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Eixo Temático – BANCA TCC/ERIC – 5º ANO DE DIREITO – sala nº 10

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XVI ERIC – (ISSN 2526-4230)

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XVI ERIC – (ISSN 2526-4230) FUNDAÇÃO FACULDADE DE FILOSOFIA CIENCIAS E LETRAS DE MANDAGUARI

AMANDA GONÇALVES DA SILVA

REMIÇÃO PELA LEITURA COMO FORMA DE RESSOCIALIZAÇÃO DO PRESO NO PARANÁ

MANDAGUARI 2020

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INTRODUÇÃO

Dentro do cenário dos projetos de ressocialização do apenado, o presente trabalho aborda um tema de grande repercussão e demonstrou um grande salto a partir dos anos, o projeto trata da remição pela leitura, onde a remição, conforme dicionário jurídico, é quando o preso cumpre determinada parte da sua pena, pelo estudo ou trabalho.

O trabalho tem a importância de demonstrar a necessidade da atuação do Estado, e aplicação do projeto com o intuito da ressocialização e consequentemente um índice menor de reincidentes. O projeto tinha intuito em se embasar nas pesquisas de campos, atuando de uma forma mais concreta nos casos para demonstrar a sua efetividade, porém como não se foi possível, foram pesquisadas algumas jurisprudências sobre o assunto para deixar evidenciado a função do projeto, sua estrutura e forma de atuação.

O decorrer do projeto foi baseado em leis que tratam do assunto, código penal e Constituição, evidenciando os direitos e deveres do apenado com um Estado responsável por essas mudanças. No projeto elencamos algumas possíveis situações que desencadeiam o tipo de conduta que o preso se acaba submetendo-se.

A partir destas considerações, contextua-se a lei da remição pela leitura, como se dá o procedimento a inserção do preso no projeto e como o mesmo atua para reduzir a sua pena e ocorrer uma ressocialização.

DA EXECUÇÃO PENAL

O trabalho irá abordar a lei de execução penal e a sua função de ressocialização. Quando um ato ilícito é cometido, e este possui legalidade para que seja punido, o agente praticante passará por todo o tramite do processo penal, e se condenado a uma pena passará a fase de execução, seja ela uma pena privativa de liberdade, restritiva de direitos ou multa.

A execução penal, está disposta na lei 7.210 e em seu 1° artigo preceitua “ A execução penal tem por objetivo efetivar as disposições de sentença ou decisão criminal e proporcionar condições para a harmônica integração social do condenado e do internado”. (BRASIL,1984, WEB), sendo assim, a lei deve sim punir o agente, mas ao mesmo tempo é dever do Estado o preparar para retornar a sociedade uma

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pessoa recuperada, que tenha refletido sobre a sua conduta e que de maneira progressiva retorne ao meio social.

Beccaria traz que a pena deve ir de acordo com o interesse público sendo razoável e necessário ao delito para não ocorrer violência ao cidadão, o trecho a seguir exemplifica esta ideia do autor:

“É melhor prevenir os crimes do que ter de puni-los, e todo legislador sábio deve antes impedir o mal do que repará-lo, pois uma boa legislação não é senão a arte de proporcionar aos homens o maior bem estar possível e preserva-los de todos os sofrimentos que lhes possam causar [...]”1(BECCARIA,2001,p.67.)

Para isso, a fase de execução penal possui uma execução jurisdicional, e ao mesmo tempo uma execução administrativa, partindo assim dos preceitos de ressocialização do preso, buscando uma celeridade nos processos, e para com os benefícios á ele imposto.

Conforme dados obtidos pelo Departamento Penitenciário Nacional (BRASIL, 2017,WEB) sobre informações em relação ao estudo do carcerário, cerca 70% da população privada de liberdade no Brasil (ou 482.645 pessoas) observa-se um baixo grau de escolaridade, 17, 75% da população prisional brasileira ainda não teve acesso ao ensino médio, tendo concluído, no máximo, o ensino fundamental. Entre a população que se encontra no ensino médio, tendo concluído ou não esta etapa da educação formal, temos 24% da população privada de liberdade. No entanto, por meio deste trabalho iremos demonstrar a importância do estudo no que tange a leitura como suma importância para a ressocialização do apenado. A recuperação e a ressocialização são dever do Estado, conforme dispõe a Lei de Execução Penal, oferecer condições para o condenado, para que assim ao final do cumprimento de sua pena, a sua personalidade, e os seus princípios sejam de uma pessoa com grandes chances de aderir novamente ao convívio social. Este convívio deve ser elencado dentro das cadeias para com todos os presos, pois o convívio em grupo é de necessário para o ser humano, sendo assim indispensável que não façam distinção, pois independente de sua pena, ou crime o preso deve ter seus direitos e

1 BECCARIA, Cesare Bonesana. Dos Delitos e das Penas. Trad. Flório de Angelis. 2. ed .

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consequentemente uma nova chance para aderir ao círculo social.

Portanto trazemos a Lei de Execução Penal (LEP) como um dos primórdios meios para recuperação, e principalmente uma reeducação social que através do estudo, uma das primeiras atitudes para essa ressocialização. Infelizmente muitos presidiários se tornam vítimas, pois cresceram em um ambiente violento, sem infraestrutura, sob o aspecto degradante e humilhante.

Uma pesquisa trazida pelo ESTADO DO PARANÁ, pela secretaria de estado da justiça e da cidadania, concluiu conforme seus dados que a grande parte da população carcerária são pessoas pobres, que vieram de famílias de uma renda máxima de três salários mínimos, detentos que não aproveitaram a sua infância e que não se prepararam para o mercado de trabalho, concluíram que são detentos provenientes de famílias d ‘estruturadas e que ainda tiveram maus exemplos de condutas pelos seus familiares.

Ao invés de em uma penitenciária o preso refletir sobre seu ato, juntamente com o auxílio do Estado, o condenado passa por condições humilhantes tendo assim sentimentos de ódio, vingança, e agressividade tornando assim, a cometer novos crimes.

O aumento de presos e o custo crescente vem fazendo falecer o sistema prisional, falta de investimentos por parte da administração pública, fazendo gerar uma exacerbada lotação ocasionado a falência de diversas condições necessárias a sobrevivência (higiene, alimentos e leitos) falência no serviço médico elevando assim o número de reincidentes sem ao menos terem uma chance de se arrepender e buscar um novo caminho.

Michel Foucault relata as mudanças nos sistemas penais e durante a vida moderna dedica a uma análise de vigilância e punição onde traz que a prisão deve ser uma forma humanista de cumprir a pena:

“O sucesso do poder disciplinar se deve sem dúvida ao uso de instrumentos simples :o olhar hierárquico, a sanção normalizadora e a sua combinação num procedimento que lhe é especifico, o exame .”( FOUCAULT,1999.p.195)2

O exame, que Foucault diz, é uma combinação de hierarquia com as sanções, onde existe um controle permitindo assim qualificar, classificar e punir, elas

2 FOUCAULT, Michel. Vigiar e Punir – História da violência nas prisões. Trad. Raquel

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se relacionam em uma forma de poder e saber, até relaciona o “ exame de punição ao exame escolar onde traz que ao mesmo tempo que levanta um saber levanta um campo de conhecimento, no caso do agente punido.

Além da Lei prever os direitos e garantias aos presos, o código de processo penal em seu artigo 38° traz “ O preso conserva todos os direitos não atingidos pela perda da liberdade, impondo-se a todas as autoridades o respeito a sua integridade física e moral”. E como norma superior, as garantias e os direitos dos presos, estão estipuladas na Constituição Federal, no artigo 5° inciso XLVIII “ é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral”.

Contudo, lei também dispõe dos deveres e direitos para com o preso, o primeiro trata sobre o que cabe ao condenado, está disposto no artigo 38° e seguintes da lei , ele deve apresentar um comportamento adequado, e disciplinado, além de respeitar todas as pessoas com quem se relaciona, executando assim os trabalhos lhe dado e as tarefas, além de manter um estado de relacionamento consigo mesmo, tanto de higiene e conservação de seus materiais pessoais, são alguns dos deveres que a lei traz, para que ao preso execute, lembrando que o bom comportamento sempre traz consequência positivas para o apenado.

