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Capacitação Tecnológica de Micro e Pequenas Empresas em Arranjos Produtivos Locais: um Estudo no Segmento de Materiais Plásticos

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Academic year: 2021

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RAC-Eletrônica, v. 2, n. 1, art. 2, p. 20-36, Jan./Abril 2008

Capacitação

Capacitação

Capacitação

Capacitação Tecnológica

Tecnológica

Tecnológica

Tecnológica de Micro e Pequenas Empresas em

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Arranjos Produtivos Locais: um Estudo no Segmento de Materiais

Arranjos Produtivos Locais: um Estudo no Segmento de Materiais

Arranjos Produtivos Locais: um Estudo no Segmento de Materiais

Arranjos Produtivos Locais: um Estudo no Segmento de Materiais

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Arrangements: aaaa Study of the Plastic Materials Segment

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Janaína Scheffer*

Mestre em Economia pela UFSC, Florianópolis/SC, Brasil.

Silvio A. F. Cario

Doutor em Economia pela UNICAMP. Professor da UFSC, Florianópolis/SC, Brasil.

José Antonio Nicolau

Doutor em Economia pela USP. Professor da UFSC, Florianópolis/SC, Brasil.

* Endereço: Janaína Scheffer

Não fornecido. E-mail: ninarsch@yahoo.com.br

Copyright © 2008 RAC-Eletrônica. Todos os direitos, inclusive de tradução, são reservados.

É permitido citar parte de artigos sem autorização prévia desde que seja identificada a fonte.

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ESUMOESUMOESUMOESUMO

Este trabalho tem por objetivo analisar os processos de inovação tecnológica das micro e pequenas empresas do arranjo produtivo de materiais plásticos na região Sul do Estado de Santa Catarina. Para tanto, realizou-se pesquisa de campo através da aplicação de questionário em amostra representativa de empresas, 56% do total das empresas. Como resultado, constata-se que as capacitações tecnológicas das empresas produtoras derivam de processos interativos presentes na área de produção e de relacionamento interativo que se estabelecem entre os agentes produtivos com seus fornecedores e clientes. Neste contexto, utilizam-se mecanismos informais dos processos de aprendizado, a saber, o learning by doing, learning by using e learning by interacting, que resultam em incorporações em seus processos e produtos de inovações de natureza incremental. Diante deste resultado, propõem-se as seguintes políticas de desenvolvimento: criar condições para o desenvolvimento de atividades de P&D, capacitar e treinar mão-de-obra para práticas inovativas, promover interação dos agentes visando à inovação e estimular as formas de governança, relações de cooperação e ações coletivas.

Palavras-chave: capacitação tecnológica; arranjo produtivo local; indústria de materiais plásticos.

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The objective of this study is to analyze the processes of technological innovation of micro and small enterprises in the productive arrangement of plastic materials in the southern region of the state of Santa Catarina. To achieve the objective, field research was conducted by applying questionnaires to 56% of all the enterprises in the region. The results stress that the technological qualifications derive from interactive processes available in the area of production and interactive relationships between productive agents, suppliers and customers. In this context, we found that companies have used informal mechanisms of learning processes, such as learning by doing, learning by using and learning by interacting strategies, which have yielded incremental innovations in the examined sector. Based on these results, we are able to propose the following policies aimed at local development: create conditions for the development of R&D initiatives, enable and to train the local labor force stimulating innovative practices, promote interaction among agents aiming at innovation simulate forms of governance and cooperative alliances.

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NTRODUÇÃONTRODUÇÃONTRODUÇÃONTRODUÇÃO

Firma-se, nas últimas décadas, um novo modo de organização da produção, que tem por características flexibilização produtiva, diversificação da produção, formação de rede de empresas, multifuncionalidade do trabalhador, gastos permanentes em pesquisa e desenvolvimento, relações fornecedor-produtor-cliente intensas e articulação público-privada para a consecução de objetivos comuns (Lastres & Ferraz, 1999, pp. 27-57). Estas novas dimensões da organização e do processo produtivo vêm abrindo espaço para as empresas de menor porte desempenharem papel ativo na economia, não mais restringindo-se apenas à ocupação de nichos de mercado e a relações subordinadas à grande empresa. Desta forma, destacam-se os esforços empresariais voltados à criação e exploração de competências com fator-chave na construção de vantagens competitivas.

Adotando essa perspectiva, o presente texto procura avaliar a capacidade das micro e pequenas empresas (MPEs) em desenvolver processos inovativos, visando vantagens competitivas no arranjo produtivo de materiais plásticos, localizado na região Sul do Estado de Santa Catarina. Esse arranjo, especializado em plásticos descartáveis, posiciona-se como o segundo maior aglomerado produtor de plástico estadual e o principal produtor de copos plásticos descartáveis do país. O artigo está divido em seis seções, além da presente seção introdutória: a 2a. seção apresenta, de forma sintética, o referencial teórico-analítico; a 3a. seção trata dos procedimentos metodológicos; na 4a. seção, é feita a caracterização do APL; na 5a. seção, são avaliados os esforços de capacitação inovativa das empresas; na 6a seção, são propostas políticas voltadas a potenciar a capacidade inovativa local; por fim, na 7a. seção, são exibidas as considerações finais do trabalho.

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A partir do final da década de 1960 e do início da década seguinte, o paradigma técnico-produtivo por longo tempo vigente entra em crise e passa a emergir novo padrão com ênfase nas tecnologias de informação e de comunicação. O sistema produtivo em vias de esgotamento tinha características conhecidas: processos produtivos com base na eletromecânica; produção em massa e intensiva em energia e em materiais; estoques elevados; estrutura organizacional verticalizada, com alto grau de hierarquização e de centralização das decisões. O paradigma emergente, por sua vez, distingue-se pela flexibilização da produção, mediante desverticalização do processo produtivo e produção diversificada, maiores gastos em P&D, multifuncionalidade do trabalhador, fortes relações entre indústria e bancos, alianças entre produtor-fornecedor formando redes empresariais, entre outros aspectos.

Nesse novo contexto, ganha nova ênfase a atuação das empresas de pequeno porte agrupadas em setor de atividade e em espaço regional específicos. A concentração setorial e territorial fornece também a densidade econômica necessária ao surgimento de atividades complementares, de modo a favorecer a divisão do trabalho e a especialização de funções. Deste modo, a formação de mercados locais de trabalho e de bens e serviços intermediários, criando uma estrutura de funções e de empresas com atividades similares e complementares, constitui característica mais saliente dos arranjos produtivos de PMEs.

No Brasil, tem-se utilizado o conceito de Arranjos Produtivos Locais - APL - para referir-se a aglomerados de agentes econômicos, políticos e sociais, localizados no mesmo território e operando em atividades correlacionadas. Dentre tais agentes, figuram empresas produtoras de bens e serviços, fornecedores, clientes, associações de classe, instituições públicas e privadas que constroem vínculos de articulação, interação, cooperação e aprendizado que resultam em capacitações produtivas e inovativas (Lastres & Cassiolato, 1999).

