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20 metros de linho = 1 casaco 20 metros de linho = 10 quilos de chá 20 metros de linho = 40 quilos de café 20 metros de linho = 1 quarta de trigo

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Academic year: 2021

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2 – MOEDA: IMPORTÂNCIA E FUNÇÕES DO DINHEIRO NA ECONOMIA CAPITALISTA

A. INTRODUÇÃO

• O dinheiro é uma preocupação prática presente em quase todos os momentos de nossa vida, pois vivemos em uma sociedade organizada com base nas trocas e na busca do lucro. Usamos dinheiro o tempo todo, mas não sabemos muito sobre ele.

• Para entendermos a importância e as funções do dinheiro no capitalismo, precisamos descobrir o que ele é, o que é o dinheiro. Mas não podemos saber o que ele é se não descobrirmos como surgiu, ou seja, qual a história do dinheiro.

B. UMA BREVE HISTÓRIA DO DINHEIRO

A história do dinheiro está diretamente ligada à história das trocas, ao desenvolvimento das relações de troca (relações mercantis, comerciais) que marca a história da humanidade. O dinheiro só se torna importante e sua presença só ganha expressão quando as trocas deixam de ser ocasionais, eventuais (só ocorriam quando uma comunidade ou grupo produzia um excedente), e se tornam comuns, recorrentes e se generalizam (grande quantidade e frequência das transações comerciais).

A troca direta de uma mercadoria por outra torna-se impossível com o progresso da divisão do trabalho, quando se multiplicam as atividades produtivas, a quantidade e os tipos de mercadorias produzidas, e as necessidades sociais a serem atendidas.

• Ao longo da história da humanidade, com o avanço da divisão do trabalho, com o aumento do contato e intercâmbio entre as comunidades humanas, com a maior complexidade das sociedades (formas de organização social, da vida em sociedade) e das necessidades a serem satisfeitas, as trocas se tornam recorrentes e necessárias. Como realizar e agilizar transações, se a troca direta complica tudo?

• Outra complicação, na ausência da moeda: as cotações das mercadorias seriam quase infinitas, pois cada mercadoria teria de expressar seu valor em termos de todas as outras mercadorias, expressando as proporções em que pode ser trocada pelas demais:

20 metros de linho = 1 casaco

20 metros de linho = 10 quilos de chá 20 metros de linho = 40 quilos de café 20 metros de linho = 1 quarta de trigo

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20 metros de linho = 2 onças de ouro 20 metros de linho = ½ tonelada de ferro 20 metros de linho = x de mercadoria A

• Essa situação também não é nada prática. Inviabiliza contabilidade e cálculo econômico. Como medir o valor das mercadorias de maneira uniforme?

• Esses problemas práticos, essas necessidades práticas colocadas pelo desenvolvimento das relações de troca, das relações comerciais entre povos, entre grupos humanos e dentro desses grupos (por exemplo, dentro das cidades) levou a que determinadas mercadorias, de aceitação mais geral, se destacassem e fossem usadas como meio de troca:

1 casaco = 20 metros de linho

10 quilos de chá = 20 metros de linho 40 quilos de café = 20 metros de linho 1 quarta de trigo = 20 metros de linho 2 onças de ouro = 20 metros de linho ½ tonelada de ferro = 20 metros de linho x de mercadoria A = 20 metros de linho

Agora, todas os produtos do trabalho humano, os bens produzidos, expressam seu valor através de uma única e mesma mercadoria (no nosso exemplo hipotético, o linho).

• Para funcionar como dinheiro, para facilitar as trocas e servir de medida de valor, essa mercadoria que se destaca das demais, escolhida ou preferida socialmente, deve ter alguns atributos, algumas características ou qualidades:

1. Portabilidade: facilidade de ser transportada e carregada (pode conter muito valor em pouco peso);

2. Durabilidade: quase não se deterioram (pouco se desgastam, não estragam) com o passar do tempo, podendo ser guardada por longos períodos de tempo, se necessário;

3. Divisibilidade: pode ser fracionada, dividida em partes menores (mas de mesma qualidade), para expressar diferentes frações de valor.

Os metais preciosos (especialmente ouro e prata) demonstraram ter essas qualidades, e por isso foram usados por muito tempo como dinheiro (na forma de moedas, através da cunhagem, ou na forma de barras). O que precisamos destacar é que esses metais preciosos,

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uma vez extraídos da natureza, são produto do trabalho humano como quaisquer outros, são também mercadorias. Diferença é que, pelas suas qualidades e pela necessidade de realizar trocas, ouro (ou prata) torna-se referência para expressar o valor das outras mercadorias (medida de valor) e serve como meio de troca (intermediário das trocas).

20 metros de linho = 2 onças de ouro 1 casaco = 2 onças de ouro

10 quilos de chá = 2 onças de ouro 40 quilos de café = 2 onças de ouro 1 quarta de trigo = 2 onças de ouro ½ tonelada de ferro = 2 onças de ouro x de mercadoria A = 2 onças de ouro

Nesse caso, pelos seus atributos e aceitação geral, o ouro (ou prata) tornou-se dinheiro, na forma dinheiro-mercadoria.

