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: MIN. DIAS TOFFOLI :PROCURADOR-GERAL DO MUNICÍPIO DO RIO DE : MARCELO ALMEIDA DE MORAES E OUTRO(A/S)

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RELATOR : MIN. DIAS TOFFOLI

RECTE.(S) :MUNICÍPIODO RIODE JANEIRO

PROC.(A/S)(ES) :PROCURADOR-GERAL DO MUNICÍPIO DO RIO DE

JANEIRO

RECDO.(A/S) :MARCOS AUGUSTO RAMOS PEIXOTO E

OUTRO(A/S)

ADV.(A/S) :MARCELO ALMEIDA DE MORAESE OUTRO(A/S)

DECISÃO Vistos.

Trata-se de agravo contra a decisão que não admitiu recurso extraordinário interposto contra acórdão da Décima Quarta Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, assim ementado:

“APELAÇÕES CÍVEIS. LIMITAÇÃO

ADMINISTRATIVA À PROPRIEDADE. RECEPÇÃO. CORTINAS DE VIDRO. INSTALAÇÃO. ALTERAÇÃO DE FACHADA. AUMENTO DE ÁREA EDIFICADA. FECHAMENTO E ENVIDRAÇAMENTO. INOCORRÊNCIA.

1. A violação do princípio do juiz natural importaria na instituição de tribunal de exceção ou na indicação de um órgão jurisdicional destinado ao julgamento exclusivo da contenda em apreço, em total desrespeito ao disposto no inciso XXXVII do art. 5º da Constituição da República.

2. A sentença fora proferida por magistrado que, embora titular na Comarca de Guapimirim, prestava auxílio ao Juízo Natural do processo, não se podendo vislumbrar burla ao devido processo legal. Precedente do STJ.

3. Não se vislumbra cerceamento de defesa ou mesmo desequilíbrio entre as partes no julgamento da lide em primeiro grau de jurisdição. O magistrado, ao sopesar todo o arcabouço argumentativo e probatório carreado aos autos, julgou improcedente o pedido, não se podendo imputar ao julgador

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pericial considerada imprescindível. Confrontadas a tese dos autores e a antítese do réu, e estudadas as provas então carreadas, o juiz prolatou sentença de improcedência sem que tenha infringido o dever de imparcialidade e de equidistância em relação às partes do processo, outro desdobramento do princípio do juiz natural.

4. O direito à propriedade não é absoluto, razão pela qual sua limitação é admitida na ordem jurídica brasileira, para que, então, a propriedade atenda a sua função social, podendo sofrer as limitações que a própria Constituição da República permite, sobretudo no tocante às construções e modificações.

5. As restrições introduzidas pela legislação local são admitidas pela ordem constitucional vigente, e foram, portanto, recepcionadas pela Constituição da República de 1988.

6. A instalação das "cortinas de vidro" não importa em alteração de fachada do edifício, haja vista que não corresponde a fechamento ou envidraçamento definitivos de varanda de chão a teto. Trata-se, em verdade, de proteção temporária, transparente e retrátil, que além de não provocar aumento na área do imóvel, contou com a aprovação unânime da assembleia condominial, possibilitando a redução dos ruídos, da entrada de poeira e detritos trazidos pelo ar, bem como a proteção do vento e demais intempéries. Precedentes do TJRJ. 7. A procedência do pleito autoral e a consequente inversão dos ônus da sucumbência prejudica a análise do recurso do réu.

8. Parcial provimento do recurso dos autores e apelo do réu prejudicado” (fls. 310/311)..

Opostos embargos de declaração (fls. 322 a 324), não foram providos (fls. 327/328).

Sustenta o agravante, nas razões do recurso extraordinário, violação dos artigos 1º, 5º, incisos XXXV e LV, 18, e 93, inciso IX, da Constituição Federal.

Decido.

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contra acórdão publicado após 3/5/07, quando já era plenamente exigível a demonstração da repercussão geral da matéria constitucional objeto do recurso, conforme decidido na Questão de Ordem no Agravo de Instrumento nº 664.567/RS, Tribunal Pleno, Relator o Ministro Sepúlveda Pertence, DJ de 6/9/07.

Todavia, apesar da petição recursal haver trazido a preliminar sobre o tema, não é de se proceder ao exame de sua existência, uma vez que, nos termos do artigo 323 do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal, com a redação introduzida pela Emenda Regimental nº 21/07, primeira parte, o procedimento acerca da existência da repercussão geral somente ocorrerá “quando não for o caso de inadmissibilidade do recurso por outra razão”.

A irresignação não merece prosperar.

