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RESUMO MODELOS DE ADMINISTRAÇÃO DE CAIXA - ANÁLISE EMPÍRICA. Guilhermo Barsky Villalba 1. Almir Ferreira de Sousa 2

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S

MODELOS DE ADMINISTRAÇÃO DE CAIXA - ANÁLISE EMPÍRICA

Guilhermo Barsky Villalba

1

Almir Ferreira de Sousa

2

R

ESUMO

A administração do caixa é uma questão muito importante, dado que afeta o desempenho da

empresa. É uma questão não solucionada por completo que merece ser abordada de acordo as

diferentes circunstâncias e situações.

O presente trabalho faz uma revisão dos modelos mais conhecidos de administração de

caixa, desenvolvendo um procedimento para empresas que possuem fluxos de fundos líquidos com

distribuição normal, em cenários de altas taxas de juros e com oportunidades de investimentos

pouco significativas em relação à rentabilidade e à liquidez.

Por último, faz uma análise de caso de uma empresa da área de tecnologia e informática,

testando a aplicabilidade do modelo.

1

Mestrando pela Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de Säo Paulo – E-mail: guillebarsky@yahoo.com

2 Professor Doutor do Departamento de pela Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo – E-mail:

(2)

Introdução

A importância da administração de caixa pode ser sintetizada por expressões como “O caixa é o sangue de todas as empresas” (Bowes, 1998, p.22), “Caixa é como o oxigênio, sem ele a empresa não sobrevive o suficiente para realizar lucros”.

Toda empresa tem como finalidade principal a permanente realização de lucros ou, em termos mais gerais, a maximização de valor. Em geral, elas possuem a capacidade de fornecer um produto ou serviço com uma potencialidade de fazer lucros muitas vezes elevadas. Mas esse processo envolve algumas questões que complicam a realização dessa expectativa, como por exemplo que este processo leva um certo período de tempo para que os investimentos tornem-se líquidos novamente.

Uma questão importante, é que essas empresas embora tenham projetos atraentes, com bons retornos esperados, se não administram corretamente seu caixa podem complicar sua situação financeira.

Por estes motivos, as empresas devem prestar atenção à administração do seu disponível, dado que excedentes elevados podem fazer diminuir sua rentabilidade, ou falta de recursos podem provocar necessidade de deva recorrer a fontes de financiamento de altos custos, ou à liquidação de ativos ou até mesmo a antecipação de valores a receber antes da sua data de vencimento. Em última instância declarar a impossibilidade de cumprir compromissos assumidos.

Então, a falta de uma previsão correta do fluxo de fundos pode gerar desequilíbrio de caixa, incorrendo em conseqüência em elevação do custo de capital, ou resultando fundos ociosos com rentabilidade inexpressiva.

Keynes (1936) ressaltou três motivos para manutenção de liquidez pelo sistema econômico: Transação, precaução e especulação. São as mesmas razões pelas quais as empresas mantém valores disponíveis.

O controle do nível de caixa baseia-se na premissa de que se a empresa consegui diminuir o saldo médio de caixa, ela pode aplicar esses recursos em atividades mais rentáveis da empresa otimizando desta forma a utilização dos recursos geridos.

Parkinson e Kallberg (1993, pp.134, 137-138) realizam uma distinção entre a programação e a previsão de caixa. Para eles a programação de caixa é um termo empregado para representar as projeções dos fluxos de caixa a curto prazo, onde muito dos fluxos são conhecidos ou podem ser estimados facilmente com o uso da experiência, em compensação a previsão está associada a um período de tempo mais longo.

Os mesmos autores sugerem a seguinte classificação para os fluxos de caixa:

- Fluxos Certos: Muito fluxos de caixa são conhecidos antecipadamente e por tanto, não têm que ser

estimados. Por exemplo os pagamentos de impostos consolidados, juros a longo prazo, dividendos das ações preferenciais, etc., os quais são freqüentemente estabelecidos antes da data de pagamento.

- Fluxos Previsíveis: muitos fluxos não são certos mas podem ser estimados com razoável previsão

baseando-se em outra variável. Por exemplo, recibos de pagamentos de clientes regulares podem ser razoavelmente estimados dentro de períodos limitados.

