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Inseticidas químicos para utilização no controle da traça-das-crucíferas

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Academic year: 2021

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Brasileira 29: S581-S587

Inseticidas químicos para utilização no controle da traça-das-crucíferas

Ruan Cairo Alves de Sene¹,; José Carlos Mazetto Júnior¹; Thiago Azevedo Grossi¹ Leonardo Fernandes Campos¹; Fernando Henrique Iost Filho¹; Robson Thomaz Thuler¹

¹Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Rua João Batista Ribeiro, 4000, 38064-790 Uberaba-MG, ruancairo@hotmail.com, jc7mazetto@yahoo.com.br,

thiagoagrossi@gmail.com leofernandes97@yahoo.com.br, fernandoiost@bol.com.br, rthuler@iftm.edu.br. RESUMO

O trabalho teve por objetivo determinar e comparar a eficácia dos inseticidas Tiametoxam, Acefato e Imidacloprido no controle de Plutella xylostella. Os tratamentos utilizados foram: Actara 250 WG - 10, 20 e 30 g/100L, Orthene 750 BR - 50, 100 e 150 g/100L e Confidor 700 WG - 80, 100 e 120 g/100L, adicionando-se espalhante adesivo Tween80® (0,05%), além da testemunha composta por água destilada e espalhante adesivo. Cada tratamento foi repetido 5 vezes, sendo o experimento montado em delineamento inteiramente casualisado. Em cada repetição foram individualizadas 10 lagartas entre segundo e terceiro ínstar, em placa de Petri (9cm), forrada com papel filtro umedecido, sobre o qual foi colocado o círculo de folha de couve pulverizado com o tratamento respectivo. A pulverização foi realizada depositando 0,5mL do produto por lado da folha. As lagartas foram avaliadas após 48h e mantidas na placa até a pupação, sendo que lagartas mortas foram retiradas para evitar contaminação. Foi possível concluir que o inseticida imidacloprido e o acefato são eficazes para o controle de P.

xylostella, no entanto, é necessário lembrar

que o imidacloprido não é registrado para o controle dessa praga em brássicas.

Palavras-chave: Brassica Oleraceae var.

acephala, controle químico, dose letal média.

ABSTRACT

Chemical insecticides for use in diamondback month control

The work aimed to determinate and compare the insecticide´s efficiency: Thiametoxan, Acephate and Imidacloprid to control Plutella

xylostella. The used treatments were: Actara

250 WG - 10, 20 e 30 g/100L, Orthene 750 BR - 50, 100 e 150 g/100L e Confidor 700 WG - 80, 100 e 120 g/100L, added to adhesive esplahant Tween80®, besides the witness compound by destilled water and adhesive espalhant. Each treatment was repeated 5 times, and the experiment was made under completely randomized design. In each replicate 10 caterpillars between the second and the third instar larvae were individualized in a Petri dish (9 cm) lined with moistened filter paper on which was placed a circle of cabbage leaf sprayed with the respective treatment. The spraying was held depositing 0.5 ml of product in each´s leave´s face. The caterpillars were evaluated after 48 hours and kept on the dish until the

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pupation, and the dead caterpillars were removed in order to avoid contamination. It was concluded that the insecticide acephate and imidacloprid are effective for P.

xylostella control, however, we should

remember that Imidacloprid is not registered for this pest control in brassica.

Keywords: Brassica Oleraceae var.

acephala, controle químico, median lethal

dose.

INTRODUÇÃO

A traça-das-crucíferas Plutella xylostella (L.,1758) (Lepidoptera, Plutellidae) é um microlepidóptero praga de diversas variedades de brássicas. Segundo Reis & Boiteux (2008) as brássicas abrangem várias espécies de hortaliças de grande valor econômico, social, nutricional e nutracêutico, tais como repolho, couve, couve-flor, brócolis e couve-chinesa, sendo que as maiores limitações do cultivo deste grupo de hortaliças tem sido o relacionadas à ocorrência de insetos-praga e patógenos.

Apesar da couve Brassica oleracea var. acephala não ser o hospedeiro preferido de P. xylostella, na ausência de outras variedades de brássicas, sua ocorrência em couve pode se dar tanto em folhas novas, como em folhas velhas, ocasionando redução ou mesmo paralisia do crescimento da planta (Czepak, 2005), depreciando o produto e ocasionando grandes perdas nos campos de produção, reduzindo assim o valor comercial da cultura, no Brasil e em várias outras regiões do mundo (Castelo Branco & França, 2001).

O uso de inseticidas é o principal método adotado para o seu controle e seu uso indiscriminado, inclusive com a pulverização de produtos não registrados para espécie, têm acelerado a seleção de populações de P. xylostella resistentes a vários grupos de inseticidas químicos e biológicos, como verificado por Georghiou & Lagunes-Tejada (1991), que relataram que em 1989 já eram conhecidos 51 inseticidas químicos, aos quais a traça-das-crucíferas já apresentava resistência, em algumas partes do mundo.