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Esse tratamento analítico se beneficia das contribuições de outros autores que estudam a organização industrial em espaços territoriais específicos. Uma referência importante deriva das contribuições de Schmitz (1992) e Schmitz e Musyck (1993) sobre as características dos distritos industriais italianos, que destacam a forma com que as empresas e instituições, atuando em determinado espaço, concorrem e cooperam na obtenção de eficiência coletiva. Outra referência relevante decorre das contribuições de Porter (2002) acerca dos vínculos e fluxos de conhecimentos que emergem das relações entre agentes locais na construção de vantagens competitivas. Por fim, outra referência em destaque são as contribuições de Maillat (1991) acerca do milieu inovativo, cujo conteúdo se preocupa menos em demonstrar a natureza dos fluxos produtivos e mais em enfatizar a importância do local no dinamismo tecnológico de aglomerações produtivas.

No APL, o mosaico de PMEs no interior do arranjo produtivo simula com governança diferente da estrutura produtiva da grande empresa industrial, com sua divisão de funções em departamentos e unidades produtivas. A nova governança facilita a competição entre empresas com atividades similares de baixa economia de escala e grande volume de produção, no mesmo tempo em que ações cooperativas são possíveis e desejáveis nas atividades complementares, bem como nas atividades similares com potencial de aproveitamento de economias de escala. Assim, ações cooperativas, juntamente com as economias externas decorrentes dos mercados locais de trabalho e de bens e serviços intermediários, geram o que se convencionou chamar de eficiência coletiva dos APLs (Schmitz, 1997).

Para Sengenberger e Pike (1991), existem vários princípios organizativos nesta configuração industrial, o mais importante sendo a formação sólida de redes de empresas. Por meio da especialização e das relações de subcontratação, empresas realizam entre si a divisão de tarefas ou de etapas do processo produtivo. Empresas especializadas em determinada fase do processo produtivo relacionam-se com outras empresas especializadas em etapas distintas, formando redes densas que mutuamente contribuem para a elevação da eficiência produtiva local. A organização em rede pressupõe a disposição das empresas para a cooperação, mas mantida sua independência, que lhes permite a concorrência entre si em atividades determinadas.

Por outro lado, a presença no APL de instituições de apoio e de coordenação - entidades criadas pelo poder público ou pelo associativismo de empresas – favorece o desenvolvimento de ações conjuntas voltadas ao cumprimento de objetivos comuns. Ações empresariais conjuntas podem ter por finalidade a formação de recursos humanos, a implantação de novas técnicas de produção, o aumento da qualidade dos produtos e sua certificação, a abertura de canais de distribuição, a promoção de práticas de comercialização etc. As instituições de coordenação têm também a função de proporcionar o suporte político e estratégico ao APL, com o intuito de definir objetivos comuns e promover a sustentabilidade perante a concorrência de produtores externos.

Com base na experiência dos distritos industriais italianos, Becattini (1989) chama a atenção para os valores e cultura subjacentes, que moldam as interações dos agentes locais e lhes dão solidez. Essa observação indica que as relações de confiança presentes nas ações cooperativas não surgem instantaneamente, de acordo com a vontade e a necessidade das partes, mas desenvolvem-se com a prática, ao longo de um tempo suficiente para os agentes perceberem que a cooperação traz proveito mútuo.

Essa perspectiva de produção com eficiência em APLs abre-se principalmente aos países em desenvolvimento, onde dificuldades técnicas, organizacionais e de volume de capital eram fatores limitantes à criação de estruturas industriais no paradigma anterior. A organização em APLs possibilita superar essas dificuldades, na medida em que a estrutura industrial se vai formando paulatinamente, com aportes incrementais de pequenos capitais e acréscimos de novas competências e capacidade produtiva. Estudos apontam que, sob esta forma de organização industrial, facilita-se a mobilização de recursos financeiros e humanos, permite-se a redução das necessidades de investimentos iniciais por focalizar em estágios específicos, estabelecem-se padrões de empreendimento que servem de base o para surgimento de novas empresas e criam-se condições para

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a constituição de estrutura de apoio que viabiliza o desenvolvimento das atividades (Schmitz & Nadvi, 1999).

A proximidade de empresas e instituições em determinado espaço territorial ultrapassa a dimensão meramente geográfica, a que são associados, de imediato, custos de transporte. Na verdade, a proximidade geográfica favorece relacionamentos de maior profundidade entre os agentes. São exemplos a observação direta de experimentos e práticas, a maior percepção da dimensão tácita do conhecimento e o compartilhamento de normas sociais de vizinhança e de valores locais. Acredita-se que esses fatores reduzem os custos de transmissão do conhecimento e os custos de transação e que, por isso, são elementos necessários à criação das relações de confiança e à construção do ambiente inovativo, imprescindíveis à organização das atividades produtivas na forma de APL.

Nesse sentido, ao atuarem em arranjo, são maiores as possibilidades de as MPEs desenvolverem capacidade produtiva e inovativa do que se operassem isoladas e dispersas. A participação nos fluxos de informações, na base de conhecimento e nas qualificações incorporadas nos indivíduos e agentes locais, permite o acesso aos mecanismos de aprendizado necessários para a introdução de mudanças técnicas de processo, de produto e organizacionais.

A importância dos mecanismos de aprendizado para a realização de processos inovativos é amplamente reconhecida na literatura, conforme o Quadro 1, com destaque para formas learning by

doing, learning by interacting, learning by using e learning by searching. A forma learning by doing

se dá no interior da empresa, pelo contato com o processo de produção, em que os trabalhadores aprendem as rotinas técnicas e administrativas, em que podem ocorrer inovações incrementais, na forma de melhorias na produção de bens ou na prestação de serviços. Learning by interacting é a forma geral que compreende o aprendizado resultante das interações dos agentes externos à empresa, na medida em que há a troca de informações tecnológicas, observação de práticas etc., muitas vezes lastreadas por acordos e parcerias. O mecanismo learning by using refere-se ao aprendizado que ocorre fora da fábrica na interação produtor-cliente, em que o uso do produto abre possibilidades para a identificação de possíveis evoluções não percebidas durante o processo de produção, a partir de

feedbacks fornecidos pelos usuários. O mecanismo learning by searching consiste no aprendizado

obtido em atividades de P&D.

Quadro 1: Taxonomia dos Mecanismos de Aprendizado Tecnológico

Mecanismos Significado

Learning by doing Ocorre no processo de fabricação, no qual as habilidades crescentes do trabalhador conduzem a mudanças técnicas de processo e em melhorias de produto.

Learning by using Decorre de informações do usuário do produto que permitem práticas de operação e manutenção, resultando em melhorias incrementais em processo e produto.

Learning by interacting Expressa-se pelas interações que ocorrem entre a empresa e seus fornecedores e usuários, cujos resultados se dão em melhorias técnicas em produtos e processos.

Learning by advances in science and technology

Consiste na absorção e utilização de novos desenvolvimentos da ciência e da tecnologia, gerados por instituições de pesquisa externa à empresa. Learning by searching Engloba aquelas atividades de busca de novas tecnologias que são internas

à empresa e, na maioria dos casos, formalizadas em departamentos e equipes de pesquisa e desenvolvimento.

Learning from inter-industry spillover

Envolve atividades de absorção de informações e conhecimentos relacionados ao que outras empresas estão realizando, que resultam em solução tecnológica de interesse.

