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Comunidade dormente e ativa de Cladocera (Crustacea: Branchiopoda) no lagoTupé, Manaus-Am

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(1)

INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA - INPA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA DE ÁGUA DOCE E PESCA

INTERIOR - BADPI

Comunidade dormente e ativa de Cladocera (CRUSTACEA:

BRANCHIOPODA) no lago Tupé, Manaus-AM.

CAMILA DE ARAÚJO COUTO

Manaus, Amazonas

Abril, 2013

(2)

CAMILA DE ARAÚJO COUTO

Comunidade dormente e ativa de Cladocera (CRUSTACEA:

BRANCHIOPODA) no lago Tupé, Manaus-AM.

Orientador: Dr. Edinaldo Nelson dos Santos Silva

Dissertação apresentada ao Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia como parte dos requisitos para obtenção do titulo de Mestre em Biologia de Água Doce e Pesca Interior.

Manaus, Amazonas

Abril, 2013

(3)

RELAÇÃO DA BANCA JULGADORA

Drª Ângela Varella (Suplente)

Doutorado em Ciências Biológicas (Zoologia) pela Universidade Estadual Paulista

Júlio de Mesquita Filho

Zoologia, com ênfase em Taxonomia e Biologia de Parasitas de Peixes

Pesquisadora do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia

Dr. Célio Ubirajara Magalhães Filho (Suplente)

Doutorado em Ciências Biológicas (Zoologia) pela Universidade de São Paulo

Sistemática, taxonomia e zoogeografia de crustáceos decápodos

Pesquisador, professor orientador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia

Drª Paulina Maia Barbosa (Titular)

Drª em Ecologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro

Limnologia, Ecologia do zooplâncton e Educação Ambiental

Pesquisadora e professora na Universidade Federal de Minas Gerais

Dr. André Ricardo Ghidini (Titular)

Biólogo - Doutorado em Biologia de Água Doce e Pesca Interior pelo Instituto

Nacional de Pesquisas da Amazônia

Professor Adjunto - Centro universitário do Norte UNINORTE

Drª. Bárbara Ann Robertson (Titular e Presidente)

Doutorado em Ecologia de Ambiente Aquáticos Continentais pela Universidade

Estadual de Maringá

(4)

Sinopse:

Estudou-se as comunidades dormente e ativa de cladóceros

do lago Tupé, Amazonas, Brasil. Foram feitos experimentos

ex-situ para a eclosão da comunidade dormente e

levantamento bibliográfico de estudos já realizados no lago

para a comunidade ativa.

Palavras-

chave:

Água

preta,

habitat,

cladóceros,

reprodução.

(5)

À meus pais, Jorge e Cleide Couto, e meu irmão, Juliano Couto.

Todas as etapas que venci até aqui, vencemos juntos.

(6)

AGRADECIMENTOS

À Deus, meu eterno amigo. Tudo o que eu planejo se concretiza porque Ele permite;

Aos meus pais, que sempre caminharam comigo em qualquer jornada e sempre

fizeram do nosso lar um porto seguro. Tudo o que alcancei nessa vida até agora, foi

por dedicação, apoio e esforço de vocês;

Ao meu irmão, segundo pai, melhor amigo, confidente, para todas as etapas da vida

que eu vencer, estou certa que lá estará você;

A minha cunhada, amiga e irmã, Izabela, que verdadeiramente esteve comigo, perto

ou longe, sempre com seus conselhos amorosos;

À minha avó, meus tios Nonato e Gilcimar e meu primo Cayo, pela força e apoio

neste processo;

Ao Nelson, meu orientador, que há seis anos impulsiona minhas ideias científicas.

Meu agradecimento sincero por toda a sua dedicação, às fases de campo, por todas

as nossas coletas, apoio, conselhos, preocupação e amizade em mais esta etapa.

Com o seu direcionamento nos meus erros e acertos pude seguir sempre em frente;

Ao seu Jalmir Matias, nosso eterno mateiro, que desde que comecei a trabalhar com

pesquisa em todas as coletas esteve presente e não foi diferente no meu mestrado.

Agradeço por seu companheirismo, brincadeiras e apoio. Certamente o trabalho de

campo não é o mesmo sem o senhor;

À Dr. Bárbara por todas as trocas de ideias e a Climéia por sempre me proporcionar

longas horas de conversa no laboratório;

Ao Dr. Elvis Vasquéz, eterno Perucón, por todas as correções deste trabalho,

conselhos e amizade sincera. São mais de seis anos de eternas conversas;

À Laura, pela amizade, apoio, carinho em todo o percurso do mestrado. Há uns anos

atrás não imaginei que seríamos tão próximas, mas agradeço muito a Deus por isso.

Você realmente foi um porto seguro nesse processo. Muitíssimo obrigada!

A minha querida amiga Irislane, famosa “Írris”, por todo o apoio, carinho e amizade

desde sempre até agora nesta etapa final.

Aos meus colegas de mestrado e laboratório Walter e Bruna, também companheiros

de iniciação científica, sempre batalhando juntos. Por todas as conversas no

cafezinho da tarde, todas as palavras de encorajamento para eu vencer esta etapa,

além de me proporcionar um ambiente mais prazeroso no laboratório;

As pibiquetes, Raíze, Handrya e Ana Maria, e ao colega Eduardo Hase que me

ajudaram na maior parte das coletas, debaixo de Sol e chuva e ainda assim

(7)

permaneceram com o espírito alegre, dando mais gosto ao trabalho. Muito obrigada,

de coração, pela força de vocês;

À pibiquete Maiby, recém-chegada no laboratório, por ter me ajudado com os

almoços, conversas e companhia na etapa final do meu trabalho. Você vai longe!

Ao meu amigo colombiano Leandro Cortes pelos anos de amizade e por sempre ser

um bom ouvinte. Certamente todas as nossas conversas de laboratório e corredores

sempre me deixavam mais leve. E a Sophia pelo apoio nos últimos minutos!

Ao meu amigo de Costa Rica, Andrés Vegas. Famoso Andresito. Gracias por todo!

Por todo o apoio moral, amizade, cuidado, em todas as etapas deste trabalho e

ainda pelas traduções. Realmente a distância era como se não existisse.

À família Dias que me recebeu na casa e me acolheu com muito carinho durante os

quatro meses no Rio. E à todos os amigos que fiz nesta cidade maravilhosa.

Realmente passamos momentos inesquecíveis juntos e a amizade de vocês

proporcionou a leveza do meu trabalho fora da minha terra;

Ao Prof. Dr. Reinaldo Luiz Bozelli, Prof. Dr. Jayme Santangelo e Msc. Luciana

Araújo por toda a paciência, apoio e ensinamentos no Rio de Janeiro para que eu

pudesse realizar meus experimentos de eclosão. Bem como ao laboratório de

limnologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, por me receber durante o

mestrado-sanduíche;

Ao Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia pelo espaço físico concedido na

realização de meu trabalho, bem como o apoio de funcionários e pesquisadores

durante a realização deste;

Ao programa de pós-graduação em Biologia de Água Doce e Pesca Interior;

Ao projeto Biotupé e a FAPEAM, financiadora do projeto;

Ao CNPQ pela bolsa de estudos de mestrado e ao PROCAD-NF (Programa

Nacional de Cooperação Acadêmica

– Novas Fronteiras) pela concessão da bolsa

que permitiu realizar uma parte de meu trabalho na Universidade Federal do Rio de

Janeiro;

E por fim, a todos aqueles que contribuíram para que este trabalho fosse finalizado,

e ainda que não tivessem uma contribuição direta, estavam ajudando nos

bastidores. É por isso que sempre dizemos que trabalhamos em equipe, porque

nada se constrói plenamente sozinho.

(8)

“O bom vencedor é aquele que planeja os seus passos sem pisar em ninguém”.

