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A perspectiva do alongamento antes do treinamento principal: uma revisão

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Academic year: 2021

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Artigo apresentado como projeto de conclusão de curso de graduação da Universidade do Sul de Santa Catarina, como requisito parcial para obtenção do título de bacharel. Orientador: Prof. Marcos Paulo Huber, Msc. Tubarão, 2019.

 Acadêmico do curso de Educação Física da Universidade do Sul de Santa Catarina – Unisul. E-mail: natan_b_m@hotmail.com

A PERSPECTIVA DO ALONGAMENTO ANTES DO TREINAMENTO PRINCIPAL: UMA REVISÃO

THE STRETCHING PERSPECTIVE BEFORE MAJOR TRAINING: A REVIEW

Natan Medeiros Bento **

Resumo: O alongamento muscular é frequentemente realizado nas práticas

desportivas, a fim de aumentar a flexibilidade muscular e a amplitude articular, assim como, possivelmente, aperfeiçoar o desempenho atlético. O objetivo do presente estudo foi de analisar a perspectiva do alongamento antes do treinamento principal. Como objetivos específicos, avaliar se o alongamento implica nos níveis de força segundo os artigos. Foi realizada uma revisão narrativa, utilizando 22 artigos relacionados sobre o tema. Desta forma, conclui-se que os métodos de alongamento antes do treinamento principal podem aumentar a ADM (amplitude de movimento), e podem provocar ou não a queda de rendimento na força. Cabe a nós, profissionais da área, saber se devemos implementar o alongamento para os nossos clientes conforme os seus objetivos.

Palavras-chave: Alongamento. Treinamento. Força.

Abstract: Muscular stretching is often performed in sports practices in order to

increase muscle flexibility and joint amplitude as well as possibly improve athletic performance. The objective of the present study was to analyze the perspective of stretching before the main training. As specific objectives, to evaluate if the elongation implies in the levels of force according to the articles. A narrativa review was carried out, using 22 related articles on the subject. Therefore, it is concluded that stretching methods before the main training can increase ADM (range of motion), and may or not the fall in yield in the force. It is up to us, professionals in the field, to know if we should implement stretching for our clients according to their objectives. The terms used were "stretching", "training" and "strength".

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1 INTRODUÇÃO

É prática comum de atletas e praticantes recreacionais de atividades físicas e esportivas a incorporação de exercícios de alongamento e de força com o objetivo de aprimorar a amplitude de movimento (ADM), a força e a hipertrofia muscular (LOPES et al., 2015).

Para Dantas (2005), o alongamento é a forma de trabalho que visa à manutenção dos níveis de flexibilidade obtidos e à realização dos movimentos de amplitude normal com o mínimo de restrição física possível. O alongamento visa à realização dos movimentos com mais eficácia e com menor gasto energético.

O alongamento muscular é frequentemente realizado nas práticas desportivas, a fim de aumentar a flexibilidade muscular e a amplitude articular, assim como, possivelmente, aperfeiçoar o desempenho atlético (ENDLICH, 2009).

O alongamento agudo pode influenciar a produção de força em diferentes tarefas e performances esportivas. Este fenômeno é chamado de déficit de força induzido pelo alongamento (DFIA). O DFIA pode estar relacionado à dose-resposta do treinamento e ao tipo de alongamento (estático, dinâmico ou FNP) (BLEY; NARDI; MARCHETTI, 2012).

Para um bom desenvolvimento da flexibilidade, o alongamento deve ser trabalhado por diferentes métodos, segundo Evangelista (2011).

Método passivo estático: Muito utilizado para ganhos iniciais de flexibilidade em indivíduos com baixos níveis de amplitude articular. Uma das vantagens é que este é um método extremamente seguro quando bem aplicado. Trabalha com o auxílio de forças externas.

Método ativo estático: É ideal para aplicação posterior ao método passivo estático. Também gera estabilidade articular.

Método ativo dinâmico: Também conhecido como balístico, este método é bastante utilizado no esporte de alto rendimento por ter grande especificidade aos movimentos realizados durante os gestos esportivos. O ganho de flexibilidade é inferior e de menor duração em relação aos outros tipos de alongamento.

Facilitação neuromuscular proprioceptiva (FNP): A facilitação neuromuscular proprioceptiva é um método bastante utilizado para a melhora da amplitude articular

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concomitantemente com os ganhos de força. Sendo bastante utilizado em indivíduos com baixo nível de flexibilidade ou, ainda, para reabilitação pós-lesão.

