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Analise e Poemas-Mensagem

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Academic year: 2021

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Análise de alguns poemas de “MENSAGEM” Brasão

Bellum sine bello II. Os Castelos Primeiro / Ulisses

Mito – algo que não corresponde à realidade; serve como explicação para a realidade; chega a confundir-se com a realidade;

Nada – enquanto não é explicado;

Tudo – a partir do momento em que o desvendamos; passa a ser uma revelação;

Brilhante – algo que chama a atenção; sinónimo de luz; Sol como mito que é mudo se não o percebemos, se não

conseguimos olhar para ele; brilhante a partir do momento em que o percebemos;

Morto – enquanto não o vemos e não o conseguimos explicar; a partir do momento em que o concretizamos (Cristo) torna-se vivo; Ulisses - a sua importância veio de ser um fundador mítico; foi suficiente para nós sem existir, fundou a cidade de Lisboa;

A lenda é repetida ao longo do tempo e vai entrando na realidade; O mito enriquece a realidade; acrescenta-lhe coisas;

A vida sem o mito fica reduzida a metade; a vida morre e o mito permanece – o mito imortaliza;

É como se existissem níveis diferentes para o mito (em cima) e para a realidade (em baixo).

Síntese: o poeta utiliza o nome de Ulisses, fundador mítico de Lisboa, pela sua identificação com a coragem, o instinto

guerreiro e a ligação ao mar. Também os portugueses se vão revelar como um povo heróico e guerreiro, construtor do império marítimo. O mito é apresentado no poema de forma paradoxal, é o nada enquanto está por desvendar e o tudo quando revelado e explicado, desvenda a verdade.

Sexto / D. Dinis

Importância dada à arte e à escrita; D. Dinis incentivou ao culto das letras;

D. Dinis mandou plantar o pinhal de Leiria que mais tarde iria, a sua madeira, servir para construir as naus(possível visão metafórica); “silêncio múrmuro” – silêncio interior, dentro dele;

“cantar, jovem e puro” - cantar de todo um povo, toda uma nação; “busca o oceano por achar” – oceano desconhecido, com

potencialidades desconhecidas porque ainda ninguém o explorou; “marulho obscuro” – não se descodifica ainda;

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“mar futuro” – realidade desse mar que está por descobrir (no futuro);

Terra que se quer expandir, o mar é o que resta, por onde a terra se quer expandir;

Comparação do rumor dos pinhais com o trigo – aproximação da terra com o mar – a ambição dos portugueses é tão grande que têm de se expandir para o mar;

Ondulação do trigo – ondulação do mar.

Síntese: D. Dinis, personagem histórica, assume um papel de dupla importância: o incentivo das letras e da cultura, com o seu próprio contributo como poeta e, por outro lado, o de preparar as grandes viagens marítimas com a célebre

plantação do pinhal de Leiria. D. Dinis foi o poeta que sonhou e concretizou o sonho, que lançou as sementes dos

descobrimentos marítimos, ou seja, é realçada a sua capacidade de visionário.

III. As Quinas

Quinta / D. Sebastião, Rei de Portugal Dá-se importância à loucura;

Loucura ligada à ideia de que é alguém que vai à procura, que quer mais; sonho;

Grandeza pela qual temos que lutar; alguém que pretende ir mais além sem esperar pela sorte;

D. Sebastião fala na 1ª pessoa;

Aquilo que ele tinha por certo era maior do que ele próprio;

No areal ficou o corpo que houve (enquanto figura histórica); aquilo que ele representava permaneceu (mito);

Que outros peguem na loucura dele;

Sem a loucura, o Homem é incompleto, é apenas um animal, vive para morrer e para além disso procria;

Sem o mito, o Homem fica reduzido a metade;

Fernando Pessoa espera um império espiritual constituído por uma reconstituição da cultura – Quinto Império.