Em segundo falamos dos direitos que o preso tem, logo após os deveres os direitos do preso estão elencados no artigo 40 da lei de execuções , de uma forma mais abrangida, o preso terá seus direitos como qualquer apenado, independentemente de sua conduta, terá seus direitos dignos, além de comida, vestes e atividades proporcionadas, o apenado terá assistências material, á saúde, educação, religiosa, e uma assistência jurídica, ao preso é concedido visitas da companheira e de familiares e amigos, podendo também para com estes entes queridos ter um contato por meio de cartas, ao preso será concedido toda e qualquer proteção contra forma de sensacionalismo Nucci , traz que:

A sentença condenatória não é estática, mas dinâmica [...]Um réu condenado ao cumprimento da pena de reclusão de doze anos, em regime inicial fechado, pode cumpri-la exatamente em doze anos, no regime fechado ( basta ter péssimo comportamento carcerário, recusar-se a trabalhar etc.) ou cumpri-la em menos tempo, valendo-se de benefícios específicos ( remição, comutação, progresso de regime, livramento condicional etc.(NUCCI,2018.p.15)3

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Para tanto, relacionada à remição, como instituto da execução penal é um dos primórdios assuntos que serão tratados ao longo dos próximos capítulos. A remição, está disposta no artigo 126° da LEP, onde traz, “ O condenado que cumpre a pena em regime fechado ou semiaberto poderá remir por trabalho ou por estudo, parte do tempo de execução da pena”, contudo os artigos seguintes tratam sobre a remição pelos estudos, e o que será elencado no trabalho será a remição pela leitura.

Para conhecimento, onde o estudo é entre várias outras formas, um meio para a ressocialização do preso, foi se criada uma lei específica, que entrou em vigor na data de sua publicação a Lei n. 12.433, de 29 de junho de 2011, alterando assim os artigos 126, 127, 128 e 129 da Lei de Execução Penal, cuidando da remição de pena pelo trabalho e pelo estudo. Haviam divergências entre a doutrina e a jurisprudência onde divergiam sobre a possibilidade de remição pelos estudos. E a partir desta lei, 12.433 deixando de lado a discussão, e incluindo a normatização da remição pelo estudo e trabalho.

A lei veio para fortalecer um pensamento jurisprudencial e favorecer a sociedade e o preso influenciando de forma positiva em sua adaptação ao convívio social.

Diante de todo exposto, podemos observar que a Lei de Execução Penal, está disposta a oferecer todos os parâmetros e cuidados para a ressocialização e educação com o apenado. De fato, existem crimes sim, mas em contrapartida existem grandes movimentos para que este número de reincidentes diminua e ao mesmo tempo que haja uma ressocialização.

Como será tratado no capítulo seguinte um dos meios para prevenir crimes e remedia-los o projeto remição pela leitura, um movimento que hoje é lei e está difundindo por uma grande parte do Estado do Paraná.

DA REMIÇÃO PELA LEITURA NO PARANÁ

A lei ordinária que instituiu o projeto, e designada como a lei Estadual 17.329, publicada no Diário Oficial, no dia 8 de outubro de 2012, com fulcro na lei 12.433 como já mencionada no capítulo anterior, está iniciativa ocorreu por meio dos juízes

Nucci, Guilherme de Souza. Curso de Execução Penal. ed. Rio de Janeiro: Editora Forense, 2018.

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que entenderam a atividade da leitura como um trabalho intelectual e usada assim como remição da pena.

O Paraná foi o primeiro Estado a regulamentar a remição pela leitura nos estabelecimentos prisionais, conta com diversas parcerias e campanhas para a doação de livros, nos dados consta que foram desde, 2012 até 2017, mais de 60.000 livros recebidos de doações e de diversos colaboradores.

No paraná quem tem a coordenação e a responsabilidade deste programa é a DEPEN, juntamente com a Secretaria de Estado da Justiça e Direitos Humanos (SEJU) e da secretaria do Estado de Educação (SEED). A participação no projeto é voluntária onde a equipe pedagógica entrevista, informa e até mesmo apoia para que os presos se matriculem, acompanhando e orientando a essas práticas educacionais.

O artigo 9° da lei institui“ O preso custodiado alfabetizado integrante das ações do projeto “Remição Pela Leitura”, realizará a leitura de uma obra literária e elaborará um relatório de leitura ou uma resenha, o que permitir remir quatro dias de sua pena” (BRASIL,2012 WEB)

Este programa oferece uma qualificação aos presos, pois engloba obras literárias, clássicas, cientificas, filosóficas e outros livros didáticos tendo assim um conhecimento amplo de diversos assuntos, os livros que são indicados aos detentos proporcionam ao mesmo tempo uma realidade, e uma ficção lhe proporcionam sonhos tornando-o individuo correto e consciente. De fato, que a leitura trabalha com a imaginação possibilitando assim ao preso refletir sobre como guiar a sua vida, ler constitui uma prática social.

Concluída todas as etapas e, realizada a leitura em um tempo médio de 21à 30 dias, o preso deverá apresentar uma resenha ou um resumo do que fora lido, deverá conter um mínimo de 30 linhas , e o máximo de 60 linhas, elaborado pelo próprio interno, e entregue a comissão para a avaliação do texto, com uma nota de 0,0( zero) à 10.0 (dez) sendo obrigatório atingir a nota igual ou superior a 6,0 (seis), podendo assim remir a sua pena em 4 dias , porém o preso poderá ler apenas uma obra literária por mês. Portanto o sentenciado que adotar ao programa poderá ler 12 livros ao ano, totalizando em 48 dias remidos.

A comissão que fica responsável, por este projeto será composta por um docente em cada Estabelecimento Penal, professor de língua portuguesa, um

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pedagogo responsável pelo acompanhamento do projeto, que selecionaram as obras literárias, fará sua atualização e orientará os presos de como elaborar os relatórios, e no final de cada mês elaborarão uma planilha contendo uma relação das obras, a carga horária e o aproveitamento, todos responsáveis pelo centro de educação do estabelecimento. Constando seus certificados pelo artigo 130, da lei n° 7.210 onde pode constituir crime atestando um falso pedido de remição de pena. Artigo 16 – “. Os Integrantes da Comissão de Remição pela leitura serão cientificados dos termos do art. 130, da lei n° 7.210, de 11 de junho de 1984, acerca da possibilidade de constituição de crime por atestar com falsidade um pedido de remição de pena mediante assinatura de termo de ciência

Para maior efetividade no projeto “ Remição pela Leitura” dispõe na lei em seu artigo 19°, que o governo do Paraná poderá firmar convênios com instituições fazer cooperações para executar melhor o projeto, não é tão simples assim, na teoria é tudo muito mais fácil porém, para colocar em pratica necessita de apoio e dar uma maior efetividade ao projeto, quando se fala em presos, ressocialização não é tão simples assim , por isso a lei autoriza o governo está parceria.

Artigo 19- “ O governo do Estado do Paraná poderá firmar convênios, termos de cooperação, ajustes ou instrumentos congêneres, com órgão e entidades da administração pública direta e indireta para a execução das ações do projeto “Remição pela Leitura”, nos estabelecimentos penais do Paraná”

Conforme notícia publicada no site agencia de notícias do Paraná, o projeto paranaense na penitenciária de Maringá e no complexo Penitenciário de Piraquara receberam uma visita técnica da Unesco, uma Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, onde desenvolve parcerias com os governos no setor da educação, conheceram os espaços nas unidades o seu acervo bibliográfico, relata o diretor da DEPEN que o projeto é eficaz como também , Luiz Alberto Cartaxo Moura, explica que é importante o conhecimento deste projeto e que a visita foi fundamental para que seja reconhecida até mesmo fora do país, lembrando que o Paraná como pioneiro no Projeto “Remição Pela Leitura já recebeu o Prêmio Estadual Selo ODM ( Objetivos do Milênio.) 2013, e o prêmio Nacional de Boas Práticas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

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Além dessas parcerias autorizada ds ao governo do Paraná, a Secretária de Estado e Direitos humanos juntamente com uma Coordenação de educação e profissionais poderão promover roda de leituras dos livros e atividades que favoreçam a cultura, que tragam conhecimento podendo envolver os presos do Projeto “Remição pela Leitura”.

Após o preso, inscrito no programa fizer seu relatório ou até mesmo a resenha, para que compute a remição na sua pena deve-se passar por alguns processos e o primeiro deles é um atestado para fim de remição da pena sendo expedido pelo CEEBJA (Centro Estadual de Educação Básica para jovens e adultos, ou seja os responsáveis pela educação no estabelecimento penal,

Artigo 21 – “ O atestado para fins da remição será expedido pelo Centro Estadual de Educação Básica para Jovens e a Adultos CEEBJA, [...]