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A atividade produtiva como um todo, portanto, pela sua natureza dinâmica, oferece oportunidades nas empresas para o aprendizado, capacitando para a inovação, seja a partir de estímulos internos, seja através de interações externas (Campos, et al., 2003). Desta forma, o ambiente empresarial favorece a acumulação do conhecimento individual ou de grupo e torna possível a estruturação de habilidades individuais e de rotinas organizacionais. E o aprendizado e a acumulação de conhecimentos são essenciais na construção de competências dinâmicas nas empresas.

A literatura destaca a diferença entre conhecimento e informação como fundamental para os processos inovativos. Informações são dados ou inputs do ambiente a serem processados pelo indivíduo ou pela empresa. O conhecimento compreende o processamento, sistematização e também a compreensão e a atribuição de significado a esses dados informacionais. Por isso é convencional a distinção entre conteúdo tácito e explícito ou codificado do conhecimento. O conhecimento encontra-se, então, enraizado nos indivíduos, nas suas habilidades motoras e mentais e nas suas crenças e valores. Desse conjunto, uma parte é explicitada e socializada mediante códigos ou linguagens. A codificação é necessária para a transmissão de parcela do crescente volume de conhecimento acumulado, transformando-o em informação, mas os elementos tácitos são críticos para a inovação, uma vez que o novo não se encontra, ainda, estruturado e codificado.

Os arranjos produtivos locais, bem como as organizações, proporcionam ambientes favoráveis à maior circulação do conhecimento codificado, através do acesso a canais de informação e principalmente dos conteúdos tácitos, por meio de observações diretas e interações face a face. Assim, por estarem inseridas em APLs, as empresas de pequeno porte têm maiores possibilidades de desenvolver diferenciais competitivos importantes, a partir de oportunidades locais de aprendizado.

P

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ROCEDIMENTO ROCEDIMENTO ROCEDIMENTO ROCEDIMENTO

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ETODOLÓGICOETODOLÓGICOETODOLÓGICOETODOLÓGICO

Para atender ao objetivo de avaliar a capacitação tecnológica das MPEs no APL de materiais plásticos da região Sul de Santa Catarina, foi realizada pesquisa de campo junto a empresas e instituições locais. Foi selecionada para a pesquisa uma amostra de 36 empresas, das quais 12 são micro, 14 são pequenas, 8 são médias e 2 são grandes empresas, adotando-se a classificação de Sebrae para a estratificação de tamanho. Segundo o Sebrae são consideradas micro empresas as que possuem até 19 trabalhadores, pequenas empresas de 20 a 99 trabalhadores, médias empresas de 100 a 499 trabalhadores e grandes empresas mais de 500 trabalhadores.

A amostra de 36 empresas, selecionadas segundo estratificação por tamanho, ocorre a partir de um universo de 66 empresas de transformados plásticos. Para determinação do tamanho da amostra, considerou-se que os parâmetros de interesse a serem estimados são proporções (p1, p2,..), com variância σ2=pi.(1-pi), sendo adotados nível de confiança de 95%, erro padrão de 10% e variância máxima de 0,25. A relação entre o erro amostral tolerável Eo e o tamanho da amostra n é assim expressa, para uma população N:

Eo ≤ 2.( σ/√n). √ [(N-n)/(N-1)]

Uma vez determinado o tamanho da amostra, procedeu-se à estratificação por tamanho, mediante a aplicação à amostra da mesma estratificação observada na população. Apurou-se erro amostral de 6,6% para 10 variáveis representativas, resultado que atende aos limites de significância estatística inicialmente estabelecidos.

Antes da aplicação geral do questionário, foi realizado teste piloto em 3 empresas, cujos resultados levaram ao aprimoramento do conteúdo de algumas questões que se encontravam pouco compreensíveis A aplicação do questionário foi feita diretamente por um dos articulistas, mediante entrevista com proprietários ou gerentes das empresas, nos meses de fevereiro e março de 2003. O questionário reuniu questões sobre a identificação da empresa, produção, mercado, emprego,

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inovação, cooperação, aprendizado, governança e vantagens associadas ao ambiente local. Para a pesquisa junto às instituições de apoio, de coordenação, de ensino e centro de tecnologia, foi adotado roteiro de entrevista, cujos principais pontos tratados referiam a ações desenvolvidas, projetos em andamento, problemas existentes e políticas de desenvolvimento.

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ARACTERIZAÇÃO DA ARACTERIZAÇÃO DA ARACTERIZAÇÃO DA ARACTERIZAÇÃO DA

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NDÚSTRIA DE NDÚSTRIA DE NDÚSTRIA DE NDÚSTRIA DE

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O Estado de Santa Catarina destaca-se como o segundo maior produtor de transformados plásticos do país com uma participação em torno de 15% do total da produção nacional. A taxa de participação do setor na indústria de transformação é de 4,3% no Estado, bastante superior às taxas de 2 e 3% observadas no Brasil e no mundo (Banco Regional de Desenvolvimento Econômico [BRDE], 1997). As principais atividades da indústria de transformadores plásticos em Santa Catarina se concentram em três segmentos produtivos: embalagens, construção civil e descartáveis. Tais linhas de produtos foram fabricadas no ano 2000 por 474 empresas, sendo 315 classificadas com o micro, 116 pequenas, 39 médias e apenas 4 são grandes; portanto 90,9% classificadas como PMEs. Apesar da produção encontrar-se distribuída por todo o Estado, salientam-se como principais produtoras as regiões Norte e Sul, 43% e 25%, respectivamente, sendo a primeira especializada na produção de tubos e conexões de PVC e a segunda em produtos descartáveis.

Na região Sul do Estado encontra-se o arranjo produtivo de matérias plásticas composto pelos municípios de Criciúma, Içara, Orleans, São Ludgero, Urussanga e Siderópolis, onde estão estabelecidas 66 empresas. Neste arranjo produtivo, 80,0% são MPEs e estão fortemente concentradas nas localidades de Criciúma, Orleans e São Ludgero, conforme a Tabela 1. Segundo a Relação Anual de Informações Sociais [RAIS] (2001), do total de 61.464 empregos formais em diferentes atividades produtivas no arranjo, 5.566 estão ocupados em atividades de transformadores plásticos, correspondendo a 9,0% da população total empregada.

Tabela 1: Número de Estabelecimentos por Município no Arranjo Produtivo de Materiais Plásticos da região Sul de Santa Catarina- 2001

Número de estabelecimentos

Cidade Micro % Pequen

a % Médi a % Grande % Total % Criciúma 12 63.1 5 26,3 1 5,3 1 5,3 19 100,0 Içara 3 50,0 1 16,7 2 33,3 0 0,0 6 100,0 Orleans 8 50,0 4 25,0 4 25,0 0 0,0 16 100,0 São Ludgero 8 57,1 3 21,4 2 14,3 1 7,2 14 100,0 Siderópolis 1 33,3 2 66,7 0 0 0 0,0 3 100,0 Urussanga 2 25,0 4 50,0 2 25,0 0 0,0 8 100,0 Total 34 51,5 19 28,8 11 16,6 2 3,0 66 100,0 Fonte: RAIS, 2001.