Síntese: Fernando Pessoa caracteriza D. Sebastião apontando a loucura como busca da grandeza. Desejar o impossível é loucura mas é a única forma de se conseguir realizar algo de importante. D. Sebastião representa o próprio Portugal, um Portugal moribundo que se pretende ressuscitar. Valoriza-se o herói pela sua atitude de recusa de favores da sorte. O poeta acentua a diferença entre o que houve que corresponde à realidade e o que há que corresponde ao mito, o que perdura,

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o sonho de grandeza, a memória que permanece. Mar Português

Possessio Maris Primeiro / O Infante

Existência de uma tríade perfeita: a obra nasce do sonho (grandeza de espírito), do Homem e da vontade de Deus;

“Deus quis que a terra fosse toda uma” – exemplo para provar que a tese é verdadeira; que não houvesse diferenças, que a terra se

unisse;

Foi através do mar que Portugal deu a conhecer novos mundos ao mundo; o mar deixou de ser um obstáculo;

O poeta trata o Infante por tu – ideia de cumplicidade e emotividade; “foste desvendando” – perifrástica; ideia de continuidade – remete para os obstáculos que tiveram de enfrentar;

“orla branca” – sinónimo de visibilidade, luminosidade; aquilo que é desconhecido passa a ser conhecido;

“Clareou, correndo, até ao fim do mundo” – ideia de que o mundo era mais pequeno antes dos Descobrimentos;

“azul profundo” – azul do mar; adjectivo restritivo;

Há sempre a ideia da intervenção divina; necessidade de recorrer àquilo que transcende o Homem para explicar o próprio Homem; Infante – simboliza um herói colectivo (povo português); os portugueses fizeram com que se conhecesse o mundo;

“Cumpriu-se” – a missão dos portugueses era predestinada; “o Império se desfez” – decadência;

“Senhor, falta cumprir-se Portugal!” – o Império desfez-se mas Portugal ainda existe → subjacente à ideia de Quinto Império (império espiritual).

Síntese: o poeta apresenta uma concepção messiânica da História, apresentando o sopro criador do sonho como resultado de uma lógica em que Deus é a causa primeira, o Homem o intermediário e a obra o resultado final. A esta visão equivale aquilo que n’Os Lusíadas aparece como narrativa épica dos Descobrimentos, das façanhas do povo corajoso que é o povo português, das glórias e das tormentas por que

passou.

Segundo/ Horizonte

O título do poema Horizonte evoca um espaço longínquo que se procura alcançar, funcionando, assim, como uma espécie de metáfora da procura, como um apelo da distância, do “longe”, à eterna procura dos mundos por descobrir e simboliza a verdade do conhecimento.

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No primeiro verso da primeira estrofe Pessoa através da apóstrofe, invoca o “mar anterior a nós”, ou seja, o mar das trevas (mar da idade média), o mar ainda não descoberto mostrando-nos a grande admiração que este tem pelo mesmo e, o pronome pessoal “nós” refere-se ao povo português que tinha “medos” mas que mesmo assim conseguiu descobrir “coral, praias e arvoredos”.

Encontramos nos restantes versos da primeira estrofe uma oposição que refere este tal “mar anterior”, o mar anterior aos descobrimentos, através de substantivos como “medos”, “noite e a cerração”, “tormentas” e “mistério” que remetem para a face oculta da realidade; e que, através de palavras como “coral praias e arvoredos”, “desvendadas”, “Abria” e “Splendia”, que contêm a ideia de descoberta, refere o mar posterior aos Descobrimentos.

Ainda na primeira estrofe do poema há a referência ao “sul siderio” que é o sul celeste, o sul onde se situavam as serras mais baixas, o sul que “esplendia” sobre as “naus da iniciação”, sobre as naus portuguesas que, impulsionadas pelos ventos do sonho, da esperança e da vontade, abriram novos caminhos e deram início a um novo tempo descobrindo a maior parte das terras desconhecidas. Esta referência à navegação no hemisfério sul na 1ª estrofe é caracterizada por um estado de euforia.

Em suma, a mensagem que esta estrofe nos pretende passar é que o “mar anterior” que os portugueses temiam por ser desconhecido, foi desvendado, tiraram-lhe a “noite” e revelou-se então o seu mistério. Abriu-se esse conhecimento quando as naus dos iniciados viajaram para Sul.

A segunda estrofe do poema é sobretudo descritiva, sendo que, esta descrição é feita através da sucessiva aproximação do longe para o mais perto: “A linha severa longínqua/Quando a nau se aproxima” e “o Longe nada tinha/Mais perto abre-se a terra”. Nesta estrofe o abstracto torna-se concreto.

A “linha severa na longínqua costa” representa as tais terras desconhecidas, mas que “quando a nau se aproxima ergue-se a encosta em árvores” conseguiram ser alcançadas pelos portugueses, esta encosta são, então, todos os lugares onde os portugueses marcaram a sua presença.

