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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Juliana Soares Lima – Bibliotecária – CRB-3/1120

Índices para catálogo sistemático:

1. Petição inicial (Processo Civil): Direito Civil: Direito 347.8105 S493p Souza, Alberto Bezerra de.

Prática da Petição Inicial: Cível. / Alberto Bezerra de Souza. – Fortaleza: Judicia Cursos Profissionais, 2014.

493 p. ; 17x24 cm.

ISBN 978-85-67176-01-7

1. Petição inicial (Processo Civil). 2. Prática Forense. 3. Peça Processual (Direito Civil). 4. Processo Civil. 5. Direito Civil. I. Souza, Alberto Bezerra de. II. Título.

CDD 347.8105 CDU 347

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Sumário

1 – REQUISITOS GENÉRICOS DA PETIÇÃO INICIAL CÍVEL 1. Definição

1.1. Distribuição e registro 1.2. “Nomen juris”

1.3. Capacidade postulatória 2. Requisitos da petição inicial

2.1. Indicação do juízo (endereçamento) 2.2. Definição das partes e qualificação 2.3. Fatos e fundamentos jurídicos do pedido 2.4. Pedidos e suas especificações

2.4.1. Pedido mediato e imediato

2.4.2. Pedido certo e o indeterminado (genérico) 2.4.3. Pedido alternativo

2.4.4. Pedido sucessivo

2.4.5. Cumulação alternativa de pedidos 2.4.6. Interpretação do pedido

2.4.7. Pedido cominatório 2.4.8. Prestações periódicas

2.5. Alteração do pedido e da causa de pedir 2.6. Mandato

2.7. Endereço de intimação do patrono do autor da ação 2.8. Documentos

2.9. Valor da causa

2.10. Indicação dos meios de prova 2 – PETIÇÃO INICIAL: REDAÇÃO FORENSE 3 – PRÁTICA FORENSE: PETIÇÕES INICIAIS

Ação de Obrigação de Fazer c/c Indenização Ação de Indenização por Danos Materiais Ação Rescisória

Ação Cautelar de Separação de Corpos Ação Cautelar de Sustação de Protesto

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Ação de Consignação em Pagamento Ação de Restauração de Autos

Ação de Usucapião Ordinário Ação de Embargos à Execução

Ação de Embargos de Terceiro c/c Pedido de Liminar Ação Incidental de Embargos de Terceiro

Impugnação ao Cumprimento de Sentença Ação de Despejo

Ação de Embargos à Arrematação Ação de Execução no Juizado Especial Ação de Prestação de Contas

Mandado de Segurança

Ação de Manutenção de Posse Ação Monitória Cheque Prescrito Ação de Reintegração de Posse Ação Cautelar de Protesto Judicial

Ação de Execução de Alimentos Contra Espólio

Ação de Indenização c/c Pedido de Pensão Alimentícia Ação de Alimentos Gravídicos

Ação Anulatória de Ato Jurídico Ação de Alvará Judicial

I - ALÍGERA EXPOSIÇÃO FÁTICA. II – NO MÉRITO.

III – PEDIDOS.

Ação Cautelar Inespecífica Preparatória Ação de Cobrança de Honorários

Ação de Indenização por Colisão de Veículos Ação de Cobrança de Cota Condominial

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DEDICATÓRIA

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1 – REQUISITOS GENÉRICOS DA PETIÇÃO INICIAL CÍVEL 1. Definição

A petição inicial é de grande importância para o desiderato do processo, maiormente levando-se em conta do princípio da inércia da atividade jurisdicional (CPC, art. 2º). A mesma representa uma projeção do que resultará a sentença (CPC, art. 128 e 460)

É com a peça exordial de um processo que o autor da ação expõe suas pretensões em juízo (maiormente quando se define o pedido). Com sua distribuição ou despacho inaugural, tem-se como ajuizada a demanda, consoante dispõe o art. 263 do CPC. Não só isso. Agrega-se relevância quando a mesma tem o condão de interromper a prescrição e fixar a competência.

Na praxe jurídica adotam-se outras nomenclaturas para essa, tais como

peça vestibular, peça exordial, petição de ingresso, etc.

Salvo raras exceções ( a exemplo da previsão expressa contida na Lei nº.

9099/95, art. 14; nos casos de violência doméstica, art. 12 da Lei 11.340/2006) e; da ação de alimentos, art. 3º, § 1º, da Lei 5.478/1968), a petição inicial deve ser escrita. Como “escrita” devemos entender a forma de se documentar a linguagem utilizada no processo. De regra por meio de papel. Todavia, admitida a formulação por intermédio eletrônico, quando a situação assim o permitir.

1.1. Distribuição e registro

Uma vez distribuída a petição inicial ou despachada pelo juiz, considera-se proposta a querela (CPC, art. 251 e 257). É ato processual que antecede ao registro, ocasião em que se procede a divisão dos processos entre os juízes que tenham competência para apreciá-los (CPC, art. 252).

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Note bem: Nos processos eletrônicos, em razão do quanto disposto no art. 10 da Lei 11.419/06, as iniciais e contestações são insertas diretamente pelos advogados. Não se faz necessária a intervenção de cartório ou secretaria judicial para a finalidade de distribuir-se o processo digital.

É com o registro do processo que esse se encontra regularmente documentado, especialmente com a definição dos elementos que caracterizem uma específica ação (partes, número de páginas, data do ajuizamento, etc).

1.2. “Nomen juris”

Para que a parte seja atendida em sua pretensão, não se faz necessária a indicação do “nome da ação”. Segundo o que delimita o art. 282 do Estatuto de Ritos, a nomenclatura utilizada para identificar o tipo de processo e procedimento não é requisito.

No entanto, adota-se essa conduta como praxe. Até porque, ao realizar-se o registro e autuação do processo, um dos aspectos requeridos pelo sistema de informática é justamente o “nome da ação”. Importa, sim, o pedido e a causa de pedir. (CPC, art. 282, inc. III e IV)

1.3. Capacidade postulatória

A aptidão de postular em juízo é concedida ao advogado legalmente habilitado (CPC, art. 36 c/c art. 1º, inc. I, do EOAB). Portanto, advogado inscrito na OAB.

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Desse modo, não é dado à própria parte invocar sua pretensão em juízo. Entretanto, se a essa tem habilitação legal para tanto (advogando em causa própria), faculta-se a postulação por intermédio de profissional do Direito.

2. Requisitos da petição inicial

Existe na fase postulatória uma série de requisitos a serem seguidos. Um deles diz respeito aos pressupostos da petição inicial.

Registre-se que essas condições não se limitam tão só à peça vestibular. Ao revés disso, deve ser atendida à obrigação de juntada do instrumento procuratório (CPC, art. 37), a juntada de documentos essenciais (CPC, art. 283), além da indicação do endereço de intimação do advogado (CPC, art. 39, inc. I)1.

2.1. Indicação do juízo (endereçamento)

O endereçamento, ou seja, o juiz ou tribunal a quem a petição inicial é dirigida (CPC, art. 282, inc. I), é feito na parte superior do arrazoado inicial.

Perceba que não há indicação da pessoa física do magistrado ou mesmo do relator. É que, nessas hipóteses, esses atuam como representantes do Órgão Jurisdicional.

1Isso se torna mais relevante quando, v.g., nos Embargos do Devedor (CPC, art. 740) e na Reconvenção (CPC, art. 316) a intimação é feita na pessoa do patrono da parte. Contudo, a regra é não se exigir a indicação do endereço, caso já o tenha inserido no próprio instrumento de mandato.

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 10ª VARA CÍVEL DE FORTALEZA

Beltrano de tal, casado, médico, residente e domiciliado na Rua Delta, n°. 000, vem, com o devido respeito . . .

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O endereçamento traz à tona as regras de competência. É dizer, o arrazoado inaugural deve ser endereçado àquele que tem competência para conduzir o feito.

2.2. Definição das partes e qualificação

É igualmente com a inicial, como regra 2, que serão definidos os personagens do processo.