- Fluxos Não Previsíveis: Alguns fluxos de caixa podem permanecer incertos sem condições de uma

previsão com sucesso. Por exemplo, um recebimento não previsto ou desembolsos maiores não planejados podem surgir sem aviso.

Modelos de Administração de Caixa

Vários modelos foram desenvolvidos para tentar refletir o comportamento dos fluxos de fundos. O objetivo principal desses modelos é servir de ferramenta para gestão, tentando minimizar perdas de rentabilidade derivadas de deficiente previsão do caixa.

É necessário reconhecer que estes modelos possuem uma série de restrições que limitam sua utilidade prática.

Modelo do Caixa Mínimo Operacional (CMO)

O modelo do CMO é derivado do cômputo dos prazos médios de estocagem, de cobrança e de pagamento. A partir deles obtem-se o ciclo de caixa (CC).

Scherr (1989,p.356) define o ciclo de caixa como “o intervalo de tempo entre o momento do desembolso e o instante do recebimento do dinheiro pelas vendas”. Assaf Neto e Silva (1995, p.22) denominam este período de ciclo financeiro “abrangendo o período compreendido entre o desembolso inicial de caixa e o recebimento de venda do

(3)

produto”. Em concordância, Ross (1998,p.538) considera “o ciclo de caixa como igual ao ciclo operacional menos o

período médio de pagamentos”. Graficamente

:

Onde:

PMEMP – Prazo Médio de Estocagem de Matéria Prima PMEPEP – Prazo Médio de Estocagem de Produtos em Processo PMEPA – Prazo Médio de Estocagem de Produtos Acabados PMC – Prazo Médio de Cobrança

PMP – Prazo Médio de Pagamento

Do gráfico anterior é possível deduzir o ciclo de caixa como:

Ciclo de caixa (CC) = PME + PMC – PMP

Onde o termo PME é a somatória dos prazos médios de estocagem de matéria prima, produtos em processo e produtos

acabados.

Com o dado do ciclo de caixa é possível calcular o giro de caixa. Isto é o numero que o nosso caixa se renova no período de um ano.

Giro de Caixa (GC) = 360 / CC

Conforme Assaf Neto e Silva (1995, p.81), tomando em conta o desembolso total de caixa em um ano e o giro de caixa calculado da forma já explicitada, poderemos calcular o caixa mínimo operacional, como “a razão entre o desembolso de caixa anual previsto e o giro de caixa”.

Caixa Mínimo Operacional (CMO) = Desembolso Total Anual (DTA) / GC

Esse CMO obtido nos permite saber o montante de dinheiro a ser mantido em caixa. Algumas críticas ao modelo foram feitas por Gitman (1987, p.306), principalmente que o modelo considera que as operações de compra, produção e vendas (e os respetivos desembolsos e ingressos) se comportam de maneira uniforme durante o período de análise e por tanto o volume encontrado para o caixa corresponde a um mínimo necessário sem nenhuma reserva para atender as incertezas e os desequilíbrios existentes no período.

Adquisição de Insumos

Inicio da Produção

Fim da

Produção Venda Cobrança

Pagamento

PMP

PMEMP PMEPEP PMEPA PMC

CICLO OPERACIONAL

CICLO DE CAIXA

(4)

Modelo de Baumol

O modelo de Baumol (1952, p.545-556) é um modelo baseado no modelo de lote econômico de compras. Este ultimo é um modelo desenvolvido para a administração de estoques. William Baumol notou que muitas vezes os saldos de caixa se comportam como saldos de estoques. O modelo torna-se aplicável quando existem entradas periódicas de dinheiro no caixa e saídas constantes de recursos.

As saídas de dinheiro são permanentes e distribuem-se constantes através do tempo. Deve-se por determinada quantidade de dinheiro, que será consumida uniformemente pelas saídas constantes de dinheiro. Os investimentos rendem uma taxa fixa de retorno e os custos de transação tanto para investir como para desinvestir são fixos.