(9)

RESUMO

Alguns cladóceros produzem ovos de resistência para persistir no ambiente

quando as condições ambientais se tornam adversas. São produzidos em diferentes

épocas do ano por diferentes espécies sobrepondo-se nos sedimentos, formando

banco de ovos. Estes ovos compõem a comunidade dormente, dos quais indivíduos

eclodem continuamente ou periodicamente e também propiciam a manutenção dos

organismos no ambiente, aumentam a variabilidade genética da população,

possibilitam a dispersão das espécies, influenciam na estrutura das comunidades e

auxiliam nos estudos de diversidade, evolução e mudanças ambientais. No Brasil, a

maioria dos estudos de formas dormentes tem sido realizados na região nordeste,

sudeste e sul, sendo inexistentes na Amazônia Ocidental. Sendo assim, neste

estudo verificou-se a existência e viabilidade de formas dormentes de cladóceros e

sua distribuição espacial nos sedimentos do lago Tupé, bem como sua densidade,

quais espécies da comunidade ativa dos cladóceros produziram estas formas

dormentes, além de ter sido analisado e comparado as relações entre ambas às

comunidades. Este estudo demonstrou que Ilyocryptus spinifer, Ephemeroporus

barroisi, Diaphanosoma sp., Holopedium amazonicum, Ceriodaphnia cornuta, Moina

minuta, Bosmina longirostris e Bosminopsis deitersi produzem formas dormentes

que foram encontradas no sedimento do lago. A espécie que teve maior taxa de

eclosão foi I. spinifer e, junto com E. barroisi foram as únicas espécies bentônicas

que eclodiram neste estudo, sendo as demais de hábito planctônico. Estas formas

dormentes estão distribuídas de maneira heterogênea. Foram encontradas em maior

quantidade nas margens (66%), principalmente onde deságuam os dois igarapés

principais (cabeceiras) do lago. Foi possível observar que as espécies parecem se

alternar na comunidade ativa, algumas desaparecendo por alguns meses e

dominando em outros e vice-versa. As espécies eclodidas neste estudo representam

apenas 8% das espécies ativas no lago.

(10)

ABSTRACT

Some cladocerans produce eggs resistance to persist in the environment

when conditions become adverse. They are produced at different times of year by

different species sinking in lake sediment, forming an egg bank. These eggs form the

dormant community, which periodically or continuously hatch. It also facilitates the

maintenance of the organisms in the environment, it grows the genetic diversity,

allow the spread of species, It has an influence in the structure of the community and

also they help with diversity studies, evolution and environmental changes. In Brazil,

most of the dormant forms studies have been carried in the northeast, southeast and

south regions. In Western Amazon there is not dormant forms studies of

microinvertebrates. As well, this study verified the feasibility existence as dormancy

of cladocerans and its distribution on sediments of Tupe lake, the density of dormant

forms was calculated, and it was possible to identify which species of the active

community of cladocerans produce these forms of dormancy. Besides being

analyzed and compared the relationship between the two communities. This study

showed that Ilyocryptus spinifer, Ephemeroporus barroisi, Diaphanosoma sp.,

Holopedium amazonicum, Ceriodaphnia cornuta, Moina minuta, Bosmina longirostris

and Bosminopsis deitersi produce dormant forms that were found on the sediment of

the lake. The species had more number of individuals hatched foi I. spinifer and

together with E. barroisi were the only species benthic that came out in this study.

The others are of habit planktonic. These forms dormant are distributed in a

heterogeneously. They were found in greater amounts in the margins, especially

where they drain the two main streams of the lake. It was possible to observe that it

seems the species to alternate in the active community, some disappearing for a few

months and dominating others and vice-versa. Species that were in this study

represent only 8% of the active species in the lake.

(11)

RESUMEN

Algunos cladóceros producen huevos de resistencia para persistir en el

ambiente cuando las condiciones se convierten adversas. Son producidos en

diferentes épocas del año por diferentes especies sobreponiéndose en los

sedimentos, formando un banco de huevos. Estos huevos componen la comunidad

durmiente, de la cual los individuos eclosionan periódicamente o continuamente.

También propicia el mantenimiento de los organismos en el ambiente, aumenta la

variabilidad genética, posibilita la dispersión de las especies, influye en la estructura

de las comunidades y auxilia los estudios de diversidad, evolución y cambios

ambientales. En Brasil, la mayoría de los estudios de las formas de dormancia han

sido realizado en la región noreste, sureste y sur, sin embargo en la Amazonía

Occidental no existe ningún un estudio sobre la forma de dormancia de los

microinvertebrados. Siendo asi, en este estudio se verificó la existencia de viabilidad

de las formas durmientes de los cladoceros y su distribución espacial en los

sedimentos del lago Tupe, se calculó la densidad de esas formas y se identificaron

cuales especies de la comunidad activa de los cladoceros producen estas formas de

dormancia. Además de haber sido analizadas y comparadas las relaciones entre

ambas

comunidades.

Este

estudio

demostró

que

Ilyocryptus

spinifer,

Ephemeroporus

barroisi,

Diaphanosoma

sp.,

Holopedium

amazonicum,

Ceriodaphnia cornuta, Moina minuta, Bosmina longirostris e Bosminopsis deitersi

producen formas de dormancia que fueron encontradas en el sedimento del lago. La

especie que tuvo mayor numero de eclosiones fue I. spinifer y junto con E. barroisi

fueron las unicas especies bentónicas eclosionadas en este estudio. Las demas son

de la comunidad de la columna de agua. Las formas durmientes están distribuidas

de manera heterogena. Fueron encontradas en mayor cantidad en los márgenes

(66%), principalmente donde desaguan los dos corrientes

principales del lago. Fue

posible observar que las especies parecen alternarse en la comunidad activa,

algunas desapareciendo por algunos meses y dominando en otros y vice-versa. Las

especies eclosionadas en este estudio representan apenas 8% de las especies

activas en el lago.

(12)

SUMÁRIO

Lista de Tabelas ...xi

Lista de Figuras ...xii

Introdução Geral ...1

Objetivos (Geral e Específicos) ...2

Organização da dissertação ...3

Metodologia Geral ...4

Capítulo 1: Distribuição espacial e primeiro registro de formas de resistência

de Cladocera (Crustacea, Branchiopoda) no sedimento de um lago da

Amazônia Ocidental (lago Tupé, Manaus, Amazonas).

Resumo/ Abstract ...13

Introdução ...14

Material e Métodos ...16

Área de estudo ...16

Periodicidade e áreas de amostragem ...17

Experimentos de eclosão ex-situ ...17

Análise dos dados ...18

Resultados ...18

Efípios ...18

Eclosões ...21

Discussão ...25

Efípios ...25

Eclosões ...27

Agradecimentos ...29

Referências Bibliográficas ...29

(13)

Capítulo 2: Comunidade ativa e dormente de Cladocera (Crustacea,

Branchiopoda) no lago Tupé, Amazonas, Brasil.

Resumo / Abstract

...34

Introdução

...35

Material e Métodos

...36

Área de estudo ...36

Amostragem ...37

Experimento ex-situ ...37

Análise dos dados ...38

Resultados e Discussão ...40

Agradecimentos ...47

Referências Bibliográficas ...48

Síntese ...52

Referências Bibliográficas ...57

Anexos ...70

(14)

LISTA DE TABELAS

Tabela 1.1.

Número de efípios viáveis, danificados e ocorrência de eclosões em

todos os locais amostrados do lago (MAR = margem/ CAN = canal/

jus = à jusante / mont = à montante).

Tabela 1.2.

Espécies que eclodiram do sedimento de cada ambiente e local

amostrado.

Tabela 1.3.

Frequência de eclosão das espécies durante o experimento.

Tabela 1.4.

Estudos de eclosão de ovos resistentes de cladóceros com

sedimentos de ambientes dulcícolas no Brasil.

Tabela 2.1.

Lista dos estudos anteriores realizados no lago Tupé, com seus

respectivos autores, períodos de coleta e objetivo do trabalho.

Tabela 2.2.

Ocorrência das oito espécies na comunidade ativa observadas em

outros estudos no lago Tupé (x = abundante / xx = muito abundante).

Tabela 2.3.