Existem várias controvérsias em relação ao alongamento antes do treinamento. Diversos autores demonstram em seus estudos uma melhoria no desempenho, uma diminuição do risco de lesões e a redução do aparecimento de dores musculares tardias: Almeida & Jabur (2007), Bacurau et al. (2009), Beaulieu (1981), McHugh & Cosgrave (2010) e Shellock & Prentice (1985). Porém, outros estudos, dos autores Barroso et al. (2012); Bradley, Olsen & Portas (2007); Costa, Ryan et al. (2009); Costa et al. (2013); Rubini, Costa & Gomes (2007); Weldon & Hill (2003) e Young & Behm (2002), afirmam que não há diferenças. Assim, este trabalho se justifica, visto que existem muitas dúvidas e questionamentos em relação ao alongamento no exercício físico. Ele adicionará muito conhecimento em prol da sociedade acadêmica de Educação Física e outras áreas de interesse.

Desta forma, surge uma questão importante a ser discutida: o alongamento antes do treinamento pode diminuir os níveis de força?

Portanto, o objetivo do presente estudo foi de analisar a perspectiva do alongamento antes do treinamento principal. Como objetivos específicos, avaliar se o alongamento implica nos níveis de força, segundo os artigos.

2 METODOLOGIA

2.1 TIPO DO ESTUDO

Foi realizada uma revisão narrativa.

2.2 POPULAÇÃO DO ESTUDO/ BASE DE DADOS

Foram utilizadas as bases de dados Medline, Scielo, Pubmed, Scopus, Lilacs e Science Direct para a seleção dos artigos. Os termos utilizados para a busca foram retirados dos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS) – “alongamento”, “treinamento”, “força”.

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Foram selecionados para o estudo inicialmente artigos entre os anos de 2000 e 2018.

Foram utilizados artigos em inglês e português.

Relatos de caso, estudos com animais, resumo de eventos, ensaio clínico em laboratório, consensos, editorias e guias de correspondência foram excluídos deste estudo.

2.4 ANÁLISE DOS DADOS

Após a busca e seleção dos artigos e ainda a observação dos critérios de inclusão, foi realizada a leitura do tema e resumo.

Após selecionados os artigos que realmente foram utilizados para o estudo, foi realizada a interpretação e compilação das principais metodologias utilizadas, seus resultados e conclusões, construindo assim o capítulo Resultados e discussões do presente estudo em formato de tópicos para facilitar a compreensão dos assuntos abordados.

2.5 ASPECTOS ÉTICOS

Este projeto de pesquisa não necessitou ser enviado ao Comitê de Ética pois não envolveu seres humanos.

3 RESULTADOS

Após a busca e seleção dos artigos, seguindo as normas estabelecidas na metodologia de estudo, foram selecionados no total 12 artigos relevantes sobre o tema, que foram buscados entre agosto de 2018 e março de 2019. Os estudos continham questões relacionadas sobre os tipos de alongamento, se passivo estático, ativo estático, método ativo dinâmico (balístico) ou facilitação neuromuscular proprioceptiva (FNP).

Quadro 1 – Métodos, resultados e conclusões dos estudos

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Tricoli et al. (2002)

A amostra foi composta por 11 sujeitos do sexo masculino com idade de 26 (±2) anos. Foram submetidos a um teste de uma repetição máxima (1 RM). Foram feitas duas

condições de alongamento, CA (com alongamento) e as (sem alongamento) através de sorteio. Na condição CA (com alongamento), a média obtida no teste 1 RM (391,7 kg ± 865) foi significantemente menor (p < 0,05) que a média obtida na condição SA (sem alongamento) (405,5 kg ± 89,1). Conclui-se que, independentemente do mecanismo envolvido, uma sessão de alongamento estático executada imediatamente antes da atividade física pode provocar uma queda no rendimento de força máxima. Nelson et al. (2005) Dezesseis participantes (11 homens e 5 mulheres) de uma equipe de atletismo da Divisão I da NCAA realizaram Sprint de 20 m cronometrados e sem alongamento prévio das pernas. O alongamento estático foi feito mantido por 30 s. 4 semanas e 4 protocolos utilizados, sendo 1 protocolo a cada dia.

