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A Norma Regulamentadora nº 18: Uma Abordagem Sobre Sua Implementação nos Canteiros de Obras

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Academic year: 2021

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A Norma Regulamentadora nº 18: Uma Abordagem Sobre

Sua Implementação nos Canteiros de Obras

FELIX, Maria Christina

Mestranda em Sistemas de Gestão – Universidade Federal Fluminense

chrisfel@globo.com

SANDRES, Gisele Carvalho

Mestranda em Sistemas de Gestão – Universidade Federal Fluminense

sandres.gisele@globo.com LIMA, Gilson Brito Alves

D.Sc. Engenharia Civil – Universidade Federal Fluminense

gilson@latec.uff.br

ABSTRACT

This article analyses the reformulation of the Regulatory Legislation Number 18, emphasizing its advancement. The analyses links the theoretical approach to the range of this legislation applications, in order to identify the main issues that make its implementation difficult in the side construction. These issues are named by professionals involved to the industry of construction, such as workers, entrepreneurs, and the government.

Key words: construction – regulatory legislation – safety.

RESUMO

Este artigo trata de uma análise da reformulação da Norma Regulamentadora nº 18 – NR-18, destacando alguns de seus avanços, numa abordagem teórica comparativa a sua aplicabilidade e diagnosticando alguns fatores que vem dificultando sua implementação nos

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canteiros de obras.Dificuldades práticas levantadas por trabalhadores, empresários e governo envolvido com o setor da indústria da construção.

Palavras-chaves: construção – norma regulamentadora – segurança 1. HISTÓRICO:

A Indústria da construção é uma das mais antigas do mundo, e passou por um grande processo de transformação, seja na área de projetos, de materiais de equipamentos, como também na área pessoal.

Esta indústria difere das demais em muitos aspectos, apresentando peculiaridades que refletem uma estrutura dinâmica e complexa. Entre estas peculiaridades destacam-se as relativas ao tamanho das empresas, à curta duração das obras, à sua diversidade e à rotatividade de mão de obra.

No aspecto econômico, ocupa papel de destaque no cenário nacional, pois absorve um terço dos trabalhadores envolvidos em atividades industriais, e tem grande representatividade na composição do Produto Interno Bruto (PIB).

Nos últimos duzentos anos foram construídas grandes obras, que se destacam pela beleza, pelo tamanho, pelo custo, pela dificuldade de construção, como também pelo arrojo do projeto, e que hoje são consideradas símbolos de muitas cidades e paises.

Porém, não podemos esquecer que em decorrência da construção de todas estas obras, milhares de vidas foram perdidas, devido a acidentes de trabalho e doenças ocupacionais, causadas pela falta de controle do processo produtivo, da orientação dos operários, e principalmente do ambiente de trabalho, onde estão presentes, constantemente, os riscos ocupacionais (físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e de acidentes).

A indústria da construção destaca-se por apresentar uma grande diversidade de riscos, e de acordo com estatísticas oficiais um elevado índice de acidentes de trabalho graves e fatais. O número de infortúnios registrados é alarmante, representando perdas consideráveis do ponto de vista econômico e social, tanto para a empresa quanto para os trabalhadores, como também para o governo. Isto, sem considerar aqueles acidentes cuja comunicação é negligenciada, como, por exemplo, acidentes de pequeno porte, onde o trabalhador é atendido no ambulatório da própria empresa.

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Outro tipo de acidente não registrado é o que ocorre com o trabalhador sem registro, pois existe grande número deles nas sub-empreiteiras, visto que, muitos serviços além de penosos, perigosos e insalubres, são de curta duração, acarretando altos encargos na admissão e demissão destes trabalhadores.

Diante deste cenário, em oito de junho de 1978, o governo criou Normas Regulamentadoras (NRs), relativas à segurança e medicina do trabalho, com objetivo de diminuir os acidentes de trabalho. Ao todo são 29 NRs, e entre elas a NR – 18 (Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção).

2. CONCEPÇÃO DA NOVA NORMA REGULAMENTORA Nº 18 (NR-18)

A alteração da Norma Regumanetadora nº 18, deu-se início em meados de 1994, através de 10 (dez) grupos de trabalhos formado por técnicos do governo – Delegacia Regional do Trabalho e Fundacentro.

A partir de um modelo técnico, várias reuniões foram realizadas com o objetivo de consolidar todas as propostas de alteração encaminhadas pela sociedade, representada por entidades de classe, empresas e profissionais.