É impositivo que a peça de ingresso traga consigo todos os caracteres suficientes para identificarem-se as partes. A regra processual em estudo exige apenas nome, prenome, estado civil, profissão, residência e domicílio, isso de todas as partes envoltas no processo (CPC, art. 282, II). Desse modo, não é devido ao magistrado requisitar elementos qualificados além desses previstos em lei. Mais ainda, agir assim seria no mínimo dificultar o acesso à Justiça.

Todavia, não é isso que presenciamos nas lides forenses. Na verdade, existem inúmeras normas internas de tribunais exigindo, no mínimo, a identificação do CPF ou CNPJ da parte autora.

Questionamento recorrente diz respeito à qualificação de pessoas desconhecidas que, a exemplo, invadem propriedade alheia. Nesses casos costuma-se somente fornecer dados característicos suficientes que possibilitem realizar o ato citatório. Dessa forma o meirinho poderá colher dados complementares quando da citação.

2É que ulteriormente poderá haver o ingresso de outros componentes no processo, seja no polo ativo ou passivo. (CPC, art. 47, caput)

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA ___ CÍVEL DE FORTALEZA

Beltrano de tal, casado, médico, residente e domiciliado na Rua Delta, n°. 000, vem, com o devido respeito à presença de Vossa Excelência, por intermédio de seu patrono que abaixo assina, ajuizar a presente . . .

AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE,

ora aforada em desfavor de pessoa do sexo masculino, cabelos grisalhos, de baixa estatura, conhecido como Fulano das Invasões, o qual, nesta data, encontra-se dentro da propriedade

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No caso de pessoa jurídica figurando no polo ativo, recomenda-se ingressar em juízo acostando-se documentos que comprove quem a representa (CPC, art. 12, inc. VI).

2.3. Fatos e fundamentos jurídicos do pedido

Necessariamente com a inicial o autor da ação deve descrever as razões de fato que o leva a ajuizar a ação. Além disso, igualmente as motivações jurídicas

para sua pretensão jurisdicional. É a chamada causa de pedir ou “causa petendi ” (CPC, art. 282, inc. III)3

Seria como se o autor respondesse a estas indagações ao magistrado: “Por

quais motivos você almeja a tutela jurisdicional? E quais fundamentos jurídicos para isso?” Percebe-se que há uma causa que motiva o pleito em juízo. A propósito, o autor tem o ônus de provar o quadro fático constitutivo de seu direito. (CPC, art. 333, inc. I)

É comum encontramos equívocos quanto à interpretação do que sejam “fundamentos jurídicos”. Costuma-se entender isso como sinônimo de “fundamento legal”. Há divergência, todavia. O “fundamento legal” diz respeito à

3 A norma processual fala em “fato” (no singular). Entretanto, não há qualquer impasse jurídico que o autor descreva vários fatos que motivam seu pedido ( e não somente um único)

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norma jurídica com a qual o autor entende ser o agasalho de sua pretensão. Já o “fundamento jurídico”, ao revés disso, especifica qual o enquadramento jurídico

dos fatos narrados (v.g.: o autor expõe que o inquilino não pagou 2 meses de

aluguéis, incorrendo em infração contratual e legal, permitindo, com isso, o despejo)

Note que a norma revela que há tão só a necessidade de evidenciar-se, com a exordial, os fatos e os fundamentos jurídicos. Por isso há o brocardo “jura

novit curia, narra mihi factum, dabo tibi jus” (“Dá-me os fatos que te darei o direito”)

Importa ressaltar que a narrativa de fatos exigidos, diz respeito aos chamados fatos jurídicos. Esses também são nominados de fatos essenciais ou

principais. Entenda-se como os fatos que têm importância para o julgamento da causa. O inverso são os fatos secundários ou acessórios.

2.4. Pedidos e suas especificações

Igualmente encontra-se fixado na regra do art. 282 do CPC a necessidade do autor especificar os pedidos.

I – DOS FATOS

O Autor, proprietário do veículo de placas XXX-1122 (doc. 01), trafegava na rua das tantas quando foi abalroado na traseira pelo veículo do Réu. Aquele se encontrava parado, aguardando a abertura do semáforo, quando, imprudentemente, houvera a colisão em liça.

Oportuno ressaltar que na ocasião o Réu dissera “jamais iria pagar os danos causados”.

Desse modo, o Réu deve ser condenado a ressarcir os danos materiais sofridos pelo Autor.

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Formular um pedido com a peça exordial é evidenciar qual a sua pretensão; o que se demanda como âmago da ação judicial. Tanto é assim que a sentença meritória deve se espelhar no que é pretendido em juízo4 (CPC, art. 460, caput), salvo exceções. Do contrário, poderá concorrer para sentença nula em razão de

julgamento extra, infra ou ultra petita.

Nos tópicos ulteriores veremos a classificação dos pedidos.

A propósito, veja um exemplo de sentença que reflete aquilo que fora pleiteado

acima:

Veja como isso representaria como “espelhado” em uma sentença:

Agora, perceba o julgamento dessa mesma causa, todavia aquém do que fora pleiteado (infra petita) pelo autor (e por isso nula nesse ponto).

4Existem exceções que o julgador pode ir além da pretensão definida na peça inicial, v. g., art. 461, § 4°. III – PEDIDOS e REQUERIMENTOS

Do exposto, espera-se que Vossa Excelência se digne de:

( a ) Julgar procedentes os pedidos, condenando o Réu ao pagamento de indenização por danos materiais de R$ 3.475,00 e, à guisa de danos morais, a importância de R$ 5.000,00;

( b ) Determinar a citação . . .

Vistos etc...

III – DISPOSITIVO

Em face dos fundamentos estipulados, julgo procedentes os pedidos formulados pelo autor, condenando a parte ré ao pagamento de danos materiais no importe de R$ 3.475,00. Igualmente condeno-a ao pagamento de danos morais, esses fixados em R$ 5.000,00.

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E como seria o julgamento extra petita? Vejamos a situação abaixo, ainda analisando o mesmo caso acima. Note que o autor nada requereu a título de danos estéticos. Por esse motivo, também é nula.

Vistos etc...

III – DISPOSITIVO

Em face dos fundamentos estipulados, julgo procedentes os pedidos formulados pelo autor, condenando a parte ré ao pagamento de danos materiais no importe de R$ 700,00. Igualmente condeno-a ao pagamento de danos morais, esses fixados em R$ 5.000,00.

NOTE! Aqui NÃO foi julgamento parcial dos pedidos (ex.: julgo parcialmente procedentes os pedidos, condenando a ré a pagar danos materiais de R$ 700,00). Por isso, é nula.

Vistos etc...

III – DISPOSITIVO

Em face dos fundamentos estipulados, julgo procedentes os pedidos formulados pelo autor, condenando a parte ré ao pagamento de danos estéticos, a ser apurado em liquidação de sentença. Igualmente condeno-a ao pagamento de danos morais, esses fixados em R$ 5.000,00.

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Por fim, a hipótese de julgamento ultra petita. Observe que, de fato, houvera pedido de condenação ao pagamento de danos materiais. A sentença também assim condenou. No entanto, o pedido fora limitado à quantia de R$ 3.475,00 e a sentença, ao revés disso, ultrapassou o quanto pretendido e condenou a parte ré ao pagamento desses danos em R$ 7.800,00. Assim, igualmente nula.

2.4.1. Pedido mediato e imediato

No item 2.4. acima, traçamos considerações acerca do “pedido e suas especificações” como requisito da petição inicial. E ali mostramos que o autor da ação deve se atentar à delimitação em juízo do que se busca com a querela; a sua pretensão do Estado-Juiz.

Muito bem. Dito isso, cuidemos agora de melhor elucidar o sentido de

pedido mediato e imediato.

Quando postula em juízo, o autor da ação deve indicar qual tutela

jurisdicional é perseguida. Essa pretensão está ligada intimamente com uma

providência no plano processual. Desse modo, necessário precisar se ambiciona uma providência condenatória, constitutiva ou simplesmente declaratória. Esse é o pedido imediato.

Vistos etc...

III – DISPOSITIVO

Em face dos fundamentos estipulados, julgo procedentes os pedidos formulados pelo autor, condenando a parte ré ao pagamento de danos materiais no importe de R$ 7.800,00. Igualmente condeno-a ao pagamento de danos morais, esses fixados em R$ 5.000,00.

