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ANÁLISE DA DIFERENÇAS DAS FORÇAS NAS PEDALEIRAS DIREITA E ESQUERDA NO REMO ERGÔMETRO

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Academic year: 2021

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ANÁLISE DA DIFERENÇAS DAS FORÇAS NAS PEDALEIRAS DIREITA E

ESQUERDA NO REMO ERGÔMETRO

Leticia Gandolfi de Oliveira, Raphael Caballero, Fernanda Barth, Luiz Carlos Gertz

2

e

Jefferson Fagundes Loss

1

.

1

Escola de Educação Física – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre – RS

2

Universidade Luterana do Brasil, Porto Alegre - RS

Resumo: O objetivo deste estudo foi verificar a diferença nas forças encontradas nas pedaleiras direita e esquerda do remo ergômetro, em duas posições distintas. Oito atletas remaram durante 1 min na potência nominal de 400 watts, estando as pedaleiras na posição usual e em uma posição mais elevada. Foi construída uma curva média de força ao longo de todo o ciclo de remada, para cada atleta, para cada uma das pedaleiras, em cada uma das posições avaliadas. Foram consideradas as situações em que a força de um dos lados fosse no mínimo 10% superior ao outro, desde que pelo menos uma das forças superasse os 100N. Três atletas apresentaram diferenças menores na posição usual, enquanto o restante apresentou uma diferença menor na posição modificada. Os resultados sugerem que remadores aplicam a força nas pedaleiras de forma mais simétrica na posição modificada resultando em uma remada mais equilibrada.

Palavras Chave: Remo ergômetro, Forças, Pedaleiras.

Abstract: The aim of this study was to verify the difference between left and right pedals force on ergometer rowing, in distinct positions. Eight athletes rowed during one minute on nominal power of 400W, where the pedals were in the original position and in higher position. An average force curve was plotted for all rowing cycle, for each athlete, for each pedal, on two positions. One side force should be at least 10% greater then the other side force when 100N was reached for one force side at least. Lower levels of difference was found for three athletes on usual position, while the lower levels of difference was found on higher position for the others five . The results suggest a better balance between sides on higher position of pedals.

Key-words: Ergometer rowing, Forces, Pedals

INTRODUÇÃO

Dentre as variáveis analisadas no remo, a força vem sendo a mais estudada, ou como parâmetro para discriminar os níveis de habilidade de remadores através da análise da curva força X tempo segundo sua uniformidade, remada após outra [1], ou com a combinação decorrente da análise dos dados de força e deslocamentos, velocidades e acelerações, permitindo a identificação de possíveis falhas na sincronização

dos segmentos corporais para um melhor emprego das forças no movimento da remada [2, 3, 4].

No que se refere aos esforços avaliados em condições reais durante competições, foram encontradas forças nos remos na ordem de 1000 a 1500 N nos momentos iniciais da regata, e entre 500 a 700 N no decorrer da mesma [5]. Remadores altamente treinados utilizam sua capacidade para produção de força mais eficientemente durante a regata que os menos experientes. Mesmo que a

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produção dessa força seja a mesma entre eles, remadores experientes ainda podem aplicar impulso maior do que remadores menos experientes. Em outras palavras, transferem melhor a energia para impulsionar o barco [6].

Sabe-se, ainda, que a obtenção dos maiores valores possíveis para as forças aplicadas sobre os remos/manopla está intimamente ligada à aplicação das forças dos membros inferiores nas pedaleiras [4, 7].

O objetivo deste estudo foi verificar as diferenças entre a aplicação de força na pedaleira direita e esquerda em duas posições nas pedaleiras em uma potência pré-estabelecida.

MATERIAIS E MÉTODOS

Procedimentos

Para realização deste estudo foi necessária a construção de duas plataformas de força independentes colocadas nas pedaleiras de um remo ergômetro [8]. Neste estudo participaram oito atletas de remo do sexo masculino, estatura média de (1,77 ± 0,49) m e massa corporal de (77,4 ± 8,8) kg. Todos os atletas executaram o protocolo no remo ergômetro Concept II Modelo C (Morrisville,VT). As plataformas de força foram fixadas em duas posições (Figura 1): em uma posição “usual” e em outra a 10 cm superior a essa, definida como “modificada”. Antes do início dos testes, foi realizado um breve aquecimento consistindo de remadas livres durante três minutos no remo ergômetro.

