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Economia Portuguesa. GPEARI - Gabinete de Planeamento, Estratégia, Avaliação e Relações Internacionais (MFAP)

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(1)

Economia Portuguesa

2009

GPEARI - Gabinete de Planeamento, Estratégia, Avaliação e Relações

Internacionais (MFAP)

(2)

Título

Economia Portuguesa

Editor

Gabinete de Planeamento, Estratégia, Avaliação e Relações Internacionais

Ministério das Finanças e da Administração Pública

Avª Infante D. Henrique nº1 – 1º

1100 – 278 Lisboa

(3)

Indíce

Portugal – Alguns Dados ... v

Portugal – Principais Indicadores Económicos ... vi

I. Desenvolvimentos Macroeconómicos ... 7

I.1. Actividade económica ... 7

I.2. Consumo privado ...10

I.3. Investimento ...11

I.4. Exportações ...12

I.5. Importações ...16

I.6. Necessidades de financiamento ...17

I.7. Mercado de trabalho ...18

I.8. Produtividade ...21

II. Finanças públicas ...23

II.1. Comparação internacional ...23

II.2. A política orçamental em Portugal ...28

II.3. O efeito orçamental do envelhecimento da população em Portugal no

contexto da UE ...31

II.4. Perspectivas orçamentais para 2009 ...38

Anexo Estatístico ...43

Dados Nacionais ...45

Comparações Internacionais ...89

Quadros

Quadro 1. Principais indicadores económicos ... 7

Quadro 2. Exportações de bens por destino ...15

Quadro 3. Importações de bens e serviços ...16

Quadro 4. População activa, emprego e desemprego...19

Quadro 5. Indicadores de produtividade ...21

Quadro 6. Indicadores orçamentais...23

Quadro 7. Evolução esperada da despesa pública relacionada com o

envelhecimento ...32

Quadro 8. Decomposição da diferença das projecções de despesa em pensões

entre 2006 e 2009 ...35

Quadro 9. Principais hipóteses subjacentes - Demográficas ...36

Quadro 10. Principais hipóteses subjacentes – Macroeconómicas ...37

Quadro 11. Objectivos orçamentais ...38

(4)

Quadro 13. Conta das Administrações Públicas, valores corrigidos ...40

Quadro 14. Dinâmica da Dívida Pública ...41

Gráficos

Gráfico 1. PIB trimestral ... 8

Gráfico 2. PIB da UE vs Portugal... 8

Gráfico 3. PIB per capita, Portugal vs. UE-27 ... 8

Gráfico 4. Consumo privado ... 10

Gráfico 5. Consumo privado por categorias ... 10

Gráfico 6. Rendimento disponível, consumo e poupança das famílias... 11

Gráfico 7. Contributos para a variação homóloga da FBCF ... 12

Gráfico 8. FBCF por categorias ... 12

Gráfico 9. Quota de Mercado e Procura Externa relevante para Portugal ... 13

Gráfico 10. Exportações de bens e serviços ... 14

Gráfico 11. Exportações intra e extra-comunitárias ... 14

Gráfico 12. Estrutura das exportações por intensidade tecnológica ... 15

Gráfico 13. Importações com e sem combustíveis ... 16

Gráfico 14. Contributo das exportações líquidas para a variação do PIB ... 17

Gráfico 15. Saldos das Balanças Corrente e de Capital e componentes ... 18

Gráfico 16. Capacidades/Necessidades Líquidas de Financiamento por Sector

Institucional... 18

Gráfico 17. Emprego e actividade económica ... 19

Gráfico 18. Taxa de desemprego e actividade económica ... 19

Gráfico 19. Actividade económica, emprego nos serviços e no sector

secundário ... 20

Gráfico 20. Actividade económica, emprego nos serviços e no sector

secundário ... 20

Gráfico 21. Emprego e VAB no sector primário ... 22

Gráfico 22. Emprego e VAB na indústria ... 22

Gráfico 23. PIB real por trabalhador ... 22

Gráfico 24. Saldo global das Administrações Públicas em Portugal e na área do

euro ... 24

Gráfico 25. Receita fiscal e despesa corrente primária ajustadas do ciclo, em

Portugal e na área do euro ... 25

Gráfico 26. Saldo global das Administrações Públicas na União Europeia em

2008 ... 26

Gráfico 27. Saldo primário das Administrações Públicas na União Europeia em

(5)

Gráfico 30. Dívida das Administrações Públicas na União Europeia em 2008 ... 28

Gráfico 31. Política orçamental e posição cíclica ... 29

Gráfico 32. Saldos orçamentais... 30

Gráfico 33. Saldo global das Administrações Públicas ... 30

Gráfico 34. Rácio de dependência ... 32

Gráfico 35. Acréscimo na despesa pública relacionada com o envelhecimento

na UE... 33

Gráfico 36. Custo total do envelhecimento 2050-2007 ... 33

(6)
(7)

Portugal – Alguns Dados

Território e População Localização: Área: População: Capital: Língua oficial: Moeda: Sistema Político Sistema Político: Chefe de Estado: Chefe de Governo: Indicadores Económicos

PIB a preços correntes: PIB per capita (paridades de poder de compra): Principais indústrias:

Principais parceiros comerciais:

Principais importações: Principais Exportações:

Indicadores de bem estar

1980 1990 2005 2006 2007

Esperança média de vida à nascença: 71,5 74,1 78,2 78,2 78,5

Mortalidade Infantil:

(nº de mortes por 1000 nascimentos) 21,8 10,9 3,5 3,3 :

Nº de médicos por 100 000 habitantes: 196,9 283,6 340,0 350,0 357,0

Idade média da mulher ao nascimento 1º filho: 23,6 24,7 27,8 28,1 28,2

Nº alunos matriculados no ensino superior: 106 316* 187 193 367 312 366 729 376 917

* 1985

88 967 Km² Portugal Continental; 2 322 Km² arquipélago dos Açores; 801 Km² arquipélago da Madeira.

Máquinas e aparelhos, veículos automóveis, vestuário, calçado, produtos plásticos, cortiça.

10,6 milhões (115 pessoas por km2) em 2008. Lisboa

Português Euro

Têxtil, fabricação de veículos automóveis e acessórios, calçado, vinho, papel, etc.

União Europeia (Espanha, Alemanha, França, Reino Unido, Itália), PALOP's e EUA.

19 800 euros (2008, EU15)

(Notas e moedas denominadas em euros iniciaram a circulação em Janeiro de 2002).

Veículos automóveis, combustíveis, máquinas, químicos. Democracia parlamentar

Presidente Aníbal Cavaco Silva Primeiro Ministro José Sócrates

166 229 milhões de euros (2008)

Sudoeste da Europa, na Península Ibérica.

O território português inclui ainda os arquipélagos dos Açores e da Madeira, no Oceano Atlântico.

(8)

Portugal – Principais Indicadores Económicos

2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

1. Despesa, Rendimento e Poupança

Estrutura em 2008, %

Consumo Privado 66,6 3,7 1,3 1,3 -0,1 2,5 2,0 1,9 1,6 1,7

Consumo Público 20,7 3,5 3,3 2,6 0,2 2,6 3,2 -1,4 0,0 0,7

Formação Bruta de Capital 22,3 2,1 1,2 -4,7 -8,3 2,5 -1,5 -0,3 3,4 0,5

Exportações de Bens e Serviços 33,0 8,4 1,8 1,5 3,9 4,0 2,0 8,7 7,8 -0,5

Importações de Bens e Serviços 42,6 5,3 0,9 -0,7 -0,8 6,7 3,5 5,1 6,1 2,7

Produto Interno Bruto 100,0 3,9 2,0 0,8 -0,8 1,5 0,9 1,4 1,9 0,0

Rendimento Disponível dos Particulares (nominal) 7,7 5,9 4,2 3,0 4,2 3,6 3,8 2,7 4,8