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Quanto ao pedido mediato, esse tem por fim uma tutela de direito material;

aquilo que se busca como bem da vida.

É como se autor respondesse à seguinte indagação ao Estado-Juiz: “O que

você pretende?”. E parte autora responderia: “Quero uma condenação.”. E o

Estado-Juiz insistisse: “Compreendo, porém mais especificamente o quê?” E o autor...”Uma condenação do réu a pagar danos morais por ofensa à minha honra.” Perceba que no primeiro momento o autor da ação “respondeu” algo concernente ao pedido imediato (uma condenação). No segundo momento afirmou sua pretensão mediata, no caso bem da vida almejado (indenização por danos morais).

Veja como isso ficaria em uma petição inicial (no tocante ao pedido mediato e o imediato):

Com muita frequência somos questionados do porquê o pedido é “imediato” e o outro “mediato”. Algo é mediato quando condicionado, dependente de um terceiro. Assim sendo, na hipótese acima, o pedido de indenização por danos é mediato porquanto depende do primeiro resultado: a condenação do réu. Por isso o pleito de condenação é imediato; inexiste algo a mediá-lo entre o resultado:

III – PEDIDOS e REQUERIMENTOS Do exposto, espera-se que Vossa Excelência se digne de:

( a ) Julgar procedentes os pedidos, condenando o Réu a pagar indenização por danos morais, não menos que a quantia de R$ 5.000,00;

( b ) Determinar a citação . . .

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a “indenização por danos morais”. Inclusive veja que nos pedidos esse se mostra após àquele (um próximo e outro mais remoto).

2.4.2. Pedido certo e o indeterminado (genérico)

Prescreve o caput do art. 286 do CPC que é de rigor a parte autora faça pedido certo “ou” determinado. Ainda no caput, a norma processual traz ressalvas.

É inconteste que essa regra traz consigo um equívoco do legislador: a

conjunção “ou”. Na verdade, exige-se uma cumulação (pedido certo e determinado). Assim, deve ser entendido como “e” ao revés de “ou”.

Feita essa observação, examinemos o sentido das expressões “certo” e “determinado”.

Pedido certo é aquele feito de forma expressa; com seu conteúdo explícito. É dizer, a norma, como padrão, desacolhe pedido feito de forma implícita, tácita, velada, etc.

Já com respeito ao pedido determinado, entenda-se como aquele definido quanto à quantidade e qualidade. Portanto, significa que a pretensão jurisdicional da parte é precisa, delimitada, etc. Isso não quer dizer que a regra reclame uma expressão econômica. Nesse passo, a dubiedade enseja que a parte seja chamada a emendar a inicial (CPC, art. 284).

Importa ressaltar que o pedido deve ser certo e determinado quanto ao pleito mediato, bem assim ao imediato.

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Como antes afirmado, veja que a norma em comento traz exceções (art. 286, caput, segunda parte e incisos). Dessa forma, é possível a formulação de pedidos ilíquidos e genéricos, embora com as restrições ali focadas.

Além dessas previsões, doutrina e jurisprudência são firmes em assentar a permissão de o magistrado acolher pedido implícito em relação, v.g., aos juros (CPC, art. 293), aos honorários advocatícios (STF, Súmula 256), obrigações de prestações periódicas (CPC, art. 290), etc.

Examinemos um pedido certo e determinado:

Portanto, o exemplo acima traz pedido certo (expressamente pede-se a

condenação do réu a entregar um imóvel) e determinado (há claramente uma caracterização do bem da vida almejado pela ação, o imóvel de matrícula n°. 332244; do mesmo modo quanto ao pedido imediato, “a condenação”).

2.4.3. Pedido alternativo

O pedido alternativo tem precisão no art. 288 do CPC. Extrai-se do texto da norma essa modalidade de pedido ocorre “quando, pela natureza da obrigação,

o devedor puder cumprir a obrigação de mais de um modo.”

III – PEDIDOS e REQUERIMENTOS Do exposto, espera-se que Vossa Excelência se digne de:

( a ) Julgar procedentes os pedidos, condenando o Réu a entregar o imóvel sito na Av. das Tantas, n° 0000, objeto da matrícula imobiliária n° 332244, sob pena de incidir em multa cominatória diária;

( b ) Determinar a citação . . .

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Por esse norte, fica claro que a regra em liça se encontra intimamente ligada ao direito material, maiormente do âmbito obrigacional. Queremos dizer com isso que a alternatividade entre os pedidos é resultado de alguma diretriz regida pela lei substantiva. Como exemplo disso, assinalamos as disposições contidas nos artigos 252 a 256 do Código Civil.

A regra é que o devedor tenha a alternativa de escolher qual a obrigação a ser cumprida, caso o contrário não se tenha acertado (CC, art. 252). Contudo, também a lei preserva a opção de escolha ao credor (CC, art. 255). Igualmente no tocante ao credor-consumidor (CDC, art. 18 § 1°).

Importante esclarecer que não se deve confundir o pedido alternativo com a cumulação alternativa de pedidos (CPC, art. 289). São situações bem distintas, todavia frequentemente analisadas com equívoco. Em tópico ulterior iremos tecer considerações sobre isso.

Vamos exemplificar. Suponhamos que João, pintor de paredes, tenha acertado contratualmente, de forma expressa, a pintura da casa de Maria. Nesse contrato os mesmos fixaram uma cláusula de inadimplência da obrigação nestes moldes:

“Cláusula 17 – Fica estabelecido que o contratado deverá entregar a casa pintada

até o dia 00/11/2222. Ultrapassado esse prazo, o contratado deverá devolver o dinheiro ora adiantado e o equivalente ao material de pintura adquirido. Faculta-se ao mesmo contratar um novo pintor e, no prazo máximo de 15 dias, realizar toda a pintura a expensas do mesmo. “

(19)

Assim, para o caso de inadimplência, os contratantes entabularam que o contratado (devedor da obrigação de pintar a casa) poderia cumprir a obrigação de duas formas: 1) devolver todo o dinheiro adiantado, inclusive concernente ao

material de pintura; 2) contratar novo pintor e pagá-lo para pintar a casa. Quaisquer dessas formas (opção 1 ou 2) satisfará o credor.

Desse modo, se existir, em face do contrato, algum litígio judicial visando obter o cumprimento da obrigação, quaisquer delas poderá ser impostas pelo juiz; ou mesmo colocá-las de forma alternativa para o réu cumpri-las (CPC, art. 475-R c/c art. 571).

Mesmo que a sentença opte por uma das formas de cumprimento da obrigação, sob o ângulo processual o autor da ação sequer terá interesse recursal. Não haverá sucumbência do mesmo. É que existe um único pedido: cumprir a

obrigação fixada contratualmente. Entretanto, essa obrigação (no singular mesmo) poderá ser satisfeita de duas formas.

Veja como isso ficaria em uma petição inicial:

III – PEDIDOS e REQUERIMENTOS Do exposto, espera-se que Vossa Excelência se digne de:

( a ) Julgar procedente o pedido, condenando o Réu a cumprir a obrigação entabulada entre as partes, ora litigantes, instando-o a valer-se das alternativas avençadas contratualmente;

( b ) Determinar a citação . . .

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Sendo a escolha do credor, esse poderá definir logo com a inicial de qual modo sua pretensão deverá imposta pela sentença (CPC, art. 475-R c/c art. 571, § 2°)

2.4.4. Pedido sucessivo

Aqui estamos diante da situação processual em que, havendo pedido sucessivo, o posterior somente será examinado quando procedente o primeiro. Assim, o pedido posterior contém relação com o anterior; aquele tem relação de prejudicialidade quanto a esse. Há um encadeamento de pedidos interdependentes.

Exemplificando: Uma ação de reconhecimento de união estável cumulada com pedido de partilha de bens entre os conviventes. Só seria possível a divisão de bens com o acolhimento do pedido primordial (o reconhecimento da união estável).

Visível, desse modo, que há pedido subsidiário em relação ao principal.

2.4.5. Cumulação alternativa de pedidos

Já na circunstância de cumulação alternativa de pretensões, ao revés da anterior, inexiste interdependência entre os pedidos. É a previsão expressa do art. 289 do CPC.

