomia e proposição de diretrizes para mitigar o impacto na saúde, segurança e bem-estar dos trabalhadores.

.

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado em Sistemas de Gestão da Universidade Federal Fluminense como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre em Sistemas de Gestão. Área de Concentração: Organizações

e Estratégia. Linha de Pesquisa: Sistema de

Gestão pela Qualidade Total

Orientador(es)

Prof. Dr. Gilson Brito Alves Lima

Prof. Dr. Rodrigo Goyannes Gusmão Caiado

Niterói 2020

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Bibliotecário responsável: Sandra Lopes Coelho - CRB7/3389

CIVIL : Taxonomia e proposição de diretrizes para mitigar o impacto na saúde, segurança e bem-estar dos trabalhadores / Igor Petra Chaves Sá ; Gilson Brito Alves Lima Lima,

orientador ; Rodrigo Goyannes Gusmão Caiado, coorientador. Niterói, 2020.

118 f. : il.

Dissertação (mestrado profissional)-Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2020.

DOI: http://dx.doi.org/10.22409/PSG.2020.mp.11247477703 1. Construção Civil. 2. Fatores Complexos. 3. Saúde, segurança e bem-estar dos trabalhadores. 4. Taxonomia. 5. Produção intelectual. I. Lima, Gilson Brito Alves Lima, orientador. II. Caiado, Rodrigo Goyannes Gusmão,

coorientador. III. Universidade Federal Fluminense. Escola de Engenharia. IV. Título.

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-IGOR PETRA CHAVES SÁ

MAPEAMENTO DE FATORES COMPLEXOS NA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL:

Taxonomia e proposição de diretrizes para mitigar o impacto na saúde, segurança e bem-estar dos trabalhadores

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado em Sistemas de Gestão da Universidade Federal Fluminense como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre em Sistemas de Gestão. Área de Concentração: Organizações

e Estratégia. Linha de Pesquisa: Sistema de

Gestão pela Qualidade Total

Aprovado em: 30 / 01 / 2020

BANCA EXAMINADORA

____________________________________________________ Prof. Dr. Gilson Brito Alves Lima – Orientador

____________________________________________________ Prof. Dr. Rodrigo Goyannes Gusmão Caiado – Co-orientador

____________________________________________________ Prof. Dr. Marcelo Jasmin Meiriño

___________________________________________________ Prof(a). Dr. Marlene Bezerra

Niterói 2020

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente, toda a minha gratidão é dada a Deus, a Ele seja dada toda a honra e toda a glória, pois tenho a total certeza de que todo o meu sustento e forças para qualquer caminho a ser trilhado vêm D’Ele. Sem a sua intervenção eu nada seria, e muito menos concluiria essa participação e amadurecimento tanto intelectual como humano.

A minha mãe Selma Petra Chaves Sá, que me incentivou ao mestrado e sempre esteve prontamente disposta a qualquer ajuda durante as aulas e neste trabalho e ao meu pai José Waldson Santos Sá que me ensinou tudo sobre a função que ocupo atualmente na empresa, me ensinando desde novo sobre a engenharia e a construção civil, estes não mediram esforços para me ajudar a levar em frente os meus estudos e me ensinar quais são os caminhos que darão dignidade a um ser humano.

Ao meu orientador Gilson Brito Alves Lima, pela dedicação, paciência e mesmo nas horas que nem eu mesmo me achava capaz, esteve me apoiando, corrigindo e dando o máximo de si para que eu pudesse ter confiança de dar o máximo de mim.

Ao meu co-orientador Rodrigo Caiado que acompanhou todo o processo da execução desta dissertação se propondo a dispor do seu tempo e da sua colaboração intelectual durante todo o tempo.

Aos colegas de trabalho que se propuseram a responder aos questionários a fim de dar validade a presente pesquisa e de modificar o meio da construção civil, confiando na seriedade das questões aqui expostas.

À Universidade Federal Fluminense, aos professores do Mestrado Profissional em Sistemas de Gestão e a equipe da secretaria do LATEC/UFF, que sempre se mostraram solícitos para auxiliar em todas as circunstâncias.

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RESUMO

A estrutura dos projetos de construção civil caracteriza-se como complexa pelo envolvimento de várias atividades separadas e diversificadas por um determinado período de tempo, com isso, é necessária a criação de uma estrutura multi-organizacional temporária para o gerenciamento destes. Diante deste sistema complexo de multitarefas simultâneas, a necessidade de proteger os colaboradores começou a ser observada, levando em conta o ponto de vista social, a fim de se obter melhorias e evitar a perda de recursos humanos. Nesse contexto, verificou-se uma lacuna essencial a ser respondida, visto que a identificação desses fatores complexos leva à possibilidade de propor uma estratégia, a fim de atenuar a influência dos mesmos na saúde, bem-estar e segurança dos trabalhadores. O objetivo dessa dissertação é fazer o mapeamento dos fatores influenciadores da complexidade no setor de Construção Civil, destacando os fatores mais relevantes para a saúde, a segurança e o bem-estar dos trabalhadores e propor uma sistemática para tratar a complexidade deste sistema. No aspecto metodológico, foi realizado um levantamento na literatura sobre os fatores responsáveis pela complexidade na construção civil. De posse destes, identificou-se que havia convergência entre os fatores, com isso, foi feita uma taxonomia a fim de levantar os mais relevantes para a área estudada. Através da taxonomia, foram então encontrados 9 fatores mais relevantes para a área da construção civil, os quais fizeram parte de um questionário a fim de formatar uma pesquisa exploratória, o qual foi enviado a um grupo de especialistas das áreas de engenharia, saúde e segurança do trabalho. Após o resultado da pesquisa com especialistas, buscou-se assim verificar quais fatores têm maior relevância para os envolvidos para propor ações para mitigar a influência desses fatores na vida dos trabalhadores. A pesquisa pode ser classificada como aplicada, exploratória, suportada por análise quali-quantitativa para descrição das situações identificadas através do resultado de entrevistas. Como resultado, foram encontrados os fatores responsáveis pela complexidade na construção civil, encontrados os mais relevantes por meio de uma taxonomia, verificaram-se os mais importantes de acordo com o ponto de vista de especialistas em relação à saúde, segurança e bem estar do trabalhador e foram propostas diretrizes para a mitigação de alguns fatores complexos nos projetos de construção civil. Portanto, espera-se despertar o interesse de gestores da Indústria da Construção Civil para os fatores de complexidade levantados, bem como mostrar a importância da elaboração de um plano de ação a ser implementado a fim de mitigar situações inseguras.

Palavras Chaves: Construção civil. Segurança do trabalho. Saúde. Bem-estar.

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ABSTRACT

The structure of civil construction projects is characterized as complex due to the involvement of several activities that are separate and diversified for a certain period of time, therefore, it is necessary to create a temporary multi-organizational structure for their management. In view of this complex system of simultaneous multitasking, the need to protect employees began to be observed, taking into account the social point of view, in order to obtain improvements and avoid the loss of human resources. In this context, there was an essential gap to be answered, since the identification of these complex factors leads to the possibility of proposing a strategy in order to mitigate their influence on the health, well-being and safety of workers. The purpose of this dissertation is to map the factors that influence complexity in the Civil Construction sector, highlighting the most relevant factors for the health, safety and well-being of workers and propose a system to address the complexity of this system. In the methodological aspect, a survey was carried out in the literature on the factors responsible for the complexity in civil construction. In their possession, it was identified that there was convergence between the factors, with that a taxonomy was made in order to raise the most relevant for the studied area. Through taxonomy, 9 factors were found that were most relevant to the area of civil construction, which were part of a questionnaire in order to format an exploratory survey, which was sent to a group of specialists in the areas of engineering, health and safety of work. After the result of the survey with specialists, it was sought to verify which factors are most relevant for those involved to propose actions to mitigate the influence of these factors in the lives of workers. The research can be classified as applied, exploratory, supported by qualitative and quantitative analysis to describe the situations identified through the result of interviews. As a result, the factors responsible for the complexity in civil construction were found, the most relevant ones found through a taxonomy, the most important ones were verified according to the point of view of specialists in relation to the health, safety and well-being of the worker and proposed guidelines for the mitigation of some complex factors in civil construction projects. Therefore, it is expected to awaken the interest of managers in the Civil Construction Industry to the complexity factors raised as well as to show the importance of developing an action plan to be implemented in order to mitigate unsafe situations.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Mapa do referencial teórico ... 22