Os protocolos de alongamento utilizados induziram um aumento significativo (P 50,05) aumento (* 0,04 s) no tempo de 20 m no sprint.

Assim, parece que o alongamento pré-evento pode impactar negativamente o desempenho de exercício de curto prazo de alta potência.

Chagas et al. (2007)

Participaram nesta pesquisa 14 estudantes de Educação Física do sexo masculino, com média de idade 23,1 anos (± 2,3), massa corporal média de 74,7 kg (± 12) e estatura média de 175,9 cm (± 6,6).

A ANOVA two way indicou uma interação significativa entre os grupos (treinamento na intensidade máxima e submáxima de alongamento) e o teste (condição pré e pós) (F = 1,26; df = 8,62; p < 0,007) Através do estudo concluiu-se que o comportamento da ADM entre o pré-teste e pós-teste é diferente para as intensidades máxima e

submáxima de

alongamento.

Torres et al. (2008)

Onze homens saudáveis, que eram atletas foram selecionados para este estudo. Ao longo de 4 sessões, os participantes participaram de 4 diferentes protocolos de alongamento (sem alongamento, alongamento estático, alongamento dinâmico e alongamento estático e dinâmico combinados).

Não houve diferenças significativas entre os protocolos de alongamento para Pmax (potência), Fmax (força), Amax (aceleração), Vmax (velocidade) e Dmax (deslocamento) após o tratamento. Portanto, os autores concluíram que um aquecimento dinâmico seja usado durante todo o aquecimento.

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Molacek et al. (2010)

Quinze jogadores de futebol universitários treinados voluntariaram-se para participar do estudo. Foram utilizados 5 tipos de alongamento: (a) NS (não alongamento), (b) FNP de baixo volume, (c) FNP de alto volume, (d) estática de baixo volume e (d) estática de alto volume.

Não houve diferenças significativas no desempenho de 1 RM (supino).

Concluímos que o FNP de baixo e alto volume e o alongamento estático não têm efeito agudo em 1 RM supino nos jogadores de futebol colegial. Albuquerque et al. (2011) Participaram do estudo 16 indivíduos do sexo feminino (idade de 22,5 ± 4,7 anos e IMC de 20,8 ± 1,83 kg/m²), divididos em três grupos (Grupo alongamento estático, Grupo exercício aeróbico e Grupo alongamento estático + Grupo exercício aeróbico).

Os resultados obtidos indicaram não haver influência significativa inter e/ou intraprotocolos nas variáveis observadas, considerando nível de significância de p ≤ 0,05).

Portanto, conclui-se que, de forma aguda, o desempenho de força muscular na extensão do joelho não sofreu alterações significativas após os diferentes protocolos de aquecimento utilizados. Gonçalves et al. (2013) 18 atletas da categoria sub-17 do Grêmio Torrense Club foram separados aleatoriamente em dois grupos: grupo I, com alongamento estático, e grupo II, com alongamento dinâmico. Cada atleta foi submetido a um protocolo de alongamento que constituiu de quatro diferentes tipos de alongamentos em cada grupo durante o período de 12 intervenções.

O salto em distância melhorou

significativamente nos dois grupos de estudo; no entanto, essa melhora persistiu na fase crônica apenas no alongamento estático grupo (p = 0,02).

Concluiu-se neste estudo que o alongamento estático melhora flexibilidade e impulso horizontal de forma aguda e crônica, enquanto ambas as formas de alongamento melhoram a ativação muscular como um resultado crônico.

Ribeiro et al. (2014)

15 sujeitos foram selecionados. Utilizaram o método estático por 30 segundos e condição controle onde permaneceram em repouso entre as séries por 150 segundos. Realizaram 4 séries de uma repetição máxima (1 RM).

Os resultados sugerem que o desempenho de conjuntos múltiplos no exercício de supino não parecem ser influenciados por alongamento estático.

Assim, os autores não são contra o alongamento estático durante o aquecimento antes do exercício de treinamento de resistência porque tal conduta não parece influenciar positiva ou negativamente o desempenho. Marchetti et. al (2014) Foram selecionados 25 jovens indivíduos saudáveis, masculinos, treinados em resistência (grupo alongamento, n = 15 e grupo controle, n = 10) neste estudo.

