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O ACESSO DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA NOS MUSEUS E CENTROS DE CIÊNCIAS DA CIDADE DE SÃO PAULO

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O ACESSO DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA NOS MUSEUS E CENTROS DE CIÊNCIAS DA CIDADE DE SÃO PAULO

Aline Oliveira Molenzani – USP e SME SP Jessica Norberto Rocha – USP e Fundação CECIERJ

PALAVRAS-CHAVE: museus de ciência; acessibilidade; pessoa com deficiência.

INTRODUÇÃO

Ao pensarmos em uma educação não formal de Ciência e Tecnologia não podemos deixar de elencar os museus e centros de ciências como grandes colaboradores neste processo. Neste sentido, muitos educadores utilizam as visitas a esses espaços como forma de ampliar o conhecimento dos estudantes sobre a temática que está sendo trabalhada em sala de aula e ampliar a sua cultura científica.

Segundo Meletti e Ribeiro (2014), as estimativas do Censo Demográfico de 2010 apontam que cerca de 23,9% da população geral da nossa sociedade são consideradas pessoas com deficiência. Destacando-se ainda o aumento do número de estudantes com deficiência matriculados nas escolas de nosso país, de acordo com os dados do Censo Escolar do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), torna-se essencial investigar como se dá a acessibilidade aos museus e centros de ciências na cidade de São Paulo para que professores, pais e estudantes conheçam a estrutura de cada local, bem como para alertar a sociedade sobre a necessidade da promoção da participação de todos nestes espaços.

Desta maneira, a presente pesquisa visa analisar a questão da acessibilidade dos museus de uma maneira mais abrangente, ultrapassando as questões das barreiras físicas.

OBJETIVOS

Pesquisar quais museus e centros de ciências da cidade de São Paulo oferecem recursos para que as pessoas com deficiência possam visitar e participar de suas exposições, identificando quais são os recursos oferecidos. Buscamos, também, fazer uma análise sobre como a acessibilidade tem sido abordada nesses espaços, destacando a sua importância para

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MÉTODOS

O corpus principal da pesquisa foram os museus e centros de ciências da cidade de São Paulo e a acessibilidade dos mesmos. Além disso, foram realizados estudos bibliográficos, de publicações em periódicos, legislações, informações disponíveis em sites da internet sobre esta temática e a realização de uma visita técnica, para observação, foi realizada em um dos museus analisados.

A escolha do museu a ser visitado ocorreu após a combinação das seguintes informações: localização (região central da cidade); deficiências atendidas; diversidade de temáticas abordadas e museus de Ciências mais visitados na cidade de São Paulo.

Considerando-se que, segundo a São Paulo Turismo (SPTuris), o museu Catavento Cultural e Educacional foi o museu de Ciências mais visitado e o segundo museu mais visitado de São Paulo em 2014, com 509.177 visitantes, este local também foi escolhido para que os recursos elencados pelo guia de acessibilidade fossem observados pessoalmente.

A pesquisa bibliográfica se deu por meio de pesquisa junto às bases eletrônicas e revistas e periódicos indexados junto à base eletrônica Scielo (Scientific Electronic Library On-line). Posteriormente, o guia de Centros e Museus de Ciências do Brasil (ABCMC, 2015), da Associação Brasileira de Centros e Museus de Ciências foi estudado para que os museus de ciências da cidade de São Paulo fossem elencados.

Em seguida, foi realizada uma pesquisa junto a página eletrônica do Guia de Acessibilidade Cultural da cidade de São Paulo (Instituto Mara Gabrilli, 2014), 2ª edição, para que os recursos de acessibilidade de cada um dos museus fosse localizado. É importa nte ressaltar que os dados fornecidos por este guia foram informados pelos próprios museus.

Após a reunião dos dados a serem estudados, foi necessário construir um instrumento de pesquisa para a organização e posterior seleção dos dados.

Um instrumento de pesquisa com os aspectos de cada museu explicitado, constituiu os aspectos dos elementos localizados, contendo: museus, se está no guia de acessibilidade, deficiências atendidas, observações, conforme o quadro a seguir:

Quadro 1 – Museus e Centros de Ciências da cidade de São Paulo e a presença ou não de acessibilidade.