Diferentemente, essa hipótese permite ao autor formular pedidos sucessivos, todavia sem guardar prejudicialidade entre os mesmos. O juiz pode acolher o posterior, contudo sem julgar procedente o anterior.

(21)

Conheçamos como seria a cumulação alternativa de pedidos em uma petição inicial:

2.4.6. Interpretação do pedido

O julgador deverá interpretar os pedidos formulados pelo autor restritivamente (CPC, art. 293). É dizer, de modo limitativo; sem interpretá-lo no sentido ampliativo ou extensivo.

Assim, o julgador deve ater-se àquilo que autor delimitou na peça exordial (CPC, art. 128). Afinal, a sentença deverá fixar-se naquilo que fora pedido com a petição vestibular (CPC, art. 460).

Entretanto, em certas situações admite-se que o julgador sentencie fora do que fora pedido com a inaugural. Nesse passo, doutrina e jurisprudência são firmes em assentar a permissão de o magistrado ampliar a interpretação do pleito e acolher pedido implícito em relação, v.g., aos juros (CPC, art. 293), aos honorários advocatícios (STF, Súmula 256), preceito cominatório (CPC, art. 461), obrigações de prestações periódicas (CPC, art. 290), pagamento de custas processuais, etc.

III – PEDIDOS e REQUERIMENTOS Do exposto, espera-se que Vossa Excelência se digne de:

( a ) Julgar procedente o pedido, condenando o Réu a entregar no prazo de 10(dez) dias o imóvel descrito na exordial, sob pena de incorrer em multa diária de R$ 100,00;

( b ) Não sendo esse o entendimento, sucessivamente pede a condenação do mesmo a reparar os danos morais sofridos pela demora, além da restituição de todos valores pagos a título de prestações;

(22)

2.4.7. Pedido cominatório

Disciplina o art. 287 da Legislação Adjetiva Civil que é permitido à parte requerer a aplicação de pena pecuniária, no caso de descumprimento do que estipulado em sentença ou decisão interlocutória.

No entanto, essa regra caiu praticamente em desuso. Com o surgimento das cominações impressas nos arts. 461 e segs. do CPC, bem mais abrangentes, aquele dispositivo não é mais cogitado no meio processual.

Entrementes, registramos que é dado à parte requerer, com a inaugural, a aplicação de astreintes na hipótese de desobediência ao comando judicial almejado.

2.4.8. Prestações periódicas

Como dito em linhas anteriores, uma das exceções à formulação de pedido implícito é o pagamento de prestações periódicas. A regra em enfoque destaca que a condução processual abrange as parcelas vincendas e vencidas (CPC, art. 290). Essas quando se vencerem durante a instrução processual. Assim, mesmo que não haja pedido nesse norte, o juiz poderá condenar desse modo a parte demandada, sem haver qualquer mácula à sentença.

Ao nosso sentir o dispositivo igualmente revela que a sentença, nesses casos, terá inclusive projeção de resultado para o futuro, para além do trânsito em julgado. É que, ao final do artigo, mostra-se a seguinte expressão: “. . .a sentença

as incluirá na condenação, enquanto durar a obrigação.” (grifos nossos)

Vejamos como o pedido de pagamento de prestações periódicas poderia ser feito na petição inicial:

(23)

2.5. Alteração do pedido e da causa de pedir

A parte tem a liberdade de alterar a causa de pedir e o pedido (CPC, art. 282, inc. III). No entanto, esse poder cessa com a citação inicial válida (CPC, art. 264). Até esse estágio processual, existe tão só a bilateralidade autor-juiz. Daí a permissão.

Existindo citação válida do réu, esse proceder requer a anuência da parte demandada. Caso essa não consinta, o novo pedido almejado somente poderá ser feito em outro processo.

Uma vez saneado o processo, essa conduta de alteração já não é mais possível, mesmo com o consentimento da parte adversa (CPC, art. 264, par. único).

Vamos compreender como seria um pleito de alteração do pedido ou causa de pedir:

2.6. Requerimento de citação

III – PEDIDOS e REQUERIMENTOS Do exposto, espera-se que Vossa Excelência se digne de:

( a ) Julgar procedente os pedidos, condenando o Réu a pagar todas as parcelas condominiais em atraso, assim como as que se vencerem durante o curso deste processo;

II – REQUERIMENTO

Do exposto, maiormente ante à inexistência de despacho saneador, o Autor requer que Vossa Excelência inste a parte Ré a manifestar-se acerca do presente pleito de alteração da causa de pedir.

(24)

A rigor não é adequado formular “pedido” de citação, mas requerê-la.

No contexto processual em estudo – a petição inicial --, o pedido não deve ser confundido com o simples requerimento. Aquele se relaciona à pretensão de fundo do processo; ao pedido imediato e mediato (CPC, art. 282, inc. III e IV). Não é por menos que o inc. VII do art. 282 do CPC menciona “requerimento” de citação.

Obviamente que isso não irá comprometer a peça exordial. Todavia, é salutar assim proceder.

Vejamos como isso pode ser inserto na petição inicial:

2.6. Mandato

O instrumento de mandato (CC, art. 653), revelado pela procuração, deve ser exibido com a petição inicial (CPC, art. 37). Sem esse, é vedado ao advogado postular em juízo.

III – PEDIDOS e REQUERIMENTOS

Do exposto, espera-se que Vossa Excelência se digne de:

( a ) Pede-se sejam julgados procedentes os pedidos, condenando o Réu a pagar todas as parcelas condominiais em atraso, assim como as que se vencerem durante o curso deste processo; ( b ) Requer a citação do Réu, por carta, para, querendo, apresentar defesa, sob pena de confissão dos fatos articulados na exordial (CPC, art. 282, inc. VII c/c art. 285);

(25)

Não obstante a regra em estudo traz exceções, mesmo que provisoriamente. Com o fito de não prejudicar a prestação jurisdicional, vê-se que há ressalvas: para evitar-se a prescrição ou decadência, assim como praticar atos

urgentes no processo. Mesmo nessas circunstâncias o patrono deverá trazer à

colação o mandato judicial, no prazo de 15 dias, prorrogáveis por mais 15 dias. Essa prerrogativa processual inclusive é assentada no próprio Estatuto dos Advogados (EOAB, art. 5°)

A praxe forense admite outras exceções, além dessas situadas no art. 37 do CPC. Uma vez apresentada, por exemplo, a procuração em ação cautelar preparatória (CPC, art. 796), dispensa-se apresentá-la novamente na ação principal ulteriormente intentada (CPC, art. 806). Igualmente nos incidentes processuais (exceção de incompetência, impugnação ao valor da causa, etc). 2.7. Endereço de intimação do patrono do autor da ação

Outra providência reclamada para a exordial (e até mesmo para a contestação) é a declinação do endereço de intimação do patrono da parte (CPC, art. 39, inc. I). Objetivou a norma a obtenção do endereço do advogado para eventuais intimações durante a instrução processual. Essa regra fazia mais sentido quando, maiormente nas Comarcas do interior dos Estados, inexistia a intimação por meio do Diário Oficial.

O dia a dia forense nos apresenta outras formas de se suprir essa exigência. Admite-se que a informação do endereço seja feita na própria procuração ou até mesmo no timbre das petições.

2.8. Documentos

A petição inicial necessariamente trará os documentos indispensáveis à propositura da ação (CPC, art. 283).

(26)

Perceba que os documentos aludidos não são os que o autor intenta provar

fatos da pertinência de seus pedidos (CPC, art. 333, inc. I). Para essa intenção

(provar fatos constitutivos), a juntada de documentos com esse propósito é apenas

um ônus. Se não o fizer, correrá o risco de ter julgados improcedentes os pedidos (assim, com o exame de mérito da questão em debate). No outro caso, no âmago da norma, a petição inicial será indeferida e também extinto o processo sem exame do mérito (CPC, art. 295, inc. VI).

Nesse passo, em uma ação de divórcio, a certidão de casamento será documento essencial à propositura da ação (CC, art. 212 e segs). Não há como avançar nesse processo sem ao menos provar-se a relação conjugal. Contudo, caso a inaugural sustente que houve quebra dos deveres do casamento, um boletim de ocorrência, por exemplo, passa a ser apenas um documentos secundário; visa apenas provar fato constitutivo de direito do autor. Assim, é simplesmente um ônus probatório; não é indispensável à propositura da demanda.