A empresa poderia investir este montante numa aplicação financeira que permita retirar o em parcelas a quantidade necesária para atender os compromisos. Essa quantidade ótima (e por tanto o número de vezes) vem determinada fundamentalmente pelo custo de pedir (o custo fixo de por transação – aplicação resgate-).

O modelo pode ser representado pela seguinte equação:

Onde:

n = número de aplicações Y = valor da entrada de caixa

a = custo fixo por transação (aplicação – resgate) i = juros

O importante deste modelo é que à medida que aumentamos o número de pedidos, aumentamos a quantidade média de dinheiro investido e por tanto um aumento na quantidade gerada de juros, mas também ocorre um aumento nos custos de transação devido ao incremento da quantidade de vezes de pedido.

Existe, segundo este modelo, um volume de pedido ótimo para financiar caixa que minimiza o custo total de manter caixa, considerando o custo de pedir e os retornos de investir o montante não mantido em caixa.

Modelo de Beranek

Contempla a situação inversa ao modelo de Baumol, considerando entradas que as entradas de caixa são continuas e as saídas são periódicos. O saldo de caixa cresce regularmente durante o período, sendo ao final do mesmo consumido totalmente num único instante com os pagamentos necessários.

As outras considerações são as mesma que no modelo de Baumol.

Para este tipo de fluxo de caixa, o objetivo é estabelecer uma política de aplicações para rentabilizar os investimentos entre os momentos dos recebimentos (contínuos) e os dos pagamentos (discretos), de modo de maximizar o lucro considerando-se os custos de transação pelas operações de investimento e desinvestimento.

Assim os recursos são acumulados gradualmente, o que significa uma série de investimentos seguidos por um “desinvestimento” no final do período. A fórmula para o número de transações ótimas é a mesma considerada pelo modelo de Baumol:

Onde n é o número ótimo de transações.

Note-se que no modelo de Baumol tínhamos uma operação de investimento e (n-1) operações de resgate enquanto no modelo de Beranek temos (n-1) operações de investimento e uma operação de resgate.

As críticas a que é sujeito este modelo são semelhantes ao modelo de Baumol.

2

/

1

)

2

/

(

iY

a

n

=

2

/

1

)

2

/

(

iY

a

n

=

(5)

Modelo de Miller e Orr

É um modelo probabilístico que considera a aleatoriedade do comportamento de caixa,

numa

distribuição normal, bem como aversão ou propensão ao risco dos gestores, resultando em um modelo mais adequado à realidade do caixa.

O modelo assume como premissas que os fluxos de caixa líquidos da empresa seguem uma distribuição normal de probabilidade com média zero, que o desvio padrão não varia através do tempo e que não há correlação entre os fluxos de caixa ao longo do tempo. Parte da existência de dois ativos, um caixa, e um investimento caraterizado por ter baixo risco e alta liquidez.

O custo de compra e venda de títulos (investimentos), F, por transação são fixos. O custo de oportunidade de manutenção de caixa por período, K, em termos percentuais, é uma taxa diária de juros de títulos negociáveis.

O modelo determina três níveis de caixa, um nível mínimo, um nível ótimo e um nível máximo. Esse nível mínimo de caixa é definido por Ross et al (1995, p.557) em “função do risco de caixa que a administração está disposta a tolerar”.

Outra questão importante no modelo, é determinar a variância do caixa observando-se os dados históricos e os fluxos de caixa de empresas da mesma natureza. O saldo de caixa estará sob constante variação, mudando aleatoriamente de acordo as entradas e saídas de caixa em cada instante considerado.

O modelo funciona da seguinte forma, a empresa determina um nível de caixa mínimo de acordo com sua tendência ao risco. Ela deixará oscilar o nível de caixa num intervalo compreendido entre o limite máximo determinado e o limite mínimo, intervindo unicamente quando o caixa alcança o nível máximo permitido realizando uma operação de investimento devolvendo o caixa ao seu nível ótimo (pelo valor de H – Z*), ou quando o caixa alcança o nível

mínimo permitido realizando uma operação de desinvestimento devolvendo o caixa a seu nível ótimo (pelo valor de Z*

- L). Graficamente:

Z*

A fórmula para o cálculo de Z*, ou seja o caixa ótimo é:

E para o limite superior de caixa, H: $ Tempo H L Limite Máximo Para Caixa Limite Mínimo Para Caixa Caixa Ótimo Operação De Desinvestimento Operação De Investimento

L

K

F

Z

=

(

3

σ

2

/

4

)

1/3

+

L

Z

H

=

3

2

(6)

Onde:

L = Limite inferior de Caixa

F = custo de venda de títulos para conseguir caixa K = custo de oportunidade de manter dinheiro em caixa

Sigma quadrado = variância dos fluxos líquidos diários de Caixa

Modelo do dia da semana

Este modelo baseia-se na premissa de que as empresas possuem uma alta sazonalidade nos fluxos de fundos, especificamente concentrados em alguns dias da semana e que essa regularidade se mantém através do tempo. Primeiramente calcula-se o desvio entre a participação de cada dia da semana e a média. Se não houvesse sazonalidade nos dias da semana tomando os dias hábeis, de segunda a Sexta feira, o fluxo seria proporcionalmente igual para cada dia, ou seja 20%.

Assaf Neto e Silva (1995, p.90) reconhecem que existe outro fator de sazonalidade referente ao período do mês. Por exemplo, a atividades mais intensas desses fundos poderiam concentrar-se nos primeiros dias do mês.

Conhecendo a estimativa do caixa para o final do mês, pode-se estimar facilmente o valor diário do caixa, e assim tomar decisões de investimento ou financiamento, ajustando o caixa ao mínimo necessário. Calculando as médias dos fluxos e seus desvios diários, pode-se prever os fluxos de fundos para cada dia.

Variáveis Relevantes

Há algumas variáveis que devem ser consideradas para a escolha e a aplicação de um determinado modelo. Outras questões influenciam e caracterizam o comportamento dos fluxos de fundos. Entre elas destacam-se:

- O nível de endividamento da empresa. Quanto maior a dívida de uma empresa, maior é a dificuldade

de contrair novos empréstimos, e maior é o custo envolvido.

- Os Custos: O custo de manter ativos líquidos na empresa, medido através do custo médio de

financiamento desses ativos e o custo de oportunidade derivado da alocação desses ativos em investimentos dentro da própria empresa ou outras alternativas. Quanto maiores os custos de financiamento e as alternativas de investimento, menor é a conveniência de manter elevados saldos no caixa.

- Relacionamento e imagem: Quanto melhor é a relação entre a empresa e as entidades financeiras

(essas entidades possuem uma boa imagem da empresa em questão) mais fácil é para a empresa conseguir financiamento. Quanto melhor esta questão mais rápido e mais fácil pode a empresa conseguir recursos para financiar necessidades eventuais de caixa.

- O ramo da atividade da empresa: A área onde a empresa atua pode determinar algumas caraterísticas

dos fluxos de fundos. Características sazonais dos fluxos, fluxos altamente voláteis, ou muito regulares. Por exemplo, as empresas de serviços públicos geralmente têm alta regularidade no seus fluxos de ingressos, permitindo manter saldos de caixa médios menores e administrar de melhor maneira seus recursos.

- Disponibilidade de outras fontes de recursos: Empresas que estão inseridas em grandes

conglomerados possuem alternativas de captação junto a outras empresas do grupo, assim tais empresas podem manter um saldo de caixa menor.

- Custos de transação: Os custos de transação são importantes em relação ao caixa médio a manter.

Quanto maiores forem esses custos, maior será a tendência a manter saldos médio de caixa mais elevados.

- Efeitos gerados por impostos: Outra questão importante são os efeitos gerados por impostos que

afetam os saldos líquidos. Por exemplo, a Contribuição Provisória sobre a Movimentação Financeira, que desencoraja a realização de um número elevado de transações com os bancos. Assim por exemplo, poderia ser adotado neste caso um sistema de caixa que tenderia a evitar que alguns fundos entrem no sistema bancário, com o fim de evitar esta contribuição.

(7)

Apresentação e Considerações para o modelo

Todos os modelos de administração de pressupõem uma serie de restrições que inviabilizam sua aplicação na pratica. Baseados nesta circunstancia, nossa intenção é montar um modelo de administração do caixa para empresas com determinadas características.

