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XXXVII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO

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CASO DA ATIVIDADE DOS

OPERADORES DE CAIXA DE UMA

EMPRESA DE GRANDE PORTE, NO

SEGMENTO DE LOJAS DE

DEPARTAMENTOS

Karine Patricia Ramos Drumond (FTDCA)

karinepramos@gmail.com

Guilherme Ribeiro Drumond (FTDCA)

gr.drumond@gmail.com

RENATA MACIEL BOTELHO (CPS)

renatabotelho@hotmail.com

WAGNER COSTA BOTELHO (FTDCA)

wagner_botelho@terra.com.br

A proposta deste trabalho é analisar a atividade dos operadores de caixa focando principalmente na ergonomia física. Com uma abordagem observatória nas posturas de trabalho adotadas, seus movimentos para a execução das tarefas, sua interação com o layout e ferramentas de trabalho, evidencia-se os malefícios da realização do trabalho em postura exclusivamente em pé ou sentado. Com a aplicação de um ckeck-list obteve-se informações qualitativas sobre a organização do trabalho, população dos trabalhadores, aspectos

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cognitivos, posto de trabalho, fatores fisiológicos básicos, e postura de trabalho. Com a aplicação de um questionário de identificação e percepção de dor e desconforto, identificou-se as principais áreas onde os operadores percebem dores e/ou desconforto, resultantes das posturas de trabalho adotadas. Além da identificação das áreas, a pesquisa resultou na frequência do acometimento dos sintomas sobre os operadores por dor ou desconforto. As áreas mais acometidas por dor, dor forte ou desconforto, segundo a percepção dos operadores são: pescoço, cotovelo, antebraço, pulso/mão, coxa, perna, joelhos, tornozelo/pé, ombros, coluna dorsal, coluna lombar e bacia. O trabalho exclusivamente em pé ou exclusivamente sentado, por longos períodos, ou seja, sem a manutenção da flexibilidade postural, resulta em prejuízos à saúde dos operadores. Contudo, o maior prejuízo da coluna vertebral se obtém no trabalho sentado. Dessa forma, não é possível afirmar que os operadores estarão mais confortáveis e seguros, do ponto de vista ergonômico se trabalharem somente sentados, tampouco se trabalharem somente em pé. Os operadores de checkout analisados, porém preferem trabalhar na postura em pé e utilizam o assento apenas quando sentem cansaço nas pernas, tornozelo/pés e joelhos. Essa preferência é a maior prova de busca de minimização da maior lamentação evidenciada pelo estudo: dor ou desconforto nas colunas lombar e dorsal. Há justificativa científica? Na postura em pé é observado o alinhamento correto da coluna, assim, as pressões nos discos intervertebrais são menores. Como recomendações técnicas, foram evidenciadas as necessidades de estudos para realização de mudanças nos postos de trabalho dos operadores para que movimentos executados frequentemente, que promovam flexão, extensão ou torção dos segmentos corporais, sejam evitados, prevenindo assim situações de fadiga. Além disso, a pausa

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ativa ou passiva e principalmente a alternância de postura são instrumentos fundamentais para a prevalência da saúde e conforto físico dos operadores. A aplicação de conhecimentos em ergonomia previne lesões e desc

Palavras-chave: Ergonomia, segurança do trabalho, operador de

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1. Introdução e objetivo

Esse trabalho foi desenvolvido com o objetivo de checar atividade laboral em pé e sentado, de trabalhadores de caixa de loja de departamento, elucidando o paradigma entre o trabalhar sentado e/ou em pé. Essa dicotomia vem da percepção empírica de que comumente se rotula trabalhar sentado como a posição ergonômica mais correta que em pé. Entretanto, o que esse trabalho pretende debater é que essa afirmação depende de variáveis dissociadas, que dependem de fatores como a área disponível para o posto de trabalho, os móveis e equipamentos auxiliares existentes para a execução das atividades, a idade e o sexo dos operadores, bem como o tempo de atuação na função, além das exigências cognitivas da atividade e o tempo de constância na postura sentada.