2.9. Valor da causa

A peça vestibular conterá o valor da causa (CPC, art. 282, inc. V). Em reforço dessa condição há o preceito contido no art. 258 do CPC.

O sentido maior desse requisito processual é: situar o rito e a competência

do juízo.

Sem embargo, contém outros propósitos: serve de mensuração do valor de

custas do processo, multas processuais, arbitramento de honorários advocatícios de sucumbência, etc.

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O Código fornece parâmetros para a fixação do valor da causa (CPC, art. 259)

2.10. Indicação dos meios de prova

A exigência legal de se indicar precisamente os meios de provas é inócua (CPC, art. 282, inc. VI). Não faz qualquer sentido.

O réu poderá em sua defesa alegar matéria desconhecida pelo autor e, por algum modo, exija produção de prova totalmente desvirtuada daquela mencionada na petição inicial. Por isso farta parte da doutrina, e até mesmo o STJ, posiciona-se pela precisão das provas na ocasião do despacho saneador.

É rotina nas lides forenses o autor apenas revelar a sua intenção genérica de se produzir provas. Isso tem sido o suficiente.

Se acaso o autor deixe de indicar suas provas com a inaugural, para a jurisprudência isso não tem representado preclusão. No entanto, se mesmo diante de despacho saneador instando-a a indicá-las (ou mesmo reiterá-las), aí sim será entendido como uma vontade de não se produzir provas. É dizer, presume-se que o autor almeja o julgamento antecipado da lide.

Por fim, é imperioso ressaltar, por ser norma específica ao rito processual, que no procedimento sumário, se necessário, o rol testemunhal e quesitos ao perito deverão ser fixados logo com a petição inicial (CPC, art. 276)

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2 – PETIÇÃO INICIAL: REDAÇÃO FORENSE

A petição inicial é uma das peças do processo que requer extrema atenção do operador do Direito. É com ela que você deve expor, sucintamente, sua pretensão em juízo. Se a peça exordial é dúbia, confusa e imprecisa, certamente haverá algum entrave quando da análise da regularidade processual.

Diante dessa significativa importância à pretensão de fundo, dedicamos estas linhas inaugurais a debatermos com esse enfoque, maiormente quanto à redação da peça vestibular, todavia maior focado com a redação forense.

Falar em petição inicial é logo assimilar algo com o silogismo. “Isso equivale ao raciocínio mediante o qual da posição de duas coisas, decorre a outra, tão só pelo fato de terem sido postas.” (Aristóteles)

É um argumento dedutivo formado de 3 preposições encadeadas, de tal modo que as duas primeiras se infere necessariamente à terceira.

Vamos exemplificar: Suponhamos que Steve Berends seja um cidadão Norte Americano. No Brasil, dentre outros requisitos, se faz necessário a cidadania brasileira para exercer o direito de voto. Então, concluo que Steve Berends não pode votar no Brasil.

A minha conclusão foi obtidas em face de duas preposições que anteriormente me foram levantadas (no caso, a cidadania de Steve e a legislação brasileira quanto ao direito de votar).

(29)

Esse raciocínio é alcançado por meio das premissas. Essas são subdivididas em premissa maior, premissa menor e a conclusão.

No exemplo acima exposto, a condição de Steve seria a premissa menor; quanto ao direito de voto no Brasil, esse é a premissa maior e; por fim, a impossibilidade de voto do cidadão norte americano é a conclusão.

Sem se dar conta certamente você já se utilizou das premissas no seu dia a dia. Vamos mais uma vez exemplificar: se digo que neste final de campeonato de futebol é preciso duas vitórias para sagrar-se campeão e, por outro lado, seu time só tem mais um jogo, concluo que ele não será campeão.

Pois bem, toda essa lógica deve ser empregada quando da elaboração da peça exordial. É de total conveniência.

Na petição inicial deve adotar-se a seguinte orientação:

O fato – Premissa menor

O direito – Premissa maior

O pedido – Conclusão

Nesse passo, o advogado deverá expor um quadro fático de sorte que, agregado aos fundamentos jurídicos ali expostos, o juiz possa chegar a uma conclusão.

Não é demais lembrar que a petição inicial nada mais é do que peça dissertativa, onde a parte, por seu patrono, procura convencer o julgador da pertinência do seu direito posto em debate.

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Quando falamos em dissertação de ideias, logo nos vêm à mente as lições de Aristóteles (Arte da Retórica). Para o mesmo, a dissertação reclama um começo, meio e fim, tudo devidamente estruturado. Essas três partes denominou-se de exórdio, desenvolvimento e a peroração.

Ao exórdio destina-se a ideia-chave, a ideia-núcleo, delimitando a tese a ser

sustentada durante a dissertação que será exposta na sua peça. Nessa primeira fase define-se o âmago da pretensão deduzida em juízo. Contudo, não espaço para estender-se nessa primeira etapa. É indevida a inestender-serção de qualquer ideia conclusiva nessa faestender-se.

A esse parágrafo de abertura, com o propósito acima aludido, denomina-se de “tópico frasal”.

No tocante à etapa do desenvolvimento (ou argumentação), essa aparece logo após a inserção do tópico frasal. Aqui se expõe com precisão todas as linhas de argumentação, de sorte a demonstrar o cabimento jurídico de pedido de fundo.

Nesse estágio é oportuno que haja uma concatenação de ideias. Essas serão postas nos parágrafos, formando um encadeamento de argumentos, todos eles intimamente interligados.

De ressaltar que esses parágrafos serão “unidos” por elementos de ligação (ou conectivos). Seriam exemplos: portanto, desse modo, assim, etc. Esses conectivos podem ser de: (a) adição, continuação: ademais, outrossim, também, vale ressaltar, etc; (b) de resumo, recapitulação, conclusão: em arremate, em conta disso tudo, em resumo do que fora aludido, etc; (c) de causa e consequência: Desse modo, diante disso, por isso, etc.

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Com a conclusão, ou o fecho redacional, há uma síntese do que fora antes afirmado, concluindo-se com argumentos destinados a ratificar os fundamentos antes levantados.

Ainda é por demais oportuno destacar o significado dos elementos da narração jurídica. Ao narrar-se o quadro fático na peça vestibular, atente para os seguintes elementos narrativos: (a) quando (define os acontecimentos no tempo); (b) onde (situa os fatos em algum lugar ocorrido); (c) quem (especifica as pessoas participam dos fatos expostos); (d) o quê (equivale o enredo da narração); (e) como (são os pormenores da forma que os fatos ocorreram); (f) porquê (motivações que deram origem aos acontecimentos); (g) por isso (consequências desses fatos).

Em nosso site, tivemos a oportunidade de gravar um vídeo tratando desse tema.

Veja neste link: https://vimeo.com/88835999

Nesse vídeo, nós tratamos de analisar uma petição à luz de todas essas colocações aqui destacadas.

2.1. – Dicas genéricas com aplicação na elaboração da petição inicial

2.1.1 Sempre procure examinar a data que surgiu o direito do seu cliente. Nesse sentido, verifique inicialmente se ocorreu a figura da prescrição ou decadência.

2.1.2. Evite a linguagem vulgar, maiormente jargões ou linguagem arcaica.

2.1.3. Seja conciso na sua dissertação. Não se alongue além do necessário a expor os fatos e os fundamentos jurídicos. Lembrando que os fatos exigidos são os “fatos jurídicos”. É dizer, são os fatos que têm significância ao desiderato da causa. Os

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fundamentos exigidos na dissertação da exordial são os fundamentos jurídicos e não os fundamentos legais. Nesse último caso, você estaria especificando qual norma você se abriga na sua pretensão.

Veja esse nosso vídeo também: https://vimeo.com/80887650

2.1.4. Procure utilizar sinônimos para não tornar a leitura cansativa com as mesmas palavras.

2.1.5. Se a pretensão em juízo deverá ser comprovada por provas documentais, certifique-se certifique-se o cliente as tem. Seriam os documentos escertifique-senciais, os que têm significado para o desiderato da querela.