Em atendimento a recomendação da Organização Internacional do Trabalho (OIT), estas propostas foram rediscutidas em caráter tripartite, onde trabalhadores, empregadores e governo apresentaram o texto final para publicação, sendo então publicada em julho de 1995. Pela 1ª vez no Brasil, uma norma é toda negociada com a participação de 03 das 03 bancadas, trabalhadores, empregadores e governo, com o objetivo comum pela melhoria das condições e meio ambiente de trabalho nos canteiros de obras, contribuindo assim para melhorar a qualidade de vida de seus trabalhadores.

3. OS CANTEIROS DE OBRAS ANTES DA REFORMULAÇÃO DA NR-18

Por se tratar de instalações provisórias, os canteiros de obras eram instalados sem a preocupação de conduzir uma qualidade de vida para os trabalhadores. Os alojamentos, vestiários, cozinhas e banheiros eram estruturados de forma desordenada, sem conforto e com mínimas exigências de higiene. As atividades eram realizadas sem critérios de segurança, ficando seus trabalhadores expostos a inúmeros riscos ambientais de toda a natureza, como, riscos químicos, biológicos, físicos etc, levando a uma situação constante

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de ocorrência de acidentes ou doenças ocupacionais. O ruído, a poeira, vibração, contato com substâncias químicas etc, eram tratados, como forma de controle, com equipamentos de Proteção Individual (EPI), muitas vezes distribuídos aos trabalhadores apenas para cumprimento de legislação.

A desinformação era constante, os trabalhadores, bem como seus encarregados e gerentes não tinham tanto conhecimento de suas responsabilidades quanto a garantir a integridade física e mental de todos os trabalhadores nos canteiros de obras.

4. PRINCIPAIS AVANÇOS DA NR-18 4.1. Abrangência de conceitos:

Com a reformulação da nova NR-18, a mesma deixa de se chamar “Obras de Demolição, Construção e Reparos” e passa a ser denominada “Condições de Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção”, tendo uma abordagem mais ampla, incluindo os setores da construção pesada, instalações industriais e demais setores industriais de apoio à indústria da construção. O conceito “meio ambiente” é introduzido acompanhando os novos paradigmas das ISO série 9000 e ISO 14.000.

4.2. Setores Delimitados:

Outro ponto considerado avanço é a delimitação dos dois principais setores nos canteiros de obras, que se confundiam um pouco, a área da produção, onde são desenvolvidas tarefas e atividades e a área de vivência, esta última destinada ao conforto, higiene e saúde dos trabalhadores.

4.3. Recomendações Técnicas de Procedimentos:

Acompanhando modelos europeus, a norma regulamentadora nº 18, recomenda em separado, através de publicações de livretos técnicos complementares, procedimentos técnicos de segurança para manuseio de máquinas e equipamentos, bem como, procedimentos seguros para execução de tarefas perigosas e complexas, como, trabalho em altura, instalações elétricas e outros, orientando e conduzindo os trabalhadores às condições mais seguras.

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4.4. Programa sobre Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção – PCMAT:

O programa sobre condições e meio ambiente de trabalho na indústria da construção – PCMAT, foi concebido nesta norma com o objetivo de prevenir acidentes e doenças ocupacionais, é um programa que contém ações preventivas de segurança e saúde do trabalho com o objetivo de antecipação de riscos inerentes a cada atividade a ser desenvolvida nos canteiros, determinando medidas de proteção e definindo responsabilidades e autoridades a todo o pessoal que administra o empreendimento. Neste programa consta o planejamento dos canteiros, bem como capacitação e treinamento dos trabalhadores.Neste programa é recomendados a integração com os demais programas que constam das outras Normas Regulamentadoras, PPRA – Programa de Prevenção aos Riscos Ambientais – NR – 09 e PCMSO – Programa de Controle Médico em Saúde Ocupacional – NR –7.

4.5. Comitês Tripartites:

Criou-se também através desta norma os Comitês Permanentes, CPN – Comitê Permanente Nacional e CPRs – Comitês Permanentes Regionais, de caráter tripartite também, para garantir que esta norma esteja continuamente em alteração e atualização em função de avanços tecnológicos e mudanças de paradigmas.

4.6. Soluções Alternativas:

Este item da norma permite que idéias novas em substituição de tecnologias ultrapassadas possam ser analisadas por especialistas e depois de aprovadas possam ser aplicadas nos canteiros de obras, contribuindo para a racionalização de custos.