Por fim, na última estrofe, Pessoa aproveita o balanço do raciocínio anterior e chega à conclusão que podia equiparar o sonho a ver essas “formas invisíveis da distância imprecisa”, ver para além do que o que os nossos olhos alcançam e “buscar na linha fria do horizonte a árvore, a praia.. os beijos merecidos da Verdade”. O sonho é o mito que é o tudo desde que determinadas forças se

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desocultem, desde que se defina uma “abstracta linha” (v.12) que, neste caso, representa o mar português como o “mito é nada que é tudo” do poema “Ulisses” que pertence à primeira parte da Mensagem. O uso do verbo ser no presente do indicativo confere aos versos intemporalidade.

Nos versos 16 e 17 há uma passagem do abstracto ao concreto reforçado pela acumulação de nomes concretos como “árvore”, “praia”, “flor”, “ave” e fonte que servem para alcançar um estádio de natureza suprema.

O poema acaba com o verso “Os beijos merecidos da Verdade” (associar a “Ilha dos Amores” d’ Os Lusíadas) que nos mostra que os portugueses são dignos de receber a verdade do conhecimento oculto, o tal horizonte.

Este poema mostra-nos Pessoa como um nacionalista místico mas, por outro lado pessimista, apesar de apenas nos deparamos com as lágrimas e sofrimento de Portugal através de raras expressões como “noite e cerração”, “tormentas”, “distância imprecisa” e “linha fria do horizonte”.

Décimo / Mar Português

“quanto do teu sal / São lágrimas de Portugal!” – hipérbole; o sofrimento implicado foi enorme;

“Quantos filhos em vão rezaram!” – rezaram mas eles não voltaram; “Quantas noivas ficaram por casar” – muitas noivas “enviuvaram” mesmo antes de casar;

“Para que fosses nosso, ó mar!” – para que o mundo fosse nosso em troca muitas mães choraram, muitos filhos em vão rezaram e muitas noivas ficaram por casar → teoria do heroísmo (o herói para o ser tem que sofrer);

“Valeu a pena? Tudo vale a pena / Se a alma não é pequena” – se a alma tiver a grandeza que era característica de D. Sebastião; a alma só é grande quando existe o sonho, a vontade de ir mais além;

“Quem quer passar além do Bojador / Tem que passar além da dor.” – teoria do heroísmo → era preciso sofrer, ultrapassar muitos

obstáculos;

“Deus ao mar o perigo e o abismo deu, / Mas nele é que espelhou o céu.” – o mar representa o perigo e o abismo, mas nele é que se reflecte o céu – o herói enfrenta o perigo e o abismo mas depois também acede à felicidade.

Síntese: o poema revela através da apóstrofe inicial a emotividade que associa o mar e as lágrimas. Apresenta a

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teoria do heroísmo também presente n’ Os Lusíadas e segundo a qual a glória se atinge depois de ultrapassado o sofrimento. O mar é o elemento simbólico da conquista suprema dos

portugueses e é ao mesmo tempo elemento conciliador entre aquilo que é o prazer absoluto, o poder da descoberta e o obstáculo a ultrapassar que, inevitavelmente, conduz ao sofrimento.

O Encoberto Pax in excelsis I. Os Símbolos

Primeiro / D. Sebastião

Presença de Deus – entidade mítica que está num plano acima dos homens;

Sonhar – mito; apesar de Deus estar acima dos homens, deixa-nos sonhar; o Homem quer ter o papel de Deus (transcende-se);

“Que importa o areal e a morte e a desventura / Se com Deus me guardei?” – interrogação retórica – põe em causa o passado histórico; o que importa a morte se o sonho permaneceu?;

“eu” – identificado com o sonho, que é eterno;

“É Esse que regressarei.” – crença no regresso de D. Sebastião (sebastianismo) – é o mito que regressa.

Síntese: o poeta afirma a crença no regresso de D. Sebastião. Desta forma, prepara-se para a missão a cumprir. A afirmação da existência de Deus e o chamamento divino remetem para o messianismo presente no sebastianismo.