Em paralelo, instalaram-se na região empresas fornecedoras de insumos (tintas e corantes), assim como fornecedoras de peças e componentes, pertencentes aos segmentos de mecânica, metalurgia e de material elétrico, que dão suporte à indústria de transformadores plásticos do arranjo e a outras indústrias, como cerâmica e vestuário. De acordo com informações da RAIS (2002), existem na região 47 estabelecimentos fornecedores, sendo 4 fabricantes de aditivos, 2 produtores de resinas termofixas, 4 fabricantes de impermeabilizantes, solventes e outros produtos correlatos, 30 produtores de máquinas e equipamentos de uso geral e 7 fabricantes de máquinas-ferramenta, que dão suporte ao processo produtivo local.

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As empresas do arranjo são especializadas na produção de plásticos descartáveis, embalagens descartáveis e artefatos diversos. A origem do capital é predominantemente nacional, sendo apenas 1 micro empresa de capital estrangeiro e 1 pequena empresa com participação de capital externo em sua composição patrimonial. A maioria das empresas é independente (91,7% das micro e 85,7% das pequenas empresas), e os restantes 8,3% e 14,3%, respectivamente, fazem parte de grupos econômicos locais.

A predominância de MPEs no arranjo está amparada pelo forte movimento de novos entrantes neste segmento nos anos 90 e em particular a partir do segundo qüinqüênio. Conforme os dados coletados, a partir de 1990 observa-se a fundação de 10 das 12 micro empresas, e 8 das 14 pequenas da amostra. As empresas desse porte foram fundadas, na maioria dos registros, por mais de 1 sócio, cujo perfil se caracteriza pela predominância do sexo masculino (mais de 80%). A maior parcela dos proprietários possui ensino médio completo (41,7% nas micro e 21,4% nas pequenas empresas), 34,4% dos fundadores das micro empresas eram empregados antes de se tornarem empresários, ao passo que 57% dos proprietários das pequenas empresas eram empresários em outros segmentos produtivos antes de adentrarem esse setor.

Neste arranjo, 97,5% da produção total destina-se ao mercado interno, com apenas 1,3% para o mercado local e 3,8% para outras regiões do Estado. O mercado nacional é relativamente menos importante para o segmento de MPEs (52,7% para as micro e 56,4% para as pequenas empresas). Como é esperado, o mercado local é mais importante para as micro empresas, absorvendo 27,2% de suas vendas. O mercado externo é irrelevante, em geral, com 2,5% das vendas, embora haja esforços para se colocar produtos, principalmente no Mercosul.

O arranjo produtivo de materiais plásticos conta com um conjunto de instituições com funções de apoiar o seu desenvolvimento. Existem várias instituições de ensino oferecendo cursos diretamente relacionados ao setor, destacando o curso Técnico em Plásticos promovido pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial – SENAI, em conjunto com o Centro de Assistência dos Trabalhadores do Carvão – SATC - e os cursos superiores em Engenharia de Materiais, oferecidos pela Universidade do Extremo Sul de Santa Catarina – UNESC – e de Polímeros, oferecido pela UNESC em conjunto com o SENAI-CTCMAT, nas dependências da SATC.

No campo da infra-estrutura tecnológica, o arranjo conta com o Centro Tecnológico em Cerâmica e Materiais - CTCMAT -, instituição criada em 1995, a partir de esforços institucionais públicos e privados. As atividades desenvolvidas de serviços e informações tecnológicas, pesquisas e desenvolvimento e os cursos técnico e superior oferecidos contam com a participação de professores da Universidade Federal de Santa Catarina e atendem a empresas não somente do arranjo local, mas também de outros Estados.

No espaço da representação de interesses de classe, existem vinculações com a associação de apoio nacional, Associação Brasileira de Descartáveis Plásticos [ABRADE], e representantes no espaço local, como a Associação Comercial e Industrial de Criciúma [ACIC]; Sindicato da Indústria Plástica do Sul Catarinense [SIMPLAC]; Sindicato das Indústrias de Descartáveis Plásticos do Estado de Santa Catarina [SINDESC] e Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Plásticas, Químicas e Farmacêuticas de Criciúma e Região [FITIESC]. Dentre estas instituições, cita-se ainda o Serviço de Apoio a Micro e Pequenas Empresas [SEBRAE], cujas funções têm sido de grande valia na região, sobretudo na orientação de abertura de empresas, realização de diagnóstico setorial, oferecimento de cursos e treinamentos etc.

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APACITAÇÃO APACITAÇÃO APACITAÇÃO APACITAÇÃO

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ECNOLÓGICAECNOLÓGICAECNOLÓGICAECNOLÓGICA

No arranjo produtivo de materiais plásticos, as MPEs procuram desenvolver processos inovativos, introduzindo mudanças técnicas tanto em nível de produto como de processo. No campo das

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inovações de produto, é significativo o número de empresas, cerca de 2/3 das entrevistadas em ambos os tamanhos empresariais, que introduz produto novo para a empresa, porém não constituindo produto original para o mercado nacional, conforme a Tabela 2. Da mesma forma, no espaço das inovações de processos, ocorrem mudanças tecnológicas, sendo mais incidentes nas pequenas (2/3) e menos presentes nas micro empresas (1/2) no campo das inovações já existentes no setor de atuação das empresas.

Tabela 2: Características do Processo de Inovação no Arranjo Produtivo de Materiais Plásticos da Região Sul de Santa Catarina – 2000 – 2002 %

Micro Pequena Média Grande Descrição

Sim Sim Sim Sim

1. Inovações de produto* 66,7 71,4 62,5 50,0

1.1. Produto novo para a sua empresa, mas existente no mercado 66,7 71,4 62,5 0,0

1.2. Produto novo para o mercado nacional 0,0 0,0 0,0 50,0

1.3. Produto novo para o mercado internacional 0,0 0,0 0,0 0,0

2. Inovações de processo* 58,3 71,4 75,0 100,0

2.1. Processos tecnológicos novos para a sua empresa, mas existentes no setor

50,0 71,4 62,5 100,0 2.2. Processos tecnológicos novos para o setor de atuação 16,7 0,0 25,0 0,0

3. Outros tipos de inovação* 58,3 92,9 100,0 100,0

3.1. Criação ou melhoria substancial, do ponto de vista tecnológico, no modo de acondicionamento de produtos

50,0 71,4 75,0 100,0

3.2. Inovações no desenho de produtos 33,3 78,6 87,5 50,0

4. Realização de mudanças organizacionais 41,7 85,7 87,5 100,0 4.1. Implementação de técnicas avançadas de gestão 0,0 42,9 50,0 0,0 4.2. Implementação de significativas mudanças na estrutura

organizacional

33,3 35,7 75,0 50,0 4.3. Mudanças significativas nos conceitos e/ou práticas de

marketing

25,0 42,9 62,5 0,0 4.4. Mudanças significativas nos conceitos e/ou práticas de

comercialização

16,7 50,0 62,5 0,0 4.5. Implementação de novos métodos e gerenciamento, visando a

atender normas de certificação (ISO 9000, ISO 14000, etc)

8,3 14,3 12,5 100,0 Índice = (Nº Empresas com pelo menos um sim) / (Nº Empresas no Segmento).