1. Dinheiro, em suas origens, é mercadoria como qualquer outra, mas que se destaca pelas suas qualidades, conveniência e por tradição (se transforma em dinheiro, aceito por todos como meio de troca e medida de valor dos diferentes bens);

2. Dinheiro não foi invenção, não foi inventado por alguém, mas foi resultado de um processo histórico (o problema e a necessidade prática de realizar trocas cada vez mais numerosas, frequentes e envolvendo quantidades maiores e mais tipos de mercadorias impuseram o surgimento do dinheiro).

A história do dinheiro muda radicalmente com o surgimento dos bancos. Qual a origem da ideia de banco, como entendemos hoje (depositário de dinheiro e financiador)? Ainda na Idade Média, comerciantes, por motivos de segurança e comodidade, não podendo carregar

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grandes quantidades de ouro, confiavam a guarda de seu dinheiro, das moedas metálicas, a ourives, por exemplo, pois tinham cofres e segurança. Em troca, era emitido um recibo de depósito, uma nota. O que aconteceu?

1. Esses papéis, essas notas bancárias, passaram a ser usadas para efetuar transações e pagamentos como se dinheiro fossem, passando a circular no lugar do dinheiro-mercadoria (metais preciosos), pois correspondiam a direitos de saque sobre os depósitos confiados aos primeiros “bancos”. Isto é, esses papéis eram conversíveis em ouro (conversibilidade);

2. Bancos perceberam que depositantes não requeriam a todo momento seus depósitos em moeda, nem requeriam a soma total depositada, ficando esse dinheiro disponível para ser emprestado a terceiros. O empréstimo dava origem a um novo depósito e à emissão de novas notas. Teoricamente, esse processo poderia continuar (novos empréstimos a partir dos novos depósitos, pois nem todo o dinheiro será sacado), e assim os bancos criavam (e criam) dinheiro (mas hoje já não têm permissão para emitir dinheiro – hoje criam meios de pagamento multiplicando os depósitos à vista, que são a moeda escritural).

Essa é a origem do papel-moeda, como conhecemos hoje (cédulas em papel e moedas em metais não-preciosos). Devemos destacar que é a partir daí que ocorre o descasamento, a separação entre dinheiro, como mero símbolo, representação, e valor real. Não há conversibilidade, o papel-moeda em circulação não tem lastro real em reservas de metais preciosos. Por isso essa forma do dinheiro se chama moeda fiduciária, pois seu valor se apoia na fidúcia (confiança), seu valor é garantido e sua circulação é imposta (dinheiro de curso forçado) pelo governo, pelo Estado, mais precisamente pelo Banco Central.

O Estado e o Banco Central, atualmente, são os únicos responsáveis pela emissão de papel-moeda (emissão é monopólio do governo), e pela regulamentação do sistema bancário (colocar limites à criação de meios de pagamento pelos bancos). Mantem-se a estabilidade do sistema bancário (e do sistema financeiro em geral) e a estabilidade da moeda (garantia do seu valor).

Com a forma papel-moeda do dinheiro, a riqueza, o valor, adquirem uma forma de manifestação autônoma, própria, independente (distinta e separada das mercadorias). Essa constatação é importante para pensarmos, para entendermos a importância e as funções do dinheiro no capitalismo atual.

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1. Meio de troca ou meio de circulação: viabiliza trocas, intermedeia o movimento das mercadorias; mas provoca separação do ato da troca em duas operações: compra e venda – não precisam mais coincidir no tempo e no espaço (posso vender, obter dinheiro, mas nada comprar logo em seguida, guardando o dinheiro);

2. Unidade de conta ou medida de valor: padrão, referência através da qual todas mercadorias irão expressar seu valor, em termos monetários, em termos de dinheiro (unidades monetárias de cada país). São os preços em geral (preços dos bens e serviços, dos “fatores de produção” etc.). Vejamos:

20 metros de linho = $ 100,00 1 casaco = $ 100,00 10 quilos de chá = $ 100,00 40 quilos de café = $ 100,00 1 quarta de trigo = $ 100,00 2 onças de ouro = $ 100,00 ½ tonelada de ferro = $ 100,00 x de mercadoria A = $ 100,00

3. Reserva de valor: não precisamos gastar imediatamente o dinheiro que recebemos, podemos guardá-lo (preserva poder de compra ao longo do tempo – exceto quando há inflação). Entesouramento, poupança.

• Para ser dinheiro, tem que cumprir essas três funções básicas

• Outra função importante, resultado do que vimos (especialmente da riqueza, do valor, ganhando uma forma autônoma, o que possibilita criar meios de pagamento ou poder de compra independentemente – mas não totalmente – dos meios e recursos reais): crédito (dinheiro como meio de pagamento ou meio de crédito). Empréstimos bancários, financiamento de curto e longo prazo, promessas de pagamento etc. → Formas de estimular e impulsionar o comércio, o investimento, a produção, o consumo, os negócios e a economia em geral, para além das possibilidades e dos meios reais disponíveis no momento).

BIBLIOGRAFIA:

PAULANI, Leda & BRAGA, Marcio Bobik. A nova contabilidade social: uma introdução à macroeconomia. Capítulo 6 (Anexo é opcional).

Referências

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