2.1.6. Observe se há litisconsórcio (passivo ou ativo).

2.1.7. Atente-se para a idade do cliente. Isso pode significar alguma prioridade na tramitação do processo ou mesmo um dos argumentos de eventual pretensão cautelar (periculum in mora).

2.1.8. Veja se o cliente menciona a existência de outro processo que trate do tema a ser debatido. Analise se há prevenção, litispendência, etc.

2.1.9. Aprecie se no polo passivo figurará algum personagem que reclama competência especial.

2.1.10. Aconselha-se solidificar seus argumentos com notas de doutrina e/ou jurisprudência, quando possível recente.

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2.1.11. O nomem iuris (nome da causa) não tem importância para o juiz. Todavia, necessário delimitar o rito com o qual o processo tramitará.

2.1.12. Observe se o valor da causa indica a postulação em Juizados ou mesmo transmuda o rito.

2.1.13. Atente-se para os requisitos gerais indicados no art. 282 do Código de Processo Civil.

2.1.14. Veja se o quadro fático exposto pelo cliente indica algum pedido de urgência. Se sim, pedir o máximo de documentos a comprovar o fumus boni iuris e o periculum in mora.

Caso você tenha dificuldades em encontrar qual a petição adequada ao caso do seu cliente, peço-lhe assistir ao vídeo que gravei com esse enfoque.

Embora o vídeo essencialmente tenha sido gravado para os acadêmicos de direito que estão prestando o Exame de Ordem (Segunda Fase), mas tem toda propriedade para nosso caso.

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3 – PRÁTICA FORENSE: PETIÇÕES INICIAIS

Ação de Obrigação de Fazer c/c Indenização

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CÍVEL DA CIDADE

FULANA DE TAL, solteira, comerciária, residente e domiciliada na Rua da X, nº. 0000, CEP 44555-666, na Cidade, possuidora do CPF(MF) nº. 111.222.333-44, vem, com o devido respeito à presença de Vossa Excelência, por intermédio de seu patrono que abaixo assina – instrumento

procuratório acostado --, para ajuizar, com supedâneo no art. 186 c/c art. 944, ambos do Código Civil e, ainda, arts. 6º, inc. VI, 12, 14, 18, 20 e 25, § 1º do CDC, a presente

AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER

C/C

INDENIZAÇÃO,

“DANO MATERIAL e MORAL”

contra ( 01 ) SOCIEDADE XISTA EMPREENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS LTDA, pessoa jurídica de direito privado, estabelecida na Rua Delta, nº. 000, na Cidade,

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inscrita no CNPJ(MF) sob o nº. 00.111.333/0001-55, em decorrência das justificativas de ordem fática e de direito abaixo delineadas.

(1) – SÍNTESE DOS FATOS

A Autora firmara com a Ré, na data de 00 de março de 0000, um Contrato Particular de Promessa e Compra e Venda de Imóvel. (doc. 01) O propósito contratual era a aquisição do imóvel sito na Rua das Tantas, nº. 000, Apto. 1303, nesta Cidade além da respectiva garagem de nº. 122. No tocante ao preço do bem, ajustou-se o pagamento de R$ 000.000,00 ( .x.x.x. ), a ser adimplido da seguinte forma:

( i ) R$ 00.000, 00 ( .x.x.x. ) , a título de sinal e princípio de pagamento; ( ii ) R$ 00.000,00 ( .x.x.x. ) em 25 parcelas mensais e sucessivas de R$ 000,00 ( .x.x.x. ), vencendo-se a primeira em 00/11/2222;

( iii ) R$ 000.000,00 ( .x.x.x.) em uma única parcela, essa a ser paga por intermédio de financiamento bancário com vencimento na data de 00/11/3333;

( iv ) R$ 00.000,00 ( .x.x.x.) em parcela única, vencendo-se na data de emissão do termo de habite-se.

Todavia – e esse é o âmago desta pretensão --, a Ré não entregara o imóvel na data aprazada contratualmente, ou seja, no mês de maio do ano de 0000, em que pese o pagamento de todas as parcelas avençadas (docs. 02/29).

Ainda que acertada expressamente a data da entrega do bem, a Autora, por pura cautela, notificou a Demanda almejando obter informação nesse sentido. (doc. 30). Nada foi respondido.

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Desse modo, a Promovida encontra-se inadimplente com a Autora, uma vez que na data do ajuizamento da presente ação, ainda não recebera as chaves do imóvel adquirido.

Com esse proceder, a Autora sofreu prejuízos de ordem material (lucros cessantes) e, mais ainda, danos morais, esses motivados pelo atraso na entrega do tão sonhado imóvel, o que motivou, a propósito, o ajuizamento da presente ação judicial.

(2) – DO DIREITO

(2.1.) – RELAÇÃO DE CONSUMO CONFIGURADA

Inicialmente, convém destacar que entre a Autora e a Ré emerge uma inegável relação de consumo.

Tratando-se de compra e venda de imóvel, cujo destinatário final é o tomador, no caso a Autora, há relação de consumo, nos precisos termos do que reza o Código de Defesa do Consumidor:

Art. 2º Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produtos ou serviço como destinatário final.

Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços.

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§ 1° (...)

§ 2° Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista.

Por esse ângulo, responsabilidade da Ré é objetiva.

Nesse contexto, imperiosa a responsabilização da Requerida, independentemente da existência da culpa, nos termos do que estipula o Código de Defesa do Consumidor.

Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da

existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos

consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.

A corroborar o texto da Lei acima descrita, insta transcrever as lições de Fábio Henrique Podestá:

“Aos sujeitos que pertencerem à categoria de prestadores de serviço, que não sejam pessoas físicas, imputa-se uma responsabilidade objetiva por defeitos de segurança do serviço prestado, sendo intuitivo que tal responsabilidade é fundada no risco criado e no lucro que é extraído da atividade. “(PODESTÁ, Fábio; MORAIS, Ezequiel; CARAZAI, Marcos Marins. Código de Defesa do Consumidor

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Existiu, em verdade, defeito na prestação de serviços, o que importa na responsabilização objetiva do fornecedor, ora Promovida.

Nesse sentido:

EMBARGOS INFRINGENTES. APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE REPETIÇÃO INDÉBITO C/C REPARAÇÃO POR DANOS MORAIS. DIREITO DO CONSUMIDOR. COMISSÃO DE CORRETAGEM. RELAÇÃO CONSUMERISTA. CONTRATAÇÃO PELA CONSTRUTORA-INCORPORADORA. CONTRATO DE ADESÃO. ABUSO CONTRA O CONSUMIDOR. BOA-FÉ DEVE VIGORAR. NA RELAÇÃO DE CONSUMO. EMBARGOS INFRINGENTES CONHECIDOS E ACOLHIDOS.

1- Ocontrato de promessa de compra e venda imobiliária está, no caso dos autos, vinculado às normas do Código de Defesa do Consumidor, de sorte que, independente da controvérsia em torno da origem da obrigação em voga, o consumidor/adquirente sempre terá em seu favor as normas de proteção do CDC, ante a natureza consumerista dos contratos firmados, impondo-se, na espécie, a necessidade de proteção aos direitos básicos do consumidor, parte reconhecidamente vulnerável, bem como a observância dos princípios da boa-fé objetiva e da função social dos contratos. 2. Os contratos de promessa de compra e venda imobiliária estão submetidos a certos princípios que regulam as relações dessa natureza, dentre os quais, o dever de interpretação de eventuais dúvidas existentes no contrato de modo a favorecer o consumidor/aderente, a teor do que preceitua o art. 47 do CDC, não podendo a força obrigatória dos contratos ser interpretada em exclusão de direitos, mormente ante a natureza do contrato (adesão), de sorte que a análise do contrato e, por conseguinte, das obrigações assumidas