Figura 2 - Conjunto de processos de uma empresa construtora ... 25

Figura 3 - Diagrama de complexidade ... 33

Figura 4 - Estrutura lógica da sistemática de mapeamento ... 57

Figura 5 - Roteiro estruturado ... 59

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Índice de acidentes na indústria ... 28

Gráfico 2 - Taxa de desemprego no Brasil ... 29

Gráfico 3 - PIB Brasil x PIB Construção civil ... 30

Gráfico 4 - Número de artigos encontrados por base ... 43

Gráfico 5 - Número de artigos Publicados por ano ... 44

Gráfico 6 - Número de artigos Publicados por área ... 44

Gráfico 7 - Experiência profissional dos respondentes ... 63

Gráfico 8 - Escolaridade dos respondentes... 63

Gráfico 9 - Grau de definição de metas na avaliação dos respondentes ... 64

Gráfico 10 - Grau de definição de metas na avaliação dos respondentes ... 64

Gráfico 11 - A interdependência dos elementos da construção civil na avaliação dos respondentes ... 65

Gráfico 12 - Quantidade de resposta x grau de influência ... 65

Gráfico 13 - As novidades de mercado e novas tecnologias na avaliação dos respondentes ... 66

Gráfico 14 - Quantidade de resposta x grau de influência ... 67

Gráfico 15-A falta de conhecimento dos processos na avaliação dos respondentes 67 Gráfico 16 - Quantidade de resposta x grau de influência ... 68

Gráfico 17 - A quantidade de normas e diferentes padrões na avaliação dos respondentes ... 69

Gráfico 18 - Quantidade de resposta x grau de influência ... 69

Gráfico 19 - O número de atividades acontecendo ao mesmo tempo no canteiro na avaliação dos respondentes ... 70

Gráfico 20 - Quantidade de resposta x grau de influência ... 70

Gráfico 21 - A influência da política / setor público nas obras na avaliação dos respondentes ... 71

Gráfico 22 - Quantidade de resposta x grau de influência ... 72

Gráfico 23 - A burocracia aplicada à área da construção civil na avaliação dos respondentes ... 72

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Gráfico 25 - A burocracia aplicada à área da construção civil na avaliação dos respondentes ... 74 Gráfico 26 - Quantidade de resposta x grau de influência ... 74

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Quadro resumo das áreas de influência segundo os especialistas ... 75 Tabela 2 – Fatores mais relevantes segundo os especialistas ... 76

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Problema de pesquisa ... 18

Quadro 2 – Tipos de complexidade do projeto ... 34

Quadro 3 – Quadro resumo das etapas de pesquisa ... 37

Quadro 4 – Características deste estudo ... 40

Quadro 5 – Eixos de pesquisa ... 41

Quadro 6 – Critérios de seleção para a revisão sistemática ... 41

Quadro 7 – Citações x fator complexo ... 52

Quadro 8 – Perfil dos respondentes deste estudo ... 62 Quadro 9 - Fatores mais relevantes segundo os especialistas x soluções propostas 78

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... .14

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA ... 14

1.2 OBJETIVO DA PESQUISA ... 17

1.3 RELEVÂNCIA E APLICABILIDADE DO ESTUDO ... 19

1.4 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA ... 20

1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO ... 20

2 REFERENCIAL TEÓRICO ... 22

2.1 HISTÓRICO DA CONSTRUÇÃO CIVIL E DA SEGURANÇA DO TRABALHO ... 23

2.2 A GESTÃO E SEGURANÇA DO TRABALHO NA EMPRESA DE CONSTRUÇÃO CIVIL ... 24

2.2.1 Segurança do trabalho como conceito ... 26

2.2.2 Segurança do trabalho e sustentabilidade empresarial ... 27

2.2.3 Índices de acidentes na construção civil ... 28

2.3 SISTEMAS COMPLEXOS ... 30

2.3.1 Complexidade na construção civil ... 32

3 METODOLOGIA DE PESQUISA ... 37

3.1 DELIMITAÇÃO DOS MÉTODOS ... 38

3.1.1 Tipo de pesquisa ... 38

3.2 MÉTODO DE PESQUISA ... 38

3.3 TÉCNICAS DE COLETA DE DADOS ... 39

3.4 PESQUISA BIBLIOMÉTRICA ... 40

3.4.1 método para revisão bibliométrica ... 40

3.4.2 Critérios de inclusão e exclusão ... 41

3.4.3 Elegibilidade ... 42

3.4.4 Análises bibliométricas ... 42

3.4.5 Elementos que contribuem para a complexidade no projeto ... 45

3.4.6 Indicadores de saúde e segurança na construção civil ... 45

(14)

3.5 ENTREVISTAS COM ESPECIALISTAS ... 54

4 A SISTEMÁTICA DE MAPEAMENTO DE FATORES COMPLEXOS NA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL ... 57

4.1 ANÁLISE DA REVISÃO BIBLIOMÉTRICA ... 60

4.2 PESQUISA COM QUESTIONÁRIO ... 61

4.2.1 Análise descritiva ... 61

4.3 A SISTEMÁTICA DE MAPEAMENTO PROPOSTA ... 76

5 CONCLUSÕES ... 79

REFERÊNCIAS ... 82

APÊNDICES ... 87

APÊNDICE 1 –RESULTADO DAS PESQUISAS ... 87

APÊNDICE 2 – ELEMENTOS QUE CONTRIBUEM PARA A COMPLEXIDADE NO PROJETO ... 102

APÊNDICE 3 – TAXONOMIA DE FATORES COMPLEXOS ... 105

APÊNDICE 4 – QUESTIONÁRIO COM ENTREVISTAS ... 111

APÊNDICE 5 – PRODUTO TECNOLÓGICO ... 113

APÊNDICE 6 - A PARTICIPAÇÃO DA CONSTRUÇÃO CIVIL NO TOTAL DE PESSOAS OCUPADAS NO BRASIL ... 117

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1 INTRODUÇÃO

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA

O acidente de trabalho é consequência de uma série de fatores que nenhuma empresa deseja experimentar, pois, o evento pode provocar na vítima impactos socioemocionais e, além disso, provocar problemas legais que podem afetar todo o ambiente de trabalho (COSSETIN, 2018).

O estudo da complexidade na construção civil atrelado à saúde, bem-estar e segurança do trabalhador da construção civil é um tópico de interesse para a sociedade, para a indústria e para a comunidade acadêmica nas últimas décadas. Segundo Baccarini (1996), os projetos de construção são: “tipicamente caracterizados pelo envolvimento de várias organizações separadas e diversificadas, como consultores e contratados, por um período de tempo limitado. Isso leva à criação de uma estrutura multiorganizacional temporária para gerenciar o projeto de construção”. O autor afirma ainda que desde a Segunda Guerra Mundial as construções têm se tornado cada vez mais complexas (BACCARINI, 1996).

A indústria da construção civil está diretamente relacionada com o desenvolvimento econômico e social do Brasil. Com o desenvolvimento dessa indústria, houve a necessidade da criação de normas regulatórias para obtenção de uma produção mais segura. Segundo a Organização Internacional do trabalho (SISTEMA ...., 2011), Segurança e saúde no trabalho (SST) é uma disciplina que trata da prevenção de acidentes e de doenças profissionais, bem como da proteção e promoção da saúde, bem-estar e segurança dos trabalhadores.