2. Referencial teórico

Laville (1977) define a ergonomia como sendo os conhecimentos sobre o desempenho do ser humano durante sua atividade laboral.

O Dicionário Michaelis (2015) apresenta trabalho como um grupo de atividades produtivas ou intelectuais exercidas pelo homem para gerar uma utilidade e alcançar um determinado fim. Contudo, do ponto de vista prevencionista, o trabalho do homem não deve significar prejuízos à sua saúde mental e física, assim o estudo da ergonomia e sua aplicação, ganha um enfoque fundamental na prevenção de lesões e desconforto, consequentemente minimizando casos de afastamento do trabalho.

O trabalho de ajuste mútuo entre o homem e o ambiente de trabalho, de modo produtivo e seguro, adaptado às pessoas é para Couto (2014) definição de ergonomia.

A ergonomia definida como ciência, vem estudando as transformações das atividades humanas no trabalho (ZAMBERLAN, 1992).

No Brasil, a ergonomia é tratada por Norma Regulamentadora (NR), especificamente a número 17. A NR 17 (1978 – Rev. 2007) parametriza a adaptação das condições de trabalho

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5 às características fisiológicas e psíquicas dos trabalhadores, a fim de propiciar um máximo de conforto e segurança no desempenho de suas atividades.

Trabalhar pode ser em pé e parado, em pé com movimentos de caminhar, e sentado.

Segundo Couto (2014) todas as posturas de trabalho têm vantagens e desvantagens, sendo que a flexibilidade postural ocorre quando é possível haver variação de postura. O autor cita em sua obra que em 1971, o pesquisador Nachemson realizou um estudo que demonstra a pressão nos discos intervertebrais sendo aproximadamente 50% maior na posição sentada do que na posição em pé. Essa pressão aumenta quanto mais inclinado para frente estiver o indivíduo em seu assento, ou seja, o trabalhador precisa ter conhecimento de como sentar-se corretamente em assento adequado. No entanto, tanto trabalhar em pé como sentado agridem a saúde do trabalhador, entretanto o maior prejuízo da coluna vertebral se obtém no trabalho sentado. Isso porque é mais comum observar a possibilidade de alternância de postura de em pé para sentado na execução de tarefas laborais do que o oposto, sentado para em pé.

A NR 17 propõe que o trabalho, sempre que possível, seja executado na posição sentada, e que o posto de trabalho seja adaptado para esta posição.

Tarefas administrativas geralmente são realizadas em postura sentada em frente ao computador, levando ao sedentarismo. A tecnologia trouxe benefícios como acessibilidade rápida à informação, porém, em contrapartida reduziu drasticamente a mobilidade laboral. Trabalhar em pé gera menor pressão nos discos intervertebrais do que sentado. No entanto por longos períodos gera varizes.

A NR 17 determina que, devem ser colocados assentos para descanso em locais de uso comum a todos os trabalhadores durante as pausas. Isso favorece a alternância postural. Fontoura (2016) realizou um estudo em uma lavanderia hospitalar e identificou queixas sobre o trabalho em pé, sem a possibilidade de alternância de postura.

Vidotti (2016) pesquisou o trabalho de comissários de bordo e constatou que posturas instáveis, como agachamento, e ficar em pé por longos períodos, aumentam as desordens musculares relacionadas ao trabalho.

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6 Chambriard (2016) considera que o corpo se adapta a todas as formas de trabalho, porém, se deve tomar cuidado para que a má postura não prejudique a saúde. Isso pode ser observado no estudo de Pimenta (2016), ao afirmar que, uma pessoa que trabalha atrás de um balcão vai se sentir cansada mais rápido do que um professor que movimenta todo o corpo mais vezes. Lemos, L. C. et al. (2014), em um estudo com motoristas de caminhão, observou que a maior prevalência de dor foi na coluna vertebral, isso relacionado à tensão e fadiga por desconforto ao dirigir e a fatores ligados diretamente à organização do trabalho, como a ausência de pausas.

