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AÇÃO COMPLEMENTAR EM LEITURA E LITERATURA NA EDUCAÇÃO INFANTIL: um caminho para a formação do professor/educador.

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Academic year: 2021

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AÇÃO COMPLEMENTAR EM LEITURA E LITERATURA NA EDUCAÇÃO INFANTIL: um caminho para a formação do professor/educador.

MARISTELA PITZ DOS SANTOS SEMED – BLUMENAU1

“Janela sobre a utopia Ela está no horizonte – diz Fernando Birri. – Me aproximo dois passos, ela se afasta dois passos. Caminho dez passos e o horizonte corre dez passo. Por mais que eu caminhe, jamais a alcançarei. Para que serve a utopia? Serve para isso: para caminhar.”

Eduardo Galeano

A Literatura Infantil, dentre outros suportes de textos apresentados à criança, ocupa um papel de sensibilizadora de uma geração capaz de pensar criticamente e de superar os limites das experiências já adquiridas pela sociedade. É neste sentido, que a Literatura infantil oportuniza ao ser humano a consciência da linguagem, o despertar, ampliar e a manifestação de sua criatividade e consciência crítica.2

A sensibilização para leitura do pré-leitor3 não inicia somente com o ingresso da criança nas séries iniciais do ensino fundamental e em diferentes instituições, sejam elas escolares ou pré-escolares. É preciso reconhecer que é na primeira e na segunda infância que se dá este processo, na família, nos CEI’s 4, segmentos estes que dividem esta responsabilidade. A leitura está em torno da criança, independente da instituição que ela esteja inserida, e dos processos formais que a ela sejam oportunizados.

É mister que se parta da concepção de leitura apontada por Paulo Freire que elenca a aprendizagem da leitura como “Leitura de mundo”,

1

Graduada em Pedagogia com especialização em leitura, literatura e letramento, diretora de um Centro de Educação Infantil de Blumenau e professora formadora n área da literatura infantil e da educação infantil. 2

Termos utilizados por Coelho em sua obra: Literatura, arte, conhecimento e vida; p.130., que contempla uma nova visão de mundo, entendendo o ser humano como histórico e criador de cultura.

3

Classificação utilizada por Coelho em sua obra: Literatura Infantil Teoria, Análise e Didática; p. 33.

4

Centros de Educação Infantil – nomenclatura utilizada para designar as Instituições de Educação Infantil que atendem a primeira e segunda infância no município de Blumenau.

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leitura que antecede a leitura da palavra, e esta dá condições a uma leitura diferenciada do cotidiano no qual se está inserido, modificando o cotidiano e modificando o indivíduo. Diante disso, é importante mais uma vez ressaltarmos a importância da sensibilização para leitura do pré-leitor na primeira e segunda infância realizadas nas instituições de educação infantil

Vale lembrar que o contato da criança com o objeto livro desde cedo é condição fundamental para que esta manifeste interesse pela leitura, consequentemente oportunizando a leitura do mundo que a cerca com mais propriedade modificando-se a partir das leituras e modificando o mundo através das mudanças ocorridas consigo.

A literatura Infantil foi por muito tempo segregada, diminuída e considerada como um gênero secundário. Recentemente desponta como alvo de atenção do mercado editorial capitalista quando reconhecem a criança, seus pais e profissionais de Educação Infantil como consumidores em potencial deste material.

É necessário destacar que nem tudo o que circula hoje no mercado editorial pode ser chamado de produção literária infantil de qualidade. Neste sentido, encontra-se editoras que diminuem e desrespeitam o público alvo a que se destina estas obras, apresentando-as carregadas de clichês e estereótipos. Demonstrando que muitas vezes a criança não tem voz nem vez e que ainda é subjugada pelo adulto.

Questões acerca dos aspectos que contemplam a sensibilização para leitura do pré-leitor em meio a primeira e segunda infância, mostram-se pouco esclarecidas para muitos profissionais da Educação Infantil assim, como para muitos pais que buscam ofertar a leitura a seus filhos. Diante dessa realidade, destaca-se a dificuldade da compreensão dos aspectos qualitativos e indispensáveis que devam estar evidenciados nas obras literárias infantis. Tal desconhecimento resulta numa oferta equivocada e meramente exploratória. Sem contar a prática histórica do literário infantil que está ainda muito envolvido com objetivos escolares, curriculares e conteudistas, carregados de pretexto pedagógico.

Diante desta realidade, trabalhar com a formação dos profissionais que atendem as crianças nos espaços de educação infantil se faz necessário.

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Considerando que muitas vezes é exigido do professor/educador uma formação pronta e acabada, este profissional acaba tendo que assumir uma postura não reflexiva, pautada em uma formação tradicional a qual todos nós fomos submetidos (ou ainda somos).