Taxa de Poupança dos Particulares 10,3 11,0 10,6 10,6 9,8 9,3 8,1 6,2 6,4

2. Emprego e Desemprego (Inquérito ao Emprego)

Estrutura em 2008, %

População Activa Total 1,8 1,9 1,6 1,0 0,5 1,0 0,8 0,6 0,1

Emprego Total 100,0 2,3 1,8 0,5 -0,4 0,1 0,0 0,7 0,2 0,5

Trabalhadores por Conta de Outrém 73,8 2,7 1,7 1,0 -0,3 1,2 0,8 2,2 0,1 1,2

Trabalhadores por Conta Própria 24,2 -2,5 6,7 1,0 0,5 -3,1 -2,8 -2,7 1,3 0,9

Outras situações 2,0 29,5 -25,7 -16,9 -12,1 -2,3 2,8 -14,2 -10,3 -37,4

Taxa de Desemprego 3,9 4,0 5,0 6,3 6,7 7,6 7,7 8,0 7,6

3. Preços

Índice Harmonizado de Preços no Consumidor 2,8 4,4 3,7 3,3 2,5 2,1 3,0 2,4 2,7

Índice de Preços no Consumidor 2,9 4,4 3,6 3,3 2,4 2,3 3,1 2,5 2,6

Deflator do PIB 3,0 3,7 3,9 3,2 2,4 2,5 2,8 3,0 2,0

Deflator do Consumo Privado 3,4 3,4 3,0 2,9 2,5 2,7 3,1 2,7 2,6

Deflator das Exportações de Bens 5,3 0,8 -0,1 -1,4 1,5 1,9 4,2 2,8 3,2

Deflator das Importações de Bens 8,5 0,3 -1,7 -1,8 2,2 3,2 4,0 1,5 4,9

4. Balança Corrente e de Capital

Balança Corrente + Balança de Capital -9,0 -8,7 -6,7 -4,1 -6,1 -8,3 -9,3 -8,5 -10,3

Balança Corrente -10,7 -10,4 -8,5 -6,4 -7,8 -9,8 -10,4 -9,8 -12,1

Balança de Capital 1,6 1,8 1,8 2,4 1,8 1,5 1,2 1,2 1,5

5. Finanças Públicas

Saldo Global das Administrações Públicas -2,9 -4,3 -2,8 -2,9 -3,4 -6,1 -3,9 -2,6 -2,6

Dívida Pública 50,4 52,9 55,6 56,9 58,3 63,6 64,7 63,5 66,4

Receita Corrente 38,8 38,4 39,6 39,8 39,6 40,1 41,2 42,2 42,3

Despesa Corrente 38,2 39,0 39,9 41,2 42,0 43,4 42,9 42,2 43,2

Despesa Corrente Primária 35,2 36,0 37,1 38,5 39,3 40,8 40,1 39,4 40,3

6. Agregados de Crédito, Taxas de Juro e Mercado de Capitais

Crédito às Sociedades não Financeiras* : 15,3 8,6 2,7 2,5 5,0 7,1 11,2 10,5

Crédito a Particulares* : 12,2 11,6 9,6 9,2 9,8 9,9 9,0 4,6

Taxa de Juro Euribor a 3 meses (média anual) 4,4 4,3 3,3 2,3 2,1 2,2 3,1 4,3 4,6

Taxa de Rendibilidade das OT a taxa fixa a 10 anos (Dez.) 5,3 5,0 4,5 4,4 3,6 3,5 4,0 4,5 4,0

Índice de Cotações de Acções (PSI 20) -13,0 -24,7 -25,6 15,8 12,6 13,4 29,9 16,3 -51,3

Fontes: INE, Banco de Portugal e Ministério das Finanças e da Administração Pública.

taxa de variação, % %

taxa de variação, %

% do PIB

% do PIB taxa de crescimento real, %

% do Rendimento Disponível dos Particulares

(9)

I. Desenvolvimentos Macroeconómicos

O PIB português interrompeu, em 2008, a dinâmica de recuperação que vinha exibindo

desde 2005 e apresentou uma variação nula em termos reais, com um contributo negativo

da procura externa líquida e um abrandamento significativo da procura interna. Este

resultado ficou a dever-se à evolução desfavorável do enquadramento económico mundial.

Por um lado, a deterioração do desempenho económico dos nossos principais parceiros

comerciais afectou adversamente a procura externa dirigida à economia portuguesa,

tendo as exportações exibido uma quebra de 0,5% em termos reais. Paralelamente, o

investimento registou uma variação homóloga real negativa de 1,1%, em parte

impulsionada pela deterioração significativa da confiança dos empresários.

Quadro 1. Principais indicadores económicos

PIB real

Taxa de variação % 1,5 0,9 1,4 1,9 0,0

Diferencial face à área do euro p.p. -0,7 -0,8 -1,5 -0,8 -0,7 Necessidades de financiamento % do PIB -6,1 -8,3 -9,3 -8,5 -10,3

Taxa de desemprego % 6,7 7,6 7,7 8,0 7,6

Taxa de inflação(a)

% 2,4 2,3 3,1 2,5 2,6

2007 2008 Unidade 2004 2005 2006

Notas: (a) – Taxa de variação do IPC. Fontes: INE, Eurostat.

Apesar da deterioração da actividade económica nacional, o mercado de trabalho

apresentou uma evolução positiva em 2008, evidenciando o habitual desfasamento face ao

ciclo económico. Esta evolução do mercado de trabalho reflectiu sobretudo o resultado do

1º semestre do ano, tendo o crescimento do emprego acelerado para 0,5% e a taxa de

desemprego diminuído 0,4p.p., para 7,6%.

A taxa de inflação média anual, medida pelo Índice de Preços no Consumidor (IPC),

cifrou-se em 2,6%, tendo o comportamento desta variável ao longo de 2008 sido fortemente

influenciado pelo comportamento dos preços dos bens energéticos e alimentares.

I.1. Actividade económica

Após a recessão económica de 2003, o crescimento real do PIB permaneceu positivo até ao

último trimestre de 2008, momento a partir do qual os efeitos adversos da crise

económica mundial começaram a fazer-se sentir de forma mais pronunciada na economia

portuguesa. O consumo privado e as exportações foram os principais agregados que

sustentaram este ciclo de expansão, uma vez que em termos médios, e em resultado do

processo de consolidação orçamental encetado, se assistiu a uma contracção do consumo

público a partir de 2006, e o investimento, não obstante o bom resultado de 2007, cresceu,

em termos reais, a um ritmo médio de apenas 0,2% ao ano.

(10)

Gráfico 1. PIB trimestral

Taxa de variação homóloga real, em %

-1,1 -2 -0,6 0,5 1,3 2,1 1,4 1,3 0,3 1,1 0,8 1,41,6 0,8 1,6 1,5 2,1 1,9 1,7 1,8 0,9 0,7 0,3 -2 -2,5 -2,0 -1,5 -1,0 -0,5 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5

I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV

2003 2004 2005 2006 2007 2008

Fonte: INE, Contas Nacionais Trimestrais.

A partir da segunda metade de 2007, a evolução da actividade económica foi largamente

condicionada pelo comportamento da procura externa e do investimento. Com efeito, as

exportações iniciaram em 2006 um movimento de expansão que se manteve na primeira

metade de 2007, momento a partir do qual começaram a registar um abrandamento,

tendo-se tornado particularmente significativo em 2008. Por outro lado, o investimento

apresentou uma tendência de melhoria, particularmente significativa na segunda metade

de 2007, contribuindo assim para a expansão da procura interna, cujo crescimento se

encontrava limitado em virtude quer da evolução moderada do consumo das famílias quer

da contracção do consumo público. No entanto, reflectindo o enquadramento

macroeconómico menos favorável e o abrandamento da procura externa, também o

investimento empresarial começou a registar um abrandamento significativo a partir do

início de 2008.

Gráfico 2. PIB da UE vs Portugal Gráfico 3. PIB per capita, Portugal vs. UE-27 (PPC) -2 0 2 4 6 1998 2000 2002 2004 2006 2008 -3 0 3 6 9 Diferencial PT vs. UE 27 UE 27 (esc. da esquerda) Portugal (esc. da esquerda)

0 5000 10000 15000 20000 25000 30000 1998 2000 2002 2004 2006 2008 72 74 76 78 80

(11)

desequilíbrios macroeconómicos acumulados a partir do final da década de 90, e que se

traduziu, em particular, numa moderação do investimento, público e privado, mas também

num menor crescimento do consumo. Paralelamente, a ocorrência de choques externos

negativos (aumento dos preços dos produtos petrolíferos e alimentares bem como o

aumento da concorrência internacional) conduziu a um enquadramento externo menos

favorável e a uma limitação do crescimento da procura externa. Não obstante o mau

enquadramento externo experimentado desde 2004, a verdade é que em 2006 e 2007 as

exportações cresceram, evolução acompanhada pelo investimento empresarial. Até 2006,

Portugal não estava a ser capaz de contrair o efeito dos choques; a partir dessa data

conseguiu manter quota de mercado. Comparando o desempenho da economia nos três

anos subsequentes ao ano de recessão, 2003, com o observado nos períodos homólogos

das recessões anteriores (1984 e 1993) verifica-se que a retoma se processou a um ritmo

mais lento. Com efeito, durante o período 2004-2007, que corresponde à fase ascendente

do actual ciclo económico português, o ritmo de crescimento económico real foi de 1,4%,

um valor significativamente inferior aos 3% e 4,4% verificados em 1994-1996 e

1985-1987, respectivamente. Adicionalmente, ao contrário do que sucedeu nos anteriores

períodos de retoma, durante os quais a economia portuguesa manteve um crescimento

acima da média europeia, no período 2004-2007 o PIB português exibiu o crescimento que

ficou, em média, 1,2p.p. abaixo do valor observado na UE.

