LEGALE - PÓS GRADUAÇÃO DIREITO DO
TRABALHO
Sucessão de Empresas / Paralização do
Contrato de Trabalho
Professor: Rogério Martir
Doutorando em Ciências Jurídicas e Sociais pela “Universidad Del Museo Social Argentino”, Advogado militante e especializado em Direito Empresarial e Direito do Trabalho, Professor Universitário, Pós Graduação e de Cursos Preparatórios Para Carreiras Jurídicas, Vice-Presidente da OAB Guarulhos, Sócio da Martir Advogados Associados - Consultoria Jurídica Empresarial e para o Terceiro Setor e Consultor da Revista Filantropia.
SUCESSÃO DE EMPRESAS
SUCESSÃO DE
EMPRESAS
ALTERAÇÃO SUBJETIVA DO CONTRATO DE TRABALHO
• Qual a diferença entre alteração
OBJETIVA do contrato de trabalho e
ALTERAÇÃO SUBJETIVA DO CONTRATO DE TRABALHO • O contrato de trabalho é um contrato de trato
sucessivo, ou seja, não se extingue com o cumprimento da obrigação, renovando-se no tempo.
• Dada esta circunstância, é possível que o contrato de trabalho esteja sujeito a modificações que ocorrem com o passar do tempo. Estas modificações podem alcançar os sujeitos do contrato (subjetivas), ou seja, as partes, em especial o empregador.
ALTERAÇÃO SUBJETIVA DO CONTRATO DE TRABALHO • Sabe-se que o contrato de trabalho é
personalíssimo na figura do empregado, já que o art. 2º da CLT estabelece a necessidade de prestação pessoal de serviços. Portanto é impossível que o contrato de trabalho sofra alteração subjetiva na pessoa do empregado, ou seja, não pode haver substituição do empregado com continuidade do contrato de trabalho.
• Sendo assim, tratar de alteração subjetiva do contrato de trabalho implica em estudar a substituição da figura do empregador. Daí porque este tema também é estudado sob o título de sucessão de empresas.
ALTERAÇÃO SUBJETIVA DO CONTRATO DE TRABALHO
• A matéria é regida pelos artigos 10 e 448, ambos da CLT, e que estão assim redigidos:
• Art. 10 - Qualquer alteração na estrutura
jurídica da empresa não afetará os direitos adquiridos por seus empregados.
• Art. 448 - A mudança na propriedade ou na
estrutura jurídica da empresa não afetará os contratos de trabalho dos respectivos empregados.
• Diante de tais dispositivos, passamos a analisar as possíveis situações daí decorrentes:
ALTERAÇÃO SUBJETIVA DO CONTRATO DE TRABALHO
• JOÃO é empregado da empresa Y, desde 2005 que tem como sócios JOSÉ e CLÁUDIO que saíram da sociedade em 2011, entrando PEDRO e WAGNER que saíram da sociedade em 2013, entrando JOSEFA e MARIA que permaneceram até a rescisão do contrato de trabalho e permanecem até hoje!!
• Houve SUCESSÃO de empresas ou empregadores?
• Houve alteração subjetiva do contrato de trabalho?
• Qual a responsabilidade dos envolvidos (sócios)?
ALTERAÇÃO NA PROPRIEDADE DA EMPRESA
• A alteração na propriedade da empresa não caracteriza a sucessão trabalhista, ou seja, não
ocorre alteração subjetiva do contrato de trabalho.
• Isto porque o contrato de trabalho é mantido entre o empregado e a pessoa jurídica empregadora, que é a responsável e não com seus sócios.
• Revela-se importante anotar, neste tópico, que as cláusulas contratuais firmadas entre os vendedores e os compradores da pessoa jurídica não são oponíveis a terceiros.
• Tal cláusula, que tem validade apenas entre os contratantes. Pode autorizar a propositura da ação regressiva. Não autoriza a modificação do pólo passivo na reclamação trabalhista e nem mesmo intervenção de terceiros.
SUCESSÃO: FORMA E INFORMAL
• A alteração na estrutura jurídica da empresa pode ser formal ou informal.
• Sendo formal, ocorrerá através da transformação,
incorporação, fusão e cisão (total ou parcial).
• Ocorre transformação jurídica quando a pessoa jurídica modifica a sua forma legal (LTDA, S/A, etc).