Com o passar dos anos e com a necessidade de evolução em diversos aspectos, ainda mais com a complexidade aplicada ao setor da construção civil, questões surgem no cenário. Algumas dessas questões são: desvendar a importância do entendimento dos fatores responsáveis pela complexidade; como a complexidade da construção impacta a saúde, bem-estar e segurança dos trabalhadores e dos envolvidos na construção civil e como tratar esses fatores?

Na dimensão econômica e social, este setor se destaca por ser responsável pela abertura de diversas vagas de emprego e, apesar da atual crise no Brasil, a tendência de recuperação do setor é grande, e, ao se recuperar, contribuirá para a

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diminuição da ociosidade no mercado de trabalho, participando significativamente do crescimento da economia do país.

Parwani (2002) afirma que: “complexidade se refere ao estudo de sistemas complexos, dos quais não há uma definição uniformemente aceita, porque, bem, eles são complexos”. Essa afirmação nos remete a importância do estudo da complexidade, visto que é um tema no qual ainda não se obteve a efetiva definição aceita universalmente por pesquisadores.

A complexidade na construção civil está atrelada a fatores como:

O envolvimento de muitas organizações separadas e diversificadas, pessoas, em um espaço de tempo determinado com especialidades diferentes, a interdependência entre as partes do projeto e a dificuldade no gerenciamento dessas interdependências e em todos os fatores envolvidos no projeto de construção (BACCARINI, 1996).

Já segundo Williams (1999),

A possibilidade de mudança no projeto pelo cliente e a construção obter um novo estudo devido à interdependência dos subsistemas da infraestrutura de um projeto de construção civil, os múltiplos interessados no fim do projeto, que dependendo do grau de envolvimento no projeto adiciona ainda mais complexidade ao projeto.

A rápida urbanização aumentou o número de megaprojetos de construção em todas as partes do mundo (HE et al., 2015; HU; CHAN; LE, 2012). Esses projetos são frequentemente de natureza muito complicada e com alto custo.

Segundo Deepak e Gangadhar (2019), a maioria dos projetos de construção visa minimizar lesões e se esforça para atingir zero incidente, e isto só pode ser alcançado através de uma cultura de segurança positiva na indústria da construção.

Diante de toda essa complexidade no sistema da construção civil mencionado acima, outros fatores devem ser levados em consideração como: a construção civil apresentar um dos maiores índices de acidentes de trabalho (ANUÁRIO ESTATÍSTICO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL, 2018), perfil este que gera inúmeras perdas de recursos humanos e financeiros. Ainda segundo o AEPS (2018), a Construção Civil se destaca, pois, está na segunda colocação em relação a acidentes de trabalho dentre todos os ramos de atividades da indústria, com 29.612 ocorrências no ano de 2018, ficando atrás somente da indútria da transformação. Isso pode ser que ocorra tanto pela negligência do patronato ou por displicência dos empregados, porém essa é uma realidade frequente que, muitas vezes, interrompe e desacelera o sucesso empresarial.

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Para Fisher et al. (2009):

As empresas perceberam que a necessidade de proteger os colaboradores significa analisar sua responsabilidade do ponto de vista social, reconhecer as áreas problemáticas, documentar a situação atual além de fazer todo o esforço no sentido de obter melhorias. Para isso, não basta considerar apenas os processos produtivos, mas toda a cadeia de processos da empresa.

Tradicionalmente, o desempenho de segurança na indústria da construção é medido por um conjunto de indicadores de atraso, como taxa de lesões e dias perdidos de trabalho (MOHAMED, 2002), estes são chamados de indicadores de atraso, porque retratam o desempenho de segurança sem dar muita informação sobre os fatores que contribuem para isso, porém, como resultado as medições de atraso não fornecem insights suficientes para prever resultados futuros ou para evitar acidentes futuros (GRABOWSKI et al., 2007).

Concomitantemente, estudos indicaram que o apoio de colegas de trabalho desempenha um papel importante na promoção da conformidade de atos seguros e participação na segurança e, assim, aumenta o desempenho da área (TUCKER et al., 2008). A partir disso, entendendo os sistemas complexos e sabendo que são muitas pessoas envolvidas em um projeto de construção civil, para a redução dos indicadores de segurança, existe a necessidade do apoio de todos os envolvidos nos serviços.

Segundo Sherratt e Ivory et al. (2019), “as frequentes falhas na conclusão dos projetos de construção no prazo e no cronograma dão origem à noção de que o processo pode não ser tão previsível quanto parece, assim o conceito de complexidade começa a entrar em contexto”, além das empresas de construção civil geralmente terem de gerenciar diversos locais, o que torna ainda mais complexo o modelo de gestão. Outrossim, com a crescente quantidade de empresas no mercado, “os clientes privados aumentam as exigências em relação à qualidade das obras, nos seus editais de concorrência e algumas empresas do estado passam a exercer seu poder de compra exigindo requisitos da qualidade para materiais, projetos e obras” (SOUZA; ABIKO, 1997).

Alcançar uma construção segura e sustentável tem sido um desafio para a sociedade e mais especificamente para as empresas de construção civil. O caminho é contextualizar a complexidade do sistema de gestão das empresas de construção, a complexidade das construções de algum tempo para os dias de hoje e descobrir

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como essa complexidade pode influenciar nos trabalhos, a fim de mitigar as perdas de recursos humanos na indústria da construção civil.

Nesse contexto, a complexidade na construção civil oferece um paradigma, que é a interação entre agentes que não pode ser totalmente controlada, mas, na melhor das hipóteses, influenciada na direção desejada.

Nesse sentido a partir das justificativas acima, pode-se afirmar que os projetos de construção são considerados sistemas sociotécnicos complexos e, portanto, o uso da ciência da complexidade como uma lente para fazer sentido e gerenciar a saúde, segurança e bem-estar da construção é um tópico de interesse acadêmico.

Conforme Saurin et. al. (2019), percebe-se a ausência de pesquisas que relacionem fatores complexos e saúde, segurança e bem-estar. Ademais, Ballard e Tommelein (2012) destacam a importância e a necessidade de pesquisas abordando a complexidade no setor da construção.

No entanto, fazer o mapeamento dos fatores responsáveis pela complexidade na construção civil, verificando como esses fatores influenciam na saúde, bem-estar e segurança dos colaboradores da construção a fim de propor diretrizes para mitigá-los, ainda é pouco explorado.

Diante desse contexto, existe uma lacuna a ser respondida em relação à possibilidade de identificar quais são os fatores contribuintes para a

complexidade da construção civil e qual é o seu impacto sobre a saúde, bem-estar e segurança.

1.2 OBJETIVOS DA PESQUISA

O objetivo geral desta pesquisa é fazer o mapeamento dos fatores influenciadores da complexidade no setor de Construção Civil, destacando os fatores mais relevantes para a saúde, a segurança e o bem-estar dos trabalhadores e propor uma sistemática para tratar a complexidade deste sistema. Como objetivos específicos, têm-se:

1) Identificação de fatores complexos para projetos e sistemas de construção; 2) Mapeamento dos fatores complexos em relação à sua relevância para

impactar a saúde, a segurança e o bem-estar dos trabalhadores;

3) Proposição de uma sistemática por meio de diretrizes (estratégias / ações de melhorias) para tratar os fatores mapeados.