Frequência de ocorrência das 8 espécies de cladóceros (identificadas

nos experimentos de eclosão) nos conteúdos estomacais de

Hyphophtalmus (mapará) no lago Tupé (Previattelli & Santos-Silva

2011).

Tabela 2.4.

Estudos no lago Tupé nos quais foram observadas populações

produzindo ovos dormentes direta (fêmeas efipiais) ou indiretamente

(indivíduos eclodidos do sedimento).

(15)

LISTAS DE FIGURAS

Figura 1. Localização do lago Tupé.

Figura 2. Vista aérea do lago Tupé no período da cheia. Sedimentos das margens

totalmente submersos (Foto: Marcos Attaíde, 2006).

Figura 3. Vista aérea do lago Tupé no período da seca, com grande parte do

sedimento exposto (extraída de

http://biotupe.inpa.gov.br

).

Figura 4. Localização das 32 áreas de coleta no lago. As retas que ligam duas

áreas indicam que foram coletados sedimentos nos canais dos igarapés

e/ou do lago e na margem mais próxima (Pontos negros: sedimentos

que ficam constantemente inundados / Pontos verdes: sedimentos da

margem que ficam expostos uma parte do ano).

Figura 5. Obtenção das amostras de margem: a) tubos de PVC; b) tubo inserido

no sedimento; c) retirado do sedimento; d) coleta na margem de um

igarapé; e) extrusor para a remoção do sedimento no tubo; f) fatiador; g)

2cm de sedimento sendo retirado do tubo; h) removido com espátula de

plástico; i) acondicionado em saco transparente e depois em saco preto.

Fotos: Santos-Silva, E.N. 2011.

Figura 6. Obtenção das amostras de canal: a) CORER; b) CORER sendo

arremessado em um canal do lago; c) encaixe do fatiador no cilindro do

CORER para a remoção das camadas; d) fatia dos 2 cm superficiais do

sedimento sendo retirada do cilindro. Fotos: Couto, J.S. 2011

Figura 1.1. Localização do lago Tupé

Figura 1.2. Vista aérea do lago Tupé: a) no período da cheia, com os sedimentos

das margens totalmente submersos (Foto: Marcos Attaíde 2006); b) no

período da seca, com grande parte do sedimento exposto

(

http://biotupe.inpa.gov.br

).

Figura 1.3. Obtenção das amostras com: a) tubos de PVC e b) CORER. Fotos:

Couto, J. S.

Figura 1.4. Localização das 32 áreas de coleta no lago. As retas que ligam duas

áreas indicam que foram coletados sedimentos nos canais dos igarapés

e/ou do lago e na margem mais próxima (Pontos negros e amarelos:

sedimentos que ficam constantemente inundados / Pontos verdes e

negros: sedimentos da margem que ficam expostos uma parte do ano).

Figura 1.5. Porcentagem dos efípios e eclosões durante todo o experimento.

Figura 1.6. Porcentagem dos efípios e eclosões na margem e canal.

Figura 1.7. Porcentagem de efípios encontrados nos locais amostrados. A

porcentagem de cada local foi calculada em relação ao número total de

efípios da margem e canal.

(16)

Figura 1.8. Porcentagem de efípios encontrados nos locais amostrados. A

porcentagem foi calculada em relação ao número de efípios viáveis de

cada local, se de margem ou canal.

Figura 1.9. (A). Porcentagens das espécies de Cladocera eclodidas do lago Tupé;

(b) Porcentagem das espécies eclodidas por ambiente. Nesta última, a

porcentagem foi calculada levando-se em conta o total de organismos

eclodidos de cada ambiente (margem e canal).

Figura 1.10. Número de espécies de Cladocera eclodidas do sedimento de cada

local amostrado.

Figura 1.11.

Modelo de seção transversal do igarapé Terra Preta no lago Tupé

(M.E. = margem esquerda; M. D. = margem direita). Extraído de Aprile

& Darwich 2005.

Figura 2.1. Lago Tupé (Brandorff & Hardy 2011).

Figura 2.2. Porcentagens das espécies eclodidas da comunidade dormente de

Cladocera no lago Tupé.

Figura 2.3.

Porcentagem das espécies eclodidas por ambiente. A porcentagem foi

calculada separadamente para cada ambiente (margem e canal).

Figura 2.4. Fêmea efipial de C. cornuta encontrada na seca de 2003. Foto: Couto

2007.

Figura 2.5. Macho de B. deitersi encontrado na época da enchente de 2004. Foto:

Couto 2007.

Figura 2.6. Macho de B. longirostris observado na enchente de 2003. Foto: Couto

2007.

Figura 2.7. Grupo das quatro espécies mais constantes nas utriculárias do lago

Tupé (Ghidini 2011).

Figura 2.8. Efípio e fêmea efipial de S.serrulatus encontrados nos microcosmos em

um estudo de 2009. foto: Couto 2010.

Figura 2.9

.

Macho de M. superaculeata (à esq.) encontrado nas amostras do mês

de junho de 2008 (cheia) e fêmea efipial encontrada nas amostras dos

meses de cheia e vazante. Foto: Couto 2009.

Figura 2.10. Modelo teórico de produção de formas dormentes para as espécies

encontradas nos experimentos de eclosão e seu recrutamento (setas)

em resposta as mudanças do ambiente devido à elevação e diminuição

do nível da água no lago Tupé.

(17)

Introdução Geral

Muitos organismos zooplanctônicos, em particular, alguns cladóceros,

produzem ovos de resistência, também conhecidos como ovos dormentes ou

diapáusicos, quando as condições ambientais se tornam adversas. Dependendo da

espécie, estes ovos podem ou não estar envoltos por uma cápsula protetora

chamada efípio (Brendock e De Meester, 2003). Após sua liberação, muitos ovos

e/ou efípios afundam para o sedimento. Estes são lançados em diferentes estações

e épocas do ano, por diferentes espécies, sobrepondo-se nos sedimentos dos

ambientes aquáticos, formando assim um banco de ovos (Hairston et al., 2000).

Estes ovos, que permanecem em estado de dormência, compõem a

comunidade dormente, dos quais indivíduos periodicamente ou continuamente

eclodem (Carvalho e Wolf, 1989). Além de permitir a sobrevivência em períodos

desfavoráveis, podem contribuir para mudanças na densidade da população, na

composição de espécies, na diversidade genética, estrutural clonal e nas taxas de

variação genética (Id., ibid.).

Bancos de ovos resistentes de cladóceros tem despertado a curiosidade de

vários pesquisadores em diversas partes do mundo, analisando a existência destes

tanto em ambientes marinhos (por exemplo, Marcus et al., 1994; Barros et al., 2000;

Diodato et al., 2006), quanto de água doce (por exemplo, Brede et al.,2007;

Nevalainen, 2008).

No Brasil, o estudo pioneiro de bancos de ovos foi por Sars (1901) com

sedimentos oriundos de um bairro de São Paulo, mas só a partir de 2000, foi que

pesquisadores voltaram sua atenção para as formas dormentes presentes em

sedimentos de ambientes dulcícolas (Crispim e Watanabe, 2001; Maia-Barbosa et

al., 2003; Santangelo et al., 2011b). No intuito de analisar a riqueza de espécies que

também pode ser revelada a partir do sedimento do lago (Vandekerkhove et al.,

2004) experimentos de eclosão de ovos em laboratório tem sido aperfeiçoados

desde então.

Estudos de bancos de ovos e eclosão destes têm sido realizados na região

nordeste no semi-árido paraibano (Crispim e Watanabe, 2001) até o presente

(18)

momento (Crispim, com. pess.) inclusive nos lençóis maranhenses (Van Damme e

Dumont, 2010) mas a maioria dos estudos vem sendo realizados na região sudeste

e sul do Brasil (por exemplo, Santangelo et al, 2011b e Araújo, 2012 no Rio de

Janeiro; Rojas et al., 2001 e Panarelli et al., 2008 em São Paulo; Maia-Barbosa et

al., 2003 e Brandão, 2009 em Minas Gerais; Palazzo et al., 2008 no Paraná).

