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Fonologia Aula # 04 (27/04/09)

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Academic year: 2021

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Fonologia – Aula # 04 (27/04/09)

Capítulo 5. Processos Fonológicos

Iniciamos, aqui, o estudo da fonologia dinâmica: processos fonológicos e sua representação através de regras. Assim sendo, ficamos restritos, hoje, aos capítulos 5 e 6 do nosso livro texto.

Quando os morfemas são juntados na formação de palavras, os segmentos fronteiriços sofrem, muitas vezes, mudanças. Outras vezes as mudanças ocorrem exatamente quando os segmentos não estão em contato direto com nenhum outro segmento. Exemplos dos dois casos são:

elétric- o/a [ k ] eletric-idade [ s ]

górat garadá

A estas mudanças se dá o nome de processos fonológicos.

Os processos fonológicos podem ser classificados em quatro grandes categorias: 1. Processos de assimilação

2. Processos de estrutura silábica

3. Processos de enfraquecimento e fortalecimento 4. Processos de neutralização

Processos de Assimilação

Nos processos de assimilação os segmentos se tornam mais parecidos entre si. Isso se dá pela própria natureza da linguagem falada. Na verdade, os processos de assimilação são os mais comuns, e são encontrados em todas as línguas do mundo. Aqui podemos distinguir quatro situações possíveis.

a) Vogal assimilando traço de consoante; b) Consoante assimilando traço de vogal; c) Consoante assimilando traço de consoante; d) Vogal assimilando traço de vogal.

Exemplos:

Um bom exemplo do caso (a) é a nasalização de vogais. Em alguns dialetos do português brasileiro, uma vogal, em final de sílaba, se torna nasalizada quando seguida por uma consoante nasal que inicia a próxima sílaba. Em outros dialetos do português a nasalização só acontece se a vogal em questão for acentuada. Um morfema como banana será pronunciado como .. no dialeto de BH, mas será pronunciado como .. no dialeto de Salvador (OBS: Os pontos indicam a divisão silábica).

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Um bom exemplo do caso (b) é o da palatalização de consoantes em russo, quando seguidas da vogal [ i ]. O mesmo acontece em português com / t / e / d / , quando seguidos de [ i ]. Veja os exemplos a seguir:

Russo

dar „presente‟ daryit „presentear‟

dom „casa‟ domyisko „cabana‟

bomba „bomba‟ bombyit „bombardear‟

Português

dental deni verdura veri

Exemplos do caso (c) podem ser vistos na formação de plural em inglês e na formação do presente contínuo em yoruba (v. pg. 51). Exemplos do caso (d) podem ser vistos na harmonia vocálica do turco e no umlaut do alemão, ambos ilustrados na pg. 52.

Processos de Estrurura Silábica

Os processos de estrutura silábica têm a ver com alterações que se efetuam na estrutura da sílaba, seja por uma redistribuição na distribuição de consoantes e/ou vogais no interior da sílaba, seja pela inserção e/ou cancelamento de um segmento, seja pela fusão (= coalescência) de segmentos, seja pela mudança de classe de um segmento. Em todos esses casos, amplamente exemplificados da pg. 52 à pg. 57, uma estrutura silábica X dá lugar a uma estrutura silábica Y.

Processos de Enfraquecimento e de Fortalecimento

Esses processos implicam na diminuição ou no aumento do esforço muscular necessário para a articulação de um segmento ou de uma seqüência de segmentos. Os segmentos envolvidos ocupam as chamadas „posições fracas‟. Por exemplo, uma vogal átona é mais fraca que uma vogal tônica; uma vogal átona em posição final é mais fraca que uma vogal átona em posição não-final. Vogais em posições fracas podem ser, simplesmente, eliminadas (por aférese, síncope ou apócope. V. pp. 57-58), ou podem ser reduzidas a uma vogal de timbre indistinto (um „schwa‟ [  ]). Por outro lado, vogais em posição forte (p. ex., vogais tônicas em final de sílaba) podem ser ditongadas. Exemplos podem ser vistos nas pp. 57-59.

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Processos de Neutralização

Dá-se o nome de neutralização aos processos que eliminam uma oposição fonêmica em determinados contextos. Por exemplo, sabemos que, em português, existe uma oposição fonêmica entre / e / e / i /, como se pode ver em vê vs vi. Contudo, em posição átona final este contraste é neutralizado em [ i ]. Exemplos de neutralização podem ser vistos na pg. 60.

Feito isso, vamos treinar um pouco sobre os processos fonológicos:

Exercícios de treinamento : Processos Fonológicos

1. Japonês

Considere os seguintes dados do japonês

Negativa Volitiva Tradução

01. inanai initai voltar

02. sumanai sumitai viver

03. tobanai tobitai pular

04. hanasanai hanaitai falar

05. osanai oitai empurrar

06. utanai uitai bater

07. katanai kaitai vencer

(1)- Quais são as terminações para as formas negativa e volitiva? (2)- Explique as alternâncias de raiz. (3)- Qual é o processo envolvido aí?

2. Palauano

Presente Part. Futuro Tradução

01. mdánb dnbáll cobrir

02. mtéb tbáll puxar

03. mnétm ntmáll pingar

04. mtábk tbkáll remendar

(1)- O que acontece à vogal da raiz no particípio futuro? (2)- O que condiciona esta alteração?

(3)- Que tipo de processo é este? Lambujem:

(a)- O Presente é composto do prefixo m-, seguido da raiz verbal.

(b)- O Particípio Futuro é formado pelo sufixo –all, que se acrescenta à raiz verbal.