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Para isso, foi analisado através de estudo teórico e prático como os fatores complexos influenciam no sistema de gestão da segurança da construção civil, a fim de mostrar que a complexidade na área estudada tem influência direta e indireta na saúde, segurança e no bem-estar dos trabalhadores. A partir do estudo empírico com especialistas das áreas de engenharia e segurança do trabalho para mapeamento dos fatores de maior relevância para a complexidade na Construção Civil, foram propostas algumas diretrizes para mitigação dos fatores mais relevantes, influenciadores da complexidade na construção civil. Espera-se que a sistemática proposta tenha como resultado colaborar diretamente com os gestores e proprietários de empresas para que a segurança do trabalho e a complexidade na construção civil possuam cada vez mais relevância, evitando, assim, a perda de recursos humanos.

Quadro 1 – Problema de pesquisa

Problema de

pesquisa Objetivo geral

Objetivos específicos Questões de pesquisa Procedimento Identificar quais os fatores influenciadores da complexidade na construção civil e quais os seus impactos na segurança do trabalhador Fazer o mapeamento dos fatores influenciadores da complexidade no setor de Construção Civil, destacando os fatores mais relevantes para a saúde, a segurança e o bem-estar dos trabalhadores e propor uma sistemática para tratar a complexidade deste sistema Identificação de fatores complexos para projetos e sistemas de construção Q1: Quais são os fatores influenciadores da complexidade na construção? Quadro de referencial teórico (QRT) Mapeamento dos fatores complexos em relação à sua relevância para impactar a saúde, a segurança e o bem-estar dos trabalhadores Q2: Como os fatores responsáveis pela complexidade na construção impactam / afetam a saúde, a segurança e o bem-estar dos stakeholders internos (trabalhadores) deste setor? Questões do Questionário: 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9 e 10 Proposição de uma sistemática por meio de diretrizes (estratégias / ações de melhorias) para tratar os fatores mapeados Q3: Como estabelecer uma sistemática para tratar os fatores responsáveis pela complexidade na construção? Triangulação Entrevista / QRT (Resultado da pesquisa)

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1.3 RELEVÂNCIA E APLICABILIDADE DO ESTUDO

Este trabalho justifica-se em função da necessária discussão do tema da complexidade da indústria da construção civil, nos relacionamentos pessoas-processos-tecnologia, fornecendo elementos que promovem uma perspectiva de uma abordagem restrita ao conceito de produtividade e lucro para uma abordagem ampliada de um comportamento socialmente responsável quanto à proteção e à satisfação de seus colaboradores.

Sua relevância se insere no contexto do momento de crise que se vive no país, onde muitos empresários atuantes no mercado são pessoas que, diante do desemprego, resolveram empreender para sobreviver. Entretanto, para o empreendedorismo se exige também treinamento e, na área da construção, muitos dos novos empreendedores não têm a visão do nível de complexidade nos processos envolvidos na área e acabam não colaborando para a melhoria na segurança e no bem-estar dos funcionários, portanto, é importante a mudança deste cenário, visto à mudança na economia.

Com o crescimento do mercado e o desenvolvimento de novas tecnologias, houve a necessidade do investimento e segurança no setor da construção, pois “as organizações precisam incentivar práticas de cultura de segurança para criar um ambiente de trabalho positivo dentro da organização (DEEPAK; GANGADHAR, 2019), com isso, essa pesquisa visa também direcionar ações que poderiam ser tomadas por gestores, a fim de mitigar os impactos da complexidade do setor da construção na saúde, no bem-estar e na segurança dos trabalhadores.

As crescentes e rápidas mudanças do mundo contemporâneo obrigam as empresas a se reinventar a cada dia, fazendo com que os profissionais de todas as áreas demandem novos conhecimentos.

Sua aplicabilidade pode ser evidenciada pela contribuição enquanto instrumento auxiliar de apoio à decisão para facilitar o aprimoramento da opinião gerencial das empresas do setor da construção civil, bem como provendo metas e etapas básicas para implementação de ações que priorizem também a sustentabilidade empresarial a fim de comprovar que, mesmo o setor sendo complexo, pode-se reduzir os impactos aos trabalhadores.

Diante disso, entre os resultados esperados estão a identificação dos fatores complexos influenciadores da saúde, bem-estar e segurança que irão permitir às

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empresas prover medidas mitigadoras que tratem especificamente cada uma das eventuais demandas existentes em seus sites.

Portanto, a complexidade na construção civil atrelado à saúde, ao bem-estar e à segurança do trabalhador da construção civil é um tópico de interesse para a sociedade, para a indústria e para a comunidade acadêmica nas últimas décadas, esses esforços foram motivados pela percepção de que “a complexidade tende a aumentar o tempo e o custo dos projetos, exigindo, portanto, um planejamento, coordenação e controle mais sofisticados” (BACCARINI, 1996).

1.4 DEMILITAÇÃO DA PESQUISA

Esta pesquisa foi realizada no contexto das empresas de construção civil, setor este responsável por boa parte dos empregos no Brasil, com aproximadamente 39% dos postos de trabalho da indústria, segundo o IBGE (Apêndice 6), e é também um dos setores que mais impactam na economia do país.

O levantamento de dados foi realizado com gestores e líderes de empresas relacionadas ao setor da construção civil de médio e grande porte, delimitado ao contexto dos municípios de Niterói, São Gonçalo e Rio de Janeiro os quais fazem parte da região metropolitana do Rio de Janeiro.

A pesquisa foi realizada no período de junho de 2018 a abril de 2019, incluindo planejamento e a construção do método.

O público alvo está delimitado a profissionais de engenharia ou que atuem nos seguimentos de construção civil, qualidade e segurança do trabalho com experiência de até 35 anos.

1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO

A dissertação está estruturada em 5 capítulos, conforme descrição a seguir: O primeiro capítulo descreve a respeito dos aspectos introdutórios do tema da dissertação, discutindo situação problema, objetivo, questões, relevância e aplicabilidade do estudo e delimitação da pesquisa. O objetivo deste capítulo é apontar a necessidade de se levar em conta a questão da complexidade na construção, definindo a temática e estrutura do trabalho.

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O segundo capítulo apresenta o referencial teórico sobre a complexidade na construção civil, estrutura das empresas do ramo e a respeito da saúde, bem-estar e segurança dos envolvidos nos processos e referências que foram utilizadas para fundamentar a dissertação.

O terceiro capítulo descreve a metodologia da pesquisa e mostrando os meios utilizados para obtenção dos resultados da dissertação, como método e instrumento de pesquisa, seleção e tamanho da amostra, tratamento e análise dos resultados. Apresenta também a revisão bibliométrica com os artigos que serviram de diretriz para este trabalho.

O quarto capítulo, apresenta os resultados do questionário respondido pelos gestores selecionados das áreas estudadas, e discutem-se os resultados analisando os dados obtidos através da aplicação do questionário, objetivando explicitar a relevância do tema complexidade na construção e verificar em campo com profissionais da área como essa complexidade comporta-se ao se relacionar com a saúde, bem-estar e segurança dos trabalhadores. A partir da discussão, propõe-se uma triangulação dos resultados empíricos com os evidenciados em estudos encontrados na revisão bibliométrica, que embasou a pesquisa. Com isto, são propostas diretrizes para mitigar os fatores influenciadores da complexidade na construção civil.

No quinto capítulo são apresentadas as conclusões, respondidas as questões da pesquisa e indicados potenciais aprofundamentos do estudo.

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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Nessa dissertação, realizou-se uma revisão bibliográfica a fim de localizar estudos relevantes existentes com base em uma questão de pesquisa formulada anteriormente, para avaliar e sintetizar suas respectivas contribuições. Os artigos selecionados nessa busca constituem o portfólio bibliográfico, amostra de documentos com maior representatividade para responder a questão da pesquisa.