Na Amazônia Oriental, Santangelo (2009) analisou a existência de bancos de

ovos nos sedimentos de lagos do rio Trombetas e Carajás no Estado do Pará, mas

na região da Amazônia Ocidental, não existe qualquer estudo sobre as formas

dormentes de organismos zooplanctônicos. Mas podemos supor que suas formas

dormentes sejam importantes devido às variações do nível das águas.

A comunidade ativa de cladóceros vem sendo analisada desde meados da

década de 70 (Fisher, 1979; Hardy, 1980; Robertson e Hardy, 1984; Bozelli, 1992;

Melo, 1998; Chu Koo, 2000; Waichman et al., 2002; Vásquez, 2004; Maia-Barbosa e

Bozelli, 2006; Brandorff e Hardy, 2009), mas nunca a comunidade dormente destes

organismos.

Neste estudo pretendeu-se verificar se nos sedimentos do lago Tupé existem

formas dormentes produzidas pelos cladóceros que ocorrem neste lago, sendo este

trabalho o pioneiro acerca da comunidade dormente destes organismos para esta

parte da Amazônia. Além disso, caso estas formas sejam encontradas, verificar sua

densidade e distribuição espacial no ambiente. Finalmente, testar se as formas

dormentes encontradas são viáveis e quais são as espécies que as estão

produzindo.

Objetivos:

Objetivo geral:

Analisar a existência de formas dormentes (ovos de resistência com ou sem

efípios) de cladóceros nos sedimentos do lago Tupé, sua distribuição espacial,

densidade, viabilidade e relação com a comunidade ativa desses organismos.

(19)

Objetivos específicos:

1.

Identificar as formas de resistência de Cladocera nos sedimentos do lago

Tupé;

2.

Calcular a densidade de formas dormentes e verificar qual sua distribuição

espacial;

3.

Analisar se estas formas dormentes são viáveis;

4.

Identificar quais espécies da comunidade ativa dos cladóceros estão

produzindo formas dormentes;

5.

Analisar as espécies provindas dos sedimentos quando na sua fase ativa

no lago.

Organização da dissertação

Esta dissertação está dividida em dois capítulos, que se encontram no

formato de artigo científico individual, ambos seguindo o formato e as normas da

revista Biota Neotrópica.

O primeiro capítulo aborda a comunidade dormente do lago Tupé a partir dos

experimentos de eclosão ex-situ, com uma breve descrição do local de estudo. O

experimento com sedimentos abrangendo todo o lago permitiu nos dar uma visão

geral de onde os ovos podem ser encontrados e onde certas espécies estão

depositando seus ovos. Também são discutidas as possíveis explicações que nos

levam a tentar entender porque em determinados locais do lago ocorreram eclosões

e outros não. Este é o primeiro levantamento das espécies de cladóceros em sua

fase dormente para o lago Tupé, portanto, se trata de um estudo pioneiro.

O segundo capítulo enfoca o histórico das populações ativas das espécies

que provieram da comunidade dormente em nossos experimentos de eclosão. Para

cada espécie eclodida fez-se uma compilação de todo o seu histórico quando ativa

no lago Tupé, e inferências acerca da produção de ovos de resistência por estas são

discutidos. Para isso foi feito um levantamento de todos os dados desde os

primeiros estudos com cladóceros no lago Tupé até este estudo. Isto nos permitiu ter

uma visão mais geral das espécies eclodidas, a partir dos experimentos, quando na

sua fase ativa.

(20)

METODOLOGIA GERAL

Área de estudo

O lago Tupé (3

o

2’36”S e 60

o

15´18”W) é um lago de terra firme, dendrítico,

localizado na margem esquerda do rio Negro na Reserva de Desenvolvimento

Sustentável (RDS do Tupé), a oeste de Manaus (AM), distante 25 km, em linha reta,

do centro da cidade (Figura 1).

Figura 1. Localização do lago Tupé.

O lago é conectado ao rio Negro por um canal de cerca de 20m de largura e

150m de comprimento. Com a variação sazonal do nível da água no rio Negro, este

canal é a via de entrada de água do rio para o lago durante a enchente e cheia e de

saída da água do lago para o rio durante a vazante e seca. Oito igarapés

desembocam no lago e têm influência preponderante nas características da água

durante o período de seca (Aprile e Darwich, 2005).

(21)

O início da enchente geralmente corresponde ao mês de novembro e a cheia

tende a atingir a cota máxima em meados de junho (Bittencourt e Amadio, 2007).

Neste período, com o aumento do nível da água, a floresta de igapó fica inundada,

assim como a serapilheira, troncos caídos e árvores que ficam com parte de seus

troncos submersos (figura 2).

Figura 2. Vista aérea do lago Tupé no período da cheia. Sedimentos das margens totalmente submersos (Foto: Marcos Attaíde, 2006).

Na maioria dos anos, a partir do início da entrada de água do rio Negro no

lago, ocorre o aparecimento de Utricularia foliosa, única macrófita abundante neste

lago. Estas macrófitas crescem e formam bancos, que se distribuem principalmente

em áreas próximas à desembocadura dos igarapés que drenam para o lago. Foi

observada, esporadicamente, ocorrendo no lago propriamente dito (Reiss, 1977;

Ghidini, 2011). Os bancos de U. foliosa têm em média 5m² de área e se

desenvolvem onde existe penetração direta da luz solar (Ghidini, 2011).

Lago Tupé

Rio Negro

(22)

A vazante começa geralmente em agosto (Bittencourt e Amadio, 2007), época

em que a água do lago passa a fluir para o rio, atingindo menor profundidade em

outubro (seca). Com a diminuição do nível da água no lago, os bancos de U. foliosa,

em grande parte, ficam presos aos galhos das árvores da floresta inundada e, ao

ficarem inteiramente fora da água, secam e morrem. A paisagem do lago muda, com

grande parte do sedimento submerso durante a cheia (região marginal) agora

exposto (Figura 3).

Figura 3. Vista aérea do lago Tupé no período da seca, com grande parte do sedimento exposto (extraída de http://biotupe.inpa.gov.br).

Rio Negro

Lago Tupé

(23)

1. Comunidade dormente:

1.1 Periodicidade e áreas de amostragem

A amostragem da camada superficial do sedimento do lago Tupé foi realizada

no período de seca, em setembro e novembro de 2011. As amostras foram

coletadas em 3 locais em cada área de coleta (tréplicas) distante 5m um do outro,

que eram então reunidos constituindo em uma única amostra de 150 gramas. Este

padrão foi estendido para as 32 áreas coletadas em todo o lago, abrangendo 16

áreas de margens dos igarapés e/ou do lago e 16 áreas de canal dos igarapés e/ou

do lago (Figura 4).

Figura 4. Localização das 32 áreas de coleta no lago. As retas que ligam duas áreas indicam que foram coletados sedimentos nos canais dos igarapés e/ou do lago e na margem mais próxima (Pontos negros: sedimentos que ficam constantemente inundados / Pontos verdes: sedimentos da margem que ficam expostos uma parte do ano).

(24)

1.2 Obtenção das amostras

As amostras do sedimento exposto, da margem, foram obtidas com um tubo

de PVC de 60 mm de diâmetro (Figura 5) e dos locais permanentemente cobertos

com água com coletor tipo CORER também de 60 mm de diâmetro (Figura 6). De

cada amostra foram retiradas três camadas de sedimento de dois centímetros de

espessura (correspondente aos 6 cm superficiais), e acondicionada em saco plástico

de cor preta, imediatamente colocada em uma caixa de poliestireno expandido com

gelo, onde foram mantidas até chegar ao laboratório de plâncton do INPA.

Figura 5. Obtenção das amostras de margem: a) tubos de PVC; b) tubo inserido no sedimento; c) retirado do sedimento; d) coleta na margem de um igarapé; e) extrusor para a remoção do sedimento no tubo; f) fatiador; g) 2cm de sedimento sendo retirado do tubo; h) removido com espátula de plástico; i) acondicionado em saco transparente e depois em saco preto. Fotos: Santos-Silva, E.N. 2011.

a b c

d e

(25)

Figura 6. Obtenção das amostras de canal: a) CORER; b) CORER sendo arremessado em um canal do lago; c) encaixe do fatiador no cilindro do CORER para a remoção das camadas; d) fatia dos 2 cm superficiais do sedimento sendo retirada do cilindro. Fotos: Couto, J.S. 2011.