O forte endividamento das famílias portuguesas e a necessidade de controlar o défice das

administrações públicas resultaram num abrandamento das componentes da procura

interna. A perda de competitividade da economia portuguesa após a adesão de Portugal ao

euro, designadamente associado ao aumento do custo salarial, implicaram uma perda de

quota de mercado e desta forma o país não beneficiou de um crescimento das exportações

num período em que a procura externa relevante para a economia portuguesa registou um

elevado crescimento. Estes factores levaram a um crescimento mais reduzido da economia

portuguesa no período pós recessão de 2003.

Esta evolução desfavorável no período 2004-2008, contribuiu assim para o retrocesso

observado no processo de convergência com a União Europeia a partir de 2000. Com

efeito, em comparação com a média da UE27, o rendimento per capita, que em 1999

atingiu 78,3% deste valor de referência, diminuiu 4,7 pontos percentuais até 2006,

recuperando ligeiramente para 74,6% em 2007. No entanto, em 2008 o rendimento per

capita em Portugal deverá fixar-se em cerca de 72,5% da média europeia (Quadro A.1, do

anexo estatístico), o que constitui o valor mais baixo da última década. Os

desenvolvimentos desfavoráveis observados recentemente reflectem não apenas a baixa

utilização do factor trabalho mas também um baixo crescimento da produtividade do

trabalho (Quadro 5).

(12)

I.2. Consumo privado

Em 2008 o consumo privado aumentou 1,6% em termos reais, mantendo o ritmo de

crescimento que se tem vindo a verificar desde 2004. Este comportamento positivo ficou a

dever-se à evolução do consumo de bens correntes, cuja variação em termos reais

acelerou para 1,9%, uma vez que a categoria dos bens duradouros registou uma pequena

contracção de -0,2%.

O ritmo da expansão do consumo total permanece, no entanto, aquém dos valores

registados na segunda metade da década de 1990, em consonância com a tendência de

progressiva desaceleração que, à excepção do episódio de recuperação de 2004, se tem

registado desde 1999. Este comportamento poderá estar associado às crescentes

restrições orçamentais que as famílias portuguesas enfrentam, quer devido ao seu elevado

nível de endividamento, quer devido à subida progressiva da taxa de desemprego que se

vem verificando desde 2001.

Gráfico 4. Consumo privado Gráfico 5. Consumo privado por categorias

Taxa de variação, em % (em % do total)

-10 -5 0 5 10 15 20 1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008 -3,0 -1,5 0,0 1,5 3,0 4,5 6,0

Bens não duradouros Bens duradouros Total (esc. da direita)

40 50 60 70 80 1998 2003 2008 0 10 20 30 40

Correntes n/ alim. e serviços Alimentares (esc. da direita) Duradouros (esc. da direita)

Fonte: INE, Contas Nacionais Trimestrais. Fonte: INE, Contas Nacionais Trimestrais.

Para além desta importante alteração estrutural em termos de ritmo de crescimento, o

consumo privado tem exibido uma alteração gradual do peso de cada uma das suas

categorias, com os bens alimentares e os bens duradouros a perderem importância no

total do consumo das famílias portuguesas. Com efeito, se em 1998 os bens alimentares e

os bens duradouros representavam, respectivamente, 20,1% e 14,1% do total das

despesas de consumo das famílias portuguesas, em 2008 o peso destas categorias havia

caído para 18,1% e 10,6%, respectivamente, dando lugar a um aumento de 5,5p.p. no peso

do consumo de bens correntes não alimentares e de serviços.

Apesar da tendência de abrandamento do consumo, o nível de poupança das famílias

portugueses tem também diminuído ao longo dos últimos anos, tendo passado de cerca de

(13)

o crescimento do consumo e o crescimento do rendimento disponível das famílias, tendo

este último aumentado em média, desde 2004, a um ritmo inferior ao do consumo.

Em 2008 registou-se uma ligeira inversão desta tendência, tendo a taxa de poupança das

famílias aumentado, face ao ano anterior, em cerca de 0,2p.p. do rendimento disponível,

podendo esta evolução reflectir, pelo menos em parte, uma reacção das famílias à

incerteza quanto à evolução económica nacional e internacional.

Gráfico 6. Rendimento disponível, consumo e poupança das famílias

0 2 4 6 8 10 12 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

Poupança bruta (% do rendimento disponível bruto) Despesa de consumo f inal (variação nominal, %) Rendimento disponível bruto (variação nominal, %)

Fonte: INE, Contas Nacionais.

I.3. Investimento

O comportamento do investimento (FBCF) ao longo de 2008 foi consideravelmente

desfavorável, registando uma contracção de cerca de 0,7% em termos reais face ao ano

anterior, em virtude, sobretudo, da acentuada quebra homóloga que ocorreu no 4º

trimestre do ano (7,9%). A evolução global de 2008 foi dominada pelo efeito do

investimento em construção, que diminuiu 5,7% em termos reais, gerando um contributo

de -2,6p.p. para a taxa de variação da FBCF total. Refira-se que a quebra neste tipo de

investimento decorreu, sobretudo, dos desenvolvimentos na componente de aquisição de

habitação pelas famílias.

A influência negativa dos desenvolvimentos observados ao nível do investimento em

construção foi, no entanto, parcialmente compensada pela evolução na categoria dos bens

de equipamento, na qual o investimento registou, em termos reais, um crescimento de

4,6% face a 2007, gerando assim um contributo de +1,9p.p. para a variação da FBCF total.

(14)

Gráfico 7. Contributos para a variação homóloga da FBCF

Gráfico 8. FBCF por categorias (em % do total) -8 -4 0 4 8 12 16 1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008 p o n to s p e rc e n tu a is -8,0 -4,0 0,0 4,0 8,0 12,0 16,0

Equipamentos (excluindo mat. transp.) Material de transporte

Construção Outros produtos Total (VH, %, esc. da direita)

0 10 20 30 40 50 60 1998 2003 2008 5 10 15 20 25 30 35

Equipamento e material de transporte Construção

Outros produtos

Fonte: INE, Contas Nacionais Trimestrais. Fonte: INE, Contas Nacionais Trimestrais.

A dinâmica da FBCF em 2008 seguiu, assim, a tendência observada ao longo da última

década, segundo a qual o investimento em construção condiciona de forma significativa o

comportamento da FBCF total. Com efeito, entre 1998 e 2008 verificou-se uma

concordância quase perfeita entre a evolução do investimento em construção e a variação

da FBCF total em termos reais, constituindo o ano de 2004 a única excepção, tendo sido

observados simultaneamente um ligeiro crescimento da FBCF total e uma quebra do

investimento em construção.

Esta situação reflecte o elevado peso que o investimento em construção continua a ter no

total da FBCF (49,7% em 2008), não obstante a tendência de redução que se vem

registando desde 2002. A diminuição da quota do investimento em construção beneficiou

principalmente o investimento em equipamento e material de transporte, cujo peso no

total da FBCF ascendeu de 32,1% em 2002 para 34,7% em 2008.

I.4. Exportações

As exportações de bens e serviços registaram um forte abrandamento em 2008, com uma

quebra de 0,5% em termos reais, em contraste com o bom desempenho dessa variável em

2006 e 2007. Este resultado, aliado ao crescimento das importações de bens e serviços em

2,6%, contribuiu para a deterioração das contas externas, com a procura externa líquida a

ter um contributo negativo de 1,2p.p para a variação real do PIB.

(15)

Gráfico 9. Quota de mercado e procura externa relevante para Portugal -6,0 -4,0 -2,0 0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0 14,0 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

Quota de Mercado das exportações portuguesas * Procura Externa relevante para Portugal* Exportações de Bens e Serviços

Fonte: INE e cálculos do GPEARI.

* Procura Externa é calculada com base na média das importações de bens e serviços em volume dos 17 principais parceiros comerciais ponderada pelo peso nas nossas exportações)

A diversificação geográfica das exportações de bens portuguesas aumentou em 2008,

tendo o peso das exportações intra-comunitárias caído 3,8p.p para 70,3% do total e tendo

a quota de mercado das exportações de bens nacionais na UE27 caído 8,9%. Em contraste,

as exportações de serviços evoluíram a uma taxa superior à observada no conjunto da

UE27.

A evolução das exportações em 2008 foi em grande medida influenciada pela forte

retracção da actividade económica a nível internacional, consequência da crise financeira

internacional, sobretudo a partir do 4º trimestre de 2008.