Figura 1 – Mapa de referencial teórico

Fonte: Autoria própria

2.1 - HISTÓRICO DA CONSTRUÇÃO CIVIL E DA SEGURANÇA DO TRABALHO - Moterle(2014); Santos(2013); Oliveira(2012) 2.3 –SISTEMAS COMPLEXOS - Sherratt e Ivory (2019); Baccarini(1996); Leplat(1996) 2.3.1 – COMPLEXIDADE NA CONTRUÇÃO CIVIL - Williams(1999); Baccarini(1996); Dalcher(1993) 2.2 - A GESTÃO E SEGURANÇA DO TRABALHO NA EMPRESA DE CONSTRUÇÃO CIVIL - Deepak e Gangadhar(2019);

Cossetin(2018); Nascimento et. al. (2009); Souza e Abiko (1997); Souza et. al. (1995)

2.2.1 - SEGURANÇA DO TRABALHO COMO CONCEITO - Barbosa Filho (2011);

Nascimento et. al.(2009); Júnior(2008); Santana et al. (2006) 2.2.3 - INDICES DE ACIDENTES NA CONSTRUÇÃO CIVIL - Anuário Estatístico da Previdência Social (2018) 2.2.2 - SEGURANÇA DO TRABALHO E SUSTENTABILIDADE EMPRESARIAL - Oliveira (2012); Nascimento (2009); Cruz(1996) FATORES INFLUENCIADORES DA COMPLEXIDADE NA CONTRUÇÃO CIVIL.

REFERENCIAL TEÓRICO

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A construção do mapa de referencial teórico (Figura1) possibilitou uma visão sistêmica dos fatores influenciadores da complexidade na construção civil.

Neste sentido, o processo inicia-se pela pesquisa bibliométrica, que irá gerar o portfólio bibliográfico para embasar essa pesquisa, assim como também levantar a partir da literatura os fatores geradores de complexidade, com a referência de seus autores e os indicadores de saúde e segurança na construção civil.

Um breve histórico a respeito da construção civil também foi feito, o qual está atrelado à saúde e à segurança do trabalho, e como as mudanças tecnológicas e na parte de gestão na área da construção civil influenciaram nas melhorias das condições de trabalho.

A gestão e segurança do trabalho na empresa de construção civil também foi alvo do estudo, este tópico fala a respeito do modo de gerenciamento das empresas de construção civil e o conjunto de processos envolvidos.

O tópico da segurança do trabalho como conceito procura conceituar a segurança do trabalho voltada para a construção civil informando, principalmente, que a segurança e saúde no trabalho (SST) é uma disciplina que trata da prevenção de acidentes e de doenças profissionais, bem como da proteção e promoção da saúde dos trabalhadores.

Logo após, é falado a respeito da segurança do trabalho e a sustentabilidade empresarial procura falar da importância que a vida do colaborador tem para a empresa de construção em cada etapa da construção.

Os índices de acidentes na construção civil (Gráfico 1) também são um tópico importante, o qual indica que a construção civil é o segundo mercado onde encontram-se o maior número de acidentes no Brasil ficando atrás somente da indústria da transformação segundo dados do Anuário Estatístico da Previdêncai Social.

Por fim, é destacado a respeito dos sistemas complexos e a complexidade na construção civil, em que se pode encontrar os conceitos de complexidade, como e por que esses conceitos são aplicáveis à área da construção civil.

2.1 HISTÓRICO DA CONSTRUÇÃO CIVIL E DA SEGURANÇA DO TRABALHO

A indústria da construção destaca-se como complexa desde os tempos antigos com a idealização das pirâmides de Gizé no Cairo, que, segundo o historiador Fabrício Santos (2013), teve um período de duração de 20 a 30 anos para a construção e

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envolveu mais de 30 mil egípcios. Em sua maioria, os egípcios ficavam envolvidos no corte e no transporte dos blocos para tal construção. Segundo Santos (2013), muitos trabalhadores sofriam acidentes fatais e, na época, a vida, o bem-estar e a saúde dos trabalhadores não eram evidenciados durante o período da construção.

A construção civil é um dos ramos mais antigos do mundo, trazendo consigo inúmeros riscos de acidentes de trabalho e doenças ocupacionais (MOTERLE, 2014). Moterle (2014) destaca ainda que desde tempos antigos, quando o homem começou a executar obras de construção civil, acidentes de trabalho já ocorriam devido a condições precárias de trabalho e atos inseguros. Durante o Brasil colônia, para constituição das cidades, os escravos trabalhavam até 18 horas por dia e as leis ainda permitiam aos senhores aplicar punições a fim de melhorar a produtividade e submissão ao trabalho. Segundo Oliveira (2012), em 1730, a vida útil de um escravo jovem era de apenas 12 anos, com isso, a partir do século XIX, com as limitações impostas ao tráfico negreiro, os proprietários esboçaram preocupações com a saúde dos escravos, tentando garantir um tempo maior de espoliação da força de trabalho de suas “propriedades”.

Um dos primeiros relatos a respeito da preocupação com a segurança, segundo Moterle (2014), foi em 1556, quando Georg Bauer estudou as doenças e acidentes de trabalho relacionados à mineração e fundição de ouro e prata. Em 1567, Aureolus Theo apresentou a primeira monografia relacionando trabalho com doença. Porém, somente em 1833, na Inglaterra, instituiu-se a Lei das Fábricas, que foi a primeira lei realmente eficiente no campo da segurança e saúde no trabalho (OLIVEIRA, 2012).

Com a revolução industrial, que aconteceu entre 1760 e 1860, para dinamizar e acelerar o trabalho, máquinas foram inventadas trazendo assim novos riscos à segurança do trabalhador na indústria, com isso, leis a respeito da segurança do trabalho e melhorias nas condições de trabalho têm passado por constantes mudanças a fim de se adaptar à realidade de cada época.

2.2 A GESTÃO E SEGURANÇA DO TRABALHO NA EMPRESA DE CONSTRUÇÃO CIVIL

Uma empresa de construção civil é formada normalmente por um escritório, com seus processos técnico administrativos e diversas obras que se desenvolvem simultaneamente. A partir dessa afirmação de Roberto de Souza e Alex Abiko no

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Boletim técnico da Escola Politécnica da USP, pode-se dizer que “cada obra pode ser associada a uma fábrica de um mesmo grupo empresarial. Há necessidade de se gerenciar o grupo como um todo, mas também é necessário gerenciar cada uma dessas fábricas” (SOUZA et. al.,1995).

Portanto, gerenciar diversos locais demanda um modelo de gestão e com o aumento da quantidade de empresas no mercado, “os clientes privados aumentam as exigências em relação à qualidade das obras, nos seus editais de concorrência e algumas empresas do estado passam a exercer seu poder de compra exigindo requisitos da qualidade para materiais, projetos e obras” (SOUZA; ABIKO, 1997). Assim como são exigidos documentos e requisitos de qualidade, também são exigidos requisitos da segurança do trabalho, os quais demandam uma atenção importante, pois o risco da perda de pessoas é relevante.

Figura 2 – Conjunto de processos de uma empresa construtora

Fonte: Souza e Abiko (1997).

A Figura 2 apresenta uma ilustração do conjunto de processos de uma empresa construtora, a segurança do trabalho terá seus custos e ações efetivas, nos dois últimos quadros onde se enquadram o planejamento e a execução efetiva do produto. Com isso, a padronização dos processos de segurança, conforme o tamanho das empresas, começa a se tornar mais efetivo, sempre tendo como diretriz o que foi informado pelo cliente no processo inicial de orçamento, onde serão agregados todos os custos, inclusive os gerados pela área de segurança.

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O acidente de trabalho é consequência de uma série de fatores que nenhuma empresa deseja experimentar, pois, o evento pode provocar na vítima impactos socioemocionais e, além disso, provocar problemas legais que podem afetar todo o ambiente de trabalho (COSSETIN, 2018). Segundo Nascimento et. al. (2009), para que um Programa de Segurança seja eficaz, é necessário que este se realize como um trabalho de equipe. Um componente importante do Programa de Segurança é o Programa de Treinamento o qual contempla a temática de prevenção de acidentes e doenças do trabalho, sendo que é importante o treinamento de todo empregado, ao ser admitido no trabalho e periodicamente, estes treinamentos devem ser específicos de acordo com a função exercida e a etapa da obra na qual vão trabalhar.

