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Diálogo entre Glauco e Sócrates n A República após Sócrates apresentar a Alegoria da Caverna a Glauco:

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Academic year: 2021

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Gabriel Martins - Sociologia

Platão

Filósofo ateniense responsável por fundar uma das primeiras “escolas” filosóficas. A “Academia”, como era conhecida, foi um centro de pesquisa filosófica e serviu como local para uma série de discussões com objetivo de cultivar quadros políticos a partir de uma formação rigorosa.

Herdeiro de Heráclito e Parmênides, Platão propunha uma espécie de síntese do debate entre os dois filósofos: eternidade x efemeridade, constância x inconstância. Para o filósofo, essas condições antagônicas da realidade coexistiam hierarquicamente ― do ponto de vista ontológico ― no mundo. Ou seja, o mundo sensível pode ser percebido em diferentes graus de realidade, enquanto, no inteligível, as ideias em si prevalecem, as coisas como elas são, eternas, imutáveis, únicas.

O mundo sensível seria o da opinião (doxa), dos sentidos, de um tipo de saber que não passou por uma busca metódica, com critérios racionais, constituído a partir da percepção da aparência e da diversidade das coisas.

Já o mundo das ideias, inteligível, perfeito, do conhecimento verdadeiro (epistémé), aquele que ultrapassou as meras sensações, estaria calcado na razão, na investigação filosófica, na razão, portanto em contato com a ideia das coisas, a forma em sua perfeição.

O método dialético, apresentado a partir dos diálogos socráticos, seria uma tentativa de “purificar” o conhecimento sensível, disposto a todos, até torná-lo sem erros, perfeito, ideal, em um processo de superação da doxa a partir de negações e dúvidas.

Essas duas dimensões estariam imbricadas e seriam de difícil distinção para o cidadão comum, porém, nem todo homem poderia viver de amor apenas às paixões (filodoxia), ou de amor apenas ao saber (filosofia).

Diálogo entre Glauco e Sócrates n’A República após Sócrates apresentar a Alegoria da Caverna a Glauco:

Sócrates: E agora, meu caro Glauco, é preciso aplicar exatamente essa alegoria ao que dissemos anteriormente. Devemos assimilar o mundo que apreendemos pela vista à estada na prisão, a luz do fogo que ilumina a caverna à ação do sol. Quanto à subida e à contemplação do que há no alto,

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considera que se trata da ascensão da alma até o lugar inteligível, e não te enganarás sobre minha esperança, já que desejas conhecê-la. Deus sabe se há alguma possibilidade de que ela seja fundada sobre a verdade. Em todo o caso eis o que me aparece tal como me aparece; nos últimos limites do mundo inteligível aparece-me a ideia do Bem, que se percebe com dificuldade, mas que não se pode ver sem concluir que ela é a causa de tudo o que há de reto e de belo. No mundo visível, ela gera a luz e o senhor da luz, no mundo inteligível ela própria é a soberana que dispensa a verdade e a inteligência. Acrescento que é preciso vê-la se quer comportar-se com sabedoria, seja na vida privada, seja na vida pública.

Glauco: Tanto quanto sou capaz de compreender-te, concordo contigo.

Para Platão, a alma humana seria dividida em três parte que todo indivíduo carregava em intensidades diferentes:

Irascível: se ocupa da defesa e da guerra.

Passional: busca satisfação dos desejos, instintos e impulsos da paixão. Racional: busca o conhecimento verdadeiro e deve reger a vida humana.

Obviamente, existe uma hierarquia implícita nessa divisão, na qual a alma racional é a desejada para o bem coletivo, para as decisões políticas da Pólis e para o “bem” do cidadão, atributo alcançável apenas através da filosofia, ou seja, da razão e do consequente acesso à ideia das coisas. Análoga a essa divisão, Platão também dividiu ― idealmente ― o Estado em três grupos, sendo eles: reis-filósofos, o exército e povo. A justiça na Pólis, portanto, dependia do equilíbrio dessas divisões.