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por ambas as partes, deve ser realizada sob os auspícios da Lei consumerista, tendo em conta os princípios da hipossuficiência do consumidor e da responsabilidade objetiva do prestador de serviço por vícios e defeitos porventura ocorrentes, eximindo-se apenas ante a existência de excludentes, a saber, ausência de nexo de causalidade, fato de terceiro e culpa exclusiva da vítima/consumidor. 3-Todo contrato que envolve relação de consumo, deve observar os limites impostos no Código Civil e no Código do Consumidor, buscando assegurar que as partes alcancem os objetivos desejados quando da celebração da avença, movendo-se a balança justamente, na direção das partes, ante os investimentos e expectativas realizados, concretizadoras das vontades manifestas. 4- Acláusula contratual que transfere a responsabilidade pelo pagamento da taxa de corretagem ao consumidor deve ser clara, expressa e objetiva. Não o sendo, ou não existindo esta disposição contratual, a obrigação supramencionada cabe a construtora/incorporadora contratante. 5. Oembargante dirigiu-se ao stand das apelantes, visando à aquisição de imóvel oferecido pela construtora embargada. Nesse passo, foi atendido por profissionais que lá se encontravam, sob a bandeira da construtora-incorporadora, os quais, regra geral, são corretores autônomos ou ligados a uma imobiliária, sem, contudo, que o consumidor/embargante fosse devidamente informado desta distinção técnica. 6. Embargos Infringentes acolhidos. (TJMA; Rec 0002653-36.2011.8.10.0001; Ac. 144114/2014; Primeira Câmara Cível Reunida; Rel. Desig. Des. Raimundo José Barros de Sousa; Julg. 07/03/2014; DJEMA 27/03/2014)

(2.2.) – DO DEVER DE INDENIZAR INADIMPLEMENTO CONTRATUAL DA RÉ

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[ Causa de pedir ]

É inquestionável que a Ré não cumprira sua obrigação legal e contratual de entregar o imóvel que lhe prometera à venda. (Cláusula 17) Não há qualquer fundamento jurídico em embasar a entrega do imóvel fora do prazo avençado.

Com efeito, a hipótese em estudo traduz a quebra contratual por uma das partes (Ré), possibilitando, desse modo, que a parte lesada (Autora) peça a resolução do contrato ou exigir-lhe o seu cumprimento. (CC, art. 475) E, frise-se, a inadimplência em estudo reflete mesmo levando-se em conta a cláusula contratual de prorrogação de 180 dias. (Cláusula 29)

De outro bordo, a referida cláusula de postergação merece ser afastada, maiormente quando afronta o Código de Defesa do Consumidor. No caso, inexiste circunstância contratual igualitária em favor da Autora-Consimidora. É dizer, essa não poderia atrasar tamanho espaço de tempo.

Tenha-se em conta, mais ainda, que a foi a própria demanda quem estimou e inseriu cláusula no sentido de definir o prazo da entrega do imóvel, com o respectivo “habite-se”. Destarte, existiu franca desídia na entrega da obra. Inexiste, desse importe, qualquer fato capaz de elidir a culpa exclusiva da Ré pelo atraso na entrega da obra.

É indiscutível que o atraso em espécie reflete diretamente na privação da Autora usufruir diretamente do imóvel. Igualmente, a inobservância contratual em debate privou-a de auferir evenveuais rendimentos provinientes do imóvel, como no caso de locação desse.

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[ Dano Moral ]

A demora na entrega do imóvel, desmotivadamente,

refletiu na esfera íntima da Autora. Essa sempre aguardou ansiosamente a entrega do bem, a qual já vinha pagando ao longo de vários meses. Foi frustrante para mesma deparar-se com o injusticável episódio. Com isso a Promovente sentiu-se humilhada, maiormente quando fizera todos os preparativos para o ingresso no imóvel.

Nesse compasso, não se trata de mero aborrecimento; algo do contidiano do cidadão comum. Vai muito além disso.

Com esse enfoque, é altamente ilustrativo colacionar o seguinte julgado:

APELAÇÕES. Ação de obrigação de fazer cumulada com indenização por danos materiais e morais e pedido de tutela antecipada. Compromisso de compra e venda. Atraso na entrega da obra. Sentença de procedência parcial para determinar somente a entrega do imóvel no prazo improrrogável de cinco dias, sob pena de multa diária no valor de R$ 10.000,00. Aplicação de multa por litigância de má-fé à ré que, entendendo ser omissa a sentença ao não condicionar a entrega das chaves ao pagamento das parcelas em atraso, opôs embargos de declaração. Inconformismo das partes. II. Recurso dos autores. Acolhimento parcial. Causas do atraso alegadas pela ré que são inerentes à atividade desenvolvida pela incorporadora e que constituem riscos previsíveis. Caso fortuito ou força maior não comprovados. Cabível indenização pelos danos materiais sofridos, sendo devidos os valores despendidos com alugueis e encargos locativos, assumidos pelos autores. Impossibilidade de se cumular à verba indenizatória a multa

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compensatória prevista em caso de alienação em leilão. Dano moral

caracterizado. Atraso que ultrapassou os limites de um mero aborrecimento. Indenização fixada em R$ 15.000,00 para cada um dos

autores. III. Recurso da ré. Acolhimento. Preliminar de não conhecimento afastada. Reconhecimento de que a entrega do imóvel deveria estar condicionada ao pagamento da parcela restante, bem como à realização de vistoria. Sentença que não abordou essa questão. Interposição de agravo de instrumento em relação à antecipação da tutela. Decisão prolatada pelo relator, ao receber o agravo, que concedeu antecipação de tutela, para condicionar a entrega do imóvel ao pagamento e à vistoria. Agravo de instrumento que, posteriormente, não foi conhecido por esta Câmara, ante o entendimento de que teria sido cabível o recurso de apelação. Afastamento da multa por litigância de má-fé, aplicada em primeira instância, por ocasião da rejeição dos embargos de declaração, uma vez que o recurso não pode ser considerado protelatório e os argumentos então expostos foram acolhidos. IV Recurso dos autores parcialmente provido e recurso da ré provido. (V.14687). (TJSP; APL 0196302-13.2011.8.26.0100; Ac. 7470205; São Paulo; Terceira Câmara de Direito Privado; Relª Desª Viviani Nicolau; Julg. 01/04/2014; DJESP 16/04/2014)

[ Dano Material – Lucros cessantes ]

Não bastasse isso, é de se ressaltar que o injustificado atraso na entrega do imóvel trouxera danos patrimomiais expressivos à Autora.

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Em conta disso, a Promovente deixara de auferir frutos de rendimentos locatícios do imóvel em liça. Assim, a privação da utilização econômica do imóvel trouxe prejuízos financeiros de lucros cessantes.

Nesse prumo, urge transcrever os seguintes arestos,

in verbis:

INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS. COMPROMISSO DE COMPRA E VENDA. ATRASO NA ENTREGA DE IMÓVEL. CORRETAGEM E SATI. SENTENÇA DE PARCIAL PROCEDÊNCIA, NÃO ACOLHIDOS OS DANOS MORAIS E CONDENADA A RÉ AO PAGAMENTO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS PELO PERÍODO DE ATRASO DA ENTREGA DA OBRA, BEM COMO AO RESSARCIMENTO DO PAGAMENTO DAS COMISSÕES DE CORRETAGEM E ASSESSORIA TÉCNICO-IMOBILIÁRIA. REFORMA EM PARTE.