Os atletas foram instruídos sobre o protocolo onde todos deveriam remar a uma potência pré-estabelecida de 400 watts e manterem a voga constante os quais poderiam ser observados no mostrador digital do ergômetro. A duração de cada

teste foi de aproximadamente um minuto. Após estabilização da voga foram coletados 30 s de dados.

Figura 1: Posicionamento das plataformas nas pedaleiras. Da esquerda para a direita: posição usual e posição modificada.

Para obtenção dos dados foi utilizada uma célula de carga marca ALFA (modelo S-100) e duas plataformas de força. A célula de carga foi instalada entre a manopla e a correia do remo ergômetro, as plataformas acopladas nas pedaleiras do ergômetro. Todos os sinais eram obtidos por condicionador de sinais e convertidos em um conversor analógico-digital 16 bits, ambos da marca Computer Boards conectados a um microcomputador Pentium III 900 MHz. A taxa de aquisição utilizada foi de 500 Hz.

Todas as análises foram feitas através de rotinas desenvolvidas em um software específico Matlab®. Primeiro foi desenvolvida uma rotina que calibrasse a célula de carga e as duas plataformas, foram obtidos então uma equação e uma matriz, esses dados foram inseridos em cálculos e possibilitaram a conversão dos dados cinéticos adquiridos em unidades de tensão elétrica (mV) para unidades de força (N).

O sensor de voga foi utilizado além de contador de voga como critério para definir o início do ciclo da remada, este ciclo é dividido em propulsão e recuperação e subdividida em início,

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meio e fim [9]. Neste estudo foi considerado o ciclo completo.

Variáveis analisadas

• Força das pedaleiras – representa o somatório das curvas de força das pedaleiras de um mesmo atleta, dividido pelo número de curvas.

• Diferença entre as pedaleiras – representa o percentual do ciclo em que a diferença entre as pedaleiras direita e esquerda foi superior a 10%.

A análise cinética consistiu do cálculo da curva de força média na pedaleira direita e esquerda de cada atleta. Sobre estas curvas foram avaliadas, ao longo de todo o ciclo de remada (fase de propulsão e recuperação), quando uma curva alcançasse valores superiores a 10% da outra, desde que o valor de pelo menos uma das curvas fosse superior a 100 N. Durante determinadas regiões do ciclo de remada (entre 30 e 60%), valores de força sobre as pedaleiras próximo a zero são comuns. Nestas situações 10% de diferença entre os lados podem ser facilmente atingidos, não representando porém uma diferença importante no que se refere a performance ou mesmo ao equilíbrio do barco. O valor de 100 N foi arbitrariamente utilizado como critério mínimo para consideração destas diferenças.

Assim sendo, esta diferença poderia assumir, teoricamente, valores entre zero, se nunca houvesse diferença superior a 10% entre as pedaleiras, até 100, se durante todo o ciclo a diferença entre as pedaleiras fosse superior a 10%. O valor máximo (100) porém dificilmente seria atingido pois seriam necessários valores de força sempre superiores a 100 N, de acordo com o

critério adotado como limite para avaliar diferenças importantes. Por outro lado, valores de diferença próximo a zero são desejáveis para atletas treinados e de alto nível, pois representam uma ótima similaridade entre as forças direita e esquerda, repercutindo em um bom equilíbrio do barco.

RESULTADOS

A Figura 2 apresenta a força em função do percentual do ciclo de remada, ilustrando a diferença apresentada entre as curvas de força das pedaleiras direita e esquerda do atleta “E” na posição modificada. Observa-se que no inicio (até 10% do ciclo) e no final do ciclo (após 70% do ciclo) a força sobre a pedaleira esquerda é maior que a direita, justamente quando as magnitudes são maiores.

Figura 2. Curva média de força do atleta “E” na posição modificada, em função do ciclo de remada. Curva fina: pedaleira direita; curva grossa: pedaleira esquerda.

A Tabela 1 apresenta o percentual do ciclo completo de remada em que a diferença entre as

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pedaleiras direita e esquerda foi superior a 10%, nas posições modificada e usual. É possível verificar que dos oito atletas apenas três apresentaram diferenças menores na posição usual o restante apresentou uma diferença menor na posição modificada.

Tabela 1: Diferença de força das pedaleiras direita e esquerda, para as duas posições. Valores referentes ao percentual do ciclo completo de remada.