Fonte: Pesquisa de Campo.

Em consideração às características principais das inovações, observa-se no âmbito do produto que as mudanças se têm pautado em produzir tanto copos descartáveis como embalagens, com apresentação de menor espessura e com maior resistência. Além disso, no segmento de descartáveis, constatam-se mudanças nos formatos e coloração dos produtos, assumindo acentuações nas formas e cores em consonância com os designs. As inovações de processo, tanto para copos descartáveis como para embalagens plásticas, se dão mediante a utilização de novas resinas, mudanças na composição do produto e de introdução de novas máquinas e equipamentos no processo produtivo. As novas resinas e composições atribuem ao produto maior qualidade e resistência, enquanto os novos modelos das máquinas permitem maximizar a utilização das matérias-primas e outros insumos e o aumento da produtividade.

Por seu turno, as inovações organizacionais assumem importância inferior em relação às inovações de produto e processo para as MPEs, sobretudo para as micro empresas do arranjo em estudo. Estas empresas não implementam técnicas avançadas de gestão, quais sejam, célula de produção, círculo de controle de qualidade, controle por unidade de negócios, etc. procurando desenvolver práticas comuns de administração familiar, bem como se verifica que é pequeno o número das empresas deste porte que implementam outras mudanças organizacionais, tais como redução de níveis hierárquicos e criação de novos departamentos, como também as que promovem significativas alterações em conceitos e/ou

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práticas de marketing. Ainda que com números maiores, as pequenas empresas seguem a mesma trajetória de baixa relevância nos itens constatados.

As MPEs de materiais plásticos se capacitam para desenvolver processos inovativos, recorrendo fundamentalmente aos mecanismos de aprendizagem informal que ocorrem no espaço da produção e em relações com fornecedores e usuários. As empresas de pequeno porte praticamente não destinam recursos para P&D, segundo levantamento da pesquisa de campo (0% para as micro e 03% do faturamento para as pequenas empresas). Para as MPEs, não se constata a existência de infra-estrutura tecnológica posta em termos de laboratórios, equipamentos, técnicos especializados, etc., bem como não se observa a prática rotineira de incluir as atividades de P&D no planejamento empresarial. Valem-se de experiências, habilidades e conhecimentos adquiridos pelos seus trabalhadores no processo de operação produtiva e gestão dos negócios internos para impor mudanças técnicas (learning by doing); valem-se de relações que se firmam com fornecedores de insumos e de máquinas e equipamentos que se expressam através de informações tecnológicas, trocas de experiências e solução conjuntas de problemas técnicos (learning by interacting); e valem-se de interações com clientes, cujo uso dos produtos permite identificar problemas, propor soluções, sinalizar tendências, entre outros pontos relevantes (learning by using).

Para as microempresas, das fontes internas de informações importantes para o desenvolvimento de processos inovativos destacam-se as provenientes da área de produção, índice de 0,91 de grau de importância, superior aos decorrentes das áreas de vendas e marketing e atendimento direto aos clientes, 0,82, conforme a Tabela 3. Este índice apresenta-se, também, elevado nas pequenas empresas do arranjo produtivo de materiais plásticos, 0,89, ainda que os exibidos pelas áreas de vendas e marketing e atendimento ao cliente sejam superiores, 0,94. As MPEs do arranjo em estudo demonstram que seus trabalhadores, através do mecanismo de learning by doing, vão percebendo as oportunidades no processo ou operações que podem ser melhoradas. Por meio da materialização da habilidade, do conhecimento e da experiência promovem inovações incrementais, que resultam em redução de custos, diminuição de incidências de problemas e melhoria de qualidade dos produtos.

Tabela 3: Fonte de Informação para o Desenvolvimento de Processos Inovativos no Arranjo Produtivo de Materiais Plásticos da Região Sul de Santa Catarina – 2003

Micro Pequena Média Grande Descrição

Índice* Índice* Índice* Índice* 1. Fontes Internas

1.1. Departamento de P & D 0,27 0,50 0,29 0,50

1.2. Área de produção 0,91 0,89 0,81 0,80

1.3. Áreas de vendas e marketing 0,82 0,94 0,90 1,00

1.4. Serviços de atendimento ao cliente 0,82 0,94 0,90 1,00

1.5. Outras 0,00 0,00 0,00 0,00

2. Fontes Externas

2.1. Outras empresas dentro do grupo 0,09 0,11 0,28 1,00

2.2. Empresas associadas (joint venture) 0,00 0,07 0,13 0,00

2.3. Fornecedores de insumos (equipamentos, materiais) 0,78 0,89 1,00 1,00

2.4. Clientes 0,69 0,97 0,83 1,00

2.5. Concorrentes 0,35 0,48 0,39 0,80

2.6. Outras empresas do setor 0,20 0,67 0,68 0,30

2.7. Empresas de consultoria 0,18 0,37 0,60 0,50

3.Universidades e Outros Institutos de Pesquisa

3.1. Universidades 0,33 0,54 0,23 0,50

3.2. Institutos de Pesquisa 0,00 0,21 0,08 0,00

3.3. Centros de capacitação profissional e de assistência técnica 0,20 0,31 0,23 0,80 3.4. Instituições de testes, ensaios e certificações 0,15 0,19 0,08 0,80

(11)

(conclusão)

Tabela 3: Fonte de Informação para o Desenvolvimento de Processos Inovativos no Arranjo Produtivo de Materiais Plásticos da Região Sul de Santa Catarina – 2003

Micro Pequena Média Grande Descrição

Índice* Índice* Índice* Índice* 4. Outras Fontes de Informação

4.1. Licenças, patentes e “know-how” 0,00 0,21 0,36 0,15

4.2. Conferências, Seminários, Cursos e Pubs. Especializadas 0,35 0,61 0,61 0,80

4.3. Feiras, Exibições e Lojas 0,65 0,75 0,73 0,80

4.4. Encontros de Lazer (Clubes, Restaurantes, etc) 0,24 0,53 0,50 0,60

4.5. Associações empresariais locais 0,56 0,69 0,76 0,15

4.6. Informações de rede baseadas na internet ou computador 0,54 0,81 0,86 1,00 *Índice = (0*Nº Nulas + 0,3*Nº Baixas + 0,6*Nº Médias + Nº Altas) / (Nº Empresas no Segmento).

Fonte: Pesquisa de Campo.

No âmbito das fontes externas alimentadoras de processos inovativos, salientam-se, para as microempresas, as provenientes das interações com os fornecedores de insumos e máquinas e equipamentos que respondem pelo índice de maior grau de importância, 0,78, em comparação com outras fontes, como as que se manifestam a partir de relações com clientes, 0,69. Por sua vez, as pequenas empresas consideram este último quesito como fonte de informação mais relevante, 0,97, em comparação com as que decorrem com os fornecedores, 0,89. Nesta perspectiva, as empresas, ainda com atributos diferenciados por porte, pelo mecanismo learning by using demonstram capacidade de compreensão da importância das sinalizações feitas pelos clientes sobre problemas não detectados

ex-ante nos produtos, assim como reconhecem que o conhecimento científico e tecnológico não é capaz

de prever todas as possibilidades de uso do produto. Ao atribuírem relevância ao mecanismo de

learning by interacting, reconhecem a importância da troca de informações e outras formas de

cooperação com fornecedores dessa cadeia produtiva.