Segundo / O Quinto Império

O poeta caracteriza as pessoas que vivem em casa num sentido antitético;

Triste de quem se contenta com aquilo que é imediato;

Alguém que não tem sonhos, alguém que vive a vida de forma incompleta;

Falta ao tal homem a “asa” que lhe permita concretizar o sonho; Lareira: conforto, bem-estar;

O homem que vive contente com aquilo que tem se tivesse um sonho poderia voar, ir mais longe;

Quem é feliz é porque se contenta com pouco, é permanentemente feliz com o imediato;

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A alma deste homem não possui mais nada a não ser a espera da morte;

O tempo vai passando;

Transmite a ideia de que o descontentamento é característica do homem, ser descontente é querer sempre mais;

O nosso sentido da visão não vê; aquilo que realmente vê é a alma; Implícita a ideia da existência de quatro impérios;

Algo vai renascer: renovação, luminosidade, caminho do conhecimento;

Implícita a ideia de esperança no futuro; “Dia claro” é a sucessão da noite;

Estes quatro impérios vão dar lugar ao Quinto Império

(verdadeiramente um império espiritual); Tudo passa com o tempo. Morreu D. Sebastião histórico, mas ficou o mítico para dar

continuidade.

Síntese: Pessoa considera que tradicionalmente existem

quatro impérios materiais: o da Babilónia, o Persa, o da Grécia e o de Roma. De acordo com o esquema português, os

impérios são espirituais; o primeiro é o da Grécia que simboliza a civilização ocidental e a origem do que somos espiritualmente; o segundo é o de Roma que se relaciona com a formação da língua; o terceiro é o da Cristandade que

constitui a referência religiosa e moral do ocidente; o quarto é o da Europa laica depois da Renascença. O Quinto Império terá de ser então o de Portugal representando a nova civilização universal.

II. Os Avisos

Terceiro/ “Screvo meu livro à beira-mágoa”

“à beira mágoa” – duplo significado → mágoa provocada pelo império que se desfez e por estar triste, desiludido, nostálgico em relação à grandiosidade do passado;

O coração não tem nada que o preencha – sente-se vazio; Água das lágrimas;

Dirige-se a Deus, razão de viver dele – o que o faz viver é a esperança, o sonho, a crença na concretização do sonho; Os dias dele são vazios;

O que preenche os dias dele é o sentir e o pensar em Deus – cumplicidade entre ele e Deus;

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Cristo – é aquele que concretiza Deus; morre e ressuscita para nos salvar, assim com D. Sebastião sob a forma de mito;

Este Messias vem despertar o Quinto Império;

D. Sebastião: o mito antes de ser descodificado tem algo de obscuro; Deus deu-lhe a vida e ele para já é apenas isso → o que completa a vida do Homem é o sonho e a concretização desse sonho;

A esperança manifesta-se desde início; quando voltar D. Sebastião, a esperança transforma-se em amor à pátria renovada;

A pátria sente saudade desde que D. Sebastião morreu; D. Sebastião é sonho.

Síntese: o poeta apresenta-se triste e desiludido perante a realidade do mundo e do seu país. Por outro lado, conserva a esperança do regresso de um D. Sebastião mítico e desse

modo atenua o sofrimento. Podemos então concluir que todo o percurso do poema vai do desespero à esperança. A esperança num futuro em que o sonho se concretize. As interrogações sucessivas mostram a urgência do poeta em saber quando chegará o Encoberto, o D. Sebastião mítico que representa a esperança e a concretização do sonho.

III. Os Tempos Quinto / Nevoeiro

Clima de aborrecimento;

Neste momento, Portugal não é nada que se distinga do resto da terra; passa-nos despercebido;

Portugal cada vez mais triste;

“Brilho sem luz” → paradoxo – a ideia de brilho remete para a luz; Indefinição das pessoas que constituem o país;

O Homem não está completo;

Ânsia de recuperar o que foram no passado; desejo que D. Sebastião regresse;

Não há nada definido, como se tudo acabasse; perda de identidade que tem a ver com a alma;

Hoje Portugal é indefinição; reticências → esperança; Está na hora de começar a construir um Portugal novo.

Síntese: o poema apresenta um tom de melancolia, reflexo do estado de espírito do s. p. que entristece ao mesmo tempo que vê o seu país perder a identidade. O próprio título remete para algo de indefinido, de obscuro e que antecede a renovação. Finalmente, termina fazendo um apelo a todos os portugueses que considera irmãos, dizendo-lhes que chegou hora de

decidir, de reconstruir, de inovar. Esta esperança do poeta continua a identificar-se com o mito sebastianista que prevê o regresso de D. Sebastião e a constituição do Quinto Império.

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Homem o intermediário e a obra o resultado final. A esta visão equivale aquilo que n’Os Lusíadas aparece como narrativa épica dos Descobrimentos, das façanhas do povo corajoso que é o povo português, das glórias e das tormentas por que

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