No laboratório, as amostras foram mantidas em um refrigerador a uma

temperatura de

≈ 13°C até seu processamento (Grice & Marcus, 1981; Schwartz &

Hebert, 1987).

1.3 Experimentos de eclosão ex-situ

Esta parte do trabalho foi realizada em um período de 4 meses no laboratório

de Limnologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), onde

experimentos com eclosões de ovos de resistência vêm sendo desenvolvidos por

alunos e

pesquisadores (Santangelo, 2011b; Araújo, 2012).

Isso contribuiu para a

riqueza e o engrandecimento deste trabalho, uma vez que houve uma melhor

compreensão dos métodos e técnicas empregados neste tipo de experimento. Os

dois primeiros meses foram destinados a um projeto piloto e os dois últimos ao

experimento propriamente dito.

As amostras foram arrumadas em caixa de poliestireno sem gelo e

transportadas por avião e depois de carro até o laboratório de Limnologia da UFRJ.

Todo o período de transporte durou 13 horas. No laboratório o sedimento continuou

sendo mantido na caixa em um espaço físico constantemente refrigerado (≈22º C)

a b c

(26)

por um período de dois meses, para serem processados após os experimentos

pilotos.

Após os dois meses, o sedimento úmido foi pesado em uma balança de

precisão, sendo utilizado uma subamostra de 150 g de cada local amostrado. Para

melhor monitoramento, o experimento foi dividido em duas etapas, primeiramente

com sedimentos oriundos de 16 locais amostrados (margens e canais) e na segunda

etapa os outros 16 restantes.

Para separar os ovos de resistência do sedimento (com ou sem efípios) foi

utilizado o método proposto por Onbé (1978) modificado por Maia-Barbosa et al.

(2003). A subamostra (150 g de sedimento) foi colocada em um becker de 250 ml,

sendo homogeneizada e diluída em uma solução de água destilada e sucrose

,

preparada na razão 1:1

. Essa solução foi então centrifugada a 2700 rpm, por 3

minutos. O sobrenadante foi passado por uma peneira de

10 µm de abertura de

malha e o material retido foi lavado com água destilada em abundância para a

remoção total do açúcar.

O material retido foi colocado em uma placa de Petri e analisado sobre

estereomicroscópio para contagem dos efípios ou somente ovos. Após isso os ovos

e/oi efípios foram incubados em aquários contendo 250 ml de meio artificial

(modificado de Tollriam, 1993), preparado em laboratório, totalizando 16 aquários

para a primeira e 16 aquários para a segunda etapa. Os meios tiveram o pH

ajustados para 7,0 e os aquários foram incubados

sob temperatura (24°C ± 2°) e

fotoperíodo constantes (12h claro: 12h escuro), e examinados durante 20 dias.

Para a quantificação, exame e identificação de embriões em desenvolvimento

e/ou de indivíduos eclodidos, e para evitar que organismos eclodidos morressem

antes de serem contabilizados e/ou que ocorresse reprodução partenogenética, o

que alteraria os resultados, a cada 2 dias todo o volume de água de cada aquário

era filtrado em uma rede de malha de 20 μm de abertura. O material retido na rede

era então depositado em uma placa de Petri com água sendo observado sob um

microscópio de dissecção. A identificação foi baseada nos guias de Smirnov (1992,

1996), Orlova-Bienkowskaja (2001), Kotov & Štifter (2006) e Elmoor-Loureiro (1997).

O material restante era colocado de volta ao aquário para ser observado nos

dias seguintes. Toda a vidraria e demais materiais

utilizados para esta análise era

(27)

rigorosamente lavado, a fim de evitar a contaminação dos aquários com ovos de

resistência ou indivíduos ativos provenientes de outros aquários.

O meio artificial de cada aquário foi renovado após 10 dias de experimento,

para evitar a proliferação de bactérias e fungos. O acompanhamento diário se

encerrou por volta do vigésimo dia, quando diminuíram e/ou encerraram as

eclosões.

2. Comunidade ativa:

Os dados da comunidade ativa para comparação com a dormente foram

obtidos através de estudos anteriores realizados no lago Tupé: Previatelli et al.,

2005; Ghidini, 2007; Couto e Santos-Silva, 2008; Couto et al., 2009; Ghidini e

Santos-Silva, 2009; Carlos-Ferreira e Santos-Silva, 2009; Couto et al., 2010; Calixto

et al., 2011; Ghidini e Santos-Silva, 2011a,b; Brandorff e Hardy, 2011; Previatelli e

Santos-Silva, 2011; Carlos-Ferreira e Santos-Silva, 2013 (dados não publicados).

Análise dos Dados

Para analisar os dados da comunidade dormente do lago Tupé, foi verificado

a porcentagem dos indivíduos eclodidos em 150 g que foi posto em cada aquário

nos experimentos. A porcentagem foi obtida da seguinte forma:

(%) = n.100/ (N)

Onde:

n = nº de indivíduos eclodidos (ou efípios) de um determinando local

N = nº total de indivíduos (ou efípios).

(28)

Capítulo 1

___________________________________________________________________________

Couto, C.A. & Santos-Silva, E. N. 2013. Distribuição

espacial e primeiro registro de formas de resistência

de Cladocera (Crustacea, Branchiopoda) no sedimento

de um lago da Amazônia Ocidental (lago Tupé,

Manaus, Amazonas). Manuscrito formatado para a

(29)

DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL E PRIMEIRO REGISTRO DE FORMAS DE RESISTÊNCIA DE CLADOCERA (CRUSTACEA, BRANCHIOPODA) NO SEDIMENTO DE UM LAGO DA

AMAZÔNIA OCIDENTAL (LAGO TUPÉ, MANAUS, AMAZONAS) Camila de A. Couto*, Edinaldo N. dos Santos-Silva**

*Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia. Pós-Graduação em Biologia de Água Doce e Pesca Interior. Campus 2, Av. André Araújo, 2936, Aleixo, Manaus, Amazonas, Brasil.

** CPBA, INPA-Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia. Campus 2, Av. André Araújo, 2936, Aleixo, Manaus, Amazonas, Brasil. (www.inpa.gov.br)

*Autor para correspondência. Tel: +55-92-8191-6598; +55-92-9290-8637; e-mail: (camiladearaujocouto@gmail.com)

Abstract. Cladocerans forms show resistance forms to go through adverse conditions in its habitat, the most common being the production of resistant eggs that may or may not be wrapped a protective envelope, being the set called ephippium. The ephippia or just the eggs can sink to the sediment after being produced. They can form banks of eggs in the sediment of lakes. There are no studies regarding the existence of these banks eggs in lakes of Western Amazon. This study aimed to investigate whether there were dormant forms, which species of Cladocera produced them as well as their distribution in the sediment of Lake Tupe, Amazonas State, Brazil. Sediment sampling were collected in September and November 2011 in 32 spots of the Lake. Experiments were carried out ex-situ in order verify the hatching in the sediment. It was observed that dormant forms of cladocera are present in sediment of the Lake and eight species were identified in hatching experiments: Ilyocryptus spinifer, Ephemeroporus barroisi, Diaphanosoma sp., Holopedium amazonicum Ceriodaphnia cornuta, Moina minuta, Bosmina longirostris and Bosminopsis deitersi. Greater number of dormant forms were found in the sediment at the margins of the Lake, where there was also a higher number of hatching. In addition, most species (four) erupted in the Stream Chefe, main stream of the lake. The production of dormant forms are a possible explanation for the success of the species of Cladocera in the Lake Tupé.

Keywords: Cladocera, resting eggs, ephippia, sediment, Lake Tupé.