Evidentemente este trabalho procura montar um modelo de acordo as questões observadas na empresa alvo de nosso trabalho empírico, tentando ajudar aos gerentes dela a reconhecer fatores relevantes que influenciam as decisões do dia a dia.

Não obstante, este modelo poderia ser aplicado para outras empresas de características similares, fazendo algum ajuste para refletir de melhor forma sua realidade.

Considerações básicas do modelo:

- A inexistência de alternativas de investimento a curto prazo, e com suficiente liquidez e rentabilidade

que gerem um beneficio adicional destacável para a empresa. Por exemplo se consideramos que o 20% dos recursos da empresa são caixa, e que desse montante (ao aplicar o modelo de administração de caixa de Miller e Orr) somente uma parte estará disponível para investir, e que o resultado bruto desse investimento em termos anuais não supera o 5 ou 6% (pode ate não compensar os efeitos da inflação), realmente o impacto na rentabilidade da empresa é mínimo.

- Por outra parte, grande parte das empresas médias e pequenas das nossas economias não têm acesso a

créditos de taxas acessíveis. Créditos caros é a sua única alternativa.

- Fluxos de fundos líquidos com distribuição quase normal, e que se comportam aleatoriamente

(random walk). Ou seja não é possível prever com base em experiência passada os fluxos de fundos futuros. Qualquer fluxo pode aparecer no momento seguinte.

- Que podem existir determinados fluxos de fundos dos quais é possível determinar a data da sua

ocorrência e o seu volume.

- Os custos de pedir caixa, ou vender os investimentos são irrelevantes.

- Existe um custo de oportunidade de manter dinheiro em caixa, é custo de oportunidade, ou seja um

rendimento que poderia ser alcançado investindo esses recursos.

- Associado ao item anterior podem existir outras circunstâncias que analogamente justifiquem manter

um nível de caixa inferior.

- Existe uma série de fluxos de fundos negativos que precisam ser financiados e são fluxos o alvo das

nossas preocupações. Isto porque outros modelos de administração de caixa pressupõem uma existência de uma distribuição de fluxos normal, com média igual a zero, dando importância relativa semelhante aos dois tipos de fluxo existentes, os fluxos positivos e os negativos. De forma tal que são duas situações negativas, tanto os excedentes como os déficits de caixa, os primeiros ao ser recursos sem alocação que comprometem a rentabilidade e os segundos precisar de financiamentos que podem gerar pesados custos financeiros para a empresa. Considerando que não há alternativas de investimentos o suficientemente atraente em termos de rentabilidade (alternativas fora da empresa), e que, por outra parte, o custo de contrair empréstimos é demasiado elevado, os excedentes de caixa tornam-se uma circunstância no mínimo não prejudicial e os faltantes uma circunstância claramente adversa.

O modelo focaliza-se na análise dos fluxos de caixa líquidos negativos, não considerando em principio os fundos de caixa líquidos positivos devido às considerações já realizadas. Deve-se determinar um caixa mínimo a ser mantido com o objeto de cobrir essas possíveis necessidades.

Esse caixa mínimo estará determinado em função da distribuição de probabilidades obtida, ou seja com relação a sua média e desvio padrão, identificando a posição que ocupam esses fundos negativos na distribuição e determinando para isso o valor do z apropriado para cobrir esses desembolsos e considerando o nível de precisão desejado de acordo as circunstancias reinantes.

A fórmula do caixa mínimo a manter é derivada da normalização de dados para uma distribuição normal, e considera alguns ajustes.

(

K

)

Z

(

K

)

G

n

x

G

CM

n n i i

*

1

*

1

*

1

+

=

=

σ

Onde:

(8)

CM= Caixa Mínimo

G= Variável de ajuste que representa fatores que aconselham ter um nível de segurança maior. G é maior ou igual a 1.

n

x

n i i

=1

=

média dos fluxos de fundos líquidos diários (entradas – saídas).

K= Variável de ajuste que representa fatores que aconselham ter um caixa mínimo menor. K varia entre 0 e 1. Z= é o zet da distribuição normal. Está relacionado com um nível de confiança (ou probabilidade) determinado.

n

σ

= desvio padrão dos fluxos de fundos líquidos.