Uma interação significativa para a ADM passiva da articulação do ombro revelou aumentos significativos entre o protocolo pré e pós-SS (média ± DP: 134,9 ± 12,4° a 141,9 ± 14,4°, p < 0,001. Em conclusão, um protocolo extenso de SS agudo pode aumentar ADM do ombro.

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Marchetti et al. (2015)

A amostra foi composta por 14 adultos jovens, do gênero masculino (idade: 31 ± 9 anos, estatura: 178 ± 0,7 cm, massa corporal total: 85 ± 12 kg), sem quaisquer lesões que pudessem acometer o desempenho de membros superiores, em especial a região do antebraço e articulação de punho Os resultados de ADMP mostraram aumento significante entre as condições pré e pós-intervenção, em ambos os protocolos INT (81° ± 10 e 94° ± 10, respectivamente, P = 0,004; TE = 0,70; Δ% = 9,3).

Conclui-se que uma sessão aguda de alongamento estático passivo aumenta a amplitude passiva de movimento, reduz a força pico e taxa de produção de força e não apresenta modificações na ativação muscular de flexores de punho,

independentemente do tipo de intervalo utilizado.

Lopes et al. (2015)

A amostra foi composta por 12 homens saudáveis (idade: 24 ± 4 anos, estatura: 176 ± 5 cm, massa: 82 ± 11 kg, distância biacromial: 37 ± 1 cm, 10 RM no supino: 679 ± 177 N). Todos os sujeitos foram treinados em musculação há pelo menos um ano, e com experiência na realização do exercício supino reto.

Desempenho de repetições máximas no protocolo de séries múltiplas: Foi verificada uma redução significante no número máximo de repetições entre a primeira série e as demais nas condições SEMA e COMA.

Conclui-se que o alongamento passivo extensivo não afetou o desempenho de repetições e carga em séries múltiplas na realização do exercício supino reto. Donti (2017) 77 ginastas pré-adolescentes foram divididos em alongamento (n = 57) e grupo controle (n = 20). O grupo de alongamento contínuo realizou 90 s de alongamento estático e o de forma intermitente 3 × 30 s com 30 s em repouso. Duração de 15 semanas

A ADM foi aumentada durante o treinamento de alongamento intermitente e contínuo, mas permaneceu inalterada no grupo de controle. O alongamento intermitente conferiu uma melhora maior na ADM em relação ao alongamento contínuo e controle da semana 3, até o final do treinamento, e após destreinamento.

O alongamento intermitente foi mais eficaz do que contínuo, tanto para o longo prazo e realce da ADM aguda em atletas pré-adolescentes do sexo feminino.

Fonte: o autor, 2019.

No estudo de Lopes et al. (2015), os participantes (12) apresentaram-se em 3 sessões diferentes com um intervalo de 72 horas. Na primeira sessão foram obtidos os dados antropométricos. A segunda e terceira sessão foram aleatorizadas entre os sujeitos, e consistiram de seis séries até a falha muscular concêntrica utilizando 10 RM no exercício supino reto. Na barra guiada as sessões foram distinguidas pela inclusão com alongamento (COMA) ou sem (SEMA). Os resultados mostraram que houve uma redução de repetições tanto com alongamento quanto na condição sem alongamento até a sexta série.

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Um outro estudo semelhante foi o de Molacek (2010), no qual participaram 15 estudantes universitários jogadores de futebol e treinados. Foram utilizados 5 tipos de alongamento: (a) NS (não alongamento), (b) FNP de baixo volume, (c) FVN de alto volume, (d) alongamento estático de baixo volume e (d) alongamento estático de alto volume. Os resultados mostraram que não houve efeito significativo para os 5 tipos de alongamento no desempenho de 1 RM.

Analisando os resultados sobre a ADM (amplitude de movimento), Chagas (2007), Marchetti (2014, 2015) e Donti (2017) relataram em seus estudos que o alongamento aumentou a amplitude de movimento.

4 DISCUSSÃO

No estudo de Albuquerque (2011), no qual o objetivo foi avaliar a força muscular dos extensores do joelho, foi aplicado um protocolo de alongamento estático. O alongamento foi mantido por 30 segundos, e, após um intervalo de 1 minuto, o procedimento foi repetido novamente e foram feitas 4 séries. Exercício aeróbico e associação de ambos alongamentos estáticos mais exercício aeróbico. Concluiu-se que não observaram alterações significativas após os protocolos utilizados. O estudo anterior, que vai ao encontro do estudo de Oliveira (2017), do qual participaram 12 militares, e no qual fizeram um aquecimento ativo com e sem alongamento estático (duração de 20 segundos), observou-se que não houve diferenças significativas para a força dos extensores de joelho.