Resumo. Os cladóceros possuem formas de resistência para atravessar períodos adversos em seu hábitat, sendo a mais comum a produção de ovos resistentes que podem estar ou não envoltos por um envelope protetor, sendo o conjunto chamado de efípio. Os efípios, ou apenas os ovos, podem afundar para o sedimento após serem produzidos. Estes podem formar bancos de ovos no sedimento de lagos. Para lagos da Amazônia Ocidental não existem dados sobre estas formas de resistência que tenham registrado a existência destes bancos de ovos. Este estudo teve como objetivo verificar se existiam formas dormentes, quais espécies de Cladocera as produziam, bem como sua distribuição no sedimento do lago Tupé, Amazonas, Brasil. As coletas de sedimento foram realizadas em setembro e novembro de 2011 em 32 locais do lago. Foram feitos experimentos ex-situ para a eclosão dos ovos presentes nos sedimentos. Foi observado que formas dormentes de cladóceros estão presentes no sedimento do lago e identificadas oito espécies nos experimentos de eclosão: Ilyocryptus spinifer, Ephemeroporus barroisi, Diaphanosoma sp., Holopedium amazonicum, Ceriodaphnia cornuta, Moina minuta, Bosmina longirostris e Bosminopsis deitersi. Maior número de formas dormentes foi encontrado no sedimento das margens, de onde também ocorreu maior número de eclosões. Além disso, maior número de espécies (quatro) eclodiram no igarapé Chefe, principal igarapé do lago. A produção de formas dormentes é uma possível explicação para o sucesso das espécies de Cladocera do lago Tupé.

(30)

1. Introdução

Muitos organismos produzem estágios dormentes quando vivem em ambientes que apresentam grandes mudanças, que podem ameaçar a sobrevivência de suas populações (Cáceres 1998). Os cladóceros, em particular, produzem ovos que entram em um estado conhecido como “diapausa” que consiste na suspensão da vida de forma temporária (Ricci 2001). Em outras palavras, estes ovos entram em um repouso fisiológico ou estado de dormência (Cáceres & Tessier 2003). Para a formação dos ovos, as fêmeas partenogenéticas produzem machos e fêmeas sexuadas, estes machos e fêmeas sexuadas copulam e os ovos fecundados serão os ovos de resistência (Hairston et al. 2000).

Os ovos de resistência podem permanecer no estado de dormência ou diapausa durante muitos dias, meses, décadas ou até mesmo séculos sem perder a viabilidade (Hairston et al. 2000). Cáceres (1998) encontrou ovos de Daphnia galeata mendotae e Daphnia pulicaria ainda viáveis após mais de 125 anos no sedimento. Com a quebra da dormência, eclode uma fêmea partenogenética a qual dará continuidade a população (Crowe 1971, Ricci 2001).

Dependendo da espécie, estes ovos de resistência podem estar envoltos em diversas membranas protetoras formando uma espécie de cápsula chamada de efípio (Carvalho & Wolf 1989). Indivíduos de Anomopoda produzem essa cápsula que envolve seus ovos, enquanto indivíduos de Ctenopoda não a produzem, tendo seus ovos outros mecanismos de proteção, por exemplo, espinhos protuberantes observados nos ovos dos indivíduos de Diaphanosoma (Korovchinsky & Boikova 1996). Vandekerkhove et al. (2004) afirmaram que se pode estimar a riqueza das espécies de Anomopoda de um determinado ambiente, através do reconhecimento da morfolgia dos seus efípios. A maior lista de efípios, e suas respectivas espécies, pode ser encontrada em Flöβner (2000) para a Europa Central.

Os ovos em diapausa podem ter diferentes destinos no ambiente aquático. Em algumas espécies, a parede celular do efípio pode formar um flutuador, conforme observado em Daphnia retrocurva (Carvalho & Wolf 1989). Os efípios podem ser dispersos também por movimentos da água, ser engolidos por peixes e mamíferos e depois excretados, ou até mesmo aderirem às patas de aves conforme observado com Daphnia atkinsoni (Louette & De Meester 2004). Também podem aderir à vegetação ou detritos, afundando gradualmente para o sedimento. Em outras espécies podem afundar para o sedimento imediatamente, conforme observado em Simocephalus serrulatus (Couto et al. 2010).

Por alguns efípios afundarem e outros flutuarem, pode haver heterogeneidade espacial na distribuição dos ovos de resistência. Por serem lançados em diferentes períodos, estações e épocas do ano, podem sobrepor-se nos sedimentos, havendo também uma heterogeneidade no tempo. Geralmente os três primeiros centímetros superficiais do sedimento são responsáveis por comportar os ovos com maiores taxas de viabilidade, portanto esta zona é conhecida como o “banco de ovos ativo” (active egg bank) (Brendonck & De Meester 2003), de onde fêmeas periodicamente ou continuamente eclodem (Carvalho & Wolf 1989).

No banco de ovos a densidade dos ovos aumenta pela deposição de novos ovos e diminui quando estes eclodem, quando são predados ou soterrados (DeStasio 1989, 2007). Esta densidade também varia espacialmente, pois observa-se que nas regiões menos profundas a radiação solar e as temperaturas mais elevadas estimulam a eclosão dos ovos, reduzindo a densidade destes no sedimento (Cáceres 1998, Hairston 1996). Assim, o esperado é que as maiores densidades na distribuição horizontal dos efípios no lago como um todo, sejam sempre observadas nas regiões mais profundas, onde a radiação solar não penetre (Cáceres 1998).

Os estímulos mais conhecidos para a quebra da dormência ou diapausa e consequente eclosão das formas dormentes são a mudança na temperatura e fotoperíodo que ocorre nos ambientes aquáticos (Stross 1969, Vanderkerkhove et al. 2005 a,b). Muitos pesquisadores têm realizado experimentos de eclosão de cladóceros em laboratório controlando a temperatura e o fotoperíodo para quebrar a dormência destes ovos, e/ou para identificar as espécies provenientes deles, uma vez que nem todos os ovos possuem efípios que possam ser morfologicamente identificadas ao nível de espécie (Vandekerkhove et al. 2004).

(31)

Coronel et al. (2009) em experimentos de eclosão de bancos de ovos provindos de 61 charcos temporais em uma cordilheira na Bolívia encontraram mais espécies no banco de ovos do que na comunidade ativa na coluna d’água. Outros pesquisadores também tiveram sucesso e encontraram espécies presente no banco de ovos que não estavam na comunidade ativa (Crispim & Watanabe 2001, Brede et al. 2007, Vandekerkhove et al. 2004a).

No Brasil, a partir de 2000, pesquisadores também tem voltado sua atenção mais afinco para os bancos de ovos em ambientes dulcícolas. Estes estudos têm sido realizados na região nordeste no semi-árido paraibano (Crispim & Watanabe 2001), mas principalmente na região sudeste e sul do Brasil (Rojas et al. 2001, Maia-Barbosa et al. 2003, Panarelli et al. 2008, Palazzo et al. 2008, Brandão 2009, Santangelo et al. 2011b, Araújo 2012).

Estudos que buscaram conhecer a existência de ovos de resistência e/ou efípios no sedimento de lagos da Amazônia Ocidental ainda são inexistentes. Em um lago de água preta, no baixo rio Negro, lago Tupé, nosso intuito foi verificar se de fato formas dormentes ocorrem no seu sedimento, culminando na existência de um banco de ovos.

No lago Tupé foram encontradas até hoje 98 espécies de cladóceros (Ghidini 2011). Destas, 22 espécies são de hábitos tipicamente planctônicos e 76 espécies de hábitos bentônicos. Estas últimas vivem na região de margem, na serapilheira quando inundada e também em Utricularia foliosa (Lentibulariaceae L.), macrófita abundante neste lago no período de enchente e cheia.

No período de águas baixas, devido ao volume d’água no lago se tornar reduzido, aumentam as chances de espécies planctônicas serem predadas por alevinos, peixes adultos e outros predadores. No entanto, estas espécies continuam em seu hábitat, embora aparentemente mais hostil. Em contrapartida, têm-se observado que neste mesmo período muitas populações de hábitos bentônicos desaparecem do lago, sendo que estas representam 77% da riqueza de cladóceros deste ambiente (Couto et al. 2009, Ghidini 2011).