Não procede a alegada violação do artigo 93, inciso IX, da Constituição Federal, haja vista que a jurisdição foi prestada, no caso, mediante decisões suficientemente motivadas, não obstante contrárias à pretensão da parte recorrente. Anote-se que o Plenário deste Supremo Tribunal Federal reconheceu a repercussão geral desse tema e reafirmou a orientação de que a referida norma constitucional não exige que o órgão judicante manifeste-se sobre todos os argumentos de defesa apresentados, mas que fundamente, ainda que sucintamente, as razões que entendeu suficientes à formação de seu convencimento (AI nº 791.292/PE-RG-QO, Relator o Ministro Gilmar Mendes, DJe de 13/8/10).

Por outro lado, a jurisprudência desta Corte está consolidada no sentido de que as alegações de afronta aos princípios da legalidade, do devido processo legal, da ampla defesa e do contraditório, dos limites da coisa julgada e da prestação jurisdicional, se dependentes de reexame de normas infraconstitucionais, podem configurar apenas ofensa indireta ou reflexa à Constituição Federal, o que não enseja reexame em recurso extraordinário. Nesse sentido:

“AGRAVO DE INSTRUMENTO - ALEGAÇÃO DE OFENSA AO POSTULADO DA MOTIVAÇÃO DOS ATOS DECISÓRIOS - INOCORRÊNCIA - AUSÊNCIA DE OFENSA

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DIRETA À CONSTITUIÇÃO - RECURSO IMPROVIDO. O Supremo Tribunal Federal deixou assentado que, em regra, as alegações de desrespeito aos postulados da legalidade, do devido processo legal, da motivação dos atos decisórios, do contraditório, dos limites da coisa julgada e da prestação jurisdicional podem configurar, quando muito, situações de ofensa meramente reflexa ao texto da Constituição, circunstância essa que impede a utilização do recurso extraordinário. Precedentes” (AI nº 360.265/RJ-AgR, Segunda Turma, Relator o Ministro Celso de Mello, DJ de 20/9/02).

Ademais, colhe-se do voto condutor do acórdão recorrido, o seguinte excerto:

“(...)

Entretanto, convém ressaltar que tais disposições visam à regulamentação da Lei nº 4.591/64, que dispõe sobre o condomínio em edificações e incorporações imobiliárias, sobretudo seu art. 10, que veda a alteração das fachadas e a destinação da unidade autônoma para fins diversos da finalidade do prédio ou prejudicial ao sossego.

Nesse diapasão, constata-se que a mens lege intentou a preservação do condomínio, a manutenção da fachada do edifício e a preservação do sossego da comunidade condominial.

Assim, a instalação das “cortinas de vidro” não importa em alteração de fachada do edifício, haja vista que não corresponde a fechamento ou envidraçamento definitivos de varanda de chão a teto.

Trata-se, em verdade, de proteção temporária, transparente e retrátil que além de não provocar aumento na área do imóvel, contou com a aprovação unânime da assembleia condominial realizada em 08/07/2010 (fls. 86), e possibilita apenas a redução dos ruídos, da entrada de poeira e detritos trazidos pelo ar, e a proteção do vento e demais intempéries.

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Outrossim, não se olvide que a instalação dos vidros prescinde de licença do Poder Público, já que não corresponde a uma obra propriamente dita e tampouco provocam aumento na ATE (Área Total Edificada), conforme sustenta a edilidade.

…... De outra banda, as fotografias carreadas pelos autores, às fls. 104-115 denotam que a fachada do edifício permaneceu inalterada após as instalações. Em algumas delas, ressalte-se, sua identificação se torna difícil, por vezes imperceptível, a corroborar a tese de que as “cortinas de vidro” não provocaram alteração no imóvel” (fls. 317 a 319).

Nesse caso, para acolher a pretensão do agravante e ultrapassar o entendimento firmado pelo Tribunal de origem, seria necessário interpretar a legislação infraconstitucional pertinente (Lei nº 4.491/64) e reexaminar o conjunto fático-probatório constante dos autos, operações vedadas em sede de recurso extraordinário. Incidência da Súmula nº 279 desta Corte.

Especificamente sobre o tema em questão, transcrevo o seguinte trecho da fundamentação da decisão proferida pela Ministra Cármen Lúcia, em caso idêntico ao presente, nos autos do ARE nº 762.243/RJ (DJe de 22/8/13), também interposto pelo ora agravante:

“(...)