Em um estudo de Firmino (2005), o objetivo foi verificar o número máximo de repetições em cada série com a carga para 10 repetições máximas (10 RM) no exercício mesa flexora (FLEX). O estudo foi composto por 11 indivíduos do sexo masculino com experiência em treinamento de força. Os grupos foram divididos em G1 e G2. O g1 realizou aquecimento com exercício específico, o protocolo consistiu de 20 repetições com 50% da carga que o indivíduo estava habituado a utilizar em seu treinamento (AE), e o g2 realizou alongamento através do método passivo estático (AA). O tratamento realizado com AA utilizou duas séries de 30 segundos de duração (30 segundos entre elas) até o limiar subjetivo de dor. Tanto o alongamento como o aquecimento parecem não influenciar na produção de força. Em conclusão, não houve diferenças no desempenho da força muscular.

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Um estudo semelhante de Ayala (2015) foi realizado com 25 homens e 24 mulheres que eram adultos recreativamente ativos (participando de 2-5 h de atividade física 3 a 5 dias por semana). Em cada sessão de alongamento, os participantes realizaram cinco exercícios de alongamento para alongar os músculos principais. Os exercícios de alongamento foram realizados duas vezes. Durante a sessão de alongamento estático, os participantes foram convidados a segurar cada posição de alongamento por 30 s. Em sua conclusão, as curtas e estáticas rotinas de alongamento de membros inferiores e dinâmicas não influenciaram em reduções ou melhorias no flexor do joelho e extensor do joelho concêntrico isocinético e força excêntrica. Ambos os estudos utilizaram os protocolos de alongamento estático e tempos menores que 30 segundos não influenciaram no déficit de força.

Os dados anteriores vão contra o estudo de Amaral (2016) que analisou o efeito de uma sessão de alongamento passivo estático sobre a flexibilidade e desempenhos de força máxima e potência. A amostra foi composta por 13 homens fisicamente ativos com uma média de idade de 24,7 ± 5,7 anos). A técnica de alongamento passivo estático foi utilizada nos músculos posteriores da coxa (flexores da perna) durante 30 segundos. Foram divididos em 3 fases. Fase 1 foi uma familiarização onde o grupo A fez (1) teste de sentar e alcançar, (2) SJT, (3) teste de 1 RM e (4) alongamento passivo estático. O Grupo B realizou a familiarização seguindo a ordem: (1) teste de sentar e alcançar, (2) teste de 1 RM, (3) SJT e (4) alongamento passivo estático. Fase 2, teste 1 (24 horas após a fase de familiarização) – fizeram todos os testes sem o alongamento. Fase 3 Coletas dos dados I (48 horas após a fase de Testes II) – Todos os indivíduos foram submetidos a uma sessão de alongamento passivo estático e em seguida o Grupo A realizou o teste de sentar e alcançar e teste de 1 RM, e o Grupo B o teste de sentar e alcançar e o STJ. Coletas dos dados II (48 horas após a Coleta de dados I) – Todos os indivíduos foram submetidos a uma sessão de alongamento passivo estático e em seguida o Grupo A realizou o STJ, e o Grupo B o teste de 1 RM. Nos resultados observou-se um aumento da ADM e uma redução no desempenho de força máxima com a realização de uma sessão de alongamento passivo estático prévio, e quando o alongamento precede os exercícios de potência, não foram verificadas alterações no desempenho. Parece que exercícios de alongamento prévio ao treinamento de força podem estar relacionados à redução de unidades motoras.

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Endlich (2009) analisou o efeito agudo do alongamento com diferentes tempos no desempenho da força dinâmica de membros superiores (supino) e inferiores (leg press 45°) em homens jovens. Foram avaliados em três situações. Sem alongamento (SA), aquecimento específico seguido do teste de 10 RM; condição com oito minutos de alongamento (AL-8), uma sessão de alongamento estático com oito minutos de duração, seguida do aquecimento e teste de 10 RM; e a condição alongamento 16 minutos (AL-16), 16 minutos de alongamento seguidos dos procedimentos descritos anteriormente. Em seus resultados mostrou que sessões de alongamentos estáticos efetuadas antes de atividades que envolvam força possuem a capacidade de alterar negativamente o desempenho dessa qualidade física, acarretando pior rendimento em longos períodos de alongamento.