Aguiar (2015) realizou uma pesquisa que mediu os sintomas de dor, obtendo como resultado acometimentos de doenças osteomusculares entre profissionais dentistas em elevado número. O autor em seu estudo apresenta que a escolha da postura em pé para esses profissionais, muitas vezes, se justifica pelo fato de que as curvaturas da coluna estão no alinhamento correto e, assim, as pressões nos discos intervertebrais são menores do que na posição sentada.

No entanto, manter-se em pé e imóvel, traz a aparição de varizes, decorrente do acúmulo de sangue nos membros inferiores e tensão muscular. Portanto, a incidência de dores lombares é menor quando há alternância entre as posições sentada e em pé.

Estudos foram realizados por Massambani e Santos (2001), com 80 alunos de um curso universitário no laboratório de microscopia, concluindo-se que além do projeto mobiliário não estar adequado às necessidades dos alunos, o longo período na postura sentada também favoreceu a percepção de dor e desconforto por parte dos mesmos.

O assento deve permitir mudanças frequentes de postura, para retardar o aparecimento da fadiga (LIDA, 1990).

Trabalhar sentado traz como consequência, tensão nos músculos do pescoço, além de favorecer a fraqueza muscular dos grupos envolvidos por ser tratar de trabalho sedentário (COUTO, 2014).

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7 Este trabalho analisou detalhadamente o trabalho de operadores de caixas de loja de departamento, também chamados pela NR-17 de operadores de checkout, de uma organização de grande porte, com aproximadamente 8,5 mil colaboradores por todo o Brasil.

Para a realização desse trabalho, aproximadamente 30 unidades da organização foram inspecionadas, com o objetivo de identificar a sintomatologia dos operadores de caixa, que trabalham sentados, com flexibilidade em alterar a postura sentada para em pé e vice-versa. A postura em pé tem a preferência durante a maior parte do tempo da execução das atividades.

3. Procedimentos metodológicos

A metodologia utilizada teve como objetivo compreender as atividades desenvolvidas pelos operadores de caixa, na obtenção de informações sobre a organização do trabalho, a população dos trabalhadores, os aspectos cognitivos, o posto de trabalho, os fatores fisiológicos básicos e a postura do trabalhador.

Para tanto, foi realizado um levantamento da população de operadores de caixa da organização, bem como das áreas e atividades laborais destes, através de vistorias nas áreas, identificando a forma de exposição dos trabalhadores aos agentes ergonômicos objetos desse trabalho.

A aplicação de um check-list foi fundamental para o levantamento das características dos ambientes, mobiliário e postos de trabalho, com a finalidade de identificar as atividades, os métodos e processos de trabalho e as operações de rotina intermitentes e eventuais.

Finalizando com análise dos resultados, oriundos das etapas anteriores, levando as conclusões e recomendações técnicas.

4. Desenvolvimento

O sistema de trabalho da organização em estudo é o autosserviço, ou seja, proporciona condições para que o ensacamento dos produtos vendidos seja feito pelo cliente. Observou-se que os operadores de caixa, na maior parte das vezes fazem a atividade de ensacamento dos produtos, apesar de a NR-17 dispor sobre a responsabilidade do empregador em adotar medidas que evitem o ensacamento pelos operadores, como sendo frequente em seu ciclo de

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8 trabalho diário. Uma possibilidade de mitigação de risco é ter, no mínimo, um profissional ensacador para cada três operadores em atividade.

4.1 Organização do trabalho

A jornada de trabalho desses operadores de caixa é de 07h20min por dia, sendo de segunda a sábado, e com folga fixa semanal de um dia. Há 01h para refeição. Pausas espontâneas para as necessidades fisiológicas são possíveis. Não há pausa formal definida. De acordo com o horário de funcionamento da loja de cada região, são definidos os turnos de trabalho. De segunda-feira a sábado, realizam 40 minutos diários de horas extras.