Por outro lado, as relações das MPEs do arranjo com as universidades e outros centros de pesquisas para o desenvolvimento de processos inovativos não se mostram intensas, ainda que são mais relevantes os atributos da pequena empresa em relação às micro em projetos cooperativos. Os índices de grau de importância atribuídos para relações com universidades, 0,33 para as micro e 0,54 para as pequenas, e com institutos de pesquisa, 0,00 e 0,21, respectivamente, são comprovadores desta ocorrência. Os índices registrados expressam que são poucas as empresas que procuram manter relações interativas em busca de suporte para ações inovativas. Por conseqüência, são as que se beneficiam das condições infra-estruturais educacional e tecnológica existentes no arranjo, considerando que a Universidade - UNESC – possui corpo docente com conhecimento nas áreas de polímeros e de engenharia de materiais, e o instituto de pesquisa – SENAI-CTCMAT – conta com laboratórios, equipamentos e técnicos que realizam ensaios, testes, certificação e pesquisa e desenvolvimento na área de materiais plásticos.

Por sua vez, as MPEs recorrem a feiras, exibições e lojas como uma das fontes externas de informação para desenvolverem processos inovativos. Registram-se, na pesquisa de campo, índices de grau de importância 0,65 para as micro e 0,75 para as pequenas empresas de materiais plásticos do arranjo. Outra forma de atualização de informação tecnológica que as empresas demandam são as conferências, seminários, cursos e publicações especializadas, sendo mais relevante para as pequenas empresas, 061, do que para as micro, 0,35, em índices de grau de importância constatados. Eventos são realizados no arranjo em promoção da ACIC, SIMPLASC, SINDESC – na forma de palestras e conferências relacionadas ao setor. As feiras e exposições ocorrem externamente e com freqüência anual, como a Feira e Congresso Nacional de Integração da Indústria de Plástico e a Feira Internacional de Plásticos.

No âmbito da localização das fontes de informação externas mais importantes para a capacitação tecnológica das MPEs, destacam-se as estabelecidas, conjuntamente, no local e fora, sendo, contudo,

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mais relevantes fora do arranjo, para fornecedores e clientes. O local ainda é insuficiente para fornecer as informações necessárias para atualizar e estimular as empresas em processos inovativos. Os principais fornecedores de máquinas e equipamentos localizam-se em São Paulo, na Itália e na Alemanha, ainda que no arranjo existam fornecedores de peças e componentes e revendas de máquinas usadas. Entretanto o local constitui fonte importante de informação no âmbito dos produtores concorrentes e de outras empresas do setor, através de esforços em obter informações sobre qualidade do produto, técnicas organizacionais, estágio tecnológico das máquinas, etc. obtidas mediante relações comerciais, encontros sociais, relações de amizade, reuniões na ACIC etc.

As universidades e institutos de pesquisa inseridos no local não constituem fontes de informações relevantes para a capacitação tecnológica das micro empresas, enquanto para as pequenas empresas estas instituições têm importância maior, porém sem ser expressiva. Por seu turno, as empresas, em todos os tamanhos considerados, reconhecem os centros de capacitação profissional, de assistência técnica e de manutenção existentes no local, como fonte de informação, sobretudo pelo conteúdo dos cursos técnicos oferecidos. Nesse aspecto, há maior interesse das empresas em obter informações operacionais, que os cursos técnicos oferecem sobre o processo produtivo, do que os conhecimentos complexos e abrangentes dos cursos superiores.

Com a finalidade de criação de competência para o desenvolvimento de processos inovativos, as MPEs realizam treinamentos e capacitação de seus recursos humanos em várias dimensões, sendo com mais ênfase na própria empresa e em instituições que oferecem cursos técnicos no arranjo. Dentre as dimensões relevantes, tem-se o treinamento que ocorre no âmbito da empresa, com índice de importância 0,92, tanto para as micro como para as pequenas, conforme a Tabela 4. Este treinamento se processa através de cursos e ensinamentos operacionais ministrados pelos fornecedores de insumos e de máquinas e equipamentos, de repasse de conhecimentos adquiridos por trabalhadores em cursos realizados em instituições no arranjo e fora dele a outros trabalhadores da própria empresa, e de ensinamentos realizados na empresa por trabalhadores com maior conhecimento e experiência a outros em etapas do processo produtivo.

Tabela 4: Treinamento e Capacitação de Recursos Humanos no Arranjo Produtivo de Materiais Plásticos da Região Sul de Santa Catarina – 2000 – 2002

Micro Pequena Média Grande Descrição

Índice* Índice* Índice* Índice*

1. Treinamento na empresa 0,92 0,92 0,86 1,00

2. Treinamento em cursos técnicos realizados no arranjo 0,24 0,75 0,53 0,80 3. Treinamento em cursos técnicos fora do arranjo 0,13 0,37 0,35 0,80 4. Estágios em empresas fornecedoras ou clientes 0,11 0,26 0,04 0,00

5. Estágios em empresas do grupo 0,11 0,00 0,04 0,50

6. Contratação de técnicos/engenheiros de empresas do arranjo 0,25 0,40 0,29 0,30 7. Contratação de técnicos/engenheiros de empresas fora do

arranjo

0,08 0,33 0,24 0,15 8. Absorção de formandos dos cursos universitários localizados

no arranjo ou próximo

0,08 0,46 0,29 0,65 9. Absorção de formandos dos cursos técnicos localizados no

arranjo ou próximo

0,03 0,16 0,04 0,65 *Índice = (0*Nº Nulas + 0,3*Nº Baixas + 0,6*Nº Médias + Nº Altas) / Nº Empresas no segmento.

Fonte: Pesquisa de Campo.

No âmbito dos cursos técnicos oferecidos, as empresas recorrem mais aos cursos realizados no arranjo do que os que ocorrem fora do arranjo, em demonstração de aproveitamento das condições institucionais existentes no ambiente produtivo local. Por sua vez, estes cursos são mais bem aproveitados pelas pequenas empresas que apresentam índice de intensidade 0,75, em relação ao índice de 0,24 alcançado pelas microempresas. Os cursos técnicos destacados são, em nível local, o

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Curso Técnico em Plásticos promovido pelo SENAI-CTCMAT e SATC e, no âmbito externo, o Curso Técnico em Moldes e Matrizes realizado no SENAI de Joinville, SC.

A compreensão do impacto das inovações sobre as condições competitivas das MPEs apresenta-se distinta por tamanho empresarial, recebendo maiores atributos nas pequenas do que nas microempresas, ainda que sem deixarem de ser índices regulares, segundo a Tabela 5. Nas microempresas, os índices exibidos apontam predomínio nas respostas dos graus de importância nula e baixa para os itens que a introdução de inovações promove, tais como: aumento da produtividade da empresa, ampliação da gama de produtos ofertados, elevação da qualidade dos produtos, aumento da participação no mercado, redução de custos, entre outros. Essa constatação demonstra que as microempresas não têm consciência dos impactos positivos das inovações e se preocupam mais com orientações voltadas à produção. Apresentando índices melhores, as pequenas empresas apontam que as inovações não só permitem as empresas manterem, 0,70, mas também aumentarem a participação no mercado consumidor, 0,69.