As exportações de bens e serviços, com uma quebra real de 0,5%, evidenciaram um forte

abrandamento face ao ano anterior (7,5% em 2007). De facto, a taxa de crescimento das

exportações de serviços registou um forte abrandamento para 2,3% em 2008 (de 13,9%

em 2007) e as exportações de bens registaram uma quebra de 1,2% (que compara com um

crescimento de 6,1% em 2007). De referir que as exportações apresentaram um

comportamento intra-anual distinto (ainda que em desaceleração), com os primeiros 3

trimestres a apresentarem uma variação homóloga positiva e o 4º trimestre uma queda de

-8,8%, em linha com o aprofundamento da crise internacional.

(16)

Gráfico 10. Exportações de bens e serviços

(contributos para a variação homóloga em volume, em p.p.)

-10 -8 -6 -4 -2 0 2 4 6 8 10

I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV

2003 2004 2005 2006 2007 2008

Serviço s B ens

vh - média anual

Fonte: INE.

Analisando os dados da balança de mercadorias em termos homólogos nominais,

verifica-se que a quebra das exportações de bens, em 2008, resultou da evolução das exportações

intracomunitárias, que caíram 2,8% tendo as exportações extra-comunitárias aumentado

13,5% nesse período.

Gráfico 11. Exportações intra e extra-comunitárias (VH, MM3) -20 -15 -10 -5 0 5 10 15 20 25 M ar -0 7 Ju n-07 S et -0 7 D ez -0 7 M ar -0 8 Ju n-08 S et -0 8 D ez -0 8

Total Intracomunitárias Extracomunitárias Fonte: INE.

Por destino das exportações, a taxa de variação homóloga das exportações de bens em

2008, foi negativa nos três principais mercados, mas elevada (+34,9%) para Angola, com

este país a tornar-se no quarto maior destino das exportações de bens portuguesas. O peso

das exportações para os 10 maiores destinos caiu de 82,5% em 2000 para 73,9% do Total

das exportações em 2008, o que revela um aumento da diversificação geográfica das

exportações nacionais.

(17)

Quadro 2. Exportações de bens por destino Em % do total

Fonte: INE.

Por produtos, e como referido acima, observou-se igualmente uma alteração da estrutura

das exportações nacionais. Em 1986, os sectores tradicionais (Madeira e cortiça, Pasta

celulósica e papel, Peles e couros, Materiais têxteis, Vestuário e Calçado) representavam

53% do total das exportações portuguesas. Em 2000 e 2008 essa percentagem caiu para

35,4% e 22%, respectivamente, revelando uma alteração da estrutura das exportações

portuguesas.

Uma outra transformação que tem sido evidente nas exportações portuguesas diz respeito

ao padrão de especialização da estrutura exportadora. Ao longo dos últimos anos, os

sectores de baixa intensidade tecnológica têm vindo a perder peso no total das

exportações de produtos industriais transformados (de 50,5% em 1996 para 35,1% em

2007), registando-se alguns ganhos nos sectores de alta intensidade tecnológica, mas

sobretudo nos produtos de média intensidade tecnológica (aumento de 42,3% para

52,3%).

Gráfico 12. Estrutura das exportações por intensidade tecnológica (Peso no total, %) 0 20 40 60 80 100 1967 1986 1996 2008

Baixa Média-baixa Média-alta Alta

Fontes: Banco de Portugal e Ministério da Economia e da Inovação

Em 2008, as exportações de produtos de média-baixa intensidade tecnológica foram as

únicas a registar taxas de variação homóloga positiva (5,2%). As exportações de produtos

(18)

de alta intensidade tecnológica, ao contrário do verificado em anos recentes, registaram

uma quebra homóloga de 6,3%, enquanto os produtos de média-alta e baixa intensidades

tecnológicas registaram quebras homólogas de 1,4% e 1,8%, respectivamente.

I.5. Importações

As importações desaceleraram em 2008, tendo-se observado uma taxa de variação

homóloga real de 2,1% (5,6% em 2007), extensível tanto à componente de bens (de 5,7%

em 2007 para 1,9% em 2008), como de serviços (de 4,5% em 2007 para 3,6% em 2008).

Por produtos, e em termos homólogos nominais, as rubricas veículos e outro material de

transporte assim como os combustíveis, registaram as mais elevadas taxas de crescimento

(29,1% e 11,2%, respectivamente), em resultado da importação de material aeronáutico e

do aumento dos preços dos combustíveis nos mercados internacionais ocorrido na

primeira metade de 2008 (Gráfico 13).

Quadro 3. Importações de bens e serviços Variação homóloga em volume

2003 2004 2005 2006 2007 2008 1º Trim 08 2º Trim 08 3º Trim 08 4º Trim 08 Alemanha (12,9%) 5,4 7,3 6,5 11,9 5,0 4,0 4,5 3,5 5,0 1,5 Bélgica (2,5%) 2,9 6,6 4,1 2,7 4,6 3,7 5,5 6,7 4,8 -1,9 Espanha (27,3%) 6,2 9,6 7,7 10,3 6,2 -2,5 3,6 1,8 -2,0 -13,2 França (11,7%) 1,1 7,1 5,9 6,1 5,6 : 4,3 1,9 1,7 0,3 Itália (3,8%) 1,2 4,2 2,1 5,9 3,8 -4,5 -2,4 -2,7 -4,1 -8,8 Países Baixos (3,3%) 1,8 5,7 5,4 8,2 5,7 4,1 7,4 5,2 4,1 -0,1 Área do euro (64,3%) 3,1 6,9 5,6 8,2 5,3 1,2 3,7 2,4 1,7 -2,9 Reino Unido (5,5%) 2,2 6,8 7,0 9,6 -1,5 -0,6 3,9 3,3 -1,5 -7,6 União Europeia (73,6%) 3,4 7,6 6,2 9,2 5,2 1,6 4,8 3,6 1,8 -3,5

Fonte: Eurostat. Em parêntesis o peso dos países no total das nossas exportações.

Gráfico 13. Importações com e sem combustíveis (VH, MM3, %) -6 -3 0 3 6 9 12 15 18

M

ar

-0

7

Ju

n-07

S

et

-0

7

D

ez

-0

7

M

ar

-0

8

Ju

n-08

S

et

-0

8

D

ez

-0

8

Dif erencial Total Total sem Combustíveis Fonte: INE

(19)

retracção da procura interna e a diminuição dos preços dos combustíveis, as importações

registaram uma quebra, que não compensou o forte crescimento registado nos primeiros

três quartos do ano.

Em consequência da evolução desfavorável das exportações e importações, a procura

externa líquida teve um contributo negativo de -1,3p.p. para a taxa de crescimento real do

PIB. Contudo, este contributo foi-se tornando menos negativo ao longo de 2008, de -1,9p.p.

no 1º trimestre evoluiu para -1,1p.p. no 4º trimestre.

Gráfico 14. Contributo das exportações líquidas para a variação do PIB (Contributos em p.p. do PIB para a variação homóloga do PIB real )%)

-3 -2 -1 0 1 2 3

I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV

2003 2004 2005 2006 2007 2008

Bens Serviços Bens e Serviços Fonte: INE

I.6. Necessidades de financiamento

Em 2008, as necessidades de financiamento da economia portuguesa, medidas pelo saldo

conjunto das Balanças Corrente e de Capital, foram de 10,3% do PIB (+1,9 p.p. do que em

2007).

Para este resultado contribuiu a deterioração do saldo da balança de bens e serviços (-2

p.p.) e a quebra do saldo da balança de rendimentos (-0,3 p.p.), apenas parcialmente

compensadas pela melhoria nos saldos das balanças de transferências correntes (+0,1

p.p.) e de capital (+0,3 p.p.)

Para o crescimento do défice da balança de bens contribuíram a quebra das exportações,

com particular destaque na segunda metade do ano, e a menor desaceleração das

importações nominais, devido, em grande medida, ao forte crescimento dos preços das

matérias-primas e dos combustíveis nos mercados internacionais ocorrido no primeiro

semestre de 2008.

(20)

Gráfico 15. Saldos das Balanças Corrente e de Capital e componentes (em % do PIB)

Fonte: INE

Em termos sectoriais, o aumento das necessidades líquidas de financiamento face ao

exterior, em % do PIB, resultou do crescimento do défice das Sociedades Não Financeiras

(-2,3 p.p.) apenas parcialmente compensado pela melhoria da capacidade líquida de

financiamento dos Particulares (+0,5 p.p), enquanto o saldo das Sociedades Financeiras e

as Administrações Públicas estabilizaram face a 2007.