Museu Está no guia de

acessibilidade? Deficiências atendidas Observação

1. Aquário de São Paulo Não

2. Catavento Cultural e Educacional Sim Física, Visual e Intelectual 3. Centro Histórico Cultural da enfermagem Ibero-

Americana

Não

4. Estação Ciência (Museu de Ciências da USP) Não Fechado

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6. Jardim Botânico de São Paulo Não 7. Museu Botânico “Dr. João Barbosa Rodrigues” Não 8. Museu das invenções - Inventolândia Não

9. Museu da lâmpada Sim Auditiva, Física, Visual e Intelectual

10. Museu de Anatomia Humana Não

11. Museu de Anatomia veterinária Sim Físca e Visual 12. Museu de arqueologia e etnologia Não

13. Museu de energia de São Paulo Sim Física, Visual e Intelectual 14. Museu de Geociências Sim Física e Visual

15. Museu de Microbiologia Sim Física e Visual

16. Museu de Zoologia Sim Física, Visual e Intelectual 17. Museu Geológico Valdemar Lefère Não

18. Museu Oceanográfico Não

19. Parque de Ciência e Teconologia da USP Não

20. Planetário Aristóteles Orsini Não Fechado

21. Museu Biológico do Instituto Butantan Sim Física, Visual e Intelectual 22. Museu do Instituto Adolfo Lutz Sim Física, Visual e Intelectual

RESULTADOS

Finalizando-se a coleta de dados iniciais, foi possível verificar que, dos vinte e dois museus e centros de ciências, apenas nove declararam possuir algum tipo de acessibilidade para as pessoas com deficiência.

Após a visita técnica da pesquisadora ao Museu Catavento Cultural e Educacional, foi possível notar que o museu conta com piso tátil apenas no início e final de escadas ou rampas. Além disso, as placas de identificação dos materiais, assim como os panfletos distribuídos, não estão em Braile e a maior parte do acervo não pode ser tocada.

Ainda com relação à acessibilidade, nota-se a existência de banheiros adaptados, elevadores e um dispositivo junto às escadas para permitir o acesso à cadeira de rodas.

Em consulta à monitora da área de Astronomia, foi relatado que não existem pessoas aptas a explicar os experimentos na Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), por exemplo. Ela enfatizou que quando escolas ou grupos de pessoas com deficiência auditiva ou visual desejam visitar o museu, agendam com antecedência para que os intérpretes ou audiodescritores sejam contratados. Ressaltou ainda que os monitores são estudantes de cursos de licenciatura e que, por isso, ainda não estão aptos a atender às pessoas com deficiência.

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No entanto, a monitora disse que o museu conta com o “Catavento Acessível”, grupo especializado em atender as pessoas com deficiência que visitam o museu, mas é necessário agendamento prévio para que haja tal serviço. Além disso, este grupo está preparado para apresentar apenas o conteúdo do andar térreo, ou seja, os conteúdos referentes às temáticas: Universo, Vida e Engenho (experimentos de física).

DISCUSSÃO

Vale considerar que o universo de museus e centros de ciências acessíveis ainda é muito pequeno, já que apenas nove dos vinte e dois espaços investigados contam com algum tipo de acessibilidade, sendo essa, muitas vezes restrita à acessibilidade física.

Relatamos no presente estudo, uma observação pontual em apenas um dos espaços. Entretanto, é possível perceber que essa realidade se expande para os outros espaços. Observa-se o número restrito de placas explicativas em braile, de maquetes que podem ser tocadas, a ausência de piso tátil durante todo o trajeto, a falta de preparo dos monitores / educadores para lidarem com as pessoas com deficiência. A partir disso, concluímos que as ações ainda são pontuais.