A verificação constante da eficácia de produtos, tanto dos mais antigos como de recentes, e a comparação dos mesmos com inseticidas pouco utilizados, muitas vezes por falta de registro específico, reforçam a necessidade de adequação dos mesmos e a busca por novos princípios ativos que sejam eficazes no controle da traça, tendo em vista principalmente seu elevado potencial biótico que concorre para a seleção de populações resistentes, mais facilmente, aliado ao uso indiscriminado de inseticidas. Assim, o trabalho teve como objetivo determinar e comparar a eficácia dos inseticidas Tiametoxan, Acefato e Imidacloprido no controle de Plutella xylostella.

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MATERIAL E MÉTODOS

O trabalho foi desenvolvido no laboratório de Entomologia do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Campus Uberaba/MG. A altitude média do local é de 800 m, com latitude 19° 39’ 44’’ Sul e longitude 47° 57’ 58’’ Oeste. O clima do local é do tipo tropical quente e úmido, com inverno frio e seco (AW), com precipitação e temperatura média anual de 1500 mm e 21°C.

O experimento foi conduzido no laboratório de entomologia do Instituto Federal do Triângulo Mineiro (LE-IFTM) sob 25±2°C de temperatura, 70±10% de UR e 12 h de fotoperíodo, num delineamento inteiramente casualisado (DIC), com tratamentos formados por diferentes concentrações de três inseticidas: Tiametoxam (Actara 250 WG) - 10, 20 e 30 g/100L de água, Acefato (Orthene 750 BR) - 50, 100 e 150 g/100L de água e Imidacloprido (Confidor 700 WG) - 80, 100 e 120 g/100L de água, adicionando-se espalhante adesivo Tween80® (0,05%), além da testemunha composta por água destilada e espalhante adesivo. O imidacloprido e o tiametoxam, apesar de não possuir registro para brássicas, foi utilizado devido à freqüente utilização pelos produtores, observada em diversas regiões brasileiras, principalmente na formação das mudas. As concentrações utilizadas foram a recomendada pelo fabricante, uma acima e uma abaixo da referida concentração.

Foram utilizadas cinco repetições por tratamento, sendo estas constituídas por uma placa de Petri plástica de 9cm de diâmetro, com o fundo recoberto por papel filtro circular, levemente umedecido com água destilada para manutenção da umidade ambiente, segundo recomendações para manutenção de lagartas da traça em laboratório.

Círculos de folha de couve (8cm de diâmetro) foram pulverizados utilizando-se uma pistola de micropintura, acoplada à bomba de vácuo calibrada a uma pressão de 0,3650kgf/cm2, de forma a aplicar 0,5mL da solução inseticida por lado do círculo foliar. O processo de pulverização foi efetuado em capela de exaustão de gases e a cada pulverização os recipientes utilizados passavam por uma tríplice lavagem, sendo a primeira lavagem realizada com álcool e as demais com água destilada, evitando assim, contaminação dos tratamentos subseqüentes. Recipientes descartáveis como ponteiras de pipetador eram eliminadas a cada procedimento de abastecimento da pistola de pulverização.

Após a pulverização os discos de folha foram dispostos em vasilhame plástico, separados por tratamento e deixados em temperatura ambiente por uma hora ou até a secagem total da folha. Os discos de folha já pulverizados e secos foram dispostos nas placas de Petri seguindo os tratamentos respectivos e sobre os mesmos foram colocadas dez lagartas entre o segundo e terceiro ínstar. As placas contendo as lagartas foram fechadas e lacradas com filme plástico para evitar fuga das

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lagartas. O processo de contagem e verificação da mortalidade foram realizados após 48h de confinamento. Lagartas mortas foram retiradas e descartadas para evitar contaminação.

Os dados obtidos foram submetidos a análise de variância e posteriormente confrontados pelo teste de Tukey (p=0,05), para comparação entre os três inseticidas e foi aplicada uma análise de regressão entre as concentrações, determinando as curvas de mortalidade de cada inseticida.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados submetidos à análise de regressão geraram curvas de mortalidade muito distintas, com bom ajuste dos dados ao modelo para os inseticidas Acefato (Figura 2) e Imidacloprido (Figura 3), no entanto, para Tiametoxam não foi possível adequar um modelo devido à mortalidade não ter se alterado em função das concentrações utilizadas (Figura 1). Na comparação entre os diferentes inseticidas e concentrações, acefato e imidacloprido foram altamente efetivos, ocasionando mortalidade de 70, 98, 98% e 98, 98, 100%, respectivamente às concentrações testadas (50,100, 150 e 80, 100, 120g/100L de água); diferindo da testemunha (30%) e do tratamento com tiametoxam, que não chegou a 50% de mortalidade em nenhuma das concentrações testadas (Tabela 1).

