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Discurso do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, na cerimônia de entrega do Selo Combustível Social

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Discurso do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, na cerimônia de entrega do Selo Combustível Social

Palácio do Planalto, 17 de novembro de 2005

Meu caro Miguel Rossetto, ministro do Desenvolvimento Agrário, Embaixadores acreditados junto ao meu governo,

Marisa,

Ministra Dilma Rousseff, Ministro Hélio Costa,

Governador Marcelo Miranda,

Nosso querido prefeito de Palmas, Raul Filho, Deputada Terezinha Fernandes,

Deputados Beto Albuquerque, Fernando Ferro e Orlando Desconsi, Empresários,

Trabalhadores,

Meus amigos e minhas amigas.

O problema é que meu discurso já foi feito pelo Miguel Rossetto e eu agora vou ter que falar de improviso aqui Miguel, o Jório falou, o Embaixador também falou parte do que eu queria falar, só o Manoel que não falou porque eu não ia cobrar de mim mesmo, como ele resolveu cobrar.

Possivelmente tem muita gente no Brasil que ainda não adquiriu a dimensão do que significa este projeto do biodiesel. Tem muita gente que, possivelmente, ainda não parou para pensar que nós estamos consolidando no Brasil uma alternativa energética que, quem sabe daqui a 20 ou 30 anos, o mundo inteiro irá se dar conta dos passos que o Brasil está dando nesses últimos dois anos.

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dois anos. Entre pensar e fazer, estruturar, chamar os especialistas, formatar a idéia, definir o projeto, definir a política, fazer o projeto de lei e depois outro projeto de lei desregulamentando, tirando tributos para que a gente possa priorizar algumas regiões do país, tudo isso faz menos de dois anos.

Eu não vou fazer um desafio para o Rossetto porque indiretamente eu iria desafiar a Dilma, mas posso dizer para vocês que nós estamos sendo pessimistas entre o B-2 e o B-5 ou, possivelmente, não estejamos sendo pessimistas, possivelmente estejamos sendo mais realistas do que o rei.

Eu acho que a exigência do mundo, hoje, por opções de combustíveis vai exigir que nós ultrapassemos algumas etapas que estão previstas no projeto bem montado e bem coordenado pela companheira Dilma e, hoje, sob a coordenação do nosso companheiro Silas e do nosso companheiro Miguel Rossetto.

Eu tenho conversado com muitos presidentes da República e tive o prazer de almoçar com o presidente Bush na Granja do Torto, há 15 dias, e grande parte do assunto da nossa discussão era a produção de uma matriz energética renovável, menos poluente, mais geradora de empregos e que não tivesse um fim, já imaginado por todos nós.

Dizia ele que tentar produzir biodiesel nas condições em que eles, Estados Unidos e outros países estão produzindo, ficaria muito mais barato se resolvessem estabelecer parcerias com empresas brasileiras. E nós então começamos a produzir a partir de uma coisa que Deus legou a este país: terra, sol e água, a competência dos agricultores brasileiros produzirem, a competência dos empresários brasileiros de não perder a oportunidade e enxergar um momento histórico, de entrar em uma coisa nova. E, se eu pudesse pedir ao companheiro Stuckert, que é fotógrafo, que viesse aqui na frente tirar uma fotografia do Plenário, porque normalmente só se tira da nossa cara, aqui, é importante tirar das pessoas. E por que eu quero essa foto, Stuckert? Porque nós vamos voltar a conversar nos próximos anos e nós

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vamos perceber o momento histórico que estamos construindo hoje no Brasil. Além de consolidar uma nova política energética neste país, criar uma alternativa, nós estamos dizendo, aqui: primeiro, estamos dando oportunidade, em parceria com empresários e com os trabalhadores, de que todos poderão produzir biodiesel em qualquer lugar do Brasil. Mas aqueles que tiverem mais sensibilidade, que quiserem contribuir para diminuir o sofrimento de milhões de brasileiros mais pobres deste país, que quiserem ajudar a desenvolver as regiões mais pobres do Brasil, esses terão algum privilégio, esses terão benefícios especiais para que sejam motivados a ir fazer investimentos onde ninguém nunca quis fazer, a não ser a indústria do carro-pipa, a não ser a indústria da seca.

Então, o que nós estamos fazendo, aqui, é dizendo à sociedade brasileira e ao mundo: é um projeto de produção de biodiesel, mas é um projeto, sobretudo, que tem uma visão social consolidada desde o nascimento até o envio dos projetos ao Congresso Nacional e até as parcerias consolidadas com o selo social que foi entregue aos empresários aqui presentes.

Eu me lembro, companheiro Manoel, que o álcool não foi uma política... as pessoas não plantaram cana para produzir álcool. As pessoas plantaram cana para produzir açúcar no Brasil. Depois, em função da oscilação do mercado, produziu-se tanta cana que era preciso encontrar uma solução e, graças a Deus, alguém pensou na produção de álcool. E você sabe que era um setor que estava falido, era um setor totalmente desacreditado há poucos anos, era um setor que já era tido como impossível de ser recuperado para transformar o etanol em combustível e, em apenas três anos, com muita conversa e com muitos acordos, este ano 65% dos carros comprados no mercado interno foram flex-fuel. Foram carros tocados a gasolina, tocados a álcool, não apenas a mistura de 25%, mas um carro que pode ter o tanque 100% de gasolina e 100% de álcool a qualquer momento. E aí se estabeleceu

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uma relação de confiança entre o governo e os empresários, empresários e governo, para que, no momento em que definíssemos a necessidade de a indústria brasileira voltar a utilizar o álcool como combustível e não ficar

dependendo de políticas de favores do governo – aumenta de 24 para 25,

baixa de 25 para 20 a adesão de combustível, do álcool na gasolina – nós

resolvemos dizer: este país, definitivamente, vai utilizar o álcool como um combustível alternativo para o nosso país.