2.2.1 Segurança do trabalho como conceito

Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), Segurança e saúde no trabalho (SST) é uma disciplina que trata da prevenção de acidentes e de doenças profissionais, bem como da proteção e promoção da saúde dos trabalhadores.

Ainda segundo a organização, tem como objetivo melhorar as condições e o ambiente de trabalho. A saúde no trabalho abrange a promoção e a manutenção do mais alto grau de saúde física e mental e de bem-estar social dos trabalhadores em todas as profissões. Com isso, são os princípios fundamentais do processo de avaliação e de gestão de riscos profissionais, a antecipação, a identificação, a avaliação e o controle de riscos com origem no local de trabalho, ou daí decorrentes, que podem deteriorar a saúde e o bem-estar dos trabalhadores.

Estudos revelam que os gastos com acidentes de trabalho estão em torno de 4% do PIB, nos países desenvolvidos, e que para os países subdesenvolvidos, pode chegar a 10%, visto que sua maioria não vê a segurança no trabalho como algo essencial ao bom funcionamento de qualquer empreendimento (SANTANA et al., 2006 apud DINIZ JÚNIOR, 2008).

Durante o processo construtivo, destacam-se, claramente, várias etapas de maior ou menor importância, causando uma série de riscos que poderão gerar acidentes. Cada uma delas apresenta particularidades e riscos, exigindo determinados cuidados e equipamentos de proteção apropriados para a prevenção de acidentes no trabalho (NASCIMENTO et. al., 2009, p. 24).

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Segundo Barbosa Filho (2011), pode-se definir os procedimentos de segurança como o conjunto de prescrições ou recomendações necessárias para assegurar a realização das tarefas ou das operações com o pleno atendimento dos requisitos de eficiência e segurança, sendo que são muito mais do que simples orientações, e devem estar sempre disponíveis na forma escrita. Nascimento et. al. (2009) comentam que uma forma de prevenir acidente é treinando e orientando o trabalhador para bem desenvolver suas atividades de forma segura.

A segurança do trabalho é não somente uma forma de treinar os trabalhadores para as possíveis situações adversas que possivelmente possam ocorrer, mas também prevenir em campo possíveis acidentes causados por negligência dos envolvidos.

2.2.2 Segurança do trabalho e sustentabilidade empresarial

Diferente de outros países, como Estados Unidos e Inglaterra, no Brasil, a taxação do seguro para risco de acidentes é feita pelo estado de forma igualitária para todas as empresas, o que acaba não funcionando como um fator de pressão. Nos países citados, o seguro é calculado de acordo com os indicadores que refletem a realidade de cada empresa, cabendo, assim, à empresa prezar pela proteção dos seus colaboradores.

Durante uma obra de construção, ocorre a constante modificação de ambiente, atividades e de trabalhadores, juntamente, com isso, há a reestruturação do processo construtivo e o fato dos serviços de cada etapa da obra serem executados por diferentes empreiteiras pode acarretar duplicidade de comando e de responsabilidade pelas condições de trabalho (NASCIMENTO et al., 2009).

O afastamento do operário por causa de um acidente de trabalho gera problemas para a empresa e para o consumidor, porque a perda de tempo, destruição de equipamentos e de materiais, treinamento de outro operário, redução ou interrupção da produção, horas extras, enfim todos os fatores em conjunto, acarretam um aumento sobre o custo do investimento, fazendo com que os preços necessitem de realinhamento refletindo em despesas para o bolso do consumidor. Porém, o mais importante é a integridade do ser humano, uma vez que o valor da vida, não há indenização que recupere (OLIVEIRA, 2012).

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Segundo Cruz (1996), o custo dos acidentes aumenta evidentemente o custo de qualquer atividade produtora. Mediante uma avaliação adequada dos custos dos acidentes, a gerência de uma empresa pode dar-se conta que, mais do que um gasto do ponto de vista financeiro, um programa de segurança adequado e eficiente intervém favoravelmente na produtividade (CRUZ,1996).

Desse modo, considerando que em geral a maioria das empresa é criada para dar lucro, percebe-se que, cada vez mais, a segurança do trabalho é um fator crítico para a sustentabilidade empresarial, pois está também relacionada a impactos nos custos.

2.2.3 Índices de Acidentes na Construção Civil

Segundo o Anuário Estatístico da Previdência Social (2018), a construção civil se destaca, pois, está na segunda colocação em relação a acidentes de trabalho dentre todos os ramos de atividades da indústria. O gráfico 1 apresenta o número de acidentes em cada indústria no Brasil e, como se pode verificar, a construção é a segunda maior indústria responsável por acidentes de trabalho.

Gráfico 1 – Índice de acidentes na indústria

Fonte: Anuário Estat Prev Social 2016

5.997 184. 339 50.6 62 15.0 06 5.08 6 161. 169 43.3 34 14.5 06 4.32 5 151. 386 37.1 59 14.7 04 3.77 2 142. 773 30.3 24 14.7 50 3.91 9 149. 893 29.6 12 15.8 08 I N D Ú S T R I A E X T R A T I V A I N D Ú S T R I A D E T R A N S F O R M A Ç Ã O I N D U S T R I A D A C O N S T R U Ç Ã O S E R V U T I L I D P Ú B L I C A

ÍNDICE DE ACIDENTES

SETOR DA INDÚSTRIA

2014 2015 2016 2017 2018

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A indústria da transformação, que é a responsável pela fabricação de produtos desde automóveis até equipamentos que serão utilizados até mesmo para a própria construção civil, tem uma enorme quantidade de ramificações, essas correspondem a uma quantidade muito maior de trabalhadores e setores do que a área da construção civil, com isso, pode-se verificar que, proporcionalmente, o setor da construção possui também um enorme número de acidentes de trabalho.

Gráfico 2 – Taxa de desemprego no Brasil.

Fonte: IBGE

Analisando somente o gráfico 1, pode-se verificar uma redução significativa dos índices de acidentes em todas as áreas da indústria, porém quando se verifica, no Gráfico 2, a quantidade de postos de trabalhos fechados nos anos em questão, pode-se identificar um crescimento, o que nos leva a concluir que o número de acidentes só reduziu devido ao aumento do índice de desemprego com a crise na economia brasileira. 6,8% 8,5% 11,3% 12,7% 12,3% 0,0% 2,0% 4,0% 6,0% 8,0% 10,0% 12,0% 14,0% 2014 2015 2016 2017 2018

Taxa de desemprego média - Brasil

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Gráfico 3 – PIB Brasil x PIB Construção civil

Fonte: IBGE

Verifica-se ainda, no gráfico 3, que o Produto Interno Bruto (PIB) da construção civil caiu significativamente no período estudado, acompanhando o PIB do Brasil, o que mais uma vez indica que a construção civil desacelerou em função da crise que se instalou no país.

Segurança nunca é demais para setores complexos, como a construção civil, portanto, independente de reduções nos índices, deve-se verificar quais os fatores que contribuíram para essa redução, para concluir que segurança sempre será investimento para a empresa.

2.3 SISTEMAS COMPLEXOS

Para Baccarini (1996), as construções têm se tornado ainda mais complexas desde a Segunda Guerra Mundial, e, a cada dia, vêm se tornando mais complexas. Ainda segundo Baccarini (1996), a complexidade pode ser definida de duas formas básicas para projetos:

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I - Consistindo em muitas partes inter-relacionadas variadas

Este significado é nitidamente circunscrito para que a complexidade do projeto possa ser operacionalizada em termos de: diferenciação - o número de elementos variados, por ex. tarefas, especialistas, componentes; e interdependência ou conectividade - o grau de inter-relação entre esses elementos. Curiosamente, a interpretação acima da complexidade espelha a teoria dos sistemas, na medida em que um sistema complexo é frequentemente definido em termos de diferenciação e conectividade. Como os projetos podem ser vistos como sistemas complexos, o significado acima para a complexidade do projeto parece apropriado (BACCARINI, 1996, p. 201-202).