O rompimento com esta postura requer reflexão e estudo. Estudo no sentido de aprofundar-se nas teorias hoje discutidas pelos profissionais e teóricos da educação, reflexiva no sentido de perceber a aproximação ou distanciamento que há entre a teoria a qual estudamos e a prática que assumimos e acreditamos. Neste sentido Paulo Freire diz que:

“Se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tão pouco a sociedade muda. Se a nossa opção é progressista, se estamos em favor da vida e não da morte, da eqüidade e não da injustiça, do direito e não do arbítrio, da convivência com o diferente e não de sua negação, não temos outro caminho senão viver plenamente a nossa opção. Encarná-la, diminuindo assim a

distância entre o que dizemos e o que fazemos”. (FREIRE, 1996)

Percebemos que muitos profissionais da educação já têm seu discurso coerente, não há mais contradições, mas quando presenciamos estes profissionais em atuação prática esta não condiz com seu discurso. A falta de aproximação da teoria com a prática é muito condenada pelos teóricos da educação, tão discutida, é quase tida como uma utopia, como afirma Galeano no início desta introdução, a utopia serve para nos fazer andar e acreditamos alcançar para então criarmos novas utopias e voltarmos a andar.

A ação complementar em leitura e literatura na educação infantil adquiriu a modalidade de formação continuada, pois muitos dos profissionais nela inseridos realizam discussão e estudos acerca da leitura e literatura na educação infantil a mais de dois anos. A modalidade de formação continuada tem como principal eixo o confronto da prática (muitas vezes espontaneísta) do professor/educador com a teoria.

Neste sentido, pensar a formação do professor/educador da primeira e segunda infância , no que se refere a formação do leitor, é pensar primeiramente na recuperação deste como leitor, sensibilizando-o para a leitura.

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A ação complementa vem propor um trabalho neste sentido e no sentido de instrumentalizar este professor/educador para que tenha as ferramentas necessárias para pensar um projeto de formação de leitores em sua instituição. Assim sendo consideramos os seguintes eixos de estudo:

* Seleção dos textos;

* Planejamento para leitura; * Oferta da leitura;

* Coleta da recepção;

* Desdobramento após a leitura ( intertextualidade, inferências...)

Todos estes aspectos precisam ser pensados e discutidos quando se quer efetivamente trabalhar no sentido de formar leitores desde a primeira infância. Como já afirmamos anteriormente, o mercado editorial trás uma avalanche de obras, porém nem todas literárias, muitas com cunho didático/informativo, o que confunde o professor/educador que não está inserido em uma política de formação continuada e acaba por consumir este tipo de material acreditando que tem um projeto de formação de leitores, quando na maioria das vezes este professor/educador não é leitor.

Enfim é fundamental destacar o papel do professor/educador/leitor neste processo de formação humana. A condição de leitor a qual o professor se encontra interferirá na formulação do projeto de formação de leitores e consequentemente na formação de sujeitos leitores.

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Referências Bibliográficas

ARIÈS. Philippe. História Social da Criança de da Família. Rio de Janeiro: LTC, 1981.

BRASIL. Ministério da Educação e Desporto. Secretaria da Educação Fundamental.

Referencial curricular para a educação infantil. Brasília: MEC/SEF, 1998.

CADEMATORI, Lígia. O que é Literatura Infantil. São Paulo: Brasiliense, 1991.

CAMARGO, Luís. A ilustração do livro infantil. Belo Horizonte: Le, 1995.

COELHO, Nelly Novaes. Literatura: arte, conhecimento e vida. São Paulo: Peiropolis, 2000.

COELHO, Nelly Novaes. Literatura Infantil: Teoria, Análise, Didática. São Paulo: Moderna, 2000.

FARACO, Carlos Emílio; MOURA, Francisco Marto. Língua e Literatura. São Paulo: Ática, 1996.

FRANCO, MARIA Laura Puglisi Barbosa. Análise de conteúdo. Brasília: Plano Editorial, 2003.

FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se

completam. São Paulo: Cortez, 1997.

GALEANO, Eduardo. As palavras andantes. Porto Alegre: L&PM, 1994. GALEANO, Eduardo. O Livro dos Abraços. Porto Alegre: L&PM, 1997.

História social da infância no Brasil. Organizador Marcos Cezar de Freitas.

São Paulo: Cortez, 2001.

Leitura em crise na escola: as alternativas do professor. Organizado por

Regina Zilberman. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1991.

LIMA, Elvira Souza. A criança Pequena e as suas Linguagens. São Paulo: Sobradinho, 2003.

LIMA, Elvira Souza. Como a Criança Pequena se Desenvolve. São Paulo: Sobradinho, 2001.

MARTINS, Maria Helena. O que é leitura. São Paulo: Brasiliense, 1988.

OSTROWER, Fayga Perla. Universos da Arte. Rio de Janeiro: Campus, 1983. PALO, Maria José. Literatura Infantil: voz de criança. São Paulo: Ática, 1986. SILVA, Ezequiel Theodoro da. Leitura & Realidade Brasileira. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1997.

Referências

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