Gráfico 16. Capacidades/Necessidades Líquidas de Financiamento por Sector Institucional (em % do PIB) -14 -12 -10 -8 -6 -4 -2 0 2 4 2006 2007 2008

Soc. Não Financ. Soc. Financ. Adm. Públicas Particulares Total

Fonte: INE

I.7. Mercado de trabalho

Em 2008, o crescimento do emprego total cifrou-se em 0,5%, beneficiando do forte

contributo do crescimento do emprego feminino. A evolução observada na taxa de

emprego, a qual aumentou, em termos médios 0,2p.p. face ao valor de 2007, foi também

(21)

Quadro 4. População activa, emprego e desemprego Taxas de variação anuais

2003 2004 2005 2006 2007 2008 População activa 1,0 0,5 1,0 0,8 0,6 0,1 Homens 0,3 0,3 0,2 0,7 0,1 0,2 Mulheres 1,7 0,7 2,0 0,8 1,1 0,0 Emprego total -0,4 0,1 0,0 0,7 0,2 0,5 Homens -1,0 -0,1 -0,7 0,9 0,0 0,3 Mulheres 0,4 0,3 0,8 0,5 0,4 0,9 Taxa de desemprego (%) Total 6,3 6,7 7,6 7,7 8,0 7,6 Homens 5,5 5,8 6,7 6,5 6,6 6,5 Mulheres 7,2 7,6 8,7 9,0 9,6 8,8 45 e mais anos 3,6 4,5 5,2 5,4 5,6 5,4

Desemprego de longa duração

Indivíduos (milhares) 129,3 168,9 210,8 221,1 219,6 212,6

% do desemprego total 37,8 46,3 49,9 51,7 49,0 49,8

Fonte: INE, Inquérito ao Emprego

O crescimento do emprego ao longo de 2008 beneficiou sobretudo os indivíduos com

idades superiores a 25 anos, em claro contraste com a situação dos mais jovens (15-24

anos), cujo emprego diminuiu 1,9% face a 2007. Este padrão de comportamento tem sido,

aliás, uma característica do mercado de trabalho português ao longo da última década,

quer durante os períodos de expansão quer durante a fase descendente do ciclo

económico. Se por um lado isto indicia uma maior dificuldade na criação de emprego para

os indivíduos mais jovens – algo que é consistente com a taxa de desemprego

sistematicamente mais elevada neste grupo etário –, parte da redução do emprego na faixa

etária compreendida entre os 15 e 24 anos é explicada pelo aumento do tempo médio de

permanência dos jovens portugueses no sistema de ensino.

Gráfico 17. Emprego e actividade económica Taxa de variação, em %

Gráfico 18. Taxa de desemprego e actividade económica -12 -10 -8 -6 -4 -2 0 2 4 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

15 a 24 anos 45 e mais anos PIB

-2 0 2 4 6 8 10 1998 2000 2002 2004 2006 2008 -4 0 4 8 12 16 20

15 a 24 anos 45 e mais anos PIB (esc. da esquerda)

Fonte: INE, Contas Nacionais Trimestrais. Fonte: INE, Contas Nacionais Trimestrais.

O sector dos serviços continuou a apresentar-se como o mais dinâmico em termos de

criação de emprego (crescimento de 3%), tendo o emprego do sector secundário

diminuído 3,6%. Considerando, adicionalmente, a contracção do emprego nas actividades

relacionadas com a agricultura, silvicultura e pescas, os desenvolvimentos de 2008

sugerem que os serviços terão absorvido um número considerável de trabalhadores que

(22)

se encontravam empregados no sector secundário. Esta situação, que se vem verificando

quase ininterruptamente desde 2003, poderá, em parte, ser justificada pela alteração da

composição sectorial da economia portuguesa, que se consubstanciou num aumento de

cerca de 4p.p. no peso do sector dos serviços no total do valor acrescentado bruto

nacional.

Gráfico 19. Actividade económica, emprego nos serviços e no sector secundário

-6 -4 -2 0 2 4 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

Indústria, Construção, Energia e Água Serviços PIB

Fonte: INE, Inquérito ao emprego.

A população desempregada diminuiu 4,8%, em 2008, contribuindo assim para uma

descida de 0,4p.p. na taxa de desemprego (para 7,6%). Tal como no caso do emprego, as

mulheres foram quem mais beneficiou deste movimento, tendo a sua taxa de desemprego

diminuído, em termos médios, de 9,6% para 8,8%. Em termos de grupos etários, a redução

do desemprego beneficiou sobretudo os indivíduos com idade compreendida entre os 25 e

os 44 anos, que em 2008 apresentaram uma taxa de desemprego de 7,7% (menos 0,5p.p.

que em 2007).

Gráfico 20. Actividade económica, emprego nos serviços e no sector secundário

-6 -4 -2 0 2 4 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

(23)

de a população desempregada total ter diminuído de forma mais acentuada, em termos

médios o peso do desemprego de longa duração aumentou ligeiramente em 2008,

atingindo 49,8% do desemprego total (+0,8p.p. que em 2007).

I.8. Produtividade

Contrariando a tendência verificada ao longo da última década, em 2008 a produtividade

aparente do trabalho registou uma variação negativa de 0,6%. Este resultado, que reflectiu

a evolução desfavorável da actividade económica nacional, associada à crise económica

internacional, apenas encontra paralelo em 2003, ano em que a contracção do PIB real

(-0,8%) conduziu a taxa de variação da produtividade aparente do trabalho para -0,4%,

não obstante a diminuição do emprego observada durante o mesmo período.

Quadro 5. Indicadores de produtividade Taxa de variação, em %

1999-2003(a) 2004-2008(a) 2004 2005 2006 2007 2008

PIB real 1,9 1,1 1,5 0,9 1,4 1,9 0,0

Emprego 1,1 0,3 0,1 0,0 0,7 0,2 0,5

Produtividade do trabalho(b) 0,8 0,8 1,4 0,9 0,6 1,7 -0,6

Agricultura, silvicultura e pescas

VAB -0,5 0,6 5,8 -5,6 2,5 -4,2 4,3 Emprego -0,3 -1,5 -3,7 -1,9 -0,4 -0,4 -1,0 Indústria VAB 0,7 -0,1 0,4 -1,7 0,9 2,6 -2,7 Emprego -0,5 -1,6 -3,4 -1,8 0,7 0,0 -3,6 Serviços VAB 2,6 1,8 2,0 2,0 1,8 2,1 1,2 Emprego 2,5 1,8 3,0 1,4 1,0 0,4 3,0

Notas: (a) – média dos valores anuais; (b) – por trabalhador. Fonte: INE, Contas Nacionais e Inquérito ao Emprego.

Em termos sectoriais, os dados sobre a evolução do valor acrescentado bruto (VAB) e do

emprego permitem inferir que em 2008 o sector dos serviços contribuiu de forma

significativa para a fraca evolução da produtividade, uma vez que o ritmo de expansão do

VAB ficou muito aquém do crescimento do emprego neste sector. Durante a última década

o sector dos serviços tem, aliás, apresentado um padrão de evolução do VAB e do emprego

que sugere um comportamento pouco satisfatório da produtividade do trabalho, uma

situação que, dada a importância deste sector para a actividade económica nacional, terá

contribuído para limitar o crescimento da produtividade agregada durante este período.

A evolução observada na indústria e nas actividades relacionadas com a agricultura,

silvicultura e pescas, por outro lado, parece sugerir desenvolvimentos mais favoráveis ao

nível da produtividade do trabalho. De facto, apesar de se ter registado uma diminuição

considerável do emprego nestes dois sectores no período 1999-2008, as variações anuais

(24)

do VAB real mantiveram-se, em termos médios, com sinal positivo na indústria (0,3%) e

próximas de zero no sector primário.

No entanto, a evolução destes dois sectores foi diferenciada ao longo da última década.

Enquanto no sector primário a evolução descendente do emprego foi acompanhada por

uma progressiva melhoria, em termos médios, das taxas de variação do VAB real, na

indústria tal situação não se verificou, sendo possível constatar uma tendência de

diminuição, em termos médios, do ritmo de crescimento do VAB deste sector.

Gráfico 21. Emprego e VAB no sector primário Taxa de variação, em %

Gráfico 22. Emprego e VAB na indústria Taxas de variação, em % -6 -4 -2 0 2 4 6 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 Emprego VAB -6 -4 -2 0 2 4 6 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 Emprego VAB

Fonte: INE, Contas Nacionais Trimestrais. Fonte: INE, Contas Nacionais Trimestrais.