No período da tarde para a noite o ritmo de trabalho é mais intenso, quando se observa maior repetitividade dos movimentos, ou seja, na passagem de mercadorias pelos sensores (scanner) para o registro das mercadorias e cobrança das mesmas, envolvendo o recebimento, troco e emissão de cupom fiscal. A tarefa apresenta pouca diversificação, não havendo por parte da organização o estabelecimento de metas de produtividade.

4.2 População de trabalhadores

A organização possui aproximadamente 1000 operadores por todo o Brasil. Os operadores de caixa são 9% do sexo masculino e 91% do sexo feminino. O absenteísmo e a rotatividade são baixos.

4.3 Aspectos cognitivos

Durante as atividades dos operadores a atenção, a tomada de decisão e a concentração são necessárias para a tarefa. As exigências de atenção e concentração observadas foram caracterizadas dentro da normalidade, pois o operador deve se concentrar no sistema informatizado de seu posto de trabalho. Ou seja, registrar todos os produtos com auxílio do

scanner, não carecendo cálculo de troco, pois o sistema informatizado informa o valor

devolvido ao cliente caso necessário. A maioria dos clientes utilizam cartão e o troco em espécie não é necessário. A tomada de decisão foi caracterizada como baixa, uma vez que os coordenadores de frente de caixa é quem tomam as decisões e ações quando solicitados.

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4.4 Posto de trabalho

Nas unidades se observou que o número de caixas é suficiente para atendimento dos clientes. O atendimento é em fila única e há caixas para atendimentos especiais (idosos, gestantes e portadores de necessidades especiais).

O mobiliário dos operadores possui dois tipos de compartimentos, sendo gaveta para guarda de objetos pessoais e gaveta para guarda de valores. Os acabamentos desses postos de trabalho não permitem cantos vivos, são levemente arredondadas e sem rebarbas.

Os assentos apresentam boas características ergonômicas, ajustáveis à estatura do trabalhador e à natureza da tarefa, com encosto para apoio lombar e estofamento de densidade adequada. Há apoio para os pés. As ferramentas auxiliares para execução das tarefas estão posicionadas no posto de trabalho dentro do limite de alcance manual e visual do operador, mantidas em condições adequadas de funcionamento.

Os monitores de vídeo estão apoiados em suporte a 30 cm de altura da base da mesa. Os monitores de vídeo e as impressoras de cupom fiscal estão posicionados lateralmente ao posto do operador. No caso dos monitores, o intuito é de visualização também pelo cliente. Possuem dois tipos de teclados, com visor e sem visor. Os teclados com visor possibilitam que o operador trabalhe sem torção do pescoço, pois não precisa girar a cabeça para ver os códigos e valores na tela do monitor. Os teclados são apoiados a 35 cm de altura da base da mesa. Há a possibilidade de utilizar os teclados apoiados sobre a mesa.

São disponibilizados leitor óptico manual (que diminui a sobrecarga do operador quando da checagem de produtos volumosos ou pesados) e leitor óptico fixo. Em cada um dos caixas há luz sinalizadora para comunicação com o pessoal de apoio e supervisão. A iluminação, o ruído e o conforto térmico estavam adequados com a NR 17.

4.5 Fatores fisiológicos básicos

É possível realizar as necessidades fisiológicas, havendo nesse momento a substituição do operador por um fiscal da frente de caixa. Há pausa para as refeições. Há água próximo ao posto de trabalho.

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4.6 Postura de trabalho

Há a possibilidade de alternância de postura (em pé e sentada). Observa-se principalmente a movimentação dos membros superiores quando da digitação dos códigos que eventualmente não são lidos pelo leitor óptico e quando da passagem dos produtos pela bancada para leitura dos códigos pelo óptico fixo.