Os excedentes de caixa acima deste mínimo considerado, poderão ser empregados para investí-los naquelas atividades que a empresa julgue pertinente. Por exemplo, deveriam ser considerados aqui fatores como os ajustes feitos ao modelo, e as perspectivas futuras, para determinar o grau de liquidez necessário desses investimentos

.

Por questões didáticas na formulação do modelo foram separadas em duas variáveis de ajuste os fatores que aconselham manter um nível de caixa mínimo superior e os que sugerem manter um nível inferior.

A variável de ajuste G representa fatores que aconselham ter um nível de segurança maior, ou seja um nível de caixa mínimo a manter maior. G é igual ou superior a 1 (um). Entre os fatores que implicam manter um nível de segurança maior podemos mencionar por exemplo o incremento dos custos dos empréstimos, menor disponibilidade de empréstimos, oportunidades de investimentos menos atraentes, maiores custos de transação, altos níveis de endividamento que dificultam o acesso ao crédito, impostos que gravam as movimentações financeiras, etc.

Por outra parte, a variável de ajuste K representa fatores que aconselham ter um caixa mínimo menor. K varia entre 0 (zero) e 1 (um). Entre os fatores que podem levar a empresa a manter um nível de caixa mínimo menor podemos mencionar por exemplo a existência de novas linhas de créditos promocionais ou subsidiadas (maior disponibilidade), menores custos dos empréstimos, boas alternativas de investimento em termos de rentabilidade, liquidez e segurança, que a empresa passe a estar dentro de um forte conglomerado econômico, menor sazonalidade dos fluxos da empresa, melhor imagem da empresa frente as entidades financeiras, etc.

A determinação do z, do K e do G envolve considerações subjetivas dos administradores em relação ao risco que estão dispostos a assumir e particularmente ao comportamento dos fatores que influenciam essas variáveis de ajuste. Evidentemente cada gerente pode ter uma avaliação diferente entorno a cada um desses fatores e, por outra parte, possuir uma aversão ao risco diferente. Sem lugar a dúvidas, esses fatores devem ser considerados e avaliados permanentemente pela gerência. Não constitui objeto deste trabalho determinar o valor apropriado dos coeficientes para cada fator em particular, simplesmente ressaltar sua existência e a conveniência de considerá-los apropriadamente.

O caixa mínimo obtido desta forma, será o caixa que a empresa terá que manter sempre. Outra alternativa, se a empresa carecesse de recursos líquidos, é acordar com antecedência créditos que permitam cobrir este valor determinado. Por exemplo acordar uma linha de crédito por o valor de CM.

Dados Empíricos

A empresa P S.A., com casa central em Córdoba Argentina, é uma empresa que surgiu em 1985 atuando como consultoria em software e desenvolvendo soluções a medida especificamente para a automação de operações. Hoje, depois de quase 17 anos no mercado, é uma das maiores empresas da área do interior do país, havendo diversificado e expandido suas atividades de forma notável.

Possui cinco unidades de negócios bem diferenciadas. Desenvolvimentos e venda de software, venda de equipamentos de computação, revenda de serviços de acesso a Internet, desenvolvimento e financiamento de projetos de sites de Internet, e consultoria para grandes empresas na área de e-business.

(9)

Evidentemente, P S.A., é uma empresa em constante crescimento e acompanhando essa expansão, aumentam as necessidades de gerir mais eficientemente o caixa. A empresa é uma geradora de caixa permanente, devido a que em geral suas principais atividades são de um altíssimo valor adicionado, porem algumas atividades (não muito significativas) são centros de custos hasta o momento em que começam a gerar seus próprios ingressos.

A competência do gerente administrativo é a de gerenciar as entradas e as saídas de caixa. Em geral, devido que os ingressos são maiores do que os egressos, e a que a empresa acumula enormes saldos de disponibilidade (geralmente em depósitos à vista), a empresa não sofre desequilíbrios significativos.