Os dados anteriores parecem confirmar os resultados no estudo de Arruda (2006), cujo objetivo foi verificar o teste de 10 repetições máximas (10 RM) no exercício supino reto na máquina utilizando diferentes tipos de aquecimento. Participaram 22 indivíduos do sexo masculino e divididos em dois grupos, grupo com aquecimento prévio de alongamento (GA) (n = 11), e grupo aquecimento específico (GE) (n = 11). O GA antecedeu o teste de 10 RM com o aquecimento através de exercícios de alongamentos pelo método estático, com duas séries de 20 segundos de duração para cada posição, após atingir o limiar de dor. Em seu resultado pode concluir que exercícios de alongamento estáticos executados antes do teste de 10 RM na máquina de supino reto provocam queda no número de repetições máximas.

Um outro estudo de Costa (2009) confirma que o protocolo de alongamento utilizado gerou efeito deletério na geração de força máxima dos atletas avaliados. Foram avaliados 20 atletas do sexo masculino. Dois testes de carga máxima (1 RM). O protocolo de alongamento consistiu de três exercícios realizados em três séries de 20 s cada, totalizando 180 s para os principais grupos musculares envolvidos no exercício de supino horizontal. Os dados parecem confirmar os resultados obtidos nos estudos de Endlich (2009) e Arruda (2006), ou seja: alongamentos por períodos longos provocam queda no rendimento em força.

O fato de o alongamento com muita tensão muscular ocasionar enfraquecimento na fibra muscular é dado também pela própria microlesão de algumas fibras musculares, ou seja, não é comum os praticantes ficarem muito tempo se alongando.

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Ribeiro (2006) fez estudo semelhante no qual o objetivo foi verificar o efeito agudo em dois protocolos de aquecimento previamente realizados em um teste de 10 RM no exercício leg press 45°. No primeiro dia, o protocolo de aquecimento consistiu de 30 segundos de exercícios de alongamento estático para membros inferiores. No segundo dia, o aquecimento era realizado através de 20 repetições do próprio exercício com carga leve. Em sua conclusão, não foram encontradas diferenças significativas para ambos os protocolos.

O que vai ao encontro do estudo de César (2018), onde o objetivo foi de verificar o efeito de duas rotinas distintas de alongamento estático com mesmo volume total sobre a amplitude de movimento (ADM) passiva, a ativação muscular (EMGRMS e EMGFM) e o desempenho da força de resistência (10-RM). Foram 14 indivíduos do sexo masculino submetidos a três procedimentos diferentes, de forma randomizada: a) condição controle (CC), b) alongamento estático fracionado (AL-30 s) e c) alongamento estático contínuo (AL-2 min). As duas condições de alongamento promoveram aumentos agudos significativos na ADM nas comparações pré vs. imediatamente após (P = 0,0001; 144,2 ± 10,2 vs. 152,2 ± 10,5 para AL-30 s e 147,4 ± 11,9 vs. 155,1 ± 9,9 para AL-2 min). Nos resultados não foi observada diferença significativa para o número máximo de repetições com carga para 10-RM nem nas variáveis de ativação muscular (EMGRMS e EMGFM) do músculo vasto lateral entre as três condições testadas. Parece que o alongamento prévio de forma aguda com períodos curtos de no máximo 30 s ou 2 minutos não influencia na redução de força e promove aumento da ADM.

Alguns fatores podem influenciar o potencial da força após realizar o alongamento. O aumento da extensão muscular diminui a rigidez da unidade musculoestendínea e pode influenciar na contração.

5 CONCLUSÃO

Desta forma, conclui-se que os métodos de alongamento antes do treinamento principal podem aumentar a ADM, podendo provocar ou não a queda de rendimento na força. Ainda não há consenso na literatura do melhor alongamento a se utilizar antes do treinamento. Cabe a nós, profissionais da área, saber se devemos implementar o alongamento para os nossos clientes conforme os seus objetivos.

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Recomendam-se outros estudos em relação ao alongamento e o seu tempo empregado antes do treinamento em geral, onde não é comum tempos superiores a 30 segundos.

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