Após este atestado para a remição, será declarado pelo juiz competente da execução penal, e juntamente ao Ministério Público e a defesa, podendo até perder esses dias remidos até 1/3 do tempo remido em caso de prática de faltas graves. Conforme dispões no novo entendimento do artigo 128, da Lei de Execuções Penais “O tempo remido será computado como pena cumprida, para todos os efeitos”, portanto se alguém está condenado a um ano e já cumpriu três meses e conseguiu remir sua pena pela remição a leitura, passamos a constar que está pessoa já cumpriu quatro meses.

A relação dos dias Remidos poderá ser analisada pelo detento mensamente, para que assim se concentre nas leituras, busque cada vez mais conhecimento além de almejar logo o cumprimento de sua pena.

Em virtude de todo exposto sobre os aspectos da lei 17.329 (Remição pela Leitura) podemos relacionar as ideias de que o projeto é bem estruturado, onde estabelece critérios para a admissão pela leitura, com o objetivo de ressocialização do apenado. Conforme traz uma pensadora Gislaine da Silva Perez. “ A Leitura nos transporta para um mundo de possibilidades amplia os nossos horizontes e liberta a nossa imaginação”.

Com base em tudo que se foi estudado e para finalizar o trabalho demonstrando a afetividade da lei e do projeto remição pela leitura apresentado,

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trago algumas jurisprudências sobre o assunto, deixando claro a lei 17.329/2012, conforme abaixo:

A jurisprudência a seguir deixa evidenciado, a competência da lei 17.329/2012, onde o Ministério Publico agravou uma decisão da MMª Juíza De Direito da Vara de Execuções Penais e Corregedoria Dos Presídios da Comarca de Maringá, o agravado realizou a leitura de sete (7) livros, que seguindo os artigos da lei de remição pela leitura lhe daria o direito a remição de vinte e oito (28) dias. Ocorreu porém, que a magistrada considerou horas fictas, conforme o que dispõe a lei 7.210/84 a Lei de Execuções Penais, considerando então o seu artigo 126, onde dispões que somando as horas estudadas e dividindo na proporção de doze (12) horas daria ao réu uma remição de vinte e sete (27) dias.

Dispondo disso, a Procuradoria Geral deu provimento ao recurso de agravo, concedendo a remição de vinte e oito (28) dias da pena, fundamentando seu voto, a juíza entendeu que a Lei de execuções Penais, seria hierarquicamente superior a lei estadual, remição pela leitura no Paraná. Ademais o tribunal de Justiça do Estado do Paraná, tratou a remição como um Direito penitenciário, autônomo com respaldo na constituição Federal , não podendo se falar em inconstitucionalidade.

EMENTA: AGRAVANTE: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ AGRAVADO: ALESSANDRO ROGERIO PADOVANI RELATOR: DES. MIGUEL KFOURI NETORECURSO DE AGRAVO INTERPOSTO PELO MINISTÉRIO PÚBLICO. EXECUÇÃO PENAL. PEDIDO DE REMIÇÃO DE DIAS PELA LEITURA NOS TERMOS DO ART. 9.º, DA LEI ESTADUAL 17.329/2012. PROCEDÊNCIA. COMPETÊNCIA CONCORRENTE PREVISTA NO ART. 24, CF. RECURSO PROVIDO. I - RELATÓRIO (TJPR - 1ª C.Criminal - RA - 1324645-8 - Região Metropolitana de Maringá - Foro Ceprimntral de Maringá - Rel.: Miguel Kfouri Neto - Unânime - - J. 16.04.2015).

A segunda Jurisprudência, gerou grande repercussão, pois se tratou de um caso incomum, e se baseou totalmente no que dispões a função dos ´projetos a ressocialização, pois bem, o caso abaixo é uma execução interposta pelo Ministério Público, em face da decisão da juíza de Ponta Grossa em ter concedido ao agravado a remição pela leitura e estudo da bíblia. O agravante declarou que o

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seminário não poderia ser considerado como uma atividade escolar, pois o mesmo não se enquadrava em um ensino fundamental, médio ou superior, e que além de não poder remir os dias pelos estudos no seminário não poderia admitir a sua participação para a remição pela leitura, já que o réu não estaria sendo acompanhado por uma equipe pedagógica e não houve elaboração de um resumo ou uma resenha. Porém, a decisão verificou que o estudo da bíblia, mesmo que não esteja elencado nas hipóteses trazidas pelas leis, contribui consideravelmente para a ressocialização do preso, ressaltando a bíblia como um dos maiores best-sallers do mundo, citando o artigo 3° da lei 17.329/2012, onde a bíblia preenche todos os requisitos, tendo assim o não provimento do recurso , concedendo a remição.

EMENTA: 1RECURSO DE AGRAVO Nº 1.435.731-8, DA VARA DE EXECUÇÕES PENAIS E CORREGEDORIA DOS PRESÍDIOS DA COMARCA DE PONTA GROSSA.RELATOR DESIGN.: DES. GAMALIEL SEME SCAFF AGRAVANTE: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ AGRAVADO: EDEMILCO SEBASTIÃO DE LIMA RELATORA ORIG.: JUÍZA CONV. DILMARI HELENA KESSLER (Des. JOSÉ CICHOCKI NETO) AGRAVO CRIME - EXECUÇÃO PENAL - REMIÇÃO DE PENA POR LEITURA DE OBRA LITERÁRIA, CLÁSSICA, CIENTÍFICA E/OU FILOSÓFICA - PRECEDENTES DO STJ - RESPALDO DE LEI ESTADUAL NO PARANÁ (LEI 17.329/2012)- AMPARO LEGAL GERAL NA RECOMENDAÇÃO Nº 44 DE 26/11/2013 DO CNJ - POSSIBILIDADE DO ENQUADRAMENTO DA "BÍBLIA" NO REFERIDO PROGRAMA DE REMIÇÃO DE PENA - OBRA CLÁSSICA ENTRE A HUMANIDADE - CONJUNTO DE APROXIMADAMENTE 70 LIVROS COM RICO CONTEUDO HISTÓRICO, SOCIOLÓGICO, FILOSÓFICO E LITERÁRIO - OBSERVÂNCIA DE CRITÉRIOS - POSSIBILIDADE - PROGRAMA QUE PERMITE A REMIÇÃO DE 4 DIAS DE PENA/MÊS PELA LEITURA DE 1 LIVRO - AGRAVADO QUE PEDIU A REMIÇÃO DE 9 DIAS PELA LEITURA EM FORMA DE ESTUDO QUE DUROU 6 MESES - CERTIFICAÇÃO POR INSTITUIÇÃO IDÔNEA - REMIÇÃO DEVIDA - DECISÃO MANTIDA.

A terceira jurisprudência trazida, para o trabalho, referente a um agravo, na Comarca de Telêmaco Borba , onde o requerente ministério publico, interpôs em

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uma decisão que deferiu beneficio de vinte e oito (28) dias de pena por força de remição pela leitura de 7 obras literárias. Porém o requerente alega que apenas seis (6) das resenhas elaboras e que duas delas teriam sido entregues a menor de dez(10) dias do período exigido pela lei, no caso os trinta (30) dias.

O recurso foi conhecido e reformado, na proporção de 24 dias de remição ao sentenciado.

RECURSO DE AGRAVO – REMIÇÃO DA PENA POR FORÇA DA REMIÇÃO PELA LEITURA – ARTIGOS 9 E 10, DA LEI N.º 17.329/12 – RESENHAS DE OBRAS LITERÁRIAS ENTREGUES EM PERÍODO INFERIOR A 30 DIAS – DECISÃO REFORMADA – RECURSO PROVIDO. (TJPR - 3ª C. Criminal - 0006071-60.2018.8.16.0165 - Telêmaco Borba - Rel.: Desembargador João Domingos Küster Puppi - J. 17.12.2018)

A partir da análise destas jurisprudências, podemos ter uma visão da funcionalidade e interpretação da lei, buscando todas no caso concreto, de forma justa e coerente em cada situação.