• Ocorre transformação econômica quando a empresa altera seu ramo de atividade ou modifica seu capital social.
SUCESSÃO: FORMA E INFORMAL
• Dá-se a fusão quando duas pessoas jurídicas distintas, por um ato de união, criam uma terceira pessoa, extinguindo-se as originárias.
• Haverá cisão quando uma empresa, por ato de divisão, cria outra pessoa jurídica, extinguindo-se a originária (total) ou não (parcial).
• Ocorre incorporação quando, por um ato de união entre duas empresas distintas, uma é absorvida e deixa de existir, subsistindo a outra.
SUCESSÃO: FORMA E INFORMAL • Sucessão Informal:
• Acontece que nem sempre a sucessão de empresas acontece de maneira formal. É comum que empresários, intentando livrar-se de suas dívidas trabalhistas, encerram a pessoa jurídica (formal ou informalmente) e constituem outra, ou ainda, transferem a unidade produtiva a terceiros que passam a explorar a atividade econômica sob a denominação de outra personalidade jurídica.
• Estes procedimentos fraudulentos, visando prejudicar o crédito dos trabalhadores, foram reconhecidos pela doutrina e pela jurisprudência como sucessão informal.
SUCESSÃO: FORMA E INFORMAL
• Haverá sucessão informal sempre que uma pessoa jurídica:
• (i) continuar a exploração da atividade econômica de uma anterior,
• (ii) com identidade total ou parcial de patrimônio.
SUCESSÃO: FORMA E INFORMAL
• JOÃO, sofreu “dano moral” em 2012 quando estava registrado (CTPS) pela empresa “A”, uma padaria. Em 2013 o estabelecimento empresarial é vendido para “B”, o contrato de trabalho de JOÃO é rescindido, mas continua trabalhando sem registro para a empresa “B” que comprou o estabelecimento empresarial, nos mesmos moldes. Em 2014 o estabelecimento é vendido novamente para “C” que mantém JOÃO como empregado e o registra. Desde 2012 realizava e não recebia 2 horas extras diárias e seu salário estava 20% abaixo do piso.
SUCESSÃO: FORMA E INFORMAL
• Houve sucessão? • Formal ou Informal?
• Qual a responsabilidades das empresas envolvidas?
• Como deve ser composto o polo passivo de uma eventual reclamação trabalhista e o que pedir??
RESPONSABILIDADE DO SUCESSOR
• Para a maioria dos doutrinadores, não existe responsabilidade solidária de sucessor e sucedido, sendo exclusivamente do sucessor, vez que a solidariedade não se presume, resulta da lei ou da vontade das partes, segundo o princípio insculpido no artigo 896 do CC.
• Na legislação trabalhista não há dispositivo determinando a responsabilidade solidária da empresa sucedida, embora, segundo a melhor doutrina, seja admitida quando haja fraude na
sucessão, objetivando a exoneração das
RESPONSABILIDADE DO SUCESSOR
• A configuração da sucessão empresarial ocorre com a continuidade da exploração do negócio. E ainda que haja mudança da atividade
empresarial, se houver contratação dos empregados que prestavam trabalho ao
empregador anterior pelo novo comprador, sem qualquer alteração em suas condições de
trabalho, da mesma forma poderá ocorrer a sucessão empresarial e, é assim, porque o objetivo do direito do trabalho é proteger o empregado.
RESPONSABILIDADE DO SUCESSOR
• IMPORTANTE: Se o novo proprietário
(sucessor) desativar o comércio adquirido por alguns meses e, posteriormente voltar a operar no ramo, na opinião da maioria dos juristas,
estaria descaracterizada a sucessão trabalhista. A interrupção nas atividades comerciais
sucedidas por um certo lapso de tempo é fator importante na medida em que afasta a
continuidade da prestação de trabalho do
trabalhador. Não existe prazo estabelecido para esta interrupção.
SUCESSÃO RECONHECIDA NA EXECUÇÃO
• Como está assente nos arts. 10 e 448 da
CLT, o sucessor responde pelas obrigações
trabalhistas, pelas dívidas do sucedido, mesmo
nos processos em execução, assumindo por imposição de lei o pólo passivo da demanda, em lugar do sucedido.