Em comparação com a União Europeia, entre 2000 e 2008 a produtividade por

trabalhador em Portugal evoluiu de forma desfavorável, registando-se um ligeiro aumento

no respectivo diferencial, tendo o nível de produtividade por trabalhador em Portugal

caído de cerca de 66% da média da UE-27 em 2000 para 63% em 2008. Refira-se, no

entanto, que a parte mais substancial desta redução ocorreu entre 2000 e 2004, sendo

visível uma estabilização a partir de 2005.

Gráfico 23. PIB real por trabalhador Paridade dos Poderes de Compra

25 30 35 40 45 50 45 50 55 60 65 70

(25)

II. Finanças públicas

1

II.1. Comparação internacional

Em 2008, os principais indicadores da situação orçamental das Administrações Públicas

na União Europeia (UE) registaram um agravamento, em resultado da crise financeira e

económica, contrariando a tendência de melhoria que se vinha a observar desde 2003. O

défice orçamental para o conjunto da UE aumentou 1,5p.p. face a 2007, tendo-se situado

em 2,3% do PIB em 2008 (Quadro 6).

Na área do euro, a evolução das finanças públicas nos respectivos Estados-membros foi

também marcada pelos efeitos da crise económica, em particular nos últimos meses do

ano. Contudo, a deterioração orçamental foi menos acentuada, constatando-se um

aumento do défice orçamental de 1,3p.p., alcançando 1,9% PIB em 2008 (Quadro 6 e

Gráfico 24).

O saldo primário, isto é, excluindo a componente da despesa com juros, registou em 2008

uma diminuição, tanto para o conjunto de países da UE como da área do euro, situando-se

nos 0,4% e 1,1% do PIB, respectivamente.

Quadro 6. Indicadores orçamentais Em % do PIB

2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009e União Europeia

Saldo global 0,6 -1,4 -2,5 -3,1 -2,9 -2,4 -1,4 -0,8 -2,3 -6,0

Saldo prim ário 4,2 2,1 0,7 -0,1 -0,1 0,3 1,2 1,9 0,4 -3,2

Saldo prim ário ajus tado do ciclo 3,6 1,6 0,6 0,1 -0,1 0,1 0,5 0,6 -0,5 -1,8 Receita total ajus tada 44,8 44,3 44,1 44,3 43,9 44,2 44,2 43,8 43,7 45,3 Des pes a prim ária ajus tada 41,3 42,8 43,5 44,2 44,0 44,1 43,7 43,2 44,2 47,1 Dívida pública 61,8 60,9 60,3 61,8 62,2 62,7 61,3 58,7 61,5 72,6 Área do euro - 16

Saldo global 0,0 -1,9 -2,6 -3,1 -2,9 -2,5 -1,3 -0,6 -1,9 -5,3

Saldo prim ário 3,8 1,9 0,9 0,2 0,2 0,4 1,6 2,3 1,1 -2,3

Saldo prim ário ajus tado do ciclo 3,1 1,3 0,8 0,5 0,2 0,4 0,9 1,1 0,1 -0,9 Receita total ajus tada 45,6 44,9 44,9 45,2 44,6 44,7 44,7 44,4 43,9 46,0 Des pes a prim ária ajus tada 42,5 43,6 44,1 44,7 44,4 44,3 43,8 43,3 43,8 46,9 Dívida pública 69,2 68,2 68,0 69,1 69,5 70,0 68,2 66,0 69,3 77,7 Portugal

Saldo global -2,9 -4,3 -2,8 -2,9 -3,4 -6,1 -3,9 -2,6 -2,6 -5,9

Saldo prim ário 0,1 -1,3 0,0 -0,2 -0,7 -3,5 -1,2 0,2 0,3 -2,8

Saldo prim ário ajus tado do ciclo -1,0 -2,3 -0,4 0,4 -0,2 -3,1 -1,1 -0,4 -0,1 -2,4 Receita total ajus tada 39,1 39,2 41,0 43,1 43,6 41,9 42,4 42,6 42,9 43,5 Des pes a prim ária ajus tada 40,2 41,5 41,4 42,7 43,8 45,0 43,5 42,9 43,0 45,9 Dívida pública 50,4 52,9 55,5 56,9 58,3 63,6 64,7 63,5 66,4 74,6

Fonte: Comissão Europeia, "Annual macro-economic database", actualização de 28 de Abril de 2009 e Ministério das Finanças e da Administração Pública - Relatório de Orientação da Política Orçamental, Maio de 2009.

Notas: O ajustamento do ciclo económico é feito tendo por base o produto potencial. e - estimativa.

O peso relativo da dívida pública no PIB na UE e na área do euro inverteu, em 2008, a

tendência de redução observada nos dois anos anteriores, registando aumentos

1 Neste capítulo, as contas das Administrações Públicas são apresentadas na óptica de Contas Nacionais de acordo com as

(26)

significativos de 2,8p.p. e 3,3p.p., respectivamente, face ao final de 2007. Esta evolução

reflecte não só a deterioração do défice primário mas também o efeito significativo dos

ajustamentos défice-dívida, em particular ao nível das medidas de estabilização do sector

financeiro sob a forma de aumentos de capital. Assim, a dívida pública situou-se em 61,5%

do PIB na UE e em 69,3% do PIB na área do euro.

Portugal apresentou uma evolução distinta da verificada pela maioria dos Estados

membros ao manter o défice orçamental nos 2,6% do PIB, idêntico ao de 2007,

conservando o valor do défice abaixo do valor de referência (3% do PIB), como definido

no Pacto de Estabilidade e Crescimento (Quadro 6 e Gráfico 24). Porém, no conjunto dos

países da área do euro, na sequência dos resultados da execução orçamental relativos a

2008, foram abertos cinco procedimentos dos défices excessivos por ter sido ultrapassado

o valor de referência para o défice (Espanha, França, Grécia, Irlanda e Malta).

Gráfico 24. Saldo global das Administrações Públicas em Portugal e na área do euro Em % do PIB -7,0 -6,0 -5,0 -4,0 -3,0 -2,0 -1,0 0,0 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 Portugal Área do euro

Fonte: Comissão Europeia (base de dados AMECO, Abril 2009)

Em Portugal, o saldo primário manteve-se positivo, em 0,3% do PIB, registando uma

melhoria de 0,1p.p. face a 2007, enquanto o saldo ajustado do ciclo denotou uma subida de

0,3p.p. do PIB. Em sentido inverso, no conjunto da UE e da área do euro, quer o saldo

primário quer o saldo primário ajustado apresentaram reduções em torno de 1p.p.

Analisando a variação do saldo primário corrigido do ciclo, verifica-se um aumento

simultâneo na receita e na despesa corrigidas, sendo o ajustamento da receita total

(+0,3p.p.) superior ao da despesa primária (+0,1p.p.) (Quadro 6).

(27)

Gráfico 25. Receita fiscal e despesa corrente primária ajustadas do ciclo, em Portugal e na área do euro Em % do PIB 28,0 30,0 32,0 34,0 36,0 38,0 40,0 42,0 44,0 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

Despesa corrente primária ajustada do ciclo (Portugal) Despesa corrente primária ajustada do ciclo (Área do euro 15) Receita fiscal ajustada do ciclo (Portugal)

Receita fiscal ajustada do ciclo (Área do euro 15)

Fontes: Comissão Europeia (base de dados AMECO, Abril 2009), INE e Ministério das Finanças e da Administração Pública.

Nota: No caso de Portugal, a receita fiscal também se encontra corrigida de medidas temporárias.

Com efeito, Portugal apresentou, no período de 2005 a 2008, uma tendência crescente

para a receita fiscal ajustada do ciclo, contrastando com o sucedido no conjunto da área do

euro, onde esta receita evidenciou uma relativa estabilização até 2007, tendo mesmo

diminuído em 2008 (Gráfico 25). No caso de Portugal, a evolução da receita fiscal reflecte

os efeitos das medidas discricionárias tomadas em 2005 (nomeadamente, a subida da taxa

normal do IVA em 2p.p. em meados do ano) bem como o aumento da eficiência e eficácia

da administração fiscal, mais notória nos anos seguintes. A despesa corrente primária

ajustada do ciclo, por seu turno, tem vindo a exibir uma evolução idêntica em Portugal e na

área do euro desde 2005, com uma tendência decrescente até 2007 e um aumento em

2008.

Entre 2005 e 2007, Portugal reduziu o défice orçamental em 3,3p.p., prosseguindo

políticas de rigor orçamental, através de reformas estruturais e outras medidas de

natureza discricionária. Embora este esforço de consolidação tenha prosseguido em 2008,

devido à deterioração da situação económica internacional, o objectivo de diminuição do

défice orçamental, previsto na actualização de Janeiro do Programa de Estabilidade e

Crescimento (2008-2011), não se concretizou. Ainda assim, em 2008, Portugal manteve o

défice em percentagem do PIB ao nível do ano anterior, e exibiu, pelo segundo ano

consecutivo, um excedente primário positivo (0,3p.p. do PIB em 2008) (Gráfico 26 e

Gráfico 27).