II - Complicado, envolvido, intrincado.

Este significado de complexidade está aberto à ampla e diversificada interpretação. Por exemplo, pode ser interpretado como abrangendo qualquer coisa caracterizada por dificuldade. Wozniak operacionaliza a complexidade do projeto com base em nove 'dificuldades', tais como: criticidade do projeto, projeto visibilidade e responsabilidade; clareza da definição do escopo. Assim este significado de complexidade tem uma conotação subjetiva implicando dificuldade em compreender e lidar com um objeto. Portanto, essa interpretação da complexidade está nos olhos do observador (BACCARINI, 1996, pag. 201-202).

Tomando como norte o conceito de complexidade de Baccarini (1996), um projeto de construção pode ser um sistema, subdividido em partes que podem ser interrelacionadas. Essas partes, ao seguir determinado método de acordo com etapas, determinam, ao final do processo, que cada parte deve estar condicionada a uma interdependência, na qual, se não houver determinada parte em determinada aplicação ou substituição desta por parte semelhante, este não se concretiza.

Os sistemas podem ser caracterizados como simples, complicados e complexos. O sistema simples seria perfeitamente descritível em termos de finalidade, fronteiras, entradas, saídas e relação entre componentes ou subsistemas (LEPLAT, 1996 apud VITAL et al., 2011). Com isso, uma loja de materiais de construções poderia ser descrita como um sistema simples. Já um sistema complicado seria de natureza simples, porém integrado por um grande número de combinações, como, por exemplo, combinações internas e externas, por elevado grau de subdivisões em subsistemas e componentes. Avaliando a mesma loja de materiais de construção pela ótica dos fornecedores envolvidos, sistemas implantados e processos envolvidos de logística podem ser descritos como um sistema complicado.

Já um sistema complexo é uma organização para a qual é difícil, senão impossível, restringir sua descrição a um limitado número de parâmetros ou variáveis

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características sem perder suas propriedades essenciais. A partir do momento em que existe uma empresa de engenharia, que compra nessa loja de materiais e está construindo um edifício com diversos andares, que envolve uma série de cálculos, com uma série de materiais e que, por vezes, nem podem ser encontrados na loja de materiais de construções citada, envolvendo uma série de fornecedores e, mesmo assim, não se pode ter controle das futuras patologias ou futuros retrabalhos oriundos de obra, pode-se considerar esta como um sistema complexo.

Segundo Sherratt e Ivory (2019), “as frequentes falhas na conclusão dos projetos de construção no prazo e no cronograma dão origem à noção de que o processo pode não ser tão previsível quanto parece, assim o conceito de complexidade começa a entrar em contexto.”

2.3.1 Complexidade na construção civil

Segundo Baccarini (1996), “os projetos de construção são tipicamente caracterizados pelo envolvimento de várias organizações separadas e diversificadas, como consultores e contratados, por um período de tempo limitado. Isso leva à criação de uma estrutura multiorganizacional temporária para gerenciar o projeto de construção”.

O mesmo autor afirma, ainda, que “existe um corpo de conhecimento bem estabelecido afirmando que a diferenciação e as interdependências são gerenciadas pela integração, isto é, pela coordenação, comunicação e controle. A função de gestão da integração é particularmente importante para projetos de construção, pois são tipificados por componentes fortemente diferenciados, mas em parte interdependentes”.

Terry Williams (1999) atenta para dois importantes fatores quando se trata de complexidade na construção civil, este autor afirma que praticamente todos os projetos são definidos por objetivos múltiplos, com objetivos conflitantes. O que adicionaria complexidade à estrutura do projeto, com isso, os efeitos das atividades em todas as etapas devem ser avaliados e as possíveis alterações devem considerar o equilíbrio de outras atividades. Além disso, afirma que praticamente todos os projetos têm uma multiplicidade de partes interessadas, não apenas os gerentes de projeto e a equipe do projeto, mas também o proprietário, o empreiteiro, o público, às

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vezes, os órgãos públicos e assim por diante. Isso adicionará complexidade de maneira semelhante à multiplicidade de metas.

“Os megaprojetos são frequentemente afetados por resultados de desempenho insatisfatórios, como atrasos nos custos e atrasos no cronograma” (THOMAS; MENGEL, 2008), a partir disso, percebe-se que “muitos estudos mostraram que o sucesso do projeto depende da complexidade de um projeto e que os métodos tradicionais de gerenciamento de projetos não são suficientes para lidar adequadamente com essa complexidade (REMINGTON; POLLACK, 2007).

Dalcher (1993) afirma que:

A prática contemporânea de gerenciamento de projetos é caracterizada por: entrega atrasada, orçamentos excedidos, funcionalidade reduzida e qualidade questionada. À medida que a complexidade e a escala das tentativas de projetos aumentam, a capacidade de levar esses projetos a uma conclusão bem-sucedida diminui drasticamente.

Segundo Williams (1999):

É necessário aceitar o desafio da conclusão bem sucedida dos projetos de construção e ver de maneira diferente como deve-se lidar com projetos complexos. A complexidade vai aumentando à medida que os elementos do sistema aumentam, exacerbados pela simultaneidade resultante do aperto dos prazos e possíveis modificações do projeto.

Portanto, pode-se citar, baseados em Williams (1999), que o diagrama da complexidade no projeto tem a seguinte forma:

Complexidade no projeto

Incerteza estrutural Número de elementos

Interdependência dos elementos

Incerteza Incerteza nas metas Incerteza nos métodos

Figura 3 – Diagrama de complexidade

(35)

Segundo Luo et al. (2017), não existe uma classificação abrangente a respeito da complexidade do projeto. Ao se referir à complexidade do projeto, é importante indicar claramente o tipo de complexidade que está sendo discutida (BACCARINI, 1996), com isso, percebe-se que o quadro 2 abaixo, montado por Luo et al. (2017), mostra com clareza quais são os tipos de complexidade que alguns pesquisadores exploram.

Quadro 2 – Tipos de complexidade do projeto Pesquisador (ano) Tipos de complexidade do projeto

Baccarini (1996) Complexidade organizacional (a diferenciação vertical e horizontal, e o grau de interdependências operacionais e interação entre os elementos organizacionais do projeto) e complexidade tecnológica (a variedade ou diversidade de algum aspecto de uma tarefa, e interdependências entre tarefas e equipes).