Platão projeta uma cidade ideal, com um sistema político com engrenagens que funcionavam baseado no militarismo espartano, diferentemente da Atenas corrompida que Platão conhecera, com políticos corruptos e um “Estado” ineficiente. Dessa maneira, o filósofo, a partir da idealização de um modelo político, consegue tornar tangível uma possibilidade utópica baseada em uma epistemologia complexa em diálogo com uma tradição do pensamento ocidental.

É a partir da divisão da alma humana, do Estado e da “bipartição” do mundo entre sensível e ideal que Platão imagina um sistema educacional equânime, o qual todos têm acesso. Com o passar do tempo, as aptidões se manifestam e os “alunos” são selecionados de acordo com a dimensão da alma ganha mais destaque, entre escravo (passional), filósofo (racional), guerreiro (irascível). Os filósofos, portadores do conhecimento verdadeiro

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balizado pela razão, consegue ter acesso privilegiado à ideia da justiça, e pode, portanto, deliberar melhor sobre os rumos da política na Pólis.

Exercícios

1 - (ENEM 2016) Estamos, pois, de acordo quando, ao ver algum objeto, dizemos: “Este objeto que estou vendo agora tem tendência para assemelhar-se a um outro ser, mas, por ter defeitos, não consegue ser tal como o ser em questão, e lhe é, pelo contrário, inferior”. Assim, para podermos fazer estas reflexões, é necessário que antes tenhamos tido ocasião de conhecer esse ser de que se aproxima o dito objeto, ainda que imperfeitamente.

PLATÃO. Fédon. São Paulo: Abril Cultural, 1972

Na epistemologia platônica, conhecer um determinado objeto implica: a) estabelecer semelhanças entre o que é observado em momentos distintos b) comparar o objeto observado com uma descrição detalhada dele

c) descrever corretamente as características do objeto observado d) fazer correspondência entre o objeto observado e seu ser e) identificar outro exemplar idêntico ao observado

2 - (UEPA 2015) Platão: A massa popular é assimilável por natureza a um animal escravo de suas paixões e de seus interesses passageiros, sensível à lisonja, inconstante em seus amores e seus ódios; confiar-lhe o poder é aceitar a tirania de um ser incapaz da menor reflexão e do menor rigor. Quanto às pretensas discussões na Assembleia, são apenas disputas contrapondo opiniões subjetivas, inconsistentes, cujas contradições e lacunas traduzem bastante bem o seu caráter insuficiente.

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CHATELET, F. História das Ideias Políticas. Rio de Janeiro: Zahar, 1997, p. 17

Os argumentos de Platão, filósofo grego da antiguidade, evidenciam uma forte crítica à: a) oligarquia

b) república c) democracia d) monarquia e) plutocracia

3 - (UEG 2010) O mundo grego no século IV a. C. era marcado por uma estrutura de cidades-Estado dispersas pelo território helênico. Essa fragmentação política levou os filósofos a procurarem estabelecer uma ideia sobre as formas de governo que fossem as mais adequadas. Entre essas ideias, pode-se destacar

a) a democracia racional, defendida por Demócrito b) a oligarquia comercial, defendida por Sócrates c) a aristocracia rural, defendida por Heráclito d) o governo de filósofos, defendido por Platão

4 - (ENEM 2012) Para Platão, o que havia de verdadeiro em Parmênides era que o objeto de conhecimento é um objeto de razão e não de sensação, e era preciso estabelecer uma relação entre objeto racional e objeto sensível ou material que privilegiasse o primeiro em detrimento

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do segundo. Lenta, mas irresistivelmente, a Doutrina das Ideias formava-se em sua mente. ZINGANO, M. Platão e Aristóteles: o fascínio da filosofia. São Paulo: Odysseus, 2012 (adaptado). O texto faz referência à relação entre razão e sensação, um aspecto essencial da Doutrina das Ideias de Platão (427 a.C.-346 a.C.). De acordo com o texto, como Platão se situa diante dessa relação?

a) Estabelecendo um abismo intransponível entre as duas

b) Privilegiando os sentidos e subordinando o conhecimento a eles

c) Atendo-se à posição de Parmênides de que razão e sensação são inseparáveis d) Afirmando que a razão é capaz de gerar conhecimento, mas a sensação não e) Rejeitando a posição de Parmênides de que a sensação é superior à razão

Referências

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