(28)

Gráfico 26. Saldo global das Administrações Públicas na União Europeia em 2008 Em % do PIB -8,0 -6,0 -4,0 -2,0 0,0 2,0 4,0 6,0 U E AE IE UK RO EL MT LV PL ES HU FR LT EE IT PT SK CZ BE SI AT DE CY NL BG SE LU DK FI

Fonte: Comissão Europeia (base de dados AMECO, Abril 2009).

Gráfico 27. Saldo primário das Administrações Públicas na União Europeia em 2008 Em % do PIB -7,0 -5,0 -3,0 -1,0 1,0 3,0 5,0 7,0 UE AE IE RO UK LV EE LT ES PL MT SK EL FR CZ SI PT HU AT BG IT BE DE LU NL CY SE DK FI

Fonte: Comissão Europeia (base de dados AMECO, Abril 2009).

Em 2008, as despesas com juros aumentaram ligeiramente o seu peso em rácio do PIB, em

0,1p.p., mantendo a tendência de crescimento iniciada em 2006 (Gráfico 28). Esta

evolução da despesa com juros está associada ao aumento do stock da dívida pública e, em

menor grau, à subida das taxas de juro registada na segunda metade do ano (até Outubro).

Este comportamento foi idêntico ao observado na área do euro, onde as despesas com

juros também já tinham subido marginalmente em 2007.

(29)

Gráfico 28. Despesa com juros em Portugal e na área do euro Em % do PIB 2,0 2,2 2,4 2,6 2,8 3,0 3,2 3,4 3,6 3,8 4,0 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 Portugal Área do euro

Fonte: Comissão Europeia (base de dados AMECO, Abril 2009).

Em Portugal, a dívida das Administrações Públicas apresenta, desde 2000, uma tendência

crescente – resultado das crescentes necessidades de financiamento –, com a excepção de

2007, onde se observou uma redução de 1,2p.p., situando-se em 63,5% do PIB (Gráfico

29). Esta evolução em 2007 reflectiu o efeito do saldo primário positivo e do diferencial

negativo entre a taxa de juro implícita na dívida pública e a taxa de crescimento do PIB

nominal (efeito dinâmico).

Gráfico 29. Dívida das Administrações Públicas em Portugal e na área do euro Em % do PIB 50,0 55,0 60,0 65,0 70,0 75,0 80,0 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 Portugal Área do euro

Fonte: Comissão Europeia (base de dados AMECO, Abril 2009).

Em 2008, o rácio da dívida pública aumentou 2,9p.p., quando comparado com 2007,

atingindo os 66,4% do PIB no final do ano. O saldo primário continuou a ser positivo, mas

os outros efeitos superaram este contributo, conduzindo ao incremento da dívida. O efeito

dinâmico e os outros efeitos, nomeadamente os ajustamentos défice-dívida tais como a

regularização de dívidas comerciais, os empréstimos concedidos pelas Administrações

Públicas e as diferenças de valorização resultantes de emissões de dívida abaixo do par

contribuíram para o aumento verificado.

(30)

Na área do euro, a dívida das Administrações Públicas, que desde 2005 apresentava uma

tendência decrescente, inverteu este comportamento com o aumento de 3,3p.p. face a

2007, situando-se em 69,3% do PIB no final de 2008.

No grupo dos Estados-membros pertencentes à área do euro com rácios da dívida mais

elevados encontra-se a Itália (105,8% do PIB), seguida pela Grécia (97,6%), Bélgica

(89,6%), Hungria (73%), França (68%) e por Portugal (66,4%) (Gráfico 30). Para o

conjunto da UE, a tendência decrescente observada até 2007 inverteu-se, tendo o rácio da

dívida atingindo 61,5% do PIB, 2,9p.p. acima do verificado no ano anterior.

Gráfico 30. Dívida das Administrações Públicas na União Europeia em 2008 Em % do PIB -10,0 10,0 30,0 50,0 70,0 90,0 110,0 U E AE EE RO BG LU LT LV SI SK CZ DK FI SE ES IE PL CY UK NL AT MT DE PT FR HU BE EL IT

Fonte: Comissão Europeia (base de dados AMECO, Abril 2009).

II.2. A política orçamental em Portugal

Desde a participação na área do euro e até 2005, Portugal adoptou políticas de cariz

predominantemente pró-cíclico e expansionista, originando as situações de défice

excessivo ocorridas em 2001 e em 2005 (Gráfico 31). A partir de 2005 foram

implementadas medidas e reformas estruturais com o objectivo de corrigir o desequilíbrio

orçamental e fomentar o crescimento económico sustentado. Com efeito, nos anos

seguintes − 2006 e 2007 − a política orçamental executada teve uma natureza restritiva e

mesmo contra-cíclica nesta fase de crescimento económico, permitindo atingir um défice

orçamental inferior a 3% do PIB e um saldo primário positivo em 2007.

(31)

Gráfico 31. Política orçamental e posição cíclica -3,0 -2,0 -1,0 0,0 1,0 2,0 3,0 -3,0 -2,0 -1,0 0,0 1,0 2,0 3,0 Posição cíclica (variação do hiato do produto)

O rient ação d a po lít ica (v ar ia ção d o s al do pr im ár io es tr ut ura l) 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2006 2005 Política restritiva contra-cíclica Política restritiva pró-cíclica Política expansionista pró-cíclica Política expansionista contra-cíclica 2007 1998 2008

Fontes: Banco de Portugal, Comissão Europeia e Ministério das Finanças e da Administração Pública – Relatório de Orientação da Política Orçamental, Maio 2009.

Nota: O hiato do produto é calculado em relação ao produto potencial.

A tendência restritiva da política orçamental manteve-se em 2008, embora se tenha

tornado mais neutra em relação ao ciclo, no contexto da inversão do ciclo económico

ocorrida neste ano. O enquadramento macroeconómico influenciou a situação orçamental,

se bem que de forma mais ténue do que na generalidade dos países da área do euro. Esse

efeito fez-se sentir quer por via dos estabilizadores automáticos com maior efeito no lado

da receita fiscal − levando a uma diminuição, em termos homólogos, da receita fiscal no

último semestre do ano − quer através de medidas discricionárias essencialmente de

apoio social, as quais contribuíram para um aumento da despesa corrente primária neste

ano.

Ainda assim, constata-se que desde 2005 a despesa corrente primária diminuiu 0,5p.p. até

2008. A rubrica que mais contribuiu para este decréscimo foi a despesa com pessoal,

diminuindo 1,6p.p. do PIB no período de 2005 a 2008, resultado da moderada actualização

da tabela salarial e dos efeitos das medidas prosseguidas em matéria de emprego público.

Em sentido contrário, verifica-se o aumento da despesa com prestações sociais que não em

espécie, sobretudo pensões, em 0,7p.p. do PIB, no mesmo período. Em 2008, é de notar,

em particular, a desaceleração da despesa no subsistema Caixa Geral de Aposentações em

resultado da reforma dos sistemas públicos de pensões. Contudo, esta diminuição será

mais notória a longo prazo, contribuindo para a sustentabilidade das finanças públicas, ao

atenuar de forma significativa o crescimento previsível da despesa relacionada com o

envelhecimento da população (Secção O efeito orçamental do envelhecimento da

população em Portugal no contexto da UE).

Neste contexto, no período de 2005 a 2008, o défice orçamental diminuiu de 6,1% para

2,6% do PIB, devido à redução da despesa (-1,8p.p. do PIB) e ao aumento da receita

(32)

(+1,7p.p. do PIB). O mesmo comportamento pode ser observado para o saldo estrutural,

que denota uma melhoria de 2,8p.p. entre 2005 e 2008, tendo subido 0,2p.p. no último ano

(Gráfico 32).

Gráfico 32. Saldos orçamentais Em % do PIB

Fontes: INE e Ministério das Finanças e da Administração Pública – Relatório de Orientação da Política Orçamental, Maio 2009.

Notas: Saldo estrutural corresponde ao saldo global corrigido do ciclo económico e de medidas temporárias.

A condução da política orçamental permitiu, assim, o cumprimento dos objectivos

estabelecidos na actualização de 2005 do Programa de Estabilidade e Crescimento para

Portugal, tendo existido condições, em 2006 e 2007, para aumentar o grau de frontloading

do ajustamento necessário (Gráfico 33).

Gráfico 33. Saldo global das Administrações Públicas Em % do PIB -7,0 -6,0 -5,0 -4,0 -3,0 -2,0 -1,0 0,0 1,0 2,0 2004 2005 2006 2007 2008

Dif (pp) PEC[2005] Actual

Fontes: INE, Ministério das Finanças e da Administração Pública – Relatório de Orientação da Política Orçamental, Maio 2009.