A política da empresa neste sentido é acumular grande quantidade de ativos líquidos, que emprega para cobrir fluxos de fundos líquidos negativos. Mas sempre os ativos líquidos excedem essas necessidades de fundos. O gerente argumenta que as origens desses ativos não são unicamente o lucro das atividades, porque a amortização de ativos fixos (tecnologia de ultima geração como servers, web hostings, equipamentos de comunicação, etc.) gera uma enorme quantidade de recursos que logo deverão ser empregados para repor esses ativos de alta perecibilidade tecnológica. Esses ativos líquidos vão-se acumulando por períodos longos, no mínimo oitos meses até um ano e meio, e é o diretório da empresa quem decide onde esses fundos serão aplicados. Geralmente vão para repor equipamentos ou para financiar novas atividades.

É importante destacar que o acesso ao crédito na Argentina para este tipo de empresas (de serviços) é um tanto burocrático e as taxas cobradas são altas comprometendo os retornos dos projetos com rentabilidade mais baixa.

A continuação apresentamos um gráfico onde estão os fluxos de fundos de 08/04/1999 até 20/02/2001 (477 fluxos):

Da análise do gráfico anterior pode-se ressaltar o comportamento aleatório dos fluxos, não podendo identificar um comportamento que se repita no tempo. Realmente comportam-se como um ramdom walk (caminho aleatório). Outra questão importante é que possuem uma tendência a ser em geral positivos (ingressos maiores dos egressos).

Fluxos de Fundos Líquidos Diários

-150000,00 -100000,00 -50000,00 0,00 50000,00 100000,00 0 100 200 300 400 500 600 Tempo Pesos Seqüência1

(10)

O gráfico seguinte monstra como estão distribuídos os fluxos de fundos. As freqüências de ocorrência foram acumuladas em intervalos de uma amplitude de 5000 unidades monetárias, num rango de –120.000 a 120000:

O gráfico demostra como os fluxos desta empresa neste período são geralmente positivos, com média positiva. Pode-se dizer também que esses fluxos se distribuem aproximadamente normal. Por outra parte, pode-se observar como

existem em determinados momentos fluxos líquidos fortemente negativos. De acordo com asinformações recebidas da

empresa, estes fundos são correspondentes em geral com os investimentos ou as reposições de capital fixo,

fundamentalmente tecnologia.

Como esses investimentos vêm determinados pelo diretoria, e surgem como resultado de uma rigorosa análise

feita por engenheiros em sistemas da área, pode-se concluir que esses fluxos fortemente negativos são totalmente previsíveis, de maneira tal que a empresa pode determinar com suficiente antecedência tanto o monto a financiar como a forma de financiamento, ou seja através dos fundos próprios ou através de empréstimos programados.

Ressalte-se que a empresa mantém volumes de caixa elevados com relação às suas necessidades normais. Segundo o modelo proposto por este trabalho, esta questão poderia significar, por uma parte, perda de rentabilidade para a empresa, e por outra parte, uma economia de custos devido a que as atividades da empresa não precisam ser financiadas com empréstimos de urgência de custo elevado (considerações feitas pelo próprio gerente). Também se justificaria a manutenção de um volume de caixa elevado quando surgem algumas possibilidades de compras vantajosas, como por exemplo lotes grandes de compra de equipamentos a IBM a preços convenientes e que o pagamento deve ser efetuado à vista.

Outra característica importante dos fluxos desta empresa, é que são levemente crescentes através do tempo e com uma dispersão também crescente.

A média dos fluxos de fundos é de $ 9.973,04 e um desvio padrão de $ 19709,40.

A aplicação do modelo sugere a manutenção de um caixa mínimo para um Z de 2,03, um G de 1 e um K de 0, de $ 50083,66.

Com o intuito de testar o modelo, foi comparada a série de fluxos de fundos líquidos diários (os 477 dias) com o CM determinado por nosso modelo. O CM determinado pelo modelo deveria cobrir as necessidades de fundos da empresa para cada dia observado, ou seja as diferenças entre o CM e os fluxos líquidos negativos observados deveriam ser sempre iguais ou maiores que zero. Considerando que aqueles fluxos fortemente negativos eram segundo os gerentes previsíveis (desconsiderando esses fluxos), e que o saldo mínimo de caixa leva em média de três a quatro dias para recuperar-se quando utilizado, realizou-se um teste através do aplicativo Excel.

