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A CONTRIBUIÇÃO DOS INDICADORES BIBLIOMETRIA PARA OS AVANÇOS NA PRODUÇÃO CIENTÍFICA DE ENFERMAGEM.

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Academic year: 2021

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A CONTRIBUIÇÃO DOS INDICADORES BIBLIOMETRIA PARA OS AVANÇOS NA PRODUÇÃO CIENTÍFICA DE ENFERMAGEM.

O desenvolvimento econômico e social de um país está relacionado ao crescimento da ciência e tecnologia. Frente a essa realidade, é cada vez mais notório o interesse de especialistas e pesquisadores por estudos, avaliações e análises que permitam visualizar o quanto e como as pesquisas científicas vêm crescendo, com vistas a avaliar seus resultados e traçar políticas para seu maior incremento.

A avaliação da atividade científica, especialmente em países onde a ciência é financiada majoritariamente por investimentos públicos, representa um processo fundamental que pressupõem a competição entre diferentes setores para receberem auxílio governamental (VANZ, 2009). Essa necessidade impõe que o processo de avaliação dessa atividade seja uma conduta constante independente da área de conhecimento. Dessa forma, ganha ímpeto a criação de métodos e procedimentos para avaliação da atividade científica, compreendida como o conjunto de publicações geradas durante a realização e após o termino de pesquisa.

Nesse sentido as pesquisas voltadas à “atividade acadêmica registrada em periódicos apontam para um sistema altamente estratificado em que a produtividade e o prestigio estão concentrados em uma pequena, mas dominante, elite de autores e instituições” (MIRANDA; PEREIRA, 1996).

Vislumbrando a produção cientifica na América Latina, atentamos para o Brasil que lidera e também mostra uma ascensão da taxa de crescimento anual em relação à produção mundial (GLÃNZEL, LETA E THJIS, 2006). De uma forma geral, no ano de 2013, o país se destacou pelo aumento de cinco vezes o volume de sua produção científica, nos últimos 20 anos (SJR, 2014). Liderando os países da América do Sul em 2011, foi o único país do continente a destinar mais de 1% do PIB para pesquisa e desenvolvimento (NATURE, 2014a). Segue o Gráfico 1, onde evidenciamos que os países da America do Sul aumentaram sua cota de artigos científicos.

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Fonte: Nature, 2014.

Ao mesmo tempo em que a pesquisa brasileira é responsável por mais de dois terços de todo o material científico produzido na América do Sul, com 46.306 artigos científicos publicados no banco de citações da Elsevier, deixa a desejar no quesito qualidade dos artigos. Em 2013, o impacto da ciência sul-americana manteve uma faixa de 80% da média do impacto mundial, e países que estão acima desta faixa devem seu melhor desempenho à colaboração internacional, como o Peru, Argentina e Chile. Porém, o Brasil deve menos de 25% de suas publicações entre 2008 e 2012 à colaboração internacional (NATURE, 2014a).

No Brasil, acontece uma avaliação puramente quantitativa ao que se refere à qualidade de um pesquisador, medida pelo número de trabalhos publicados. Resultando em cientistas mais conservadores e pesquisas de pequeno porte com riscos calculados, garantindo o índice de publicação de cada pesquisador e mantendo o financiamento de seus laboratórios. Assim, muitos trabalhos são publicados, inclusive em revistas internacionais de qualidade, mas são poucos os que trazem ideias ou resultados verdadeiramente impactantes, capazes de repercutir internacionalmente e influenciar os rumos da ciência como um todo.

Entendesse que as universidades brasileiras respondem quase que exclusivamente pela produção científica nacional. Tais instituições, cada vez mais, incentivam os membros de sua comunidade acadêmica a incrementarem sua produção científica, alicerçadas nas exigências das agências de avaliação e fomento da pesquisa científica, como a Capes, FAPESP e CNPq.

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Na perspectiva da área da Enfermagem, a apropriação da atividade de pesquisa é uma ação relativamente recente por ser uma profissão ainda jovem do ponto de vista científico, os registros históricos descrevem o "Censo de 1950" como o primeiro trabalho científico realizado por enfermeiras (CARVALHO, 1976). Porém, foi a partir da década de sessenta, com a criação dos cursos de Graduação em Enfermagem no nível superior, que se percebe incremento da produção científica de enfermeiros. Tendo a primeira tese defendida na área, apresentada para concurso de Professor Catedrático, na Universidade de São Paulo (USP) (NOGUEIRA, 1982).

A produção científica dessa área ganha crescimento e visibilidade, fruto do aumento expressivo no número de documentos indexados na Base Scopus/SCImago. Ao analisar o impacto da produção científica de Enfermagem, o site da Scimago, mostra um ranking mundial referente o Índice H, indicador bibliométrico de qualidade, onde o Brasil passa a ocupar o 21º lugar. Ao mesmo tempo, analisando a citação por documento, outro indicador bibliométrico empregado para observar o prestígio das publicações, o conhecimento produzido pela Enfermagem brasileira acaba ocupando o 113º lugar no ranking mundial (SJR, 2014). Evidencia-se uma lacuna entre uma importante potência que a Enfermagem brasileira representa na produção de conhecimento científico de Enfermagem, porém a qualidade dessa produção é deficiente, nos critérios de avaliação para tal.

Com uma comunidade científica estabelecida, que produz com regularidade, o desafio para a Enfermagem passa a ser mais qualitativo. No sentido de aumentar a originalidade e a relevância dos trabalhos publicados, aplicar esse conhecimento em sua prática assistencial, e gerar interesse das outras áreas do conhecimento, produzindo ramificações.