Uma pesquisa realizada sobre os benefícios da leitura para o cérebro, publicada pelo site do blog.enem, menciona que pesquisas elaboradas para compreender o sistema e os mecanismos do cérebro , mostram que a leitura nos proporciona um estimulo da criatividade, além de nos relaxar, uma vez que lendo nos sentimos mais leves e consequentemente menos estressados, melhora comunicação , concentração, e o principal trazido pela pesquisa, a leitura desenvolve a empatia, e o tema trazido pelo trabalho, nada mais justo finalizar com a importância para com o outro, a própria pesquisa traz que a leitura permite ao ser humano uma “Catarse” , ou seja desperta sentimento de libertação e superação. É imprescindível a atuação do Estado, nestes projetos, seja com palestras divulgações, e pincipalmente a criação de bibliotecas nos centros prisionais, além de proporcionar o estudo, como também ensinos profissionalizantes para que além do aprendizado, a partir do cumprimento da sua pena seja lhe proporcionado uma profissão para que atue no mercado de trabalho, e consequentemente uma inserção no meio social afastando assim das práticas criminosas.

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CONCLUSÃO

Diante de tudo que se foi apresentado, certificando –se ao final trabalho com as jurisprudências trazidas o projeto remição pela leitura é um meio muito promissor a redução de apenados e reincidentes. Conforme verificado as condições estão precárias, e sujeitas a novos crimes, devendo o Estado atuar para controlar está situação.

O trabalho aborda a leitura como uma promissora “Catarse”, onde despertara um sentimento de libertação e superação, analisando assim conforme as pesquisas elencadas, que o projeto é importante e promissor para o futuro carcerário, com o trazido mais especificadamente no Paraná, mais que seja dispersado por todo o Brasil.

O projeto foi desenvolvido e finalizado, verificando a importância da educação para uma nova visão do sistema carcerário, tendo como primordial a atuação do Estado Brasileiro, onde por meio dele seja introduzido os projetos, todos sempre sendo fiscalizados, atribuindo ou não a remição quando ela for devida, conforme verificado nas jurisprudências, tornando assim uma nova inserção do apenado no convívio social.

REFERÊNCIAS

BRASILIA. Conselho Nacional de Justiça. Saiba como funiona a remição da pena. Disponivel em: www.cnj.jus.br/cnj-servicos-como-funciona-a-remição-de-pena/

Acesso em : 10 mar. 2020.

CURITIBA. Agência de Noticias do Parná. Unesco conhece o projeto paranaense de remição Disponivel em: http://www.aen.pr.gov.br/modules/noticias=unesco-conhece-projeto-paranaense-de-remição-de-pena-pela-leitura>

Acesso em : 10 mar. 2020.

FOUCAULT, Michel. Vigiar e Punir – História da violência nas prisões. Trad. Raquel Ramalhete. 30. ed. Petrópolis: Editora Vozes, 2005.

Nucci, Guilherme de Souza. Curso de Execução Penal. ed. Rio de Janeiro: Editora Forense, 2018.

Todorov, Tzvetan. A Literatura em Perigo. Trad. Caio Meira. Rio de Janeiro: Editora Difel, 2009.

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VERNICE, Fernando dos Anjos. Execução Penal e Ressocialização. Trad. São Paulo: Editora Juruá,2018.

São Paulo. Uol. Benefícios que a Leitura traz para o cérebro. Disponível em:<

https://www.uol.com.br/vivabem/colunas/adriana-miranda/2019/01/16/beneficios-que-a-leitura-traz-para-o-cerebro-e-para-a-vida.htm>

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XVI ERIC – (ISSN 2526-4230) MEIOS ALTERNATIVOS PARA EFETIVAÇÃO DA PENHORA

ALTERNATIVE MEANS FOR EFFECTIVENESS OF THE ATTACHMENT Autor: Leonardo Pancier Alves4 Orientadora: Me. Malu Romancini5

RESUMO: O objetivo central do trabalho é apontar as formas alternativas de efetivação da penhora, visando acarretar a satisfação do crédito exequente na relação obrigacional. A pesquisa discorre acerca do procedimento de execução e da penhora, pautando acerca das medidas excepcionais usadas para atingir o patrimônio ou bens pertencentes ao Executado, a fim de resultar na quitação do saldo devedor exequendo. O trabalho expõe bibliografias e letras da lei, objetivando exteriorizar os diferenciados meios de satisfação permitidos e utilizados para proporcionar à satisfação do crédito. As decisões jurisprudenciais e estudos de casos de utilização de meios alternativos de penhora, com o devido provimento, com o propósito de demonstrar a efetividade dos meios alternativos de constrição explicitados em lei. O trabalho evidencia os meios alternativos de penhora admitidos em lei, visando possibilitar a satisfação do crédito exequente e proporcionar maior efetividade as demandas judiciais.

Palavras-chave: Penhora. Satisfação do Crédito. Meios Alternativos.

ABSTRACT: The main objective of the work is to point out the alternative ways of enforcing the attachment, aiming to bring about the satisfaction of the credit remaining in the mandatory relationship. The research discusses the execution procedure and the attachment, based on the exceptional measures used to reach the property or assets belonging to the Executed, in order to result in the settlement of the outstanding debit balance. The work exposes bibliographies and letters of the law, aiming to externalize the different means of satisfaction allowed and used to provide credit satisfaction. Jurisprudential decisions and case studies of use of alternative means of attachment, with due regard, with the purpose of demonstrating the effectiveness of the alternative means of constriction explained in law. The work shows the alternative means of attachment allowed by law, aiming to enable the satisfaction of the existing credit and provide greater effectiveness to the judicial demands.

Keywords: Attachment. Credit Satisfaction. Alternative Means.

4 Acadêmico do 5º ano do Curso de Direito da Fundação Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Mandaguari - FAFIMAN.

5 Mestre em Ciências Jurídicas pela UNICESUMAR - Maringá/PR; Especialista em Direito do Estado pela UEL - Universidade Estadual de Londrina; Graduada em Direito pela Faculdade Maringá - Maringá/PR; Graduada de Secretariado Executivo Trilíngue pela UEM - Maringá/PR. Professora Universitária de Graduação e Pós-Graduação em Direito; Presidente da Comissão de Direito Empresarial da OAB Maringá; Diretora da Associação Brasileira de Advogados no Paraná; Presidente do Núcleo de Consultores Empresariais da ACIM; Membro do Conselho Permanente do Jovem Empresário de Maringá (COPEJEM) da ACIM; Membro da Comissão de Direito Internacional da OAB Maringá.

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INTRODUÇÃO

Haja vista a grande quantidade de demandas judiciais, decorrente do amplo inadimplemento ocasionado pelos devedores de diversas relações jurídicas, tem-se a necessidade de expor novos caminhos a serem abordados e utilizados, com o objetivo de se alcançar o adimplemento do direito pleiteado.

Ocorre que, apenas com a utilização dos meios “comuns” de penhora, como por exemplo, a utilização do sistema Bacenjud, para bloqueio de ativos financeiros on-line, não restam-se suficientes, tornando-se assim, necessário, a exploração dos demais meios alternativos, pouco utilizados atualmente, que podem vir a possibilitar uma nova garantia de recebimento do crédito exequendo.

Considerando a redação do novo CPC - Código de Processo Civil, a presente pesquisa busca apontar os meios alternativos de penhora, esporadicamente utilizados no âmbito do sistema jurisdicional, mas que podem apresentar uma grande eficácia na celeridade do processo.

A importância da pesquisa é para apontar como os meios alternativos podem colaborar para que o Exequente de uma ação possa vir a receber o que lhe é de direito, demonstrando a eficácia da utilização dos demais meios, tão como dos convencionais.

Como problema de pesquisa, chegou-se aos seguintes questionamentos: No que tange as vertentes acerca do objetivo final de um processo de execução, qual a importância da penhora no âmbito jurídico? Diante das variáveis possibilidades de penhora, como a utilização dos diferentes meios alternativos podem possibilitar a satisfação do crédito?

No que tange a hipótese de pesquisa, entende-se que a utilização dos diferentes meios de penhora, podem vir a possibilitar, além de uma garantia de satisfação creditícia, a retenção de meios do devedor, como forma de inibi-lo ao cumprimento a dívida, utilizando-se da penhora de objetos pouco convencionais, que são instransferíveis, como por exemplo, a possibilidade de penhora da Carteira Nacional de Habilitação - CNH.

O trabalho será divido em três capítulos. O primeiro trará análise acerca do procedimento de execução, expondo a diferença entre suas classificações, e o conceito propriamente dito com relação à penhora. Em seguida, o segundo capítulo

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abordará a respeito da permissão dos meios alternativos para satisfação do débito. Por fim a pesquisa fará a relação das informações teóricas levantadas com decisões jurisprudenciais.

