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PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO ACÓRDÃO

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Registro: 2015.0000778046 ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação nº 0016963-49.2010.8.26.0482, da Comarca de Presidente Prudente, em que é apelante MARCOS ROGERIO COSTA, é apelado MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO.

ACORDAM, em 16ª Câmara de Direito Criminal do Tribunal de Justiça de

São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Negaram provimento ao recurso. V. U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão.

O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores GUILHERME DE SOUZA NUCCI (Presidente), LEME GARCIA E BORGES PEREIRA.

São Paulo, 20 de outubro de 2015.

Guilherme de Souza Nucci RELATOR

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Apelação Criminal nº 0016963-49.2010.8.26.0482 Comarca: Presidente Prudente

Apelante: MARCOS ROGERIO COSTA Apelado: Ministério Público

VOTO Nº. 11250

Apelação. Receptação qualificada. Condenação.

Pleito defensivo de absolvição, alegando inexistência de dolo em sua conduta.

Condenação bem fundamentada no farto e seguro acervo probatório. Agente comerciante de carros que já possuía laudo de irregularidade do veículo. Reprimenda já fixada no mínimo legal e substituída a pena privativa de liberdade por restritivas de direitos.

Recurso improvido.

Trata-se de recurso de apelação

interposto pela douta defesa de MARCOS ROGERIO COSTA, contra sentença de primeiro grau (fls. 406/418), prolatada em 18 de setembro de 2014, pelo MM. Juiz de Direito, Dr. Fábio Mendes Ferreira, da 1ª Vara Criminal da Comarca de Presidente Prudente, que condenou o apelante às penas de 3 anos de reclusão, em regime inicial aberto, e ao pagamento de 10 dias-multa, no mínimo legal, pela infração ao art. 180, § 1º, c.c. §§ 2º e 4º, do Código Penal, substituída a pena privativa de liberdade

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por duas restritivas de direito.

Irresignada, a defesa do apelante maneja o presente recurso (fls. 442/457), pleiteando, em síntese, absolvição, alegando inexistência de dolo em sua conduta.

Em suas contrarrazões (fls. 459/461), o Ministério Público bateu-se pela procedência da ação penal, reiterando manifestação anterior, consoante art. 2º, caput do Ato nº. 536/2008-PGJ-CGMP.

A Procuradoria Geral de Justiça, em seu parecer, opinou pelo desprovimento do apelo (fls. 467/470).

É o relatório.

Devidamente processado, o recurso não comporta provimento, merecendo ser mantida a r. decisão atacada.

Consoante descreve a denúncia, no dia 3 de fevereiro de 2010, na Rua José Lemos de Miranda, nº 174, Vila Brasil, cidade de Presidente Prudente, o apelante adquiriu, recebeu e expôs à venda, em proveito próprio, no exercício de atividade comercial, um veículo automotor, Honda Civic,

LXS-MT, placa NGV-6373 de Anápolis/GO, sabendo que se tratava

de produto de crime de adulteração de sinal identificador de veículo automotor.

Segundo consta, no dia 26 de outubro de 2008, em uma residência situada na Rua C-178, QD. 607, LT. 14, Nova Suíça, cidade de Goiânia, indivíduos não identificador subtraíram, mediante grave ameaça exercida com emprego de arma de fogo, o veículo Honda Civic, LXS-MT, placa DUU-5299

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de Goiânia/GO, chassi 93HFA65307Z212905, de propriedade de Vinícius Pires de Souza.

Após a subtração, em data anterior ao dia 14 de abril de 2009, pessoa não identificada, adulterou a numeração de chassi do mencionado veículo roubado, por meio de implante por recorte da placa de identificação do número do chassi do veículo.

O veículo acima mencionado teve a plaqueta de identificação do numero de chassi substituída por outra, pertencente a outro automóvel, de propriedade de Luiz Carlos Coura.

No dia 3 de fevereiro de 2010, José Carlos Braz ofereceu tal automóvel para venda ao apelante Marcos, que trabalha no ramo de comércio de veículos usados. Este se interessou na aquisição do referido automóvel, para posterior revenda. Porém, antes de fechar o negócio, juntamente com seu sócio levou o carro para uma vistoria, onde o apelante recebeu o laudo de fl. 12 atestando a irregularidade do número do motor.

Mesmo ciente da irregularidade, o

acusado negociou com José Carlos a compra do veículo “dublê”, pela quantia de R$ 41.776,00.

Sem formalizar tal transação comercial, Marcos recebeu o veículo, no exercício de atividade comercial, junto com as chaves e documentos, e passou a utilizá-lo em proveito próprio para futura revenda, ciente de que se tratava de produto de crime.