Utilizando a metodologia proposta, somente em duas circunstâncias existe necessidade de fundos adicionais, ou seja em duas oportunidades a diferença entre o CM e os fluxos líquidos negativos foi menor que zero . Elas ocorreram quando houve dias consecutivos de fluxos de fundos netos negativos, que impediram que o nível de CM se recuperasse (considerando a restrição de 3 ou 4 dias para devolver o CM ao seu nivel ideal), gerando em conseqüência necessidade adicional de recursos por cima do CM. Precisamente ocorreram no dia final das seqüências compostas por os fluxos líquidos número 446 e 447, e 470, 471, 472. Essas necessidades não são grandes em quanto a montante.

H i s t o g r a m a 0 10 20 30 40 50 60 70 C l a s e Fr ecuencia

(11)

Poderíamos dizer que não é casualidade que elas ocorram no final da amostra. É possível que elas evidenciem a necessidade de recalcular a média e o desvio padrão dos fluxos de fundos, devido à tendência (já comentada) ao crescimento no final da série dos fundos e da sua dispersão.

Analisados os fluxos de fundos, podemos dizer que o caixa determinado (segundo as considerações feitas para esta empresa) mostra-se confiável para cobrir as necessidades de financiamento que surgem dos fluxos líquidos negativos.

Por ser um saldo notoriamente inferior ao que normalmente possuem, nossa metodologia possibilita aplicar os recursos excedentes (saldo de caixa diário menos o CM) em aplicações que a empresa considere apropriadas, melhorando em conseqüência a rentabilidade da mesma.

Considerações finais.

O modelo considerado é aplicável a empresas com fluxos de fundos com as características citadas anteriormente, em cenários onde não existam grandes alternativas de investimento de alta liquidez (e rentabilidade) e o custo do capital de terceiros seja elevado. Estas circunstâncias podem ser atípicas ou conjunturais em economias desenvolvidas, mas se tornam endêmicas para muitas das nossas pequenas e médias empresas. Elas se vêm obrigadas a manter reservas liquidas elevadas, para evitar sofrer as conseqüências de falta de disponibilidade de créditos ou de terem que enfrentar altíssimas taxas de juros.

O caso empírico analisado demostra como é possível melhorar o desempenho da empresa, caracterizada por ser forte geradora de caixa (e em expansão), através de uma gestão mais eficiente dos recursos do caixa.

O leitor pode pensar que este tipo de empresas (as geradoras de caixa) não têm problemas no caixa que justifiquem preocupação. Em contraposição pode-se argumentar que em cenários de elevadas taxas de juros, somente este tipo de empresas têm chances de sobreviver.

O modelo apresentado mostra-se muito flexível, por permitir incorporar situações conjunturais através de ajustes nos coeficientes G e K, na determinação do saldo mínimo de caixa direcionando as circunstâncias que influenciam o volume adequado de recursos a manter. É preciso reconhecer, como demonstram os dados empíricos, que o modelo necessita adequação constante às novas situações para resultar efetivo.

Por outro lado, é importante destacar a falta de interesse dos gerentes em relação ao gerenciamento de caixa.

Embora não seja uma questão abordada no presente trabalho, é preciso notar que a principal preocupação dos gestores

concentra-se em outras questões consideradas essenciais para seu negocio. Entre elas a satisfação total do cliente, a imagem da empresa em todos os sentidos (eficiência, relacionamento com a comunidade, maior qualidade do mercado do seu produto, excelente clima de trabalho, investimentos e desenvolvimentos dos seus recursos humanos, dentre outros). A visão é que essas atividades são as verdadeiras geradoras de valor para seu negócio.

Para nós, tanto a gestão eficiente dos ativos (dentre eles o caixa), como os valores intangíveis e outras questões

(12)

Bibliografia

ASSAF NETO, A., e TIBÚRCIO SILVA, A., Administração do Capital de Giro, São Paulo,

Atlas, 1995.

BAUMOL, W. J., The Transactions Demand for Cash: An Inventory Theoretic Approach,

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Referências

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