O reconhecimento de que a atividade científica pode ser recuperada, estudada e avaliada a partir de sua literatura sustenta a base teórica para a aplicação de métodos que visam à construção de indicadores de produção e de desempenho científico. Tais dados justificam o interesse e os esforços dispensados à sondagem e à construção de indicadores que auxiliem as políticas e as estratégias de C&T, além de descreverem aspectos mensuráveis e apreciativos do estado da atividade científica.

Nesse contexto, Mugnaini (2006, p.25) afirma que:

Considerando a relevância dos indicadores quantitativos como instrumento para representação

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da utilidade e potencial da ciência, e principalmente o contexto supracitado onde a informação, sobretudo científica, requer avaliação, torna-se necessário analisar o que tem sido proposto e concomitantemente a forma de inserção desses instrumentos na política que regulamenta o sistema de C&T.

Por meio da bibliometria e da cientometria é possível construir indicadores destinados a avaliar a produção científica de indivíduos, áreas de conhecimento e países. Reunidos sob a égide de estudos métricos da informação, tais indicadores tem sido largamente empregados na avaliação de pesquisadores e áreas de conhecimento.

Esses indicadores têm importante função como base para sistemas de monitoramento e para procedimentos de avaliação da ciência. Para Velho (1986), o acompanhamento e a supervisão do crescimento da ciência podem ser feito por meio da organização e sistematização de indicadores, de forma a integra-los em um sistema de “contabilidade”.

A relevância da avaliação por meio de indicadores quer sejam de produção, ligação ou citação, é mostrar as tendências teórico-metodológicas da área, bem como as novas direções que ela têm tomado. No Brasil, os estudos métricos se desenvolveram a partir da década de 1970, com grande avanço nos anos de 1990, alinhados com a tendência mundial, com o advento das tecnologias informacionais e com a maior organização e acesso a bases de dados.

A integração entre os pesquisadores e a informatização dos indicadores bibliometricos frente suas pesquisas pode propiciar melhora do pensamento crítico, aproximação do pesquisador com os sistemas de avaliação de qualidade da produção acadêmica, discussões entre os pesquisadores referentes aos sistemas de qualificação dos programas de pós-graduação, desenvolvimento do raciocínio investigativo frente aos indicadores que são empregados para dar credibilidade a suas pesquisas, além de fomentar a busca contínua por informações que visam obter crescimento profissional.

Diante desse contexto, considera-se que a divulgação dos resultados das pesquisas seja apenas uma das etapas do processo da produção do conhecimento. A excelência da atividade científica depende da comunicação eficaz entre os pesquisadores, da ênfase na qualidade do que se tem pesquisado e virá a ser publicado, além da valorização do mérito de cada pesquisador. Investir nesses elementos,

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certamente irá resultar em pesquisas impactantes, capazes de repercutir internacionalmente e influenciar os rumos da ciência como um todo.

REFERÊNCIAS

CARVALHO, A. C. Associação Brasileira de Enfermagem 1926 – 1976: documentário. [9 de junho de 1976]. Rio de janeiro: Folha Carioca.

GLÄNZEL, W.; LETA, J.; THIS, B. Science in Brazil. Part 1: a macro-level comparative study. Scientometrics, Amsterdam, v. 67, n. 1, p. 67-86, 2006. Disponível em: <http://www.springerlink.com/content/h49v337hj804jp04/fulltext.pdf>. Acesso em: 4 mar. 2015.

MIRANDA, D. B.; PEREIRA, M. N. F. O periódico científico como veículo de comunicação: uma revisão de literatura. Ciência da Informação, Brasília, DF, v. 25, n. 3, p. 373-382, set./dez. 1996. Disponível em:

<http://revista.ibict.br/ciinf/index.php/ciinf/article/viewFile/462/421>. Acesso em: 01 mar. 2015.

MUGNAINI, R. Caminhos para adequação da avaliação da produção científica

brasileira: impacto nacional versus internacional. 2006. 253 f. Tese (Doutorado em Ciência da Informação) – Escola de Comunicações e Artes, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2006.

NOGUEIRA, M. J. A pesquisa em enfermagem no Brasil: retrospectiva histórica. Rev Bras Enferm, Minas Gerais, v. 16, n. 1, p. 17-26, 1982.

SCImago Journal Country Rank (SJR). Country Ranks. 2010. Available from: http://www.scimagojr.com/countryrank.php?area=2900&category=0&region=all&year =2010&order=it&min=0&min_type=it. Acesso em: 18 fev. 2015.

Stars of South American Science . Nature. 2014a, vol. 510. Available from: http://www.nature.com/news/stars-of-south-american-science-1.15392. Acesso em: 08 Fev 2015.

VANZ, S. A. S. As redes de colaboração no Brasil (2004-2006). 2009. 204 f. Tese (Doutorado em Comunicação e Informação) – Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2009.

VELHO, L. A avaliação do desempenho científico. Cadernos USP, São Paulo, n. 1, out., p.22-40, 1986.

Autores

Lucilia Feliciano Marques Di Carlantonio

Enfermeira pela Escola de Enfermagem Alfredo Pinto. Mestra em Enfermagem pela UNIRIO. Doutoranda do Programa de Pós-Graduação Doutorado em Biociências (PPGENFBIO) da

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Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO). Membro do grupo de pesquisa LAETS.

Luiz Carlos Santiago

Doutor em Enfermagem com pós-doutoramento pela USP. Professor da Escola de Enfermagem Alfredo Pinto, PPGENF, PPGENFBIO da UNIRIO. Membro dos Grupos de Pesquisa LAETS. Como citar este post (Vancouver adaptado): CARLANTONIO, LFM, SANTIAGO,LC. A contribuição dos indicadores bibliometria para os avanços na produção científica de enfermagem. [internet]. Rio de Janeiro (br); 2015 [Acesso em: dia mês (abreviado) ano]. Disponível em: http://www...(completar com os dados do site).

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