Winter January 1, 2012
ECO 112 - Economia Brasileira Eloi Martins Senhoras
Economia Brasileira
Economia Brasileira
Prof. Dr. Elói Martins Senhoras
eloisenhoras@gmail.com works.bepress.com/eloi
Programa
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7
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8
Programa
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10
Programa
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Programa
ECONOMIA BRASILEIRA:
ECONOMIA BRASILEIRA:
DA CRISE DA D
DA CRISE DA D
É
É
CADA DE
CADA DE
1960 AO MILAGRE
1960 AO MILAGRE
ECONÔMICO
Início dos anos 60
• forte reversão da situação econômica com:
– queda dos investimentos,
– queda da taxa de crescimento da renda – aceleração da inflação
• Em parte estes problemas refletem os
desequilíbrios do Plano de Metas do
governo J.K.
A n o C r e s c i m e n t o d o P I B ( % ) C r e s c i m e n t o d a P r o d u ç ã o I n d u s t r i a l ( % ) T a x a d e I n f l a ç ã o ( I G P - D I ) ( % ) * 1 9 6 1 8 , 6 1 1 , 1 3 3 , 2 1 9 6 2 6 , 6 8 , 1 4 9 , 4 1 9 6 3 0 , 6 - 0 , 2 7 2 , 8 1 9 6 4 3 , 4 5 , 0 9 1 , 8 1 9 6 5 2 , 4 - 4 , 7 6 5 , 7 F o n t e : A b r e u ( 1 9 9 0 ) P R O D U T O E I N F L A Ç Ã O : 1 9 6 1 - 1 9 6 5 .A crise dos anos 60 e suas explicações
Conjunturais Estruturais
Políticas A.Instabilidade política B. Crise do Populismo
Econômicas C. Política Econômica
recessiva de combate a inflação
D. Estagnacionismo – crise PSI E. Crise cíclica endógena de uma economia industrial
A Crise dos anos 60 e suas explicações
A. Instabilidade política do início dos anos 60:
– O Presidente Jânio Quadros renuncia depois de 8 meses de mandato e o vice João Goulart enfrenta dificuldades para assumir.
– Jango assume em um período de grandes turbulências. O Brasil passa para o regime parlamentarista, que dura apenas três anos.
– As trocas de presidentes e ministérios impediam a adoção de uma política consistente, dificultando o cálculo econômico e diminuindo os investimentos no país.
B.
Crise do populismo está na raiz da
instabilidade política e da crise econômica,
além de explicar também o golpe militar de
março de 1964
.– Os governos populistas desde a revolução de
1930 deviam incorporar as massas urbanas como base de apoio político sem que as concessões
fossem exageradas do ponto de vista patronal e sem estender estas concessões para o campo nem alterar a estrutura agrária do país.
A Crise dos anos 60 e suas explicações
C. a Política econômica restritiva que foi
adotada até 1967 como forma de combate à
inflação pós Plano de Metas levam à
diminuição da atividade econômica.
– Pode-se destacar dois planos de estabilização: Trienal e PAEG
– Tais planos de estabilização adotam medidas como o controle dos gastos públicos, a
diminuição do crédito e o combate aos excessos da política monetária.
D. Visão estagnacionista
– a redução nas taxas de crescimento do produto se
devem ao esgotamento do dinamismo do PSI exigindo cada vez mais recursos financeiros e tecnológicos com retorno cada vez menor.
– Pelo lado da demanda, os novos setores a serem substituídos possuem ganhos de escala cada vez maiores, exigindo uma demanda também cada vez maior.
– Como o PSI é concentrador, o crescimento do mercado não se faz a taxas suficientes para
A Crise dos anos 60 e suas explicações
E. Crise cíclica endógena
– típica de uma economia industrial ou
capitalista. A crise dos anos 60 se deve a uma desaceleração dos investimentos em bens de capital que repercute sobre o restante da
economia.
– A queda destes investimentos se deve ao fato que o Plano de Metas representara um grande bloco de investimentos que acabou por gerar excesso de capacidade produtiva.
F. Reformas institucionais
– eram necessárias reformas institucionais para a retomada dos investimentos.
– Sem as reformas não havia mecanismos de financiamento adequados, tanto para o setor público como para o setor privado,
– Outras problemas: estrutura fundiária, acesso à educação, legislação incompatível com as taxas de inflação etc.
Os Governos Militares e o PAEG
• O Golpe militar impõe de forma autoritária uma solução para a crise política.