• Na sucessão formal é tudo muito simples.
• Na sucessão informar, a condição de sucessor deve ser cabalmente demonstrada no processo de execução!!
SUCESSÃO RECONHECIDA NA EXECUÇÃO
• JOÃO tem um crédito trabalhista de R$
50.000,00 em face da empresa “X”. A unidade produtiva da mesma é vendida para empresa “Y”, assim como toda a carteira de clientes
desta, que no mercado passa a operar como se fosse a empresa “X”, tendo como distinção uma nova razão social e outro CNPJ.
SUCESSÃO RECONHECIDA NA EXECUÇÃO
• Houve sucessão?
• Qual a responsabilidade e alcance no patrimônio da empresa “Y”?
• Como postular essa situação na execução trabalhista?
Paralizações do Contrato de Trabalho
PARALIZAÇÕES DO
CONTRATO DE
1. PARALISAÇÕES DO CONTRATO DE TRABALHO
• Tratando-se o contrato de trabalho de um contrato de trato sucessivo, está este sujeito a paralisações na sua execução, em virtude de diversos fatores que dependem (ou não) da vontade das partes.
• Estas paralisações podem ser classificadas como interrupção, suspensão e suspensão atípica do contrato de trabalho.
• Em qualquer situação estarão paralisadas as obrigações do empregado.
1. PARALISAÇÕES DO CONTRATO DE TRABALHO
• Temos interrupção quando estão paralisadas as obrigações do empregado, mas mantidas as obrigações patronais.
• Em outras palavras o empregado não é obrigado a trabalhar, mas o empregador é obrigado a remunerar.
• Exemplos típicos: Férias, Descansos Semanais Remunerados (DSR’s), licenças remuneradas, afastamentos previdenciários durante os 15 primeiros dias.
1. PARALISAÇÕES DO CONTRATO DE TRABALHO
• Temos suspensão quando estão paralisadas as obrigações do empregado e também as obrigações patronais.
• Em outras palavras o empregado não é obrigado a trabalhar e o empregador não é obrigado a remunerar. • Exemplos típicos: licença maternidade; licenças não
remuneradas; greve (ainda que considerada não abusiva), suspensão das atividades por motivo de força maior.
1. PARALISAÇÕES DO CONTRATO DE TRABALHO
• Temos suspensão atípica quando estão paralisadas as obrigações do empregado e também a principal obrigação patronal.
• Em outras palavras o empregado não é obrigado a trabalhar e o empregador não é obrigado a pagar salário, mas, subsistem obrigações acessórias.
• Exemplos típicos: Afastamento para cumprimento do serviço militar obrigatório (FGTS); afastamento de acidente de trabalho e/ou doença profissional após o 16º dias (FGTS); cláusulas normativas que prevêem o fornecimento de benefícios durante o afastamento não remunerado, etc.
2. EFEITOS NO CONTRATO POR PRAZO DETERMINADO
• Tratando a hipótese de contrato por prazo determinado, qual o efeito da ocorrência de fatores de interrupção e/ou suspensão do contrato de trabalho?
• Duas teorias:
– O contrato finda-se no termo estipulado, já que assim previamente contratado;
– O período de interrupção e/ou suspensão do contrato tem igual efeito na contagem do prazo. Findo o período, retoma-se pelo prazo faltante
2. EFEITOS NO CONTRATO POR PRAZO DETERMINADO
• Art. 472 - O afastamento do empregado em virtude das exigências do serviço militar, ou de outro encargo público, não constituirá motivo para alteração ou rescisão do contrato de trabalho por parte do empregador.
• ...
• § 2º - Nos contratos por prazo determinado, o tempo de afastamento, se assim acordarem as partes interessadas, não será computado na contagem do prazo para a respectiva terminação.
2. EFEITOS NO CONTRATO POR PRAZO DETERMINADO
• A solução passa pela verificação das razões que levaram as partes a celebrar um contrato a termo:
• Se, por exemplo, destinava-se à obra certa e/ou a acréscimo extraordinário de serviços, então a extinção é automática porque o motivo da contratação não existe mais.
• Se, por outro lado, destinava-se à experiência, por exemplo, é possível a prorrogação, desde que assim tenham acordado as partes (aplicação analógica do art. 472, § 2º da CLT), a fim de completar o período de prova.