Tabela 5: Impactos da Inovação no Arranjo Produtivo de Materiais Plásticos da Região Sul de Santa Catarina – 2000 – 2002

Índices Impactos

Micro Pequena Média Grande

1. Aumento da produtividade da empresa 0,51 0,57 0,83 0,80

2. Ampliação da gama de produtos ofertados 0,39 0,61 0,48 0,50

3. Aumento da qualidade dos produtos 0,43 0,61 0,65 0,80

4. Permitiu a empresa manter a participação nos mercados 0,55 0,69 1,00 1,00 5. Aumento da participação no mercado interno da empresa 0,38 0,70 0,65 0,15 6. Aumento da participação no mercado externo da empresa 0,00 0,00 0,20 0,00 7. Permitiu que a empresa abrisse novos mercados 0,36 0,46 0,55 1,00 8. Permitiu a redução de custos do trabalho 0,32 0,29 0,53 0,60 9. Permitiu a redução de custos de insumos 0,20 0,11 0,33 0,30 10. Permitiu a redução do consumo de energia 0,08 0,14 0,36 0,30 11. Permitiu o enquadramento em regulações e normas padrão

relativas ao mercado interno

0,00 0,09 0,33 0,00 12. Permitiu o enquadramento em regulações e normas padrão

relativas ao mercado externo

0,00 0,00 0,13 0,00 13. Permitiu reduzir o impacto sobre o meio ambiente 0,08 0,04 0,28 0,30 *Índice = (0*Nº Nulas + 0,3*Nº Baixas + 0,6*Nº Médias + Nº Altas) / (Nº Empresas no segmento).

Fonte: Pesquisa de Campo.

Em termos comparativos, observa-se que as pequenas empresas apresentam maior constância nas atividades inovativa que as microempresas, com maior freqüência de atividades inovativas rotineiras e ocasionais. Dentre as ocorrências de atividades inovativas rotineiras, destacam-se o uso de programas de treinamento de trabalhadores orientados para a introdução de mudança técnica e a aquisição de máquinas e equipamentos que resultem em melhorias tecnológicas de produtos. Enquanto isso, as atividades inovativas de P&D inserem-se no campo de freqüência ocasional. Esse resultado expressa o quadro de possibilidades com que contam as pequenas empresas, a partir da utilização do conhecimento adquirido pelos trabalhadores em cursos e dos avanços tecnológicos promovidos pelos fornecedores de tecnologia através da compra de equipamentos. Revelam-se passivas neste aspecto, valendo-se de condições dadas pelo ambiente da produção e pelas relações com fornecedores, portanto sem a obrigatoriedade de investir em P&D de forma constante.

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Tabela 6: Participação nas Vendas Internas em 2002 de Produtos Novos ou Aperfeiçoados no Arranjo Produtivo de Materiais Plásticos da Região Sul de Santa Catarina entre 2000 - 2002 %

Participação nas vendas Descrição 0 1 a 5 6 a 15 16 a 25 26 a 50 51 a 75 76 a 100 Total 1.Micro Produtos novos 36,4 0,0 9,1 9,1 36,4 0,0 9,1 100,0 Significativos aperfeiçoamentos 45,5 0,0 0,0 9,1 0,0 36,4 9,1 100,0 2. Pequena Produtos novos 25,0 0,0 0,0 33,3 16,7 16,7 8,3 100,0 Significativos aperfeiçoamentos 23,1 0,0 7,7 7,7 15,4 15,4 30,8 100,0 3. Média Produtos novos 37,5 0,0 12,5 25,0 25,0 0,0 0,0 100,0 Significativos aperfeiçoamentos 28,6 0,0 14,3 14,3 14,3 14,3 14,3 100,0 4. Grande Produtos novos 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 Significativos aperfeiçoamentos 0,0 0,0 0,0 0,0 100,0 0,0 0,0 100,0 Fonte: Pesquisa de campo (2003).

O reflexo dessas considerações está expresso na participação das vendas em 2002 de produtos novos ou aperfeiçoados entre 2000 e 2002, sendo mais relevante o impacto nas vendas das pequenas do que das microempresas, como registrado na Tabela 6. Para parte das pequenas empresas, cerca de 25%, os novos produtos chegam a representar de 50 a 100% de participação nas vendas, enquanto tal ocorrência está somente para 9% das microempresas. Da mesma forma, no âmbito de significativos aperfeiçoamentos de produtos, constata-se que para 30% das pequenas empresas estes chegam a representar de 76 a 100% da participação das vendas, ao passo que tal ocorrência se verifica somente para 9% das micro empresas. Tal constatação procedente de parte do núcleo de pequenas empresas evidencia os ganhos econômicos que resultam de decisões voltadas a introduzir inovações, ainda que a imprevisibilidade e a incerteza de retornos estejam presentes nesta atividade.

Considerando os aspectos citados, observa-se que a capacidade inovativa do arranjo de materiais plásticos retrata as condições em que se encontra o regime tecnológico, cuja dinâmica apresenta estabilidade em seu padrão, possibilitando ocorrências de inovações incrementais, a partir de mecanismos de aprendizagem. Com o padrão tecnológico estável, existem baixas condições de oportunidades tecnológicas que impossibilitam o aparecimento de inovações radicais e abrem possibilidades para melhoramento e adaptação do produto. Por outro lado, a maturidade deste padrão aponta baixo nível de cumulatividade do conhecimento, permitindo fácil acesso ao conhecimento de cunho tecnológico. Tal facilidade encontra suporte nas características do conhecimento base, cujas disciplinas e conteúdos associados às áreas de engenharia de materiais e química apresentam codificações não complexas e de relativo acesso. A tecnologia difundida, adicionada a fraco sistema de proteção, conduz a baixas condições de apropriabilidade dos resultados por longo tempo pelas empresas (Breschi & Malerba, 1997).

Dadas essas condições, o processo inovativo avança a partir de aperfeiçoamentos incrementais em processos e produtos, introduzidos pelo setor fornecedor de tecnologia em modificações nas máquinas e equipamentos, por meio de alterações técnicas introduzidas pelos fornecedores de insumo e de mudanças no produto decorrentes dos procedimentos internos das empresas. Essas ocorrências encontram nos mecanismos de aprendizado formas de se reproduzirem e, por conseqüência, de aumentarem as capacitações para desenvolver processos inovativos. Estes processos apresentam várias características, dentre as quais, distintas gradações decorrentes da magnitude do avanço tecnológico a ser empreendido, maior ou menor facilidade de ter acesso às soluções existentes, níveis de conduta interativa dos vários autores, estruturas organizacionais mais funcionais para o aprendizado tecnológico que outras, capacidade de explorar o conhecimento existente etc.

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Nesse ambiente tecnológico da indústria de materiais plásticos, destacam-se as formas de conhecimento tácito como uma das principais para explorar os mecanismos de aprendizagem estimuladores de processos inovativos pelas empresas do arranjo. Tal forma de conhecimento torna-se ativo estratégico para as empresas de materiais plásticos do arranjo, considerando-se que o conhecimento do trabalhador pode transformar-se em vantagem competitiva sustentável. As empresas que exploram o conhecimento coletivo desfrutam da propriedade de fazer do seu espaço um ambiente privilegiado de transformação do conhecimento da forma de idéias em conhecimento relacionado à produção e mercado (Oliveira, 2001, p. 143).