1. CONSIDERAÇÕES ACERCA DA EXECUÇÃO E PENHORA

Sabe-se que a execução consiste na atividade prática desenvolvida jurisdicionalmente para atuar a sanção, sendo essa modalidade exercida pelo Estado, o qual poderá ser procedido por meio da executoriedade dos atos da Administração Pública.6

Em outras palavras a execução civil, é o meio pelo qual o autor pretende a satisfação de um direito, seguindo os moldes previstos no plano do direito material, buscando a aplicação de dois postulados básicos, sendo eles: 1) A maior efetividade possível da execução; e 2) A menor onerosidade possível da execução.7

Ademais, temos que o processo de execução é embasado em princípios norteadores do direito, os quais visam à organização técnica processual, autonomia e cognição da execução, nulidade da execução sem título e tipicidade/atipicidade das medidas executivas, buscando a disponibilidade sobre a execução e a incidência dos princípios gerais do processo civil na relação jurídica.

No que tange ao conceito do percursor do processo de execução, qual seja, o título executivo, tem-se que este pode ser conceituado como o documento que abriga o conteúdo (requisito extrínseco), ou como a norma jurídica concreta demonstrada no documento que explicita uma obrigação de fazer ou não fazer, entrega de uma coisa, ou a quantia a ser paga (requisito intrínseco).

Conforme cita o novo Código de Processo Civil, lei nº 13.105, de 16 de março de 2015, em seu artigo 783, para que um título seja apto a ser executado, é indispensável que contenha uma obrigação líquida, certa e exigível.

No que diz respeito à certeza do título, refere-se à definição exata dos elementos previstos da obrigação, estampando a natureza da prestação, os sujeitos e o objeto.

O conceito acerca da exigibilidade da obrigação impõe que a prestação

6 WAMBIER, Luiz Rodrigues. Curso Avançado de Processo Civil. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015, p. 48.

7 RODRIGUES, Marcelo Abelha. Manual de Direito Processual Civil. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008, p. 574.

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obrigacional tem de ser cumprida. Todavia, o credor só poderá exigir que o devedor cumpra coercitivamente com sua obrigação, quando não houver dúvidas de que obrigação que lhe foi imposta (credor) esteja devidamente cumprida.

Por fim, a liquidez consiste na determinação da quantidade de bens objeto da prestação, ou seja, na quantificação dos bens devidos, indicada numeralmente, sendo apurados os critérios constantes no próprio título.

Insta frisar que a execução recairá sob diversos meios admitidos no processo civil, no entanto, os processos acerca do assunto com maiores demandas são o processo de execução por quantia certa, execução das obrigações de fazer e não fazer, e por fim, a execução para entrega de coisa.

Cumpre salientar acerca das espécies de um título executivo, que são classificadas em duas categorias: Título Executivo Judicial e Título Executivo Extrajudicial.8

O título executivo judicial é aquele embasado nos provimentos judiciais, contendo determinação a uma das partes emprestar algo a outrem. O artigo 515 do Código de Processo Civil, lei nº 13.105, de 16 de março de 2015, classifica quais títulos são considerados executivos judiciais:

I - as decisões proferidas no processo civil que reconheçam a exigibilidade de obrigação de pagar quantia, de fazer, de não fazer ou de entregar coisa; II – a decisão homologatória de auto composição judicial; III - a decisão homologatória de auto composição extrajudicial de qualquer natureza; IV - o formal e a certidão de partilha, exclusivamente em relação ao inventariante, aos herdeiros e aos sucessores a título singular ou universal; V - o crédito de auxiliar da justiça, quando as custas, emolumentos ou honorários tiverem sido aprovados por decisão judicial; VI - a sentença penal condenatória transitada em julgado; VII - a sentença arbitral; VIII - a sentença estrangeira homologada pelo Superior Tribunal de Justiça; IX - a decisão interlocutória estrangeira, após a concessão do exequatur à carta rogatória pelo Superior Tribunal de Justiça; X - (VETADO). § 1º Nos casos dos incisos VI a IX, o devedor será citado no juízo cível para o cumprimento da sentença ou para a liquidação no prazo de 15 (quinze) dias. § 2º A auto composição judicial pode envolver sujeito estranho ao processo e versar sobre relação jurídica que não tenha sido deduzida em juízo.9

Nos títulos judiciais, tem-se que o credor alcança seus direitos executivos por meio de uma decisão prolatada em juízo. Logo, os meios que incidem executividade

8 WAMBIER, Luiz Rodrigues. Curso Avançado de Processo Civil. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015, p. 84.

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no quesito judicial são os atos ordinatórios praticados pelo magistrado, quais sejam, os atos supracitados.

Com relação aos títulos executivos extrajudiciais, estão elencados no artigo 784 do Código de Processo Civil, lei nº 13.105, de 16 de março de 2015. São institutos que foram criados visando à manutenção da ordem, os quais abstratamente tem por alta a probabilidade/possibilidade de violação da norma ensejadora de sanção, sendo por este motivo, que recebem força executiva10.

I - a letra de câmbio, a nota promissória, a duplicata, a debênture e o cheque; II - a escritura pública ou outro documento público assinado pelo devedor; III - o documento particular assinado pelo devedor e por 2 (duas) testemunhas; IV - o instrumento de transação referendado pelo Ministério Público, pela Defensoria Pública, pela Advocacia Pública, pelos advogados dos transatores ou por conciliador ou mediador credenciado por tribunal; V - o contrato garantido por hipoteca, penhor, anticrese ou outro direito real de garantia e aquele garantido por caução; VI - o contrato de seguro de vida em caso de morte; VII - o crédito decorrente de foro e laudêmio; VIII - o crédito, documentalmente comprovado, decorrente de aluguel de imóvel, bem como de encargos acessórios, tais como taxas e despesas de condomínio; IX - a certidão de dívida ativa da Fazenda Pública da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, correspondente aos créditos inscritos na forma da lei; X - o crédito referente às contribuições ordinárias ou extraordinárias de condomínio edilício, previstas na respectiva convenção ou aprovadas em assembleia geral, desde que documentalmente comprovadas; XI - a certidão expedida por serventia notarial ou de registro relativa a valores de emolumentos e demais despesas devidas pelos atos por ela praticados, fixados nas tabelas estabelecidas em lei; XII - todos os demais títulos aos quais, por disposição expressa, a lei atribuir força executiva. § 1º A propositura de qualquer ação relativa a débito constante de título executivo não inibe o credor de promover-lhe a execução. § 2º Os títulos executivos extrajudiciais oriundos de país estrangeiro não dependem de homologação para serem executados.

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§ 3º O título estrangeiro só terá eficácia executiva quando satisfeitos os requisitos de formação exigidos pela lei do lugar de sua celebração e quando o Brasil for indicado como o lugar de cumprimento da obrigação. Art. 785. A existência de título executivo extrajudicial não impede a parte de optar pelo processo de conhecimento, a fim de obter título executivo judicial.

No que tange aos títulos executivos judiciais e extrajudiciais, importante frisar a possibilidade de se utilizar o mecanismo procedimental constante do Código de Processo Civil, qual seja, a penhora.

A penhora é o meio pelo qual, o credor se utilizará para o fim de individualizar determinado bem da parte devedora, fazendo com que este bem seja sujeitado ao processo de execução.11

Em outras palavras, a penhora é o meio de apreensão judicial dos bens do devedor, visando à satisfação de uma dívida.

Nos termos do artigo 835 do Código de Processo Civil, lei nº 13.105, de 16 de março de 2015, a penhora observará a seguinte preferência:

Art. 835. A penhora observará, preferencialmente, a seguinte ordem: I - dinheiro, em espécie ou em depósito ou aplicação em instituição financeira;

II - títulos da dívida pública da União, dos Estados e do Distrito Federal com cotação em mercado;

III - títulos e valores mobiliários com cotação em mercado; IV - veículos de via terrestre;

V - bens imóveis;

VI - bens móveis em geral; VII - semoventes;

VIII - navios e aeronaves;

IX - ações e quotas de sociedades simples e empresárias; X - percentual do faturamento de empresa devedora; XI - pedras e metais preciosos;

XII - direitos aquisitivos derivados de promessa de compra e venda e de alienação fiduciária em garantia;

XIII - outros direitos.

Necessário destacar, o que dispõe o artigo 797, caput, do CPC/15, que determina que, ao se utilizar da penhora, o credor adquire o direito de preferência

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sobre o bem penhorado, ou seja, o primeiro credor a realizar a penhora, terá preferência com relação aos credores posteriores.