• Castelo Branco lança o PAEG (Plano de Ação Econômica do Governo), tendo como ministros Roberto Campos e Octavio Gouvêa de Bulhões. O governo possui duas linhas de atuação:
Políticas conjunturais de combate à inflação.
Reformas estruturais.
• O controle inflacionário e as formas de conviver com a inflação
eram vistos como pré-condições para a retomada do desenvolvimento.
•
O diagnóstico da inflação: Excesso de demanda
• déficit público,
• política salarial frouxa,
• falta de controle sobre a expansão do crédito.
•
As principais medidas estabilizadoras do PAEG:
i. Redução do déficit público – novas formas de
financiamento e aumento das tarifas públicas - inflação corretiva
ii. Restrição do crédito e aperto monetário - aumento das taxas de juros, melhora dos mecanismos de controle iii. política salarial - Circular 10 leva ao arrocho salarial
Uma nova atitude frente à inflação
Os governantes do regime militar implementaram
uma forma peculiar de lidar com a inflação:
• deve-se aprender a conviver com a inflação.
Surge a noção de correção monetária e
indexação.
• Adota-se uma atitude gradualista no combate à
inflação. Deixa-se de lado os tratamentos de
choque.
Este resultado se deve em grande parte à própria retração nas taxas de crescimento econômico
A n o C re s c im e n to d o P IB (% ) C re s c im e n to d a P ro d u ç ã o In d u s tria l (% ) T a x a d e In fla ç ã o (IG P -D I) (% ) 1 9 6 4 3 ,4 5 ,0 9 1 ,8 1 9 6 5 2 ,4 -4 ,7 6 5 ,7 1 9 6 6 6 ,7 1 1 ,7 4 1 ,3 1 9 6 7 4 ,2 2 ,2 3 0 ,4 1 9 6 8 9 ,8 1 4 ,2 2 2 ,0 F o n te : A b re u (1 9 9 0 ) * IP C -R J P R O D U T O E IN F L A Ç Ã O : 1 9 6 4 -1 9 6 8 .
Reformas institucionais do início
dos governos militares
As principais reformas instituídas pelo
PAEG foram:
A. Reforma tributária.
B. Reforma monetária-financeira.
C. Reforma do setor externo.
Os principais elementos desta reforma foram:
i. introdução da correção monetária no sistema tributário. ii. Transformação dos impostos em cascata em impostos
sobre valor adicionado, como o IPI e o ICM.
iii. redefinição do espaço tributário entre as diversas esferas do governo.
União - IPI, IR, impostos únicos, IE/II, ITR. Estados - ICM.
Municípios - ISS e IPTU.
Foram criados os fundos de transferência
intergovernamentais: os Fundo de Participação dos Estados e o dos Municípios
A Reforma Tributária
• Ainda quanto à questão da arrecadação,
devem-se destacar:
i. o surgimento de vários fundos parafiscais, como o FGTS e o PIS (importantes fontes de poupança
compulsória).
ii. a chamada “inflação corretiva”, uma política de realismo tarifário.
• Principais conseqüências da reforma tributária:
Aumento da arrecadação;
Centralização da arrecadação e das decisões de política tributária
•
Objetivos:
– criar condições de condução independente da política
monetária e direcionar os recursos às atividades econômicas
•
Esta reforma divide-se em 4 grupos de medidas
1. Instituição da correção monetária (taxas de juros positivas) e da ORTN
- Busca-se desenvolver o mercado de títulos públicos e novos instrumento de financiamento não
A Reforma Monetária – Financeira
2. Criação do CMN e do Bacen
CMN: órgão normativo da política monetária
Bacen: órgão executor da política monetária, fiscalizador do sistema financeiro
Procurava-se criar condições de independência da política monetária, mas vários problemas permaneciam
a. ingerência política na atuação do Bacen.
b. “Conta Movimento”, permitia ao BB expandir sem limites suas operações de crédito.
c.“Orçamento Monetário” que passou a receber vários gastos de origem fiscal, com a criação de vários fundos e programas
3. criação do SFH (Sistema Financeiro da
Habitação) e do BNH (Banco Nacional da
Habitação).
objetivo: eliminar déficit habitacional atribuído à falta de financiamento
4. reforma do sistema financeiro e do
mercado de capitais,
baseado no modelo financeiro norte-americano caracterizado pela especialização e segmentação do mercado
A Reforma do Setor Externo
• Objetivos:
– estimular o desenvolvimento evitando as pressões sobre o Balanço de Pagamentos.