Segundo pudemos verificar e corroborando com as ideias de Cohen (2012, p.161), Alguns museus já estão realizando pequenas intervenções físicas ou de implementaçãode medidas que tornem seus acervos acessíveis por meio de todos os sentidos ou sentimentos e do corpo em movimento. Apesar desses muitos esforços, as ações ainda são muito tímidas para efetivamente permitir a criação de uma relação afetiva entre o visitante com deficiência e o museu ou o patrimônio. Dentre os principais problemas encontrados podemos mencionar: banheiros mal adaptados, quando adaptados; acessibilidade isolada sem a previsão de rotas acessíveis pelo museu; rampas muito inclinadas acima da recomendação da Normade Acessibilidade da ABNT1; inexistência de réplicas, maquetes ou outros recursos táteis para pessoas com deficiência visual, ausência de legendas ou sinalizações em braile; falta de funcionários treinados para a comunicação na Língua Brasileira de Sinais (Libras) com pessoas com deficiência auditiva; inexistência de equipamentos de audiodescrição para pessoas cegas ou de visitas guiadas para grupos de pessoas com deficiência; barreiras físicas como mobiliário inadequado ou não sinalizado etc.

CONCLUSÃO

Analisando-se os dados obtidos por meio do cruzamento dos dados do Guia de Museus de Ciências (ABCMC, 2015) e Guia de Acessibilidade da Cidade de São Paulo (Instituto Mara Gabrilli, 2014), podemos perceber que menos da metade dos museus de ciência na cidade de São Paulo contam com algum tipo de acessibilidade.

Além disso, assim como Cohen et al. (2012) ressalta em seu trabalho, nota-se que

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todos os museus que declaram possuir acessibilidade apresentam acessibilidade física, mas nem sempre contemplam as outras deficiências. Vale ressaltar que, muitos museus, mesmo declarando possuir acessibilidade física, não contam com estacionamento ou vagas reservadas, por exemplo.

É importante lembrarmos que a Lei nº 11.904, de 14 de janeiro de 2009, que “institui o Estatuto de Museus e dá providências”, tem menos de dez anos e pode ser considerada recente, mas não basta a existência de ações pontuais de acessibilidade em museus, é preciso que a legislação seja colocada em prática e que as adaptações para a superação das barreiras físicas, atitudinais e sensoriais ocorram. Ademais, este é um estudo inicial e acreditamos que seja necessário desenvolver mais estudos na área para que os profissionais de museus saibam como trabalhar com as pessoas com deficiência.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Congresso Nacional. Lei nº 11.904, de 14 de janeiro de 2009. Brasília: Diário Oficial da União, 15 de janeiro de 2009. Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L11904.htm>. Acesso em:

15.jun.2015.

CENSO ESCOLAR INEP – Disponível em: <http://portal.inep.gov.br/basica-censo-escolar- matricula> Acesso em: 20. maio.2015.

CENTROS E MUSEUS DE CIÊNCIA DO BRASIL 2015. Rio de Janeiro: Associação Brasileira de Centros e Museus de Ciência: UFRJ.FCC. Casa da Ciência: Fiocruz. Museu da

Vida, 2015. Disponível em: <

http://www.mcti.gov.br/documents/10179/472850/Centros+e+Museus+de+Ci%C3%AAncia+

do+Brasil+2015+-+pdf/667a12b2-b8c0-4a37-98f5-1cbf51575e63>. Acesso em: 11. Jul.2015

COHEN,R; DUARTE, C,R; BRASILEIRO, A. Acessibilidade a Museus. Ministério da Cultura / Instituto Brasileiro de Museus. – Brasília, DF: MinC/Ibram, 2012. 190 p. (Cadernos Museológicos Vol.2). Disponível em: http://www.museus.gov.br/wp-

content/uploads/2013/07/acessibilidade_a_museu_miolo.pdf>. Acesso em: 12.jun.2015.

GUIA DE ACESSIBILIDADE CULTURAL. Disponível em :<http://acessibilidadecultural.com.br/>. Acesso em: 22.mai.2015.

MELETTI, S. M. F; RIBEIRO, K. Indicadores educacionais sobre a educação especial no Brasil.Cad. Cedes, Campinas, v. 34, n. 93, p. 175-189, maio-ago. 2014. Disponível em

<http://www.cedes.unicamp.br>. Acesso em: 02. jul. 2015.

PORTAL G1; 28.mar.2015. MIS foi museu mais visitado de São Paulo em 2014. Disponível em: <http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2015/03/mis-foi-museu-mais-visitado-de-sao-paulo- em-2014-confira-lista.html>. Acesso em 27.mai.2015.

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