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Regras Fonológicas (Capítulo 6)

As alternâncias de forma que um morfema sofre em determinados contextos podem ser descritas em termos de regras fonológicas. Por exemplo, os processos fonológicos, que acabamos de ver, podem ser descritos através de regras. Mas, por que precisamos de „regras‟? Por que não descrever as alternâncias em termos de listas, como se fazia anteriormente, num modelo de Item e Arranjo? (Paradinha tática: afinal, o que são, mesmo Item e Arranjo e Item e Processo???) Por que as regras são „superiores‟ às listas?

Para início de conversa, é preciso deixar claro que não podemos passar sem listas. As listas são tudo o que nos resta quando as alternâncias entre as formas de um morfema são casos de supletivismo. Ou seja, formas supletivas devem ser listadas. Por exemplo, o verbo ser, em português, apresenta alternâncias do tipo sou, é, fui, era, que não podem ser relacionadas por uma única forma básica, eventualmente alterada por processos fonológicos. Nem o próprio Mandrake ou o David Copperfield conseguiriam fazer uma mágica deste tipo.

Se as listas são necessárias, porque não tratar todos os casos de alternância através de listas? As razões são as seguintes:

1. Há outros tipos de conhecimento lingüístico que não podem ser descritos por listas. É o caso da sintaxe. Nosso conhecimento sintático não pode ser descrito por listas (nenhum de nós teria memória suficiente para guardar uma lista das sentenças do português na cabeça);

2. As regras - mas não as listas! - permitem generalizações. Essas generalizações são observadas quando examinamos as mudanças lingüísticas e a operação dos processos fonológicos, que atingem classes, e não elementos isolados de uma possível lista;

3. As formas novas que entram na língua entram numa ou noutra generalização, e não em listas separadas. É o caso das formas de plural em –ão/-ões, que são produtivas nos empréstimos (caminhão/caminhões) e nas formas novas do aumentativo (bestalhão/bestalhões).

Portanto, optamos por regras, e concluímos que “The items in the phonetic repertoire of a language have the character of a structure, not an inventory”.

As regras são de três tipos: Regras de Mudança de Traço (Feature Changing Rules), Regras de Cancelamento e Inserção e Regras de Permuta e Coalescência (que vão apresentar um formato especial). As regras podem, também, conter variáveis e diacríticos, que comentaremos mais adiante. De qualquer forma, vamos entender as regras como aparatos formais para descrever os processos fonológicos.

Regras de Mudança de Traço

Quando um segmento se modifica, precisamos saber três coisas: Que segmento (X) muda? Como (Y) muda? Sob que condições (Z) ele muda? Assim, uma regra tem o seguinte formato:

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X  Y/Z

que deve ser lida como: X se transforma em Y no contexto Z. Note que a barra / separa a mudança estrutural (X  Y) do contexto estrutural Z. É bom notar que X, Y e Z acima devem ser substituídos por traços (os relevantes) na formulação da regra. Se uma regra opera independentemente do contexto, ela pode ser escrita sem referência a ele, como

X  Y

Contudo, a maioria dos processos se dá num contexto específico. Vamos exemplificar a formulação de regras com um caso do português. Dissemos anteriormente que, em alguns dialetos do português brasileiro, uma vogal se nasaliza diante de uma consoante nasal na sílaba seguinte. Este processo pode ser representado pela seguinte regra:

V  [ + nasal ] / $ [ C ] + nasal

onde o símbolo $ indica uma fronteira silábica.

Na pg. 63 Schane nos fala sobre o uso do subscrito 0. Esse subscrito indica que o

elemento subscritado pode ser de 0 a muitos. Por exemplo, C0 significa nenhuma

consoante ou n consoantes. Outros símbolos notacionais são { } e ( ). Ambos nos permitem juntar várias regras, desde que elas executem o mesmo processo, numa única regra. O símbolo notacional { } indica “ ou...ou”, e o símbolo ( ) indica “opcionalidade”. Vejamos alguns exemplos de uso dos dois símbolos nas páginas 64 e 65.

Regras de Cancelamento e Regras de Inserção

As regras de cancelamento têm o formato X  /Z, e as regras de inserção têm o formato   X/Z. Um exemplo de cada pode ser visto nas pp. 65 e 66. Nenhum segredo aí.

Regras de Permuta e Coalescência

Essas regras têm um formato especial, chamado de „formato transformacional‟. Este tipo de notação pode ser visto nas pp. 66-67. A notação transformacional é a única que pode ser usada para permuta (casos de metátese, p. ex.) e para a coalescância (casos

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de fusão, p. ex.), onde dois segmentos são afetados simultaneamente (e, nestes casos, a notação padrão não é conveniente).

Regras com variáveis

Da pg. 68 à pg. 72 Schane nos fala de regras com variáveis , , , , etc. Essas variáveis se referem a valores de traços, + ou - . Se um determinado traço tem sua variável marcada como +, isso significa que todos os outros traços que contenham a variável também devem ser marcados como +. Assim, se  é +, um traço marcado como  terá o valor + e um traço marcado como - terá o valor -. Se o valor de um traço não tem nada a ver com o valor de um outro traço, então temos que usar duas variáveis,  e , por exemplo. Isso significa que o valor atribuído a  não tem nada a ver com o valor atribuído a . Vejamos alguns exemplos no texto, pp. 68-71.

Regras Flip-Flop: ver texto, pp. 71-72. Subscritos e superescritos: ver texto, pg. 72.

Enfim, crianças, todo esse „mumbo-jumbo‟ não passa de um mecanismo formal de representação, assim como acontece em outras áreas (matemática, química, física, economia, lógica, etc). Portanto, ninguém precisa se afogar nele. Na verdade, o formalismo nos ajuda muito.

Referências

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