– Melhorar o comércio externo e atrair o capital estrangeiro. • Comércio externo.
– Exportações: incentivos fiscais e modernização dos órgãos ligados ao comércio internacional (CACEX e CPA).
– Importações: eliminar os limites quantitativos
– Unificação do sistema cambial e adoção do sistema de minidesvalorizações (1968)
• Atração do capital estrangeiro:
– Renegociação da dívida externa e Acordo de Garantias para o capital estrangeiro.
• Período 1968-73: maiores taxas de crescimento
do produto brasileiro na história recente - taxa
média acima de 10% a.a.).
• Esta performance foi decorrência:
– reformas institucionais anteriores, – capacidade ociosa na indústria
– crescimento da economia mundial.
– mudança no diagnóstico da inflação: inflação de custos : afrouxam-se as políticas de contenção da demanda (monetária, fiscal e creditícia).
As principais fontes de crescimento
i. retomada do investimento público em infra-estrutura e das empresas estatais;
ii. demanda por bens duráveis – expansão do crédito ao consumidor;
iii. construção civil - aumento dos investimentos públicos e pela expansão do crédito do SFH;
iv. crescimento das exportações - expansão do comércio mundial, melhora nos termos de troca e incentivos
fiscais
Quanto aos demais setores econômicos:
i. bens de consumo e agricultura - desempenhos mais modestos. ii. setor de bens de capital duas fases:
1ª : até 1970 - com menor crescimento - ocupação de capacidade ociosa 2ª : 1971/73 - a Formação Bruta de Capital Fixo supera os 20% do PIB.
• Assistiu-se neste período à primeira onda de endividamento externo.
– A dívida externa, no período, cresceu em torno de US$ 9 bilhões, sendo que aproximadamente US$ 6,5 bilhões se transformaram em reservas – sobre endividamento e
endividamento interno
• Estímulo ao endividamento externo brasileiro:
Elevada demanda por crédito, taxas de juros internas elevadas (reforma de 64/66), grande liquidez no sistema financeiro
internacional (Euromercado) e ausência de mecanismos de
financiamento de longo prazo na economia brasileira, exceto as linhas oficiais.
• Principais tomadores de recursos externos, – nesta fase: setor privado – especialmente estrangeiro
Participação do setor público na
economia
Outro ponto que merece destaque nesse período é a elevada participação e intervenção do setor público na
economia:
i. o Estado controlava os principais preços da economia – câmbio, salário, juros, tarifas e uma política de preços administrados via CIP.
ii. o Estado respondia pela maior parte das decisões de investimento: investimentos da administração pública, empresas estatais, captação de recursos financeiros como
fundos de poupança compulsória, títulos públicos, cadernetas de poupança etc.
• Principal crítica ao Milagre:
Acentuou a concentração de renda.
Uma explicação que se dava era que a
concentração da renda era uma tendência de um
país que se desenvolvia e que demandava
mão-de-obra qualificada escassa
Outra justificativa pela concentração de renda
que se fazia no período está baseada na famosa
“Teoria do Bolo” (crescer para depois repartir).
Após o movimento militar de 1964, buscou-se promover a modernização agrícola do país, com o crescimento da
produtividade do setor.
Dentro do arcabouço institucional criado, destacam-se:
i. o Sistema Nacional de Crédito Rural (SNCR): busca propiciar aos agricultores linhas de crédito acessíveis e baratas.
ii. as políticas de garantias de preços mínimos (PGPM) com dois mecanismos básicos:
a. AGF (Aquisição do Governo Federal) são compras feitas pelo governo de produtos com preços prefixados – visa estocar e vender em momentos de escassez do produto no mercado;
b. EGF (Empréstimo do Governo Federal) que financia a estocagem do produto pelo agricultor.
i. aumento do grau de mecanização e quimificação das fazendas -aumento de produtividade no setor.
ii. aumento na produção, no início, de bens exportáveis (soja e laranja), e depois também de produtos destinados ao mercado doméstico (cana-de-açúcar - álcool).
iii. expansão da fronteira agrícola na direção da região Centro-Oeste. A área cultivada passou de 29 milhões de ha, em 1960, para 50 milhões em 1980.
iv. crescimento da agroindústria; maior interligação entre o setor agrícola, seus fornecedores e consumidores
v. aumento da concentração fundiária e da utilização de mão-de-obra temporária (bóia fria): modernização dolorosa