E hoje nós temos uma política consolidada e não queremos que ela fique apenas no Brasil. Nós queremos que ela se espraie pela América do Sul, nós queremos que ela se espraie pela América Latina e nós queremos que ela se espraie pela África. Porque na verdade, como esses países não detêm grandes tecnologias e não detêm dinheiro, nós precisamos dar para esses países as chances de sobreviverem fornecendo matérias-primas onde os países ricos não têm poder de competitividade conosco.

Ora por causa das intempéries, ora porque fica muito mais caro produzir as coisas que nós produzimos muito mais barato, aqui no Brasil, nós precisamos, Manoel, estabelecer uma relação em que não cometamos os mesmos erros que cometemos com os trabalhadores da cana-de-açúcar. Ou seja, nós estamos tentando nesses últimos tempos, e o Miguel Rossetto tem tido uma participação muito forte nisso, de tentar convencer, e aqui a demonstração de que as coisas já estão acordadas, é de que só tem sentido

este projeto se a gente não repetir – nem para os empresários, nem para os

trabalhadores – os erros que nós cometemos em outros projetos no Brasil. Portanto, nós vamos tentar, e quero te dizer que enquanto eu for Presidente, você me terá como parceiro, para que a gente sempre tente, numa mesa de negociação, de forma muito ajuizada e equilibrada, encontrar as soluções que possam permitir aos empresários produzir, que possam ganhar o seu dinheiro, que os trabalhadores possam trabalhar e possam viver condignamente, sem o banco cobrar uma taxa que você apresentou aqui,

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agora.

Eu estou convencido de que o dia de hoje marca definitivamente a consolidação do Programa do Biodiesel no Brasil e estou convencido de que todos nós, estou vendo aqui todo mundo mais novo do que eu, mesmo os que parecem mais velhos que eu, de que todos nós viveremos pelo menos dez anos mais, para que a gente assista o significado e a importância que o biodiesel vai ganhar no mundo. E ganhando importância no mundo, nós vamos perceber que poucos ou nenhum país tem as condições de produção que o Brasil tem para atender uma demanda, não apenas interna, mas uma demanda internacional.

Nós precisamos, companheiro Miguel Rossetto, fazer com que os acordos entre trabalhadores e empresários sejam uma coisa tão consolidada que a gente não tenha que estar correndo atrás de prejuízos daqui a três ou quatro anos. E temos que fazer também os empresários entenderem que os acordos que estamos fazendo não vão fazer com que nenhum empresário, amanhã, fique na rua da amargura porque o governo não assumiu o compromisso de criar as condições para que os produtos tenham mercado e para que a gente garanta, através dos instrumentos do Estado, da BR sobretudo, que essa mercadoria seja comprada definitivamente.

O leilão vai acontecer e nós vamos consolidar definitivamente. E quero dizer em alto e bom som: se alguém, em algum momento, imaginou que o Programa do Biodiesel era apenas um sonho, era apenas uma peça, era apenas uma coisa de campanha eleitoral ou mais um projeto do governo, eu quero dizer que não é um sonho, não é mais um projeto, é “o projeto” e um grande projeto porque ele será, definitivamente, a forma pela qual o Brasil estará totalmente independente nessa questão de energia.

Eu não poderia deixar de parabenizar a Dilma Rousseff porque eu me lembro como se fosse hoje: a primeira pessoa que falou comigo do biodiesel foi o Roberto Rodrigues. Entrou na minha sala e falou: Presidente, eu fui num

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encontro e, olha, tem uma coisa revolucionária que é o biodiesel. Nós montamos uma reunião com vários ministros e colocamos a companheira Dilma como coordenadora do Programa. Mais de 80 pessoas participaram da elaboração do projeto. Quando o projeto estava pronto, fizemos um projeto-de-lei, mandamos para o Congresso, tivemos o apoio dos deputados, das deputadas, dos senadores, das senadoras, e esse projeto, hoje, está se consolidando definitivamente. Certamente a história irá explicar melhor este momento que estamos vivendo hoje, e um país como o Brasil, que não tem apenas a mamona, que não tem apenas a palma, que não tem apenas a soja, que não tem apenas o caroço de algodão, que não tem apenas a semente de girassol, e que tem tantas outras coisas, que a gente ainda está pesquisando, e se Deus quiser, a Embrapa, as empresas, a própria Petrobrás, com os seus centros de pesquisa, vão fazer com que o Brasil tenha uma quantidade tão grande de alternativas para adequá-las a cada região do país, que o Brasil será o mais importante produtor de biodiesel do planeta Terra.

Muito obrigado, boa sorte e, companheira Dilma, meus parabéns; Miguel Rossetto, meus parabéns.

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