Entretanto, a cada ano, na época de águas altas, quando as populações de U. foliosa voltam a colonizar o ambiente e a serapilheira novamente fica inundada, as populações desses microcrustáceos, são novamente encontradas nestes ambientes. Desta forma são levantadas importantes questões como quais estratégias as espécies desenvolveram para, ano após ano, recolonizarem e manterem suas populações nesse hábitat.

Em vista disso, a hipótese deste estudo para explicar o restabelecimento periódico dos cladóceros no lago Tupé é que estes produzem formas de resistência que podem ser depositadas no sedimento do lago. No entanto, surgem dúvidas sobre quais locais do lago estas formas são depositadas, portanto, uma análise criteriosa da distribuição espacial destas formas no sedimento elucidariam estas questões, que pretende-se responder neste estudo. Partindo desse cenário, propusemos então i) verificar se existem formas dormentes de cladóceros no sedimento do lago Tupé, e caso existam ii) identificar quais espécies estão produzindo estas formas; iii) quais locais do lago estão estas formas dormentes e iv) quais as áreas com maior densidade de formas dormentes em todo o lago.

(32)

2. Material e Métodos 2.1 Área de estudo

O lago Tupé (3o2’36”S e 60o15´18”W) é um lago de terra firme, localizado na margem esquerda do rio Negro na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS do Tupé), a oeste de Manaus (AM), distante 25 km, em linha reta, do centro da cidade (Fig. 1).

O lago é conectado ao rio Negro por um canal que é a via de entrada durante as águas altas e saída de água na época de águas baixas, isso devido à variação sazonal do nível da água no rio Negro. Oito igarapés desembocam no lago e têm influência preponderante nas características limnológicas deste ambiente durante o período de seca (Aprile & Darwich 2005).

O início da enchente geralmente corresponde ao mês de novembro e a cheia atinge sua cota máxima geralmente em meados de junho (Bittencourt & Amadio 2007). Neste período, com o aumento do nível da água, a floresta marginal ao lago fica inundada, assim como a serapilheira, troncos caídos e árvores que ficam com parte de seus troncos submersos (fig. 2a).

Fig. 2. Vista aérea do lago Tupé: a) no período da cheia, com os sedimentos das margens totalmente submersos (Foto: Marcos Attaíde 2006); b) no período da seca, com grande parte do sedimento exposto (http://biotupe.inpa.gov.br).

a

)

b

(33)

No início da entrada da água do rio Negro no lago, ocorre o aparecimento de U. foliosa, que formam bancos distribuídos principalmente próximo à desembocadura dos igarapés que drenam para o lago. Esporadicamente, os bancos ocorrem no lago propriamente dito (Ghidini 2011, Reiss, 1977).

A vazante começa geralmente em agosto (Bittencourt & Amadio 2007), época em que a água do lago passa a fluir para o rio, atingindo menor profundidade em outubro (seca). Nesta época, grande parte dos bancos de U. foliosa ficam presos aos galhos das árvores da floresta inundada e, ao ficarem inteiramente fora da água, secam até morrerem. A paisagem do lago muda drasticamente, com grande parte do sedimento, antes submerso durante a cheia, agora exposto (Fig. 2b).

2.2 Periodicidade e áreas de amostragem

Foram obtidos os 6 cm superficiais do sedimento no lago no período de seca nos meses de setembro e novembro de 2011. As amostras do sedimento exposto, da margem, foram obtidas com um tubo de PVC e dos locais permanentemente inundados com coletor tipo CORER, ambos de 60 mm de diâmetro (Fig. 3a e b). As amostras consistiram de 3 locais distante 5m um do outro em cada área de coleta, que eram então reunidos constituindo em uma única amostra de 150 g. Este padrão foi estendido para as 32 áreas coletadas em todo o lago, abrangendo 16 áreas de margens dos igarapés e/ou do lago e 16 áreas de canal dos igarapés e/ou do lago (Fig. 4).

As amostras foram acondicionados em saco plástico de cor preta, imediatamente colocados em uma caixa de poliestireno expandido com gelo, onde foram mantidas até chegar ao Laboratório de Plâncton do INPA. No laboratório, as amostras foram mantidas em refrigerador até serem transportadas para o laboratório de Limnologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) onde foram realizados os experimentos de eclosão.

Fig.

a b

a b

a

b

Fig. 3. Obtenção das amostras com: a) tubos de PVC e b) CORER. Fotos: Couto, J. S.

Fig. 4. Localização das 32 áreas de coleta no lago. As retas que ligam duas áreas indicam que foram coletados sedimentos nos canais dos igarapés e/ou do lago e na margem mais próxima (Pontos negros e amarelos: sedimentos que ficam constantemente inundados / Pontos verdes e negros: sedimentos da margem que ficam expostos uma parte do ano).

(34)

2.3 Experimentos de eclosão ex-situ

No laboratório da UFRJ, os ovos de resistência com ou sem efípios foram separados do sedimento utilizando o método proposto por Onbé (1978) modificado por Maia-Barbosa et al. (2003). A sub-amostra de 150 g de sedimento foi colocada em um Becker de 250 ml, a seguir foi adicionada uma solução de água destilada e sucrose, preparada na razão 1:1 para diluir e homogeneizar o sedimento. Essa solução foi então centrifugada a 2700 rpm por 3 minutos. O sobrenadante foi passado por uma peneira de 10 µm de abertura de malha e o material retido foi lavado com água destilada em abundância para a remoção total do açúcar e, colocados em aquários de 250 ml contendo uma solução preparada em laboratório (modificado de Tollriam 1993). O pH da solução de cada aquário foi ajustado para 7,0 e os aquários foram incubados sob temperatura de 24°C ± 2° e fotoperíodo constantes (12h claro: 12h escuro) sem alimentação e, examinados durante 20 dias, em intervalos de dois dias.

Para a quantificação, exame e identificação de embriões em desenvolvimento e/ou de indivíduos eclodidos e, para evitar que organismos eclodidos morressem antes de serem contabilizados e/ou que ocorresse reprodução partenogenética, a cada dois dias todo o volume de água de cada aquário era filtrado através de uma rede de 20 μm de abertura de malha. O material retido na rede era depositado em uma placa de Petri, sendo observado sob um microscópio estereoscópico. Os indivíduos eclodidos foram retirados e fixados em formol açucarado. Quando ainda muito jovens eram removidos e postos em aquários separados (sem alimentação) e observados nos dois dias seguintes, a fim de dar uma identificação mais precisa. A identificação dos cladóceros foi baseada nos guias de Smirnov (1992, 1996), Orlova-Bienkowskaja (2001), Kotov & Štifter (2006) e Elmoor-Loureiro (1997).

O material restante era colocado de volta ao aquário para ser observado nos dias seguintes. Toda a vidraria e demais materiais utilizados para esta análise era rigorosamente lavado, a fim de evitar a contaminação dos aquários com ovos de resistência ou indivíduos ativos provenientes de outros aquários. O meio artificial de cada aquário foi renovado após 10 dias de experimento, para evitar a proliferação de bactérias e fungos. O acompanhamento diário se encerrou no vigésimo dia. Ao final, o material testemunho das espécies eclodidas foi depositado na Coleção de Carcinologia do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (lotes: 1987 – 1994).

2.4 Análise dos Dados

Foi calculada a porcentagem dos efípios e indivíduos eclodidos de 150 g de amostra que foi posto em cada aquário nos experimentos. O cálculo para determinar a porcentagem de efípios e indivíduos eclodidos foi obtido pela fórmula: (%) = n.100/ (N) / Onde: n = nº de indivíduos eclodidos (ou efípios) de um determinando local / N = nº total de indivíduos (ou efípios).