Embora a utilização do teclado não seja constante, quando do seu uso sobre suporte, tanto na posição sentada quanto na posição em pé, observou-se braços e antebraços suspensos e a extensão dos punhos o que costuma ocasionar aumento de pressão no túnel do carpo.

Segundo Couto (2014), conforme a repetitividade e duração desses movimentos pode haver compressões indevidas do músculo supraespinhoso (músculo que fica entre a cabeça do úmero e a extremidade da omoplata). Quando o ombro volta à posição neutra o músculo deixa de ser comprimido. Pode ocasionar desde hipóxia (falta de oxigênio no tecido), até dor e tendência a lesão por acúmulo de ácido lático nos tecidos. Há contrações musculares estáticas ao se trabalhar com os terminais de vídeos, gaveta de dinheiro e impressora de cupom fiscal que estão lateralizados ao posto de trabalho.

Foi evidenciada a torção do pescoço e tronco bem como contração dos membros superiores. A incidência de torção de pescoço e tronco é minimizada nos postos onde há teclados com visor, neste caso somente há desvios quando do uso da impressora para destaque do cupom fiscal bem como quando da cobrança dos valores em dinheiro, no fim da compra de cada cliente. Evidenciaram-se situações de sobrecargas físicas quando do auxilio ao cliente no ensacamento de mercadorias mais pesadas.

5. Coleta de dados

Foi aplicado um questionário de identificação e percepção de dor e desconforto. Esse questionário tem como base metodológica o diagrama de Corlett. Corlett e Manenica (1980)

apud Lida (1990) desenvolveram um diagrama no qual uma imagem do corpo humano está

dividida em várias seções e uma escala de intensidade de desconforto (dor). O trabalhador investigado é orientado pelo avaliador a apontar as regiões nas quais sente desconforto (dor).

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11 O questionário foi aplicado para 24 operadores de caixa da unidade matriz da organização. Dentre os que responderam à pesquisa, 12,5% são do sexo masculino e 87,5% são do sexo feminino, dentro de uma faixa etária entre 19 e 63 anos. No gráfico 1, são apresentadas as regiões mais afetadas por dor, dor forte ou desconforto, segundo a percepção dos trabalhadores pesquisados.

Gráfico 1 - Regiões mais afetadas por dor, dor forte ou desconforto

Fonte: Pesquisa de campo realizada pelos autores (2015)

De acordo com a percepção dos operadores pesquisados, as áreas mais acometidas por dor, dor forte ou desconforto, são: pescoço (71%), cotovelo (37%), antebraço (54%), pulso/mão (79%), coxa (50%), perna (67%), joelhos (46%), tornozelo/pé (41%), ombros (79%), coluna dorsal (79%), coluna lombar (84%) e bacia (54%).

No gráfico 2, é apresentada frequência da percepção de dor.

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Fonte: Pesquisa de campo realizada pelos autores (2015)

A frequência de percepção de dor, referenciada no gráfico 2, demonstra uma escala de dor, dor forte ou desconforto, sendo: em relação ao pescoço 41% sentem dor, dor forte ou desconforto ocasionalmente; 24% sentem frequentemente e 29% sentem sempre. Em relação ao cotovelo: 11% sentem ocasionalmente; 11% sentem frequentemente e 78% sentem sempre. Em relação ao antebraço: 46% sentem ocasionalmente; 15,5% sentem frequentemente e 38,5% sentem sempre. Em relação ao pulso/mão: 26% sentem ocasionalmente; 32% sentem frequentemente e 42% sentem sempre. Em relação a coxa: 33% sentem ocasionalmente; 25% sentem frequentemente, e 42% sentem sempre. Em relação a perna: 37,5% sentem ocasionalmente; 44,5% sentem frequentemente e 18% sentem sempre. Em relação ao joelho: 36,5% sentem ocasionalmente; 18% sentem frequentemente e 45,5% sentem sempre. Em relação ao tornozelo/pé: 40% sentem ocasionalmente; 20% sentem frequentemente e 40% sentem sempre. Em relação aos ombros: 32% sentem ocasionalmente; 26% sentem frequentemente e 42% sentem sempre. Em relação a coluna dorsal: 37% sentem ocasionalmente; 21% sentem frequentemente e 42% sentem sempre. Em relação a coluna lombar: 40% sentem ocasionalmente; 40% sentem frequentemente e 20% sentem sempre. E em relação a bacia: 23% sentem ocasionalmente; 38,5% sentem frequentemente e 38,5% sentem sempre.