Ainda, quanto ao direito de preferência da penhora sobre determinado bem, quando houver pluralidade de credores, duas situações deverão ser analisadas, qual sejam: a existência de crédito privilegiado e a anterioridade da penhora.12

Dessa forma, destaca-se a importância do processo de execução com forma de adimplemento nas relações jurídicas, trazendo à tona os elementos da execução, quais sejam, os títulos executivos judiciais e os extrajudiciais.13

Outrossim, no que tange à penhora, verifica-se que é uma ferramenta disposta no Código de Processo Civil, que otimiza o cumprimento da execução, fazendo com que, por diversos meios, possibilite a satisfação do crédito exequendo.

2. MEIOS ALTERNATIVOS DA PENHORA

Analisando o conceito natureza e afins, trazidos no capítulo anterior, tem-se que a penhora também produz efeitos, no propósito de vincular o bem específico à execução, resguardar a conservação do bem individualizado, como também, conferir ao credor a preferência do bem em relação aos demais credores que venham a penhorar o mesmo bem posteriormente.

Em primeiro lugar, faz-se necessário destacar os meios mais utilizados da penhora, a fim de posteriormente delimitar as medidas alternativas do instituto do Código de Processo Civil.

Embasando-se no artigo 835 do Código de Processo Civil, é possível verificar a ordem preferencial que a parte exequente, preferencialmente, deverá seguir antes de buscar os meios alternativos da penhora, como por exemplo a penhora de ativos financeiros (Bacenjud), veículos (Renajud) e bens móveis e imóveis.

Outrossim, tendo em vista que a penhora é um ato complexo, esta apresenta duas condições, nos termos do artigo 652, caput e §1º do Código de Processo Civil, sendo elas: a) existência de citação; e, b) inocorrência de pagamento.14

12 MEDINA, José Miguel Garcia. Direito Processual Civil Moderno. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2016, p. 1106

13 LIVRAMENTO, Geraldo Aparecido do. Execução no novo CPC: execução por título extrajudicial: Cumprimento de sentença: Defesa. São Paulo: JH Mizuno, 2018, p. 55.

14 WAMBIER, Luiz Rodrigues. Curso Avançado de Processo Civil. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015, p. 257-259.

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Pode-se dizer, que a penhora pode ser modificada, sendo aumentada, diminuída ou, até mesmo, substituída. Ademais, o novo Código de Processo Civil, nos trouxe algumas inovações acerca das possibilidades de constrição judicial, que impedem o devedor de alienar seus bens ou onera-los de alguma forma.

Tais medidas, foram criadas diante à necessidade da satisfação creditícia a favor do credor, surgindo como subterfúgio para evitar o não cumprimento da obrigação por parte do devedor.

Desta forma, o legislador se viu na obrigação de elaborar maneiras alternativas que pudessem garantir uma maior efetividade ao pagamento das obrigações pecuniárias. Assim, trouxe ao magistrado, a possibilidade de aplicação das medidas coercitivas diversas da obrigação principal.

Um dos meios de constrição mais utilizados atualmente é a penhora de bens, conforme artigo 831 do CPC. Todavia, o legislador previu uma ordem preferencial a ser observada, conforme dispõe o artigo 831 do CPC. Dentre eles, os mais corriqueiros são: penhora online de dinheiro realizada via sistema Bacenjud; bloqueio de veículos via Renajud; e, a penhora de bens imóveis junto aos ofícios de registros de imóveis, onde o executado possuir propriedade.

Importante ressaltar, que a aplicação das medidas que visam garantir o cumprimento da ordem judicial, é autorizada pelo artigo 139, IV, do CPC, que confere a seguinte liberdade ao magistrado:

Art. 139. O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código, incumbindo-lhe:

[...] IV - determinar todas as medidas indutivas, coercitivas, mandamentais ou sub-rogatórias necessárias para assegurar o cumprimento de ordem judicial, inclusive nas ações que tenham por objeto prestação pecuniária.

A título exemplificativo, pode-se dizer que uma das novidades trazidas pelo Novo Código de Processo Civil, é possibilidade de o credor requerer junto ao juízo a inserção do nome do executado junto ao Serviço de Proteção ao Crédito (SPC/SERASA) através do sistema Serasajud.

Em consonância, ressalta-se ainda, como hipótese especial a penhora de créditos do executado junto à terceiros, mais conhecida como "penhora no rosto dos autos". Tal medida, disposta no artigo 860 do CPC, penhora os créditos que o

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executado poderá receber em outro processo, no qual ele seja autor ou que tenha algo a receber de valor econômico.15

Outrossim, ainda que sejam pouco utilizados no judiciário, além dos exemplos citados acima, temos a hipótese de penhora de empresa ou de outros bens que ensejem administração, além da penhora sobre o faturamento da empresa. Nesse sentido, com relação ao primeiro meio citado, nos termos do artigo 860 do CPC, tem-se que a penhora recairá sobre o estabelecimento/empreendimento do devedor, como também, sobre semoventes, plantações ou edifícios em construções. 16

No que tange a penhora embasada no faturamento empresarial, prevista no artigo 866 do CPC, trata-se da possibilidade de o credor penhorar os frutos que a empresa do devedor possua ou venha a receber, tal modalidade se assemelha a um usufruto executivo, o qual recairá sobre uma fonte pecuniária.

Outro meio de penhora pouco utilizado, é a penhora de navios e aeronaves, prevista no artigo 865 do Código de Processo Civil. A sua baixa aplicabilidade decorre em virtude da necessidade de o devedor possuir tais bens, o que no Brasil, ocorre com pouquíssima frequência, visto que esses bens possuem valores econômicos elevados.

Em paralelo com os dias atuais, os seguintes meios atípicos de constrição, vem sendo cada vez mais utilizados pelo judiciário, a fim de propiciar a satisfação do crédito exequendo, quais sejam: suspensão da Carteira Nacional de Habilitação (CNH), Passaportes, Cartão de Crédito e a penhora de semoventes. Todavia, tais meios deverão ser utilizados apenas após esgotadas todas as principais medidas de constrições.

Inicialmente, temos a possibilidade de se requerer ao Judiciário a suspensão da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) do devedor, com base no artigo 139, IV, do CPC.

Tal medida, vem sendo cada vez mais aperfeiçoada pelo judiciário e nada mais é do que o bloqueio do instrumento de conduzir veículos automotivos, levando a suspensão do direito de dirigir daquele cidadão.

No mesmo sentido, existe a possibilidade de apreensão do passaporte do devedor, baseando-se o requerimento com fulcro no artigo 139, IV, do Código de

15 NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Novo código de processo civil comentado: artigo por artigo. Salvador: Editora Juspodivm, 2016.

16 MARINONI, Luiz Guilherme. ARENHART, Sérgio Cruz. MITIDIERO, Daniel. Novo código de processo civil comentado. São Paulo: Revista dos tribunais, 2015.

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Processo Civil. Este meio de constrição objetiva o adimplemento da dívida de maneira coercitiva, visto que retira a possibilidade do devedor de entrar em certos países que necessitem da apresentação de tal documento.

Ressalta-se que, tais medidas não violam o direito de ir e vir do executado, mas apenas possibilitam a eficácia do processo, eis que a suspensão dos documentos assegura o pagamento da dívida, já que força o devedor a quitar o débito.17

Insta frisar, que as Jurisprudências amparam tanto a suspensão do direito de dirigir como a apreensão do passaporte, de modo que o Superior Tribunal de Justiça – STJ afirmou que as medidas não infringem os princípios lavrados na Constituição Federal de 1988, não cabendo assim a impetração de Habeas Corpus, uma vez que a suspensão/apreensão desses documentos não afetam o direito de ir e vir do cidadão.

No tocante ao terceiro meio abordado nos parágrafos anteriores, tem-se o bloqueio do cartão de crédito do devedor, medida um tanto quanto atípica, porém deferida e instaurada pela 29ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo. Tal parâmetro visa evitar que o devedor assuma novas despesas não essenciais em detrimento do crédito do Exequente.18

Por fim, ressalta-se sobre a possibilidade da penhora de semoventes, explanada no artigo entre os artigos 862 a 865 do Código de Processo Civil. A princípio, bens semoventes são aqueles bens móveis que dispõem de movimento próprio, como por exemplo: animais (selvagens, domésticos ou domesticados), além bens móveis suscetíveis de remoção por força alheia.