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Contudo, no dia 17 de fevereiro de 2010, por volta das 15h30min, policiais militares receberam informações de que um veículo Honda Civic estaria envolvido em fatos relacionados com os disparos de arma de fogo e que este veículo era “dublê”. Dirigiram-se ao endereço citado na denúncia anônima e encontraram o veículo em frente ao estabelecimento comercial do apelante.

Marcos assumiu a propriedade do veículo e exibiu o Certificado de Registro e Licenciamento de Veículo de nº 7909682175, acostado à fl. 135, em nome de Luiz Carlos Coura.

A materialidade restou comprovada pelo boletim de ocorrência (fls. 4/6 e 26/28), auto de exibição e apreensão (fls. 7/8), documentos relacionados à vistoria do veículo (fls. 12/14), laudo de identificação veicular (fls. 71/81) e laudo documentoscópico (fls. 131/135).

A autoria, por sua vez, foi amplamente demonstrada no decorrer da instrução processual.

O policial militar Francisco informou ter recebido informações acerca de um veículo Honda Civic, com placa de Anápolis/GO, que poderia ser “dublê”. Em diligências, localizou o automóvel em um estabelecimento comercial destinado à revenda de automóveis. O acusado apresentou diversos documentos, mas constatou que o lacre da placa não era o estipulado pelo CNT, haja vista ser de chumbo, sendo que atualmente são confeccionados em material plástico. Relatou que o chassi do veículo havia sido remarcado e que as placas

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identificadoras do chassi haviam sido retiradas. No documento do veículo constava que era utilizado por pessoa portadora de necessidade especial, porém, o automóvel não trazia tais características. Indagado, o acusado disse ter adquirido o veículo de terceira pessoa e não ter conhecimento das irregularidades.

A testemunha Luiz Carlos Coura afirmou que passou a receber algumas multas advindas de diversos estados, como São Paulo, Mato Grosso e Goiás, pois existia um veículo com as mesmas características que o seu, ou seja, “dublê”. Dirigiu-se à delegacia para lavratura de um boletim de ocorrência. Recebeu ligação de uma pessoa desconhecida, de Presidente Prudente, interessada na aquisição do veículo, porém, explicou-lhe que seu veículo havia sido “clonado”.

A testemunha Danilo disse que o acusado é cliente da empresa de vistoria veicular onde trabalhar, sendo que sua função é efetuar a vistoria em automóveis. Na vistoria realizada no veículo de Marcos foi constatada uma divergência na numeração do motor. Afirmou que o motor instalado no automóvel do apelante não era original de fábrica.

A testemunha Marcela informou que trabalhou na empresa “Olho Vivo Vistorias”, porém, não se recorda dos fatos em tela.

A testemunha Cristiane relatou não se recordar dos fatos descritos na denúncia. Afirmou também ter trabalhado na empresa “Olho Vivo”.

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em solo policial, prestou depoimento narrando como ocorreu o roubo de seu veículo.

O acusado Marcos, em juízo, negou os fatos descritos na denúncia, alegando que José Carlos lhe ofereceu o automóvel em tela. Disse que o veículo passou por uma vistoria veicular na empresa “Olho Vivo”, onde ficou constatado que o motor não era original, mas havia sido comprado com nota fiscal. Afirmou desconhecer o fato de seu veículo ser “dublê”, produto de roubo. Aduziu ter adquirido o automóvel para seu uso, pelo preço praticado no mercado de automóveis e não para revendê-lo.

Conforme se denota, o acervo probatório é robusto e coeso, sendo a negativa do apelante totalmente isolada nos autos, restando de rigor a manutenção da condenação em seu desfavor, cuja reprimenda, já fixada no mínimo legal, não comporta reparo.

Em que pese argumentar ter comprado o veículo de Luiz Carlos Coura, não juntou aos autos qualquer contrato de compra e venda, tampouco prova do valor pago.

Outrossim, como bem destacado pelo juízo a quo, sendo o apelante comerciante de carros, possui mais facilidade na constatação de irregularidades e, inclusive, já possuía laudo apontando irregularidades na numeração do motor.

A pena-base já foi fixada no mínimo legal de 3 anos de reclusão e 10 dias-multa, no piso legal, sendo substituída a pena privativa de liberdade por restritiva de direitos.

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Ante o exposto, pelo meu voto, nego

provimento ao apelo interposto pela douta defesa,

mantendo-se, in totum, a r. decisão atacada, por seus próprios e jurídicos fundamentos.

GUILHERME DE SOUZA NUCCI Relator

Referências

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