5. PRINCIPAIS INDICADORES DESFAVORÁVEIS A IMPLEMENTAÇÃO DA NORMA NR-18:

Durante as visitas realizadas nos canteiros de obras, em busca de indicadores que impossibilitavam a implementação objetiva desta norma, alguns fatores foram levantados pelos trabalhadores, empregadores e técnicos do governo, como diagnóstico da realidade dos canteiros atuais.

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5.1. Fator Empregador:

a – Tempo do Empreendimento:

Por se tratar de obras com prazos geralmente curtos, não havia interesse de investimento em programas de segurança e saúde.

b – Cronograma:

Cronogramas apertados e justos prejudicam instalações de proteções coletivas (EPC), daí a distribuição desordenada de Equipamentos de Proteção Individual (EPI), sem treinamento e informação para seu uso adequado e higienização dos mesmos.

c – Custos:

No planejamento dos empreendimentos muitas vezes não há valor atribuído a programas de segurança.

d – Programas Integrados:

Muitas empresas investem e por causa da competitividade implantam programas de qualidade, porém não integram programas, dando a abordagem mais ampla, considerando os programas de meio ambiente e segurança.

e – Rotatividade da Mão de Obra:

Por haver alta rotatividade de mão de obra no setor da indústria da construção, não haveria retorno do investimento em capacitação da mão de obra.

5.2. Fator Empregados: a – Baixa Escolaridade:

O perfil da mão de obra levantado até agora indica uma baixa escolaridade dos trabalhadores no setor da indústria da construção, dificultando às vezes os programas de capacitação.

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b – Questões Salariais x Segurança do Trabalho:

Alguns sindicatos da categoria dos trabalhadores ainda visam como prioridade única às questões salariais em detrimento das questões de segurança e saúde, prejudicando as negociações e acordos coletivos.

c – Não Qualificação da Mão de Obra:

A inexistência da qualificação da mão de obra na indústria da construção leva os trabalhadores a falta de informação técnica para desenvolvimento de atividades perigosa, expondo-os a riscos graves e iminente.

5.3. Fator Governo:

a – Número Insuficiente de Auditores Fiscais:

O número insuficiente de auditores fiscais limita a fiscalização contínua aos canteiros de obras, prejudicando a auditagem na obediência a norma. Este indicador limita também a fiscalização realizada por auditores sem experiência na indústria da construção e sem formação em engenharia civil e arquitetura prejudicando uma análise mais detalhada de alguns equipamentos e máquinas mais complexas.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Quando da revisão da Norma Regulamentadora nº 18 – (NR – 18), a preocupação principal das bancadas era encontrar, a partir das experiências e vivências em canteiros de obras, uma aproximação de procedimentos técnicos de prevenção de acidentes com técnicas de engenharia na produção. Elabora uma norma que modificasse continuamente a realidade encontrada na melhoria das condições e o meio ambiente de trabalho, visando à qualidade de vida dos trabalhadores, elevando o Brasil às normas internacionais mais avançadas. Com o passar do tempo e a visão do empregador em adaptar esta norma a realidade dos canteiros, junto a sua produtividade, custos e outros, observamos que existe um vazio quando da implementação dos quesitos prescritos nesta norma regulamentadora e a realidade encontrada nos canteiros desde a sua promulgação.

A conscientização do empregador e dos trabalhadores vem tendo um papel prioritária na divulgação desta norma durante estes anos todos.

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No momento atual, as três bancadas buscam diretrizes mais eficazes para obter o comprometimento maior dos seguimentos de empregadores e trabalhadores no sentido de melhorar as condições de trabalho e segurança e saúde dentro dos canteiros de obras.

BIBLIOGRAFIA

Dias, L.M. Alves , Construção: Qualidade e Segurança no Trabalho, IDICT, Lisboa, 1998; Fernandes, Renato Paraquett, Quelhas, Osvaldo Luiz Gonçalves, Gestão Estratégica na

Construção Civil: Metodologia para Análise do Desempenho Organizacional, Universidade Federal Fluminense, Niterói, RJ;

Sampaio, José Carlos Arruda, PCMAT Programa de Condições e Meio Ambiente do

Trabalho na Indústria da Construção, Fundacentro, São Paulo, 2001;

Norma Regulamentora nº 18, Condições e Meio Ambiente do Trabalho na Indústria da

Construção, Fundacentro, São Paulo, 1998;

Araújo, Nelma Miriam Chagas, Custos da Implantação do PCMAT na Ponta do Lápis,

Referências

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