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6. Resultados e discussões

Com base nos dados dos gráficos, é possível verificar que as áreas mais afetadas do corpo do trabalhador são: o pescoço, o antebraço, o pulso/mão, as coxas, as pernas, os ombros, a bacia e a coluna dorsal e a coluna lombar. Essas áreas são acometidas por uma escala de dor, dor forte ou desconforto, em mais da metade dos operadores.

O antebraço e o pulso/mão, na postura em pé e na postura sentada, na atividade de operador de caixa, trabalham suspensos, em função dos teclados estarem apoiados em suportes que estão a 35 centímetros de altura do tampo da mesa. Por não serem fixados há a possibilidade de utilizá-los diretamente sobre a mesa.

Também é factível a percepção de dor ou desconforto em relação ao pescoço, pelo fato dos monitores e impressoras estarem lateralizados ao operador, fazendo com que o mesmo trabalhe com torção de tronco e pescoço, isso explica também uma das razões da percepção de dor, dor forte ou desconforto na região das costas, (lombar e dorsal) e ombros, pois o colaborador além de realizar a movimentação de torção dessas regiões para visualizar a tela, abrir a gaveta ou retirar o cupom fiscal impresso, não utiliza o encosto da cadeira, ou seja, trabalha com solicitação muscular estática dessa região.

A região lombar é afetada quando na postura sentada, promovendo uma maior pressão nos discos intervertebrais do que a postura em pé. Sem o apoio dos pés a postura sentada, propicia a compressão da região das coxas favorecendo o aparecimento de varizes. Observa-se que os trabalhadores optam em trabalhar em pé, utilizando o assento apenas quando estão cansados por incômodos nas pernas, tornozelo/pés e joelhos. Quando sentam não conseguem manter uma postura correta na cadeira, devido ao layout do posto de trabalho.

6.1 Classificação por tempo de serviço

Um fator importante da característica da organização estudada, que em trabalhos futuros podem ser relacionados com esse trabalho quanto a relação das anomalias (queixas) apresentadas nos gráficos 1 e 2, é o tempo de serviço desses operadores de caixa. Dentro de um levantamento preliminar em todas as unidades do Brasil, identificou-se na tabela 1 que:

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Tabela 1 - Tempo dos operadores na função de checkout x percentual

Fonte: Pesquisa de campo realizada 2015 pelos autores (2015)

Da tabela 1 pode-se indagar: Qual é a relação entre regiões mais afetadas por dor, e a frequência da percepção de dor, com o tempo em que os operadores estão exercendo essa função?

Espera-se que essa pergunta seja respondida em pesquisa futura na mesma organização.

7. Considerações finais

O trabalho aponta que tanto a atividade realizada somente em pé quanto à atividade realizada somente em postura sentada, por longos períodos, resulta em prejuízos à saúde dos trabalhadores. No caso dos operadores de caixa, a aplicação dos conhecimentos em ergonomia associada à implantação de ginástica para distensionamento dos membros superiores, inferiores e coluna, é uma combinação engenhosa para eliminar a dor e o desconforto percebidos pelos operadores.