Nesse enfoque, remetendo-se à penhora de semoventes conclui-se por exemplo que há possibilidade de haver a penhora sobre animais que possuam alto valor pecuniário, como por exemplo cavalos, bois e até mesmo vacas, ou seja, tudo depende de que o devedor é proprietário, para que possa ser penhorado.

Desta maneira, diante dos meios acima exemplificados, pode-se concluir que a aplicabilidade da penhora abrange, além dos meios comuns, meios diversificados que também objetivam a satisfação do crédito ao credor, tendo por comprovação o

17 SOUZA, Paloma Braga Araújo de. Restrições aos direitos fundamentais. In: Âmbito Jurídico, Rio Grande, XIX, 2016, p.149.

18 CREPALDI, Thiago. TJ-SP autoriza bloqueio de passaporte e cartões de crédito de devedor. Disponível em: <https://www.conjur.com.br/2019-jun-01/tj-sp-autoriza-bloqueio-passaporte-cartoes-credito-devedor>.

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capítulo que segue, o qual apresentará análises jurisprudenciais condizentes aos temas debatidos no presente capítulo.

3 ANÁLISE JURISPRUDENCIAL DO TEMA

Tendo em vista que os meios alternativos da penhora sofreram um crescente aumento de demandas junto ao Poder Judiciário, é essencial demonstrar os julgamentos atuais que deferiram os pleitos relativos à utilização desses meios.

Nesse sentido, as seguintes jurisprudências, estão relacionadas ao tema abordado:

Inicialmente, traz-se de forma específica a penhora de semoventes, onde a 20ª Câmara Cível, do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, aduziu o que segue:

EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO. DIREITO PRIVADO NÃO ESPECIFICADO. AÇÃO DE EXECUÇÃO DE TÍTULO EXTRAJUDICIAL. PENHORA. SEMOVENTES. CABIMENTO. Ante a inexistência de outros bens passíveis de constrição, é possível que a penhora recaia sobre semoventes de propriedade dos devedores, nada havendo a obstar a expedição de mandado de arrolamento, identificação e penhora. É do executado o ônus de demonstrar a impenhorabilidade dos bens constritos. AGRAVO DE INSTRUMENTO PROVIDO. DECISÃO MONOCRÁTICA. (Agravo de Instrumento Nº 70058504176, Vigésima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Walda Maria Melo Pierro, Julgado em 13/02/2014).19

De acordo com a jurisprudência supramencionada, se evidenciou a aplicabilidade do artigo 835, VII do Código de Processo Civil, quando, na posse do executado for encontrado semoventes, há a possibilidade de efetivação da penhora, após o esgotamento dos meios mais rotineiros de adimplemento.

Necessário destacar, que a mencionada constrição, somente será possível, quando comprovado que o executado não possui outros bens passíveis de penhora. Outrossim, no que tange à constrição do faturamento da empresa, tem-se que a 3ª Câmara Cível, do Tribunal de Justiça do Distrito Federal, discutiu sobre o tema:

PROCESSO CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. PENHORA DO FATURAMENTO DAS VENDAS REALIZADAS POR MEIO DIGITAL. POSSIBILIDADE. MEDIDA

19 TJRS. AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 70058504176- RS. Relatora: Walda Maria Melo Pierro. DJ: 13/02/2014. JusBrasil, 2014.

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EXCEPCIONAL. PERCENTUAL RAZOÁVEL. DECISÃO REFORMADA. 1. Nos termos do art. 866 do Código de Processo Civil, se a empresa não tiver outros bens penhoráveis ou se forem insuficientes, é viável a penhora de percentual do faturamento. 2. A penhora de faturamento deve ser razoável a fim de não inviabilizar as atividades das empresas executadas. A constrição de 20% (vinte por cento) do faturamento bruto mensal das empresas executadas é razoável, seguindo a orientação jurisprudencial aplicada em situações semelhantes. 3. Agravo de Instrumento conhecido e parcialmente provido. Unânime. AGRAVO DE INSTRUMENTO PROVIDO. (Agravo de Instrumento Nº 0709620-96.2018.8.07.0000, Terceira Câmara Cível, Tribunal de Justiça do DF, Relatora Desembargadora: Fátima Rafael, Julgado em 13/02/2019).20

A medida de constrição, por meio de penhora do faturamento da empresa, é autorizada nos moldes do artigo 835, X, Código de Processo Civil. No acórdão acima exarado, houve aplicabilidade da penhora do faturamento das vendas da empresa executada21.

Nesse sentido, pode-se dizer que esse meio de constrição é uma medida atual vista como direito do credor, uma vez que o adimplemento deve ser alcançado independentemente da ocultação dos bens pelo devedor. No caso em comento, a penhora atingiu as vendas procedidas pela empresa executada, as quais ocorriam por via digital.

Pode-se ressaltar que a medida de constrição dos saldos empresariais, são aplicadas de acordo com os pressupostos de razoabilidade e possibilidade, a fim de não inviabilizar as atividades exercidas pela empresa executada, visando também a satisfação do crédito exequendo. 22

Ainda no que diz respeito à penhora do faturamento de empresas a 6ª Câmara Cível, do Tribunal de Justiça do Distrito Federal, adotou a seguinte decisão:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. PENHORA DE FATURAMENTO DE EMPRESA. MEDIDA ADEQUADA E NECESSÁRIA À SATISFAÇÃO DO DÉBITO. AUSÊNCIA DE INDICAÇÃO DE outra MEDIDA VIÁVEL PARA SATISFAÇÃO DO DÉBITO. PERCENTUAL DA PENHORA. FIXAÇÃO. RAZOABILIDADE. DECISÃO PARCIALMENTE REFORMADA. 1. A penhora de faturamento é lícita, já que tem previsão legal nos artigos 866 e seguintes do CPC, e não se logrou constringir outros bens, direitos ou valores da recorrida, que afirma

20TJDFT. AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 0709620-96.2018.8.07.0000 – DF. Relatora Desembargadora: Fátima Rafael. DJ: 13/02/2019. TJDFT, 2018.

21BRASIL. Lei 13.105 de 16 de março de 2015.

22CONJUR. STJ afeta três recursos sobre penhora de faturamento de empresa. Disponível em: <https://www.conjur.com.br/2020-fev-12/stj-afeta-tres-recursos-penhora-faturamento-empresa>

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não indica outra medida viável para satisfação da dívida. Assim a medida é lícita e adequada, mostrando-se o único meio hábil para a efetividade da execução, já que a própria recorrente reconhece que não possui bens passíveis de penhora 1.1. Não há que se falar em cancelamento da penhora pela aplicação do princípio da menor onerosidade ao devedor, já que essa arguição pressupõe a indicação de outra forma para a efetivação da execução, menos gravosa ao executado, consoante dispõem os artigos 805 e 847 do CPC. 2. O CPC estabelece a penhora do faturamento de empresa devedora, como meio eficaz para a satisfação do crédito, contudo deixou em branco o percentual a ser fixado, cabendo ao magistrado, após análise da causa, a aplicação do percentual de modo que permita a satisfação do débito, mas que não cause inviabilidade do exercício da atividade empresarial, conforme expressamente disciplinado no artigo 866, §1º, do CPC. 2.1. No caso, considerando o porte econômico da devedora, o fato de enfrentar, e o valor da dívida exequenda, verifica-se que o percentual de 3% (três por cento) do seu faturamento mensal bruto permite a satisfação do débito exequendo em tempo razoável, preservando a atividade produtiva. 3. Agravo de instrumento parcialmente provido. (Agravo de Instrumento Nº 0705470-38.2019.8.07.0000, Sexta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do DF, Relator Desembargador: Alfeu Machado, Julgado em 22/05/2019).23

Diante da apresentação de uma nova jurisprudência a respeito da penhora do faturamento empresarial, nota-se que o critério para a fixação do meio alternativo leva em conta a viabilidade da medida, analisando-se de maneira concreta a causa, para que haja aplicação de percentual que permita a satisfação do débito sem que cause inviabilidade do exercício da atividade empresarial, como no caso em tela fora deferida aplicação de penhora de 03% (três por cento) sobre o faturamento da empresa executada.