P

PP

P

ROPOSIÇÃO DROPOSIÇÃO ROPOSIÇÃO ROPOSIÇÃO DDDE E E E

PP

P

P

OLOLÍÍÍÍTICAS OLOLTICAS DTICAS TICAS DDDE E E E

D

D

D

D

ESENVOLVIMENTOESENVOLVIMENTOESENVOLVIMENTOESENVOLVIMENTO

Considerando que as políticas de desenvolvimento devem atuar no sentido de explorar as vantagens e atenuar as dificuldades enfrentadas pelas empresas no arranjo produtivo, suas formulações para o campo do processo inovativo devem considerar as seguintes sugestões.

1 - Explorar os mecanismos de aprendizagem tecnológica: a) criar espaços internos de discussão dentro das empresas sobre as possibilidades de mudança técnica; b) divulgar os melhoramentos e as modificações nos métodos de produção, insumos associados e produtos, com a publicação e exposição deles em sites informativos e fóruns tecnológicos; c) aumentar as relações de complementaridade produtivas para intensificar as relações de troca e as especializações existentes; d) abrir espaços para fornecedores divulgarem seus produtos e trocarem informações tecnológicas, mediante a criação de canais de comunicação com clientes, como site, mídia etc; g) estimular a contratação de profissionais especializados por meio de convênios entre as associações e as universidades locais; h) incentivar a inovação, dividindo seus riscos através da criação de fundos governamentais para esse fim.

2 - Criar condições para o desenvolvimento formal de atividade de P&D: a) criar infra-estrutura tecnológica, com laboratórios e técnicos especializados; b) destinar recursos financeiros anuais para P&D; c) intensificar as atividades internas de P&D, estimulando a capacidade de criação em projetos de desenvolvimento de produto – concepção, design, protótipo; d) fazer acordos e alianças em projetos cooperativos tecnológicos com concorrentes, fornecedores e instituições de pesquisa; e) instituir sistema de prêmio para empresas inovadoras.

3 - Capacitar e treinar mão-de-obra para práticas inovativas: a) realizar cursos de atualização tecnológica através da interação com os fornecedores; b) realizar curso de difusão de uso das tecnologias de informação; c) promover seminários sobre dinâmica de processos interativos e cooperativos; d) instituir programas de intercâmbio entre empresas e instituições de ensino e pesquisa para trocas de informações e obtenção de conhecimento; e) proporcionar estágios remunerados para trabalhadores que estejam fazendo cursos técnicos e superiores.

4 - Promover interação entre agentes – instituições e empresas - visando à inovação: a) desenvolver programas de ação conjunta em torno de aquisição de máquinas e equipamentos atualizados tecnologicamente; b) criar programas de qualidade e de padronização de produtos; c) incentivar a demanda por consultorias técnicas externas; d) criar rede de informação acerca do estado das artes em tecnologia e gestão; e) fomentar grupos de estudo, a fim de identificar oportunidades para o desenvolvimento de novos produtos; g) auxiliar na criação de marca identificadora da qualidade dos produtos.

5 - Estimular as formas de governança, relações de cooperação e ações coletivas: a) identificar a existência de lideranças políticas e empresariais locais capazes de estimular ações conjuntas de empresas e instituições; b) constituir fórum local de ação, organizado pelas associações locais em conjunto com a classe empresarial; c) eleger, através dos empresários e da comunidade científica local, a instituição com a responsabilidade de difundir padrões técnicos mais sofisticados; d) desenvolver diferentes formas de cooperação, tais como consórcio para compras de insumos, equipamentos e

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exportação e atividades de P&D; e) estabelecer ações que visem fortalecer a confiança entre empresas e instituições, a partir das relações histórica, social e cultural de conformação do arranjo.

C

C

C

C

ONSIDERAÇÕES ONSIDERAÇÕES ONSIDERAÇÕES ONSIDERAÇÕES

F

FF

F

INAISINAISINAISINAIS

As MPEs do APL em estudo pautam seus processos inovativos, fundamentalmente, por meio de mecanismos informais de aprendizagem que ocorrem nos espaços da produção e em interações com fornecedores e clientes. Tais mecanismos geram inovações incrementais, sendo que as inovações decorrem da introdução de novas resinas plásticas e composições e novas máquinas e equipamentos que atribuem ao produto maior qualidade e resistência, enquanto as inovações de produto são voltadas à obtenção de produtos com menor espessura, maior resistência e mudanças de formato e de coloração. São fundamentais para a ocorrência destas inovações os mecanismos de aprendizagem learning by

doing, que acontece no espaço da produção; learning by interacting, que se processa nas interações

com fornecedores e instituições; e learning by using, que se manifesta a partir de informações de usuários dos produtos. Por sua vez, a ocorrência desses mecanismos se dá de forma diferenciada por porte empresarial, sendo evidenciado com maior intensidade nas pequenas do que nas microempresas, justificado pelo maior nível de produção, densidade nas relações interativas com outros agentes da cadeia produtiva e aproveitamento das condições de informações passadas pelos clientes.

Por sua vez, os mecanismos de aprendizado citados se reproduzem no âmbito do APL em consonância com as características do regime tecnológico existente na indústria de materiais plásticos. Em face do padrão tecnológico ser considerado maduro, existem baixas condições de se aproveitarem as oportunidades tecnológicas que resultam em mudanças técnicas de maior impacto. As inovações incrementais, de menor proporção, introduzidas valem-se do conhecimento base para inovações serem amplas, difundidas e acessíveis. A apropriabilidade dos resultados econômicos decorrentes da introdução destas inovações é mantida por pouco tempo, em virtude da fácil propagação entre os concorrentes.

Esforços para capacitação tecnológica poderiam ser mais bem direcionados, se as empresas aproveitassem as condições oferecidas pelo sistema de conhecimento existente no local. Os resultados indicam que as MPEs não se beneficiam em maior intensidade do sistema de conhecimento disponibilizado pela infra-estrutura de ensino e pesquisa. Não se constatam registros de fortes interações destinadas ao aproveitamento dos cursos oferecidos, sobretudo o de nível superior, que oferece qualificações específicas na área, bem como demandas pelos serviços de laboratórios, informações tecnológicas e assessoria institucional qualificada. Por outro lado, das fontes de informação para o desenvolvimento de processos inovativos são significativas as externas e com localização fora do arranjo, principalmente de fornecedores e clientes.

Sob esse quadro, as políticas de desenvolvimento devem voltar-se para a geração e o aproveitamento do conhecimento endógeno no arranjo, como também de sua difusão como forma de impulsionar a capacitação tecnológica. Assim, as empresas devem criar condições para investimentos formais em P&D, ampliar os espaços de aprendizagem tecnológica, aumentar a interação com as instituições de ensino e pesquisa e estimular formas de governança visando explorar as vantagens e benefícios que arranjos produtivos locais possibilitam.

Artigo recebido em 03.06.2005. Aprovado em 03.11.2005.

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B

B

B

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