(33)

Pelo lado da receita, o reforço da eficiência e da eficácia fiscal, nomeadamente

através do combate à fraude e evasão fiscais e contributivas;

A reforma da Administração Pública, com os efeitos visíveis de redução da despesa

com pessoal;

A gestão partilhada dos recursos públicos, em particular ao nível da gestão

financeira, de recursos humanos, da frota de veículos do Estado e dos processos de

compras públicas (procurement);

A sistematização e actualização do Programa de Gestão do Património Imobiliário

do Estado (aprovado na Resolução de Conselho de Ministros n.º 162/2008), que

visa o aumento da eficiência e aproveitamento dos recursos públicos de acordo

com a actual organização do Estado;

O reforço da sustentabilidade do Sistema de Segurança Social, que permitiu a

transição da classificação de risco elevado para risco médio, no que respeita à

sustentabilidade das finanças públicas, e a reforma do Sistema Nacional de Saúde.

II.3. O efeito orçamental do envelhecimento da população em Portugal no contexto

da UE

O envelhecimento da população, o qual resulta da combinação do aumento da esperança

de vida com baixas taxas de natalidade, implica desafios económicos, orçamentais e sociais

para o conjunto de países que constituem a União Europeia (UE), elevando o crescimento

da despesa e podendo colocar em risco a sustentabilidade de longo prazo das finanças

públicas.

De acordo com as projecções demográficas divulgadas pelo Eurostat em Abril de 2008, a

alteração da estrutura demográfica na UE implica um aumento significativo do rácio de

dependência

2

, projectando-se uma quase duplicação para o período de 2007 a 2060

(Gráfico 34).

No início de Maio de 2009, o Conselho Ecofin aprovou o terceiro relatório sobre o impacto

do envelhecimento da população na despesa pública dos Estados-membros da UE (Ageing

Report 2009)

3

. Este relatório foi elaborado pelo Grupo de Trabalho sobre o

Envelhecimento da População e Sustentabilidade do Comité de Política Económica e pela

2 Rácio entre a população inactiva (dos 0 aos 14 anos e a partir dos 65 anos) e a população activa (entre os 15 e 64 anos). 3 Disponível em http://ec.europa.eu/economy_finance/thematic_articles/article14761_en.htm. Os exercícios anteriores

(34)

Comissão Europeia e inclui projecções para todos os Estados-membros da UE e para a

Noruega, para o período 2007-2060. O relatório apresenta projecções para a despesa

pública relacionada com o envelhecimento desagregada em despesa em pensões, saúde,

cuidados continuados, desemprego e educação. Assume como pressupostos as referidas

projecções demográficas do Eurostat, bem como hipóteses harmonizadas para a

população activa e para a evolução do cenário macroeconómico em cada um dos

Estados-membros.

Gráfico 34. Rácio de dependência

Em percentagem 20 25 30 35 40 45 50 55 60 2007 2010 2015 2020 2025 2030 2035 2040 2045 2050 2055 2060 PT EU EA

Fonte: EUROSTAT, EUROPOP(2008).

As projecções apontam para um aumento da despesa pública relacionada com o

envelhecimento de cerca de 4,7 pontos percentuais (p.p.) do PIB até 2060 na UE e de mais

de 5p.p. na área do euro, reflectindo, em especial, a evolução projectada para as despesas

relacionadas com pensões, cuidados de saúde e cuidados continuados (Quadro 7).

Quadro 7. Evolução esperada da despesa pública relacionada com o envelhecimento Em percentagem e pontos percentuais (variação) do PIB

Variação Variação Variação Variação Variação Variação

2007 2007-60 2007 2007-60 2007 2007-60 2007 2007-60 2007 2007-60 2007 2007-60

Portugal 11,4 2,1 7,2 1,9 0,1 0,1 1,2 -0,4 4,6 -0,3 24,5 3,4

União Europeia 10,2 2,4 6,7 1,5 1,2 1,1 0,8 -0,2 4,3 -0,3 23,1 4,7

Área do euro 11,1 2,8 6,7 1,4 1,3 1,4 1,0 -0,2 4,2 -0,3 24,3 5,2

Pensões Saúde Cuidados Continuados Desemprego Educação Total

Fonte: EPC and EC (2009), The 2009 Ageing Report.

No quadro deste exercício, Portugal está no grupo dos países com perspectivas de um

aumento moderado na despesa em pensões nas próximas décadas. Contudo, relativamente

(35)

deste tipo de despesa. No entanto, há que ter em consideração que a comparabilidade

internacional desta despesa apresenta algumas limitações, devido, em parte, à não

uniformização da definição deste tipo de despesa, sendo frequentemente classificada

como despesa de saúde em vez de cuidados continuados.

É ainda de assinalar a grande dispersão da variação da despesa pública associada ao

envelhecimento, com aumentos superiores a 12p.p. do PIB no Luxemburgo, Grécia e

Eslovénia, diminuição na Polónia e aumentos marginais na Estónia e Letónia (Gráfico 35).

Gráfico 35. Acréscimo na despesa pública relacionada com o envelhecimento na UE

E

m pontos percentuais do PIB

-2,4 0,4 0,4 1,6 2,6 2,6 2,7 3,1 3,4 3,7 4,1 4,7 4,8 5,1 5,2 5,2 5,4 5,5 6,3 6,9 7,9 8,9 9,0 9,4 10,1 10,210,8 12,1 15,9 18,0 -5,0 0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 PL EE LV IT DK SE FR AT PT BG HU E U 27 DE UK SK E A 16 LT CZ FI BE NO IE ES NL RO MT CY SI GR LU

Fonte: EPC and EC (2009), The 2009 Ageing Report

Comparando as projecções actuais com as publicadas no Relatório sobre o

Envelhecimento de 2006, a evolução esperada da despesa total com o envelhecimento no

conjunto dos países pertencentes à UE é ligeiramente superior (em cerca de 0,5p.p.) no

horizonte temporal considerado. No entanto, existem diferenças significativas entre

Estados-membros.

Gráfico 36. Custo total do envelhecimento 2050-2007

Ageing Report 2009 vs. Ageing Report 2006 (p.p. do PIB)

-4,0 -2,0 0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0 14,0 16,0 -8,0 -4,0 0,0 4,0 8,0 12,0 16,0 R ela rio d e 20 09 Relatório de 2006 BE CZ DK DE EE IE GR ES FR IT CY LV LT LU HU MT NL AT PL PT SK FI SE UK Sl

(36)

De acordo com este gráfico, os países podem ser agrupados em três grupos distintos,

tendo em conta a evolução face ao último relatório. Os países cuja despesa aumenta de

forma mais acentuada, aqueles que registam aumentos moderados e os registam

aumentos menores, em geral por terem adoptado reformas estruturais nos seus sistemas

de pensões, diminuindo de forma substancial a despesa total com o envelhecimento. No

primeiro grupo, com um aumento significativo encontram-se: Luxemburgo, Grécia,

Estónia, Malta, Áustria, Polónia e Lituânia, elevando o risco de sustentabilidade das

finanças públicas, ceteris paribus. Os casos da Bélgica, Alemanha, Espanha, Itália, Letónia,

Países Baixos, Eslovénia, Eslováquia e Finlândia pertencem ao segundo grupo e, o último

conjunto de países, com menor crescimento da despesa, é constituído pela República

Checa, Dinamarca, Irlanda, França, Chipre, Hungria, Portugal, Suécia e Reino Unido.

O caso de Portugal

Para Portugal, o Ageing Report 2009 apresenta um custo associado ao envelhecimento da

população traduzido num aumento da despesa pública de 3,4p.p. do PIB entre 2007 e

2060. Este valor é significativamente inferior ao custo estimado no Relatório de 2006, que

apontava para um acréscimo de 10,1p.p. do PIB entre 2004 e 2050 (Gráfico 37).

As novas projecções reflectem essencialmente a revisão em baixa no acréscimo da despesa

pública em pensões, enquanto que para as despesas em saúde se projecta um aumento

mais notório do que no exercício anterior. As restantes despesas associadas ao

envelhecimento da população continuam a apresentar um contributo marginal ou até

mesmo negativo para a evolução da despesa pública a longo prazo.

Gráfico 37. Acréscimo na despesa pública relacionada com o envelhecimento

Ageing Report 2009 (2060-2007) vs. Ageing Report 2006 (2050-2004)

-2 0 2 4 6 8 10 12 O T A L n s õ e s S a ú d e a d o s u a d o s c a ç ã o io s d e p re g o d if e re n ça e m p .p . d o P IB 2006 2009

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