Os inseticidas Tiametoxan e Imidacloprido não possuem registro para traça-das-crucíferas, atualmente, no entanto, com as altas demandas por produtos efetivos contra essa praga, em vista da freqüente seleção de populações de insetos resistentes, a utilização desses produtos em hortas em todo país tem sido freqüente, sendo que o produtor obtém o produto com base em seu registro para outras pragas nas brássicas, assim, a presente pesquisa constou desses produtos apenas em caráter experimental no intuito de comprovar ou não a eficácia desses produtos, descritos por produtores como eficientes no controle da traça. Com os resultados obtidos foi possível concluir que apesar do inseticida Imidacloprido não ter registro para a traça, esse inseticida e o Acefato são eficazes para o controle da praga, frisando que para utilização do imidacloprido é necessário o registro da molécula para essa praga na cultura alvo e, o inseticida Tiametoxan, mesmo na dosagem acima da recomendada pelo fabricante, para outra praga (conforme utilizada por produtores), não demonstrou efeito contra traça-das-crucíferas, atestando o relatado pelo fabricante, que indica tal inseticida para controle de insetos sugadores. A observação de que o Imidacloprid é eficiente no controle da traça pode colaborar para a expansão do registro do produto em brássicas para que o mesmo possa ser utilizado também para a traça-das-crucíferas, criando mais uma alternativa para o controle dessa praga. As concentrações dos produtos eficazes para traça que devem ser utilizadas são: 100g de Acefato/100L de água (recomendada pelo fabricante) e 80g de imidacloprido/100L de água (dose mais baixa testada, uma vez que o mesmo não apresenta recomendação e registro para P.

xylostella).

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CASTELO BRANCO, M; FRANÇA, F H 2001. Traça-das-crucíferas, Plutella xylostella

121 (Lepidoptera: Yponomeutidae). In: VILELA, EF; ZUCCHI, RA; CANTOR, F. (Eds.). Pragas

introduzidas no Brasil. Ribeirão Preto: Holos, p. 85-89.

CZEPAK, C. 2005. Eficiência de inseticidas para o controle de Plutella xylostella

124 (lepidoptera: plutellidae) na cultura do repolho (Brassica oleracea var. capitata). Pesquisa

Agropecuária Tropical 35: 129-131.

GEORGHIOU, GP; LAGUNES-TEJADA, A. The ocurrence of resistance to pesticides in arthropods. Food and Agriculture Organization of the United Nations. Rome: AGPP/MISC/91-1. 318p. 1991.

REIS, A, BOITEUX, LS. Novas espécies hospedeiras de Alternaria brassicae na família Brassicae no Brasil. Brasília: Embrapa Hortaliças, 2008. 13 p. (Embrapa Hortaliças: Boletim de pesquisa e desenvolvimento, 46).

Figura 1. Mortalidade de lagartas de Plutella xylostella ocasionada por diferentes concentrações do

inseticida Tiametoxan (Plutella xylostella caterpillars mortality caused by different concentrations of Thiamethoxam insecticide). f = 36,00+3,2754*x r2=0,00 Dose (g/100L) 0 10 20 30 M o rt al id ad e (% ) 0 10 20 30 40 50 60 70 80 Dados observados regressão linear Intervalo de Confiança (95%)

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Figura 2. Mortalidade de lagartas de Plutella xylostella ocasionada por diferentes concentrações do

inseticida Acefato (Plutella xylostella caterpillars mortality caused by different concentrations of Acefato insecticide). f = 39,20+0,464*x r2=0,867 Dose (g/100L) 0 20 40 60 80 100 120 140 160 M o rt al id ad e (% ) -40 -20 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 Dados observados Regressão linear Intervalo de Confiança (95%) f = 34,96+0,62*x r2=0,90 Dose (g/100L) 0 20 40 60 80 100 120 140 M o rt al id ad e (% ) -40 -20 0 20 40 60 80 100 120 140 160 Dados observados Regressão linear Intervalo de confiança (95%)

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Figura 3. Mortalidade de lagartas de Plutella xylostella ocasionada por diferentes concentrações do

inseticida Imidacloprido (Plutella xylostella caterpillars mortality caused by different concentrations of imidacloprid insecticide).

Tabela 1. Mortalidade média (%) de lagartas de Plutella xylostella ocasionada por diferentes

concentrações de inseticidas químicos (Plutella xylostella caterpillars mortality (%) caused by different concentrations of chemical insecticides).

TRATAMENTOS

Produto Concentração (/100L de água) Mortalidade (%)

Tiametoxan 10g 46,00 c 20g 34,00 c 30g 34,00 c Acefato 50g 70,00 b 100g 98,00 a 150g 98,00 a Imidacloprido 80g 98,00 a 100g 100,00 a 120g 98,00 a Testemunha 0g 30,00 c

Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo Teste Tukey (p=0,05) (Means followed by same letter do not differ by Tukey test (p = 0.05)).

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