A Desembargadora Relatora do caso no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro afirmou:

‘Pretensão de manutenção de envidraçamento de varanda, movida pela proprietária em face da Prefeitura Municipal e do condomínio onde se localiza a unidade. Pedido de suspensão das multas impostas pela municipalidade. Circunstâncias do caso concreto que impõem a manutenção da sentença de procedência. Fechamento com vidros retráteis e incolores. Conduta autorizada pela convenção de condomínio. Ausência de interferência na estética e harmonia da fachada. Árvores que dificultam a visibilidade da unidade. Envidraçamento que

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contribui para a segurança da autora, que é idosa. Obras idênticas que foram realizadas por moradores do mesmo bairro. Ausência de notícia de que tal alteração afete a segurança do prédio ou cause prejuízo aos condôminos ou a terceiros. Prática não vedada pelo art. 10 da Lei n. 4.591/1964’ (fl. 341 – grifos

nossos).

Decidir de modo diverso do que assentado nas instâncias precedentes dependeria do reexame de provas, o que não pode ser adotado em recurso extraordinário, nos termos da Súmula n. 279 deste Supremo Tribunal.

O novo exame do julgado impugnado exigiria, ainda, a análise prévia de legislação infraconstitucional aplicada à espécie (Lei n. 4.591/1964). Assim, a alegada contrariedade à Constituição da República, se tivesse ocorrido, seria indireta, o que não viabiliza o processamento do recurso extraordinário:

‘Trata-se de recurso extraordinário interposto contra acórdão que possui a seguinte ementa: ‘DESPESAS CONDOMINIAIS – COBRANÇA – MULTA CONTRATUAL – Convenção – Registro – Ausência – Irrelevância – Cabimento – Súmula n. 260 do C. Superior Tribunal de Justiça – Encargo moratório devido – Previsão legal (Lei n. 4.591/1964, art. 12, § 3º) e convencional – Percentual de 20% que incide conforme a convenção até a vigência do novo Código Civil, quando será reduzida para 2%, nos termos do artigo 1.336, § 1º, do novo diploma legal – Não ocorrência de ato jurídico perfeito – Norma de ordem pública que atinge as relações condominiais em vigor – Precedentes do Segundo Tribunal de Alçada Civil. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO’ (fl. 87). Neste RE, fundado no art. 102, III, ‘a’, da Constituição, alegou-se ofensa ao art. 5º, XXXVI, da mesma Carta. A pretensão recursal não merece acolhida. Com efeito, o acórdão recorrido dirimiu a questão dos autos com base na interpretação da legislação infraconstitucional aplicável à espécie (Lei n. 4.591/1964 e Lei n. 10.406/2002). A afronta à Constituição, se ocorrente, seria apenas indireta. Incabível, portanto, o recurso extraordinário. Nesse sentido, menciono as seguintes decisões, entre outras: AI

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593.911/SP, Rel. Min. Cármen Lúcia; RE 452.927/SP e RE 445.554/SP, Rel. Min. Ellen Gracie; AI 545.691/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes; RE 532.073/RS, Rel. Min. Joaquim Barbosa; RE 473.635/SP, Rel. Min. Dias Toffoli. Além disso, a apreciação do RE demanda a interpretação de cláusulas contratuais (convenção de condomínio), o que inviabiliza o extraordinário, a teor da Súmula n. 454 do STF. Por fim, com a negativa de seguimento ao Recurso Especial n. 720.868/SP (fls. 138-139, com trânsito em julgado certificado à fl. 140 v.), tornaram-se definitivos os fundamentos infraconstitucionais que amparam o acórdão recorrido (Súmula n. 283 do STF). Isso posto, nego seguimento ao recurso extraordinário’ (RE 609.190, Relator o

Ministro Ricardo Lewandowski, decisão monocrática, DJe 1º.2.2011, transitada em julgado em 7.2.2011 – grifos nossos).

A decisão agravada, embasada nos dados constantes do acórdão recorrido, harmoniza-se com a jurisprudência deste Supremo Tribunal, pelo que nada há prover quanto às alegações do Agravante”.

Registre-se que essa decisão foi recentemente confirmada pela Segunda Turma desta Corte, no julgamento do ARE nº 762.243/RJ-AgR (DJe de 24/10/13). O acórdão desse referido julgado restou assim ementado:

“AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. ADMINISTRATIVO. SUSPENSÃO DE MULTA. NECESSIDADE DA ANÁLISE PRÉVIA DA LEGISLAÇÃO INFRACONSTITUCIONAL. OFENSA CONSTITUCIONAL INDIRETA. REEXAME DE PROVAS. SÚMULA N. 279 DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. AGRAVO REGIMENTAL AO QUAL SE NEGA PROVIMENTO”.

Nesse mesmo sentido, anote-se, ainda, a recentíssima decisão monocrática: ARE nº 683.703/RJ, Relator o Ministro Gilmar Mendes, DJe

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de 15/10/13.

Ante o exposto, conheço do agravo para negar seguimento ao recurso extraordinário.

Publique-se.

Brasília, 24 de outubro de 2013.

Ministro DIAS TOFFOLI Relator

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