3. Resultados 3.1 Efípios

Foi encontrado um total de 233 efípios em todo o lago Tupé (137 na margem e 96 no canal). Entretanto, estes valores ainda não são conclusivos. Pois, nos aquários, muitos efípios foram encontrados com, o que chamamos neste estudo, a “cápsula estourada” ou “danificada” (tab.1), talvez decorrente do processo de centrifugação (a ser discutido mais adiante). Portanto, neste estudo fizemos referência e, colocamos para eclodir, apenas os efípios viáveis, sendo 89 para a margem e 45 para o canal. Assim sendo, analisando todos os efípios viáveis e a eclosão destes em todo o experimento, foi observado que os sedimentos de margem continham mais efípios viáveis e houve mais eclosões do que os de canal (Fig. 5).

(35)

Entretanto, analisando cada ambiente separadamente, verificou-se que as porcentagens são parecidas, os valores não apresentaram grandes diferenças (2% apenas) (Fig. 6).

Um panorama geral do número de efípios viáveis e danificados encontrados em todos os locais amostrados do lago e número de eclosões que ocorreram em laboratório é apresentado na tabela 1. Para os efípios viáveis, os mesmos valores estão apresentados em porcentagem na figura 7.

78% 21% 0 20 40 60 80 100 EFÍPIOS ECLOSÕES P o rc e n ta g e m ( %) MARGEM 76% 23% 0 20 40 60 80 100 EFÍPIOS ECLOSÕES CANAL P orc en tag em ( %)

Fig. 6. Porcentagem dos efípios e eclosões na margem e canal durante todo o experimento. Fig. 5. Porcentagem dos efípios e eclosões durante todo o experimento.

66% 33% 0 20 40 60 80 100 MAR CAN EFÍPIOS P orc en tag em ( %) 63% 36% 0 20 40 60 80 100 MAR CAN ECLOSÕES P orc en tag em ( %)

(36)

Tab. 1. Número de efípios viáveis, danificados e ocorrência de eclosões em todos os locais amostrados do lago (MAR = margem/ CAN = canal/ jus = à jusante / mont = à montante).

Fig. 7. Porcentagem de efípios encontrados nos locais amostrados. A porcentagem de cada local foi calculada em relação ao número total de efípios da margem e canal.

LOCAIS AMOSTRADOS MAR CAN MAR CAN MAR CAN

Ig. Chefe 18 5 12 2 8 2

Ig. Muquém 4 3 - 4 1 3

à jus. Chefe e Muquém 1 1 1 - -

-Ig. Cachoeira 9 9 3 7 1 1

à jus. Cachoeira - 5 - 5 -

-Ig. Pedras 3 - - - 3

-Ig. Helena 11 4 4 6 - 1

à jus. Pedras e Helena 8 2 6 8 2

-Mont. Monteiro 1 4 1 1 - -Ig. Monteiro 1 - - - - -à jus. Monteiro 9 1 1 - 1 -Estação Central - 1 - 3 - -Ig. Valdemar 6 2 - 5 5 1 à jus. Valdemar 8 - 7 5 -

-Ig. Terra Preta 8 1 8 5 3

-à jus. Terra Preta 2 7 5 - - 6

89 45 48 51 24 14 Eclosões Danificados Efípios viáveis 0 5 10 15 20 25 MAR CAN P orc en tag em ( %) Locais de amostragem EFÍPIOS

(37)

3.2 Eclosões

Em oito locais de margem e seis de canal eclodiram indivíduos. Não ocorreram eclosões em aquários com sedimentos provindos de 12 locais (margens e canal). Embora já transcritos na tabela 3, para uma melhor compreensão, estes valores estão expressos também em porcentagem (fig. 8).

Fig. 8. Porcentagem de eclosões que ocorrem em laboratório dos locais amostrados. A porcentagem foi calculada em relação ao número de eclosões de cada local, se de margem ou canal.

Não foi possível identificar 26% dos organismos eclodidos (Fig. 9a). Isso ocorreu porque alguns indivíduos ficaram danificados ou não apresentaram as características geralmente utilizadas para sua identificação, porque eram indivíduos recém-nascidos ou muito jovens ainda.

Dentre os indivíduos que eclodiram, foram identificadas oito espécies (Fig. 9a). Os indivíduos de Diaphanosoma não puderam ser identificados até o nível de espécie porque os neonatos não conseguiam atingir um tamanho mínimo para uma identificação mais precisa e morriam em algumas horas ou em até 48hs após a eclosão. Cada espécie teve uma contribuição diferente de indivíduos eclodidos dependendo do compartimento do lago, margem ou canal (Fig. 9b). Na margem se destacaram I. spinifer e C. cornuta, (29% e 12% de eclosões respectivamente). No canal destacaram-se

H. amazonicum e Diaphanosoma sp. (28% e 21% das eclosões). 33,33 4,16 4,16 12,5 8,33 4,16 20,86 12,5 14,25 21,42 7,14 7,14 7,14 42,89 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 MAR CAN Locais de amostragem P o rcentag em (% )

(38)

Fig. 9 (a). Porcentagens das espécies de Cladocera eclodidas do lago Tupé; (b) Porcentagem das espécies eclodidas de margem e de canal. Nesta última, a porcentagem foi calculada levando-se em conta o total de organismos eclodidos de cada ambiente (margem e canal).

23,68 13,15 10,52 7,89 7,89 5,26 2,63 2,63 26,33 0 5 10 15 20 25 30 35 P orc en tag em ( %) Espécies eclodidas (a) 29,18 4,16 4,16 4,16 12,5 8,35 4,16 33,33 14,28 28,57 21,43 14,28 7,16 14,28 0 5 10 15 20 25 30 35 Margem Canal P orc en tag em ( %) Espécies eclodidas (b)

(39)

Tab. 2. Espécies que eclodiram do sedimento de cada ambiente e local amostrado.

De todos os locais amostrados, podemos visualizar que mais espécies foram encontradas próximo às desembocaduras dos principais igarapés de cada braço do lago (extremidades do gráfico na fig. 10).

Margem Canal

Ig. Chefe Bosmina longirostris Ephemeroporus barroisi Bosminopsis deitersi

Ilyocryptus spinifer Ephemeroporus barroisi

Ig. Muquém - Holopedium amazonicum

Diaphanosoma sp.

à jus. Chefe e Muquém -

-Ig. Cachoeira Ilyocryptus spinifer

-à jus. Cachoeira -

-Ig. Pedras Ilyocryptus spinifer

-Ceriodaphnia cornuta

Ig. Helena - Moina minuta

à jus. Pedras e Helena -

-Mont. Monteiro -

-Ig. Monteiro -

-à jus. Monteiro Ceriodaphnia cornuta

-Estação Central -

-Ig. Valdemar Diaphanosoma sp.

-à jus. Valdemar -

-Ig. Terra Preta Holopedium amazonicum

-Bosmina longirostris

à jus. Terra Preta - Diaphanosoma sp.

Holopedium amazonicum Ilyocryptus spinifer

(40)

Fig. 10. Número de espécies de Cladocera eclodidas do sedimento de cada local amostrado.

Quanto aos dias de incubação, a maioria das espécies e dos indivíduos no total eclodiu após 3-10 dias quando expostos às condições controladas (pH 7,0; 24ºC; Fotoperíodo 12:12; sais e nutrientes; sem alimentação). O 6º dia foi o de maior pico, tendo 11 indivíduos eclodidos de sete espécies. Apenas Diaphanosoma sp. e I. spinifer continuaram com indivíduos eclodindo nos aquários dos sedimentos provindos da margem após o 10º dia (Tab. 3).

Tab. 3. Frequência de eclosão das espécies durante o experimento.

Dias Margem Canal

3 I. spinifer H. amazonicum H. amazonicum -ñ identificado* -5 B. longirostris Diaphanosoma sp. - ñ identificado* 6 B. longirostris E. barroisi B. deitersi Diaphanosoma sp. C. var rigaudi H. amazonicum

- I. spinifer 8 ñ identificado* -10 I. spnifer -E. barroisi M. minuta ñ identificado* -12 Diaphanosoma sp. -ñ identificado* -13 I. spinifer -15 I. spinifer -ñ identificado* -17 I. spinifer

-* morreram antes de serem identificados. Espécies eclodidas

Referências

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