Trazendo à tona outro meio alternativo de constrição, tem-se que a 3ª Turma do Supremo Tribunal de Justiça – STJ, por meio de um Habeas Corpus, aderiu ao seguinte entendimento no que corresponde à suspensão da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) do Executado:

EMENTA: PROCESSUAL CIVIL. RECURSO EM HABEAS CORPUS. CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. MEDIDAS EXECUTIVAS ATÍPICAS. CABIMENTO. RESTRIÇÃO DO DIREITO DE DIRIGIR. SUSPENSÃO DA CNH. LIBERDADE DE LOCOMOÇÃO. VIOLAÇÃO DIRETA. INOCORRÊNCIA. PRINCÍPIOS DA RESOLUÇÃO INTEGRAL DO LITÍGIO, DA BOA-FÉ PROCESSUAL E DA COOPERAÇÃO. ARTS. 4º, 5º E 6º DO CPC/15. INOVAÇÃO DO NOVO CPC. MEDIDAS EXECUTIVAS ATÍPICAS. ART. 139, IV, DO 23 TJDFT. AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 0705470-38.2019.8.07.0000 – DF. Relator

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CPC/15. COERÇÃO INDIRETA AO PAGAMENTO. POSSIBILIDADE. SANÇÃO. PRINCÍPIO DA PATRIMONIALIDADE. DISTINÇÃO. CONTRADITÓRIO PRÉVIO. ART. 9º DO CPC/15. DEVER DE FUNDAMENTAÇÃO. ART. 489, § 1º, DO CPC/15. COOPERAÇÃO CONCRETA. DEVER. VIOLAÇÃO. PRINCÍPIO DA MENOR ONEROSIDADE. ART. 805, PARÁGRAFO ÚNICO, DO CPC/15. ORDEM. DENEGAÇÃO. (Habeas Corpus Nº 99.606 - SP (2018/0150671-9), 3ª Turma do Supremo Tribunal de Justiça - STJ, Relatora: Ministra Nancy Andrighi.24

No tocante ao meio de constrição previsto na jurisprudência acima, tem-se explicitado o direito, nos moldes do artigo 139, IV, do Código de Processo Civil.

O caso em tela, demonstra de acordo com o entendimento do Supremo Tribunal de Justiça – STJ, que a suspensão da Carteira Nacional de Habilitação (CNH), não configura risco potencial ou dano à liberdade do devedor, uma vez que esta não restringe o direito de ir e vir do Executado.

Ademais, no que cumpre a constrição de CNH, o Plenário do Tribunal Regional do Trabalho da 18ª Região (Goiás), trouxe em uma de suas decisões o seguinte:

EMENTA: "HABEAS CORPUS. SUSPENSÃO DE CNH DE DEVEDOR TRABALHISTA. INEXISTÊNCIA DE ATO ILEGAL E DE VIOLAÇÃO DO DIREITO DE IR E VIR. A determinação de suspensão e apreensão da CNH dos sócios executados, depois de exauridas, em face da empresa e dos sócios, todas as tentativas de satisfação do débito executado, não constitui ato ilícito. A matéria está disciplinada no art. 139, III do CPC, dispositivo aplicado subsidiariamente ao processo de execução trabalhista tanto por força do art. 15 do CPC quanto do art. 3º, III da Instrução Normativa nº 39/2016 do c. TST. Para além, não representa violação do direito de ir e vir, uma vez que a locomoção do paciente poderá se dar livremente por outros meios." (TRT18, HC - 0010219-22.2018.5.18.0000, Rel. Eugênio José Cesário Rosa, Tribunal Pleno, 14/06/2018).25

Após impetrado mandado de segurança contra decisão que havia suspendido o direito de dirigir de um empresário em uma execução de dívida, o órgão julgador entendeu pelo indeferimento do pleito, alegando que considerar que a suspensão da CNH viola o direito de ir e vir é o mesmo que dizer que quem não possui a permissão para dirigir está constrangido em sua locomoção.

24 STJ. HABEAS CORPUS Nº 99.606 - SP (2018/0150671-9). Relatora: Ministra Nancy Andrighi. DJ: 13/11/2018. JusBrasil, 2018.

25 TRT18. HABEAS CORPUS Nº 0010219-22.2018.5.18.0000 - GO. Relator: Eugênio José Cesário Rosa. DJ: 14/06/2018. Conjur, 2019.

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Dessa maneira, cabe demonstrar que a medida acima concedida, ora de suspensão da CNH, ainda implica em discussões a respeito das limitações do direito de ir e vir, consagrado no artigo 5º, XV, da Constituição Federal. Contudo, demonstrados os entendimentos jurisprudenciais acerca do assunto, tem-se por concluído que a medida de constrição está ganhando espaço nos meios jurídicos, fortificando a linha de pensamento que busca a solvência da dívida por parte do executado.

Demonstrados os entendimentos e embasamos jurisprudenciais, chega-se à conclusão de que a aplicabilidade das previsões dispostas no Código de Processo Civil enseja eficácia perante os juízos de todo território brasileiro.

Além disto, pode se dizer que o provimento dessas medidas demonstra que o Judiciário tem por objetivo fazer com que haja o cumprimento das relações obrigacionais, não se satisfazendo em apenas aderir aos meios principais da penhora para que haja a quitação do crédito.

Logo, a prestabilidade dessas medidas excepcionais abarcam diversas relações negociais, tendo por principal foco a liquidação da obrigação pautada entre Exequente e Executado, e consequentemente a indenização face ao credor.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Para elaboração do trabalho em comento, examinou-se os meios de penhora capazes de propiciar a satisfação do crédito exequendo. Nesse sentido, abordou-se à labuta as medidas alternativas de constrição aptas a haverem os bens do Executado como forma de pagamento da obrigação não satisfeita estabelecida entre as partes.

Nesse contexto, conclui-se que a hipótese e o objetivo do trabalho estão atrelados, uma vez que a finalidade da atividade foi apresentar os meios alternativos de penhora como uma forma de garantia de satisfação creditícia ao credor da relação, demonstrando a efetividade dessas medidas a partir das diversas jurisprudências colacionadas.

Cumpre fomentar a respeito das etapas do trabalho, esclarecendo primeiramente o foco do primeiro capítulo do tema, que foi apresentar uma introdução do objeto abordado no trabalho, explanando o processo de execução e

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suas características, bem como aduzindo a respeito da caracterização dos títulos executivos e da penhora.

O segundo capítulo aduziu sobre o tema propriamente dito do trabalho, explanando algumas características específicas da penhora, como também corroborando as medidas alternativas a serem utilizadas pela a efetivação da penhora e posteriormente a compensação do crédito.

Por fim, o terceiro capítulo aludiu ao próprio entendimento do Tribunais, no que tange ao provimento das medidas alternativas de constrição pleiteadas em juízo, contrastando diferentes pareceres técnicos a respeito dos meios alternativos da penhora.

Dessa forma, chega-se a conclusão de que as medidas alternativas de penhora exemplificadas no Código de Processo Civil ensejam eficácia perante o Judiciário, posto que o principal objetivo da Justiça é resolucionar lides, satisfazendo as pretenções de quem busca por seus direitos legais.

Logo, demontrada as possíveis práticas que visam atingir a constrição dos bens executados, nota-se que há diversas formas de se alcançar a liquidação do crédito exequendo, sendo demonstrada eficácia dessas medidas através das jurisprudencias exaradas no terceiro capítulo do trabalho.

Portanto, os meios alternativos da penhora possibilitam efetividade de quitação do saldo devedor do Exequendo, satisfazendo as pretenções de recebimento do crédito Exequente, e posteriormente solucionando diversas lides do mesmo objeto.

REFERÊNCIAS

AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 70058504176 - RS. Relatora: Walda Maria Melo Pierro. Julgado em: 13/02/2014. JusBrasil, 2014. Disponível em:

<https://tj- rs.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/113645587/agravo-de-instrumento-ai-70058504176-rs?ref=serp>. Acesso em: 29 jul. 2020.

AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 0709620-96.2018.8.07.0000 – DF - ACÓRDÃO 1151254. Relatora: Fátima Rafael. Julgado em: 13/02/2019. TJDFT, 2019.

Disponível em:

<https://pesquisajuris.tjdft.jus.br/IndexadorAcordaos-web/sistj?visaoId=tjdf.sistj.acordaoeletronico.buscaindexada.apresentacao.VisaoBus caAcordao&controladorId=tjdf.sistj.acordaoeletronico.buscaindexada.apresentacao.C ontroladorBuscaAcordao&visaoAnterior=tjdf.sistj.acordaoeletronico.buscaindexada.a presentacao.VisaoBuscaAcordao&nomeDaPagina=resultado&comando=abrirDados DoAcordao&enderecoDoServlet=sistj&historicoDePaginas=buscaLivre&quantidadeD

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