Maylor (2003) Complexidade organizacional (incluindo número de membros, departamentos, organizações, regiões, nações, idiomas, fusos horários, nível de organização e estrutura de poder); complexidade tecnológica (incluindo tecnologia, sistema de inovação, incerteza de processo ou demanda); e complexidade de recursos (incluindo escala de projetos e tamanho do orçamento)

Geraldi (2008) Na verdade, complexidade (refere-se à complexidade de lidar com uma grande quantidade de informações interdependentes), complexidade da fé (refere-se à complexidade envolvida na criação de algo único ou resolver novos problemas) e complexidade de interação (interfaces entre sistemas ou locais de complexidade)

Girmscheid e Brockmann (2008)

Complexidade de tarefas (densidade de atividade em uma estrutura espacial e temporal), complexidade social (número e diversidade de atores), complexidade cultural (diversidade da mentalidade cultural humana), complexidade operativa (o grau de independência na definição de operações para alcançar certos objetivos) e cognitiva complexidade (o nível de uma pessoa ou grupo)

Remington e Pollack (2007)

Complexidade técnica (interconexão entre múltiplas opções de soluções interdependentes); complexidade estrutural (dificuldade em gerenciar e rastrear o grande número de diferentes tarefas e atividades interconectadas); complexidade direcional (ambiguidade relacionada a múltiplas interpretações potenciais de metas e objetivos); e complexidade temporal (incerteza sobre as restrições futuras, mudança esperada e possivelmente até preocupação com a existência futura do sistema)

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Rekveldta et al. (2011)

Complexidade organizacional (incluindo tamanho, recursos, equipe de projeto, confiança e risco); complexidade tecnológica (incluindo metas, escopo, tarefas, experiência e risco); e complexidade ambiental (incluindo stakeholders, localização, condições de mercado e risco)

Senescu et al. (2013)

Complexidade organizacional (multiplicidade organizacional e abertura organizacional), complexidade do produto (número de componentes de construção e nível de detalhe em que os componentes do edifício são considerados pela equipe do projeto) e complexidade do processo (interdependência do processo e conexões causais do processo)

He et al. (2015) Complexidade organizacional (envolve equipe de projeto, estrutura organizacional e várias equipes); complexidade tecnológica (tipo de construção, sobreposição de projetos e obras e dependência de operação do projeto); complexidade do objetivo (vários requisitos do participante do projeto, complexidade da tarefa do projeto e recursos limitados); complexidade ambiental (a complexidade do contexto em que um projeto opera, como o ambiente natural, de mercado, político e regulatório); complexidade cultural (a diversidade da mentalidade cultural humana); e complexidade da informação (comunicação complicada entre um grande número de partes interessadas do projeto sob arranjos contratuais complicados)

Lu et al. (2016) Complexidade organizacional (número e complexidade dos membros da organização e complexidade da estrutura organizacional) e complexidade da tarefa (quantidade e complexidade da tarefa e complexidade da dependência de tarefas)

Nguyen et al. (2015)

Complexidade organizacional (condições contratuais, número de contratos / pacotes de trabalho, coordenação de partes interessadas e planejamento e programação de projetos); complexidade tecnológica (caracterizada pela variedade de tecnologias empregadas e inovação tecnológica do projeto); complexidade sociopolítica (incluindo políticas / procedimentos administrativos, número de leis e regulamentos aplicáveis, experiência local esperada das partes e influência da política); complexidade ambiental (condições climáticas locais, condições geográficas e riscos ambientais); complexidade da infra-estrutura (limpeza e liberação do local, sistemas de transporte e qualificações exigidas dos contratados); e complexidade do escopo (ambigüidade do escopo do projeto e tamanho do projeto em termos de capital)

Fonte: Autoria própria

Embora o quadro 2 tenha apresentado diferentes categorias de complexidade de projeto, verifica-se que existe um consenso geral sobre certas classificações, como

(37)

complexidade organizacional (BACCARINI, 1996; REKVELDTA et al., 2011) e complexidade tecnológica (BACCARINI, 1996; REKVELDTA et al., 2011).

(38)

3 METODOLOGIA DE PESQUISA

Através deste trabalho científico, pretende-se refletir e investigar uma concepção diferenciada daquilo que já é conhecido acerca do tema proposto que é fazer o mapeamento dos fatores influenciadores da complexidade no setor de Construção Civil, destacando os fatores mais relevantes para a saúde, a segurança e o bem-estar dos trabalhadores e propor uma sistemática para tratar a complexidade deste sistema.

Neste capítulo, foram detalhados o tipo de pesquisa, o método de pesquisa, a técnica de coleta de dados, o tratamento e a análise dos dados e o planejamento da pesquisa. Neste sentido, a pesquisa foi desenvolvida em 3 etapas, conforme apresentado a seguir:

1ª etapa: Pesquisa bibliométrica por meio de revisão sistemática da literatura; Produto: Identificação de fatores complexos e proposição de taxonomia (Apêndice 3) de fatores.

2ª Etapa: Pesquisa aplicada a partir de entrevistas com questionário estruturado;

Produto: Identificação dos fatores mais relevantes que influenciam na complexidade da construção.

3ª Etapa: Proposição de diretrizes pela triangulação de resultados teóricos e aplicados.

Produto: Desenvolvimento de uma nova sistemática de gestão para mitigar fatores complexos que afetam saúde, segurança e bem-estar.

Quadro 3 – Quadro resumo das etapas de pesquisa

Etapas Pesquisa Método Resultado

1 Teórica Revisão sistemática da literatura. Taxonomia de fatores

2 Aplicada Entrevistas Fatores mais relevantes para a complexidade / Área de influência. 3 Misto (teórica x aplicada) Misto (Quali-quantitativo) Sistemática (Diretrizes mitigadoras)

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3.1 DELIMITAÇÃO DOS MÉTODOS

3.1.1 Tipo de pesquisa

A presente pesquisa pode ser classificada como exploratória, quali-quantitativa empírica aplicada, baseada em entrevistas, para descrição das situações identificadas.

O meio de investigação desta pesquisa pode ser qualificado como bibliográfico, uma vez que a fundamentação teórica é desenvolvida através de material publicado, resultado de uma revisão sistemática na literatura pertinente à temática dissertada.

Quanto aos fins de investigação, a pesquisa é exploratória e metodológica. Sua classificação como exploratória se justifica, tendo em vista que a quantidade de estudos a respeito de fatores influenciadores de complexidade que abordam os impactos que estes fatores têm na saúde, bem estar e segurança do trabalhador da construção civil.

Já seu caráter metodológico se dá a partir da análise dos instrumentos utilizados em estudos empíricos para a compreensão e comportamento dos fatores que influenciam a complexidade na construção civil e impactam na saúde, bem estar e segurança dos stakeholders.

A intensão desta pesquisa é despertar o interesse da indústria da construção civil pelos fatores de complexidade existentes na indústria da construção civil, identificando-os. Espera-se, como resultado, a identificação das ações que podem ser tomadas para cada complexidade a fim de mitigar ações inseguras.

3.2 MÉTODO DE PESQUISA

Para atingir os objetivos, o trabalho foi desenvolvido iniciando-se por uma revisão sistemática da literatura a fim de levantar um acervo bibliográfico, através de pesquisa nos portais Scopus e Web of Science, considerados relevantes para as investigações, a fim de embasar uma visão geral da construção civil como um sistema complexo atrelando a segurança do trabalho e de verificar os impactos na qualidade de vida dos trabalhadores, focando na importância da busca pela sustentabilidade empresarial e responsabilidade social.

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De forma complementar, foi efetuada uma pesquisa exploratória, quali-quantitativa empírica aplicada, baseada em entrevistas e trabalho de campo para descrição dos fatores mais relevantes através das respostas de especialistas na área.

Para isso, foram selecionados aleatoriamente gestores e funcionários de empresas da indústria da Construção Civil para que contribuam para o estudo, fornecendo dados suficientes e satisfatórios e utilizando a estratégia de entrevistas, a fim de saber em campo a opinião profissional a respeito da influência dos fatores encontrados e definidos como complexos referentes à construção civil e verificar como esses fatores estão relacionados à saúde, ao bem-estar e à segurança dos trabalhadores.

3.3 TÉCNICAS DE COLETA DE DADOS

A coleta dos dados foi estruturada em duas etapas, sendo elas: a) Pesquisa bibliográfica;

b) Pesquisa de campo através de questionário (entrevistas).

Para Lakatos e Marconi (2003), a técnica de coleta de dados busca priorizar a resposta às questões específicas da pesquisa, observando os objetivos traçados. Com isso, estruturou-se o quadro 4, no qual constam as características deste estudo, fazendo uma correlação entre cada objetivo específico, e a sua questão de pesquisa, com a sua respectiva técnica de coleta de dados e os meios pelos quais ela se desenvolveu.

Referências

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