1. Não configuração de cerceamento de defesa. Desnecessidade da prova. Dever do juiz de indeferir provas inúteis ou protelatórias (art. 130, CPC). Pretensão da ré a comprovar que o atraso na entrega das chaves teria decorrido de ato dos autores, pela não contratação de financiamento do imóvel em tempo. Irrelevância. Nulidade afastada. 2. Atraso na entrega. Configuração. Cláusulas contratuais que preveem a entrega das chaves após a expedição do "Habite-se" e no ato de quitação da parcela das chaves, ou, posteriormente à data prevista contratualmente, dentro do prazo de tolerância de 180 (cento e oitenta) dias. Interpretação mais favorável ao consumidor (art. 47, CDC). Não previsão, no quadro resumo do contrato, de qualquer parcela das chaves. Direito de informação adequada do consumidor (arts. 6º, inciso III, e 12, CDC). Entrega das chaves dependente tão somente da conclusão das obras e da expedição do "Habite-se". Não abusividade do prazo de

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tolerância. Precedentes desta 3ª Câmara de Direito Privado. Atraso superior a 180 (cento e oitenta) dias do prazo contratualmente previsto. Entrega somente em 29 de abril de 2011, seis meses após o final do prazo de tolerância. Indenização, por danos emergentes, em razão da continuidade de pagamento de aluguéis para moradia dos compradores. Liquidação de sentença. Indenização devida, de novembro de 2010 a abril de 2011. Acolhimento em parte. 3. Comissão de corretagem e taxa de assessoria imobiliária. Ilegitimidade passiva. Inocorrência. Responsabilidade objetiva da vendedora na qualidade de fornecedora (art. 12, CDC). Serviços prestados por terceiros. Irrelevância. Ausência de informação adequada a respeito da cobrança dessas verbas (art. 6º, III, CDC). Devolução. Afastamento. 4. Honorários advocatícios. Sucumbência recíproca. Aplicação do artigo 21, caput, do Código de Processo Civil. Não verificação da hipótese de exceção do parágrafo único desse dispositivo. Reforma. Prazo inicial de incidência dos danos materiais pelo atraso do imóvel, de novembro de 2010 a abril de 2011. Sucumbência recíproca. Recurso parcialmente provido. (TJSP; APL 0066437-50.2011.8.26.0224; Ac. 7470302; Guarulhos; Terceira Câmara de Direito Privado; Rel. Des. Carlos Alberto de Salles; Julg. 01/04/2014; DJESP 16/04/2014)

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS. ATRASO NA ENTREGA DO IMÓVEL. REPARAÇÃO DEVIDA. JUROS E CORREÇÃO.

I. O atraso injustificado na entrega da obra pelo promitente-vendedor gera o dever de indenizar os danos materiais e morais dele decorrentes. II. As despesas com aluguéis devem ser custeadas pela empresa ré, em razão da mora contratual. III. O valor fixado para fins de indenização por dano moral há de atender o binômio reparação e prevenção, levando em

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conta a intensidade da ofensa e a capacidade econômica do ofensor. lV. O termo a quo dos juros de mora, por se tratar de responsabilidade contratual, em ambas as condenações, (danos moral e material), devem ter como marco inicial de incidência a data da citação, conforme entendimento pacífico do Superior Tribunal de Justiça. Já quanto à correção monetária, odies a quo é a data do arbitramento da reparação, em relação à indenização pelo dano moral, nos termos do enunciado nº 362 da Súmula/STJ, e a data do evento danoso, com referência ao dano material a ser indenizado (Súmula nº 43 do STJ). (TJMA; Rec 0056458-98.2011.8.10.0001; Ac. 145336/2014; Primeira Câmara Cível; Rel. Des. Jorge Rachid Mubárack Maluf; Julg. 03/04/2014; DJEMA 11/04/2014)

Em face do exposto, impõe-se a conclusão de que a Ré agiu com culpa, quando assim trouxera prejuízos financeiros à Autora, de ordem patrimonial e moral.

(3) – P E D I D O S e R E Q U E R I M E N T O S

POSTO ISSO, como últimos requerimentos desta Ação Cominatória c/c Indenizatória, a Autora requer que Vossa Excelência se digne de tomar as seguintes providências:

( a ) Declarar nula a cláusula contratual que estabelece prazo de 180(cento e oitenta dias) para postergação na entrega do imóvel (cláusula de tolerância), por ser absusiva e afrontar o CDC;

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( b ) Cominar a Ré a entregar o imóvel em vertente no prazo de 10(dez) dias, sob pena de multa diária de R$ 5.000,00(cinco mil reais);

( c ) Condenar a Promovida a pagar à Autora a quantia de R$ 20.000,00(vinte mil reais), à guiza de danos morais perpetrados; ( d ) Instar que a Ré pague à Autora o equivalente a multa contratual de inadimplência prevista na cláusula 28, ou seja, em 20%(vinte por cento) do montante inadimplido (CC, art. 411);

DIREITO CIVIL. PROMESSA DE COMPRA E VENDA DE IMÓVEL EM CONSTRUÇÃO. INADIMPLEMENTO PARCIAL. ATRASO NA ENTREGA DO IMÓVEL. MORA. CLÁUSULA PENAL. PERDAS E DANOS. CUMULAÇÃO. POSSIBILIDADE.

1.- A obrigação de indenizar é corolário natural daquele que pratica ato lesivo ao interesse ou direito de outrem. Se a cláusula penal compensatória funciona como pre-fixação das perdas e danos, o mesmo não ocorre com a cláusula penal moratória, que não compensa nem substitui o inadimplemento, apenas pune a mora. 2.- Assim, a cominação contratual de uma multa para o caso de mora não interfere na responsabilidade civil decorrente do retardo no cumprimento da obrigação que já deflui naturalmente do próprio sistema. 3.- O promitente comprador, em caso de atraso na entrega do imóvel adquirido pode pleitear, por isso, além da multa moratória expressamente estabelecida no contrato, também o cumprimento, mesmo que tardio da obrigação e ainda a indenização correspondente aos lucros cessantes pela não fruição do imóvel durante o período da mora da promitente vendedora. 4.- Recurso Especial a que se nega provimento. (STJ - REsp 1.355.554; Proc. 2012/0098185-2; RJ; Terceira Turma; Rel. Min. Sidnei Beneti; Julg. 06/12/2012; DJE 04/02/2013)

( e ) Ordenar que a Promovida pague à Promovente, a título de lucros cessantes, condenando-a ao pagamento de R$ 890,00(oitocentos e

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obtido por avaliação de Corretor de Imóveis devidamente registrado no Creci. (doc. 31) Sucessivamente, requer que o valor seja apurado em liquidação de sentença. O termo inicial será o da data prevista contratualmente para entrega do imóvel, ou seja, dia 00 de março de 0000. Não acolhido o pleito de anular-se a cláusula de tolerância (item ‘a’), subsidiariamente pede-se o termo inicial seja ao final do prazo previsto como tolerância (180 dias);

( f ) que todos os valores acima pleiteados sejam corrigidos monetariamente, conforme abaixo evidenciado:

Súmula 43 do STJ – Incide correção monetária sobre dívida por ato ilícito a partir da data do efetivo prejuízo.

Súmula 54 do STJ – Os juros moratórios fluem a partir do evento danoso, em caso de responsabilidade extracontratual.

( g ) determinar a citação da Requerida, por carta, com AR, instando-o, a apresentar defesa no prazo legal, sob pena de revelia e confissão; ( h ) seja a Ré condenada ao pagamento de honorários de 20%(vinte por cento) sobre o valor da condenação, mormente levando-se em conta o trabalho profissional desenvolvido pelo patrono da Autora, além do pagamento de custas e despesas, tudo também devidamente corrigido.

Com a inversão do ônus da prova, protesta prova o alegado por todos os meios admissíveis em direito, assegurados pela Lei Fundamental (art. 5º, inciso LV, da C.Fed.), em especial pelo depoimento do representante legal da Ré, perícia, oitiva de testemunhas a serem arroladas oportunamente, tudo de logo requerido.

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Dá-se à causa o valor de R$ 0.000, 00 ( .x.x.x. ).

Respeitosamente, pede deferimento.

Cidade, 00 de abril de 0000.

Beltrano de tal

Advogado OAB(CE)

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Ação de Indenização por Danos Materiais

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CÍVEL DA CIDADE

FULANA DE TAL, casada, comerciária, residente e domiciliada na Rua da X, nº. 0000, CEP 44555-666, na Cidade, possuidora do CPF(MF) nº. 111.222.333-44, vem, com o devido respeito à presença de Vossa Excelência, por intermédio de seu patrono que abaixo assina – instrumento

procuratório acostado --, para ajuizar, com supedâneo no art. 186 c/c art. 944, ambos do Código Civil e, ainda, arts. 6º, inc. VI, 12, 14, 18, 20 e 25, § 1º do CDC, a presente

AÇÃO DE INDENIZAÇÃO,

“DANO MATERIAL”

contra ( 01 ) FRANCISCO DAS QUANTAS, casado, advogado, com escritório profissional sito na na Av. Y, nº. 0000, em Cidade – CEP nº. 33444-555, inscrito

no CNPJ(MF) sob o nº. 777.333.555-99, em decorrência das justificativas de

ordem fática e de direito abaixo delineadas.

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