Atletas Modificada Usual

A 34.6 55.2 B 75.5 86.8 C 38.6 54.4 D 60.8 65.2 E 73.7 53.3 F 74.3 75.1 G 71.4 42.3 H 66.5 63.1 DISCUSSÃO

Os remadores têm um padrão de força individual e por causa disso, eles tem que adaptar seus movimentos quando remam em uma equipe [10]. Para o sucesso em uma equipe de remo, o movimento dos remadores deve ser bem coordenado. Portanto é necessária previamente uma boa coordenação individual entre os membros inferiores que aplicam a força nas pedaleiras do remo.

A curva de força x percentual do ciclo de remada, mostrada na Figura 2 com o remador “E”, ilustra considerável individualidade com variação importante no valor do pico de força, padrão de força aplicado e formato da curva “força x tempo”. (Embora a curva “força x percentual do ciclo” não seja exatamente a curva de “força x tempo”, ambas

mantém uma estreita relação entre si, permitindo uma ótima comparação no que se referente ao “formato” da curva.) Uma grande coincidência das curvas força x percentual do ciclo na fase de propulsão pode conduzir o melhoramento no desempenho de um remador ou equipe [11]. Mesmo que não tenha sido feita uma avaliação quantitativa das diferenças do “formato” da curva força x percentual do ciclo, acredita-se que a análise das assimetrias entre os lados direito e esquerdo possa refletir esta diferença. Curvas que apresentarem um “formato” diferente entre os lados direito e esquerdo tenderão a apresentar uma maior diferença nos valores de simetria, reportados na Tabela 1.

Assimetrias são reportadas em diversas atividades cíclicas, como a marcha e a corrida [12,13,14], ou ciclismo [15]. Nestas situações normalmente a preocupação está voltada para as lesões oriundas destes desequilíbrios. Entretanto, não foram encontrados na literatura relatos sobre a assimetria das forças em pedaleiras envolvendo a situação de remada, quer seja no barco, quer seja no remoergômetro, o que dificulta a comparação dos resultados obtidos neste estudo.

Além dos riscos envolvendo lesões por esforços repetitivos, movimentos assimétricos podem gerar movimentos contraproducentes, comprometendo a estabilização do balanço do barco, extremamente importante durante o movimento do remo.

Diferenças no lado esquerdo e direito em uma remada submáxima podem acarretar em oscilações indesejáveis do barco [16]. No presente estudo, a alteração no posicionamento das pedaleiras parece ter influenciado no equilíbrio entre as forças dos lados direito e esquerdo,

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entretanto as razões para estas alterações ainda não são bem compreendidas.

Apesar das diferenças aqui encontradas não terem sido submetidas a um tratamento estatístico, os resultados sugerem que estas diferenças ficam menores, em média, quando os atletas remam na posição modificada tornando assim a remada mais efetiva. Mais estudos são indicados para uma avaliação mais definitiva.

REFERÊNCIAS

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[3] SMITH, R. M., LOSCHNER, C. Biomechanics feedback for rowing. . J. Sports Sci. v.20, p. 783-791, 2002.

[4] HASE, K., ANDREWS,B.,ZAVATSKY,A. HALLIDAY,S. Biomechanics of Rowing ( I. A Model Analysis of Musculo- Skeletal Loads in Rowing for fitness). JSME International Journals. v.45, p.1073-1081, 2002.

[5] STEINACKER, J. M. Physiological Aspects of Training in Rowing. Int. J. Sports Med. v.14, p. S3-S10, 1993.

[6] ASAMI, T., ADACHI, N., YAMAMOTO, K., IKUTA, K., TAKAHASHI,K. Biomechanics Analysis Of Rowing Skills. In A. Morecki et al. (Eds.), Biomechanics Vii-B (Pp442-446). Baltimore:University Park Press., 1981

[7] BAUDOUIN, A. & HAWINKS, D. A Biomechanical review of factors affecting rowing performance. British Journal of Sports Medicine; v.36, n.6, p.396-402, Dec 2002. [8] OLIVEIRA, L. G.; VELLADO, D. M.,

TARTARUGA, L.A.P. GERTZ, L.C., LOSS, J. F.

Plataforma de força desenvolvida para coleta de dados no remo ergômetro através de parâmetros cinéticos e cinemáticos. Anais do XI Congresso Brasileiro de Biomecânica, 2005.

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e-mail:

letsgan@gmail.com; jefferson.loss@ufrgs.br

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