As medidas necessárias para mitigar as ocorrências com a saúde dos operadores passam pela orientação sobre alternância de postura, a forma correta de sentar-se e a forma correta do uso do teclado e demais ferramentas auxiliares. A adoção dessas medidas é fundamental para melhorar a saúde dos operadores, afinal não basta disponibilizar assento e não treinar o trabalhador a respeito da importância da alternância da postura bem como a forma correta de se posicionar, assim como as ferramentas disponíveis somente se tornam facilitadores se forem utilizadas de forma correta. É preciso informar ao trabalhador, deixá-lo ciente dos riscos ergonômicos inerentes às suas atividades.

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15 Mudanças no layout são necessárias. Não basta dimensionar um posto de trabalho com possibilidade de alternância de postura, pois, além disso, deve se pensar na postura que o trabalhador irá adotar ao realizar suas tarefas. Ao planejar um posto de trabalho devem ser levantados os seguintes questionamentos: As áreas de alcance estão sendo respeitadas? Há espaço suficiente para acomodação dos trabalhadores? O mobiliário possui quinas vivas que irão geram compressão dos tecidos? O posicionamento corporal do trabalhador durante a estada no posto de trabalho favorece a postura neutra sem necessidade de torção, extensão ou flexão? Nessa fase é que a ergonomia de concepção é fundamental.

Outro recurso importante que pode ser aplicado são as pausas, pois são importantes aliadas na recuperação da fadiga, principalmente se aplicada quando o rodízio de tarefas não é possível de ser realizado como no caso dos operadores de checkout. De acordo com Mattos (2016), a pausa laboral não deve ser olhada como perda de tempo ou folga. Ela pode ser passiva (quando há a interrupção das tarefas para descanso) ou ativa (ginástica laboral). Infelizmente, a prática nas empresas, mostra que as diversas chefias são extremamente resistentes à implementação de pausas passivas, sendo vistas com olhar negativo, tanto pelo trabalhador como pelo empregador.

Os recursos que a ergonomia dispõe são baseados em estudos e devem ser vistos como ferramentas aliadas no aumento da produtividade e da satisfação dos trabalhadores. Se seus conceitos forem aplicados corretamente, os resultados virão, afinal com saúde e segurança haverá consequentemente a minimização de casos de afastamento do trabalho.

REFERÊNCIAS

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CHAMBRIARD, C. Revista Proteção: Ficar em pé por longos períodos é prejudicial à saúde do trabalhador. 2016. Disponível em

<http://www.protecao.com.br/noticias/doencas_ocupacionais/ficar_em_pe_por_longos_periodos_e_prejudicial_a _saude_do_trabalhador/AnjiAAy5/9762> Acesso em 21 de março de 2017.

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COUTO, H. A. Ergonomia do corpo e do cérebro no trabalho: Os princípios e a aplicação prática. Belo Horizonte: Editora Ergo, 2014.

FONTOURA, F. P; GONÇALVES, C. G. O.; SOARES, V. M. N. Revista Brasileira de Saúde Ocupacional: Condições e ambiente de trabalho em uma lavanderia hospitalar: percepção dos trabalhadores. vol. 41:ed5, 2016. Disponível em <http://www.fundacentro.gov.br/arquivos/rbso/RBSO_v41_completo.pdf> Acesso em 21 de março de 2017.

LAVILLE, A. Ergonomia. Tradução: Márcia Maria Neves Teixeira. São Paulo: EPU, Ed da Universidade de São Paulo, 1977.

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musculoesqueléticas em motoristas de caminhão e fatores associados. vol. 39, nº 129, p. 26-34, São Paulo, SP, 2014. Disponível em <http://www.fundacentro.gov.br/arquivos/rbso/RBSO%20V39%20n129.pdf> Acesso em 21 de março de 2017.

LIDA, I. Ergonomia. Projeto e produção. São Paulo: Editora Edgard Blücher, 1990.

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MATTOS, E. C. T; OLLAY, C. D; KANAZAWA, F. K. Revista Proteção: Medidas para o bem-estar. Rodízio de tarefas, pausa e ginástica laboral exigem ajustes na organização do trabalho. Novo Hamburgo / RS, Edição 292, p. 68-70, abr, 2016.

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Referências

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